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Programa Baby Signs® e Parentalidade e Educação Positivas

5ª Edição Pós-graduação em Parentalidade e Educação Positivas

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Programa Baby Signs® e Parentalidade e Educação Positivas
5ª Edição Pós-graduação em Parentalidade e Educação Positivas

Índice

Introdução ..................................................................................................................................... 3
Uma Reflexão sobre Parentalidade e Educação Positivas e o Programa Baby Signs® .................. 5
Um pouco sobre o Programa Baby Signs® .................................................................................... 7
Inteligência Emocional e o Programa Baby Signs®........................................................................ 8
Como as creches podem integrar o Programa Baby Signs® e ajudar no desenvolvimento
emocional dos seus grupos de crianças? .................................................................................. 9
Um Exemplo prático da integração do Programa Baby Signs® com a Parentalidade e Educação
Positivas....................................................................................................................................... 10
Conclusão .................................................................................................................................... 11
Bibliografia .................................................................................................................................. 12

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Programa Baby Signs® e Parentalidade e Educação Positivas
5ª Edição Pós-graduação em Parentalidade e Educação Positivas

Introdução

A Escola da Parentalidade e Educação Positivas traz-nos ferramentas essenciais para


ajudarmos as nossas crianças a aprenderem sobre as emoções, a gerirem o que sentem e
como se comportam. Tudo através da relação com os pais, educadores ou outros adultos de
referência. Quando os adultos aprendem a serem melhores e a fazerem melhor, isso reflecte-
se em quem querem educar.

A importância da aprendizagem sobre as emoções é gigante! Principalmente quando sabemos


que adultos gostaríamos que as nossas crianças fossem: empáticas, felizes, com uma boa auto-
estima, autoconfiança, auto-imagem e uma inteligência emocional equilibrada.

Há muito que se diz que os bebés são “esponjas”, que absorvem tudo o que se passa ao seu
redor. Mas na verdade, só sabemos o quanto eles realmente “absorveram” quando eles nos
mostram! Seja com as suas ações, reações , formas de nos comunicarem o que vêm, sentem,
do que se lembram ou como solucionam os seus problemas.

Por vezes pensamos em como seria bom se houvesse uma janelinha para as suas mentes, para
podermos saber o que eles estão a pensar e a sentir. Essa janela já existe e chama-se Programa
Baby Signs®.

No presente trabalho proponho cruzar dados e informações entre a Parentalidade e Educação


Positivas e o Programa Baby Signs®. A partir do momento em que me intersectei com esta
filosofia, percebi o quanto teria em comum com o trabalho que se desenvolve no Programa
Baby Signs®. Enquanto directora do Programa em Portugal, gostaria de trazer para junto dos
pais e profissionais conhecimentos tão fundamentais, práticos e que realmente os ajuda na
sua importante missão que é de educar uma criança. Mais especificamente num tema que
pretendo dar destaque neste trabalho, as emoções.

Através de gestos ensinados aos bebés por modelação, estes pequenotes são capazes de
comunicar o que vêm, sentem, querem, e mesmo do que se lembram, muito antes de terem a
capacidade de verbalizar.

Esta surpreendente capacidade que os bebés têm de reproduzir gestos, permite-nos ajudá-los
a expressar as suas emoções e “nomear” as suas emoções mais cedo do que se esperaria.

Um dos primeiros passos para o desenvolvimento da Inteligência Emocional, de acordo com o


autor Daniel Goleman, é o reconhecimento das emoções e saber nomeá-las (léxico emocional).
Daí a importância e realce que se quer dar a esta etapa para se iniciar este desenvolvimento.

Segundo a autora Magda Dias, a literacia emocional ajuda à criança a tomar consciência de si.
A qualidade das experiências que a criança tem determina a sua construção cerebral e o
desenvolvimento da inteligência emocional (Dias, M., 2016).

A proposta que apresento neste documento é a de se começar a trabalhar a Inteligência


Emocional antes dos 24 meses, portanto antes da altura em que a média das crianças começa

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a falar, com a ajuda do Programa Baby Signs® e tendo em conta os pilares da Parentalidade e
Educação Positivas. Esta proposta de actividade passa por modelar a empatia, reconhecer e
aceitar as emoções, o que por sua vez irá aumentar o vínculo entre adulto e criança. Pontos
essenciais na filosofia da Parentalidade e Educação Positivas. Os benefícios de se começar cedo
vão muito mais além do reconhecimento das emoções.

Neste trabalho será abordada uma reflexão sobre a ligação que existe entre o Programa Baby
Signs® e Parentalidade e Educação positivas; farei um resumo do que é mais especificamente o
Programa Baby Signs® e que benefícios traz ao desenvolvimento infantil; abordarei mais
especificamente como o Programa Baby Signs® pode ajudar no desenvolvimento da
Inteligência Emocional e como as creches podem intervir mais nestas áreas e termino com um
exemplo prático onde estão integrados ambos o Programa Baby Signs® e a abordagem da
Parentalidade e Educação positivas.

A literacia emocional é tão importante para a aprendizagem


como o ensino da matemática ou da leitura”
(Karen Stone McCown, em Inteligência Emocional de Daniel Goleman)

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Uma Reflexão sobre Parentalidade e Educação Positivas e o Programa


Baby Signs®

A Parentalidade e Educação Positivas, no Modelo Magda Gomes Dias®, é uma filosofia que
quem a abraça está de facto a pensar a médio e longo prazo no que toca a estabelecer uma
relação positiva entre pais-filhos ou adulto-criança, tendo na sua base o respeito mútuo. Para
sermos pais e educadores é necessário haver tempo, paciência e muita calma para exercer
este papel da melhor forma. Neste modelo não há lugar a métodos como a palmada, os
castigos ou humilhações.

Este modelo assenta em 5 pilares. Farei uma ponte de como pode ser visto cada pilar da
Parentalidade Positiva à luz do Programa Baby Signs®.

O primeiro pilar é o Respeito Mútuo. Este é o respeito pela natureza da criança e


compreensão de que cada uma é única e todas devem ser respeitadas e receber o suporte
para crescerem de forma estruturada e segura (física e emocionalmente). No Programa Baby
Signs® é necessário compreender que cada criança tem o seu ritmo e se lhe dermos
oportunidade, podemos acolher o que ela tem para nos dizer. Para isso temos de ter um
enorme sentimento de respeito pela sua natureza.

O segundo pilar é o Vínculo. Este é o pilar que nos permite nos aproximar da nossa criança. É o
pilar mais urgente a ser trabalhado numa relação. Segundo a autora Magda Dias, será o
vínculo a determinar a qualidade da relação e nas escolhas futuras da criança. Está provado
que o Programa Baby Signs® ajuda a aumentar o vínculo entre o adulto e a criança. Facilmente
se compreende o porquê, uma vez que a metodologia que o adulto tem de seguir implica estar
verdadeiramente presente, atento, observador e responsivo para aplicar o programa seja em
casa ou nas creches. É necessário passar tempo de qualidade para que a criança se mantenha
curiosa em comunicar, ouça histórias e canções, ser correspondida quando comunica com o
adulto e sentir-se amada.

As ferramentas* para se trabalhar o vínculo, segundo a escola da Parentalidade e Educação


Positivas, são fundamentais para que este seja um pilar forte e devem ser utilizados toda a
vida nas nossas relações seja com crianças ou não, e desde a fase em que se foca este trabalho
até serem adultos. O Programa Baby Signs® usa-se nos primeiros anos da infância, com
benefícios a longo prazo e a Parentalidade e Educação positivas acompanha desde sempre a
criança e adulto ao longo do crescimento até à vida adulta (eu diria mesmo até sempre!!).

O terceiro pilar é a Parentalidade Pró-ativa. Quanto melhor conhecermos as etapas do


desenvolvimento das nossas crianças, e o que esperar de cada uma delas, maior é o
entendimento e a paciência perante os comportamentos mais desafiadores. Nos workshops
Baby Signs® para pais ou educadores de 1ª Infância, é fundamental passar o conhecimento do
que esperar em relação à evolução dos gestos à palavra e o que ter em conta em relação à
etapa de desenvolvimento que os leva a fazer gestos ou a falar (Ver Anexo A). Uma vez tendo
este conhecimento, ajudamos os pais e profissionais a estarem mais tranquilos, menos
frustrados e mais confiantes na sua tarefa.

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O quarto pilar é a Liderança Empática. Esta é a liderança confiante de que o adulto assume e
sabe muito bem qual o seu papel. E aqui fica presente a autoridade parental. Com a
possibilidade de fazer gestos, a criança desde muito cedo comunica o que vê, sente e quer, o
que dá a oportunidade do adulto, também desde cedo mostrar-lhe o caminho.

E por fim o quinto pilar Educar sem punir. O objectivo da educação é o de orientar, ajudar,
encaminhar e não passa por punir. Tal como no Programa Baby Signs®, a Parentalidade
positiva implica respeitar, respeitar-se e ser respeitado.

*No Livro Crianças Felizes, de Magda Gomes Dias

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Um pouco sobre o Programa Baby Signs®

O Programa Baby Signs® é o programa líder mundial em linguagem gestual para bebés, pois é o
único que tem por base pesquisas científicas, criado por especialistas em desenvolvimento
infantil e é desenhado especificamente para bebés ouvintes.

O Programa Baby Signs® surge nos anos 80 e parte da experiência que uma especialista em
desenvolvimento infantil, Dra. Linda Acredolo, teve com a sua filha de 12 meses. Ao
aperceber-se da iniciativa que a filha tinha em criar gestos para fazer a sua mensagem chegar,
tornou a sua filha um estudo de caso em conjunto com a aluna da Universidade de Califórnia
Susan Goodwyn, que se estava a especializar precisamente em comunicação e linguagem
infantil. Começaram por pesquisar que gestos eram naturalmente criados por crianças que
ainda não conseguiam falar. Posteriormente juntaram mais gestos tendo por base a Língua
Gestual Americana, com uma percentagem de gestos adaptada às mãos dos bebés.

E foi com as investigações académicas durante mais de duas décadas sobre o uso da linguagem
gestual com bebés ouvintes que se deu o sucesso e o aumento do uso do Programa Baby
Signs® pelas famílias e profissionais em todo o mundo. A investigação a longo prazo, no ano
2000, financiada pelo Instituto Nacional de Saúde, provou benefícios fantásticos como a
redução de choros, birras e frustrações, o desenvolvimento da linguagem, maior interacção
entre as crianças e seus pais e maior desenvolvimento de capacidades cognitivas. (Goodwyn,
S., Acredolo, L., Brown, C., 2000)

Os bebés de 24 meses a usarem gestos estavam em média a falar mais como bebés de 27 ou
28 meses, e formavam frases significativamente mais longas. Os bebés de 36 meses a usar
gestos estavam em média a falar como bebés de 47 meses, colocando-os com uma vantagem
de quase um ano em relação aos seus parceiros em idade. As crianças de 8 anos que tinham
usado gestos em bebé, pontuaram uma média de 12 pontos de QI no teste WISC III
(média=114, percentil 75) acima dos seus parceiros sem gestos (média=102, percentil 53).
(Acredolo, L. e Goodwyn, S., 2000)

Registaram ainda outros benefícios menos mensuráveis mas cujas observações das
especialistas e dos pais indicam maior auto-confiança e auto-estima das crianças.
Consistentemente chegavam observações de que as crianças pareciam orgulhosas quando
tinham sucesso em comunicar o que se passava nas suas mentes.

Eles podem ser novos, mas por causa do Programa Baby Signs®, os bebés já não precisam
passar por tantas frustrações e sentimentos de incapacidade. De acordo com as fundadoras, o
sentido de orgulho e auto-estima que vêm do sentimento de serem “ouvidos” e
compreendidos pode ter significativos benefícios emocionais a longo prazo. (Acredolo, L. e
Goodwyn, S., 2009).

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Inteligência Emocional e o Programa Baby Signs®

Segundo a opinião de Daniel Goleman, autor do livro “Inteligência Emocional”, as lições


emocionais para serem eficazes, é necessário que estejam de acordo com o desenvolvimento
da criança e à medida que crescem vão ser moldadas e repetidas ao longo das várias idades de
forma a adequarem-se da melhor maneira à sua compreensão e capacidade.

Por isso, as fundadoras do Programa Baby Signs® não exploram mais emoções além da
capacidade de que as crianças até aos 24 meses conseguem expressar. E são passados através
de gestos como o Triste, Zangado, Assustado/Medo e Feliz.

O Pediatra T. Berry Brazelton, segundo Goleman, é da opinião de que os pais podem ter
vantagens em tornarem-se mentores emocionais dos seus filhos mais pequenos. O autor
Goleman, reforça ainda que os anos pré-escolares são fundamentais para a aquisição destas
capacidades, no entanto não se pode esperar uma maturidade desproporcionada da criança
em relação à idade, uma vez que existe uma altura pré-programada de cada emoção para
aparecer no desenvolvimento da criança.

Segundo a fundadora da Escola da Parentalidade e Educação Positiva, Magda Gomes Dias,


ajudar as nossas crianças a desenvolver a sua inteligência emocional e usar a nossa própria
inteligência emocional é o caminho a seguir para o objectivo de criar crianças felizes. Uma
criança que é emocionalmente inteligente toma melhores decisões. E para se desenvolver a
inteligência Emocional o primeiro passo é aumentar a literacia emocional, para que as
emoções sejam melhor geridas. (Dias, 2016)

Segundo o autor Daniel Goleman, no seu livro Inteligência Emocional, as lições emocionais
devem estar dirigidas à fase de desenvolvimento da criança e ser repetidas nas fases
posteriores adaptadas às idades e de acordo com a compreensão e capacidade da criança.

O que se propõe neste trabalho é que se faça algo extra, que trará benefícios ainda maiores
em crianças que ainda não falam, benefícios que se irão perpetuar pela vida fora.

E porquê dar-nos ao trabalho de ensinar e modelar estas emoções em tão novos?

Porque desde cedo eles percebem e treinam o controlo do impulso. É-lhes dada a
oportunidade de “pedir” a bola do outro menino antes de ir lá e tirar. É-lhes dada a
oportunidade de “dizerem” que estão zangados, antes de morderem, de “dizerem” que estão
Tristes, porque querem a mamã, etc.

Segundo o pediatra Brazelton, aos 12 meses, ainda muito poucas palavras se conseguem
entender, apesar de estar em formação. O que acontece comummente de forma espontânea é
o apontar e usar a linguagem gestual, expressões faciais, como sinais nítidos de comunicação.
A criança está desejosa de aprender a falar e aos 15 meses mostram verdadeiras frustrações
por não serem capazes de conversar. Fazem gestos muito expressivos e compreendem quase
tudo o que lhes dizemos. (Brazelton, T. 2009). Seria um desperdício deixar passar esta fase sem
lhes dar as ferramentas para poderem comunicar, integrar conceitos, expressarem-se,

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arrumarem melhor as suas ideias e terem a oportunidade de darem início ao treino da


autorregulação e desenvolvimento emocional.

Como as creches podem integrar o Programa Baby Signs® e ajudar no


desenvolvimento emocional dos seus grupos de crianças?

Um dos benefícios encontrados no uso do Programa Baby Signs® em Centros Infantis foi a
redução de dentadas e outros comportamentos agressivos. Precisamente porque os
pequeninos ainda não têm a capacidade de falar, em muitas situações a tendência das crianças
é recorrerem a formas menos agradáveis de mostrarem o seu desacordo. E uma vez tornando-
se capazes de comunicar de forma mais eficaz as suas necessidades e emoções, têm a
oportunidade de parar, fazer o gesto, antes de partir logo para a acção. O que por sua vez dá
tempo ao adulto de perceber e criar empatia com a criança e ajudá-la a gerir a situação da
melhor forma.

O facto de o adulto ficar mais atento aos gestos, torna-o também imediatamente mais
responsivo e observador.

E é-nos dada a oportunidade enquanto adultos de lermos as suas emoções de forma


eficaz e ajudá-los a entender as suas emoções e o que fazer com elas.

Casos como o desta menina de 17 meses ajudam-nos a perceber o quanto eles são inteligentes
e capazes de aplicar o que lhes estamos a ensinar:

Uma manhã, enquanto as crianças chegavam ao Centro UC Davis, a Kara de 17 meses


viu o seu amigo Levi a começar a chorar quando a mãe tentava ir embora. Depois de
um momento, a Kara vira-se para a sua mãe, aponta para o Levi e faz o gesto de triste.
“Sim Kara, o Levi está a sentir-se triste esta manhã”, responde a mãe. Então a Kara vai
ter com o Levi e faz-lhe o gesto de peixe enquanto olhava para ele com ar preocupado.
Porquê? Porque quando ela própria está triste, a professora leva-a ao aquário para dar
de comer aos peixes para alegrá-la. A Kara não só percebeu o problema do Levi, como
estava a sugerir uma solução! (Em Baby Signs, Acredolo L. e Goodwyn, S.)

Exemplos como os da Kara, podem mostrar-nos a importância de ensinar sobre emoções.


Revela também o nível de “sofisticação” emocional adquirida que de outra forma estaria
escondida.

O primeiro passo será aprender a identificar e “falar” sobre os seus sentimentos, o que é um
passo gigante na direcção de aprender a controlá-los. E o segundo passo é o reconhecimento
nos outros.

Quando uma criança aprende a identificar um sorriso de outra criança no parque com o gesto
de Feliz, ou o ver num livro um pai e filho a abraçarem-se e fazer o gesto de Amor, essa criança
está a desenvolver uma competência – reconhecimento das emoções dos outros. O que é uma
competência fundamental para o desenvolvimento da simpatia, empatia e auto-controlo.

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Um Exemplo prático da integração do Programa Baby Signs® com a


Parentalidade e Educação Positivas

Num workshop para pais, na sequência de um exemplo do que fazer quando o nosso
bebé/criança faz-nos um gesto e em resposta correspondermos, como forma de reforçar o uso
do mesmo, uma mãe de uma menina de 15 meses perguntou-me:

“E quando ela faz-me o gesto de MAIS e é algo que já não lhe posso dar mais? Devo dar à
mesma para reforçar o gesto?”

Ora bem, se não é para dar porque já não há ou porque já chegou à “dose” limite seja do que
for, vamos sim reconhecer o gesto, reconhecer a vontade, criar empatia, o que não significa
fazer-lhe a vontade. É uma oportunidade que temos em mãos para educar de forma positiva,
mesmo que isso signifique passar por uma birra! E na verdade as birras são grandes
oportunidades que temos para lhes ensinar a ultrapassar as frustrações de forma cada vez
mais serena (mesmo que não seja agradável para o adulto!). Tal como a fundadora da Escola
da Parentalidade e Educação positivas indica, a firmeza, empatia e gentileza leva a limites
claros.

Podemos dar continuidade com algo do género:

“Querias mais, não é filha? Podes comer mais, depois do jantar. Agora vamos BRINCAR
(palavra + Gesto) com os teus animais preferidos.”

Reforçamos à mesma o gesto, reconhecemos a sua vontade e damos uma alternativa. Claro
que podemos esperar uma birra típica da idade, e não há nenhum problema nisso. Ela está no
seu processo, e nós estaremos aqui para ampará-la e ajudá-la a ultrapassar a sua frustração.

O uso do gesto com a palavra quando damos a alternativa, vai ajudar na compreensão da
actividade sugerida.

Se notarmos que a criança ficou triste ou zangada, podemos também ajudá-la a ler as suas
emoções, dizendo algo do género:

“Estou a ver que ficaste mesmo TRISTE/ZANGADA* (Palavra + Gesto) … queres um abracinho
para ajudar?”

Há crianças que correm para os braços abertos que convidam o abraço e há crianças que ainda
precisam de ficar um pouco mais no seu “canto”. Damos o tempo que elas necessitam e
mostramos estar disponíveis para qualquer mudança de ideias.

*Ver ANEXO B

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Conclusão

As crianças são “esponjas” sim e por isso acresce a responsabilidade do adulto reconhecer
(aprender sobre) as etapas do desenvolvimento, as necessidades de estímulos e aquisição de
mais conhecimento para saber guiá-las e orientá-las da melhor forma. E o fantástico disto tudo
é que neste processo tornamo-nos melhores pessoas.

Neste trabalho apresentou-se a proposta de se iniciar o trabalho do desenvolvimento do léxico


emocional antes dos 24 meses, uma vez que esse é o primeiro passo para desenvolver a
inteligência emocional. No entanto, isto é apenas o início! Como o autor Goleman indica, à
medida que a criança cresce vamos adequando as aprendizagens à sua capacidade,
competência e maturidade. A autora Magda Gomes Dias, apresenta ferramentas para alargar o
léxico emocional através da conhecida flor de Plutchik no seu livro “Crianças Felizes”, o que
recomendo a leitura para se dar continuidade ao trabalho iniciado, proposto no presente
documento.

A capacidade dos bebés aprenderem a fazer gestos muito antes de conseguirem falar, pode
ser usada a favor do seu desenvolvimento emocional. O uso do Programa Baby Signs® pode ser
visto como uma ferramenta de base para se dar início à integração dos pilares da filosofia da
Parentalidade e Educação positivas ao longo da vida da criança. A metodologia da linguagem
gestual para bebés faz com que o adulto esteja próximo, atento e responsivo desde muito
cedo. Por vezes acontece com alguns pais não saberem muito bem o que “fazer” com um
bebé, antes deste conseguir chutar uma bola ou brincar às escondidas e pode passar ao lado a
oportunidade de vincular-se de forma gratificante e numa fase tão crucial para o seu
desenvolvimento emocional. Os gestos com os bebés mostram o quanto eles podem expressar
as suas emoções, muito mais do que seria suspeito. Uma vez os bebés estando a fazer gestos
no seu dia a dia, eles podem comunicar de forma bastante precisa o que poderão estar a
sentir.

E por fim deixo uma nota das queridas Fundadoras do Programa Baby Signs®, que se
encontram totalmente alinhadas com a filosofia da escola desta prós-graduação:

“Os bebés que fazem gestos aprendem muito cedo na sua vida que os seus pensamentos e
sentimentos são importantes e serão ouvidos. Como resultado de serem eficazes a comunicar
para o mundo, as crianças desenvolvem atitudes positivas em relação aos outros – e em
relação a si próprias. Elas descobrem que aprender é divertido, que o mundo é um lugar
maravilhosamente interessante e que é imensamente recompensador partilhar as suas
fascinantes descobertas com aqueles que amamos.” Em Baby Signs (2009), Linda Acredolo e
Susan Goodwyn.

E não é disto mesmo que se trata a Parentalidade e Educação Positivas?

Muito obrigada Magda, por fazeres chegar a Parentalidade positiva a tantas famílias, e
particularmente à minha família! No que depender de mim, as famílias e profissionais que se
cruzarem com o Programa Baby Signs® conhecerão também a Escola da Parentalidade e
Educação Positivas. Só assim faz sentido.

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Bibliografia

Acredolo, L. e Goodwyn, S. (2008) – ICI Handbook, Baby Signs Inc.

Acredolo, L. e Goodwyn, S. (2009) – Baby Signs, How to talk with your baby before
your baby can talk

Acredolo, L. e Goodwyn, S., (2000) – The long-term impact of symbolic gesturing


during infancy on IQ at Age 8. International Society for infant Studies, Brighton, United
Kingdom.

Baby Signs In. (2004) – Baby Scooter’s Feeling Signs.

Brazelton, T. (2009) – O grande livro da Criança, Editorial Presença, 11ª Edição.

D’Oliveira, S. (Agosto 2017) - Entrevista à Dra. Linda Acredolo – Youtube: Interview


with Dr.Linda Acredolo – Co-founder of the Baby Signs® Program

Dias, M. (2016) – Crianças Felizes. 4ª Edição, A esfera dos livros.

Dias, M. (2017) – Manual do Formando, Pós-graduação, Escola da Parentalidade &


Educação Positivas

Goleman, D. (1995) – Inteligência Emocional, Editora Temas e Debates.

Goodwyn, S., Acredolo, L., Brown, C., (2000) – Impact of symbolic Gesturing on early
language development. Journal of nonverbal behavior, 24: 81-103.

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ANEXOS

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ANEXO A

Tabela Prática do Desenvolvimento da Linguagem, L. Acredolo e S. Goodwyn (2008)

COMPREENSÃO
Idade Desenvolvimento da Compreensão da
Linguagem
4 meses Responde apropriadamente à emoção do
padrão específico de entoação
6 meses Responde apropriadamente à emoção do
padrão específico de entoação
8 meses Começa a compreender algumas palavras
importantes para ele
12 meses Compreende em média 25 palavras e
segue indicações simples
18 meses Compreende em média 100 palavras e
segue indicações mais complexas
+18 meses Tempo de explosão

EXPRESSÃO
Idade Desenvolvimento da Expressão da
Linguagem
Do Nascimento às 6 semanas período do choro
6 semanas a 4 meses produção de sons interessantes (ooh, aah)
A partir dos 4 meses até às palavras Balbuciar (consoantes e vogais). A partir
dos 7 meses juntam sílabas iguais
(babababa)
12 meses A primeira palavra de verdade
12-18 meses Crescimento lento do vocabulário – Os
gestos preenchem o espaço em falta!
18 meses Aumento de vocabulário – em média o
bebé tem cerca de 50 palavras (mas é
comum haver bebés com 5 ou com 150) –
a explosão de vocabulário é muito comum
em crianças que fazem gestos (o trabalho
já foi feito)
19 meses Formar frases – começam a combinar as
palavras, marcando o início da gramática.

É comum crianças que usam gestos


começarem a formar frases mais cedo,
por terem já uma grande experiência em
combinar gestos ou gestos e palavras

Por esta altura a maioria dos bebés que


fazem gestos transitam para a fala, apesar
de por vezes ainda recorrerem a gestos
(p.e. quando têm a boca cheia)

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ANEXO B

Sugestões de Gestos para desenvolver o Léxico Emocional

TRISTE – colocar um ou dois dedos indicadores na cara e fazer como se


descessem lágrimas dos olhos (acompanhar com a expressão facial)

MEDO/ASSUSTADO - Colocar as duas mãos abertas no peito e fazer o


movimento como se estivesse a proteger o corpo (acompanhar com a expressão facial)

FELIZ – colocar uma mão junto ao peito e subir em direcção ao queixo ou ombro
(acompanhar com a expressão facial)

ZANGADO – colocar a mão em forma de garra, aproximar da cara e afastar


(acompanhar com a expressão facial)

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ANEXO C

Uma pequena ajuda para treinar a literacia emocional em crianças de menos de 2 anos

Além das oportunidades do dia a dia para indicar ou reconhecer as emoções, podem ser
criados momentos para se reforçar a aprendizagem dos nome das emoções.

Há pequenas histórias que as crianças mais novas já conseguem seguir, em que abordam as
emoções de forma simples e repetida ao longo da história. Um dos livros do Programa Baby
Signs “As emoções do Espigas” fala precisamente de um dos 5 personagens dos bebés “Os
fraldinhas”, o Espigas, que vai passear com o seu cão e ora está feliz a brincar à bola, ora fica
zangado quando a mãe o chama para entrar em casa, depois fica triste por ter de ir para a
cama e depois feliz porque o seu cão espreita por baixo da manta ou com medo quando fica
tudo escuro, etc… tudo com imagens coloridas e claras de expressões, que dá à criança a
oportunidade de reconhecer e repetir os gestos junto ao adulto que a conta.

Outra ferramenta ao nosso alcance são canções infantis que podem ser adaptadas ao que
queremos ensinar e reforçar. As crianças pequenas são muito receptivas a canções, e ainda
mais se vierem coreografadas de gestos, tal como é com a famosa canção “Doidas doidas
andam as galinhas”. A aprendizagem dos gestos com canções é altamente eficaz, e pode e
deve ser usada como forma de ensinar gestos que possam ser úteis. E quando menos se
espera a criança estará a aplicar o gesto no momento em que necessita.

Dica: para quem queira usar os gestos das emoções, deve saber que quanto mais habituada
estiver a criança a usar gestos noutros contextos, mais rápida será a sua aprendizagem na
aplicabilidade dos gestos relacionados às emoções. A melhor forma de aprender a usar o
Programa Baby Signs® é através de workshop para pais ou educadores de 1ª Infância (todos os
eventos em www.babysigns.pt ).

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