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Genograma

Monitor: Lucas C. de Andrade


Disciplina: Psicologia Sistêmica

Objetivos:
Compreender o conceito e a importância do genograma na terapia sistêmica.
Entender o funcionamento e aplicação do genograma, sua construção e interpretação
dentro da terapia sistêmica.
Explorar casos práticos de uso do genograma na prática terapêutica.
Interpretar um genograma e estabelecer possíveis hipóteses.

Metodologia:
Aula expositiva dialogada.
Estudo de caso.
Aplicação prática.

Introdução (5 minutos):
Saudações e introdução ao tema.
Apresentação dos objetivos da aula.

Arvore das Relações


Cronologia Afetiva
Teia Genealógica
Histórico Intergeracional
Jornada Familiar
Encruzilhada de Histórias

Parte 1 - Apresentação Teórica (30 minutos):


O que é um Genograma?

Definição e origens.
Uma estrutura prática de padrões geométricos que se conectam para ilustrar
membros de uma família, suas interações, aspectos sócio-históricos, culturais etc.
Utilizando de uma linguagem comum que possa ser compreendida facilmente. Seu
formato original foi publicado em 1985, mas foi alterado durante muitos anos, até
atingir um consenso. Foi inicialmente desenvolvido por médicos que o utilizavam para
acompanhar o histórico familiar médico de forma confiável. Os médicos de família
foram os primeiros a propor a padronização da linguagem dos modelos. Entretanto, o
modelo também atraiu diversos terapeutas por sua eficiência em reunir informações
importantes para um tratamento.

Contexto, aplicações e finalidades de uso.

O genograma permite a visualização clara de certos acontecimentos que marcam


a história da família, suas tradições, doenças, eventos críticos como abortos, imigrações,
divórcios, escolhas de religião, relações abusivas e conflituosas, traições etc. Ele pode
ser elaborado para representar qualquer período da história familiar, de forma que seja
possível até mesmo acompanhar a linha do tempo da família, ilustrando o seu ciclo
vital. Usualmente, o genograma representa até 3 gerações de uma família, mas isso pode
ser alterado conforme o acesso as informações que o paciente possui sobre sua família e
história. Até mesmo a falta de informações pode ser incluída.
Não somente a família nuclear e a família extensa estão presentes, mas a
comunidade e instituições com as quais se relaciona, ou seja, o sistema amplo no qual
está inserida e conectada. Dessa forma, toda a teia de relações que a cerca, vizinhos,
amigos da família, todo o seu contexto histórico, geopolítico, racial, cultural,
psicológico e espiritual pode ser ilustrado. A inserção destes aspectos se dá conforme as
escolhas do terapeuta diante das demandas da família. Ou seja, o genograma pode ser
estruturado da forma que for mais conveniente para representar o sistema familiar.
Outra maneira de utilizá-lo é descrevendo informações básicas demográficas da família,
ou seja, dados estatísticos sociais, como renda, classe social, recursos, escolaridade,
profissão etc. É possível também utilizá-lo para fazer um mapeamento transgeracional
do sistema emocional da família. Enfim, quanto mais informações tivermos acesso,
maiores são as chances de formularmos hipóteses projetivas eficazes para as
intervenções terapêuticas.
Como dito anteriormente, cada terapeuta pode utilizar o genograma da forma
que mais lhe for conveniente, com foco naquilo que mais o interessa dentro do trabalho
com o sujeito. Pode ser focado nas relações conflituosas, abuso de substâncias, ligação
com instituições públicas, formação religiosa e até mesmo questões de narrativas que
são repetidas através das gerações. Este aspecto é importante e fundamental para o uso
terapêutico do genograma, como uma intervenção eficaz e transformadora.

Elementos Básicos do Genograma:

Membros
Relações e Papéis
Padrões de funcionamento
Contexto
Cultura, Etnia, Raça, Religião, Espiritualidade, Migração, Status Socioeconômico
Símbolos
Construindo um Genograma:

Coletar informações
O primeiro passo é procurar as informações fundamentais para a construção do
genograma. Essa etapa será conduzida conforme o foco e a necessidade do processo
desenvolvido. Lembrando que o processo de coleta de informações já pode ser
considerado uma intervenção terapêutica por si só, visto que o paciente / família se
encontra em uma posição de fala sobre si e sobre seu sistema, o que pode trazer à tona
questões importantes para o processo terapêutico, esclarecendo, aliviando e até mesmo
sanando algumas dores importantes.
Na entrevista pode-se estabelecer uma cronologia dos fatos essenciais/críticos da
família, mudanças, traumas, transições, de forma que fique mais fácil relacioná-los com
o desenrolar das gerações. Lembrando que diferentes membros terão visões singulares
sobre cada acontecimento, o que exige habilidade e manejo do terapeuta. Quando os
relatos forem muito discrepantes, isso também pode ser registrado no genograma, como
uma estratégia de elucidação da possível confusão e divergência da família sobre os
fatos.
A resistência na entrevista inicial pode acontecer e isso pode dificultar a coleta
das informações, por isso é fundamental se atentar as perguntas que serão feitas. A
escolha das perguntas poderá facilitar ou dificultar o processo. Nem sempre uma
abordagem diretiva e objetiva é eficaz, por vezes a estratégia de “comer pelas beiradas”
pode se mostrar mais eficaz para chegar até o tema desejado.

Perguntas possíveis:
 Quem mora com você?
 Mais alguém sabe do problema?
 O que vêm acontecendo recentemente na sua família?
 Quando começou o problema? Quem notou primeiro? Quem parece estar mais
preocupado? Quem está menos preocupado? Quem você poderia pedir ajuda se
precisasse?
 Tem alguma outra pessoa importante que conviveu com você que não seja da
sua fami1lia?
 Quem cuidava de você na infância?
 Quem controla o dinheiro na sua casa/família?
 Você já se sentiu intimidado por alguém na sua família?
 Quem é a pessoa mais procurada quando um problema ocorre?

Aspectos indispensáveis:

 Preocupações mais urgentes da família


 Informações compartilhadas e informações preservadas
 Maior fonte de amor e inspiração do sistema familiar
 Maiores desafios que estão enfrentando ou já enfrentaram
 Qual a pergunta que os membros da família mais querem a resposta
 Qual o tema que gera maior resistência entre os membros do sistema

Destaca-se ainda, a importância de cultivar elogios sobre a história familiar em seus


pontos fortes, pelo menos dois na entrevista inicial. Esse manejo constrói vínculo e
confiança entre o terapeuta e o sistema, o que pode facilitar o acesso a informações,
além de ser fundamental para o processo terapêutico.
Parte 2 - Atividade Prática (15 minutos):

Apresentar 6 Genogramas e reunir os estudantes em grupos para discutir e formular


hipóteses projetivas sobre cada paciente.

1. Família Mendes:
Descrição: A Família Mendes é composta por Maria (45 anos) e João (48 anos), casados
há 20 anos, e seus três filhos: Lucas (17 anos), Sofia (14 anos) e Rafael (10 anos). Eles
fazem parte de uma família extensa, que inclui avós, tios e primos. Praticamente toda a
família exerce a profissão de advogado. Os sobrinhos de Maria e João estão prestes a
ingressar na faculdade de direito.
Membros Principais:
Avós de Maria e João: Ana (72 anos) e Pedro (75 anos).
Tios de Lucas, Sofia e Rafael: Marta (40 anos) e André (38 anos).
Primos de Lucas, Sofia e Rafael: Gabriel (19 anos) e Isabela (16 anos).
Observações: A Família Mendes enfrenta conflitos persistentes entre Lucas e seus pais,
que podem ser influenciados por dinâmicas familiares mais amplas.

2. Família Silva:
Descrição: A Família Silva é liderada por José (55 anos) e Maria (53 anos), que são
casados há 30 anos. Eles têm três filhos: Ana (28 anos), Pedro (26 anos) e Júlia (24
anos). A família tem conexões com parentes próximos e distantes.
Membros Principais:
Irmão de José: João (58 anos).
Irmã de Maria: Isabel (50 anos).
Primos de Ana, Pedro e Júlia: Rodrigo (30 anos) e Carolina (29 anos).
Observações: Ana é a paciente que relata uma história de abuso na infância. É muito
próxima do tio paterno. O avô paterno era uma figura distante e fria, os netos não
gostavam de ir a sua casa. O irmão de José já teve problemas com álcool no passado.

3. Família Torres:
Descrição: A Família Torres inclui Paula (38 anos) e André (40 anos), que estão
divorciados, e seus dois filhos gêmeos: Sofia (8 anos) e Mateus (8 anos). Ambos os pais
têm famílias extensas que desempenham papéis nas vidas das crianças.
Membros Principais:
Irmão de Paula: Lucas (40 anos).
Irmã de André: Carla (35 anos).
Primos de Sofia e Mateus: Tiago (9 anos) e Isabella (7 anos).
Observações: André está em processo de mudança para outro país e gostaria que um dos
filhos fosse junto. O genograma da Família Torres pode mostrar como as relações
familiares influenciam a cooperação parental e o bem-estar das crianças após o divórcio.

4. Família Oliveira:
Descrição: A Família Oliveira é liderada por Luiza (50 anos) e Marcos (52 anos),
casados há 25 anos. Eles têm dois filhos adultos: Ana (30 anos) e Pedro (28 anos). Além
disso, a família inclui avós, tios e primos.
Membros Principais:
Pais de Luiza: José (72 anos) e Maria (70 anos).
Tios de Ana e Pedro: Marta (35 anos) e André (33 anos).
Primos de Ana e Pedro: Gabriela (26 anos) e Rafael (24 anos).
Observações: Luiza enfrenta o diagnóstico de câncer, o que impacta toda a família. O
genograma da Família Oliveira pode destacar as redes de apoio e como a família lida
com o estresse da doença.

5. Família Almeida:
Descrição: A Família Almeida é uma família em transição geracional. Os membros
incluem os avós, Antônio (75 anos) e Maria (73 anos), bem como seus filhos, netos e
bisnetos, que estão em várias fases da vida.
Membros Principais:
Filho mais velho de Antônio e Maria: João (55 anos).
Netos de Antônio e Maria: Sofia (30 anos) e Mateus (6 anos).
Bisnetos de Antônio e Maria: Júlia (14 anos) e Caio (4 anos).
Observações: A Família Almeida está enfrentando desafios à medida que a família se
adapta às mudanças nas necessidades e papéis ao longo das gerações. Os bisnetos não
gostam de ir na casa dos mais velhos. Antônio e Maria cuidam dos pais.
6. Família Santos:
Descrição: A Família Santos é liderada por Marcos (42 anos) e Carla (40 anos), que
estão casados há 15 anos. Eles têm três filhos: Ana (20 anos), Pedro (17 anos) e Júlia
(14 anos). A família também inclui avós e parentes próximos.
Membros Principais:
Pais de Carla: Antônio (65 anos) e Lúcia (63 anos).
Irmão de Marcos: Daniel (38 anos).
Primos de Ana, Pedro e Júlia: Isabella (18 anos) e Rodrigo (16 anos).
Observações: A Família Santos enfrenta problemas de comunicação e conflitos
frequentes entre os membros, principalmente pela quebra da tradição católica por uma
das filhas, Julia.

Discussão em Grupo (15 minutos):


Cada grupo compartilha seu genograma com a turma.
Incentivo à discussão sobre as escolhas feitas ao criar o genograma e as possíveis
implicações terapêuticas.

Conclusão (10 minutos):


Abertura para perguntas finais.

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