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Ascensão do

Pensamento
Sistêmico
Teoria sistêmica e terapia familiar
Profa. Dra. Angela Marin
Espinha dorsal do fluxo de conhecimento em ciências sociais – Web of Science
• Para falarmos em pensamento sistêmico primeiro é preciso falar em paradigmas.

Paradigmas são modelos e padrões que orientam o nosso pensamento e o de todos que
estão inseridos em uma determinada sociedade, cultura e tempo.
Ciência positivista Ciências emergentes
Busca-se uma verdade e o objetivo da ciência é buscar, Não há uma única verdade e o objetivo da ciência é construir
compreender e explicar a realidade e reconstruir o conhecimento
Busca por leis universais a partir de características Não existem leis universais que expliquem a complexidade
comuns a todos os fenômenos dos fenômenos
O observador deve se distanciar da realidade para O observador faz parte da realidade e o seu conhecimento
apreendê-la – postura neutra está vinculado a percepção que ele tem da mesma – não é
possível haver neutralidade
Os fenômenos são simples e únicos e é possível isolar as Os fenômenos são complexos e dinâmicos e as partes
partes do todo somente fazem sentido em função do todo
Para compreender os fenômenos, deve-se isolá-los e A compreensão dos fenômenos é mais completa se os
dividi-los, de modo que não interfiram nos resultados e sistemas se relacionarem entre si - sentido mais abrangente e
nas leis universais desde diferentes perspectivas
Metodologia experimental e manipulativa – ênfase Metodologia crítica e dialética – ênfase qualitativa
quantitativa
Pensamento linear Pensamento circular
• Paradigma da Circularidade: não há causa
• Paradigma da linearidade: causa Mudança
paradigmática
e efeito, nem início e fim, e sim um
e efeito. processo de influências mútuas e contínuas.
Séculos XVI e XVII Séculos XVIII e XIX Século XX
Mecanicismo Organicismo

Revolução científica: visão medieval Movimento romântico: concentra-se As propriedades essenciais de um


cede lugar ao entendimento de que o na natureza de forma orgânica – organismo pertencem ao todo de
mundo funciona como uma máquina. compreende um padrão de relações maneira que nenhuma das partes as
dentro de um todo organizado e possuem, pois elas surgem das
harmonioso.
interações entre as partes.

Influência na construção do
pensamento sistêmico
Reconhece que a simplificação obscurece as inter-
relações e, portanto, busca-se contextualizar os
fenômenos e explorar os sistemas dos sistemas,
Fenômenos são entendendo que não há uma causalidade linear e
simples e únicos sim, circular
e é possível isolar
as partes do todo

MECANICISMO ORGANICISMO
SIMPLICIDADE COMPLEXIDADE
Mundo está em processo de constante
ESTABILIDADE INSTABILIDADE transformação e é indeterminado. Por isso,
alguns fenômenos são imprevisíveis e
OBJETIVIDADE INTERSUBJETIVIDADE irreversíveis, e, portanto, incontroláveis

Busca por leis


universais a partir
de características Busca-se uma verdade
comuns a todos e o objetivo da ciência
os fenômenos é buscar, compreender
Inclusão do observador,
e explicar a realidade
autorreferência, significação da
experiência na conversação e
coconstrução
Reflexão:

• Qual dos paradigmas vem ao meu encontro, considerando a forma como penso
minha formação em psicologia?
CONCEITO BÁSICO DO PENSAMENTO
SISTÊMICO
• As propriedades de um sistema pertencem ao todo de maneira que nenhuma das
partes as possuem, pois tais propriedades se manifestam justamente da interação
entre as partes.

• Princípio hologramático: não só a parte está no todo, mas também o todo está na
parte.
• Essa constatação exige o abandono de um tipo de explicação linear por um tipo de
explicação em movimento, circular, no qual as partes interagem com o todo e o
todo com as partes para tentar compreender um fenômeno.
O QUE É UM SISTEMA?
• Sistema – do grego synhistanai – colocar junto

▪ O sistema é uma complexidade organizada - ainda que tenha uma aparência caótica, há sempre
uma organização subjacente, uma espécie de caoticidade organizada por sistemas de
autorregulação (auto-organização, autocorreção).

▪ O sistema pode ser fechado ou aberto.


▪ Sistema aberto: mantém troca constante com o meio.

▪ O sistema possui limites - existe uma seleção em relação ao que entra e sai do seu interior.

• Na perspectiva sistêmica, a família é mais que uma coleção de indivíduos, ela é uma rede de
relacionamentos.
Características comuns aos sistemas

▪ Totalidade/globalidade: a organização dos sistemas produz fenômenos que não


podem ser decompostos em partes ou eventos locais, já que estes são produto da
interação dinâmica entre seus diversos componentes.
▪ A característica da totalidade faz com que uma mudança que ocorre em um dos
elementos do sistema modifique o intercâmbio comunicacional e as relações de
todo o sistema.

▪ Não-somatividade: o sistema não é a soma das partes. Deve-se considerar o todo em


sua complexidade e organização. Assim, embora um individuo faça parte da família,
ele mantem sua individualidade.
• Homeostase: processo de autorregulação que mantém a estabilidade do sistema,
preservando seu funcionamento. Manutenção de um padrão de relacionamento
que impede a sua transformação.

• Morfogênese: processo oposto à homeostase – absorção de aspectos externos do


meio para promover a mudança.

• Circularidade: as relações entre os elementos não são lineares, mas circulares; não
há uma causa que provoque um efeito de forma unívoca.

• Equifinalidade: capacidade de os sistemas atingirem um objetivo final de maneiras


diversas.
Critérios fundamentais do
pensamento sistêmico
1) mudança das partes para o todo
• as propriedades essenciais do sistema são do todo de forma que nenhuma das partes
as possui, pois estas surgem justamente das relações de organização entre as partes
para formar o todo.

2) pensamento é contextual
• A análise das propriedades das partes não explica o todo - a ênfase está nas relações.

3) mudança da ciência objetiva para a epistêmica


• O método de investigação torna-se parte integral das teorias científicas –
compreensão do processo.
Sreá que vcoê cnoesuge etnedner o txteo que etsá esicrto axaibo?
Hjoe a alua é sbroe a muçanda de prsepeticva que a toeira sitêsmcia prôope: das praets
praa o tdoo!
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De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem
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sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa ltrea szoinha, mas a plravaa cmoo um
tdoo. Lgeal, não é msemo?
“Fazemos muitas coisas sozinhos, [...] mas somos definidos e sustentados por
uma rede de relacionamentos humanos”
(Nichols & Schwartz, 2007, p. 23)
Marco epistemológico
e teórico do
pensamento sistêmico
Para entendermos as dificuldades das famílias e tratarmos o que dificulta a
enfrentarem seus problemas, precisamos de uma forma de
compreender a sua dinâmica.

TEORIA
• A clínica de abordagem sistêmica valeu-se de teorias como:
• Cibernética (Wiener, 1961)
• Teoria geral dos sistemas (Bertalanffy, 1975/2008)
• Teorias construcionistas (construtivismo e construcionismo social)
• Teoria do apego (Bowlby, 1982)
• Pensamento Complexo (Morin, 1991)

• Foco na compreensão do indivíduo não mais no âmbito apenas de sua individualidade, mas
também das relações e dos contextos em que está inserido.
• Centra-se no contexto inter-relacional ao invés de focar-se no campo intrapsíquico
(Grandesso, 2009).
Cibernética
▪ Cibernética (do grego Κυβερνήτης = condutor, governador, piloto) - tentativa de
compreender a comunicação e o controle de máquinas, seres vivos e grupos sociais
através de analogias com máquinas cibernéticas (homeostatos, servomecanismos
etc.).

▪ Estas analogias tornam-se possíveis devido ao estudo de processos como codificação,


retroação ou retroalimentação (feedback), aprendizagem, etc.

▪ A introdução do conceito de retroação por Norbert Wiener, matemático americano,


rompe com a causalidade linear e aponta para a ideia de círculo causal onde A age
sobre B, que em retorno age sobre A.
▪ Tal mecanismo é denominado regulação e permite a autonomia de um sistema
(seja um organismo, uma máquina, um grupo social).
Feedback negativo:
• Indica que o sistema desvia-se de algo e quais as correções necessárias para trazê-lo de volta ao curso.
• Sinaliza que o sistema precisa restabelecer seu status quo.

Feedback positivo:
• É a informação que confirma e reforça a direção que o sistema toma.
• Os circuitos de feedback positivo podem levar ao descontrole, fazendo com que a máquina estrague.

Assim, a ênfase se deu no feedback negativo e na manutenção da homeostase.


▪ O conceito de circuito de feedback está no âmago da cibernética.

▪ Processo pelo qual um sistema obtém a informação necessária para manter um curso
estável.

▪ O feedback inclui informações sobre o desempenho do sistema em relação ao meio


externo e as relações entre as partes do sistema.

▪ O feedback pode ser positivo e negativo – efeito que tem sobre o desvio em relação a
um estado homeostático.
▪ Não significa que sejam benéficos ou prejudiciais.
▪ O estudo da Cibernética foi dividido em duas fases:

▪ Primeira ordem
▪ Interesse pela estabilidade, pela estrutura (homeostase ou homeostasia) e
transformação para adaptação ao meio.

▪ Divide-se em dois momentos:


▪ Primeira cibernética – feedback negativo.
▪ Os terapeutas da primeira cibernética são mais diretivos, planejando ativamente suas
estratégias e ações.
▪ Têm como objetivo definir o problema de forma clara e aplicam técnicas para a
eliminação ou redução do problema ou sintoma apresentado pela família, pois os
sintomas são considerados uma ameaça de desequilíbrio.
▪ Segunda cibernética – feedback positivo.
▪ Diferentemente da primeira cibernética, que se constituía como uma visão
homeoSTÁTICA dos processos sistêmicos, a segunda cibernética caracterizou-
se por uma visão homeoDIMÂMICA, termos cuja grafia, assim cunhada por
Sluzki (1987)*, salientam a dialética estabilidade-mudança.

▪ Segunda ordem ou Si-Cibernética


▪ Os sistemas não são afetados apenas pelo externo, mas também pelos seus
componentes internos.
▪ Observador está inserido na observação que realiza, pois aquele que descreve
suas observações, descreve a respeito de si.

* Sluzki, C. E. (1987). Cibernética y terapia familiar: Un mapa mínimo. Sistemas Familiares, 3(2), 65-69.
• Essa nova cibernética implica em uma teoria sobre o observador, fundamentada
na crença de que é impossível separar o observador do sistema observado,
portanto, questiona a possibilidade de conhecimento objetivo, de previsão e
controle.

• Antes de ser um interventor que opera sobre um sistema (casal, família,


indivíduo) para mudá-lo em uma dada direção previamente definida como ‘mais
funcional’ para o sistema, o terapeuta passa a ser visto como mais um membro
no sistema.
▪ No lugar de intervir, o terapeuta coparticipa do sistema terapêutico, atuando para
uma transformação que conta com a surpresa e o imprevisível à medida que os
sistemas produzem sua própria mudança.

▪ Para sobreviver e se adaptar ao contexto, os sistemas, inclusive as famílias,


precisam de um equilíbrio entre feedbacks positivos e negativos.

Os circuitos de feedback também passaram a ser conhecidos como


padrões de comunicação.
- A comunicação foi considerada uma das fontes de disfunção familiar.
- Escola Estratégica – influência da cibernética.
Teoria geral dos sistemas
• Bertalanffy, biólogo austríaco, preocupava-se com os sistemas biológicos e sociais,
diferentemente dos matemáticos (mecanicistas) da cibernética.

• Para ele, o modelo de retroação ou retroalimentação (feedback negativo e positivo)


podia explicar o processo das máquinas, mas era insuficiente para explicar ou descrever
sistemas biológicos.
• Nos organismos é possível, após um processo de desorganização, o aumento da ordem e
diminuição da entropia, devido a um aumento de informação.

• O organismo vivo mantém através das interações um estado de desequilíbrio constante.


• Não considerar o potencial evolutivo e de crescente organização dos organismos vivos na
cibernética inviabilizava sua aplicação ao mundo biológico ou social.
• Sistemas de retroalimentação são sistemas fechados, que não consideram a possibilidade de
transição a estados de maior complexidade.
▪ Os sistemas abertos, em oposição aos sistemas fechados, mantém-se pelo
intercâmbio contínuo de recursos com seu ambiente – reagem aos estímulos e
ativam esforços para se desenvolver.

• A terapia familiar utilizou-se de muitas questões da obra de Bertalanffy:


• Um sistema é mais do que a soma de suas partes.
• Ênfase na interação dentro de e entre sistemas versus reducionismo.
• Sistemas humanos como organismos ecológicos versus mecanicismo.
• Conceito de equifinalidade: capacidade de atingir um objetivo final de maneiras
diversas.
Críticas:

• Embora a homeostase continue sendo um dos conceitos importantes na terapia


familiar, sua limitada capacidade de explicar a criatividade humana foi assinalada.

• A teoria dos sistemas enfatizou como a vida das pessoas é influenciada por seus
intercâmbios com aqueles que os cercam, mas ao focar os padrões de interação,
deixou de assinalar como as crenças dos membros da família afetam suas ações e
como a cultura pode determinar essas crenças.
Construtivismo

• A maneira de perceber e entender a realidade é uma construção.


• Jamais conheceremos o mundo como ele; tudo o que conheceremos é a nossa
experiência subjetiva desse mundo.
• É como se cada indivíduo visse o mundo através das lentes de um óculos, lentes
estas únicas e subjetivas.

▪ O construtivismo mudou o foco para a exploração das suposições que as pessoas


tem sobre seus problemas.
▪ A terapia se torna uma questão de revisar antigos construtos e desenvolver
novos – ajudar a descobrir novas perspectivas na vida das pessoas por meio do
diálogo.
▪ Reenquadramento: reclassificar comportamentos para modificar a reação da família a
eles.

▪ Nesse modelo, o papel do terapeuta é possibilitar que as pessoas explorem novos


significados em sua vida; ele não supõe que sabe como a família deve mudar e não a
direciona.
Construcionismo social
• O construtivismo afirma que percebemos o mundo e nos relacionamos com ele
baseados em nossas interpretações.

• O construcionismo social salienta que essas interpretações são moldadas pelo


contexto social em que vivemos.
• No trabalho, na escola, em conversas com os amigos, no rádio, na televisão,
na internet, nos jornais e revistas, absorvemos atitudes e opiniões que
carregamos para dentro da nossa família.

• O limite entre estes dois pressupostos é muito pequeno, na medida em que o


individual e o social são interdependentes e um não se constitui sem o outro.
“Se é indivíduo na medida em que se é social, e o social surge na medida em que seus
componentes são indivíduos” (Grandesso, 2000, p.160)*

▪ Nessa perspectiva, a terapia se torna um processo de desconstrução.


▪ Modelo focado na solução de problemas: busca tirar o foco dos fracassos atuais e
colocar nos sucessos passados a fim de mobilizar soluções. A melhor maneira de
resolver problemas é descobrir o que as pessoas fazem quando não tem o
problema.
▪ Terapia narrativa – ajuda a reexaminar como as pessoas olham para as coisas que
lhes acontecem.

* GRANDESSO, M. A. Sobre a reconstrução do significado: Uma análise epistemológica e hermenêutica da prática clínica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
▪ Externalização: reconstrução da
definição de problema, não como
propriedade das pessoas que sofrem,
mas como opressor.

▪ Entendendo que os problemas são


histórias que as pessoas aprenderam a
contar sobre si mesmas, desconstruir
essas histórias pode ser uma maneira
efetiva de ajudá-las a aprenderem
manejar seus problemas.
Pensamento complexo
• O pensamento complexo parte dos fenômenos simultâneos, concorrentes,
antagônicos, respeita as coerências diversas que se associam em
dialógicas ou polilógicas e, por isso, enfrenta a contradição por vias
lógicas.

• Para Morin (1991)* a primeira coisa que devemos levar em conta é que
existe uma distinção entre a complexidade e as coisas complicadas.

• Pensar complexamente significa se dar conta que o mundo todo está


conectado, interligado, em relação.

* MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Lisboa, Instituto Piaget, 1991.


• Muitas vezes ficamos confusos quando queremos e nos propomos olhar e pensar
complexamente, sem isolar as partes - pensamento analítico (pensamento linear e
fracionado).

• O pensamento complexo, no entanto, nos leva a outro lugar, de pensar que o mundo
é contraditório e paradoxal.

• Pode-se ter “certezas” focais ou locais, sempre temporárias, mas nunca universais,
gerais ou atemporais
Third-order thinking – Terceira cibernética

▪ Contempla o impacto dos sistemas sociais e dinâmicas de poder, bem como o


significado do coletivo e da cultura na dinâmica familiar.

▪ Busca integrar conscientização sociocultural de forma mais eficaz na prática


da terapia familiar.

(Knudson‐Martin, McDowell, & Bermudez, 2020; McDowell, Knudson-Martin, & Bermudez, 2019).
HISTÓRIA DA TERAPIA FAMILIAR

O CONTEXTO DOS ANOS 50

Observações realizadas no contexto natural

Compreensão dos indivíduos como inseparáveis de seu contexto

Início da observação direta das famílias


Desconhecimento deste trabalho

INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA = TRATAMENTO INDIVIDUAL


MUDANÇA DE ENFOQUE
INDIVIDUAL FAMILIAR
• Resultados pouco satisfatórios com terapia individual e de orientação analítica para
alguns casos.

• Observam-se as consequências das mudanças do paciente em terapia individual dentro


de seu contexto familiar.

• Trabalho com crianças.

• Gregory Bateson: estudos sobre esquizofrenia

Teoria do Duplo Vínculo


FINAL DA DÉCADA DE 50
• Necessidade de mudar o ambiente onde vive a pessoa e não retirá-la deste ambiente para
modificá-la.
• Falta de modelos teóricos.

ANOS 60
• 1960 - consolidação de um corpo teórico e técnico que passa a introduzir-se no campo da clínica geral.
• 1961 - primeiro handbook e revista (Family Process).
BRASIL

• Final da Década de 70.


• São Paulo e Rio de Janeiro – 1ªs influências.
• RS – influência argentina.
• Matilde Neder – famílias com crianças com doenças crônicas.
• Anos 80 - Encontros sistemáticos – convidados internacionais.
Cursos de formação em terapia familiar
• ABRATEF – inicio da década de 90.
• Encontros e congressos brasileiros.
Escolas clássicas
de terapia familiar
sistêmica
BOWENIANA ESTRATÉGICA ESTRUTURAL FOCADA NA ESCOLA DE MILÃO NARRATIVA
SOLUÇÃO

FUNDADORES Murray Bowen Don Jackson Salvador Minuchin Steve de Shazer Mara Selvini Michel White
Jay Haley Insoo Kim Berg Palazzoli, David Epston
Gianfranco
Cecchin, Luigi
Boscolo, Giuliana
Prata

CONSTRUTOS Diferenciação do Homeostase Subsistemas Linguagem cria Circularidade, Teoria narrativa


TEÓRICOS self Circuitos de Fronteiras realidade conotação positiva, Construcionismo
feedback Construcionismo elaboração de social
social hipóteses

DINÂMICA Triângulos Soluções além Emanharamento Fala-problema Construção de Histórias saturadas


PROBLEMA Reatividade das usuais Desligamento explicações sobre o de problemas
emocional que se passa na
família
TÉCNICAS Genograma Reenquadra- Dramatizações Focar soluções Rituais Externalização
mento Formação de Identificar exceções Dramatização da Apoio
fronteiras conotação positiva
Abordagem experiencial
• Ala Humanista.

• Experiência do aqui e agora.

• Foco na experiência emocional e não na dinâmica da relação.

• Causa dos problemas é a supressão emocional.

• Visa ajudar as pessoas a descobrirem suas emoções para estabelecer laços


familiares mais genuínos.

• Carl Whitaker e Virginia Satir.


Terapia familiar multigeracional

• Maurizio Andolfi é conhecido por reunir diferentes referências:

• Teoria Estrutural, com sua ênfase no presente.

• Teoria dos Sistemas Familiares de Bowen, com sua ênfase no passado e


para a família de origem, definindo a família como um campo emocional
que abarca pelo menos três gerações (Andolfi, 1980; 1989a; 1989b; 1996; 1998)
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

1950 1960 1970 1980 1990


Resumindo...

• Primeiros terapeutas familiares concentraram-se em avaliar e alterar as sequencias de


interação comportamental que cercavam os problemas.

• Reconheceu-se que estas sequências de interação eram manifestações de uma estrutura


familiar subjacente e a estrutura tornou-se o alvo da mudança.

• A estrutura foi vista como produto de um processo multigeracional de longo prazo,


governado por sistemas de crenças, e os terapeutas dirigiram suas intervenções a essas
crenças.

• Os terapeutas perceberam que os sistemas de crenças não surgiam em um vácuo, por isso
o atual interesse é pelas influências sociais e culturais.
Teoria bioecológica do desenvolvimento humano
(Bronfrenbrenner, 2011)

Desenvolvimento humano: fenômeno de continuidade e de mudança das características biopsicológicas dos seres
humanos como indivíduos e grupos. Esse fenômeno se estende ao longo do ciclo de vida humano por meio das
sucessivas gerações e ao longo do tempo histórico, tanto passado quanto presente.

• Modelo submetido a um processo de desenvolvimento ao longo do ciclo e vida – MODELO PPCT

• Ênfase na experiência – como cada pessoa vive em seu ambiente.

• Necessidade de apego emocional para desenvolvimento e bem-estar – relação entre pais e filhos

• O desenvolvimento ocorre por meio de interações recíprocas que se tornam progressivamente mais complexas
– processos proximais.
Estudos em modo Estudos em modo
descoberta verificação

Acessar como os
processos proximais se Uso de modelos estatísticos
apresentam conforme Levantam multivariados que prevejam
diferentes características hipóteses a serem as interações complexas
pessoais e contextuais, ao testadas entre os elementos do
longo do tempo modelo PPCT
Modelo PPCT
“De que maneira as relações interpessoais estabelecidas por adolescentes em cumprimento de medidas
socioeducativas contribuem para a elaboração de seus projetos de vida?”

Processo Pessoa Contexto Tempo


PPCT
Processos cotidianos Grupo etário Unidade Limitação: estudo de
elegidos pelos Socioeducativa - corte transversal.
adolescentes: relações Região
interpessoais (pares,
agentes socio-
educativos e equipe
técnica)
Delineamento: estudo de múltiplos casos (Stake, 2006), conduzido por meio de grupos focais com 25
adolescentes em medida socioeducativa de internação.

No processo de composição dos grupos, levou-se em consideração o local da unidade socioeducativa e a faixa
etária dos adolescentes, de modo a configurar um estudo de delineamento fatorial 2 x 2 (grupo etário x região).

O uso de delineamentos fatoriais nesse momento da pesquisa não teve como finalidade a comparação de grupos,
como ocorre nos delineamentos fatoriais de pesquisas quantitativas. Sua função é, sobretudo, possibilitar o
acesso aos processos proximais em análise sob a influência de diferentes características pessoais e contextuais.

Coscioni, V., Nascimento, D. B. D., Rosa, E. M., & Koller, S. H. (2018). Pressupostos teórico-metodológicos da Teoria Bioecológica do Desenvolvimento
Humano: Uma pesquisa com adolescentes em medida socioeducativa. Psicologia USP, 29(3), 363-373. https://doi.org/10.1590/0103-656420170115
Referências
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Petrópolis: Vozes.
• Bronfenbrenner, U. (2011). Bioecologia do desenvolvimento humano: tornando os seres humanos mais humanos. Artmed Editora.
• Calil, V. L. L. (1987). O modelo sistêmico. In: V. L. L. Calil, Terapia familiar e de casal (pp.17-33). São Paulo: Summus Editorial.
• Gomes, L. B., Bolze, S. D. A., Bueno, R. K., & Crepaldi, M. A. (2014). As origens do pensamento sistêmico: das partes para o todo. Pensando
Famílias, 18(2), 3-16.
• Knudson‐Martin, C., McDowell, T., & Bermudez, J. M. (2020). Sociocultural attunement in systemic family therapy. The Handbook of
Systemic Family Therapy, 1, 619-637.
• McDowell, T., Knudson‐Martin, C., & Bermudez, J. M. (2019). Third‐order thinking in family therapy: Addressing social justice across family
therapy practice. Family Process, 58(1), 9-22.
• Nichols, M. P., & Schwartz, R. C. (2007). Os conceitos fundamentais da terapia familiar. In: M. P. Nichols & R. C. Schwartz, Terapia familiar:
conceitos e métodos (pp.100-125). Porto Alegre Artmed.
• Papp, P. (1992). O dilema da mudança. In P. Papp, O Processo da Mudança (pp.21-24). Porto Alegre: Artmed.
• Vasconcellos, M. J. E. de. (2002). Rastreando as origens das abordagens teóricas dos sistemas. In M. J. E. Vasconcellos, Pensamento
sistêmico: o novo paradigma da ciência (pp.185-252). Campinas, SP: Papirus.
• Watzlawick, P., Beavin, J., & Jackson, D. (1976). Alguns axiomas conjeturais de comunicação. In: P. Watzlawick, J. Beavin, & D. Jackson,
Pragmática da comunicação humana (pp. 44-65). São Paulo: Cultrix.

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