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ALIANÇA TERAPÊUTICA

Construindo uma relação eficaz


Tópicos da apresentação

1. O que é uma aliança terapêutica?.


2. Demonstrando boas habilidades terapêuticas.
3. Compartilhando sua conceituação e o plano de tratamento.
4. Tomando decisões colaborativamente.
5. Buscando feedback.
6. Variando o seu estilo.
7. Ajudando o paciente a aliviar a angústia.
8. Possíveis dificuldades no estabelecimento da aliança em TCC
1. O que é uma aliança terapêutica?

A aliança terapêutica é um elemento fundamental no


processo psicoterapêutico, pode ser resumida como uma
relação que se estabelece entre o terapeuta e o paciente
(OLIVEIRA; BENETTI, 2015, p. 126).

A relação terapêutica na TCC é pautada por um


empirismo colaborativo, que sinteticamente significa que
paciente e terapeuta trabalham juntos para investigar as
cognições, afetos e comportamentos do paciente.
1. O que é uma aliança terapêutica?
(Continuação)

É um conceito importante em todas as abordagens


de psicoterapia, não está restrita a TCC, está
diretamente ligada ao sucesso da psicoterapia e
negligenciá-la pode culminar na ruptura desta relação e
possível abandono da psicoterapia.

Bernard Rangé, em uma entrevista para uma revista


especializada em TCC, disse que a capacidade de
estabelecer uma aliança terapêutica eficiente, unindo
isso a um conhecimento e emprego das técnicas
terapêuticas da TCC são os dois elementos
fundamentais para a evolução de um terapeuta
(MYAZAKI, 2010, p. 207).
2. Demonstrando boas habilidades
terapêuticas

É crucial para a construção dessa relação a empatia,


afeto e autenticidade, conforme Wright, Basco e Thasse
(2008, p. 34.)

Um tratamento humano levará em consideração o que


o outro sente e deve-se demonstrar ao paciente que, de
fato, você se importa com ele.

É importante compreender melhor esses três


elementos: empatia; afeto e autenticidade na construção
desta aliança.
Empatia: “a empatia envolve a capacidade de colocar-se no
lugar do paciente de modo a ser capaz de intuir o que ele
está sentindo e pensando e, ao mesmo tempo, manter a
objetividade para discernir possíveis distorções (...)”
(WRIGHT, BASCO e THASSE. 2008, p. 34). “Você os trata
como gostaria de ser tratado” (BECK, Judith. 2013).

Autenticidade: Suas emoções devem ser coerentes, legítimas


e não fingidas. Você deve expressar suas emoções na relação
com o cliente, mas elas devem ser verdadeiras, não forçando
uma compreensão antes que você tenha certeza que
compreende o quanto aquele problema aflige o paciente
(Wright, Basco e Thasse. 2008, p. 34).
Afeto: dentro do contexto apresentado por Wright, Basco
e Thasse, o afeto estaria ligado à carga emotiva trazida
pelo cliente em seu discurso, verbal e não verbal
(expressões faciais, gestos, etc.). Um certo
distanciamento ante a um relato carregado de emoção
pode dar a compreensão de que o terapeuta é frio e
distante e comprometer a aliança terapêutica.
Demonstrar afeto é acolher o paciente, não somente
verbalmente, mas também com suas emoções.

Beck (2013): “Você se esforça para ser um bom ser


humano no consultório com seus pacientes.”
Exercício para avaliar a qualidade da
relação com o paciente:

Beck propõe que o terapeuta transmita algumas


mensagens de modo autêntico ao paciente, tais
mensagens servem para avaliar a qualidade do
acolhimento. Se não puder transmiti-las honestamente
você deverá trabalhar isso em sua supervisão. São estas:

• Eu me importo com você e o valorizo.


• Eu quero entender o que você está passando e ajudá-
lo.
• Estou confiante de que juntos poderemos trabalhar
bem e que a terapia cognitivo-comportamental irá
ajudá-lo.
• Eu não estou sobrecarregado com os seus problemas,
muito embora você possa estar.
3. Compartilhando sua conceituação e
plano de tratamento.

Você deve compartilhar sua conceituação cognitiva


com o cliente e buscar a confirmação dele para verificar
se você entendeu bem. Isso faz com que o paciente saiba
que você o compreendeu de fato e que suas reações, as
de empatia e afeto sejam melhor aceitas, pois é
presumível que são legítimas.

“Solicitar o feedback do paciente fortalece a aliança e


permite que você o conceitue com mais precisão e
conduza um tratamento efetivo” (BECK, J. S. 2013)
4. Tomando decisões colaborativamente.

Como dito antes, a relação terapêutica na TCC é


fundamentada em um empirismo colaborativo, isto
significa que as decisões sobre o melhor caminho a ser
tomado são deliberadas entre o terapeuta e o paciente.

“Você apresentará justificativas racionais para as


intervenções e solicitará a aprovação dele (...) Vocês
agem constantemente como uma equipe” (BECK, J. S.
2013).
5. Buscando feedback

“Você vai estar constantemente alerta às reações


emocionais do seu paciente durante a sessão,
observando suas expressões faciais, linguagem corporal,
escolha das palavras e tom de voz” (BECK, J. S. 2013). Ao
perceber essas alterações você poderá pontuar que você
percebeu mudanças no humor e perguntar o que estava
passando pela cabeça do paciente, o que é uma
oportunidade de compreender os pensamentos
disfuncionais e como estão relacionados com suas
emoções, além de fortalecer o vínculo.
6. Variando o seu estilo.

Como resultado da sua percepção das respostas do


cliente em relação ao seu atendimento acolhedor, empático
e afetuoso, pode ser que alguns pacientes reajam de modo
distinto, embora a maioria responderá positivamente a esse
ambiente, pode ser que algum paciente responda
negativamente a um suposto demasiado interesse. Assim
como o paciente pode interpretar quando você não é
afetuoso, acolhedor e interessado, como um terapeuta frio
e insensível, uma percepção de que há um interesse em
demasia pode gerar algum desconforto e afastamento, uma
ruptura na aliança. É importante estar atento e variar o
estilo, demonstrando-se interessado, porém, quando
necessário, de forma comedida.
7. Ajudando o paciente a aliviar a angústia

“Uma das melhores maneiras de fortalecer a relação


terapêutica é sendo um terapeuta cognitivo-
comportamental eficiente e competente. Pesquisas
demonstraram que a aliança se fortalece quando a
sintomatologia do paciente diminui” (BECK, J. S. 2013).

Quando o paciente experimenta melhora na


sintomatologia, já no início do tratamento, a aliança se
fortalece. Imaginemos um paciente deprimido, com
crenças disfuncionais sobre si e duvidoso em relação à
possíveis mudanças de sua condição, após as primeiras
sessões este paciente percebeu que seu humor sofreu
alterações positivas, a crença dele na eficácia da terapia e
8. Possíveis dificuldades no
estabelecimento da aliança em TCC

Até agora não foi considerado algumas possíveis


dificuldades, sobretudo por parte do paciente, para o
estabelecimento de uma aliança terapêutica.

Wright, Basco e Thasse (2008, p. 42.) apresenta o


conceito de transferência na TCC, sobre isso diz:
“O conceito de transferência deriva-se da psicanálise
e da psicoterapia psicodinâmica, mas é
substancialmente revisado na TCC para ser consistente
com as teorias e métodos
cognitivo-comportamentais”
“O foco não está nos componentes inconscientes da
transferência ou nos mecanismos de defesa, mas sim nas
maneiras habituais de pensar e agir que são repetidos no
setting terapêutico. Por exemplo, se um homem tem uma
crença nuclear profunda de que ‘deve estar no controle’ e
padrões de comportamento arraigados de controlar os
outros, ele pode reproduzir essas mesmas cognições e
comportamentos no relacionamento terapêutico” (WRIGHT,
BASCO e THASSE. 2008, p. 42).

No ato de repetir no setting terapêutico cognições e


comportamentos similares as que tem fora, certamente
dará uma ideia de como é a relação deste paciente e seus
familiares, amigos etc. Isso pode ser usado pelo terapeuta,
mas, às vezes, ao custo de ser afetado.
O processo de contratransferência na TCC está
diretamente ligado a essa ativação no terapeuta de
pensamentos automáticos, respondentes emocionais
que possam dificultar o estabelecimento da aliança e
prejudicar a terapia.

Outro fator a ser considerado é que pacientes de


eixo II (referência ao diagnóstico multiaxial DSM V),
que inclui transtornos de personalidade. Também
pacientes esquizofrênicos, entre outras condições
clínicas e transtornos, podem trazer algum grau de
dificuldade na construção de uma aliança terapêutica.
Referência Bibliográfica

ANDRETTA, Ilana; OLIVEIRA, Margareth da Silva (Orgs.). Manual Prático de Terapia Cognitivo Comportamental. 1. ed. Porto Alegre: Casa
do Psicólogo, 2011.

BECK, J. S. Terapia Cognitiva-Comportamental: teoria e prática. 2ª Ed. Porto Alegre. Artmed, 2013.

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Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872010000100012&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  05 
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OLIVEIRA, Natacha Hennemann; BENETTI, Sílvia Pereira da Cruz. Aliança terapêutica: estabelecimento, manutenção e rupturas da
relação. Arq. bras. psicol.,  Rio de Janeiro ,  v. 67, n. 3, p. 125-138,   2015 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
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ROCHA, Luiz Fellipe Dias da; OLIVEIRA, Evlyn Rodrigues; KAPPLER, Stella Rabello. A contratransferência na Terapia Cognitivo-
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WRIGHT, J. H., BASCO, M. R., & THASE, M. E. Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental: um guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed.
2008.

YOUNG, J.E., KLOSKO, J.S. & WEISHAAR, M. E. Terapia do esquema. Guia de técnicas cognitivo comportamentais inovadoras. Porto
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