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PSICOLOGIA DAS
EMOÇÕES
INFANTIS:
GUIA COMPLETO

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SOBRE A PROFESSORA

Juliana Ribeiro é Psicóloga e ama


brincar com sua filha, por isso sua
paixão pela psicologia infantil. Nasceu
em Gurupi no Tocantins e é casada com
Moreno Reis. Se formou em Psicologia
pela Pontifícia Universidade Católica de
Goiás em 2011.

Seu sonho sempre foi ajudar


pessoas por todo o mundo a
entenderem suas dificuldades, por
isso se especializou em Avaliação
Neuropsicológica em 2016 pelo Instituto
Brasileiro de Neuropsicologia.

Após sua formação iniciou os atendimentos clínicos com adultos e crianças.


Depois de se tornar mãe, criou um amor ainda maior pelas crianças, foi nesse
momento da maternidade que percebeu que havia poucos profissionais habilitados
a trabalhar na clínica infantil, por isso decidiu dedicar toda sua trajetória profissional
ao atendimento de crianças.

Nas horas vagas gosta de estar em familia, ter experiencias gastronômicas,


passear e viajar. Além de incentivar que sua filha Luíza brinque e faça amizades
com diversas crianças.

Tem como valores o cuidado com a familia e com a fé.


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SUMÁRIO

1........................................................................................................................................................7
Introdução

2 Alicerces para uma boa educação emocional


......................................................................................................................................................10
2.1. Os adultos e suas emoções
......................................................................................................................................................11
2.2. Os estágios do desenvolvimento
......................................................................................................................................................12
2.3. Construção do relacionamento com a criança
......................................................................................................................................................14
2.4. Alicerces para uma boa educação emocional
......................................................................................................................................................15
2.5 As emoções e o contexto social
......................................................................................................................................................16

3 A importância da regulação emocional na infância


......................................................................................................................................................18
3.1. Tudo começa no adulto
......................................................................................................................................................19
3.2. Ajudando seu filho na prática
.....................................................................................................................................................20
3.3. Conhecendo as emoções
......................................................................................................................................................21
3.3.1. Trabalhando a alegria
......................................................................................................................................................23
3.3.2. Trabalhando o medo
.....................................................................................................................................................24
3.3.3 Trabalhando o nojo
......................................................................................................................................................26
3.3.4. Trabalhando a raiva
......................................................................................................................................................27
3.3.4. Trabalhando a raiva
.....................................................................................................................................................28
3.3.5 Trabalhando a tristeza
......................................................................................................................................................29
3.3.6. Trabalhando a importância da amizade
.....................................................................................................................................................30
3.3.7. Trabalhando as habilidades sociais
............................................................................................................................................................................. 31
3.3.8. Trabalhando as emoções com materiais recicláveis
............................................................................................................................................................................ 33
3.4. Ajudando os pais a compreender as emoções
............................................................................................................................................................................. 33
3.5. A importância da regulação emocional na infância
.....................................................................................................................................................38
3.4. Ajudando os pais a compreender as emoções
.....................................................................................................................................................39
3.7. Orientação para trabalhar com educadores
.....................................................................................................................................................40

4 Educação emocional
....................................................................................................................................................44
4.1. Prática
.....................................................................................................................................................45

Referências Bibliográficas
.....................................................................................................................................................47
5
6
7

PSICOTERAPIA
INFANTIL

1 Introdução

A psicologia das emoções infantis é um campo de estudo fascinante que


busca compreender a rica e complexa vida emocional das crianças. As emoções
desempenham um papel crucial no desenvolvimento infantil, influenciando seu
bem-estar, relacionamentos sociais, aprendizado e habilidades de autorregulação.
Nesse sentido, a educação emocional desempenha um papel fundamental na
formação de indivíduos saudáveis e resilientes.
Para construir alicerces sólidos para uma boa educação emocional, é essencial
compreendermos alguns aspectos-chave. Primeiramente, os adultos e suas
próprias emoções exercem uma influência profunda nas experiências emocionais
das crianças. Os adultos atuam como modelos e referências emocionais, e
suas próprias habilidades de regulação emocional têm um impacto direto no
desenvolvimento emocional das crianças. Portanto, é importante que os adultos
cultivem sua própria inteligência emocional, reconhecendo, compreendendo e
expressando suas emoções de maneira saudável e construtiva.
Além disso, entender os estágios do desenvolvimento infantil é crucial para
uma abordagem eficaz da educação emocional. As crianças passam por diferentes
fases ao longo de seu crescimento, nas quais suas capacidades emocionais e
habilidades de autorregulação se desenvolvem gradualmente. Ao adaptar nossas
abordagens às necessidades e capacidades emocionais de cada estágio, podemos
promover uma educação emocional mais adequada e efetiva.
Outro aspecto fundamental é a construção de um relacionamento sólido e
afetivo com a criança. A qualidade dos vínculos emocionais entre adultos e crianças
8
desempenha um papel crucial na educação emocional. Um ambiente seguro,
acolhedor e amoroso promove a confiança e a abertura emocional, permitindo
que as crianças expressem e compreendam suas emoções de maneira saudável.
Isso requer a prática de habilidades como escuta ativa, empatia e validação
emocional, que fortalecem a conexão emocional entre adultos e crianças.
Além disso, as emoções são fortemente influenciadas pelo contexto social no
qual as crianças estão inseridas. A família, a escola e a comunidade desempenham
um papel significativo na modelagem das emoções das crianças. Portanto, é
importante considerar o contexto social e criar um ambiente que promova a
aceitação e a compreensão emocional, incentivando a expressão saudável das
emoções e ensinando habilidades de resolução de conflitos e negociação.
Ao reconhecer a importância da regulação emocional na infância, fica evidente
que tudo começa no adulto. Os adultos desempenham um papel crucial ao servirem
como modelos de regulação emocional para as crianças. Ao desenvolver suas
próprias habilidades de autorregulação emocional, os adultos podem transmitir
essas habilidades às crianças por meio de exemplos e orientações. Isso implica em
lidar com as próprias emoções de maneira saudável, identificando e expressando-
as de forma adequada e encontrando estratégias construtivas para regular e lidar
com os desafios emocionais.
Ajudar os filhos na prática da regulação emocional envolve fornecer apoio
emocional, ensinar estratégias de autorregulação e fornecer um ambiente seguro
para que as crianças expressem suas emoções. Isso pode ser feito por meio de
práticas como a escuta ativa, o estabelecimento de limites claros e o incentivo
ao diálogo aberto sobre as emoções. A regulação emocional não é um processo
fácil, mas com paciência, compreensão e apoio, podemos ajudar as crianças a
desenvolver habilidades de regulação emocional saudáveis e eficazes.
Conhecer as emoções é um aspecto essencial da regulação emocional. As
crianças devem aprender a identificar e rotular suas emoções, compreender
a origem e a função delas, e desenvolver um vocabulário emocional rico para
expressar suas necessidades e sentimentos. Isso envolve explorar e discutir
diferentes emoções, suas características e os sinais físicos e comportamentais
associados a elas. Ao desenvolver essa inteligência emocional, as crianças se
tornam mais aptas a lidar com suas emoções e a comunicar suas necessidades
de maneira eficaz.
A importância da regulação emocional na infância é amplamente reconhecida
pelos profissionais da área de desenvolvimento infantil. A regulação emocional
9
está relacionada a uma série de benefícios, como a melhoria da saúde mental, o
desenvolvimento de habilidades sociais e o aumento da resiliência. Além disso, a
capacidade de regular emoções negativas está diretamente relacionada ao bem-
estar geral e à qualidade de vida das crianças. Portanto, investir na educação
emocional e na regulação emocional desde a infância é essencial para promover
um desenvolvimento saudável e equilibrado.
Desenvolver a regulação emocional requer prática, persistência e apoio
contínuo. É um processo gradual no qual as crianças aprendem a identificar,
compreender e expressar suas emoções de maneira adaptativa. Isso pode envolver
estratégias como o desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas,
o uso de técnicas de relaxamento e o cultivo de pensamentos positivos. Ao longo
do tempo, as crianças se tornam mais hábeis na regulação emocional, o que lhes
permite enfrentar os desafios da vida com maior equilíbrio emocional.
Em resumo, a educação emocional desempenha um papel fundamental no
desenvolvimento das crianças, fornecendo alicerces sólidos para a construção de
uma relação saudável com suas emoções. Ao compreender os adultos e suas
próprias emoções, os estágios do desenvolvimento infantil, a construção do
relacionamento com a criança, os alicerces para uma boa educação emocional
e o contexto social das emoções, podemos promover uma educação emocional
eficaz. Além disso, reconhecendo a importância da regulação emocional na infância
e explorando estratégias para desenvolver essa habilidade, podemos contribuir
para o crescimento saudável e o bem-estar emocional das crianças. A educação
emocional é uma jornada contínua e valiosa, que oferece benefícios significativos
para as crianças e para toda a sociedade.
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2 Alicerces para uma boa educação


emocional
Uma boa educação emocional é essencial para o desenvolvimento saudável e
equilibrado das crianças. É por meio dela que as crianças aprendem a reconhecer,
compreender e lidar com suas emoções de maneira saudável e construtiva. Para
construir alicerces sólidos nesse processo, é importante considerar alguns aspectos
fundamentais.
Primeiramente, os adultos desempenham um papel central na educação
emocional das crianças. Eles atuam como modelos e referências emocionais,
exercendo influência direta no desenvolvimento emocional das crianças. Portanto,
é crucial que os adultos cultivem sua própria inteligência emocional. Isso implica
em reconhecer, compreender e expressar suas emoções de maneira saudável e
construtiva. Ao agir como modelos emocionais positivos, os adultos estabelecem
um ambiente seguro e encorajador para as crianças explorarem e expressarem
suas próprias emoções.
Além disso, é importante considerar os estágios do desenvolvimento emocional
das crianças. À medida que as crianças crescem, suas habilidades emocionais
se desenvolvem gradualmente. Compreender esses estágios é crucial para uma
abordagem eficaz da educação emocional. Por exemplo, nos estágios iniciais, as
crianças podem ter dificuldade em identificar e expressar suas emoções, enquanto
nos estágios posteriores, elas aprendem a regular e gerenciar suas emoções
de maneira mais eficaz. Adaptar as estratégias educacionais às necessidades
e capacidades emocionais de cada estágio ajuda as crianças a desenvolverem
habilidades emocionais apropriadas para sua idade.
Além do papel dos adultos e dos estágios do desenvolvimento, a construção
de um relacionamento afetivo e seguro com a criança é um alicerce crucial para
uma boa educação emocional. A qualidade dos vínculos emocionais entre adultos
e crianças desempenha um papel significativo no desenvolvimento emocional
das crianças. Os adultos devem se esforçar para construir um relacionamento
sólido baseado na empatia, na comunicação aberta e na escuta ativa. Ao criar um
ambiente seguro e acolhedor, os adultos encorajam as crianças a expressarem
suas emoções de maneira saudável, promovendo a confiança e a abertura
emocional.
Ademais, é fundamental considerar o contexto social e emocional em que as
crianças estão inseridas. A família, a escola e a comunidade desempenham um
11
papel importante na modelagem das emoções das crianças. Portanto, é essencial
criar um ambiente que promova a aceitação e a compreensão emocional. Isso
envolve incentivar a expressão saudável das emoções e ensinar habilidades de
resolução de conflitos e negociação. O contexto social oferece oportunidades para
que as crianças pratiquem suas habilidades emocionais em interações sociais,
aprendendo a lidar com diferentes emoções e situações.
Ao estabelecer esses alicerces sólidos, os adultos podem contribuir de maneira
significativa para uma boa educação emocional das crianças. Ao cultivar sua própria
inteligência emocional, compreender os estágios do desenvolvimento emocional,
construir relacionamentos saudáveis com as crianças e criar um ambiente social e
emocionalmente positivo, os adultos promovem o desenvolvimento de habilidades
emocionais importantes nas crianças. Isso as capacita a reconhecer, compreender
e lidar com suas emoções de maneira saudável e construtiva, preparando-as para
enfrentar os desafios emocionais da vida com equilíbrio e resiliência. A educação
emocional é um investimento valioso no bem-estar e no sucesso futuro das
crianças.

2.1. Os adultos e suas emoções

Compreender a linguagem das emoções é uma tarefa desafiadora e complexa.


É importante iniciar por entender a diferença fundamental entre emoções e
sentimentos. As emoções são estados afetivos inatos e automáticos que afetam
nosso corpo, mente e comportamento, com o objetivo de nos auxiliar a lidar com
o que acontece ao nosso redor. São reações expressas pelo corpo, tais como
raiva, medo, surpresa e alegria. Por outro lado, os sentimentos são a tomada de
consciência dessas emoções. Eles permitem expressar nosso estado emocional de
forma mais racional, tanto para nós mesmos quanto para os outros. Compreender
essa distinção é fundamental para aprofundarmos na educação emocional das
crianças.
Estabelecer uma base sólida de autonomia emocional na criança implica em
ouvir suas próprias emoções, saber como contê-las e organizá-las. Essa abordagem
facilita a lida com as emoções desreguladas nas crianças. No presente curso, o
foco será direcionado aos pais, abordando a vivência das emoções. O objetivo é
ajudá-los a desenvolver um bom nível de consciência, tornando-se modelos no
mundo das emoções.
Desde já, é importante ressaltar a relevância de compreender suas próprias
12
emoções para auxiliar seu filho. Ao final do curso, serão apresentadas algumas
atividades práticas que poderão ser realizadas no dia a dia, a fim de vivenciar as
emoções por meio de brincadeiras com a criança. Tais atividades englobarão os
sentidos das crianças, como o tato, o olfato, a audição e as expressões faciais.
As mãos desempenham um papel primordial na exploração do mundo e de si
mesmas. As atividades propostas auxiliarão a criança a entender as características
de suas próprias expressões emocionais, bem como a gerenciar as experiências
emocionais mais perturbadoras. Ao brincar e manipular, essas sensações estranhas
espalhadas pelo corpo ganharão forma e significado, proporcionando às crianças
um conhecimento prático e divertido do mundo das emoções.
Ensinar a linguagem das emoções às crianças contribuirá para o
desenvolvimento de adultos seguros, respeitosos e tolerantes. De acordo com Maria
Montessori, a educação emocional está intrinsecamente ligada à socialização,
sendo nas relações interpessoais que as emoções são expressas.
Contudo, como os adultos podem realizar esse processo sem se sentir
sobrecarregados por suas próprias oscilações emocionais? Durante o curso, serão
exploradas estratégias e ferramentas que permitirão aos pais lidar com suas
próprias emoções de maneira saudável e construtiva. Serão aprendidas habilidades
para reconhecer, compreender e regular as emoções, a fim de se tornarem modelos
positivos para seus filhos. Ao desenvolver a inteligência emocional, os pais estarão
preparados para apoiar o crescimento emocional saudável de seus filhos.
A jornada em direção à educação emocional é desafiadora, mas traz consigo
recompensas significativas. Ao embarcar nessa jornada, os pais fortalecerão o
vínculo emocional com seus filhos, fornecendo-lhes as ferramentas necessárias
para lidar com as emoções ao longo de suas vidas. Este curso representa uma
oportunidade de aprimorar habilidades emocionais e criar um ambiente familiar
que promova o bem-estar emocional e o florescimento de todos os membros da
família.

2.2. Os estágios do desenvolvimento

A compreensão dos estágios de desenvolvimento ao longo dos primeiros 24


anos de vida é fundamental para ajudar e educar as crianças. É importante que
os pais entendam quais características são desenvolvidas em cada estágio, a fim
de compreender o que é natural para a idade e o que não é.
Para compreendermos as emoções, é necessário conhecermos nosso filho
13
em sua totalidade. Isso inclui identificar o que o deixa irritado, o que o faz chorar
e o que o deixa feliz. À medida que a idade avança, as prioridades, desejos e
interesses da criança mudam.
Os estágios de desenvolvimento abrangem características físicas, emocionais
e intelectuais que se desenvolvem desde o nascimento até a maturidade. Neste
curso, abordaremos os quatro estágios principais para fornecer uma compreensão
mais profunda de seu filho.
O primeiro estágio, de 0 a 6 anos, é conhecido como «a mente absorvente».
Durante esse período, a personalidade individual da criança é formada e sua mente
funciona como uma esponja, absorvendo tudo ao seu redor. As necessidades
essenciais nessa idade estão concentradas no desenvolvimento da autonomia.
As crianças desejam fazer as coisas sozinhas e buscam autonomia física. O papel
dos adultos é ajudá-las a alcançar essa autonomia, facilitando atividades da vida
prática e ensinando-as a cuidar de si e de seu ambiente.
No segundo estágio, dos 6 aos 12 anos, ocorre a construção da inteligência. A
criança está pronta para vivenciar um contexto de aprendizado mais estruturado,
como o ambiente escolar, e desenvolve conexões lógicas. Nessa fase, a criança
pensa de forma mais abstrata e sente-se atraída pelo mundo da imaginação,
criando histórias e liberando suas fantasias. Elas também começam a formular
regras sobre como o mundo funciona. Nesse estágio, é importante que os
adultos estimulem a criança com experiências no mundo científico e natural,
proporcionando conhecimentos e informações que despertem seu interesse.
O terceiro estágio, dos 12 aos 18 anos, é chamado de «a construção do eu social»
e corresponde à adolescência. É um período em que os jovens buscam sua própria
identidade, tanto intelectual quanto emocionalmente. Eles desejam se sentir parte
de um grupo fora da família e sua consciência moral amadurece, dando mais
importância a valores sociais e éticos. Durante essa fase, os adolescentes tendem
a passar mais tempo com os amigos do que com a família e podem enfrentar
desafios na relação com os irmãos. No final da adolescência, essas relações
podem ser retomadas.
O quarto estágio, dos 18 aos 24 anos, é conhecido como «a construção do
eu consciente». Nesse estágio, o jovem adulto amadurece sua consciência, sua
visão de mundo e de si mesmo. Estabelece seus objetivos e busca independência
financeira. Além de conhecer todos esses detalhes da vida de seu filho, é essencial
a sintonização emocional por parte dos pais. Isso inclui oferecer um espaço mental
de aceitação, estar atento para escutar, ter paciência, suspender o julgamento e
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respeitar as expressões comportamentais do filho.
Portanto, ao compreender os estágios de desenvolvimento de 0 a 24 anos, os
pais podem melhor entender e apoiar seus filhos em seu crescimento emocional e
cognitivo, criando um ambiente propício para uma educação emocional saudável
e promovendo o desenvolvimento integral da criança ao longo de sua jornada até
a vida adulta.

2.3. Construção do relacionamento com a criança

Os pais precisam compreender que a criança é uma pessoa própria, e não


uma extensão ou projeção de uma parte de si mesmos. Ao oferecer espaço para a
criança e dar voz a ela, os pais inevitavelmente abrem espaço para suas emoções
e formas de expressá-las. É importante que os pais não interrompam a criança e
tentem substituí-la em atividades que ela pode fazer sozinha, mesmo que cometa
erros. Ao agirem dessa forma, os pais estão trabalhando a tolerância.
Quando os pais exercem a tolerância, conseguem aceitar as emoções
perturbadoras, barulhentas e tumultuadas da criança, o que permite que essas
emoções se manifestem de forma mais suave. É perceptível que quando os pais
ficam irritados, bravos ou disputando com os filhos, as emoções se extravasam.
Cada vez que a criança usa o corpo para dar forma aos seus pensamentos e explora
o mundo através das mãos, ela está expressando suas emoções, canalizando sua
atividade criativa, liberando suas emoções por meio do movimento e usando a
concentração mental para controlá-las.
Observe como a criança fica nervosa quando é interrompida, proibida de
tocar em tudo ou impedida de explorar o ambiente. É importante permitir que a
criança tenha contato com crianças de outras idades, para que aprendam umas
com as outras e respeitem as necessidades de cada uma. Essa interação ajuda a
desenvolver a empatia na criança, ou seja, a habilidade de se colocar no lugar do
outro, adotar o ponto de vista do outro e se importar com os sentimentos do outro,
oferecendo ajuda quando necessário.
Se ensina sobre emoções também promovendo a interação e a autonomia.
Ensinar emoções não se resume a técnicas. Para encerrar esta segunda aula,
talvez uma das mensagens mais importantes deste curso: a criança, seu filho ou
filha, é capaz de dar o mais puro, absoluto e sincero amor às pessoas que lhe
servem de exemplo, fazendo-as se sentir únicas e insubstituíveis. A criança é pura
e desprovida de más intenções.
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Amar e ser amado são fundamentos para construir relacionamentos com os
filhos, fundamentais para a felicidade, autoestima e autoconfiança. Considere o
amor como base para construir o relacionamento com seu filho ou filha, e cultive
essa conexão amorosa como um pilar essencial no desenvolvimento emocional
da criança.

2.4. Alicerces para uma boa educação emocional

A importância de falar sobre emoções com as crianças reside no fato de que elas
precisam compreender o que é emoção. Uma criança que é capaz de reconhecer,
sentir, escutar, nominar e expressar suas emoções, bem como reconhecê-las nos
outros, terá a capacidade de desenvolver relacionamentos saudáveis e interagir
em qualquer contexto, à medida que cresce e se torna um adulto.
Ensinar emoções para os filhos significa proporcionar-lhes as ferramentas
necessárias para lidar com suas próprias emoções. As crianças vivenciam
as emoções como sensações corporais intensas, repentinas e muitas vezes
incontroláveis. Frequentemente, essas reações fortes podem assustá-las, deixando-
as sem saber como lidar com as mãos trêmulas, os pés pisando forte, o peito
apertado, a barriga formigando ou a cabeça pesada.
Ao ensinar sobre emoções, a criança aprenderá a reconhecer os sinais físicos
e comportamentais associados a diferentes emoções, como um rosto fechado,
sobrancelhas franzidas, ombros arqueados, lágrimas ou punhos cerrados, que
podem indicar tristeza, raiva ou vergonha. É essencial que ela saiba reconhecer
seu próprio estado emocional e o dos outros ao seu redor.
Os prejuízos de não saber reconhecer as emoções são significativos. A criança
fica perdida em suas reações, incapaz de controlar a tempestade emocional que a
consome, o que a torna insegura e ansiosa. A falta de habilidade para reconhecer e
lidar com as emoções pode resultar em dificuldades para desenvolver autodisciplina
e empatia, fundamentais para tratar os outros com respeito.
A melhor maneira de aprender sobre emoções é vivenciá-las, observá-las e
torná-las parte integrante do nosso mundo. É importante não reprimir as emoções
de uma criança, como dizer para ela engolir o choro ou parar de chorar por
«bobeira», pois isso pode invalidar suas experiências emocionais. Em vez disso, os
cuidadores devem aceitar a existência das emoções e compreender como elas
se formam, quais são as características emocionais específicas de cada criança,
como são denominadas e como se expressam.
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Brincar com as emoções é uma maneira útil de conhecer e reconhecer as
emoções posteriormente, dentro do contexto de relacionamentos. Os pais devem
ensinar seus filhos a expressar como se sentem, lembrando que a comunicação da
criança pode ocorrer de várias formas, como brincadeiras, desenhos ou cantando.
É importante não julgar as emoções que a criança expressa, mesmo que pareçam
direcionadas aos pais, como raiva ou birra, pois isso pode inibir sua capacidade de
se expressar livremente.
Os pais devem mostrar aos filhos estratégias diferentes para expressar suas
emoções, permitindo que eles encontrem maneiras saudáveis e adequadas de
lidar com seus sentimentos. Esses são os principais alicerces para a educação
emocional de uma criança, que irão ajudá-la a desenvolver habilidades emocionais
importantes ao longo de sua vida.

2.5 As emoções e o contexto social

Vamos aprender a importância das interações sociais das crianças e suas


emoções. O desenvolvimento social das crianças e a conscientização social
estão intrinsecamente ligados e são mutuamente integrados. A criança aprende
a reconhecer suas emoções e a usá-las dentro do contexto social em que se
encontra. Por exemplo, quando uma criança vivencia um momento de raiva
intensa, ela percebe que o ambiente ao seu redor não corresponde às suas
expectativas. Ela sente que não pode ter o que deseja e, consequentemente, se
sente incompreendida, irritada e pode até chorar. Nesse momento, a criança ainda
não desenvolveu a capacidade de aguardar uma solução.
A forma como essa raiva e irritação são tratadas pode influenciar sua
expressão emocional. A resposta que a criança recebe do adulto, seja um grito,
uma expressão facial fechada, virar as costas ou uma bronca, pode alterar a forma
como ela vivencia e expressa suas emoções.
Os adultos são modelos e guias para as crianças aprenderem a expressar
e lidar com suas emoções. Se você, como mãe ou pai, responder de maneira
mais ríspida, a criança também reagirá de acordo. Por outro lado, se você for
mais compreensivo, a criança responderá de forma diferente diante da sua
compreensão.
O cérebro é um órgão social, desenvolvido para interagir com os outros. Seu
filho reage de acordo com o ambiente em que está inserido e com a forma como
está sendo cuidado. O desenvolvimento emocional da criança é profundamente
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influenciado pelo contexto em que sua mente cresce. O ambiente em que seu filho
se encontra determinará o que ele aprenderá sobre emoções.
A maneira como o ambiente responde à expressão das emoções da criança
terá um impacto significativo em como essas emoções serão vivenciadas no futuro.
Portanto, cuide do ambiente em que seu filho está inserido. Sua participação neste
curso para aprender a lidar com as emoções do seu filho é fundamental para
ajudá-lo a se tornar um adulto emocionalmente saudável.
18

3 A importância da regulação emo-


cional na infância
A regulação emocional desempenha um papel fundamental no
desenvolvimento saudável da criança, afetando sua capacidade de lidar com as
emoções de maneira adequada e adaptativa. Durante os primeiros anos de vida,
as crianças estão aprendendo a identificar, compreender e regular suas emoções,
o que impactará profundamente sua vida emocional, social e cognitiva no futuro.
A regulação emocional refere-se à habilidade de gerenciar e modular as emoções,
permitindo que as crianças se adaptem às demandas do ambiente, estabeleçam
relacionamentos saudáveis e alcancem um bom funcionamento psicossocial. É um
processo complexo que envolve a consciência emocional, a expressão emocional
adequada e estratégias eficazes para lidar com as emoções intensas.
Quando as crianças têm dificuldades em regular suas emoções, podem
enfrentar uma série de desafios. Elas podem ter dificuldade em lidar com situações
estressantes, apresentar comportamentos impulsivos, ter dificuldades de atenção
e concentração, e enfrentar problemas de relacionamento com seus pares. Além
disso, a regulação emocional deficiente na infância tem sido associada a problemas
de saúde mental, como ansiedade, depressão e comportamentos agressivos.
Por outro lado, quando as crianças desenvolvem habilidades de regulação
emocional saudáveis, estão melhor equipadas para lidar com os altos e baixos da
vida. Aprendem a reconhecer suas emoções, expressá-las de forma apropriada e
utilizar estratégias eficazes para acalmar-se e lidar com situações difíceis. Essas
habilidades não apenas promovem um bem-estar emocional, mas também
facilitam o estabelecimento de relacionamentos saudáveis, o desenvolvimento de
habilidades sociais e o sucesso acadêmico.
Neste contexto, é essencial que pais, cuidadores e educadores compreendam a
importância da regulação emocional na infância e estejam envolvidos ativamente
no apoio ao desenvolvimento dessas habilidades nas crianças. Ao fornecer um
ambiente seguro, acolhedor e empático, oferecendo orientação emocional e
ensinando estratégias de regulação, os adultos podem desempenhar um papel
fundamental no desenvolvimento da inteligência emocional e na promoção do
bem-estar emocional das crianças.
Portanto, explorar e fortalecer a regulação emocional na infância é essencial
para o desenvolvimento saudável da criança, proporcionando as bases para uma
vida emocional equilibrada e bem-sucedida. Ao investir nesse aspecto crucial
19
do desenvolvimento infantil, estamos preparando as crianças para enfrentarem
os desafios emocionais da vida, cultivando sua resiliência e capacidade de se
relacionarem de maneira saudável com o mundo ao seu redor.

3.1. Tudo começa no adulto

É importante que o adulto aceite a criança como ela é, sem preconceitos e


sem julgar seus pensamentos, sentimentos ou ações. Dentro dessa aceitação,
encontramos a possibilidade de estabelecer limites que são essenciais para
orientar o comportamento da criança.
Quando há um vínculo afetivo forte entre o adulto e a criança, é muito
mais fácil alcançar sucesso nas exigências e proibições. No entanto, pais que
foram julgados ou repreendidos durante sua própria infância podem enfrentar
dificuldades em se abster de julgar o comportamento de seus filhos. Muitas vezes,
esses pais veem aspectos de sua própria história pessoal refletidos em atitudes
desordeiras, impulsivas, exageradas e fora de controle por parte dos filhos. Por
exemplo, um episódio de raiva do seu filho pode te tirar dos trilhos e fazer você
lembrar de sua própria infância, levando a sentimentos de irritação. Esse episódio
pode fazer com que você se lembre de gritos e palavras de desprezo direcionadas
a você, revivendo todas as emoções que experimentou na época.
Ao mesmo tempo, situações de boas emoções também podem estar
conectadas com o que você viveu na infância. Isso pode curar ou tratar alguma dor
que você ainda possa carregar daquela época. Seu olhar atento se transformará
no olhar atento de sua mãe, de seu pai, quando eles te tratavam dessa forma.
A partir dessa descoberta de que as emoções de seu filho acessam suas
próprias emoções passadas, aprendemos que não pode haver emoção sem um
relacionamento no qual possamos expressá-las. Portanto, você precisa reconhecer
o que acontece dentro de você e entender os movimentos emocionais de sua
criança.
É preciso estar ciente dos efeitos que as emoções da criança têm sobre os
pais, já que o instinto natural será se defender do seu filho. É quando começam
as brigas entre responsáveis e crianças e a falta de aceitação das emoções e
comportamentos do seu filho, transformando-se em um ciclo em que o adulto
parece uma criança.
Quando o filho traz uma emoção para o pai, ele está pedindo sua ajuda.
Ele está pedindo para ajudá-lo a compreender o que está acontecendo consigo
20
mesmo, o que ele está sentindo e como ele pode sair dessa situação. Ele está
pedindo para ajudá-lo a se controlar.

3.2. Ajudando seu filho na prática

Após analisar os fundamentos e a importância da educação emocional, é


fundamental compreender de forma prática como podemos compreender as
emoções das crianças. Para estabelecer uma sintonia efetiva com a criança,
é necessário buscar a aproximação da emoção que ela está vivenciando no
momento.
Imagine um momento de grande tempestade emocional, no qual já se
encontra uma sensação de irritação, enquanto o comportamento da criança
evoca situações da própria infância, gerando incômodo e levando-a a perder o
controle do que foi acordado. Nesse contexto, a primeira ação recomendada é
a prática de uma respiração consciente. Reserve alguns instantes para respirar,
expandindo os pulmões, relaxando o tórax e os ombros, concentrando-se no fluxo
de ar que entra e sai.
Ao adotar essa prática de respiração consciente, evitamos que influências de
nossos próprios pais ou professores, que talvez não tenham sido compreensivos
conosco, acabem respondendo por nós diante de nossos filhos. Dessa maneira,
somos capazes de evitar o uso de palavras ou atitudes ineficientes e inadequadas
que tenham sido direcionadas a nós anteriormente.
Além disso, é importante compreender que nem tudo precisa ser resolvido
imediatamente. Reconhecer que é possível tratar do assunto em outro momento é
essencial. Faça uma pausa, reflita e tome uma decisão ponderada.
Após essa pausa, quando as emoções estiverem mais serenas, é apropriado
fazer algumas perguntas reflexivas: O que a criança está sentindo exatamente
neste momento? O que leva a expressar-se por meio de gritos, lágrimas ou silêncio?
Qual mensagem ela pretende transmitir com esse comportamento? Quais podem
ser as possíveis causas desse quadro emocional?
Demonstrar um genuíno interesse pelo que a criança está sentindo é crucial.
Essa demonstração de interesse por parte dos adultos proporcionará à criança
uma sensação de aceitação, o que, por sua vez, auxiliará no reequilíbrio de suas
emoções. É importante lembrar que, de acordo com os estudos em neurociência,
fornecer uma resposta lógica a uma demanda emocional nem sempre satisfaz
completamente a necessidade emocional da criança. Antes de se engajar em um
21
diálogo lógico e racional, é imprescindível compreender a emoção vivenciada pela
criança.
Vivenciar a emoção junto com a criança permite que ela explore seus
sentimentos sem medo. Enfrentar a emoção por conta própria pode ser intimidante
e incontrolável, levando a criança a desenvolver estratégias disfuncionais para
lidar com essa situação. Portanto, não há alternativa a não ser permitir que a
criança vivencie suas emoções, enquanto os adultos manifestam um interesse
genuíno e se colocam disponíveis para auxiliá-la nesse processo emocional.

3.3. Conhecendo as emoções

As emoções desempenham um papel fundamental em nossas vidas, sendo


respostas da mente a estímulos internos ou externos que temporariamente
afetam nosso equilíbrio psicofísico. A forma como expressamos nossas emoções
está intimamente ligada a reações corporais específicas e reconhecíveis, como
mudanças na postura, olhar, rosto, tom da voz, batimentos cardíacos, respiração,
transpiração e cor da pele.
É importante destacar que todas as emoções são igualmente importantes
e desempenham papéis específicos em nossas vidas, portanto, não devem ser
inibidas ou reprimidas. Reconhecer e compreender nossas emoções é essencial
para o nosso bem-estar emocional.
Existem emoções primárias que são consideradas as emoções básicas, cada
uma com um significado e propósito específico. Alguns exemplos dessas emoções
são a raiva, que está relacionada a necessidades ou desejos insatisfeitos e pode
levar a comportamentos agressivos; a tristeza, que está ligada à sensação de
abandono ou perda de algo significativo; a felicidade, que está conectada à
satisfação de um desejo ou necessidade; o medo, que reflete a necessidade de
proteção contra uma ameaça; a surpresa, que é uma resposta a eventos repentinos
e imprevistos; e o nojo, uma emoção importante que nos protege de situações
potencialmente prejudiciais à nossa saúde.
Além das emoções primárias, também existem as emoções secundárias,
que são emoções mais complexas que surgem a partir de uma combinação
ou elaboração das emoções primárias. Exemplos de emoções secundárias
incluem ansiedade, vergonha, terror e angústia. Essas emoções requerem
um desenvolvimento cognitivo mais avançado e estão mais relacionadas a
pensamentos e interpretações.
22
É importante destacar que o desenvolvimento das habilidades emocionais
ocorre ao longo da vida, mas o período mais propício para esse desenvolvimento
é durante a infância, especialmente antes dos 6 a 7 anos de idade. Durante essa
fase, as crianças estão em um estágio crucial de desenvolvimento emocional e
têm uma capacidade única de aprender e assimilar as habilidades emocionais.
Ao longo das diferentes fases da infância, as crianças vão adquirindo e
aprimorando suas habilidades emocionais. Nos primeiros meses de vida, os
recém-nascidos expressam emoções negativas e positivas como uma forma de
comunicação de suas necessidades básicas. Conforme crescem, começam a
voltar sua atenção para pessoas e objetos, manifestando emoções a partir de
eventos surpreendentes ou reações a obstáculos.
À medida que as crianças se aproximam dos 9 meses, desenvolvem uma
melhor percepção de si mesmas e do ambiente ao seu redor. Nessa fase, é comum
a manifestação de emoções como timidez, vergonha e medo, que desempenham
um papel importante em seu desenvolvimento emocional.
A partir dos 2 anos, as crianças aprendem a expressar suas emoções de
acordo com as regras sociais estabelecidas em seu ambiente. Elas começam a
compreender as convenções sociais relacionadas às emoções e são capazes de
exagerar, minimizar ou simular estados emocionais.
É importante destacar que o período ideal para o desenvolvimento das
habilidades emocionais é antes dos 6 a 7 anos de idade. Durante os primeiros
meses de vida, os recém-nascidos expressam emoções negativas e positivas como
forma de comunicar suas necessidades, não necessariamente para estabelecer
contato com adultos.
Na segunda fase, a partir dos 3 meses, a sensibilidade emocional da criança
evolui para manifestações perceptivo-afetivas mais evidentes. O bebê começa a
voltar sua atenção para pessoas e objetos, e as emoções surgem em resposta a
eventos surpresa ou reações a obstáculos, como raiva e medo.

A partir dos 9 meses, com o desenvolvimento adicional dos processos cognitivo-


afetivos, a criança adquire um melhor senso de si e do ambiente ao seu redor. Ela
manifesta timidez, vergonha e medo, que auxiliam em seu desenvolvimento.
A partir dos 2 anos, as crianças aprendem a demonstrar o que sentem de
acordo com as regras sociais. Elas são capazes de exagerar, minimizar e simular
estados emocionais.
Por fim, no período pré-escolar, as crianças entram em contato com as
23
regras, limites e proibições, um processo que ocorre ao longo de toda a infância
e adolescência. É nesse período que elas começam a compreender melhor as
regras sociais e a lidar com elas. Portanto, compreender e desenvolver habilidades
emocionais desde a infância é fundamental para o bem-estar emocional e social
das crianças. Esse processo de desenvolvimento emocional continua ao longo
da infância e adolescência, sendo uma jornada de aprendizado e crescimento
emocional constante.

3.3.1. Trabalhando a alegria

As atividades que vamos explorar nas próximas aulas são especialmente


desenvolvidas para serem realizadas em grupos, mas você também pode
adaptá-las e aplicá-las individualmente em seus pacientes dentro do consultório.
Recomendo que você crie grupos de crianças e trabalhe nas escolas ou em
comunidades, dessa forma seu trabalho alcançará um número maior de crianças
e famílias.
Vamos começar abordando a emoção da alegria. Sempre inicie o grupo com
um acolhimento para que as crianças se sintam à vontade e peça para que elas
se apresentem. É importante destacar que embora todos nós gostaríamos que
todos os dias fossem de alegria, os outros sentimentos, como a tristeza e a raiva,
também são importantes e devem ser reconhecidos.
A alegria é um sentimento que pode ser facilmente acessado, traz prazer, cria
conexões entre as pessoas e é contagiante. Ela nos proporciona momentos de
bem-estar e pode ser encontrada nas pequenas coisas do dia a dia. No entanto,
é importante estar atento ao fato de que sentir alegria o tempo todo pode indicar
que algo não vai realmente bem. Devemos ter cautela com o excesso de qualquer
emoção.
Para ajudar as crianças a identificar suas emoções, você pode distribuir emojis
em palitos de churrasquinho e pedir que elas escolham o que estão sentindo no
momento. Observe quais crianças conseguem nomear as emoções, incluindo as
principais como raiva, nojo, alegria e surpresa. Geralmente, nesse momento, as
crianças escolhem emoções positivas.
Em seguida, reúna as crianças em círculo e peça que escrevam em pedaços
de papel algo engraçado que gostariam de fazer, a fim de criar um ambiente
descontraído. Surpreendentemente, você irá misturar os papéis e sortear para que
todos participem. A alegria será contagiante nesse momento, com as crianças
24
vivenciando um estado puro de contentamento e felicidade.
Convide as crianças a compartilharem como se sentiram ao ver outra pessoa
realizando algo proposto por elas. Elas provavelmente ficarão animadas ao
relatar que acharam engraçado e se sentiram bem quando suas ideias foram
colocadas em prática durante o sorteio. Nesse momento, reforce a importância
de dosar a alegria e ressalte como essa atividade foi saudável, sem constranger
ninguém. Explique que se algo surgisse e deixasse qualquer pessoa desconfortável,
a atividade seria descartada, destacando a importância do respeito e empatia.
Outra atividade que pode ser feita individualmente, no consultório, é criar
um «pote da felicidade». Dê a cada criança um bloco de notas e uma caixinha
para serem transformados em um pote. Oriente-as a escrever algo que as deixou
felizes durante o dia e a guardar esses papéis no pote, até que transborde de
alegria. Quando o pote estiver completamente cheio, peça para que leiam seus
papéis para relembrar os momentos que as deixaram felizes, mesmo que sejam
pequenas coisas.
Essas atividades visam ajudar as crianças a desenvolverem o reconhecimento
e a valorização das emoções, especialmente a alegria, e a promover o
compartilhamento de experiências positivas. Lembre-se de adaptar as atividades
de acordo com a faixa etária e as necessidades individuais das crianças, criando
um ambiente seguro e acolhedor para explorar as emoções.

3.3.2. Trabalhando o medo

Em alguns momentos, podemos sentir-nos ameaçados por algo que não


oferece um perigo real. Nesses casos, sabotamos nossa capacidade de raciocínio
lógico diante do perigo e ficamos à mercê das emoções, reagindo de forma
impulsiva. Essas reações de medo se manifestam em nosso corpo por meio de
expressões faciais como estar assustado ou nervoso. Além disso, os movimentos
dos músculos aumentam, o ritmo cardíaco acelera, ocorre elevação da pressão
sanguínea e aumentamos o ritmo da respiração.
No caso das crianças, elas lidam com o medo de várias maneiras, como
o medo do escuro, do bicho papão, de monstros, zumbis, fantasmas, bruxas,
palhaços, animais, chuva, trovões, injeção e, em alguns casos, o medo de perder ou
se separar dos pais. Realizar atividades relacionadas a essa emoção pode ajudar
as crianças a entender o que acontece quando sentem medo, como reagir a ele,
compreender a importância de expressar e sentir suas emoções e desenvolver
25
habilidades de regulação emocional.
É importante ressaltar que o medo não é necessariamente algo negativo,
pois ele pode ser nosso amigo em situações de perigo, nos ajudando a agir com
cautela em atividades do dia a dia. No entanto, assim como tudo em excesso, um
medo desequilibrado pode ser disfuncional e prejudicar nosso bem-estar.
Ao trabalhar com crianças em grupo, é essencial fazer uma triagem prévia
para entender os diferentes medos que cada criança possui, a fim de direcionar as
intervenções de forma adequada e personalizada.
Dentre as atividades práticas que podem ser realizadas, uma delas é a
atividade chamada «Meu medo de cara nova». Nessa atividade, as crianças são
convidadas a desenhar aquilo que as assusta em uma folha de papel. Em seguida,
elas ligam uma lanterna para «iluminar o escuro» e redesenham o objeto de medo,
adicionando elementos engraçados. Por exemplo, se o medo é de monstros,
elas podem desenhar um monstro desajeitado, com características divertidas e
engraçadas. Essa atividade permite que a criança veja o medo por uma nova
perspectiva. Ao finalizar, é possível questionar como a criança se sente agora e
avaliar a intensidade do medo em uma escala de 0 a 10 antes e depois da atividade.
Essa atividade tem uma duração média de 30 a 40 minutos.
Outra atividade interessante é a «Caixa do medo». Nessa atividade, é
confeccionada uma caixa contendo vários insetos que podem causar medo nas
crianças. Elas são encorajadas a tocar nesses insetos e expressar seus medos
em relação a eles. O objetivo é trabalhar o respeito pelos medos dos outros e
desenvolver a empatia. A criança é incentivada a enfrentar o medo do desconhecido
ao colocar a mão em um local sem saber o que está dentro da caixa. Após retirar o
objeto da caixa, a criança é convidada a falar sobre seus sentimentos em relação
a ele. Essa atividade tem uma duração média de 15 a 20 minutos.
Uma terceira atividade é o «Spray espanta monstros». Essa atividade utiliza a
imaginação e a fantasia infantil para ajudar a criança a enfrentar seus medos. É
recomendada para crianças de até 7 anos de idade. Durante a atividade, a criança
é informada de que o spray será sua poção mágica antimonstros. Ela pode borrifá-
lo embaixo da cama toda noite quando sentir medo. Os materiais necessários
incluem um potinho com tampa para borrifar, água, glitter, purpurina, essência
com cheirinho, lantejoulas e outros materiais opcionais. Durante a execução, é
importante explicar que o repelente passará por transformações à medida que
diferentes elementos forem adicionados. No final, a criança pode escolher adesivos
de bocas e olhos de monstrinhos para personalizar o potinho com seu nome. Essa
26
atividade tem uma duração média de 20 minutos.
Além dessas atividades, é recomendado utilizar filmes como «Hotel Transilvânia»
e «Monstros S.A.» para ajudar as crianças a desmistificar certos medos. Esses
filmes mostram que certos medos estão apenas nas histórias e podem auxiliar as
crianças a se familiarizarem e sentir menos desconforto com personagens como
monstros, Frankenstein, morcegos, lobos, etc.

3.3.3 Trabalhando o nojo

A segunda parte da atividade envolve a presença de uma nutricionista para


trabalhar com as crianças todos os sentidos: visão, paladar, olfato, tato e audição.
O objetivo é estimular a curiosidade das crianças para experimentar frutas e
legumes apresentados de diferentes formas. A nutricionista pode trazer diferentes
alimentos, mostrá-los de maneira criativa, como em saladas coloridas, sucos
naturais, espetinhos de frutas, entre outros. As crianças são encorajadas a tocar,
cheirar, provar e explorar esses alimentos de forma lúdica e divertida.
Durante a atividade, é importante iniciar com a psicoeducação sobre o nojo,
explicando que ele é uma resposta protetiva do corpo para evitar doenças e
que sentir repulsa em relação a certos alimentos faz parte desse mecanismo de
defesa. É fundamental transmitir a mensagem de que o nojo é necessário, mas que
também é possível aprender a ter uma relação mais saudável com a alimentação.
Para exemplificar essa ideia, pode-se usar trechos do livro infantil «Duda no
mundo sem emoções», onde a mãe da personagem explica a importância do nojo
como um sentimento que nos ajuda a identificar o que é bom e saudável para nós.
Essa exploração sensorial e a abordagem da nutricionista ajudam as crianças a
terem uma compreensão mais ampla sobre o nojo relacionado à alimentação.
A criação de um grupo de crianças que enfrentam dificuldades em comer
frutas, legumes e verduras, ou que possuem sensibilidade e repulsa em relação
à higiene, pode ser uma oportunidade de socialização e aprendizado para uma
alimentação consciente. Recomenda-se dividir o grupo em faixas etárias, como
crianças de 5 a 8 anos e de 9 a 11 anos, para proporcionar uma atenção adequada
às diferentes necessidades das crianças.
Em relação às atividades da primeira parte, é possível contar histórias por meio
de livros como «Divertida Mente», que aborda o personagem Nojo, e outros livros
específicos sobre o tema do nojo, como «Eca Cacaca - Para que serve o nojo»,
«Duda no mundo sem emoções» e «Nojo». Ao apresentar figuras relacionadas ao
27
nojo, como cocô, vômito, sujeira, alimentos estragados, água suja, esgoto, entre
outros, é possível estimular a discussão e fazer perguntas às crianças sobre suas
percepções e experiências pessoais em relação ao nojo.
Outras atividades incluem a criação da «Caixa do nojo», na qual cada criança
coloca a mão em diferentes substâncias sem saber o que está dentro, como
macarrão cozido simulando minhocas, uvas sem casca simulando olhos, amoeba,
farinha, entre outros. Além disso, a simulação de cocô com argila, massinha
marrom ou massinha de Eva também pode ser realizada. Essas atividades lúdicas
ajudam as crianças a explorarem o nojo de forma segura e controlada.
Por fim, é importante realizar uma roda de conversa ao final das atividades
para que as crianças possam compartilhar como se sentiram, o que pensaram
ao enfrentar ou se afastar de situações relacionadas ao nojo. Essa troca de
experiências permite trabalhar os pensamentos exagerados e desenvolver uma
atitude mais positiva diante de situações em que o nojo não é necessário.

3.3.4. Trabalhando a raiva

Trabalhar a emoção da raiva com crianças é essencial para ajudá-las a


compreender e lidar com esse sentimento de forma saudável. Uma atividade
interessante é começar apresentando a raiva e seus sintomas comuns, como
aceleração do coração, mãos suando e rosto vermelho. É importante destacar que
a raiva é uma emoção natural e que todos passam por ela. Em seguida, crie um
espaço para as crianças compartilharem suas experiências e momentos em que
sentiram raiva intensa. Isso proporcionará um ambiente seguro para a expressão
emocional.
Uma técnica eficaz é a dos balões. Distribua papéis para que as crianças
escrevam situações em que sentiram raiva quase a ponto de explodir. Coloque
esses papéis dentro de balões e peça às crianças que encham os balões. Enquanto
fazem isso, você pode ensinar técnicas de respiração para ajudar a acalmar a
ansiedade. Em seguida, com uma música animada, permita que as crianças joguem
os balões para cima e estourem-nos quando a música terminar. Essa atividade
ajudará a liberar a energia associada à raiva de uma forma controlada.
Após o estouro dos balões, cada criança deve pegar um bilhete de um balão
estourado e ler em voz alta para o grupo. Em seguida, elas são convidadas a
compartilhar como reagiriam à situação descrita no bilhete, buscando soluções
equilibradas e respeitosas. Isso estimulará a empatia e a capacidade de lidar com
28
a raiva de maneira construtiva.
Outra atividade interessante é o «Balde da raiva». Apresente um balde com
balões cheios de água e incentive a criança a expressar sua raiva arremessando
os balões contra a parede e gritando um motivo que a deixe com raiva. Essa
ação permitirá que elas liberem a energia e a tensão associadas à raiva de forma
controlada.
Durante todo o processo, promova uma reflexão coletiva sobre a importância
de reconhecer e expressar a raiva de maneira saudável. Discuta estratégias para
lidar com a raiva, como respirar profundamente, falar sobre o problema, praticar
atividades físicas, transformar o pensamento, meditar, imaginar um cenário
tranquilo, pedir ajuda, dormir bem e alimentar-se de forma saudável.
Para encerrar a atividade, peça às crianças que escrevam uma situação de
raiva que gostariam de eliminar de suas vidas. Em seguida, rasgue os papéis em
pedaços pequenos e simbolicamente jogue-os no lixo, explicando que dessa forma
elas podem se sentir mais leves e relaxadas. Reforce que a raiva é uma emoção
passageira e que todos têm o poder de controlar suas ações mesmo quando
estão com raiva.

3.3.4. Trabalhando a raiva

Trabalhar a emoção da raiva com crianças é essencial para ajudá-las a


compreender e lidar com esse sentimento de forma saudável. Uma atividade
interessante é começar apresentando a raiva e seus sintomas comuns, como
aceleração do coração, mãos suando e rosto vermelho. É importante destacar que
a raiva é uma emoção natural e que todos passam por ela. Em seguida, crie um
espaço para as crianças compartilharem suas experiências e momentos em que
sentiram raiva intensa. Isso proporcionará um ambiente seguro para a expressão
emocional.
Uma técnica eficaz é a dos balões. Distribua papéis para que as crianças
escrevam situações em que sentiram raiva quase a ponto de explodir. Coloque
esses papéis dentro de balões e peça às crianças que encham os balões. Enquanto
fazem isso, você pode ensinar técnicas de respiração para ajudar a acalmar a
ansiedade. Em seguida, com uma música animada, permita que as crianças joguem
os balões para cima e estourem-nos quando a música terminar. Essa atividade
ajudará a liberar a energia associada à raiva de uma forma controlada.
Após o estouro dos balões, cada criança deve pegar um bilhete de um balão
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estourado e ler em voz alta para o grupo. Em seguida, elas são convidadas a
compartilhar como reagiriam à situação descrita no bilhete, buscando soluções
equilibradas e respeitosas. Isso estimulará a empatia e a capacidade de lidar com

3.3.5 Trabalhando a tristeza

A tristeza é uma emoção básica que está frequentemente associada a situações


de perda e pode fazer com que a pessoa se sinta desvalorizada e deixada de lado.
No entanto, é importante compreender que a tristeza tem uma função positiva,
que é levar à reflexão sobre o que realmente importa em nossas vidas. Na infância,
é essencial trabalhar essa emoção de forma construtiva, ajudando as crianças a
compreenderem e lidarem com a tristeza.
Ao abordar a tristeza em um grupo, o objetivo é ensinar às crianças que é
normal sentir-se triste em certos momentos e desenvolver habilidades para lidar
com essa emoção. A primeira etapa é ajudá-las a identificar e nomear o que estão
sentindo, refletindo sobre as causas da tristeza e como ela pode se manifestar no
corpo e nas ações. Nesse momento, também é possível trabalhar a compaixão e
a empatia, ajudando as crianças a entenderem a dor dos outros.
É importante esclarecer o papel da tristeza na vida das pessoas, explicando
como ela pode se manifestar fisicamente, como aperto no coração, nó na garganta,
sensação de vazio, entre outros. Também é necessário abordar as diferentes
formas de expressão da tristeza, como o choro, o isolamento e a expressão facial.
Uma atividade interessante é incentivar as crianças a desenharem como
sentem a tristeza no corpo e como a expressam. Além disso, é importante falar
sobre os diferentes graus de intensidade da tristeza, desde a decepção e o
desânimo até a depressão, para que elas compreendam que há variações nessa
emoção.
Em seguida, podem ser apresentados exercícios que ajudarão as crianças a lidar
com a tristeza. Por exemplo, a atividade do «pensamento martelo e pensamento
joinha» auxilia na identificação dos pensamentos que causam sofrimento e
desconforto (pensamento martelo) e estimula a criação de alternativas para
corrigir esses pensamentos, substituindo-os por «pensamentos joinhas».
Outra atividade envolve o uso das forças pessoais, especialmente a gratidão.
As crianças podem fazer uma lista diária de pelo menos três coisas pelas quais
são gratas. Além disso, pode-se criar o «Potinho da Gratidão», em que a criança
escreverá em um papel as coisas boas que aconteceram durante o dia e colocará
30
no potinho. No final de cada semana, elas podem ler as experiências positivas que
aconteceram. É recomendado que essa atividade seja realizada em conjunto com
os pais.
Como profissional, é fundamental ensinar às crianças que a tristeza e outras
emoções são como nuvens que passam, temporárias, e que elas não se sentirão
tristes para sempre. Isso ajuda a construir o bem-estar emocional. É importante
que as crianças reconheçam que são capazes de sobreviver às emoções intensas
e não serão dominadas por elas.

3.3.6. Trabalhando a importância da amizade

As habilidades sociais e as interações desempenham um papel fundamental


no desenvolvimento emocional, como discutimos em aulas anteriores. A interação
com outras pessoas provoca mudanças comportamentais significativas e os
amigos desempenham um papel essencial no desenvolvimento infantil, auxiliando
nas adaptações psicossociais durante a infância.
No entanto, é importante destacar que o contato físico não é suficiente para
uma interação social significativa. É necessário haver troca de experiências e
conhecimentos. Essa troca gera a troca de informações, linguagem e ações. Por
meio das interações sociais, as crianças aprendem a respeitar, a construir valores
e princípios de colaboração, generosidade e solidariedade. Pesquisas mostram
que relacionamentos saudáveis estimulam a saúde mental e física, e até mesmo
prolongam a vida. Portanto, aprender a conviver de maneira saudável e harmoniosa
é essencial, e as habilidades sociais desempenham um papel fundamental nesse
processo, especialmente nas relações interpessoais saudáveis e produtivas, que
se iniciam na infância.
Existem atividades práticas que podem ser realizadas em um grupo de
crianças para trabalhar a amizade. O ambiente deve ser preparado de forma
divertida e descontraída. Receba as crianças com alegria, abraços, músicas e
danças. Faça uma breve introdução sobre o que são emoções, usando metáforas
como comparar as emoções às ondas do mar, que podem ser fortes ou fracas,
mas que passam com o tempo. Outra metáfora é o efeito bumerangue, explicando
como nossas emoções podem afetar outras pessoas.
Após essa introdução, realize dinâmicas que abordem igualdade, pertencimento,
emoções, empatia e trabalho em grupo. Na primeira dinâmica, forme um círculo
com as crianças, deixando uma criança do lado de fora. Estimule perguntas como:
31
«Existem sentimentos por trás desse comportamento?», «O que você sentiu?»,
«Será que às vezes não fazemos isso?». Na segunda dinâmica, dê um bombom
para cada criança e desafie-as a abri-lo sem usar as mãos. Essa dinâmica ensina
a importância de pedir ajuda e mostrar que precisamos uns dos outros.
Na terceira e última dinâmica, construa uma «árvore da amizade». Cada
criança pegará um coração e escreverá o que é necessário para fortalecer uma
amizade. Explique que, assim como uma árvore precisa de água e cuidado, a
amizade também precisa de atenção. Peça às crianças que coloquem o papel que
escreveram na árvore.
Você pode encerrar o encontro assistindo ao filme «Divertida Mente». O filme
conta a história de uma garotinha chamada Riley, que enfrenta várias mudanças
em sua vida, incluindo a mudança de cidade. O enredo se desenrola dentro da
mente de Riley, onde cinco emoções - alegria, tristeza, medo, raiva e nojo - são
responsáveis por processar informações e armazenar memórias.
Na dinâmica em que uma criança não pode entrar no grupo, reflita com as
crianças, peça para elas se colocarem no lugar daquela criança e pensar como ela
poderia estar se sentindo, e também como elas se sentiram diante dessa situação.
Na dinâmica do bombom, ao perceberem que não conseguem abrir o bombom
sozinhas, elas entenderão a importância de pedir ajuda aos outros. Na dinâmica
da árvore, explique a importância de cultivar uma amizade, dar atenção, carinho e
amor, e como isso é fundamental para manter nossos relacionamentos saudáveis.
Em resumo, as amizades são importantes para a construção das habilidades
sociais, que ajudam na educação emocional. Por meio de atividades práticas
e reflexões, as crianças podem aprender a valorizar as amizades, desenvolver
empatia, trabalhar em grupo e cultivar relacionamentos saudáveis desde a infância.

3.3.7. Trabalhando as habilidades sociais

As habilidades sociais são comportamentos que desempenham um papel


fundamental na competência social e contribuem para um relacionamento
saudável com os outros. Trabalhar essas habilidades em grupo visa promover
interações sociais satisfatórias e superar deficiências no desempenho social. Ao
montar um grupo de crianças com dificuldades como agressividade, dificuldade de
comunicação, atenção e concentração, é essencial conhecer as particularidades
de cada criança para criar um programa personalizado.
Existem várias habilidades sociais que podem ser desenvolvidas nesse
32

contexto. Por exemplo, a assertividade, que envolve a capacidade de expressar


opiniões de forma não agressiva e eficaz. A habilidade de conversar, que abrange
a escuta ativa e a capacidade de contestar quem está falando. A persuasão, que
é a capacidade de elaborar um discurso que influencia o interlocutor. Além disso,
trabalhar a autoestima e o autocontrole auxilia as crianças a lidarem com suas
emoções e comportamentos, enquanto a empatia promove a compreensão das
emoções próprias e dos outros, bem como a consideração pelos sentimentos
alheios.
Para desenvolver essas habilidades, é importante instruir as crianças sobre
como lidar com suas emoções, promover interações sociais positivas, estimular a
confiança em si mesmas, incentivar o trabalho em grupo e fomentar a autonomia.
Isso pode ser feito por meio de atividades práticas. Por exemplo, trabalhar a
assertividade envolve criar situações da vida cotidiana das crianças e discutir
maneiras assertivas de lidar com elas. Isso inclui aprender a dizer «não» de forma
respeitosa, expressar raiva de maneira construtiva e resolver conflitos de forma
pacífica.
Outras atividades podem incluir desafios para ajudar as crianças a
permanecerem calmas diante de situações estressantes, promovendo o
autocontrole e a busca por soluções pacíficas. Estimular a percepção positiva
sobre suas próprias experiências por meio de uma tempestade de ideias, onde
compartilham experiências negativas e tiram lições positivas delas, também
contribui para o desenvolvimento das habilidades sociais.
Incentivar a expressão das emoções por meio do cantinho da leitura, onde
histórias são lidas e discutidas, amplia o vocabulário emocional das crianças e
ensina sobre a importância de expressar sentimentos de maneira assertiva. Além
disso, atividades como a dinâmica do campo minado, na qual as crianças devem
se comunicar e confiar umas nas outras para superar obstáculos, trabalham a
comunicação e a confiança interpessoal.
Essas atividades são apenas algumas opções que podem ser realizadas em
oficinas voltadas para o desenvolvimento de habilidades sociais. É crucial adaptá-
las às necessidades e características específicas do grupo de crianças, criando um
ambiente seguro e propício ao aprendizado e ao desenvolvimento saudável das
habilidades sociais.
33

3.3.8. Trabalhando as emoções com materiais reci-


cláveis

Reciclar, recriar e transformar não se limitam apenas a objetos e materiais,


mas também podemos aplicar esses conceitos às nossas emoções. Estimular o
potencial criativo desde a infância é uma missão compartilhada entre a família,
educadores e psicólogos. Ao trabalhar com materiais recicláveis, podemos
alcançar diversos objetivos, como estimular a participação das crianças e adultos
na reciclagem de materiais domésticos, desenvolver a criatividade das crianças,
promover a importância de criar seus próprios brinquedos, introduzir as emoções
básicas por meio de cores, cartazes e brinquedos, proporcionar momentos de
qualidade entre pais e filhos, e desenvolver habilidades socioemocionais durante
as oficinas, incluindo o autoconhecimento, empatia, colaboração e resiliência.
Para iniciar a atividade, é importante fazer uma introdução sobre as emoções
e utilizar cores para representar cada uma delas. Você pode se inspirar no filme
«Divertida Mente», onde cada emoção tem uma cor específica. Oriente as crianças
e os pais a criarem brinquedos, objetos ou artesanatos que contenham essas cores
e que expressem suas emoções. Dessa forma, eles podem utilizar a criatividade
para expressar e explorar diferentes sentimentos.
Ao final da atividade, permita que as crianças brinquem e compartilhem
seus brinquedos ou criações com os demais participantes. Também é importante
orientar os pais sobre a importância de trabalhar as emoções desde a infância,
fornecendo suporte emocional e ensinando habilidades socioemocionais essenciais
para o desenvolvimento saudável.
Conclua esse momento de reflexão ressaltando o quão significativo é reciclar
e ressignificar as emoções. Assim como podemos transformar materiais em algo
novo e útil, também podemos aprender a lidar com nossas emoções de maneira
construtiva, transformando-as em ferramentas que nos ajudam a compreender
e navegar pelo mundo emocional. Essa habilidade nos auxilia a construir
relacionamentos saudáveis, desenvolver resiliência e fortalecer nosso bem-estar
emocional ao longo da vida.

3.4. Ajudando os pais a compreender as emoções

Como profissional, é importante começar ensinando aos pais o que são


emoções, qual é a sua função e a importância fundamental da educação emocional.
34
Muitos pais não tiveram uma educação emocional adequada e, mesmo quando
adultos, podem ter dificuldades em lidar com suas próprias emoções. Nesse
sentido, é necessário acolher e orientar esses pais.
Você pode realizar sessões separadas com os pais, sem a presença das
crianças, ou até mesmo criar grupos exclusivamente voltados para os pais. Durante
essas sessões, é crucial mostrar que as emoções fazem parte da vida de todos,
impactando nossa interação com o mundo e com os outros. Elas são essenciais
para nos comunicarmos e somos capazes de identificar os sinais corporais de
determinadas emoções, a fim de evitarmos consequências negativas ou perigosas.
É importante ressaltar que, assim como nós, as crianças também expressam
suas emoções por meio de sinais corporais e expressões faciais, muitas vezes sem
precisar falar. Compreender o que são emoções permite aos pais estabelecerem
boas conexões emocionais com seus filhos.
Cada pai e mãe traz consigo decisões e experiências da infância que influenciam
diretamente seu estilo de vida e, consequentemente, sua forma de criar os filhos.
A criação e a educação dos filhos estão intrinsecamente ligadas à bagagem que
os pais carregam desde a primeira infância. Os pais são os principais agentes
de transformação na vida das crianças, exercendo um papel fundamental no
desenvolvimento cognitivo, emocional e comportamental delas.
Eles têm um impacto significativo na vida das crianças, uma vez que é por meio
deles que os filhos aprendem e desenvolvem modos de ser, agir e se comportar
no mundo. Através do cuidado físico, como acariciar, pegar no colo, embalar, e
do cuidado emocional, os pais estão, na verdade, mostrando ao mundo para as
crianças. Dependendo do comportamento e do funcionamento dos cuidadores, a
criança pode sentir-se segura, aprendendo que o mundo é um lugar seguro. Por
outro lado, uma criança que não recebeu os mesmos cuidados e atenção, que
cresceu em um ambiente negligente, pode aprender que o mundo é perigoso,
instável e estressante, e poderá sentir insegurança ao longo de sua vida.
Apresentando essas informações e conceitos para os pais, trabalhe
objetivamente cada emoção com aqueles que têm filhos que você atende. Se
necessário, suspenda temporariamente os atendimentos das crianças, pois é de
extrema importância que os pais conheçam cada emoção para compreender e
educar seus filhos adequadamente. Caso seja possível, crie grupos em horários
extras para desenvolver esse trabalho de forma mais abrangente.
No processo de trabalho com os pais, concentre-se na construção da resiliência,
autoestima, regulação emocional e comunicação assertiva com os filhos. Você
35
pode propor um cronograma específico para trabalhar esse tema com os pais,
fornecendo orientações e atividades práticas para que possam aplicar em suas
interações com os filhos.
No primeiro tópico, inicie o grupo ou sessão individual falando sobre as
emoções básicas, como o nojo, medo, raiva, tristeza, alegria e amor, e como essas
emoções são expressas no corpo. Explique aos pais como cada emoção pode se
manifestar fisicamente, destacando que as crianças também experimentam essas
emoções de maneira semelhante.
No segundo tópico, aborde o tema da empatia e conduza uma atividade
interativa relacionada a esse tema. Peça aos pais para participarem de um diálogo
ou responderem perguntas como se fossem seus filhos. Faça perguntas como «O
que te deixa mais feliz?», «O que você gosta de comer?», «Quem é seu melhor
amigo?» e «Qual é o seu brinquedo preferido?». Essa atividade ajuda os pais a se
colocarem no lugar das crianças, facilitando o desenvolvimento de conexões mais
fortes e saudáveis.
No terceiro tópico, fale sobre o autocontrole e a importância dos pais
aprenderem sobre ele para ensinarem seus filhos. Apresente a técnica «Cérebro
na palma da mão», criada pelo psiquiatra americano Dr. Daniel Siegel. Essa técnica
utiliza as mãos para explicar, de forma simples e fácil, que o cérebro das crianças é
imaturo e está em desenvolvimento até os 24 anos de idade. Explique que a região do
cérebro responsável pelas funções executivas, como organização, planejamento,
atenção, memória e controle dos impulsos, é a última a amadurecer. Realize a
técnica durante a sessão para que os pais e as crianças possam vivenciá-la.
No quarto tópico, aborde a importância de aprender a se acalmar para
poder dialogar. Ensine estratégias de relaxamento e respiração para lidar com
situações conflitantes e emoções desagradáveis. Realize uma atividade prática
utilizando duas folhas de papel A4: uma com a impressão de uma flor e a outra
com a imagem de uma vela. Peça aos pais para se sentarem confortavelmente e
instrua-os a cheirar a flor devagar e profundamente, soltando o ar pela boca para
«apagar» a vela. Repita o exercício até que eles se sintam calmos. Certifique-se de
explicar que essa técnica pode ser utilizada pelos pais para ensinarem seus filhos.
No quinto tópico, trabalhe a automotivação. Peça aos pais para fazerem uma
lista de coisas, situações ou pessoas que os motivam. Explique que essa técnica
também ajuda no autoconhecimento e no conhecimento dos desejos e vontades
dos filhos. Incentive-os a refletirem sobre o que os motiva e como podem usar
essa motivação para criar um ambiente familiar mais saudável e harmonioso.
36
Conclua o trabalho fazendo reflexões com os pais. Faça perguntas como «O
que levarei para ter um ambiente familiar mais saudável e harmonioso?» e «Quais
mudanças percebo em mim que mudarão a maneira como me enxergo e vejo
minha família e meus filhos?». Destaque a importância de não presumir que os pais
já sabem o básico sobre seus filhos e suas famílias. Explique que é fundamental
falar e ensinar o óbvio para que todos possam compreender e aprender juntos.
Sempre que você for trabalhar com os pais, é importante iniciar com um
processo de acolhimento. Explique aos pais a importância de identificar seus
próprios desconfortos e incômodos. É fundamental que eles conheçam suas
próprias emoções para poderem educar emocionalmente seus filhos. O primeiro
passo para uma boa educação emocional é o autoconhecimento, reconhecendo
seus limites, potencialidades, valores e o que desejam para suas vidas e famílias.
É comum vermos pais projetando em seus filhos toda a felicidade e sucesso que
eles não tiveram em suas próprias vidas. No entanto, é extremamente importante
conhecer verdadeiramente os filhos para evitar frustrações. Realize exercícios de
reflexão com os pais, questionando-os sobre o que eles realmente desejam para
o futuro de seus filhos e se suas atitudes permitem que eles se desenvolvam e
alcancem esse futuro.
Estimule e ensine os pais a promoverem a autoestima de seus filhos, permitindo
que realizem pequenas tarefas do dia a dia e incentivando-os pacientemente.
Celebre junto com a criança cada pequena evolução alcançada. Ajude os pais
a compreenderem seus filhos, a entenderem a mensagem transmitida por meio
de seu comportamento, como o choro, as birras e a desobediência. Mostre aos
pais que as crianças nem sempre se expressam verbalmente e que é necessário
compreendê-las e conhecê-las.
Destaque aos pais a importância da comunicação assertiva e da previsibilidade.
Ao antecipar mudanças ou comunicar uma mudança de foco, evita-se surpresas
e estresses. Portanto, estabelecer combinados é extremamente importante.
Incentive os pais a terem rotinas organizadas com os filhos. Crie um cantinho
dos combinados em casa, pois as crianças compreendem melhor através de
elementos concretos. Utilize palavras escritas, desenhos e o diálogo para registrar
esses combinados, facilitando a comunicação entre todos.
Ensine os pais a acolherem as emoções de seus filhos, evitando frases como
«não chore» ou «pare com isso». Demonstre compreensão e incentive-os a buscar
soluções juntos para os problemas que surgirem. É urgente a necessidade de
acolher, aceitar, compreender e gerenciar as emoções, pois a incapacidade de
37
expressar e vivenciar as emoções pode desencadear problemas de saúde.
Aborde a importância de regular o uso das tecnologias, uma vez que o uso
excessivo tem prejudicado o desenvolvimento cerebral das crianças. Explique as
recomendações médicas e especialistas, como evitar o contato com telas para
crianças de 0 a 2 anos e limitar o contato a 1 hora por dia para crianças de 2
a 6 anos. Saliente que o uso de tecnologia durante a noite pode afetar o sono,
tornando o humor instável e o ambiente familiar mais estressante.
Incentive momentos de brincadeira sobre emoções. Reserve um momento do
dia para que pais e filhos brinquem juntos, colocando as emoções no vocabulário
da família e estimulando a inteligência emocional. Jane Nelsen destaca que grande
parte do desenvolvimento emocional e linguístico ocorre naturalmente quando os
pais têm tempo para brincar e conversar com as crianças.
Crie um cantinho das emoções em casa, onde as crianças se sintam
confortáveis para falar sobre elas. Prepare um espaço com assentos adequados
e permita atividades como desenhar, pintar, colar imagens ou colocar fotos da
criança expressando diferentes emoções. Quando a criança se sente acolhida, ela
não precisa mais recorrer a comportamentos disruptivos para obter atenção. Ela
se sente segura e percebe que tem espaço, voz e um ambiente preparado para
ela.
Mostre aos pais que educar as emoções é a melhor forma de garantir um
futuro equilibrado, pleno de realizações e felicidade. Amar os filhos significa
compreender suas necessidades, dedicar tempo para conhecê-los, respeitá-los,
ter paciência com seu desenvolvimento, abraçá-los, dizer que os ama e ser um
exemplo diário.
Por fim, ensine os pais a valorizarem a companhia dos filhos e a entenderem
que momentos inesquecíveis também fazem parte da educação.
Conclua o trabalho fazendo reflexões com os pais: “O que você levará para
ter um ambiente familiar mais saudável e harmonioso?” e “Quais mudanças você
percebe em si mesmo(a) que poderão mudar a forma como você se enxerga e
enxerga sua família e seus filhos?”. Lembre-os de que muitas vezes as famílias não
conseguem enxergar o básico sobre seus filhos e suas famílias, e que é necessário
falar e ensinar o óbvio.
38

3.5. A importância da regulação emocional


na infância

Atualmente, como psicólogos, é frequente receber em consultório crianças


confusas, que enfrentam dificuldades em lidar com diversas situações, tais como
provas escolares, sobrecarga de atividades, ausência ou separação dos pais,
dificuldades nos relacionamentos ou na expressão de seus sentimentos, pais com
comportamentos autoritários ou permissivos.
Também atendemos muitos adolescentes e adultos que vivenciam situações
estressantes em seu cotidiano, como a pressão pré-vestibular, conflitos familiares
ou com colegas de trabalho, o trânsito caótico e uma rotina acelerada.
Esses momentos de tensão trazem à tona emoções intensas, levando as
pessoas a buscar a psicoterapia devido à falta de habilidades para lidar com
suas emoções. Se essas habilidades tivessem sido trabalhadas na infância, esses
indivíduos poderiam levar suas vidas de forma mais leve.
Portanto, é de extrema importância olhar para a infância de seus filhos.
As experiências vivenciadas nesse período influenciarão seu bem-estar físico,
emocional e cognitivo, refletindo ao longo de toda a vida. Nesse sentido, é
fundamental que você aprenda a perceber as emoções de seu filho. Isso envolve
estar atento, reconhecê-las e nomeá-las. Em seguida, é necessário ensiná-lo a
avaliar a intensidade das emoções e aprender a lidar com elas.
Anteriormente, foi abordado brevemente cada emoção e como algumas delas,
como a raiva e a tristeza, podem intensificar-se a ponto de afetar o comportamento,
levando a excessos alimentares, uso de álcool ou drogas e comportamentos
problemáticos. Por esse motivo, é essencial desenvolver a regulação emocional nas
crianças. Essa regulação envolve estratégias que funcionam como um termômetro
para manter as emoções sob controle.
Ao contrário da regulação emocional, existe a desregulação, que é a
intensificação das emoções e pode resultar em sentimentos de pânico, terror,
trauma, medo ou urgência, deixando a pessoa sobrecarregada e com dificuldade
em lidar com suas emoções. É importante lembrar que a desregulação de uma
criança pode originar-se da desregulação da mãe.
Diversos estudos têm demonstrado a eficácia da regulação e da educação
emocional na infância. Essas pesquisas mostram que crianças que desenvolvem
essas habilidades têm menor propensão a desenvolver transtornos mentais,
como depressão e transtorno de estresse pós-traumático, e apresentam melhores
competências sociais e acadêmicas na vida adulta.
39

3.4. Ajudando os pais a compreender as emoções

Desenvolver a regulação emocional em crianças requer a adoção de medidas


na rotina e na abordagem dos pais. Para facilitar essa tarefa, é importante
implementar algumas mudanças e estratégias. Em primeiro lugar, é essencial adotar
uma comunicação assertiva, sendo gentil e firme ao dar comandos. Antecipar a
troca de atividades, por exemplo, comunicando com antecedência, ajuda a evitar
surpresas e estresse. Além disso, é importante fazer combinados com a criança,
encorajando o desenvolvimento da linguagem por meio de conversas, cantigas e
leituras em voz alta.
Outra medida eficaz é criar um cantinho dos combinados em casa. As
crianças compreendem melhor por meio de elementos concretos, como palavras
escritas, desenhos e imagens acompanhados de diálogo. Estabelecer uma rotina
é fundamental, e a participação da criança na criação dos combinados familiares
é importante. Esses combinados devem ser visíveis e acessíveis, facilitando a
comunicação entre pais e filhos.
Além disso, é recomendado estimular a mentalidade de crescimento na
criança, mostrando que ela é maior do que seus erros e que é capaz de aprender.
Valorizar o esforço e a pessoa em si, independentemente dos acertos ou erros, é
essencial.
Compreender as emoções também desempenha um papel crucial no
desenvolvimento emocional da criança. Permitir que ela experimente e expresse
suas emoções é fundamental para que aprenda a lidar com elas. Quando a
criança chora, é importante buscar compreendê-la, acolher seu choro e buscar
soluções juntos para os problemas que surgirem. Acolher, aceitar, compreender e
gerenciar as emoções são habilidades importantes, uma vez que a incapacidade
de as expressar pode desencadear problemas de saúde.
Outra medida importante é regular o uso das tecnologias. O uso excessivo de
telas tem prejudicado o desenvolvimento cerebral das crianças. É recomendado
que crianças de 0 a 2 anos não tenham contato com telas, e aquelas de 2 a 6 anos
tenham no máximo uma hora de exposição diária. Evitar o uso de tecnologias
durante a noite também é recomendado, pois pode interferir no sono. Substituir o
uso excessivo por jogos educativos e momentos de brincadeira é uma alternativa
saudável.
Brincar sobre emoções também é uma prática importante. Criar momentos no
dia para brincar junto com a criança, utilizando massinha, montando expressões e
40

conversando sobre elas, fazendo mímicas das emoções, jogando quebra-cabeça,


dominó ou jogos da memória das emoções, desenhando e colorindo expressões,
contribui para que a família incorpore o vocabulário emocional no cotidiano,
estimulando a inteligência emocional.
Por fim, é recomendado criar um cantinho das emoções em casa. Esse espaço
tem como objetivo promover um diálogo diferenciado e abordar as emoções. Não
se trata de um lugar para pensar ou para aplicar castigos, mas sim de um local
onde as crianças se sintam à vontade para falar sobre suas emoções. É importante
escolher um cantinho na casa, com assentos confortáveis, e colocar um painel
com expressões emocionais confeccionadas em conjunto com a criança. Utilize
esse espaço sempre que for necessário discutir emoções em momentos de tensão,
quando a criança quiser compartilhar algo mais íntimo sobre si mesma ou quando
for preciso fazer uma intervenção educativa.
No cantinho das emoções, é essencial dedicar tempo para conversas que não
sejam apressadas, permitindo que a criança se expresse. Não é necessário esperar
respostas certas ou erradas, mas sim proporcionar um ambiente de diálogo em
que pais e filhos se conheçam melhor. É importante validar os sentimentos da
criança, mostrando compreensão e apoio. Quando a criança se sente acolhida, ela
não precisa recorrer a comportamentos negativos para chamar a atenção. Criar
um ambiente seguro e empático promove o desenvolvimento emocional saudável.
Em resumo, desenvolver a regulação emocional em crianças requer uma
abordagem cuidadosa e estratégias específicas. Com uma comunicação assertiva,
a criação de combinados, o estímulo à mentalidade de crescimento, a compreensão
das emoções, a regulação do uso das tecnologias, as brincadeiras sobre emoções
e a criação de um cantinho das emoções em casa, é possível criar um ambiente
propício para o desenvolvimento emocional saudável e equilibrado das crianças.

3.7. Orientação para trabalhar com educadores

Outra opção para expandir seu trabalho e ampliar o público-alvo é oferecer


orientações para professores, educadores, orientadores e coordenadores. Esses
profissionais lidam com uma variedade de emoções em um único dia de trabalho.
Cada situação vivenciada desperta uma emoção diferente, desde uma criança que
os abraça até outras que estão brigando ou chorando. Portanto, é um público-alvo
importante para trabalhar e ensinar sobre emoções.
É essencial mostrar aos educadores os benefícios de oferecer educação
41
emocional para os alunos. Embora essa responsabilidade seja dos pais, os
professores podem ajudar, considerando os benefícios que essa educação traz para
o ambiente escolar. Alguns desses benefícios incluem desenvolver a capacidade
de identificar e nomear emoções, conhecer-se melhor para lidar com situações
adversas, ter uma comunicação clara e eficaz, lidar com frustrações e desenvolver
empatia, otimismo, persistência, concentração, autonomia e habilidades sociais.
Assim como você elabora um planejamento, protocolo ou projeto para
trabalhar com os pais, é importante criar um também para trabalhar com os
professores. Vamos destacar cinco ideias principais que podem ser desenvolvidas
com os alunos pelos educadores. Esses pontos têm como objetivo conscientizar os
professores e promover o desenvolvimento emocional nos alunos.
Primeiro, é essencial promover a autoconsciência nas crianças, permitindo que
elas identifiquem e nomeiem suas emoções. A autoconsciência envolve reconhecer
e gerenciar os sentimentos em diferentes situações, além de observar o próprio
pensamento, sentimento e reação perante elas.
Em seguida, a autorregulação emocional é fundamental, ensinando as crianças
a lidar com suas emoções e expressá-las de maneira adequada ao contexto. Isso
inclui compreender os motivos por trás dos sentimentos e desenvolver maior
autoaceitação.
A autonomia emocional também deve ser trabalhada, incentivando as
crianças a se automotivarem para buscar melhorias. Isso envolve adiar satisfações
imediatas, estabelecer expectativas realistas, ter tolerância às frustrações, ser
resiliente, compreender as consequências das ações, desenvolver autoestima e
persistência.
Outro ponto importante é o desenvolvimento da empatia. É necessário que
as crianças entendam as emoções dos outros, sejam capazes de ouvir e sejam
sensíveis ao colocar-se no lugar dos outros, demonstrando compreensão e
respeito.
Por fim, é fundamental que as crianças desenvolvam habilidades sociais para
lidar com os relacionamentos. Isso inclui analisar e compreender os outros, resolver
conflitos, ter uma comunicação assertiva, saber quando e como comunicar seus
próprios sentimentos.
Os professores também devem criar ambientes emocionalmente acolhedores
e estimulantes. Isso ajudará as crianças a compreenderem que a escola é um
lugar onde elas podem manter o controle emocional e aprender a lidar com as
diversas emoções que surgem durante o processo de aprendizagem.
42

Ao compartilhar essas ideias e conceitos com os educadores, você estará


fornecendo ferramentas para que eles integrem a educação emocional em seu
trabalho diário com os alunos. Essa abordagem contribuirá para um ambiente
escolar mais saudável e acolhedor, promovendo o desenvolvimento integral das
crianças.
Dê aos educadores estratégias práticas para serem utilizadas no dia a dia
da escola e da sala de aula. Uma ideia é incluir as emoções na rotina, seja no
início ou no final do dia, promovendo uma roda de conversa em que cada criança
possa expressar como está se sentindo. Disponibilize cartas ou palitoches com
expressões emocionais para auxiliar nessa atividade, acolhendo as falas das
crianças e ensinando a turma a acolher umas às outras.

Incorpore dinâmicas relacionadas às emoções no cronograma escolar,


reservando pelo menos um momento semanal de aproximadamente 50 minutos
para realizar essas atividades. Disponibilize materiais sobre emoções, de modo que
toda vez que for abordar esse tema, tenha um material específico para despertar
a atenção da turma.
Adapte jogos e brincadeiras para incluir o tema das emoções. Seja dominó,
quebra-cabeça, jogo da memória ou dado, é possível adaptar qualquer jogo
para trabalhar com as emoções. Incentive os educadores a serem criativos nesse
aspecto. Além disso, explore a oportunidade de incluir as emoções em atividades
relacionadas aos conceitos do currículo escolar, como trabalhar as cores, os
números e as emoções em um mesmo jogo.
Conte histórias educativas que abordem as emoções. Antes de escolher uma
história, reflita sobre seu tema central, as emoções e sentimentos que ela aborda
de forma direta ou implícita, os valores destacados e a relação com as habilidades
socioemocionais. Durante a contação de histórias, faça perguntas que estimulem
os alunos a refletirem sobre as emoções dos personagens e as possíveis ações
que eles tomarão.
Tenha um personagem referência, como um fantoche, para conversar com
a turma sobre as emoções. Esse personagem pode falar sobre si, suas próprias
emoções e pensamentos diante de diferentes situações, o que ajuda a criar uma
maior proximidade com as crianças e as incentiva a se expressarem mais.
Promova momentos de relaxamento e concentração, utilizando dinâmicas
como «amiguinhos da respiração», «dinâmica do silêncio» ou pausas para ouvir
os sons do ambiente. Identifique as necessidades específicas da sua turma,
43
considerando as maiores dificuldades, as habilidades socioemocionais que
precisam ser desenvolvidas e o comportamento das crianças. A partir dessas
respostas, utilize estratégias lúdicas para trabalhar essas questões.
Incentive os educadores a buscarem constantemente capacitação em
educação emocional, pois essa não é uma disciplina estudada nas universidades.
Mostre a importância de adquirir conhecimento nessa área, que beneficiará não
apenas o trabalho com os alunos, mas também todas as áreas da vida do educador.
Crie oportunidades para que as famílias participem, inserindo atividades que
envolvam emoções nas tarefas e projetos que são realizados em casa. Estimule
os educadores a fazerem esse trabalho na escola, mesmo que sejam os únicos a
fazê-lo.
Lembre-os de que educar as emoções transforma e faz diferença na vida das
crianças. Com o tempo, os outros profissionais também perceberão os benefícios
e iniciarão a educação emocional em suas turmas.
Além disso, aproveite as atividades abordadas nas aulas de orientação para
os pais e inclua-as em seu projeto de trabalho com os educadores. Mostre o poder
que os professores, orientadores e educadores têm de influenciar a vida de cada
aluno, e ensine-os a utilizar esse poder com sabedoria e responsabilidade. Valorize
o papel desses profissionais e reconheça a importância do trabalho que realizam
no desenvolvimento socioemocional das crianças.
44

4 Educação emocional

Neste contexto, iremos abordar novamente o tema da respiração, enfatizando


como ensinar a criança a respirar de maneira lenta e profunda em momentos de
tensão emocional.
Uma forma divertida de ensinar a respiração é brincando com bolhas de sabão,
enchendo bexigas, cheirando flores e assoprando velas. As crianças aprendem
melhor quando estão brincando, e a respiração adequada auxilia na restauração
da capacidade de agir com o cérebro e reduz o risco de atitudes impulsivas.
Outra técnica importante é a pausa positiva. Ao contrário do cantinho do
pensamento ou do castigo, cujo objetivo é fazer a criança refletir sobre seus erros,
a pausa positiva busca ajudar a criança a regular suas emoções e recuperar a
capacidade de agir de maneira equilibrada e menos impulsiva diante de situações
negativas ou desafiadoras.
Para isso, é recomendado encontrar um local tranquilo em casa e criar um
nome para esse espaço em conjunto com a criança. Coloque no local tudo o que
vocês decidirem ser benéfico para que ela se acalme, como brinquedos de fazer
bolhas de sabão, almofadas, materiais para desenhar ou colorir, massinha, uma
bolinha de apertar, livros de história e outros itens que você sabe que fazem bem
para seu filho.
Quando perceber que a criança está ficando irritada ou desorganizada,
sugira de forma respeitosa que ela vá até o seu «local da calma» para se acalmar
e conversar. Caso a criança não queira ir, não a force, mas dê o exemplo e vá
você mesmo ao seu próprio local da calma, mostrando para ela como buscar a
tranquilidade e a regulação emocional.
Outra técnica valiosa é a chamada «Cérebro na palma da mão», criada pelo
psiquiatra americano Dr. Daniel Siegel. Antes de aplicar essa técnica, é importante
compreender que o cérebro da criança é imaturo e está em desenvolvimento, e
sua formação completa ocorre por volta dos 24 anos de idade. A última região
a amadurecer é o córtex pré-frontal, responsável pelas funções executivas do
cérebro, como organização, planejamento, atenção, memória e controle dos
impulsos, sendo fundamental para a regulação das emoções.
Essa técnica consiste em colocar as mãos em concha, com uma mão
representando o córtex e a outra a amígdala, que desempenha um papel na
resposta de luta ou fuga. Explicando ao seu filho, você pode mostrar como o córtex
45
funciona como uma tampa para a amígdala e como o cérebro reptiliano é ativado
quando nos sentimos ameaçados ou exaltados, geralmente em momentos de
raiva ou descontrole emocional. Essa explicação ajuda a criança a compreender o
funcionamento do próprio cérebro e a alcançar a autorregulação para se acalmar
e reagir de forma mais adequada diante da raiva ou frustração.
Outra habilidade importante é a escuta ativa. Trata-se de ouvir com atenção
e sem julgamentos, acolhendo o que seu filho diz e descrevendo e validando
seus sentimentos. Essa técnica promove a integração entre os dois hemisférios
cerebrais, o racional e o emocional, auxiliando no aprendizado sobre emoções.
Nomear as emoções e não julgar os sentimentos da criança também é
essencial. Devemos lembrar que as crianças têm dificuldade em expressar
verbalmente o que sentem, especialmente quando são pequenas. Cabe aos
adultos decodificar as mensagens por trás dos comportamentos inadequados,
como quando a criança expressa ódio, por exemplo. É importante entender se ela
realmente odeia a pessoa ou está odiando o limite imposto ou sentindo frustração
diante de uma ordem.
Criar uma roda de escolhas também é uma estratégia útil em momentos
desafiadores. Essa roda é como um gráfico de pizza, onde você coloca todas as
possibilidades de resolução de uma situação ou problema junto com a criança. Por
exemplo, ao ir ao mercado, ao parque ou lidar com brigas entre irmãos, você cria
opções como «andar de mãos dadas com a mamãe» ou «escolher apenas uma
coisa para comprar». Todas as alternativas devem ser construídas em conjunto
com a criança, mas guiadas pelo adulto.
Lembre-se de que a neurociência nos mostra a existência dos «neurônios
espelho», que nos permitem absorver o comportamento do outro. Portanto, tudo o
que você deseja que seu filho desenvolva, você precisa demonstrar e desenvolver
em si mesmo.

4.1. Prática

Alguns passos para os pais colocarem em prática são:

O primeiro passo é a autoconsciência. É fundamental ajudar seu filho a


identificar e nomear suas emoções. Isso significa estar ciente de seus próprios
sentimentos e reações diante das situações. Incentive-o a observar e compreender
o que está acontecendo dentro de si, promovendo a capacidade de reconhecer e
46

gerenciar suas emoções de forma saudável.


O segundo passo é a autorregulação. Ensine seu filho a lidar com suas emoções
e sentimentos. Ajude-o a expressar-se de acordo com o ambiente e a compreender
os motivos por trás de suas emoções. Isso inclui desenvolver a capacidade de
controlar impulsos, regular o estresse e cultivar a autoaceitação. Ao aprender a
autorregular-se emocionalmente, seu filho terá mais equilíbrio e bem-estar.
O terceiro passo é a autonomia emocional. Estimule seu filho a se automotivar
para melhorar-se constantemente. Isso envolve adiar gratificações imediatas,
estabelecer expectativas realistas, lidar com frustrações, ter aptidão para aprender
e compreender as consequências de suas ações. A autonomia emocional também
promove uma maior autoestima e persistência diante dos desafios da vida.
O quarto passo é a empatia. Cultive a habilidade de escutar e compreender
as emoções dos outros. Incentive seu filho a desenvolver uma maior capacidade
de se colocar no lugar dos outros, reconhecer suas perspectivas e ser sensível às
suas necessidades emocionais. A empatia fortalece os laços sociais e contribui
para relacionamentos saudáveis e respeitosos.
O quinto passo é o desenvolvimento das habilidades de relacionamento. Ajude
seu filho a aprimorar suas habilidades sociais. Isso inclui analisar e compreender
os outros, resolver conflitos de maneira construtiva, comunicar-se de forma clara
e assertiva, e saber expressar seus próprios sentimentos e emoções de maneira
adequada. Essas habilidades são essenciais para a construção de relacionamentos
saudáveis e harmoniosos.
Utilizar esses cinco passos como metas a serem alcançadas na educação
emocional de qualquer criança pode ser extremamente benéfico. Quando esses
passos forem desenvolvidos e praticados, a criança estará preparada para lidar
com suas emoções de forma saudável, o que contribuirá para seu bem-estar
emocional e para o seu sucesso em diferentes áreas da vida.
47

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