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GENOGRAMA FAMILIAR

Genograma/Genetograma familiar

 Mapa das relações e interações familiares construído na forma de


diagrama.

 Traçado gráfico da genealogia de uma família, incluindo, no


mínimo, 3 gerações.

 As informações reunidas pelo genograma podem incluir aspectos


genéticos, médicos, sociais, comportamentais, relacionais e culturais
– denotam a estrutura e configuração da família.
 Amplia a compreensão da história familiar e pessoal –
funcionamento e dinâmica.

 Oferece visualização gráfica de padrões familiares e de


problemas potenciais.

 Trabalho vivencial: construído em conjunto pelo terapeuta e o


paciente/família.
Utilização

 Instrumento amplamente utilizado na terapia familiar para:


 Engajar a família, rever dificuldades familiares, verificar a
estrutura familiar, clarificar os padrões relacionais familiares e
identificar a família extensa.
 Ajudar a clarificar a demanda implícita para atendimento.
 Também é utilizado quando o tratamento parece não avançar
no sentido das mudanças desejadas pelos pacientes -
proporciona uma releitura ampliada dos eventos (consultoria).
 Trabalho com terapeutas em formação.
 Realização do genograma da família de origem com o
intuito de averiguar a composição e dinâmica familiar,
elucidando seus padrões, legados, valores, crenças e mitos e
sua influência na prática profissional – self do terapeuta.
 Exame de possíveis limitadores/facilitadores que o
terapeuta de família pode ter no desempenho da função
terapêutica.
 Aplicação do genograma em saúde da família.
 Caracterização e cadastramento dos grupos familiares em
ESFs, com vistas ao trabalho de promoção à saúde da
comunidade e prevenção de agravos.
 Permite visualização do processo de adoecer e das
principais enfermidades que acometem os membros
familiares, facilitando o plano terapêutico e permitindo à
família uma melhor compreensão sobre o desenvolvimento
de suas doenças/dificuldades.
 Genograma como instrumento científico para coleta de dados
em pesquisas.
 Adequado para pesquisas com famílias em diferentes fases
de transição, em processos psicoterapêuticos, famílias com
crianças ou demais membros acometidas por doenças
crônicas, com idosos, com transtorno mental, entre outras.
Informações registradas:
- Membros da família (nome, idade ou data da morte, profissão).
- Ordem de nascimento.
- Datas e eventos significativos (casamentos, separações, divórcios).
- Origem étnica.
- Abusos físico e sexual, incesto, abortos.
- Abuso de álcool e outras drogas.
- Doenças crônicas físicas ou mentais.
- Vinculações emocionais.
- Triângulos familiares.
- Situações que se repetem e/ou modificam a partir dos modelos
aprendidos.
- Metáforas, mitos e crenças – “lema familiar”.
Análise e interpretação do genograma

 Compreensão dos padrões de organização familiar, quanto a


estrutura, funcionamento e interação.

 O genograma explicita a estrutura familiar ao longo de várias


gerações e as etapas do ciclo de vida familiar, além dos
movimentos emocionais a ele associados.
 Oferece uma visão compreensiva dos complexos padrões
familiares e possibilita a criação de uma série de hipóteses
sobre como o problema clínico da família pode conectar-se
ao contexto, bem como a evolução de ambos, problema e
contexto, ao longo do tempo.
◼ Passado e presente são examinados para se obter
possíveis informações para o futuro.
❑ Eixo horizontal - família nuclear e seu ciclo vital.

- Quem mora na casa?


- Como estão as relações com a família extensa?
- Quem constitui a rede de amigos?
- Qual a conexão com a comunidade e com a religião?
- Como os adultos estão envolvidos com atividades
profissionais e de lazer (consequências para relações?)
 Eixo vertical - família de origem, transmissão de modelos
aprendidos e triangulações.

- Etnias.
- Religiões.
- Princípios políticos e ideológicos.
- Mitos e segredos familiares.
- Relações de proximidade ou distância.
- Rupturas ou relações conflitivas.
Destacar:

 Como a família superou adversidades no curso de seu ciclo vital -


recursos a serem reativados.

 Introduz possibilidade de transformação a partir de novas leituras.


 Enfatizar os recursos da família, casal ou indivíduo de
transformar seus scripts.
Símbolos padrão para a construção do genograma
Prof. Dra. Angela H. Marin
Quando Freud era pequeno...
Após a morte de Freud...
Caso clínico
Leila, 30 anos, tinha 3 filhos e estava grávida do quarto na ocasião em que procurou um terapeuta de
família. Bernardo, de 8 anos, filho de seu primeiro casamento, foi criado pelos avôs maternos; Tânia, de
5 anos, filha de seu segundo casamento, foi criada pela avó paterna e; Edson, 2 anos, filho do atual
companheiro, que se chama Paulo e tem 35 anos, do qual se encontrava grávida.
No primeiro encontro, Leila referiu não conseguir aceitar essa gestação. Ela pensava em aborto, mas
não teve o apoio do companheiro e do pai para fazê-lo, pois quando era adolescente já havia
provocado um aborto de uma outra relação passageira.
Leila residia com Paulo e Edson e comentou que vinha tendo um relacionamento muito ruim. Paulo fazia
uso abusivo de álcool diariamente. Os conflitos e o distanciamento do casal se acentuaram com a atual
gravidez. Além disso, Paulo usava de violência física e verbal com Edson. Leila queria se separar do
marido, mas ele não aceitava e reafirmava o desejo de ficar com o bebê.
Leila relatou que, em sua família, sempre fora mais apegada ao pai, João, de 62 anos. Já seu único
irmão, dois anos mais velho que ela, era muito mais afeiçoado à mãe, Maria, de 58 anos. Ainda contou
que depois de seu nascimento, sua mãe teve que interromper 3 gestações em função de um problema
de saúde.
Leila também era muito ligada a sua avó paterna, D. Joana, com 83 anos, com quem passava os finais-
de-semana desde a morte de seu avô Lúcio.
No decorrer das sessões, houve uma tentativa de incluir o marido no atendimento, mas este
compareceu em apenas uma sessão. Paulo contou que seu pai fazia uso abusivo do álcool era um
homem violento e que dizia que “filhos se educa com tapa”. Ele tinha dois irmãos mais velhos.
O irmão do meio estava vivendo com outro homem desde sua adolescência. Por isso, Paulo rompeu
relações com o irmão, não mantendo nenhum contato com ele. A última notícia que tivera foi de que seu
irmão, junto ao companheiro, tinha adotado um menino. Ele acredita que o irmão se tornou gay devido
a ter sido abusado sexualmente pelo tio Wagner, irmão mais velho do seu pai.
O irmão mais velho de Paulo morreu em um acidente de carro logo após a esposa ter tido um aborto
espontâneo de sua primeira gestação. Sua mãe teve um relacionamento conflituoso com seu pai, de
quem se separou há 8 anos. Atualmente, está com câncer de mama, deprimida e muito afastada de
todos.

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