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TRABALHO DE LITERATURA – 2º ANO – 16 DE JUNHO DE 2021

TEXTOS PARA A QUESTÃO 01.

“O Sinhô foi açoitar


sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
e tirou o cabeção,
de dentro dêle pulou
nuinha a negra Fulô.

Essa negra Fulô!


Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê, cadê teu Sinhô
que Nosso Senhor me mandou?
Ah! Foi você que roubou,
foi você, negra Fulô?

Essa negra Fulô!”


(Jorge de Lima, Poesias Completas, v.1. Rio de Janeiro/Brasília: J.Aguilar e INL, 1974, p. 121.)

“A Sinhá mandou arrebentar-lhe os dentes:


Fute, Cafute, Pé-de-pato, Não-sei-que-diga,
avança na branca e me vinga.
Exu escangalha ela, amofina ela,
amuxila ela que eu não tenho defesa de homem,
sou só uma mulher perdida neste mundão.
Neste mundão.
Louvado seja Oxalá.
Para sempre seja louvado.”
(Idem, p.164.)

Essas duas cenas de ciúmes concluem dois textos diferentes de Jorge de Lima. A primeira pertence ao
conhecido poema modernista “Essa negra Fulô”; a segunda, ao poema “História”, de Poemas Negros
(1947). Em relação a “Essa negra Fulô”, o poema “História”, especificamente, representa:

a) a reiteração da denúncia das relações de poder, muito arraigadas no sistema escravocrata, que colocam no
mesmo plano violências raciais e sexuais.
b) a passagem de uma caracterização da mulher negra como sedutora para uma postura solidária em relação
à escrava, que explicita as estratégias compensatórias de que se vale para sobreviver.
c) a permanência de uma visão pitoresca sobre a situação da mulher negra nos engenhos de açúcar, que
oculta os mecanismos de poder que garantiam sua exploração.
d) a superação da visão idílica da vida na senzala, graças a uma postura realista e social, que revela a
violência das relações entre senhores e escravos.
02. (Ufscar)
Soneto de fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
 
(Vinicius de Moraes)
 
02. Nos dois primeiros quartetos do soneto de Vinicius de Moraes, delineia-se a ideia de que o poeta

a) não acredita no amor como entrega total entre duas pessoas.


b) acredita que, mesmo amando muito uma pessoa, é possível apaixonar-se por outra e trocar de amor.
c) entende que somente a morte é capaz de findar com o amor de duas pessoas.
d) concebe o amor como um sentimento intenso a ser compartilhado, tanto na alegria quanto na tristeza.
e) vê, na angústia causada pela ideia da morte, o impedimento para as pessoas se entregarem ao amor.

03. (CEFET - MG)


   Vinícius de Moraes, ao longo de sua trajetória de poeta, permitiu-se aderir a diferentes tendências
estéticas, sejam anteriores ou contemporâneas à sua obra. NÃO apresentam os traços da estética indicada os
versos transcritos em:

a) “E dentro das estruturas/ Via coisas, objetos/ Produtos, manufaturas./ Via tudo o que fazia/ O lucro do seu
patrão/ E em cada coisa que via/ Misteriosamente havia/ A marca de sua mão.” PARNASIANISMO   
b) “O teu perfume, amada – em tuas cartas/ Renasce azul...– são tuas mãos sentidas!/ Relembro-as brancas,
leves, fenecidas/ Pendendo ao longo de corolas fartas.” ROMANTISMO   
c) “Ah, jovens putas das tardes/ O que vos aconteceu/ (...) Em vossas jaulas acesas/ Mostrando o rubro das
presas/ Falando coisas do amor/ E às vezes cantais uivando/ Como cadelas à lua/ Que em vossa rua sem
nome/ Rola perdida no céu” NATURALISMO   
d) “– Era uma vez um poeta/ No morro do Cavalão/ Tantas fez que a dor-de-corno/ Bateu com ele no chão/
Arrastou ele nas pedras/ Espremeu seu coração/ Que pensa usted que saiu?/ Saiu cachaça e limão”
MODERNISMO   
e) “Tensos/ Pela corda luminosa/ Que pende invisível/ E cujos nós são astros/ Queimando nas mãos/
Subamos à tona/ do grande mar de estrelas/ Onde dorme a noite/ Subamos” SIMBOLISMO 

 
TEXTO PARA A QUESTÃO 04.
Soneto de devoção
Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica em meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.
 
Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.
 
Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.
 
Essa mulher é um mundo! - uma cadela
Talvez... - mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!
(Vinicius de Moraes)
 
04. Sobre o poema de Vinicius de Moraes é correto afirmar:

a) Predominância de elementos místicos e religiosos, características da primeira fase da poesia de Vinicius


de Moraes.
b) Presença do erotismo, recriado a partir de uma forma clássica e de uma linguagem crua e direta.
c) Emprego de uma linguagem direta e quase didática para manifestar solidariedade às classes oprimidas e à
mulher.
d) Apresenta elementos que revelam grande preocupação com a condição humana e o desejo de superar,
através da transcendência mística, as sensações de culpa do pecado do amor carnal.

05. Vinicius de Moraes está, temática e cronologicamente, vinculado ao

a) Parnasianismo.
b) Romantismo.
c) Modernismo.
d) Simbolismo.
e) Neossimbolismo.

06. (UFSCAR)
Reinvenção
A vida só é possível
reinventada.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas ...
Ah! tudo bolhas
que vêm de fundas piscinas
de ilusionismo ... - mais nada.
Mas a vida, a vida , a vida
a vida só é possível
reinventada. […]
(Cecília Meireles)
Podemos dizer que, nesse trecho de um poema de Cecília Meireles, encontramos traços de seu estilo

a) sempre marcado pelo momento histórico.


b) ligado ao vanguardismo da geração de 22.
c) inspirado em temas genuinamente brasileiros.
d) vinculado à estética simbolista.
e) de caráter épico, com inspiração camoniana.

07. (UFU) Leia o poema abaixo:


Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio tão amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas,
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa e fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?"
(Cecília Meireles)

Assinale a alternativa INCORRETA de acordo com o poema:

a) A expressão "mãos sem força", que aparece no primeiro verso da segunda estrofe, indica um lado
fragilizado e impotente do "eu" poético diante de sua postura existencial.
b) As palavras mais sugerem do que escrevem, resultando, daí, a força das impressões sensoriais. Imagens
visuais e auditivas, em outros poemas, sucedem-se a todo momento.
c) O tema revela uma busca da percepção de si mesmo. Antes de um simples retrato, o que se mostra é um
autorretrato, por meio do qual o "eu" poético olha-se no presente, comparando-se com aquilo que foi no
passado.
d) Não há no poema o registro de estados de ânimo vagos e quase incorpóreos, nem a noção de perda
amorosa, abandono e solidão.

08. Sobre Cecília Meireles, é INCORRETO afirmar:

a) Embora não tenha pertencido diretamente ao chamado “grupo católico carioca” formado por Jorge de
Lima, Murilo Mendes, Ismael Nery, Tristão de Ataíde, entre outros, Cecília Meireles também apresenta em
sua obra traços espiritualistas.
b) A obra de Cecília Meireles caminha em direção à reflexão filosófica e existencial.
c) Juntamente com Rachel de Queiroz, Cecília Meireles foi uma das primeiras mulheres a conquistar o
reconhecimento do valor de sua obra na Literatura brasileira.
d) Filiou-se ao neossimbolismo e, em seus poemas, é possível notar um lirismo conciliado a uma perspectiva
bem-humorada da vida.
e) Suas poesias denotam certa inclinação para a estética simbolista, embora a poeta não estivesse filiada a
nenhum movimento literário.
TEXTO PARA A QUESTÃO 09.

Canção
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
(Cecília Meireles)

A partir da leitura do poema “Canção”, de Cecília Meireles, podemos notar a presença dos seguintes
elementos nos versos da poeta:

a) inclinação para a estética neossimbolista perceptível através da utilização de elementos como mar, sonho,
ondas, areias, águas, conferindo ao poema um caráter fluido e etéreo.
b) Presença do monólogo interior, digressão e fragmentação dos versos que contribuem para a temática da
existência.
c) Preocupação com a reflexão filosófica, com os modelos clássicos, além de uma temática notadamente
pessimista.
d) Proximidade com o mundo material, temas relacionados com o cotidiano, sobretudo com as questões
sociais.

10. (UFOP-MG) Observe o texto abaixo:

Fazendeiro de cana
Minha terra tem palmeiras? Não.
Minha terra tem engenhocas de rapadura e cachaça
e açúcar marrom, tiquinho, para o gasto.
 [...]
Tem cana caiana e cana crioula,
cana-pitu, cana rajada, cana-do-governo
e muitas outras canas de garapas,
e bagaço para os porcos em assembleia grunhidora
diante da moenda
movida gravemente pela junta de bois
de sólida tristeza e resignação.
 As fazendas misturam dor e consolo
em caldo verde-garrafa
e sessenta mil-réis de imposto fazendeiro.
                             Carlos Drummond de Andrade.
Assinale a alternativa incorreta:

Carlos Drummond de Andrade, neste poema, valendo-se das linguagens desenvolvidas pelo
Modernismo:

a) retoma a linguagem do poema romântico, de maneira simétrica e linear, apontando a ideologia nele
subjacente.
b) retoma parodisticamente (em forma de paródia) um importante poema do Romantismo brasileiro.
c) faz, em relação ao romântico, uma ruptura ao nível da consciência e ao nível da linguagem.
d) satiriza o sentimento ufanista, comum aos poetas românticos.
e) desmitifica a visão ingênua dos românticos, operando uma leitura crítica da realidade.

11. (Famih – MG)

Cidadezinha qualquer
 
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
 
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
 
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
                                       Carlos Drummond de Andrade
Todas as características modernistas citadas abaixo podem ser identificadas no poema de
Drummond, EXCETO:

a) Reaproveitamento do popular e do coloquial, uso de uma linguagem simples, fácil, próxima da expressão
oral.
b) Concepção do poético como um texto aberto; um discurso que oferece multiplicidade de sentidos e
interpretações.
c) Crítica ao mundo rural, ao universo primitivo, distante do progresso, da civilização mecânica e industrial.
d) Exploração do imprevisível, do inesperado; o corte brusco, a fragmentação de ideias possibilita o
surgimento do humor.
e) Interesse pelo homem comum, ordem social e pela vida cotidiana.

12. Enem 2009

Confidência do Itabirano

Alguns anos vivi em Itabira.


Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e
[comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e
[sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!

ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.

Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento modernista brasileiro. Com


seus poemas, penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os
dilemas humanos. Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o universal e o particular,
como se percebe claramente na construção do poema Confidência do Itabirano. Tendo em
vista os procedimentos de construção do texto literário e as concepções artísticas modernistas,
conclui-se que o poema acima

a) representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom contestatório e à utilização de


expressões e usos linguísticos típicos da oralidade.
b) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e
dados históricos.
c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio de imagens que
representam a forma como a sociedade e o mundo colaboram para a constituição do indivíduo.
d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e da poesia em
comparação com as prendas resgatadas de Itabira.
e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da saudade da infância e
do amor pela terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos.

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