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Aula1- O casamento ideal e o casamento real

Nenhum remédio pode ser administrado pelo médico sem um prévio


diagnóstico. Para começarmos bem o nosso curso se faz necessário uma
análise da situação em que se encontra o nosso matrimônio. Esse é o
momento de olharmos com coragem e sinceridade para a situação real em
que nos encontramos. Sabemos que isso pode não ser tão fácil para alguns,
porém, para os que sentem que isso é uma dificuldade, esse exercício se
faz ainda mais necessário. Nesse momento, antes de prosseguir a leitura,
pense por um minuto, em silêncio, sobre a sua situação hoje.
Vamos lá! Não importa se isso te desanimou ou motivou, vamos, a
partir de agora, dar passos para que o que te entristeceu possa se
transformar em alegria e o que está bom, fique ainda melhor e mais
fortalecido.
Reconhecer as misérias e limites que trazemos é o primeiro passo da
maturidade. Ninguém avança e cresce camuflando sua verdade, assim como
nenhum paciente pode esconder do médico os sintomas de sua doença, se
deseja a cura.
Após uma breve observação percebemos como está nosso casamento
real. Vejamos agora os aspectos do matrimônio como um ideal a ser
buscado, o matrimônio segundo aquilo que Deus pensou:

Pierre Dufoyer, no livro ‘A Intimidade Conjugal’ explica que o casamento é


a única comunidade de vida total: é uma união de carne, de espírito, de
alma ( totalidade de intensidade) e até a morte ( totalidade de tempo)
União de carne: é o que diferencia o matrimônio da amizade. Na amizade
há intimidade de coração, de espírito e de alma, mas não há união de
carne. No matrimônio também há união de coração, de espírito e de alma,
porém, além disso há coabitação completa e continua num família, ali há
intimidade carnal. Consiste, portanto, numa amizade mais íntima e total
porque se apodera de todo ser, físico e psíquico.
União de coração: os sentimentos e afetos, a capacidade de se alegrar
um com o outro, de se completarem, de desejar um ao outro a felicidade.
Isto que distinguem o amor humano das relações animais, a esposa, da
companheira ocasional.
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União de espírito: elementos intelectuais do amor – acordo entre as


ideias, as concepções, os projetos, as maneiras de ver e de pensar.
União de alma: as profundezas do ser, a pertença um ao outro, um
viver de tal maneira no outro que as suas alegrias tonam-se as do outro,
assim como os sucessos, as tristezas, etc. Sofrendo e se alegrando com o
outro porque são uma só carne. Esta união de alma distingue o esposo e a
esposa do amante e da amante. Só os verdadeiros esposos permanecem
unidos, mesmo nas provações.
União até a morte: irão juntos até o declínio das forças, desde o ardor
da juventude, até a solidão da velhice.
“Dar-se totalmente e para sempre é viver o casamento tal como Deus
o quis.” ( Pierre Dufoyer)
Assim também nos ensina São João paulo II em sua teologia do Corpo
quando diz que o matrimônio precisa ser LIVRE, TOTAL, FIEL E FECUNDO.
No plano original de Deus para o matrimônio existem dois sentidos
principais, que são na verdade os motivos pelos quais nos unimos: a
preservação da espécie (uma inclinação biológica, natural, como que algo
instintivo e animalesco) e o aspecto espiritual da união que envolve a busca
de um amor perfeito; temos uma alma espiritual que tem sede de sentido,
inteireza e perenidade, ou seja:
1. Sentido: queremos saber o porquê;
2. Inteireza: não nos conformamos com nossa incoerência; somos
fragmentados e isso nos incomoda. Muito comumente expressamos
aquilo que acreditamos, mas temos dificuldade em viver.
3. Perenidade: a ideia de finitude não nos sacia. Queremos permanecer,
queremos eternidade.

Resumindo, começando da última, temos sede do Deus eterno que


nos salva, do Deus Uno que nos desfragmenta e unifica e temos anseio de
realizar o projeto dele em nossas vidas.
A grandeza da nossa alma explica porque comumente esperamos
perfeição do nosso cônjuge. Não é errado buscar a perfeição, o problema
está quando buscamos no outro aquilo que só Deus pode nos oferecer.
Nesse contexto, padre Paulo Ricardo afirma: “Felicidade é o que esperamos,
mas é a miséria o que nós temos”
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Deus nos fez incompletos, ao contrário da égua que em sua “eguice” é


plenamente realizada. Ela não espera cordialidade do cavalo, tampouco
elogios, declarações de amor ou poesias, ela espera cópula para perpetuar
sua espécie. Nós, seres humanos, ao contrário, temos uma alma espiritual
que não se satisfaz com tão pouco. Temos sede de amor perfeito, isso é
algo extraordinariamente elevado e também pode se tornar um problema,
quando projetamos no cônjuge algo que ele jamais poderá nos dar. Isso
nos obriga a nos contentarmos com pouco no casamento? Digo: nem com
pouco, mas também, não com tudo.

Somos o resumo do Universo, a síntese de toda a criação de Deus.


Reunimos em nós características de todas as coisas que Deus criou:
minerais, vegetais, animais e espirituais. Nós temos ‘o ser’ assim como os
minerais, ‘a vida’ assim como os vegetais, ‘a sensibilidade’ assim como os
animais, e ‘a inteligência’ assim como os anjos. Isso explica nossa busca
pelo que é perfeito, mas não justifica que direcionemos essa busca para
outras coisas fora Deus. Seu cônjuge jamais te fará plenamente feliz porque
ele não é Deus. Entenda isso de uma vez por todas!

Segundo o especialista e pesquisador Eli Finkel, que é professor de


psicologia social na Northwestern University, em reportagem do site pt.aleteia.org
diz que a principal razão dos términos dos casamentos se resume em uma
palavra: EXPECTATIVA.

Segundo o pesquisador, as pessoas esperam perfeição de seus cônjuges ou


algo próximo disso, são anseios muito elevados em relação a um ser humano
limitado. Querem um cônjuge bom em tudo, que as façam felizes, que as façam
crescer, realizar projetos, serem melhores… com isso acabam por transferir para
o outro a responsabilidade pela própria felicidade. Isso é imaturidade, até porque
você também é incapaz de dar tudo que o outro espera.

Outra questão que Eli Finkel aponta é que quanto mais a pessoa em crise
recusa buscar ajuda, mais a crise agrava e o resultado poderá ser o fim do
casamento. Ele defende que quanto maior for a rede de amizades e
relacionamentos familiares que a pessoa tiver, melhor. Pois uma pessoa muito
fechada, que não se relaciona com ninguém, tende a colocar todo o centro de sua
vida, suas expectativas e frustrações somente sobre o cônjuge.
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Após tomarmos ciência de tudo isso, vem o momento de fazermos uma


avaliação mais detalhada de nosso relacionamento. Esta será a tarefa desta
semana. Pegue papel e caneta e anote o que você percebe a respeito de cada
tópico:

1. Diálogo: vocês mantém o hábito de conversar, saber como está o outro?


Tem tido tempo para trocar ideias, planejar algo para a família? Procuram
saber como foi o dia do outro?

2. Gestos de carinho: qual foi a última vez que tiveram uma atitude de carinho
físico um com o outro? Qual a última vez que se elogiaram? Trocam
presentes?

3. Como está o ato conjugal? Frequência e qualidade.

4. Brigas: são frequentes as discussões? Tem facilidade em pedir perdão e se


reconciliar?

5. Você sente que cria expectativas grandes demais sobre seu cônjuge?

6. Quais as principais qualidades do seu cônjuge?

7. Pontue de maneira objetiva em que você pode melhorar em relação aos


ítens levantados nas perguntas.

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