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ASPECTOS HISTÓRICOS, LEGAIS E BIOÉTICOS EM

CENTRO CIRÚRGICO.
Sumário
Sumário ............................................................................................... 1

NOSSA HISTÓRIA .............................................................................. 2

INTRODUÇÃO ................................................................................. 5
HISTÓRICO DO CÓDIGO DE ÉTICA DE ENFERMAGEM ............. 6
CONCEITUAÇÃO DE BIOÉTICA ................................................... 11
CONFLITOS ÉTICOS VIVENCIADO PELO ENFERMEIRO NO
CENTRO CIRÚRGICO FRENTE A TOMADA DE DECISÃO ....................... 18

PONTOS IMPORTANTES DO ATUAL CÓDIGO DE ÉTICA DOS


PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ......................................................... 20

CONCLUSÃO ................................................................................ 26
REFERÊNCIAS .............................................................................. 27

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criada a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas


de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos
culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e
comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de
comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de


forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir
uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma
das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela
inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Vídeos de Apoio

Visando promover mais um pouco de conhecimento sobre o assunto


de ASPECTOS HISTÓRICOS, LEGAIS E BIOÉTICOS EM CENTRO
CIRÚRGICO, foram selecionados alguns vídeos que deverão ser assistidos
antes de inciar a leitura do conteúdo da apostila.

 Vídeo 1: Bioética

Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=eCUKQU58SQI >

Sinopse: No vídeo do Canal Brasil Escola, é tratado a respeito da Bioética,


isto é, o que é, qual é a origem e os temas que a envolvem.

 Vídeo 2: Ética em Enfermagem

Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=pL5yQgfLldM >

Sinopse: No vídeo do Prepara Enfermagem, o professor Marcos Wesley


aborda sobre questões de ética na área da enfermagem.

 Vídeo 3: Novo Código de Ética da Enfermagem Completo


(1/2)

Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=pK_DMNGKwOI >

Sinopse: O Novo Código de Ética da Enfermagem (CEPE, RESOLUÇÃO


0564/2017) é um documento que reúne os princípios fundamentais para a

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conduta profissional de Enfermeiros, Técnicos de Enfermagem, Auxiliares de
Enfermagem, Obstetrizes e Parteiras e Atendentes de Enfermagem.

 Vídeo 4: Novo Código de Ética da Enfermagem Completo


(2/2)

Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=InWk0lcz89A >

Sinopse: O Novo Código de Ética da Enfermagem (CEPE, RESOLUÇÃO


0564/2017) é um documento que reúne os princípios fundamentais para a
conduta profissional de Enfermeiros, Técnicos de Enfermagem, Auxiliares de
Enfermagem, Obstetrizes e Parteiras e Atendentes de Enfermagem.

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INTRODUÇÃO

Na área da saúde os novos marcos contextuais têm contribuído para o


surgimento de reflexões éticas profissionais acerca de assuntos pertinentes.
Os avanços tecnológicos têm possibilitado uma capacidade de intervenção a
respeito da vida e o quão pertinentes são as consequências decorrentes para
os indivíduos e a sociedade.

Diante desse contexto, os debates provenientes na área da Bioética


têm atestado que a interdisciplinaridade é capaz de proporcionar articulação
e complementariedade entre diversas áreas do saber, possibilitando observar
as situações que se refletem em uma visão prismática. Envolvendo áreas
como direito, psicologia, biologia, filosofia, entre outras.

A bioética envolve questões referentes ao início e fim da vida humana,


como por exemplo, a reprodução assistida, eutanásia, suicídio, transplantes,
códigos de ética das diversas profissões, experimentação em seres humanos,
pena de morte, entre outros. Na atualidade há duas correntes ideológicas,
uma defende que a morte está instalada quando ocorre o término das funções
cerebrais, e outra argumenta que ela ocorre quando há cessação das funções
encefálicas. No que diz respeito a assistência médica, existe ainda alguns
requisitos que determina, a morte, os quais encontram-se nas referências
jurídicas de cada país, variando conforme os pressupostos dos mesmos,
sendo que, muitas vezes a lei não trata especificamente de alguns pontos.

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HISTÓRICO DO CÓDIGO DE ÉTICA DE ENFERMAGEM

O Código de Ética Profissional é caracterizado como uma série de


normas, direitos e princípios morais que fundamentam a orientação do
exercício de dada profissão, por meio de padrões de condutas que descrevem
o que se espera dos profissionais. Cada profissão elabora um código com
intuito de fornecer recursos para prática profissional, além de prover
informações que visam à proteção do trabalhador, assim como todos que
dependem deste. Em alguns Códigos de Ética Profissional estão elencadas
as infrações e penalidades que devem ser realizadas à aqueles que não
cumprirem os preceitos éticos e legais no âmbito de sua atuação.

O Código de Ética Profissional de Enfermagem (CEPE) possui como


intuito o estabelecimento de parâmetros relativos aos direitos, proibições,
deveres e responsabilidades para o exercício da profissão frente às relações
profissionais no contexto do cuidado com a pessoa, família e comunidade, as
relações com a equipe interdisciplinar, com as organizações da categoria e
organização empregadora, o sigilo profissional, o ensino, a pesquisa e a
produção técnico-científica e a publicidade, além de estabelecer as infrações
e penalidades, independentemente da atuação, na assistência, no ensino, na
pesquisa ou no gerenciamento, sendo necessário que todos os profissionais
de enfermagem conheçam e façam cumprir os preceitos éticos contidos no
CEPE.

Analisando o curso dos códigos de ética na área da enfermagem ao


longo dos anos, nota-se que o primeiro código de ética da enfermagem em
nível internacional recebeu a denominação de Código de Ética para
Enfermeiras e foi aprovado pelo Conselho Internacional de Enfermeiras (CIE)
em 1953, num evento ocorrido no Brasil, em reunião durante o Congresso
Quadrienal de Enfermagem do CIE. Através deste, líderes da enfermagem
brasileira deram os primeiros passos para a elaboração do Código de Ética
em contexto nacional.

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As primeiras pesquisas para a criação de um código de ética de
enfermagem brasileira foram realizados pela Associação Brasileira de
Enfermagem (ABEn). A versão de código proposto possuía 16 artigos,
sustentando os preceitos éticos relacionados às outras áreas da saúde, no
entanto, oferecia ênfase a expressões como dedicação, discrição, lealdade e
confiança, considerando as peculiaridades da enfermagem. No ano de 1975
sofreu uma reformulação, passando a dispor de 18 artigos, sem alteração nos
seus fundamentos.

DA SILVA et. al (2012), destaca:

A lei 5905/73 que cria o Sistema Conselho Federal e Conselhos


Regionais de enfermagem (COFEN E COREN) diz, em seu art. 8°
– inciso III, que compete ao Conselho Federal a elaboração do
Código de Deontologia de Enfermagem e a realização de suas
alterações, quando se fizer necessário, ouvindo os Conselhos
Regionais, competência essa que já foi exercida por quatro vezes,
considerando que o Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem se encontra atualmente em sua quarta versão.
Dessa forma, com a criação do Sistema Conselho Federal e
Conselhos Regionais de enfermagem, deu-se continuidade a
estudos realizados por profissionais de enfermagem que
integravam a ABEn acerca do código de ética e, em conjunto com
o Conselho Federal de Enfermagem, o qual dispõe de competência
legislativa, aprovou em 1975, através da resolução COFEN n°
09/1975, o primeiro código que recebeu o nome de Código de
Deontologia de Enfermagem. Vale ressaltar que essa resolução só
foi publicada no Diário Oficial da União um ano depois, em 29 de
março de 1976, motivo pelo qual é comum encontrar publicações
citando 1975 e outras 1976 como o ano da criação do primeiro
Código de Deontologia de Enfermagem. Esse código já passou por
três reformulações, sendo a última aprovada pelo COFEN pela
resolução 311/2007, com data de 12 de maio de 2007. DA SILVA
et. al (p. 62-66. 2012)

O COFEN como órgão fiscalizador do exercício profissional da


enfermagem, passou a exigir a execução do que está definido no presente
Código de Deontologia de Enfermagem, possuindo competência para
determinar penalidades cabíveis frente à não execução.

O primeiro código de ética de enfermagem, foi descrito como Código


de Deontologia de Enfermagem – resolução COFEN 09/1975, possuía 28

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artigos divididos em cinco capítulos, sendo: responsabilidades fundamentais;
o exercício profissional; o enfermeiro perante a classe; o enfermeiro perante
os colegas e demais membros da equipe de saúde; e um último capítulo
acerca das disposições gerais.

O primeiro capítulo dizia respeito somente as atribuições e o papel do


enfermeiro, priorizando uma assistência de enfermagem pautada no
indivíduo, na família e na comunidade, possuindo medidas referentes a
promoção, proteção, recuperação da saúde, prevenção de doenças, visando
o alívio do sofrimento e o desenvolvimento de um ambiente terapêutico.

O segundo capítulo abordava os deveres e proibições relativos ao


enfermeiro. Possuindo, ainda, algumas afirmativas sobre o que se esperava
do profissional. É necessário destacar que naquele contexto já ocorria uma
preocupação com o processo de cuidar sistematizado, considerando a
presença de artigos que abordavam as atribuições do enfermeiro na
realização dos diagnósticos das necessidades de enfermagem do paciente, a
fim de elaborar o plano de cuidados e a execução das prescrições de
enfermagem.

No ano de 1993, o Código de Deontologia de Enfermagem sofreu uma


alteração, através da aprovação da resolução COFEN 160, de 12 de maio de
1993, passando a ser chamado de Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem (CEPE). Ocorreram ainda mudanças estruturais, inclusive a
exclusão do preâmbulo, e aumento do número de artigos para 100, repartidos
em nove capítulos: princípios fundamentais; direitos; responsabilidades;
deveres; proibições; deveres disciplinares; infrações e penalidades; aplicação
das penalidades; e um último capítulo acerca das disposições gerais.

No ano 2000, o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem


passou por outra reformulação, sendo excluído um artigo entre os 100 da
edição anterior. Essa alteração foi determinada pela resolução COFEN

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240/2000. A estrutura do CEPE permaneceu a mesma, contando apenas com
a supressão do artigo 69, este dizia respeito a publicidade de medicamentos,
Provavelmente, devido a ampliação do campo de atuação do profissional de
enfermagem na propagação de produtos de uso hospitalar, a plenária do
COFEN tenha revisado e excluído o artigo que proibia aos profissionais de
enfermagem realizar publicidade de medicamentos ou outro produto
farmacêutico, instrumental, equipamento hospitalar, valendo-se de sua
profissão, considerando-se que atualmente esse é um campo promissor de
atuação.

No ano de 2007, foi publicada a resolução COFEN nº 311/2007, que


aprovava a nova reformulação do Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem. No entanto, essa resolução só se tornou válida em 12 de maio
do mesmo ano, data em que se iniciam as comemorações da Semana de
Enfermagem no Brasil. Nessa última alteração, as modificações foram bem
maiores, começando pelo número de artigos, que passaram para 132,
divididos em sete capítulos: princípios fundamentais; das relações
profissionais; do sigilo profissional; do ensino, da pesquisa e da produção
técnico-científica; da publicidade; das infrações e penalidades; aplicação das
penalidades; e um último capítulo acerca das disposições gerais.

É necessário destacar que cada capítulo se subdivide em quatro


seções, sendo elas: das relações com a pessoa, família e coletividade; das
relações com os trabalhadores de enfermagem, saúde e outros; das relações
com as organizações da categoria; das relações com as organizações
empregadoras

O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem torna flexível a


prática profissional no exercício das diversas áreas de atuação da
enfermagem, no ensino, na pesquisa, na gerência ou na assistência, de forma
que todos os profissionais devem conhecer e fazer cumprir os fundamentos e
princípios norteadores de uma prática profissional ética, contidos no Código

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de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Tendo como guia na orientação e
segurança para o exercício da enfermagem com qualidade e dignidade
humana.

Dessa forma, o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem


atualmente, representa uma série de normas a serem realizadas pelo
profissional de enfermagem, priorizando e valorizando o cuidado de
enfermagem com a pessoa, a família e a comunidade numa perspectiva
multidimensional. Isso apontando para o dever do empenho do profissional na
melhoria da qualidade da assistência prestada ao paciente, dentro dos
preceitos legais, de forma a assegurar o bem-estar do mesmo, partindo de
uma visão integral do ser humano.

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CONCEITUAÇÃO DE BIOÉTICA

MORI (1994) destaca:

A bioética como a conhecemos hoje nasceu nos Estados Unidos


entre o final dos anos 1960 e o começo dos anos 1970, quando uma
série de fatores histórico culturais chamaram a atenção para a ética
aplicada. Enquanto anteriormente os filósofos tinham sobretudo
interesse “meta-ética” (estudo da linguagem moral) ou, no máximo,
na “ética normativa” (estudo das várias teorias normativas), no
decorrer de poucos anos tem se acentuado o interesse para com
as questões práticas. Os fatores que têm contribuído para esse
processo são muitos e vale a pena lembrar alguns escândalos
relativos à experimentação clínica; o transplante do coração (1967);
os problemas levantados pela impossibilidade de generalizar a
diálise; assim como questões mais gerais como aquelas relativas à
desobediência civil dos jovens que deviam ir à guerra do Vietnã.
Contudo, é indubitável o papel central e decisivo assumido antes
pela questão do aborto, em seguida, ainda nos anos de 1970, pelas
questões que dizem respeito à morte e que foram levantadas pelo
célebre casa de Karen Ann Quinlan. MORI (p. 332-341,1994)

O palavra bioética é um neologismo criado pelo médico Van Rensslaer


Potter no ano de1970, este chama a atenção sobre a exigência de um novo
relacionamento entre o homem e a natureza. Potter analisou que o homem
estava se tornando para a natureza aquilo que o câncer é para o homem.
Dessa forma, colocou como crucial a mudança a relação entre homem e
natureza, devendo a bioética ofertar as indicações adequadas,

Para Potter, a bioética é baseada na biologia, estendendo o seu âmbito


para afora da sua área descritiva tradicional, que veio a inserir no próprio
campo de indagação, normas e valores. Desse modo, a bioética tornou-se um
tipo de ‘ética científica” que possui como intuito a garantia da sobrevivência
humana e da qualidade da vida. Exposta de outra maneira, se constitui uma
nova e geral “visão científica” do mundo que, ao fixar principalmente a atenção
sobre os problemas do desenvolvimento e da população, considera os
problemas emergentes no campo sanitário.

O termo “bioética” tem-se imposto de forma fascinante à atenção


pública e tem certamente oferecido uma contribuição efetiva à afirmação do

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movimento cultural e à disciplina correspondente. Com efeito, tem servido
como catalisador para coordenação de inúmeras reflexões ante dispersas,
possibilitando identificar um ponto de vista que lhe garantisse uma nova
dignidade intelectual.

A bioética se preocupa com as questões pertinentes à vida humana, do


seu início ao seu fim, à pesquisa com seres humanos, à engenharia genética,
métodos de fecundação, transplante de órgãos, manutenção da vida,
pacientes terminais, dentre outros temas. Desta forma, pensar em bioética
pode significar refletir o cotidiano profissional, as relações estabelecidas com
os colegas de trabalho, com os pacientes, com a instituição de saúde.

Por outro lado, mesmo que não se tenha consciência, todos tomam
decisões morais, como ao priorizar o nosso fazer, o uso qualitativo do tempo,
ao delegar tarefas a diferentes membros da equipe, ao selecionar e
aceitarmos determinados materiais para assistir os pacientes, ao prescrever
cuidados, ao se relacionar com os outros como um todo.

Valéria Lerch Lunardi, destaca:

Há as normas de comportamento e os modos pelos quais os


indivíduos decidem conduzir-se e constituir-se a si mesmos como
sujeitos morais das suas ações frente aos códigos prescritivos e as
normas morais, de modo a que não atuem apenas como agentes e
objetos, mas como sujeitos morais do seu agir. Para ser sujeito
moral das nossas ações, não é compatível apenas obedece r a uma
moral imposta, o que, muitas vezes, é realizado de um modo
automático, mecânico e, quem sabe, rotineiro; para ser sujeito
moral nas relações com o outro, é preciso ser um sujeito autônomo
e agir, voluntariamente, frente a certos valores. É preciso pensar,
decidir, refletir e questionar o nosso fazer, a nossa situação no
mundo, enfim, é preciso problematizar as nossas práticas e
perguntarmos se o que é, o que existe e se o que se faz,
necessariamente, deve continuar acontecendo e se fazendo deste
modo. LUNARDI (p. 655-664, 1998)

No cotidiano profissional, podem ser muitas as vivências em que o


paciente não possui sua condição de pessoa reconhecida, visto que diversas
vezes ele não recebe o direito de decidir, de optar, de consentir ou recusar
um tratamento proposto pela equipe de saúde.

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Os pacientes devem ser esclarecidos acerca das diversas perspectivas
de tratamento existentes em uma instituição de saúde ou em outras, bem
como suas vantagens e desvantagens, implicações, responsabilidades, de
forma que livremente consigam refletir e decidir o que desejam para si,
reconhecendo sua condição de responsável e participante direto nas questões
de sua saúde.

A Bioética surgiu em meados do século XX, em razão do grande


desenvolvimento da Medicina e das ciências, que caminharam
gradativamente mais para a transformação da vida humana e a promoção do
conforto, assim como para a utilização de cobaias vivas. Com intuito de evitar
situações deprimentes, como aquelas visualizadas nos campos de
concentração nazistas e de técnicas médicas que abalassem os princípios
vitais dos indivíduos, mostrou-se como meio de problematizar o que está
inexplorado na pesquisa científica ou na técnica médica quando elas
envolvem a vida.

A importância social da Bioética baseia-se, diretamente, no fato de que


ela busca impedir que a vida seja impactada ou que algumas formas de vida
sejam considerados inferiores a outras. A Bioética debate, por exemplo, o uso
de células-tronco embrionárias em diversas situações, assim como a questão
do aborto para retirar tais células e pelos benefícios que os tratamentos
obtidos por esse recurso podem promover para as pessoas.

Em relação aos princípios da bioética foram estabelecidos quatro


considerados básicos que devem orientar o trabalho das ciências que utilizam
cobaias, assim como as técnicas biomédicas e médicas que atuam de forma
direta com a vida. Estes possuem ligação com as teorias éticas conhecidas e
ganham um novo contorno em suas formulações voltadas para a vida animal.

O Princípio da não maleficência, diz respeito a proibição de causar


qualquer dano intencional ao paciente ou às cobaias de testes científicos. O

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Princípio da beneficência visa provocar o maior benefício para o maior número
possível de pessoas. O Princípio da autonomia trata-se do respeito à
autonomia do indivíduo, pois esse é o responsável por si, e é ele que decide
se quer ser tratado ou se quer participar de um estudo científico. Já o Princípio
da justiça visa a criação de um mecanismo regulador da relação entre
paciente e médico, a qual não deve ficar submetida mais apenas à autoridade
médica.

As raízes da bioética situam-se historicamente pautadas na evolução


das ciências médicas. O uso indiscriminado de antibióticos e técnicas
artificiais de respiração, popularizado nos anos 50 e 60, abrem perspectivas
novas de prolongar a vida humana.

Com a primeira transferência renal realizada com êxito, no ano de


1954, parâmetros até então hegemonicamente considerados em relação a
morte cerebral tornaram-se contestáveis e moralmente controversos.

A introdução da pílula anticoncepcional no mercado incitou uma


mudança extrema na prática sexual, o que trouxe também possibilidades de
planejamento familiar e profissional inimagináveis até a década de 60 do
século XX. A criação de métodos mais seguros e legalmente disponíveis de
interrupção da gravidez levou a uma reavaliação das práticas usuais do
aborto.

HECK (2005), destaca:

A bioética trabalha com evidências fatuais que têm por objeto um


próximo existente e/ou próximos ausentes. A disciplina trata de
temas específicos como nascer/não nascer (aborto), morrer/não
morrer (eutanásia), saúde/doença (ética biomédica), bem-
estar/mal-estar (ética biopsicológicas) e se ocupa de novos campos
de atuação do conhecimento, como clonagem (ética genética),
irresponsabilidade perante os pósteros (ética de gerações),
depredação da natureza extra-humana circundante e agressões ao
equilíbrio sistêmico das espécies (ecoética), e assim por diante.
HECK (p.123-139, 2005)

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No meio das diversas práticas da bioética ressalta-se atividades
terapêuticas em sentido vasto. Todo e qualquer exercício das relações
profissionais de médicos, enfermeiros, dentistas, e demais trabalhadores
especialistas em saúde e doença, assim como os usuários das novas técnicas
biomédicas e farmacológicas tornaram-se alvos do discurso bioético.

A ética acompanha a sociedade há vários séculos, promovendo


momentos de reflexão, e, trazendo para sociedade novas formas de pensar
as ações humanas. Como uma ciência prática que trata de atos práticos e por
isso ela possibilita a promoção de reflexões filosóficas sobre a conduta do ser
humano.

À medida que surgiam questões e situações que escapavam à esfera


dos princípios, buscavam-se mecanismos para o seu enquadramento como
por exemplo a redução da problemática de vulnerabilidade apenas à questão
da justiça distributiva, ou a desqualificação da problemática. Dessa forma,
notou-se que aos poucos a “teoria dos princípios” era insuficiente, para
permitir a reflexão filosófica, e vale dizer ética, de modo profundo e
abrangente.

Figura 1: Princípios Bioéticas

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A teoria dos princípios é necessária, no entanto, insuficiente, passando
a se encarar a bioética como um campo restrito à aplicação dos 4 princípios,
de modo simplista e superficial, estes que estão destacados na figura acima.
É necessário destacar, que estes há bastante tempo possuíam sua presença
e importância já dispostas na prática e na teoria médica.

A não maleficência já era expressada no Juramento Hipocrático há


cerca de 25 séculos. Da mesma maneira, a beneficência, ainda que focalizada
de forma paternalista, à semelhança da proposição de Platão na “República”.
Atualmente, a beneficência diz respeito a avaliação crítica de benefícios frente
aos riscos. A autonomia concretizada na sociedade ocidental a partir dos
séculos XVII e XVIII (com as Revoluções democráticas e com filósofos como
Spinozas, Kant, John Locke) já fora incorporada aos Códigos de Ética,
refletindo-se nos direitos do sujeito (paciente). A justiça e a equidade já eram
amplamente discutidas desde o tempo de Sócrates, Platão e Aristóteles.

Deve-se reconhecer que a bioética está vinculada a uma intensa


mudança de caráter de época e que a referência a princípios é indispensável.
De fato, a adesão de um princípio em lugar de outro requisita a definição de
uma direção, e desse ponto de vista o essencial é compreender se o
pensamento proposto ampara ou não a presença de deveres absolutos.
Dessa forma têm-se a ideia que quem insiste na centralidade da virtude, ou
do caso clínico, queira evitar tomar uma posição sobre as escolhas de fundo
acerca da direção geral da pesquisa.

Maurizio Mori, leciona:

Por isso, às vezes parece que o apelo a tais noções mais amplas e
genéricas seja nada mais do que um expediente habilitado para
recolocar as posições tradicionais com roupa nova. Com efeito, não
se deve esquecer que nem sempre é fácil dar o “salto gestáltico”
requerido pelo abandono de um princípio, devido aos profundos
sentimentos propostos pela ética tradicional, razão pela qual pode
acontecer que no caso concreto tais sentimentos enraizados
prevaleçam e venham a afirmar soluções tradicionais que do ponto
de vista teórico (após ampla reflexão) são reconhecidos como
insustentáveis. Parece-me que a bioética deve ser referir a

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princípios porque, assim, se esclarece imediatamente o rumo
tomado em direção às escolhas de fundo que as grandes
transformações históricas da medicina contemporânea impõem à
humanidade. MORI (p. 332-341,1994)

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CONFLITOS ÉTICOS VIVENCIADO PELO ENFERMEIRO NO CENTRO
CIRÚRGICO FRENTE A TOMADA DE DECISÃO

No exercício profissional da equipe de enfermagem no Centro Cirúrgico


(CC), em principal os enfermeiros, tendem a passar por situações de conflitos
éticos na tomada de decisões relativas ao paciente, familiares, e o restante da
equipe multidisciplinar. Nota-se que o vínculo entre a equipe cirúrgica pode
tornar-se conflituosa no momento em que não se chega ao senso comum
frente as situações que englobem escassez de recursos humanos e materiais,
estrutura física inadequada e uma demanda maior do que o CC possa
oferecer.

Na tomada de decisão se faz necessário que o profissional possua


competência ética, científica e técnica, estabelecendo comunicação eficaz
com os profissionais da equipe cirúrgica, paciente e familiares, tendo equilíbrio
emocional. Assim como respeitando à opinião dos profissionais da equipe
multidisciplinar, buscando métodos para amenizar as relações.

A bioética é de extrema relevância para garantia os direitos


constitucionais da equipe e do próprio paciente. Os profissionais de
Enfermagem são sujeitos éticos e legalmente responsáveis por seus atos, aos
quais se é colocada a confiança pelo competente desempenho de suas
funções e atribuições.

No que diz respeito as atribuições do Enfermeiro em CC, pode-se


destacar:

 Minimizar os agentes estressores, tais como equipamentos e


anestesia, estando ao lado do paciente oferecendo suporte necessário;
 Contribuir para o desenvolvimento profissional de toda equipe de
Enfermagem, através da elaboração de produções científicas, em que
são expostas ideias, promovendo um processo reflexivo e

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consequentemente contribuindo para o aperfeiçoamento das práticas
profissionais.

O paciente é detentor de sua própria existência e por delegação é


conferida à equipe multidisciplinar, a deliberação da aplicação de recursos
terapêuticos, que definem a espécie de intervenção de cirurgia e tratamento.
Esta escolha em diversas situações tende a causar um equivocado
pensamento de domínio sobre o ser.

Caso o paciente não possua a aptidão para a decisão técnica, o que


nem sempre é verídico, ele conserva-se sobre a ética da justiça, e da ética,
possuindo o direito sobre a sua própria vida. A diferença de papéis não
garante aos profissionais de saúde o direito de julgar-se proprietário do
paciente, assim como por consequência, decidir autoritariamente acerca do
seu tratamento.

Na assistência perioperatória é de extrema relevância o consentimento


informado, como requisito indispensável à decisão operatória. Além deste
estar estabelecido na Carta de Direitos do Paciente, é reforçado pelo Código
de Defesa do Consumidor, em que o paciente deve receber à informação
correta, completa e adequada acerca do procedimento a ser realizado, de
modo que ele possa dar seu consentimento para realização, exceto nos casos
de urgência. Assim como possui o direito de impor uma assistência de
qualidade, que o ampare contra os riscos à sua integridade física e mental, e
o torne capaz de participar efetivamente das medidas que visem melhorar a
qualidade de sua vida

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PONTOS IMPORTANTES DO ATUAL CÓDIGO DE ÉTICA DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, no que diz


respeito às responsabilidades e deveres afirma:

Art. 17 - Prestar adequadas informações à pessoa, família e


coletividade a respeito dos direitos, riscos, benefícios e
intercorrências acerca da assistência de enfermagem.
Art. 18 - Respeitar, reconhecer e realizar ações que garantam o
direito da pessoa ou de seu representante legal, de tomar decisões
sobre sua saúde, tratamento, conforto e bem estar. COFEN (p.3,
2007)

Na admissão ao paciente no Centro Cirúrgico o prontuário é revisto,


buscando condições que garantam uma assistência livre de riscos, como
estabelecido no Código de Ética de Enfermagem em seu décimo segundo
artigo:

Art. 12 - Assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de


enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência
ou imprudência. COFEN (p. 3, 2007)

Nesse momento o deferimento do consentimento informado é


elemento deliberativo para o prosseguimento cirúrgico. A revisão
biopsicológica e emocional do paciente no período perioperatório, é condição
de defesa e qualidade na assistência de enfermagem, constituindo segmento
da responsabilidade profissional. A presença do enfermeiro é inquestionável,
o qual de modo algum deve delegar esse encargo a outro profissional, devido
a possibilidade de ocasionar graves repercussões na prática, pela justificativa
de acúmulo de trabalho em prejuízo de suas funções específicas.

Durante o período da indução anestésica e posicionamento na


mesa cirúrgica o paciente se torna fragilizado e vulnerável, cabendo a equipe

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de saúde respeitar à sua individualidade e privacidade. O exercício da
enfermagem deve estar sempre pautado nos princípios da confiança, pois é
essencial que o paciente tenha a certeza de que a equipe de enfermagem e
de saúde guardarão as informações que recebem sempre em caráter
confidencial.

Situações como o excesso de pessoas na sala de cirurgia com


maior movimentação do ar, assim como entradas e saídas frequentes das
mesmas, assim como o fato do paciente ficar descoberto e ouvir comentários
estéticos sobre sua pessoa, caracterizam como situação que interfere na
liberdade deste.

O Código de Ética determina a manutenção do sigilo profissional,


cabendo destacar que as ocorrências anestésico-cirúrgicas devem ser
registradas pela enfermagem e pelo anestesista, considerando que erros
podem acontecer, no entanto silenciá-los é crime.

SCHMIDT (1993), leciona:

São considerados crimes: deixar de alertar sobre a periculosidade


do serviço a ser prestado; fazer afirmação falsa ou enganosa, ou
omitir informação relevante sobre a natureza, característica,
qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade,
preço e garantia de produtos ou serviços; impedir ou dificultar o
acesso do consumidor às informações que sobre ele constem em
cadastros, bancos de dados, fichas e registros (prontuários)”.
SCHMIDT (p.78-79, 1993).
Os crimes capitulados no supracitado Código de Defesa do
Consumidor, podem ser culposos, quando realizados por imprudência,
negligência ou imperícia, ou dolosos, quando são cometidos com a intenção
de causar danos.

Ainda nesse cenário, VIEIRA (1985) leciona:

Inúmeros são os pacientes que, tendo apresentado problemas


durante o transoperatório, são depois enviados à unidade de
internação, sem uma única referência, e sem elementos que
possibilitem a implementação de cuidados compatíveis com o seu
estado, facilitando, portanto, a incidência de complicações pós
operatórias”. VIEIRA (p.197, 1985)

21
Em relação ao ponto de vista ético e legal, tanto o enfermeiro
possui o dever de registrar claramente as ocorrências no prontuário do
paciente, sendo este confidencial possuindo duas finalidades:

1 - Assegurar uma imagem do registro continuado fornecendo


assim aos serviços (ou ao tribunal) o desenrolar das tendências e o curso do
processo terapêutico.

2 - Assegurar uma ficha semelhante para cuidados posteriores de


saúde. Como tal, é obrigatório fornecer todos os fatos pertinentes a respostas
adversas da conduta terapêutica, com descrição real dos fatos.

O respaldo legal para o exercício da enfermagem, nestas


circunstâncias, encontra-se no Código de Ética de Enfermagem que
estabelece como Princípios Fundamentais:

 A enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde


e a qualidade de vida da pessoa, família e coletividade.
 O profissional de enfermagem atua na promoção,
prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, com
autonomia e em consonância com os preceitos éticos e
legais.
 O profissional de enfermagem participa, como integrante da
equipe de saúde, das ações que visem satisfazer as
necessidades de saúde da população e da defesa dos
princípios das políticas públicas de saúde e ambientais, que
garantam a universalidade de acesso aos serviços de
saúde, integralidade da assistência, resolutividade,
preservação da autonomia das pessoas, participação da
comunidade, hierarquização e descentralização político-
administrativa dos serviços de saúde.
 O profissional de enfermagem respeita a vida, a dignidade
e os direitos humanos, em todas as suas dimensões.
 O profissional de enfermagem exerce suas atividades com
competência para a promoção do ser humano na sua
integralidade, de acordo com os princípios da ética e da
bioética. COFEN (p. 1-2, 2007)
Nota-se que a prática da enfermagem procura se basear no
princípio da totalidade, considerando sempre o Código de Ética, tanto como
os Princípios da sacralidade, o da responsabilidade e o Princípio das virtudes,
em particular a justiça.

22
CORREIA (1995), destaca que:

O “princípio da totalidade ou princípio terapêutico: é na verdade, o


que rege toda liceidade e obrigatoriedade da terapia médica e
cirúrgica. (...) Entre as condições para sua aplicação, exige-se: “que
não haja outros modos ou meios para deter a doença; que haja uma
boa possibilidade e proporcionalmente alta para o êxito”.
O princípio da liberdade e da responsabilidade regem que: o
assumir a própria vida é condição indispensável para o exercício da
liberdade “(...) Médico e paciente ‘são responsáveis pela vida e pela
saúde, seja como bem pessoal, seja como que se trate de
intervenção sobre a parte doente ou que é causa direta bem social”
CORREIA (p.78-80, 1995)

A Lei 7.498 de 25 de junho de 1986, dispõe sobre o exercício


profissional da enfermagem e seu Decreto, publicado em 8 de junho de 1987,
atribuem, respectivamente entre as responsabilidades do enfermeiro:

Prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de


doenças transmissíveis em geral;” (art.11, inc.2, al. e).
A prevenção e controle sistemático de danos que possam ser
causados à clientela durante a assistência de enfermagem” (art. 11,
inc. 2, al. f.)
Já o Código de Ética de Enfermagem destaca como
responsabilidade e dever do enfermeiro:

Art. 21 - Proteger a pessoa, família e coletividade contra danos


decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência por parte de
qualquer membro da equipe de saúde.
Art. 38 - Responsabilizar-se por falta cometida em suas atividades
profissionais, independente de ter sido praticada individualmente ou
em equipe. COFEN (p. 3-5, 2007)
A assistência no decorrer do ato cirúrgico requer assertividade e
uma comunicação empática, no entanto, nota-se que a comunicação não
verbal possui maior importância, e não há tempo para amplos pensamentos.
De outra forma, o relacionamento interprofissional entre os constituintes da
equipe cirúrgica, tende a propiciar atitudes causadoras de conflitos, assim
como possibilidade de erros por negligência, imprudência ou imperícia, os
quais podem levar ao homicídio culposo ou não intencional.

23
Os atos danosos à vida, como por exemplo, a instigação ao suicídio
podem ocorrer em consequência de comentários estéticos relativos ao
paciente, conversas paralelas da equipe e discussões de problemas
profissionais no momento em que o paciente encontra-se anestesiado São
atos de perigo à saúde, por exemplo, o perigo de contágio de doenças graves,
ao não serem assegurados os princípios da técnica asséptica, o abandono do
paciente anestesiado na sala de operações, a omissão de socorro e maus
tratos quando o paciente apresenta alterações hemodinâmicas e estas são
pouco valorizadas pela equipe.

Após a realização do procedimento cirúrgico, cabe ao enfermeiro a


da observação do paciente na Sala de Recuperação Pós Anestésica (SRPA)
antes de encaminhá-lo à outra unidade hospitalar. Na sala de recuperação
lida-se com complicações de todo o processo anestésico cirúrgico.

O enfermeiro, deve reconhecer que a sua pratica profissional não


está desvinculada do agir do homem comum reforçado pelo Código de Ética
dos Profissionais de Enfermagem. Os conflitos surgem quando os princípios
éticos não são considerados, sendo estes compreendidos como tudo aquilo
que colide com o que é correto. Para sua resolução é preciso ocorrer a
harmonização da equipe do CC para a elaboração de princípios que
contemplem a equipe cirúrgica e o paciente, podendo influenciar
positivamente a organização do trabalho e favorecer a construção de objetivos
comuns, intensificando a articulação entre os profissionais e a atuação da
equipe multiprofissional.

ASSIS (2017), leciona:

Os profissionais relatam que tomam decisões em conjunto com a


equipe do CC, buscando a melhor forma para resolver os conflitos
que surgem no CC, buscando a decisão mais assertiva possível,
onde sejam atendidos os diversos interesses. O enfermeiro é visto
como o profissional que propicia a comunicação entre a equipe,
facilitando o cuidado integral ao paciente proporcionando o
atendimento das necessidades que requerem solução
compartilhada com a equipe multidisciplinar.

24
A resolução de conflitos éticos deve procurar o bem estar da equipe
cirúrgica e do paciente: Os enfermeiros demonstram que é
essencial procurar o bem estar de ambos tanto do paciente quanto
do profissional da equipe multidisciplinar, sendo imprescindível que
esses profissionais tenham condições de trabalho e de saúde para
atender bem ao paciente que necessita de seus cuidados. ASSIS
(p. 3, 2017).

25
CONCLUSÃO

O rigoroso cumprimento das normas éticas e do Código de Ética em


enfermagem tende a garantir ao paciente uma assistência mais humanizada
e confiável. Os enfermeiros devem assumir uma espécie de papel de
advogado da pessoa visando o atendimento às suas necessidades, às do
paciente e de fazer respeitar os direitos de todos os envolvidos.

Os profissionais de enfermagem constituem conflitos quando ocorre


uma situação, em que há alternativas diversas, e que faz-se necessário a
tomada de decisão. Esta deve ser pautada na busca de um consenso com a
equipe multiprofissional, ou seja, através da associação entre seus
componentes, decidindo em conjunto levando em consideração os interesses
tanto da equipe de, quanto do paciente. Dessa forma, a comunicação e a
integração devem ser aplicadas, para que a decisão escolhida seja coerente
e eficaz.

26
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30

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