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A mãe de Rita, por ter que sustentar e educar seus três filhos sozinha, sempre
trabalhou muito e foi muito rígida na educação e nos costumes da família;
frequentava igreja evangélica e levava sempre os filhos consigo. A paciente
refere que na adolescência suas amigas saíam para vários lugares, e ela não ia,
pois sua mãe não permitia.
Rita teve seu primeiro namorado aos 21 anos, com quem ficou por um período
de dois anos. O relacionamento acabou quando ela soube que estava sendo
trocada por uma pessoa que tinha sido sua colega de escola. Ficou quatro anos
sem querer se relacionar com ninguém, visto que a decepção do primeiro
relacionamento foi muito grande.
Aos 27 anos, conheceu Daniel, seu marido, com quem se casou aos 29 anos.
Após algumas tentativas frustradas de engravidar, depois de cinco anos de
casada, realizou fertilização in vitro, que resultou em aborto. Depois dessa
experiência, Rita não tentou mais nenhum procedimento para engravidar, já
que não conseguia de forma natural. A perda do feto foi, para Rita, uma
experiência muito triste e decepcionante.
Em seguida, ela consultou um médico clínico, que lhe prescreveu fluoxetina (20
mg) e anticoncepcional devido à tensão pré-menstrual, que lhe causava muitas
dores. Depois de três meses, suspendeu o uso do psicotrópico, sem orientação
médica. Refere não fazer uso de bebida alcoólica ou substâncias psicoativas.
Refere que sempre teve boa saúde e que não entende por que está se sentindo
tão triste e sem motivação para nada. Refere que o processo terapêutico é sua
última esperança para melhorar. Manifesta, em alguns momentos, dificuldade
de lembrar de alguns fatos que lhe são questionados; nesse sentido, demonstra
capacidade diminuída para pensar e, por vezes, apresenta-se confusa.
Há três anos, iniciou um trabalho como babá, cuidando de uma recém-nascida
por quase dois anos, cujos pais costumavam transferir para ela toda a
responsabilidade dos cuidados da filha. Contudo, devido a um envolvimento
intenso de Rita com a criança, os patrões a demitiram. Há cerca de um ano,
afastou-se do trabalho e vem sentindo grande tristeza. Desde então, não teve
mais contato com a criança de quem cuidava, referindo um sentimento
semelhante à perda de um ente querido.
Rita demonstra imenso amor pela criança, como um afeto de mãe, mas refere
que nunca excedeu seus limites como funcionária, justificando seus cuidados
excessivos à criança em virtude de os pais trabalharem fora e pouco ficarem
com a filha.
Ao ser questionada em relação aos pensamentos atuais, Rita menciona: “Eu não
tenho valor, eu nem precisava estar ali”; “Nunca fiz mal a ninguém, mas depois
que saí do trabalho passei a desacreditar nas pessoas e sinto raiva delas”; “Sou
inútil”; “Eu não sirvo para nada”; “Eu não consigo ter filhos”.
Depressão
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