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O falso altruísmo: a

emboscada do narcisista
O falso altruísmo dá forma a uma das hipocrisias mais prejudiciais e

comuns. São aquelas pessoas conhecidas como “salvadoras da pátria”: pessoas

que realizam favores não para fazer o bem, mas para nutrir seu pró prio bem-

estar. Estamos, sem dú vidas, diante da clá ssica emboscada narcisista, na qual a

pessoa é capaz de manipular o “ajudado” até transformá -lo em um autê ntico

escravo emocional.

Por mais peculiar que pareça, sã o muitos os psicó logos que aconselham sobre a

importâ ncia de refletir sobre isso. O altruísmo puro e desinteressado nem

sempre é algo natural. Nem todos estamos conectados por uma

autê ntica empatia, apesar de sabermos claramente que o comportamento

cooperativo, como tal, nos permitiu sobreviver como espé cie.


“Um grande erro: crer-se mais importante do que se é e estimar-se menos do que se
vale”.
– Goethe –
O falso altruísmo convive de forma aberta entre nó s. Há quem demonstre uma
amabilidade extrema, interesse e atenção por nós com a finalidade de conseguir
algo em troca.

Os políticos fazem isso, alguns familiares e chefes de grandes empresas

també m fazem isso com seus empregados, pois sabem que a amabilidade e o

interesse melhoram a eficá cia do trabalho. Até que, naturalmente, chega o dia

em que o empregado fica doente ou tem uma emergê ncia familiar e o altruísmo

do chefe some do nada.

Existem, como vimos, mú ltiplos interesses escondidos por trá s de atos de

aparente empatia solidá ria aos quais devemos nos manter alertas. E mais, nós

também podemos estar usando muitos destes comportamentos


inconscientes que esboçam, no fim das contas, uma personalidade narcisista,

que muitas vezes nem percebemos.


O falso altruísmo e a sociedade
narcisista
Imaginemos uma mã e ou um pai de família que dedica uma atençã o exclusiva a

seus filhos. Estes, por sua vez, já sã o crescidos, estã o emancipados e tentam,

com dificuldade, impor certa distâ ncia dessa figura à s vezes intrusiva, que sob

a necessidade de prestar ajuda, nã o deixa espaço para a liberdade.

Essa mã e ou esse pai sã o conscientes de que seu filho pode se virar sozinho

perfeitamente, no entanto, precisam demonstrar uma atençã o contínua para se

sentir melhor, para receber validaçã o.

Isso é algo tão comum que não é estranho saber de alguém próximo que tenha
vivido esta situação na própria pele. No entanto, a realidade pode ser muito

mais complexa se olharmos alé m do nosso entorno familiar. Uma boa parte da

nossa sociedade pratica esse falso altruísmo nutrido pelo pró prio narcisismo.

Por outro lado, a sociologia diz que nosso mundo é cada vez mais narcisista e

que a geraçã o do “eu e eu mesmo” vem aumentando cada dia mais. Pode

parecer, sem dú vidas, desencorajador, mas nossas redes sociais, os canais de

YouTube ou as tantas contas pessoais de Instagram, por exemplo, aumentam

essa necessidade de chamar a atençã o; “olhem para mim!”, “me sigam!”,

“deixem um like!” – as pessoas sã o alimentadas com reforços positivos.


Por outro lado, não faltam também famosos que, através de suas redes sociais, mostram
seus atos altruístas, seus compromissos com diversas causas sociais ou suas
colaborações com diversas organizações, ONGs, etc. Na maior parte das vezes trata-se
apenas de uma “venda de imagem”. Essas pessoas praticam um falso altruísmo com o
objetivo de nos convencer de suas bondades.

Os 5 pontos do falso altruísmo


Assim como pudemos ver acima, o mais desejado para a nossa sociedade é essa

dimensão que todos nós deveríamos praticar diariamente: a empatia solidária.


Amin Maalouf , conhecido escritor franco-libanê s e especialista em problemas

sociais, discriminaçã o e conflitos é tnicos, indica que educar desde a infâ ncia

em empatia ajudaria a construir uma humanidade mais solidá ria. No

entanto, as dinâmicas atuais nos empurram cada vez mais em direção a um

narcisismo desordenado e prejudicial.

O falso altruísmo está aí, refletindo uma prá tica a mais da personalidade

narcisista e que, portanto, devemos saber reconhecer. Estas seriam suas

principais características:

 Este tipo de altruísmo, com seus atos de falsa ou interesseira bondade, é


sempre governado a partir de uma posição de poder. “Eu sou superior a
você e a minha generosidade, queira ou não, o faz submisso a mim”.
 Às vezes, praticam uma forma de ajuda quase compulsiva com a
finalidade de cuidar e dar mais visibilidade ao seu “eu ideal”.
 Muitas vezes, com seu altruísmo, tentam dar a entender que, se não
fosse por eles, nós não seríamos capazes de sobreviver ou de solucionar
nossos problemas.
 Sendo assim, não podemos nos esquecer de que são grandes
manipuladores. Chantageiam e manipulam o “ajudado” até colocá-lo em
verdadeiras emboscadas emocionais.
Para concluir, apesar de todos nó s sermos importantes, ú nicos e

excepcionais, não podemos nos esquecer nunca do nosso compromisso com os

outros, do sentido de cooperaçã o e do grande valor emocional que pode vir de

uma autê ntica empatia solidá ria, sem interesses escondidos.


O que é altruísmo?
O altruísmo é considerado como um comportamento chamado de pró-social.  O
que é um comportamento pró-social? É aquele que você realiza através de uma
motivação para ajudar outra pessoa sem que você tenha uma expectativa de
recompensa. Trata-se de uma atividade voluntária em benefício de alguém. 
Já nascemos com o altruísmo ou precisamos
desenvolvê-lo?
O altruísmo é inato? Ou se desenvolve durante a vida?  As pesquisas mostram que
há uma mescla entre o fator genético e o ambiente. 
Logo, tanto questões pessoais relacionadas à personalidade e temperamento, 
quanto questões ambientais, que versam sobre a relação desse sujeito com o
ambiente, podem moldar características pró-sociais ou altruístas.
O que mostram as pesquisas? 
Pesquisas mostram que crianças pré-escolares já apresentam alguns
comportamentos pró-sociais. Comportamentos de compartilhamento de recursos
com pessoas próximas ou comportamentos de reciprocidade em que a criança
compartilha brinquedos com crianças que também o fazem. 
Com efeito, já podemos perceber que desde mais ou menos os dois ou três anos as
crianças já apresentam comportamentos pró-sociais.

Mas as pesquisas não param por aí! Também identificaram que crianças com pais
que demonstravam afeto, que tinham formas de disciplinar e de educá-las muito
mais afetivas e muito mais encorajadoras, apresentando inclusive comportamento
familiar com atitudes altruístas e benéficas em benefício de outrem, tendem a
apresentar comportamentos pró-sociais de forma muito mais frequente do que as
outras. 
Além disso, crianças que também apresentavam comportamentos pró-sociais
durante a fase pré-escolar, 17 anos depois tenderam a continuar apresentando este
comportamento. 
Desenvolver os comportamentos pró-sociais é o que nós adultos e pais
podemos fazer. Precisamos reforçar essas ações e ser modelos de vinculação
positiva para a perpetuação deste tipo de comportamento através do nosso
modelo, do nosso desenvolvimento pessoal, da nossa revisão das expectativas
em relação às outras pessoas e revisão em relação ao nosso próprio egoísmo e
nossas características pessoais, que nos impedem de ajudar as outras
pessoas.  
Vamos, uns com os outros, mudar a forma como nos ajudamos e como somos
modelos de influência para as crianças, porque através dos nossos
comportamentos característicos e dos nossos reforçamentos enquanto figuras
importantes para essas crianças é que podemos mudar também uma sociedade do
futuro e moldá-la para um convívio de pessoas muito mais altruístas, que ajudem o
outro e que não se sufoquem em seu próprio egoísmo.
Está com dificuldade de rever suas ações no comportamento com os outros?
Acredita que existe empecilhos e pedras neste caminho? Precisa de ajuda para
compreender melhor tudo isso e tomar novos rumos para o desenvolvimento
pessoal? Então, agende uma consulta e vamos conversar um pouco mais sobre
isso!

Referências

Guimarães, Renan Kois, and Carolina Laurenti. “O estudo do altruísmo na Análise do


Comportamento.” Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva (2019).
Singer, Peter. O Maior Bem que Podemos Fazer-Como o altruísmo eficaz está a
mudar as ideias sobre viver eticamente. Leya, 2018.

O altruísmo egoísta
UM DOS GRANDES ENIGMAS no estudo da evolução humana é a
tendência que temos de nos indignar com abuso de poder. Por que
consideramos correto ajudar os indefesos que sofrem assédio e
extorsão por parte dos mais fortes? Por que às vezes alternamos nosso
instinto egoísta de sobrevivência por essa índole altruísta? Essa
discussão, que ainda está longe de ter consenso entre biólogos e
antropólogos, acaba de ganhar uma teoria matemática mostrando
como o altruísmo pode surgir de puro egoísmo.

Se a seleção natural beneficia os indivíduos que obtém mais recursos


para sobreviver, alimentar-se, reproduzir-se, etc, por que alguns
arriscam sua pele para proteger outros mesmo quando não obtém
benefício direto? Por que não se concentram apenas em atuar em
benefício próprio?

A evolução dá aos seres vivos, claro, incentivos para defender seus


descendentes e até mesmo parentes mais distantes. Isso significa, em
resumo, garantir a propagação de seus próprios genes –“genes
egoístas”, nas palavras do biólogo Richard Dawkins. Mas por que um
ser ajudaria um estranho só por sentir pena? Por que, em última
instância, desenvolvemos o sentimento de pena?

Em 1962, o zoólogo inglês V.C. Wynne-Edwards propôs a ideia de que a


unidade submetida à evolução seria o grupo, e não o indivíduo, criando
o conceito de “seleção de grupo”. Essa teoria permitiria explicar a
emergência do altruísmo, pois um grupo que coopera entre si seria
mais apto a sobreviver do que um grupo sem sinergia. Essa ideia,
porém, acabou saindo de moda na década de 1980 após ser atacada por
Dawkins e outros biólogos.

O principal defeito da “seleção de grupo” é que ela não explica como os


indivíduos que investem esforço em nome do altruísmo se tornam mais
propensos a deixar descendentes. Mesmo que o grupo sobreviva para
superar outros grupos –para “evoluir” enquanto grupo–, a tendência
inata a ajudar o próximo não seria passada à frente, pois o indivíduo
que se arriscou para ajudar o grupo não obteve vantagem pessoal com
isso.

Uma teoria interessante desenvolvida agora pelo biomatemático Sergey


Gavrilets, da Universidade do Tennessee em Knoxville, sugere como
contornar esse problema. Em um estudo na edição de hoje da revista
“PNAS”, ele mostra como um indivíduo pode obter benefícios pessoais
ao evitar que alguém poderoso tome recursos de um fraco (por
“recursos”, entende-se principalmente alimento e fêmeas).

Se o indivíduo mais apto à sobrevivência é o que detém mais recursos


em comparação a outros, aquele que vai em auxílio dos menos aptos
contribui para que a distribuição de recursos no resto de seu grupo seja
mais homogênea. Isso diminui a probabilidade de que esse outro
indivíduo tirânico o ultrapasse na competição por recursos.

A ideia é relativamente simples, mas esse tipo de interação tem um


bocado de complexidade quando se leva em conta o tipo de reação e a
evolução de comportamento dos déspotas. Gavrilets, porém, conseguiu
desenvolver um modelo matemático completo para explicar como a
“síndrome igualitária” –a porpensão de um indivíduo a ajudar um
outro contra abuso dos poderosos– evolui. Seu estudo indica que essa
tendência  se fortalece com o tempo de evolução, e ainda pode ser
“turbinada” por práticas culturais.

Esse fenômeno, porém, só ocorre sob algumas condições. “O efeito é


mais forte dentro de grupos pequenos e que tenham hierarquias pre-
existentes mais rígidas”, escreve o cientista. “Quanto mais confiável é a
avaliação da força [alheia], mais provável é o comportamento de
ajuda.”

O contexto social em que a síndrome igualitária pode ter evoluído é


bastante similar àquele em que vivem alguns tipos de macaco, diz
Gavrilets. Possivelmente os ancestrais humanos que começaram a
moldar nosso comportamento milhões de anos atrás também eram
grupos pequenos com hierarquias rígidas. O tipo humano de altruísmo
já foi observado em chimpanzés, nosso primos-primatas mais
próximos, e é plausível que uma inteligência maior contribua para
fortalecer o efeito da síndrome igualitária.

O que chama à atenção no estudo de Gavrilets é que, se sobreviver ao


debate científico no futuro, sua implicação deve ir além do
conhecimento sobre a evolução em si. A síndrome igualitária, afinal, é
apenas um nome técnico para explicar alguns valores cristãos que
fazem parte de nossa percepção inata de justiça. Essa perspectiva
humanista não depende de religião, claro, mas a biologia ainda não
sabe explicar de maneira completa a origem dos nossos valores morais.

“Identificar a dinâmica dos instintos sociais igualitários controlados


pela genética e suas raízes evolutivas é um passo necessário para
compreendermos melhor a origem do senso de certo e errado que é
único aos humanos”, afirma Gavrilets.
Personalidade
“Protagonista”
Tudo o que você faz agora emana para fora e

afeta todo mundo. Sua postura pode fazer seu

coração brilhar ou transmitir ansiedade. Sua

respiração pode irradiar amor ou encher o quarto

de depressão. Seu olhar pode acordar a

felicidade. Palavras podem inspirar a liberdade.

Cada ação pode abrir os corações e as mentes.

DAVID DEIDA

Protagonistas são líderes naturais, cheios de paixão e

carisma. Formando cerca de dois por cento da

população, essas personalidades são muitas vezes

nossos políticos, nossos treinadores e nossos


professores, estendendo a mão e inspirando outros

para conseguir e fazer o bem no mundo. Com uma

confiança natural que gera influência, Protagonistas tem

um grande orgulho e alegria em guiar os outros a

trabalharem juntos para melhorar a si mesmos e sua

comunidade.

Crentes Convictos em Pessoas


As pessoas são atraídas às personalidades fortes, e os

Protagonistas irradiam autenticidade, preocupação e

altruísmo, eles não tem medo de se levantarem e

falarem quando sentem que algo precisa ser dito. Eles

acham natural e fácil de se comunicarem com os

outros, especialmente em pessoa, e sua natureza

perspicaz ajuda as pessoas com a personalidade

Protagonista alcançarem cada mente, seja através de


fatos e lógica ou emoção crua. Protagonistas

conseguem ver facilmente as motivações das pessoas

e aparentemente eventos desconectados, e são

capazes de reunir essas ideias e comunicá-las como

um objetivo comum e com uma eloquência que é nada

menos do que hipnotizar.

O interesse que os Protagonistas têm nos outros é

genuíno, é quase como uma falha – quando pessoas

com esse tipo de personalidade acreditam em alguém,

podem se envolver demais com os problemas da outra

pessoa, e depositam muita confiança neles. Felizmente,

essa confiança tende a ser uma profecia

autorrealizável, como o altruísmo dos Protagonistas e a

autenticidade inspira aqueles com os quais se

preocupam a melhorarem. Mas se essas

personalidades não forem cuidadosas elas podem


exagerar seu otimismo, às vezes empurrando outros

mais longe do que estão prontos ou dispostos a irem.

Os Protagonistas também são vulneráveis a uma outra

armadilha: estes têm uma tremenda capacidade de

refletir e analisar seus próprios sentimentos, mas se

eles se envolvem demais na situação de outra pessoa,

podem desenvolver uma espécie de hipocondria

emocional, vendo os problemas das outras pessoas em

si mesmos, tentando consertar algo em si que não está

errado. Se essas personalidades chegarem a um ponto

aonde são limitadas por cause de uma coisa que uma

outra pessoa está vivendo, isso poderá impedir a

capacidade dos Protagonistas de verem além do dilema

e poderem ajudar. Quando isso acontece, é importante

que os Protagonistas recuem e usem essa

autorreflexão para distinguir entre o que realmente


sentem e o que é uma questão separada que precisa

ser olhada por outra perspectiva.

...A Luta Não Deve Nos Desviar


do Apoio à Uma Causa Que
Acreditamos Ser Justa
Os Protagonistas são genuínos, pessoas

atenciosas que falam e agem, e nada os torna

mais felizes do que liderar, unindo e motivando

sua equipe com um entusiasmo infeccioso.

Pessoas com o tipo de personalidade Protagonista são

altruístas apaixonadas, o que pode até ser uma falha, e

eles provavelmente não tem medo de receberem

bodoques e flechas, enquanto defendem as pessoas e

ideias nas quais acreditam. Não é de admirar que

muitos Protagonistas famosos sejam líderes políticos e


culturais influentes – este tipo de personalidade quer

levar o caminho para um futuro mais brilhante, seja

levando uma nação à prosperidade ou levando sua

equipe de softball da liga menor à uma vitória pela qual

tiveram que lutar.

Pontos fortes e fracos


Pontos fortes do protagonista
(ENFJ)

 Receptivo – Os protagonistas têm opiniões

fortes, mas estão longe de ter a mente

fechada. Eles reconhecem a importância de

permitir que os outros se expressem

plenamente. Mesmo quando os protagonistas

não concordam com alguém, eles


reconhecem o direito dessa pessoa de

expressar sua verdade.

 Confiável – Poucas coisas incomodam mais

os Protagonistas do que a perspectiva de

decepcionar uma pessoa ou causa na qual

eles acreditam. Pessoas com esse tipo de

personalidade podem ser confiáveis para

cumprir suas promessas e responsabilidades

– mesmo quando é difícil fazê-lo.

 Apaixonado – Os protagonistas estão longe

de serem benfeitores chatos. Esses tipos

transbordam de interesses e têm grande

prazer em perseguir seus hobbies – seja

caminhar, cozinhar, dançar, cultivar plantas

de casa ou algo completamente


diferente. Como resultado, eles raramente

ficam sem algo interessante para fazer.

 Altruísta – Essas personalidades são

conhecidas por abrigar um profundo desejo

de ser uma força para mudanças

positivas. Os protagonistas acreditam

genuinamente que, se unirem as pessoas,

podem fazer um mundo de bem.

 Carismáticos – Determinados e inspiradores,

os protagonistas geralmente encontram seu

caminho para cargos de liderança. Sejam

eles capitães de seu time de softball ou

líderes no cenário mundial, raramente

perdem de vista seu objetivo principal: servir

aos outros.
Pontos fracos do protagonista
(ENFJ)

 Irrealista – Muitos Protagonistas se

pressionam para corrigir todos os erros que

encontram. Mas não importa o quanto essas

personalidades se esforcem, simplesmente

não é realista para elas resolver todos os

problemas do mundo. Se eles não forem

cuidadosos, eles podem se espalhar demais

– e ficar incapazes de ajudar alguém.

 Excessivamente idealista – Os

protagonistas tendem a ter ideias claras

sobre o que é certo e o que é errado. Eles

geralmente pensam que todos compartilham


esses princípios fundamentais – ou, pelo

menos, que todos deveriam compartilhar

esses princípios. Portanto, pode ser um

choque genuíno para os protagonistas

quando as pessoas violam seus valores

centrais, como verdade ou justiça.

 Condescendente – Pessoas com esse tipo

de personalidade gostam de ensinar aos

outros, principalmente sobre as causas e

crenças que são tão importantes para

elas. Mas, às vezes, as tentativas dos

Protagonistas de “iluminar” os outros podem

parecer paternalistas – não é a estratégia

mais eficaz para persuadir outras pessoas,

infelizmente.
 Intenso – Quando se trata de auto-

aperfeiçoamento, os protagonistas raramente

têm pouca energia ou determinação. Mas

eles podem não reconhecer que nem todos

compartilham essas qualidades. Às vezes, os

Protagonistas podem pressionar outros a

fazerem mudanças para as quais não estão

prontos – ou simplesmente não estão

interessados em fazer em primeiro lugar.

 Excessivamente empático – A compaixão

está entre os maiores pontos fortes desse

tipo de personalidade. Mas os Protagonistas

tendem a assumir os problemas de outras

pessoas como seus – um hábito que pode

deixá-los emocional e fisicamente exaustos.


 O altruísmo é um princípio de comportamento, segundo o qual uma pessoa faz
boas ações associadas ao cuidado desinteressado e ao bem-estar dos outros.
Altruísmo, o significado da palavra e seu princípio principal são definidos como
"viver para o benefício dos outros". O termo altruísmo foi introduzido por Auguste
Comte, o fundador da ciência sociológica. Por esse conceito, ele entendeu
pessoalmente as motivações altruístas da personalidade, que envolvem ações que
proporcionam benefício apenas para os outros.
 O. Comte apresentou uma opinião de oposição sobre a definição de altruísmo por
psicólogos que, usando suas pesquisas, determinaram que o altruísmo a longo
prazo cria mais vantagens do que o esforço. Eles reconheceram que em toda ação
altruísta há uma parcela de egoísmo.
 Ao contrário do altruísmo, o egoísmo é considerado. O egoísmo é uma posição de
vida segundo a qual a satisfação do próprio interesse é percebida como a maior
realização. Algumas teorias insistem que o altruísmo na psicologia é uma certa
forma de egoísmo. Uma pessoa recebe o maior prazer da conquista do sucesso
por outros, da qual participou diretamente. De fato, na infância, todos aprendem
que boas ações tornam as pessoas significativas na sociedade.
 Mas se, no entanto, consideramos o altruísmo o significado de uma palavra que é
traduzida como “outro”, então é entendido como ajudando outro, que se manifesta
em atos de misericórdia, cuidado e autonegação por causa de outra pessoa. É
necessário que o egoísmo, como o oposto do altruísmo, esteja presente no homem
em menor grau e dê lugar à bondade e à nobreza.
 O altruísmo pode se relacionar com uma variedade de experiências sociais, por
exemplo, simpatia, misericórdia, compaixão e boa vontade. Atos altruístas que se
estendem além dos limites de parentesco, amizades, vizinhos ou qualquer
relacionamento de conhecimento são chamados de filantropia. Pessoas que se
envolvem em atividades altruístas fora de conhecidos são chamadas de
filantropos.
 Exemplos de altruísmo variam por gênero. Os homens são propensos a pequenas
explosões de altruísmo: tirar uma pessoa que está se afogando da água; ajudar
uma pessoa em uma situação difícil. As mulheres estão prontas para ações de
longo prazo, podem esquecer suas carreiras para criar filhos. Exemplos de
altruísmo são exibidos no trabalho voluntário, ajudando os necessitados,
orientação, misericórdia, abnegação, filantropia, doação e muito mais.

 Altruísmo o que é
 O comportamento altruísta é adquirido com educação e como resultado da auto-
educação individual.
 O altruísmo é um conceito em psicologia que descreve a atividade de uma pessoa,
focada em cuidar dos interesses dos outros. O egoísmo, em oposição ao
altruísmo, é interpretado de diferentes maneiras no uso cotidiano, a partir do qual o
significado desses dois conceitos é confundido. Assim, o altruísmo é entendido
como uma qualidade de caráter, intenção ou característica geral do
comportamento humano.
 Um altruísta pode querer ser atencioso e falhar na implementação real do plano.
Comportamento altruísta é por vezes entendido como manifestando preocupação
sincera pelo bem-estar dos outros mais do que com o próprio. Às vezes, é como
mostrar atenção igual às suas necessidades e às necessidades de outras pessoas.
Se houver muitos “outros”, essa interpretação não terá significado prático, se se
refere a dois indivíduos , então pode se tornar extremamente importante.
 Os altruístas "mútuos" são pessoas que concordam em se sacrificar apenas por
causa daquelas pessoas de quem esperam ações semelhantes. “Universal” -
considere o altruísmo como uma lei ética, e siga-o, cometendo boas ações com
boas intenções para todos.
 O altruísmo é de vários tipos, que podem ser imediatamente interpretados como
exemplos de altruísmo. O altruísmo parental expressa-se numa atitude altruísta e
abnegada, quando os pais estão plenamente preparados para que eles tenham
que dar riqueza material e, em geral, a própria vida à criança.
 O altruísmo moral na psicologia é a realização de necessidades morais para
alcançar o conforto interior. Estas são pessoas com um senso de dever maior que
fornecem apoio altruísta e recebem satisfação moral.
 O altruísmo social se aplica apenas a pessoas do círculo imediato - amigos,
vizinhos e colegas. Esses altruístas fornecem serviços gratuitos para essas
pessoas, o que os torna mais bem-sucedidos. Portanto, eles são frequentemente
manipulados.
 Altruísmo simpático - as pessoas experimentam empatia , entendem as
necessidades do outro, sinceramente se preocupam e podem ajudá-lo.
 O tipo demonstrativo de comportamento altruísta se manifesta no comportamento,
que pode ser controlado por normas de comportamento geralmente aceitas. Tais
altruístas são guiados pela regra "como deveria ser". Eles mostram seu altruísmo
em atos sacrificatórios gratuitos, usando o tempo pessoal e seus próprios meios
(espirituais, intelectuais e materiais).
 Na psicologia, o altruísmo é um estilo de comportamento e uma qualidade de
caráter de um indivíduo. Um altruísta é uma pessoa responsável, ele é capaz de
aceitar individualmente a responsabilidade pelas ações. Ele coloca os interesses
dos outros mais altos que os seus. Um altruista sempre possui liberdade de
escolha, porque todos os atos altruístas são cometidos por ele somente a seu
próprio pedido. O altruísta igualmente permanece satisfeito e não prejudicado,
mesmo quando comprometido por interesses pessoais.
 A origem do comportamento altruísta é apresentada em três teorias principais. A
teoria evolucionista explica o altruísmo através de uma definição: a preservação do
gênero é a força impulsionadora da evolução. Cada indivíduo tem um programa
biológico, de acordo com o qual ele está inclinado a fazer boas ações que não o
beneficiam pessoalmente, mas ele mesmo entende que ele faz tudo isso para o
bem comum, para preservar o genótipo.
 De acordo com a teoria do intercâmbio social, em várias situações sociais, uma
conta subconsciente é feita dos valores básicos da dinâmica social - informação,
serviços mútuos, status, emoções, sentimentos. Diante da escolha de ajudar uma
pessoa a passar, o indivíduo calcula instintivamente as possíveis consequências
de sua decisão, correlaciona as forças gastas e o ganho pessoal recebido. Esta
teoria aqui demonstra que o altruísmo é uma manifestação profunda do egoísmo.
 Segundo a teoria das normas sociais, as leis da sociedade insistem que o
desempenho da assistência gratuita é uma necessidade natural de uma pessoa.
Esta teoria baseia-se nos princípios do apoio mútuo de iguais e na
responsabilidade social, ajudando pessoas que não têm a capacidade de retribuir,
isto é, crianças pequenas, pessoas doentes, idosos ou pobres. Aqui, a motivação
para atos altruístas são normas sociais.
 Cada teoria analisa o altruísmo versátil, não fornece uma explicação única e
completa de sua origem. Provavelmente, vale a pena considerar essa qualidade no
plano espiritual, uma vez que as teorias sociológicas acima descritas limitam o
estudo do altruísmo como uma qualidade pessoal e a identificação de motivos que
levam a pessoa a agir desinteressadamente.
 Se ocorrer uma situação em que outros são testemunhas do ato, então o indivíduo
que o comete estará mais preparado para a ação altruísta do que em uma situação
em que ninguém o esteja observando. Isso acontece por meio do desejo de uma
pessoa de parecer bem na frente dos outros. Especialmente se os observadores
são pessoas significativas cuja disposição para com ele é muito valiosa ou essas
pessoas também valorizam ações altruístas, uma pessoa tentará dar a sua ação
ainda mais nobre e demonstrar seu desinteresse, não esperando ser agradecido.
 Se surgir uma situação em que há o perigo de que a recusa em ajudar uma
determinada pessoa signifique que o indivíduo terá que assumir responsabilidade
pessoal por ela, por exemplo, estará, naturalmente, mais disposto a agir de
maneira altruísta, mesmo quando pessoalmente não quer fazer.
 As crianças geralmente exibem comportamento altruísta por meio da imitação de
adultos ou outras crianças. Isso é feito antes que eles compreendam a
necessidade de tal comportamento, mesmo que os outros ajam de maneira
diferente.
 Comportamento altruísta, como resultado de imitação simples, pode acontecer em
um grupo e um subgrupo, em que outras pessoas que cercam este indivíduo
fazem ações altruístas.
 Assim como uma pessoa demonstra simpatia por pessoas que são como ele, ele
também ajuda essas pessoas. Aqui as ações altruístas são controladas pela
similaridade e diferença da pessoa daqueles a quem ele ajuda.
 É geralmente aceito que, uma vez que as mulheres têm um sexo mais fraco, isso
significa que os homens devem ajudá-las, especialmente quando a situação requer
esforço físico. Portanto, de acordo com as normas da cultura, os homens devem
agir de forma altruísta, mas se acontecer que um homem precise de ajuda
feminina, as mulheres devem agir de forma altruísta. Esta é uma motivação para o
altruísmo, formada por diferenças de gênero.
 Isso acontece em situações em que você quer ajudar uma pessoa de certa idade.
Assim, as crianças, os idosos, precisam muito mais de ajuda do que as pessoas de
meia-idade. Para essas categorias de idade, as pessoas devem mostrar mais
altruísmo do que os adultos que ainda podem se ajudar.
 Aspectos como o atual estado psicológico, traços de caráter, inclinações religiosas,
relacionam-se com as características pessoais do altruísta, afetando suas ações.
Portanto, ao explicar ações altruístas, é preciso levar em conta o estado atual do
altruísta e sua ajuda. Também na psicologia, qualidades pessoais são
determinadas que contribuem ou dificultam o comportamento altruísta. Contribuir
para: bondade, empatia, decência, confiabilidade e dificuldade:
insensibilidade, agressividade , indiferença.

A Influência das Distorções Cognitivas no Comportamento Altruísta

The Influence of Cognitive Distortions on Altruistic Behavior

Autores: Stèphanie Krieger1; Eliane Mary de Oliveira Falcone2


Palavras-Chave: Altruísmo; Altruísmo Patológico; Distorções
Cognitivas.

Keywords: Altruism; Pathological Altruism; Cognitive Distortions.


Resumo:
Esta é uma revisão narrativa com o objetivo de descrever o conceito
de altruísmo patológico e discutir a influência das distorções
cognitivas em sua manifestação. O altruísmo é um comportamento
voluntário direcionado para ajudar alguém, no qual o altruísta
incorre em risco ou custo e não visa recompensas externas. A
motivação altruísta de ajuda é originada pela empatia, habilidade
que requer uma avaliação adequada da situação do outro, bem como
o compartilhamento emocional e expressão comportamental, verbal
ou não verbal. Percepções distorcidas podem desencadear uma
forma disfuncional de altruísmo, o qual, apesar de ter o objetivo de
aumentar o bem-estar do outro, acaba prejudicando-o ou não sendo
útil. Dessa forma, nenhum dos envolvidos são beneficiados. Crenças
distorcidas que originam culpa, o senso de responsabilidade pelo
bem do outro, dificuldades em perceber pistas sociais e dificuldade
em regulação emocional parecem ser os principais fatores
relacionados a esse comportamento, podendo gerar um padrão
compulsivo. Assim, intervenções, com fim de tratamento e/ou
prevenção poderiam ser pensadas para pessoas com esse
funcionamento, beneficiando o indivíduo e suas relações
interpessoais.
Abstract:
This is a narrative review aimed at describing the concept of
pathological altruism and discussing the influence of cognitive
distortions on its manifestation. Altruism is a voluntary behavior
directed toward helping someone in which the altruist incurs in risk
or cost and does not seek external rewards. The altruistic motivation
for help comes from empathy, an ability that requires an adequate
assessment of the other’s situation, as well as emotional sharing and
behavioral expression, verbal or non-verbal. Distorted perceptions
can trigger a dysfunctional form of altruism, which, while aiming to
increase the well-being of the other, ends up being harming or
unhelpful. In this way, none of those involved are benefited.
Distorted beliefs that give rise to guilt, a sense of responsibility for
the good of the other, difficulties in perceiving social cues, and
difficulty in emotional regulation seem to be the main factors related
to this behavior, which can generate a compulsive pattern. Thus,
interventions with end of treatment and / or prevention could be
designed for people with this functioning, benefiting the individual
and their interpersonal relationships.
INTRODUÇÃO

O presente trabalho é uma revisão narrativa, a qual busca descrever


o altruísmo patológico, um conceito ainda pouco difundido, e discutir
a influência das distorções cognitivas em sua manifestação. Para
isso, se faz relevante compreender o comportamento altruísta e sua
relação com a empatia, para que então possa ser exposta sua forma
disfuncional.

O altruísmo é um comportamento voluntário direcionado para ajudar


alguém, no qual o altruísta incorre em risco ou custo e não visa
recompensas externas (Oliner, 2002), sendo um tipo de
comportamento pró-social (Eisenberg et al., 1999). Diante dessa
definição, é imprescindível que a motivação seja o bem-estar do
outro e que o comportamento seja exercido, sendo mais adequado
não restringir o altruísmo a condutas externas sem saber o que o
desencadeou. Ainda, é possível que surjam consequências
imprevistas e/ou indesejadas, como sentimentos agradáveis ou
reconhecimento social, mas estas não devem questionar sua
natureza quando a razão para exercê-lo seja fazer o bem ao outro
(Ricard, 2015).

Incorrer em um risco ou um custo é inerente ao altruísmo, contudo,


isso pode ser muito subjetivo. Geralmente, os riscos e custos
assumidos em favor do outro são exteriores (conforto físico,
recursos financeiros, tempo etc) e não correspondem a um custo
interior. Ou seja, o indivíduo que escolhe agir de maneira altruísta,
momentaneamente, abre mão de alguma coisa, mas isso não
implica, necessariamente, em sofrimento. Desse modo, o altruísmo
não traz infelicidade para quem o exerce e não deixa de ser altruísta
quando gera um sentimento de satisfação, desde que essa não seja
sua motivação (Ricard, 2015). Estudos demonstram que as pessoas
apresentam disposição para agir dessa forma e isso as deixa
satisfeitas (Aknin, Hamlin, & Dunn, 2012; Kumakawa, 2017;
Onwujekwe et al. 2012).

Assumir um comportamento pró-social e/ou altruísta requer a


identificação da necessidade do(s) outro(s), percebendo pistas
sociais e a compreensão de como se pode prover a ajuda, recurso ou
suporte necessário para ele. Portanto, são necessárias habilidades
cognitivas que possibilitem sua expressão. De fato, um bom nível de
habilidades cognitivas está relacionado a comportamentos pró-
sociais (Knafo, 2006). Nesse sentido, a empatia parece ter um
importante papel para o altruísmo.
Emoções orientadas para os outro, como compaixão e simpatia,
fazem parte da experiência empática e podem originar
comportamentos pró-sociais (Eisenberg et al., 1989; Klimecki &
Singer, 2011). A empatia pode ser definida como a capacidade de
compreender de maneira precisa os sentimentos, necessidades e
perspectivas do outro, compartilhando ou considerando-os e
expressando esse entendimento de maneira que a outra pessoa se
sinta validada. Portanto, precisa-se compreender a situação pelo
ponto de vista do outro, se contagiar emocionalmente com ela e
expressar isso de forma verbal ou não (Falcone et al., 2008). Nesse
sentido, constatar que a satisfação da necessidade ou desejo do
outro permite evitar seu sofrimento ou fazê-lo sentir bem-estar
promove a necessidade e vontade de ajudá-lo (Ricard, 2015).

Contudo, a habilidade empática envolve uma diferenciação entre o


“eu” e o “outro”. Ou seja, não há uma confusão sobre a origem do
sofrimento ou angústia, o altruísta entende que esta vem da outra
pessoa. Esta distinção é, para alguns autores, indispensável para a
experiência da empatia (Decety, & Jackson, 2004; Falcone et al.,
2008; de Waal, 2010). Falcone (2012) afirma que a separação entre
o próprio estado mental e o do outro é imprescindível para
identificar a fonte real dos próprios sentimentos. Somente sob esta
condição é possível surgir o interesse que leva ao comportamento
altruísta de ajuda.

Estudos vêm consistentemente demonstrando que a empatia é


diretamente relacionada a comportamentos com a intenção de
beneficiar outra pessoa, os quais não precisam ser, necessariamente,
altruístas (Batson et al., 1997; Eisenberg et al., 1989; Maner &
Gailliot, 2007). Desse modo, Batson, O’Quin, Fultz, Vanderplas, e
Isen (1983) propõem a hipótese empatia-altruísmo, na qual se
entende que a preocupação empática está relacionada a um foco
afetivo na pessoa que está sofrendo, mais do que em si mesmo, e
esta produz uma motivação verdadeiramente altruísta de ajuda. O
comportamento originado tem o objetivo final de reduzir a aflição do
outro, ainda que possa proporcionar resultados positivos para si
(Edele, Dziobek, & Keller, 2013; Maner & Gailliot, 2007). Em diversos
estudos, a manipulação da empatia mostrou um aumento na
frequência de comportamentos altruístas, corroborando a proposta
de que sentir empatia por alguém parece motivar o altruísmo
(Batson et al., 1983; Batson& Ahmad, 2001; Edele et al., 2013;
Klimecki, Mayer, Jusyte, Scheeff, & Schönenberg, 2016).

Como apontado, consequências inesperadas, como emoções


positivas, podem surgir do altruísmo e este parece estar relacionado
à melhor saúde e bem-estar (Post, 2005). Em uma revisão
sistemática, Falcone, Krieger, Placido, Rodrigues e da Rocha (2017)
encontraram que a maior parte dos estudos indicam uma
predominância de efeitos positivos decorrentes da ação altruísta.
Estudos demonstram que esse comportamento se associa ao melhor
funcionamento fisiológico (Guo, Wu, & Li, 2017; Miller, Kahle, &
Hastings, 2015) e emocional (Pareek & Jain, 2012; Post, 2005;
Oliveira, 2018), trazendo benefícios ao altruísta.

Desse modo, o altruísmo constitui um comportamento importante


para as relações interpessoais e a vida em sociedade. Ainda que
tenha como condição um prejuízo para quem o exerce, parece gerar,
de maneira imprevista, satisfação e bem-estar para o altruísta, além
de melhorar o estado daquele que recebe a ajuda. Portanto, a
hipótese empatia-altruísmo coloca a empatia em um ponto central
para o desempenho do comportamento altruísta e esta requer uma
interpretação cognitiva acurada da necessidade do outro para que as
emoções desencadeadas e o comportamento expresso sejam, de
fato, funcionais e úteis.
Nesse sentido, possivelmente, avaliações pautadas em análises
enviesadas poderiam gerar sentimentos e comportamentos não
condizentes com a intenção de ajudar e aliviar o sofrimento do
outro, levando o altruísmo a assumir uma forma disfuncional, a qual
não seria favorável para nenhum dos envolvidos. Conhecer esse tipo
de altruísmo e compreender fatores que podem facilitá-lo é de
grande relevância para que possam ser pensadas estratégias de
intervenção que visem sua diminuição, uma vez que esse
comportamento pode acarretar prejuízos à saúde e bem-estar dos
indivíduos.

O Altruísmo Patológico

Pensamentos e crenças distorcidos podem ser encontrados em


diferentes psicopatologias. Formas de pensamento disfuncionais
costumam estar associadas a comportamentos sintomáticos que
desencadeiam redução na qualidade de vida e sofrimento psicológico
(Beck, 2013). Desse modo, o comportamento altruísta também
poderia, por vezes, ser decorrente de uma avaliação cognitiva
distorcida, ocorrendo com uma frequência exagerada ou se
expressando de forma descontextualizada. Assim, em vez de
ocasionar sentimentos agradáveis e uma ajuda efetiva para
melhorar a situação ou angústia de alguém, poderia ser prejudicial.
Nesse sentido, distorções cognitivas poderiam influenciar o
altruísmo de maneira negativa. Oakley, Knafo, Madhavan e Wilson
(2011a) propõem em seu livro, o conceito de altruísmo patológico e,
através de teorias e estudos de diversos autores trazem a reflexão
de que as distorções cognitivas podem ter um papel nesse processo.

O altruísmo patológico pode ser pensado como qualquer


comportamento ou tendência pessoal em que o objetivo declarado
ou a motivação implícita é promover o bem-estar de outro(s), mas
em vez de resultados benéficos, tem consequências irracionais e
substancialmente negativas para o outro ou, até mesmo, para si.
Ainda que deslocado, pode-se falar em altruísmo nessas situações
quando se observa que a motivação subjacente faz com que o
indivíduo se engaje, sinceramente, no que pretende que seja um ato
altruísta de ajudar ao outro. Logo, o altruísta se tornaria uma vítima
de sua conduta (Oakley, 2013; 2014; Oakley, Knafo, & McGrath,
2011b).

Resumidamente, a pessoa que exerce o altruísmo patológico se


desvia de um senso comum, típico ou esperado de altruísmo (Hause,
2011). Portanto, essa forma de altruísmo, consistiria em uma
perseguição habitual, disfuncional e/ou compulsiva pelo bem-estar
dos outros, que acaba não promovendo relações saudáveis (Turvey,
2011). De forma geral, o pensamento distorcido estaria na origem do
altruísmo patológico. Logo, cognições enviesadas por razões
diferentes, quando não verificadas, poderiam levar a esse
comportamento (O’Connor, Berry, Lewis, & Stiver, 2011; Hauser,
2011; Klimecki & Singer, 2011; Turvey, 2011; Wilson, 2011).

Pode-se pressupor que “altruísmo patológico” seja um termo


guarda-chuva para as desvantagens do altruísmo (Klimecki & Singer,
2011), estando relacionado a uma variedade de condições. Ressalta-
se que o altruísmo pode prejudicar seu autor sem ser patológico.
Porém, quando ele prejudica a pessoa alvo da ajuda ou o prejuízo
vem sem nenhum benefício a ela, pode-se pensar em uma forma
patológica de altruísmo (O’Connor et al., 2011). Ou seja, não adianta
somente possuir a motivação de auxiliar alguém que precise, o
altruísmo precisa contribuir, objetivamente, com a situação do outro
de alguma forma.
O altruísmo patológico parece ter um início precoce. Os autores
relatam um estudo com gêmeos de três anos, no qual observaram
que as crianças entre as 20% mais pró-sociais, quando também
estavam entre as 20% que demonstravam menor auto atualização
(como demonstrar prazer quando obtém sucesso ou persistir quando
é difícil), mostravam um início potencial de uma forma
patologicamente altruísta. Além disso, essas crianças demonstravam
diferenças em seu temperamento, sendo menos propensas a exibir
alto nível de atividade, eram levemente mais sociáveis e
apresentavam alto grau de responsabilidade que levava à ansiedade
(Knafo, 2006 como citado por Oakley et al., 2011b). Desse modo, por
estar associado a menor frequência de problemas de conduta, o
altruísmo patológico pode apresentar benefícios no ajustamento
infantil. Contudo, pode ser prejudicial até em idades iniciais, o que é
demonstrado por um alto grau de sintomas emocionais como
preocupação, infelicidade, medo, nervosismo e somatização (Oakley
et al., 2011b).

Segundo um modelo teórico, o contágio emocional poderia dar


origem a três tipos de sentimentos e comportamentos. O primeiro e
funcional, originaria sentimentos de preocupação e simpatia pelo
outro, motivando atos de cuidado e criando uma sensação de bem-
estar. Uma segunda possibilidade seria o desencadeamento de
angústia pessoal e angústia empática, em que o indivíduo ficaria
altamente ativado e desregulado emocionalmente, focando no
próprio sentimento e, por isso, procura se afastar da situação
aversiva (Zahn-Waxler & Van Hulle, 2011).

Por último, o contágio emocional poderia ocasionar sentimentos de


ansiedade e culpa patogênica, sem que se possa se afastar do que os
motivou, ocasionando um altruísmo penoso que pode levar à
depressão. Assim, um grupo de crianças expostas aos ambientes
citados, quando possuem cognições negativas sobre si e auto
atribuições de culpa, podem se deslocar para essa terceira forma de
reagir ao sofrimento alheio. Nesse sentido, formaría-se um círculo
vicioso que favoreceria o altruísmo patológico: cognições negativas
e emoções internalizantes, como tristeza e culpa, se tornam
exageradas e a criança se engaja em um altruísmo prejudicial para
ela, aumentando o risco de apresentar transtornos de ansiedade e
do humor posteriormente (Zahn-Waxler & Van Hulle, 2011).

Os principais causadores da angústia seriam a dificuldade em


distinguir o eu e o outro, levando a uma confusão a respeito da fonte
do sofrimento e a dificuldade em inibir a resposta empática,
causando uma desrregulação emocional. Isso poderia levar a um
processo de fadiga em cuidadores, um processo de burnout que
estes podem experimentar e, assim, aumentar seu sofrimento e
diminuir seu comportamento de ajuda por conta da exaustão vivida
por se estar absorvido no sofrimento alheio. Assim, o ideal é que ele
conseguisse construir habilidades o auxiliassem a manter altos
níveis de empatia e transformá-la em compaixão e gentileza, através
da diferenciação entre o eu e o outro (Klimecki & Singer, 2011).

Algumas crenças podem levar a culpa patogênica e esta, ao


altruísmo patológico. Ela se torna patogênica quando há erros
cognitivos no entendimento de causalidade. Está associada a crenças
de que se é o causador do problema do outro, que se tem os meios
de aliviá-lo ou através da culpa de sobrevivência, na qual se acredita
que o próprio sucesso é a razão do infortúnio do outro. Esses são
exemplos de culpa baseada na empatia, pois se dá pelo contágio
emocional com o sofrimento de alguém, refletindo uma preocupação
autêntica e, se torna danosa quando mal direcionada ou excessiva
(O’Connor et al., 2011).
A culpa patogênica está envolvida na inclinação para tomar a
responsabilidade pelo bem-estar do outro, ainda que de maneira
distorcida, e, assim, originar o altruísmo patológico. Ou seja,
avaliações cognitivas distorcidas podem mediar à relação entre
empatia e altruísmo através de sentimentos de culpa. Em resumo,
crenças distorcidas levariam à culpa patogênica, servindo de base
para o altruísmo patológico. Cabe ressaltar que o problema não está
na empatia ou na motivação altruísta, mas na crença errônea de que
se é a fonte do problema do outro e/ou se tem a habilidade correta
para aliviar seu sofrimento. Essa dinâmica tem origem em nossa
propensão a avaliar a equidade e se sentir desconfortável diante da
desigualdade (O’Connor et al., 2011).

Quando o comportamento social é distorcido de maneira global, o


altruísmo também pode ser. A falta de empatia ou a hiperempatia
podem levar ao altruísmo patológico. Esses dois processos podem
distorcer a percepção às pistas sociais, levando tanto a uma
confiança exagerada quanto à agressão. Recebemos pistas sociais
por diferentes inputs sensoriais como a visão, a fala, cheiros etc e,
temos estruturas biológicas para responder socialmente a eles.
Portanto, caso leia-se essas pistas de maneira distorcida, inclusive
por influência da desrregulação em estruturas biológicas, pode-se
responder com altruísmo patológico. Isto é, a forma como
percebemos sensorialmente o ambiente social, pode levar a
interpretações realistas ou não e, nesse caso, o altruísmo pode
acabar tendo uma forma patológica (Pessin, 2011).

Como argumentado por Brin (2011), as sensações positivas


causadas pelo altruísmo poderiam causar um reforçamento cerebral.
Isso significa que diferentes comportamentos podem levar a uma
estimulação autônoma ou um auto-doping. Dessa maneira, o
altruísmo patológico surge pela tentativa de desencadear uma
resposta prazerosa, o que leva a uma frequência aumentada desse
comportamento. Essa proposta surgiu das evidências de que muitas
atividades consideradas normais mostram respostas cerebrais
similares ao uso de cocaína. Assim, milhões de pessoas buscariam
ciclos de reforçamento como o das drogas, puramente para entrar
em estados de ânimo aditivos. Há prazer em saber que se está certo
em relação aos outros e ser honesto ou considerar que seu método
de ajuda é puramente motivado e correto. Por esse motivo, acaba-se
por desprezar a crítica, junto com evidências contraditórias à própria
perspectiva. Tem-se como hipótese que pessoas com esse tipo de
compulsão podem ter padrões cerebrais diferentes daqueles que se
engajam em um altruísmo funcional.

Relativamente a padrões compulsivos, a codependência pode ser


compreendida como padrão de comportamento baseado no
altruísmo patológico. Embora esta não tenha, até o momento,
conseguido se provar como um diagnóstico, a literatura a reconhece
como um comportamento problemático. Uma vez que o altruísmo
patológico pode estar presente em diferentes transtornos
psicológicos, alguns autores (Oakley et al., 2011b; O’Connor et al.,
2011; Turvey, 2011; Widiger & Presnall, 2011) entendem que este
pode se apresentar como sintoma de problemas subjacentes mais
profundos. Dessa maneira, pode ser mais interessante olhar para o
comportamento, do que para um diagnóstico (McGrath, & Oakley,
2011).

A codependência de caracteriza pela inabilidade ou falta de vontade


de acabar com um relacionamento ou comportamento disfuncional
de outra pessoa significativa. Esse padrão pode estar baseado na
desesperança ou para evitar conflitos, servindo ao objetivo de
proteger o outro das consequências negativas do comportamento ou
do conflito ao ser confrontado. Pode-se entender que exista uma
falta de habilidade em regular a própria resposta empática ao estado
afetivo negativo do outro, desencadeando uma resposta empática
disfuncional. Uma vez que a empatia é precursora do altruísmo, se
há um excesso em sua resposta ou falha em sua inibição, o altruísmo
acaba sendo disfuncional. Logo, há um alívio em curto prazo, mas o
comportamento disfuncional do outro que gera problemas na relação
e pode ser prejudicial para a própria pessoa, acaba sendo propagado
em longo prazo. Assim, a codependência seria, essencialmente, a
inabilidade de tolerar o afeto negativo no outro (McGrath & Oakley,
2011). Crenças individuais sobre emoções negativas e como se deve
reagir a elas podem estar implicadas nesse processo, se isso é
percebido de maneira distorcida, pode facilitar o padrão
codependente.

Um estudo encontrou que o altruísmo pode estar relacionado a


esquemas iniciais desadaptativos (EIDs) do domínio orientação para
o outro (autos sacrifício e subjugação). Esses esquemas integram
um nível profundo da cognição, o qual contém crenças, pensamentos
e emoções, e serve como um guia para a interpretação do mundo e
das situações. Estes desencadeiam um padrão de comportamento
disfuncional, principalmente, no aspecto interpessoal (Young,
Klosko, & Weishaar, 2008). Através de instrumentos de autorrelato,
foram avaliadas as relações entre altruísmo, bem-estar subjetivo e
os EIDs citados. De maneira geral, os resultados encontrados
indicaram que o altruísmo se relaciona de maneira positiva com os
EIDs, assim como, de modo negativo, com afeto positivo. A autora
entende que, uma vez que os EIDs são compostos por
comportamentos saudáveis que se tornam disfuncionais por conta
de sua frequência e/ou intensidade exageradas, possivelmente,
estes se relacionam a um altruísmo também exacerbado (Krieger,
2016).

A decisão de ajudar de maneira altruísta, em geral, se dá através de


um processamento rápido de pensamento. Ou seja, envolve um tipo
de pensamento rápido, automático e subconsciente em vez de um
processamento lento, deliberativo, pautado em etapas lógicas
(Oakley, 2014; Rand & Epstein, 2014). Essa forma de pensar pode
enganar sobre o que é, de fato, útil ao outro, criando uma
interpretação pouco acurada da situação real. Um dos problemas
com as intervenções sistematizadas e programadas para
desenvolver empatia é que muitos desses programas não
consideram que os indivíduos variam em suas respostas empáticas.
Dessa forma, seguindo as propostas de pesquisas que entendem a
empatia e o altruísmo como experiências unicamente positivas,
podem deixar pessoas hiperempáticas vulneráveis em relação a
manipuladores (Oakley, 2014). Algumas intervenções que envolvem
habilidades em regulação emocional e meditação têm sido
apontadas como favorecedoras do altruísmo (Klimecki & Singer,
2011; Zahn-Waxler & Van Hulle, 2011).

Poucas pesquisas se dedicam a estudar os efeitos negativos


relacionados a empatia e ao comportamento altruísta. Na maior
parte dos estudos, os prejuízos gerados pelo altruísmo parecem ter
sido encontrados ao acaso, na forma de resultados inesperados
(Falcone et al., 2017; Morrow-Howell, Hinterlong, Rozario, & Tang,
2003; Schwartz, Keyl, Marcum, & Bode, 2009). Oakley et al. (2011b)
entendem que os pesquisadores desconfiam em estudar o lado
desagradável do altruísmo, principalmente, por receio de acabar
desencorajando esse comportamento. Contudo, não estudá-lo, faz
com que o conhecimento sobre o mesmo seja ingênuo e incompleto.

Nesse sentido o altruísmo patológico parece ser ocasionado quando


existem distorções cognitivas na interpretação da situação do outro,
por diversas razões. A forma como se percebe o ambiente, seja por
dificuldade na interpretação de pistas sociais ou por conta de
crenças desenvolvidas ao longo da vida, pode fazer com que algumas
pessoas estejam mais vulneráveis a realizar esses atos. A
autoatribuição de culpa e convicção de que se é responsável pelo
bem-estar dos outros parecem ser fatores importantes na base
desse modo de altruísmo.

Desse modo, pessoas que apresentam comportamentos altruístas


disfuncionais de modo prejudicial e incapacitante em suas vidas,
podem se beneficiar de intervenções que visem diminuir sua
responsabilidade em relação ao outro e a atribuição de culpa, além
de treino em habilidades sociais para que possam perceber as pistas
sociais de maneira mais realista e do desenvolvimento de estratégias
de regulação emocional eficazes e técnicas de meditação. Seria
importante desenvolver estudos de intervenção que contemplem
esse conjunto de técnicas em pessoas prejudicadas por esse padrão
comportamental para corroborar a eficácia das mesmas na
diminuição da frequência de comportamentos altruístas
disfuncionais. Estas favoreceriam o bem-estar do indivíduo e teriam
um impacto positivo em suas relações interpessoais.

Os Efeitos Negativos do Altruísmo

O altruísmo tem sido relacionado a melhor saúde bem-estar na


literatura (Guo et al., 2017; Miller et al., 2015; Oliveira, 2018; Pareek
& Jain, 2012; Post, 2005). Contudo, também pode estar associado a
menor índice de bem-estar e à psicopatologia, principalmente por
conta de uma sobrecarga, ou seja, pela frequência exagerada desse
comportamento. Dois estudos avaliaram os efeitos do altruísmo na
saúde física e bem-estar psicológico de membros da Igreja
Presbiteriana. Os resultados indicaram que ajudar o outro estava
associado à melhor saúde mental, mas a carga excessiva era
significativamente relacionada à diminuição da saúde mental
(Schwartz, Meisenhelder, Ma, & Reed, 2003). Para os adolescentes,
o resultado foi diferente entre os sexos. Para os meninos que
proviam ajuda, não foi encontrado nenhum efeito significativo na
saúde física ou psicossocial. No entanto, para as meninas, as
relações positivas com os outros parece diminuir quando estas são
sobrecarregadas pelas demandas. Receber suporte estava associado
com a melhora na saúde tanto para meninos, quanto para as
meninas. Os autores argumentam que esse efeito para o sexo
feminino pode ser em função da sensação de obrigatoriedade em
desempenhar esse comportamento, uma vez que o mesmo é
esperado delas (Schwartz et al., 2009).

Estudos com adultos mais velhos mostraram uma correlação entre


altruísmo e mortalidade. O altruísmo foi estudado no contexto do
trabalho voluntário e foi demonstrado que somente aqueles
participantes que trabalhavam voluntariamente de forma moderada
tinham menor risco de mortalidade. Portanto, exercer o voluntariado
por mais do que um determinado limite de horas na semana, não
tinha um efeito positivo na taxa de mortalidade dos participantes
(Morrow-Howell et al., 2003; Musick, Herzog, & House, 1999).

No contexto psicopatológico, Fujiwara (2007), Fujiwara e Lee (2008)


e Fujiwara (2009) encontraram que determinados tipos de altruísmo
são prejudiciais para o início da depressão, enquanto outros
poderiam ter um fator protetor. Além disso, para as pessoas mais
altruístas, havia uma probabilidade maior de desenvolver um
episódio depressivo do que nos menos altruístas. Além disso, quando
o comportamento altruísta era direcionado a filhos e netos, o sexo
também era uma variável importante. O efeito prejudicial só se deu
em relação ao desenvolvimento da depressão em mulheres, mais
uma vez levando a considerar o quanto sentir a responsabilidade
para cuidar pode estar envolvida no prejuízo do altruísmo.

O desenvolvimento do Transtorno Depressivo Maior parece


influenciar o comportamento altruísta. Uma vez que padrões de
pensamento distorcidos são associados à psicopatologias (Beck,
2013), pode-se pensar que as distorções de pensamento envolvidas
no transtorno levam a uma alteração no altruísmo individual. Pulcu
et al. (2014), utilizaram a ressonância magnética funcional para
avaliar o altruísmo em pessoas em remissão de sintomas
depressivos e em um grupo controle. Os autores encontraram
resultados que indicaram que tomar decisões altruístas aumenta a
atividade neural em regiões cerebrais diferentes entre os dois
grupos. Para o grupo de participantes em remissão dos sintomas, as
áreas ativadas indicavam maior sensibilidade a recompensas sociais
e maiores níveis de culpa, fazendo com que os autores entendessem
que a culpa pode levar a comportamentos altruístas para estes
participantes. Além disso, os autores entendem que essas diferenças
podem se dar por conta de uma compensação neuronal, em que, na
psicopatologia, um mesmo comportamento seja alcançado por
mecanismos diferentes.

Outro estudo, realizado com mulheres chinesas comparou o padrão


de comportamento social em mulheres diagnosticadas com
Transtorno Depressivo Maior e um grupo controle. Os resultados
mostraram padrões diferentes entre os dois grupos, com o grupo
experimental fazendo escolhas altruístas e egoístas com menos
frequência que o grupo controle. O comportamento das participantes
deprimidas indicava maior autofoco, favorecendo o isolamento na
interação interpessoal (Zhang, Sun, & Lee, 2012).

Nesse sentido, esses estudos demonstram que a alta frequência de


comportamentos altruístas pode gerar uma sobrecarga, diminuindo
o bem-estar e podendo levar à psicopatologia. Esta frequência
aumentada se dá, principalmente, em pessoas do sexo feminino, as
quais exercem um papel social que espera que elas ajudem os
outros. Isso poderia levá-las a desenvolver a responsabilidade pelo
outro e à crença de que são responsáveis pelo bem de outra pessoa.
Esse funcionamento poderia levar ao sentimento de culpa, que
também parece levar ao comportamento altruísta. Além disso,
distorções cognitivas relacionadas à transtornos psicológicos podem
alterar o desempenho do altruísmo, levando também a efeitos
negativos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo é uma revisão narrativa da literatura com o


objetivo de descrever e discutir o conceito de altruísmo patológico.
Portanto, uma limitação importante desse trabalho é a falta de
sistematização na busca bibliográfica, sendo assim, um pequeno
recorte da literatura. Desse modo, estudos posteriores, com outros
enfoques e com buscas mais abrangentes podem contribuir com esta
revisão. Estudos de revisão sistemática, metanálise e de intervenção
poderiam ser interessantes para corroborar com o avanço da
literatura sobre o altruísmo patológico, além de testar a eficácia de
técnicas e programas de intervenção que visem o desenvolvimento
de um altruísmo funcional e benéfico.

Finalmente, o altruísmo representa um comportamento decisivo na


manutenção da espécie humana e demonstra efeitos positivos
importantes no bem-estar e na saúde. Contudo, pode assumir uma
forma patológica que não só prejudica outras pessoas, como o
próprio indivíduo que o exerce, seja pela frequência ou pelas
consequências geradas, sem gerar benefícios a nenhuma das partes
envolvidas. No entanto, o principal mecanismo que, parece estar por
trás do altruísmo patológico são distorções cognitivas que fazem
com que a interpretação da situação fique comprometida.

As distorções de pensamento podem acontecer por diferentes


mecanismos e geram sentimentos que acabam descontextualizados.
Por esse motivo, nesses casos, o altruísmo acaba por não trazer
vantagem alguma e pode desgastar a saúde e o bem-estar do
altruísta. Em alguns casos, pode se tornar um padrão de
comportamento disfuncional. Desse modo, o altruísmo perde sua
principal função que seria de beneficiar o grupo e a empatia parece
exercer uma função importante nessa dinâmica.

Possivelmente, processos neurais ou avaliações cognitivas


interferem no processo da empatia, seja de modo a exagerar sua
manifestação ou por sua falta, e, provavelmente, a ação altruísta
decorrente também será comprometida. O altruísmo patológico
parece envolver fatores como crenças distorcidas geradoras de
culpa, senso de responsabilidade pelo bem-estar do outro,
dificuldade na leitura de pistas sociais e dificuldade em regulação
emocional. Estes levariam a um comportamento desadaptativo.

Desse modo, intervenções que envolvam reatribuição de causalidade


e culpa, treino em habilidades sociais (em especial, a empatia),
estratégias eficazes de regulação emocional e técnicas de meditação
parecem ser relevantes para o tratamento de indivíduos que
apresentem o altruísmo disfuncional em seu padrão
comportamental. Estas poderiam auxiliar no desenvolvimento de
modelos saudáveis de altruísmo.

Através de estudos com metodologias diversas e da construção de


um corpo teórico aprofundado sobre o tema, poderiam ser
desenvolvidos programas em nível de tratamento, mas também
como uma forma de prevenção a diferentes psicopatologias. O
impacto social dos mesmas seria de grande relevância, beneficiando
os altruístas, mas também àqueles que poderiam ser lesados por
suas ações, além de promover relações interpessoais mais saudáveis
e menos sujeitas à codependência.
https://www.rbtc.org.br/detalhe_artigo.asp?id=253

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