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Introdução à Teologia

O termo Teologia tem origem etimológica do grego “theos”, que significa “deus”, e “logos” que denota
“estudo”. Sendo assim, a palavra teologia significa “estudos sobre Deus”. Importante observar que,
embora não a encontremos nas Escrituras, Teologia é uma  palavra bíblica em seu caráter. Mesmo
que seu significado mais recorrente remeta a Deus, se usada num sentido mais amplo, a Teologia
pode incluir as demais reveladas na Escritura. Afinal, se Deus é o supremo ser que criou e sustenta
tudo o que existe, a Teologia procura entender, articular sistematicamente a informação revelada a
nós, e se preocupa com a realidade última.

O filósofo grego Platão (427-347 a.C.) usou o vocábulo indicando a história de mitos e lendas dos
deuses contados por poetas. Na Grécia Antiga, foram os primeiros a se intitular teólogos “por
comporem versos em honra aos deuses”, uma vez que teologia referia-se às discussões filosóficas a
respeito de seres divinos (teogonias) e o mundo (cosmogonias).

Já no final do século II, Clemente de Alexandria (c. 150-c. 215) contrapôs theologia a mythologia. A
primeira seria superior às histórias da mitologia pagã devido à sua condição de verdade cristã a
respeito de Deus. A palavra “teologia” parece ter sido incorporada à linguagem cristã nos séculos IV e
V referindo-se à genuína compreensão das Escrituras.

No entanto, seu uso era restrito ao conhecimento relacionado à Deus. A partir de Theologia
Christiana, obra de Abelardo (1079-1142), que passou a designar um corpo de doutrina. Mais tarde,
João, Gregório de Nazianzo (c. 330-389) e João Calvino (1509-1564) foram denominados teólogos
por seus trabalhos de “verdade” direcionados à questão divina.

 Teodicéia, o  conjunto de conhecimentos que o homem pode chegar a ter de Deus sem ajuda da
Revelação sobrenatural e se limita a estudar a existência, o ser e os atributos divinos.
 A ciência teológica estuda o ser de Deus, na medida em que pode ser alcançado.

A distinção tradicional é a seguinte:

1) Objeto material – é a realidade da que propriamente se ocupa a Teologia. O objeto é Deus e todas
as realidades por Ele criadas e governadas por seu desígnio salvador. O objeto material primário ou
principal é Deus e o objeto secundário são todas as coisas criadas enquanto ordenadas a Deus.

2) Objeto formal, indica o ponto de vista. Um é o objeto formal “quod”: o que é próprio de Deus. “Deus
sub ratione Deitatis” e o objeto formal “quo” designa a luz intelectual sob a que o objeto é
considerado. Neste caso, a razão iluminada ou guiada pela fé.

RELAÇÃO ENTRE FÉ E TEOLOGIA:


A fé é assentir a uma verdade enquanto digna de ser crida. O próprio da Teologia é analisá-la. O
motivo formal da fé é a autoridade de Deus que se revela enquanto que o da Teologia é a percepção
da razão da inteligibilidade do crido. A fé é sempre pressuposto absoluto da Teologia.
Os maiores esforços para fundamentar o caráter científico da Teologia se deram ao longo do século
XIII, destacando a figura de Santo Tomás de Aquino entre seus grandes expoentes. Coube a Tomás
de Aquino tornar a metafísica aristotélica não somente aceitável para os cânones papais como
também um fino tecido argumentativo em favor da fé cristã. adotou o conceito aristotélico de ciência e
tratou de demonstrar que não é alheio à Teologia, baseando-se nos seguintes argumentos:
 A Teologia se assume como ciência ao construir racionalmente o revelado, onde verdades se
apresentam ligadas umas a outras e ao seu princípio. A partir daí, toma conclusões a partir de
princípios.
 Normalmente, a ciência tem evidência de seus princípios, mas há aquelas que se baseiam em
princípios dados por outras ciências superiores, sendo chamadas de ciências subordinadas. A
Teologia seria uma delas ao se basear nas verdades da fé. A ciência superior à Teologia seria
a Ciência de Deus.

O pensamento tomista é construído em bases racionais e empíricas, separando filosofia de teologia,


apesar de subordinar a primeira à segunda. Assim, o papel da razão é demonstrar e ordenar os
mistérios revelados pela fé

Um exemplo de como o tomismo emprega a razão a serviço da fé cristã é o conjunto de argumentos,


todos de cunho empírico, isto é, que se demonstram por via da experiência, que provam a existência
de Deus. Eles ficaram conhecidos como as Cinco Vias que levam a Deus.

São elas:

1) Movimento: Este primeiro argumento parte da constatação de que as coisas se movem.


Galáxias, planetas, rios, nuvens, homens, moléculas, tudo na natureza está em constante
movimento e transformação. E se existe o movimento, existe também aquilo que provoca o
movimento. Como um jogador que chuta uma bola, um raio que incendeia uma árvore ou a
força gravitacional que mantém corpos celestes em órbita. Constata -se, portanto, que este
agente do movimento é externo, ou seja, nada pode mover a si próprio, ou ser, ao mesmo
tempo, motor e movido: nenhum carro se locomove sem algum tipo de combustível. Mas este
raciocínio conduz a um absurdo lógico: se todo movido possui um motor, há uma sucessão
infinita e, não havendo um primeiro motor, também não haveria um segundo e assim por
diante. Em resumo, o movimento seria impossível! A única forma de explicar o movimento é
conceber Deus como causa motora primeira, que não é movida por nenhuma outra.

2) Causalidade: A segunda via é parecida com a primeira. Observa-se na natureza uma ordem
segundo uma relação de causa e efeito. O homem com o taco de bilhar é a causa; a bola que
entra na caçapa, o efeito. É impossível algo ser causa e efeito ao mesmo tempo: a bola de
bilhar não entra sozinha na caçapa. Contudo, se toda causa tem um efeito, haveria,
novamente, uma sequência infinita, a menos que admitamos uma causa primeira no universo,
que é Deus.

3) Possível e necessário: As coisas podem ser e não ser. Todas as pessoas que conhecemos e
nós mesmos não existimos para sempre. As coisas nascem, se transformam e morrem. Em
outras palavras, somos seres contingentes. Consequentemente, entre todos os seres possíveis
(que podem ser e não ser), é razoável acreditar que haja um que seja necessário, isto é, não
contingente. Como necessidade precisa ser causada, retorna-se ao absurdo das cadeias
causais infinitas do segundo e primeiro argumentos, a menos que Deus exista como
necessário por si mesmo.

4) Graus de perfeição: O quarto argumento é mais fácil de entender. Diz Tomás de Aquino:
"Encontram-se nas coisas algo mais ou menos bom, mais ou menos verdadeiro, mais ou
menos nobre, etc." Por exemplo, fulano é mais legal que beltrano, o banco A é mais confiável
que o banco B, etc. "Ora, mais ou menos se dizem de coisas diversas conforme elas se
aproximam diferentemente daquilo que é em si o máximo". Quer dizer, para afirmar que uma
coisa é mais ou menos em graus de perfeição, é preciso ter algo como parâmetro comparativo,
dotado de perfeição absoluta, como um quente absoluto que permite dizer que esta água está
muito quente - e aquela, apenas morna. Conclui Tomás de Aquino: "Existe algo que é, para
todos os outros entes, causa de ser, de bondade e de toda a perfeição: nós o chamamos
Deus".  

5) Finalidade: A quinta e última via trata dos seres que se movem em uma direção, que possuem
uma finalidade, o que é facilmente verificável na vida na Terra, que progride rumo a maiores
níveis de organização, desde simples bactérias até modernas sociedades humanas. Tomás de
Aquino usa como o exemplo o arqueiro: a flecha só parte em direção ao alvo porque existe o
arqueiro que mira e dispara, isto é, porque há uma inteligência guiando a flecha. O "arqueiro"
do universo, por assim dizer, é Deus.

FONTES TEOLÓGICAS:
As fontes da Teologia são a Sagrada Escritura (a Palavra de Deus escrita por inspiração do Espírito
Santo), a Tradição da Igreja e o Magistério autêntico. De algum modo pode considerar-se também a
História. A Sagrada Escritura deve estar unida à Tradição para entregar o reto sentido dos textos.
Assim, a Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério estão tão unidos que nenhuma pode subsistir
sem os outros. Por último, ainda que o recurso à História não seja propriamente uma fonte, é certo
que pode ajudar e colaborar a entender melhor como essas verdades se interpretam e vivem dentro
da Igreja com o transcurso do tempo.

A Teologia positiva é a ciência do conteúdo integral da Revelação que tenta determinar e traçar toda a
história documental do objeto crido em sua revelação, transmissão e proposição. Deseja conhecer a
forma externa do dado revelado, com o estilo metódico e exaustivo que próprio das ciências positivas.
Faz isso para chegar a uma inteligência mais profunda da Palavra de Deus. Trata de responder à
seguinte pergunta: qual é exatamente a verdade revelada por Deus? Assim, procura determinar e
estabelecer o que e como Deus revelou, se o fez diretamente ou indiretamente, de modo explícito o
implícito, com expressões obscuras ou claras.

Teologia especulativa aprofunda-se nas verdades reveladas, mostra sua inteligibilidade, a conexão e
harmonia que reina entre elas, servindo-se da ajuda das ciências humanas. Leva à compreensão
aprofundada do dado revelado, mas não deve ser confundida com uma simples especulação. Não é a
aplicação da filosofia técnica à compreensão da doutrina revelada, mas cai sob o controle e a luz do
mistério de salvação. Também não é uma superestrutura da Teologia positiva, mas o pensamento
especulativo é englobado nela. O dado de fé não é unicamente o ponto de partida, mas o princípio
vital que a anima ao longo de todo seu recorrido de reflexão crente. A possibilidade da Teologia
especulativa se fundamenta numa epistemologia realista - a doutrina revelada pressupõe que a mente
humana se ordena à verdade e é capaz de conhecer a Deus de maneira limitada e certa. A Teologia
especulativa possui duas grandes tarefas, sendo elas a compressão e organização sistemática do
dado revelado.

Pensadores da Teologia:
 SÉCULO I - PAULO DE TARSO: é considerado como o mais importante discípulo de Jesus e
no desenvolvimento do Cristianismo nascente. Ao contrário dos demais discípulos, não
conheceu Jesus pessoalmente, era um homem culto, freqüentou uma escola em Jerusalém,
era Fariseu e sacerdote.

Educado em duas culturas (grega e judaica), Paulo fez muito pela difusão do Cristianismo entre
os gentios e é considerado uma das principais fontes da doutrina da Igreja. Suas Epístolas
formam uma seção fundamental do Novo Testamento. Favorecia a abolição da circuncisão e
dos estritos hábitos alimentares judaicos.
 SÉCULO II - POLICARPO DE ESMIRNA: foi um bispo de Esmirna (atualmente na Turquia) no
segundo século. Morreu como um mártir, vítima da perseguição romana, aos 87 anos. É
reconhecido como santo tanto pela Igreja Católica Apostólica Romana quanto pelas Igrejas
Ortodoxas Orientais.

São Policarpo foi ordenado bispo de Esmirna pelo próprio São João, o Evangelista. De caráter
reto, de alto saber, amor a Igreja e fiel à ortodoxia da fé, era respeitado por todos no Oriente.
Com a perseguição, escondeu-se até ser preso e assim foi levado para o governador, que
pretendia convencê-lo de ofender a Cristo.

Policarpo, porém, proferiu estas palavras: "há oitenta e seis anos sirvo a Cristo e nenhum mal
tenho recebido Dele. Como poderei rejeitar Aquele a quem prestei culto e reconheço o meu
Salvador".

 SÉCULO III - CLEMENTE DE ALEXANDRIA: escritor grego, teólogo e mitógrafo cristão


nascido em Atenas, combateu o racismo, que via como base moral da escravidão. Convertido
ao cristianismo por patrístico Panteno (século II), sucedeu-lhe como líder espiritual da
comunidade cristã de Alexandria.

Entre suas obras de ética, teologia e comentários bíblicos destaca-se a trilogia formada por
Exortação, Pedagogo e Miscelâneas. Do período de formação da patrística e pré-nissênico
com nomes da escola cristã de Alexandria, combateu os hereges gnósticos. Embora ele tenha
sido instruído profundamente na filosofia neoplatônica, decidiu voltar-se ao cristianismo.

 SÉCULO IV - ATANÁSIO DE ALEXANDRIA(295-373): considerado santo pela Igreja Ortodoxa


e Católica, foi um dos defensores do ascetismo cristão, tendo inaugurado o género literário da
hagiografia. Do ponto de vista doutrinal, foi perseguido e exilado devido às acesas discussões
que manteve contra partidários do Arianismo.

 SÉCULO V - AURÉLIO AGOSTINHO (Do latim, Aurelius Augustinus): foi um bispo católico,
teólogo e filósofo. É considerado pelos católicos santo e doutor da doutrina da Igreja. Tornou-
se um pregador famoso e notado pelo seu combate à heresia do Maniqueísmo.

 SÉCULO IX - JOÃO ESCOTO ERÍGENA: filósofo, teólogo e tradutor escocês da corte de


Carlos, o Calvo, escolheu como tema principal de seus estudos as relações entre a filosofia
grega e os princípios do cristianismo. Sua obra caracterizou-se pela poderosa síntese
filosófico-teológica e obscuridade estrutural.

 SÉCULO XII - BERNARDO DE CLARAVAL(O. Cist.):


conhecido também como São Bernardo, era oriundo de uma família nobre de Fontaine-les-
Dijon, perto de Dijon, na Borgonha, França. Nasceu em 1090 e morreu em Claraval em 20 de
Agosto de 1153. Aos 22 anos foi estudar teologia no mosteiro de Cister (fr. Cîteaux). Em 1115
fundou a abadia de Claraval (fr. Clairvaux), sendo o seu primeiro abade. Naquela época
enfrentou inúmeras oposições, apesar disto, acabou reunindo mais de 700 monges. Fundou
163 mosteiros em vários países da Europa. Durante sua vida monástica demonstrava grande
fé em Deus serviu à igreja católica apoiando as autoridades eclesiásticas acima das
pretensões dos monarcas. Em função disto favoreceu a criação de ordens militares e
religiosas. Uma das mais famosas foi a ordem dos cavaleiros templários. Ao morrer o papa
Honório II em 1130, Bernardo apoiou o papa Inocêncio II, que assim conseguiu se impor ao
antipapa Anacleto II. Sempre influenciou os sucessivos pontífices com seu apoio.
O rei Luís VII da França e o papa Eugénio III, em 1147, encomendaram a Bernardo a pregação
da segunda cruzada. Porém, não aceitava as motivações políticas e econômicas subjacentes à
iniciativa dos soberanos, mas mesmo assim apoiou. Durante toda sua vida monástica escreveu
numerosos sermões e ensaios externando o seu espiritualismo contemplativo. Sua obra mais
conhecida foi Adversus Abaelardum. Nela combateu as teorias do teólogo e filósofo Pedro
Abelardo, por não aceitar as interpretações racionalistas que, segundo Bernardo, desvirtuavam
a fé exigida pelos mistérios de Deus. Foi canonizado em 1174 pelo papa Alexandre III com o
nome de São Bernardo. Em 1830 recebeu o título de doutor da Igreja Católica.

 SÉCULO XIII - SÃO TOMÁS DE AQUINO (perto de Aquino, Itália, 1227 - Paris, 7 de Março
1274):
tido como santo pela Igreja Católica, foi um frade dominicano e teólogo italiano. Nascido numa
família nobre, estudou filosofia em Nápoles e foi depois para Paris, onde se dedicou ao ensino
e ao estudo de questões filosóficas e teológicas. Aos 19 anos fugiu de casa para se juntar aos
dominicanos. Conseguiu entrar na Ordem fundada por São Domingos de Gusmão. Foi mestre
em Paris e morreu na Abadia de Fossa nova quando se dirigia para Lião a fim de participar do
Concílio de Lião. Seus interesses não se restringiam a religião e filosofia, mas também
interessou-se pelo estudo de alquimia, tendo publicado uma importante obra alquímica
chamada "Aurora Consurgens". O mérito transcendente de São Tomás consistiu em introduzir
aristotelismo na escolástica anterior. A partir de São Tomás a Igreja tem uma teologia (fundada
na revelação) e uma filosofia (baseada no exercício da razão humana) que se fundem numa
síntese definitiva: fé e razão. São Tomás é considerado um dos maiores mestres da Igreja pois
conseguiu alcançar um profundo entendimento da espiritualidade cristã.É também conhecido
como o Doutor Angélico.

 SÉCULO XIV - JOHN DUNS SCOT, OU SCOTUS (Escócia ca. 1266 - 8 de Novembro 1308):
foi membro da Ordem Franciscana, filósofo e teólogo da tradição escolástica, chamado o
Doutor Sutil, mentor de outro grande nome da filosofia medieval: William de Ockham. Foi
beatificado em 20 de Março de 1993, durante o pontificado de João Paulo II. Formado no
ambiente acadêmico da Universidade de Oxford, onde ainda pairava a aura de Robert
Grosseteste e Roger Bacon, posicionou-se contrário a São Tomás de Aquino no enfoque da
relação entre a razão e a fé. Para Scot, as verdades da fé não poderiam ser compreendidas
pela razão. A filosofia, assim, deveria deixar de ser uma serva da teologia, como vinha
ocorrendo ao longo de toda a Idade Média e adquirir autonomia. Um dos grandes contributos
de Scot para a história da filosofia, afirmam os historiadores, está no conceito de estidade
(aecceitas). Por esta teoria, valoriza a experiência, e distancia a preocupação exclusivista da
filosofia com as essências universais e transcendentes.

 SÉCULO XV - TOMÁS DE KEMPIS OU THOMAS HEMERKEN: monge e escritor místico


alemão a quem são atribuídas cerca de 40 obras, o que o tornam o maior representante da
literatura devocional moderna. Um dos textos que lhe são atribuídos é o da Imitação de Cristo,
obra de inegável influência no cristianismo.
 MARTINHO LUTERO: teólogo alemão considerado o pai espiritual da Reforma Protestante. O
desejo de obter os graus acadêmicos levaram Lutero a estudar as Escrituras em profundidade.
Influenciado por sua formação humanista de buscar ir "ad fontes" (às fontes), mergulhou nos
estudos sobre a Igreja Primitiva.
 SÉCULO XVI - JOÃO CALVINO: teólogo cristão francês que fundou o Calvinismo, variante do
Protestantismo que viria a ser bem sucedida em países como a Suíça, Países Baixos, África do
Sul , Inglaterra, Escócia e Estados Unidos. Vítima das perseguições aos protestantes na
França, fugiu para Genebra, onde faleceu anos depois.
 SÉCULO XVIII - JONATHAN EDWARDS: desde a infância, apresentava grande preocupação
com a obra de Deus e a salvação de almas. Em Nova Jersey, pregou seu sermão mais
famoso, Pecadores nas Mãos de um Deus Irado.
 SÉCULO XIX - CHARLES GRANDISON FINNEY (1792-1875): pregador, teólogo e avivalista
estadunidense. Seu ministério é conhecido por incluir medidas na pregação e mudar o
entendimento teológico do avivamento. Influenciou o pentecostalismo, especialmente sobre o
Batismo no Espírito Santo após a conversão.
 SÉCULO XX - CLIVE STAPLES LEWIS: foi um autor e escritor norte-irlandês conhecido pelo
trabalho académico sobre literatura medieval e apologética cristã desenvolvida através de
várias obras e palestras. Também conhecido por ser o autor da famosa série de livros infantis
de nome As Crônicas de Nárnia.
 SÉCULO XXI - MARTIN LUTHER KING JR: pastor norte-americano, prêmio Nobel, líder do
movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, partidário da não-violência na luta contra o
racismo e ativista político estadunidense. Seu discurso mais famoso e lembrado é "I Have A
Dream (Eu Tenho Um Sonho)".
Divisões da Teologia:
TEOLOGIA EXEGÉTICA
Em sentido literal, o termo exegética, vem da palavra grega que expressa “tirar o sentido para fora do
texto”, “sacar” ou “extrair” a verdade. Assim, a Teologia Exegética procura no estudo do Texto
Sagrado trazer à luz o seu verdadeiro sentido. Aqui, se estuda as Línguas Originais, a Arqueologia
Bíblica, Introdução Bíblica e Hermenêutica Bíblica.

TEOLOGIA HISTÓRICA
Estuda a trajetória do povo de Israel e da Igreja Cristã, a História dos Hebreus e a História da Igreja.
Considera o desenvolvimento histórico da doutrina, mas também investiga as variações sectárias e
heréticas da verdade. Abrange portanto, história bíblica, história da igreja, história das missões,
história da doutrina e história dos credos e confissões.

TEOLOGIA BÍBLICA
Sistematiza as doutrinas de acordo com as suas ocorrências nas diversas partes da Bíblia, como são
apresentadas por cada escritor sacro. Aqui, se estuda a Teologia Bíblica do Antigo e do Novo
Testamentos. A teologia bíblica extrai o seu material exclusivamente da Bíblia.

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
Encarrega-se de coordenar todos os ensinos das Teologias anteriores e sistematizá-las sob os
grandes títulos do estudo teológico. Também conhecida como Teologia Reformada, estuda Teologia,
Cristologia, Paracletologia, Angelologia, Hamartiologia, Antropologia, Eclesiologia, Escatologia e
Soteriologia.

A amplitude de seus estudos é justificada pelo caráter lícito de usar outras fontes, enquanto verdades,
para o estudo da teologia. Por isso, dizemos que a Teologia Sistemática incorpora, em seu escopo, o
exame das ciências naturais.

TEOLOGIA DOGMÁTICA
Estuda-se os credos das igrejas, a Apologética, Polêmica e Ética.

TEOLOGIA PRÁTICA
Sistematiza e ordena a aplicação das doutrinas de modo prático e direto no homem. Estuda
Homilética, Liturgia, Administração Eclesiástica, Educação Cristã e Missões. Além disso, busca
aplicar à vida prática os ensinamentos das outras teologias para edificação, educação e
aprimoramento dos homens.

TEOLOGIA NATURAL
Estuda fatos que se referem a Deus e Seu universo revelados na natureza.

Distinções:

Doutrina: está relacionada a um conjunto de princípios de ou dogmas de uma religião.

- Religião: se define como conjunto de crenças ou dogmas relacionados com a divindade e da


relação do homem com essa divindade em sentimento de veneração e obediência perante Ela.
Abrange também normas morais para o comportamento do sujeito de forma individual e social.

Como a doutrina está relacionada a um conjunto de princípios ou dogmas de uma religião e a religião
diz respeito a um conjunto de crenças ou dogmas relacionados com a divindade e da relação do
homem com essa divindade e abrange também normas morais para o comportamento do sujeito de
forma individual e social, logo ambas estão inter-relacionadas

Doutrinas do velho testamento:

No Antigo Testamento, a doutrina é dividida entre cinco grandes doutrinas, sendo elas:

A Doutrina da Criação
A Doutrina de Deus
A Doutrina do Homem e do Pecado
A Doutrina da Salvação.
A Doutrina da Criação

Doutrinas do novo Testamento:

A principal doutrina contida no Novo Testamento é a divindade de Jesus, filho de Deus: Deus se fez
carne e veio habitar entre nós. A partir dela, se desenvolve uma série de outras doutrinas também
importantes. Entre elas, citamos “Reino de Deus”, “Evangelização”, “Apostolado”, “Oração”, “Amor ao
próximo”, “Justificação”, “Vinda de Jesus”.

A Doutrina de Deus:

A doutrina de Deus é o fundamento metafísico do qual outras doutrinas bíblicas dependem. Portanto,
o cristão deve lutar para alcançar um correto entendimento de Deus.

 Definições e atributos de Deus

Na Teologia, Deus é o Ser Supremo, Espírito Infinito, Eterno, Imutável, dotado de Sabedoria, Poder,
Santidade, Justiça, Bondade, Verdade e Amor, Único, Perfeito, Criador, Sustentador do universo e
Pessoal. Ainda em sua definição, subsiste em três Pessoas ou Distinções: Pai, Filho e Espírito Santo.

Perante a Bíblia, e conforme o livro, Deus é testemunha entre os homens, zeloso, misericordioso,
único, grande e poderoso, perfeito, verdadeiro, justo e reto, salvador, excelso em poder, misterioso e
eterno, justo juiz, bem presente, santo, a verdade real e eterna; Espírito, Fiel, Poderoso, único, Amor,
verdadeiro em seu Filho Jesus Cristo e a vida eterna.

Quanto aos seus nomes, a Bíblia registra vários deles, assim como o trata mencionando Deus no
singular. Veja as declarações: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão” (Êx. 20.7); “Quão
magnífico em toda terra é o teu nome!” (Sl 8.1): “Como o teu nome, ó Deus, assim o teu louvor se
estende até os confins da terra” (Sl 48.10).

Nos casos mencionados, “o nome” vale por toda manifestação de Deus em Sua relação com o Seu
povo, ou simplesmente pela pessoa, de modo que se constitui sinônimo de Deus. Segundo o
pensamento oriental, jamais um nome era considerado como simples vocábulo, mas sim, como
expressão da natureza da coisa por ele designada.

Saber o nome de alguém é ter poder sobre ela, por isso, os nomes dos diversos deuses eram
utilizados nos encantamentos para se exercer poder sobre eles. No sentido mais geral da palavra, o
nome de Deus é Sua auto-revelação, um designativo dele, não como existe nas profundezas do Seu
Ser Divino, mas como se revela em Suas relações com o homem.
Para nós, o nome geral de Deus é subdividido em muitos nomes, fato que expressa o multiforme Ser
de Deus. Nenhum deles é uma invenção do homem, mas têm origem divina, embora tomados da
linguagem humana e derivados das relações humanas e terrenas. São antropomórficos e assinalam
uma condescendente aproximação de Deus ao homem.

E, com que base estes nomes são aplicados ao Deus infinito e incompreensível? O que possibilitou
tantas atribuições foi o fato de que o mundo, com todas as suas relações, teve o objetivo de ser uma
revelação de Deus. Dado o que O Incompreensível revelou-se em Suas criaturas, é possível ao
homem dar-lhe nome à maneira de cada uma.

A fim de fazer-se conhecido ao homem, Deus teve que condescender em nivelar-se ao homem,
acomodar-se à limitada e finita faculdade cognitiva e psíquica humana e falar em sua língua. Se
denominar Deus como nomes antropomórficos envolve Sua limitação, trata-se de uma verdade
quanto à revelação de Deus na criação.

Estudiosos distinguem as diversas denominações entre nomina propria (nomes próprios), nomina
essentialia (nomes essenciais, ou atributos) e nomina personalia (nomes pessoais; como pai e Filho e
Espírito Santo). Para facilitar a identificação, vejamos quais são os nomes atribuídos a Deus em cada
Testamento:
Os Nomes do Velho Testamento e Seu Significado:
 El Shaddai (Deus Todo Poderoso)  
 El Elyon (Deus Altíssimo)  
 Adonai (Senhor, Mestre)  
 Yahweh (Senhor Deus)  
 Jeová Nissi (O Senhor Minha bandeira)  
 Jeová-Raah (O Senhor meu pastor)  
 Jeová Rapha (O Senhor que cura)  
 Jeová Shammah (O Senhor está lá)  
 Jeová Tsidkenu (O Senhor Justiça Nossa)  
 Jeová Mekoddishkem (O Senhor que te santifica)  
 El Olam (o eterno Deus)  
 Elohim (Deus)  
 Qanna (ciumento)  
 Jeová Jiré (O Senhor proverá)  
 Jeová Shalom (o Senhor é paz)  
 Jeová Sabaoth (O Senhor dos Exércitos)
 El Shaddai (Deus Todo Poderoso)  
 El Elyon (Deus Altíssimo)  
 Adonai (Senhor, Mestre)  
 Yahweh (Senhor Deus)  
 Jeová Nissi (O Senhor Minha bandeira)  
 Jeová-Raah (O Senhor meu pastor)  
 Jeová Rapha (O Senhor que cura)  
 Jeová Shammah (O Senhor está lá)  
 Jeová Tsidkenu (O Senhor Justiça Nossa)  
 Jeová Mekoddishkem (O Senhor que te santifica)  
 El Olam (o eterno Deus)  
 Elohim (Deus)  
 Qanna (ciumento)  
 Jeová Jiré (O Senhor proverá)  
 Jeová Shalom (o Senhor é paz)  
 Jeová Sabaoth (O Senhor dos Exércitos)

Os Nomes do Novo Testamento e Seu Significado:


O Novo Testamento tem equivalentes gregos aos nomes apresentados no Antigo Testamento. Assim,
temos:

 Theos (El Elohim e Elyon)


 Pantokrator e Theos Pantokrator (Shadda e El-Shadday)
 Kyrios (Yahweh, Adonai)
 Pater (usado para designar a relação de Deus com Israel)

Definições de Deus

a) Definição Filosófica de Platão: Deus é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Ele é a
mente ou razão suprema; a causa eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente,
onipotente; tudo permeia e tudo controla; é justo, santo, sábio e bom; o absolutamente perfeito, o
começo de toda a verdade, a fonte de toda a lei e justiça, a origem de toda a ordem e beleza e,
especialmente, a causa de todo o bem.
b) Definição Cristã do Breve Catecismo: Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em Seu Ser,
sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade.
c) Definição Combinada: Deus é um espírito infinito e perfeito em quem todas as coisas têm sua
origem, sustentação e fim
d) Definições Bíblicas: As expressões "Deus é Espírito" (Jo.4:24) e "Deus é Luz "(IJo.1:5), remetem
à natureza essencial de Deus, enquanto a expressão "Deus é amor" (IJo.4:7) define Sua
personalidade. (ITm.6:16)
OS ATRIBUTOS DE DEUS
Os atributos de Deus são qualidades atribuídas ao caráter divino de acordo com sua auto-revelação e
que nos ajudam a entender quem é Ele. Além da designação “atributos de Deus”, a Teologia também
denomina tal estudo de “qualidades de Deus” ou “perfeições de Deus”, de modo que devemos
entender todas essas expressões como sendo sinônimas.

Porém, é importante lembrar que Deus não pode ser explicado ou definido de forma plena e
compreensível aos homens. Sob esse aspecto, não há como expressá-lo de forma adequada com
algum atributo e, mesmo o estudo específico o descreve de forma limitada, pois Ele, em sua
plenitude, é completamente incompreensível para nós.

Algo que precisa ser considerado é que conhecemos Deus apenas com base no que Ele resolveu nos
revelar. Assim, há muito mais que não conhecemos porque nosso intelecto não consegue
compreender ou Ele simplesmente não nos revelou. No entanto, Ele certamente nos revelou tudo o
que de fato precisaríamos saber.

A revelação de Deus aos homens é tão clara que torna qualquer um que a negligencie indesculpável.
Os atributos de Deus, então, nos auxiliam na compreensão da Sua natureza infinita de Deus em
relação ao universo. Ele é auto-existente, independente e infinitamente exaltado sobre a natureza,
nem sofre limitações por ela.

Para facilitar a compreensão do assunto, os atributos de Deus estão divididos em duas categorias:
atributos incomunicáveis e atributos comunicáveis. Os primeiros, também chamados de não-
relacionados, são aqueles que Deus não compartilha com nenhuma criatura, ou seja, são atributos
exclusivos dele e Ele não os comunicou a mais ninguém.

Os atributos comunicáveis são aqueles que Deus compartilha, pelo menos em certa medida, com o
homem. Foram impressos na criação da humanidade, e por isso o homem foi feito à imagem e
semelhança de Deus. Isto porque Deus comunicou a Ele alguns de seus atributos, e por portá-los, o
homem se parece com Deus em alguns aspectos.

Atributos incomunicáveis

1- Asseidade: significa que Deus é auto-existente, e não necessita de nada nem ninguém para
continuar a existir, ou seja, Ele não depende de ninguém fora de si mesmo para ser o que é.
Obviamente a asseidade de Deus está diretamente ligada a sua eternidade (Sl 90:1,2).
2- Eternidade: significa que Deus sempre existiu, Ele não foi criado por ninguém e está acima de
qualquer limitação de tempo (Gn 21:33; Sl 90:1,2). Ele não tem começo nem fim, e existe sem
sucessão de momentos, ou seja, para Ele não existe passado, presente e futuro, pois seu presente é
sempre a própria eternidade.
3- Unidade: significa que Deus é um e que todos os atributos dele estão inclusos em seu ser o tempo
todo. A doutrina da Trindade não contradiz esse principio, pois as três Pessoas distintas formam um
único Deus, ou seja, sua essência é indivisível (Dt 6:4; Ef 4:6; 1Co 8:6; 1Tm 2:5).
4- Imutabilidade: significa que Deus não muda jamais, ou seja, tanto Seu ser como Suas perfeições
não sofrem qualquer alteração, e Ele não muda, de forma alguma, os Seus propósitos e promessas
(Tg 1:17). Aqui é importante entender que qualquer tipo de alteração que as Escrituras pareçam
sugerir é apenas figuras de linguagem para que nós, humanos, possamos compreender de forma
mais didática o relacionamento dele conosco.
5- Infinitude: significa que Deus é infinito em seu ser e não sofre qualquer tipo de limitação. O tempo
e o espaço não podem limitá-lo (1Rs 8:27; At 17:24-28). Talvez a qualidade da infinitude seja um dos
atributos de Deus que apresenta mais dificuldade de compreensão por parte dos homens. Geralmente
os estudiosos entendem que a infinitude de Deus também aparece revelada através de outros
atributos, como a onipresença, onisciência, onipotência e a eternidade.
6- Onipresença: significa que Deus não é limitado de nenhuma forma pelo espaço. Sua presença é
infinita, de modo que Ele está presente em toda parte com toda plenitude do Seu ser (Sl 139).
7- Onipotência: significa que Deus possui todo poder, isto é, seu poder é infinito e ilimitado. Deus é
soberano e capaz de cumprir todos os Seus propósitos (2Co 6:18; Ap 1:8).
8- Onisciência: significa que Deus conhece todas as coisas de modo completo e absoluto. Seu
conhecimento é infinito e não está sujeito a qualquer limitação. Ele não precisa pedir nenhuma
informação, bem como nunca possui dúvidas (Sl 139; 147:4).
9- Soberania: significa que Deus controla todas as coisas, pois Ele próprio é soberano e supremo
sobre tudo e todos. Ele é quem governa o universo e conduz a História segundo os seus propósitos
eternos. Também é importante saber que a soberania de Deus não anula a responsabilidade humana,
e nem a responsabilidade humana descaracteriza as ações soberanas de Deus (Fp 2:12,13).

Aspectos comunicáveis

10- Amor: a Bíblia declara explicitamente que “Deus é amor” (1Jo 4:8). O amor, como um dos
atributos de Deus, deve ser entendido, sobretudo, pelo aspecto do que os escritores do Novo
Testamento chamaram de “amor ágape“, isto é, um amor profundo e incondicional, que ao mesmo
tempo em que revela grande afeição, também revela cuidado, zelo, correção e abnegação.

O apóstolo Paulo escreveu que o amor de Deus é derramado no coração dos cristãos genuínos (Rm
5:5). Certamente a maior manifestação do amor de Deus foi enviar Jesus, seu Filho, para morrer por
pecadores. Esse ato imerecido é designado como graça (Ef 2:4-8). Aqui mais uma vez vale ressaltar
que o atributo do amor não anula os atributos da santidade, justiça e retidão.

A própria obra de Cristo no Calvário deixa isso muito bem claro, pois se por um lado vemos seu
infinito amor ao enviar seu próprio Filho, por outro vemos que esse ato serviu para satisfazer a sua
justiça e santidade. Se Ele fosse mais amor do que justiça, santidade e retidão, Ele poderia ter
perdoado os pecadores sem precisar sacrificar seu próprio Filho.
Logo, não existe qualquer base bíblica ou fundamentação lógica para dizer que os demais atributos
de Deus estão sujeitos e subordinados ao seu atributo do amor, resultando, como já foi dito, na
heresia do universalismo, ou, em alguns casos, no próprio aniquilacionismo.

11- Bondade: esse atributo está diretamente ligado ao atributo do amor, enfatizando a benevolência
de Deus para com suas criaturas. A bondade de Deus também implica na realidade de que tudo o que
Ele faz é essencialmente bom e legítimo, mesmo que o homem não compreenda (2Cr 30:18; Sl 86:5;
100:5; 119:68; At 14:17).
12- Misericórdia: a misericórdia é outro atributo que também está ligado ao atributo do amor, e revela
a compaixão e piedade Deus para com os miseráveis e angustiados (Ef 2:4,5). Na verdade, além da
misericórdia e bondade (citada acima), existem várias outras características de Deus que estão
relacionadas ao atributo do amor, como por exemplo, a benevolência, a benignidade e a
longanimidade.

Através do capítulo 5 da Epístola aos Gálatas, percebemos que muitos dos atributos comunicáveis de
Deus são compartilhados com os cristãos através do fruto gerado pelo Espírito Santo.

13- Sabedoria: significa que Deus é infinitamente sábio, de modo que Ele próprio é a fonte da
sabedoria. O profeta Daniel entendeu isso ao dizer que “dele são a sabedoria e a força” (Dn 2:20; cf.
Jó 12:13; Jó 36:5; Sl 147:5; Is 40:28; Rm 11:33). Além disso, devemos entender que a sabedoria de
Deus é completamente superior à sabedoria dos homens (Is 55:8; cf. Jó 28:12-28; Jr 51:15-17).
14- Justiça: significa que Deus é plenamente justo e perfeito em sua retidão. Não há injustiça em
Deus, e dele não provém nenhum tipo de desigualdade. Ele sempre é correto, e seus juízos são
perfeitos (Sl 11:7; Dn 9:7; At 17:31). Muitos estudiosos também detalham o atributo da justiça em
outras características específicas, como a retidão e a equidade.
15- Santidade: significa que Deus é completamente separado do pecado, e totalmente comprometido
com sua honra. Ele nunca está relacionado a qualquer coisa impura ou qualquer comportamento
indigno (Is 40:25; Hc 1:12; Jo 17:11; Ap 4:8). O atributo da santidade em Deus exige que os
pecadores estejam separados dele, a menos que estes sejam justificados pelos méritos de Cristo,
sendo feitos nele santo.
16- Veracidade: significa que Deus, e tudo o que provém dele, é necessariamente verdadeiro,
infalível e absolutamente confiável (Hb 10:23), de modo que Ele é o próprio Deus verdadeiro (Jo
17:3). O atributo da veracidade também expressa a fidelidade de Deus, ou seja, tudo o que Ele
revelou de si mesmo é genuíno, e por ser fiel, Ele nunca fará nada que afronte a sua própria natureza
ou contradiga sua palavra.
17- Liberdade: significa que Deus não precisa de nada nem ninguém para fazer o que quer, ou seja,
Ele é completamente livre para executar sua vontade (Mt 11:26; cf. Is 40:13,14) de acordo com a
perfeição de sua natureza, ou seja, apesar de ser completamente independente e livre, isso não
significa que Ele seja livre para pecar, mentir, deixar de ser Deus ou mesmo morrer, pois trais coisas
contrariam seu próprio ser.
18- Paz: esse atributo de Deus nos revela que nele próprio, ou em qualquer uma de suas ações, não
há nenhum tipo confusão ou desordem. Gideão entendeu essa qualidade de Deus quando declarou
“O Senhor é paz” (Jz 6:24).
A ESSÊNCIA E A NATUREZA DE DEUS
Um bom ponto de partida para discutirmos o essência de Deus é a criação do Universo. Nosso
conhecimento de Deus se baseia no fato de que Ele criou todas as coisas: o tempo, o Universo, o
mundo físico, toda a matéria, todos os seres vivos, assim como o mundo do espírito e seus
habitantes. Portanto, Ele Se revelou à humanidade, de uma forma geral, pela Sua criação (o que se
conhece por revelação geral) e, mais especificamente, pela Bíblia (o que se conhece por revelação
especial).

 A existência de Deus
Percebemos que os grandes argumentos contra a existência de Deus tombam diante de uma análise
mais detalhada. Será, todavia, que somente podemos ir pelo caminho da defesa, ou há muita
discussão entre os teólogos se é possível apresentar provas racionais a respeito da existência de
Deus sem o uso da Escritura?

O que deve ser esclarecido é que, se por provas racionais se entende que elas devem convencer a
todos que Deus existe, ou que é o único instrumento do despertamento espiritual de alguém, então,
não existem tais provas. Somente o Espírito Santo, fazendo uso da revelação, pode convencer
alguém da existência de Deus.

Historicamente, alguns argumentos têm sido formulados para defender a Sua existência:

 Argumento ontológico - a ideia de um ser superior: Segundo este argumento, uma das
coisas que nos leva a pensar que Deus deve existir é o fato de que todos têm esta noção em si
mesma. Em geral, a ideia que as pessoas fazem de Deus é a de um ser superior e infinito. A
questão é como noções de um ser infinito podem surgir em mentes de seres finitos? O filósofo
e matemático francês Descartes (1595-1650) não conseguia entender que o homem fosse
capaz de criar essas ideias. Para ele, isso necessariamente precisava ter vindo de fora, ou
seja, do próprio Deus.

 Argumento cosmológico - toda causa tem um efeito: outra ideia comum e aceita entre os
homens é que todo efeito precisa ter uma causa. Nesse sentido, o mundo criado é o efeito,
enquanto que o criador, a causa. Sendo o mundo tão grandioso como é, necessariamente
precisa ter uma causa grandiosa também.

Este argumento vai além do anterior, que determina apenas a existência de um ser superior,
demonstrando que esse ser superior é também infinito, pois só alguém infinito poderia ter
criado um universo tão grande. Popularmente se diz que o universo é infinito, mas é claro que
de forma absoluta isso não é possível. Somente Deus pode ser infinito, pois a existência de
dois infinitos é uma contradição. O universo, entretanto, é enorme, além da compreensão do
homem. A existência de um universo tão grande pressupõe a existência de um Deus ainda
maior. A falha desse argumento tem sido apontada pelo fato de que, se toda causa tem um
efeito, então, Deus também precisaria ter uma causa. A resposta é que Deus é a causa de si
mesmo, ou seja, a causa não causada. Ele é eterno, isto é, existe desde toda a eternidade.

 Argumento teológico - há propósito em tudo o que existe: O mundo não é caótico, ao


contrário, em todos os lugares é possível ver ordem, propósito, organização e harmonia. O
mundo revela um senso de inteligência que não pode ser ignorado.

Essa noção de organização e inteligência pode ser vista até mesmo nas coisas mais
insignificantes, como na vida dos insetos, ou nas coisas mais sofisticadas, como na
constituição do corpo humano. Toda a simetria, toda a lógica, toda a harmonia pressupõe uma
inteligência maior que tenha planejado tudo.A organização do universo pressupõe a existência
de um ser inteligente e com propósitos definidos. Este argumento vai além dos anteriores
porque determina a existência de um ser inteligente e sábio que planejou o universo. A ideia é
que pode ser vista na natureza evidência de um design inteligente.

 Argumento moral - há uma ideia moral implícita em todos: em todos nós, há homens uma
noção de certo e errado. Todos almejam por justiça e se irritam com a injustiça. Tal noção
depende do aprendizado recebido durante a vida, mas há um grau em que esse senso é inato
a todos os homens. E de onde ele vem?A explicação é que a noção é implantada pelo próprio
Deus. Somos criaturas morais e a moral não poderia se originar em nós mesmos, por isso,
deve existir um Deus que a implantou em nós. A evolução não consegue explicar a existência
dessa moral.
 Naturalismo irracional: tudo o que é da “natureza” é automaticamente mais aceito. As
pessoas cultuam a mãe natureza, e procuram soluções “naturais” para seus problemas. A
existência humana também tem sido explicada a partir de elementos naturais. Nesse sentido,
evolucionismo e naturalismo são sinônimos. Trata-se da tentativa humana de explicar a
existência do homem sem precisar apelar para o sobrenatural, para o divino. Contudo, que
sentido teria a vida se não existisse um Deus? Se imaginarmos que tudo é obra do acaso,
acreditarmos nas teorias naturalistas e tudo é produto da evolução, não viemos e nem vamos a
lugar nenhum. Seríamos apenas um fruto de um acidente cósmico, de uma espécie de
conspiração molecular inanimada.

 Irracionalismo puro: diante do que temos sobre naturalismo, a questão que surge é - será que
o naturalismo é racional? Em última instância podemos dizer que o naturalismo também é
questão de fé. Os cientistas não têm provas concretas do que dizem, porém creem que é
verdade. A primeira observação que pode ser feita sobre o naturalismo é que sua base é
extremamente frágil.Uma pergunta sempre ficará sem resposta no naturalismo: qual é a causa
última de todas as coisas? Nada! Portanto, a única saída para a ciência é admitir que Deus
existe.

 A existência do mal: o principal argumento que um ateu pode usar contra a existência de
Deus é aquele que explora a existência do mal. Segundo ele, Deus existe, é onipotente,
onisciente, onipresente e, acima de tudo, bom. Ademais, existe o mal e, assim, por que Deus o
permite? A Escritura diz que todas as coisas existem para a glória de Deus. Deus manifesta
sua glória ao permitir que o mal exista, pois sabe como lidar com ele. Ainda devemos lembrar
que uma criação testada e aprovada é mais valiosa do que uma criação que jamais foi testada.

 Os pensamentos elevados: a maneira como funciona a mente de Deus é tão diferente, que
seus pensamentos e propósitos se tornam incompreensíveis para nós. A mente de Deus
realmente é diferente da nossa, mas isso não quer dizer que ela admita contradição. Sua
mente é elevada e trata de questões incompreensíveis para nós, porém tudo o que Deus pensa
faz sentido e é perfeitamente lógico.

 Amor incompreensível: não compreendemos a maneira como Deus se relaciona com o


homem. A base do seu amor está nele próprio e não nas razões que o objeto amado oferece.
Tanto que “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigênito, para todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna".

Conhecimento revolucionário: o conhecimento que podemos ter de Deus é algo que emana dEle
com o propósito de transformar as pessoas. Integra todas as partes de nosso ser e produz
transformações profundas no caráter, vontade, sentimentos, pensamentos e ações. Num resumo, é
algo que redireciona a vida de alguém.
A PALAVRA DE DEUS
A palavra de Deus como pessoa - Jesus Cristo
Às vezes, a Bíblia refere-se ao Filho de Deus como a Palavra de Deus. Em Apocalipse, João vê o
Senhor Jesus ressurreto no céu e diz: “Está vestido com um manto tingido de sangue, e o seu nome
é a Palavra de Deus”.
De modo semelhante, no começo do Evangelho de João, lemos “No princípio era a Palavra, e a
Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus”. João está falando do Filho de Deus, pois, no
versículo 14, diz: “A Palavra tornou-se carne e viveu entre nós”.

A palavra de Deus como comunicação verbal


A frase “Palavra de Deus” é muito conhecida e proclamada por quem acredita Nele. Porém, assume
diferentes significados, sem, contudo interferir em seu aspecto autoritativo.

1. A palavra como pessoa

Nesse caso, especificamente, se refere à pessoa de Cristo. Ele é a palavra encarnada. Em


Apocalipse 19.13 lemos: “Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o
Verbo de Deus” (Ap 19.13).

O tão conhecido texto de Jo 1.1 descreve Cristo da seguinte forma: “No princípio era o Verbo, e o
Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. A pessoa de Cristo tem a atribuição de revelar o
caráter santo de Deus, bem como sua vontade.

2. A palavra como uma comunicação verbal

Essa comunicação verbal aparece de diversas formas na Escritura. A primeira são os decretos pelos
quais eventos ocorrem a partir da ordem de Deus, como a criação (Gn 1.3,4). A segunda é a
aplicação pessoal quando Deus se dirige diretamente a uma pessoa, como fez com Adão (Gn 2.16-
17).

A terceira é aquela comunicada por meio de lábios humanos, como ocorreu através dos profetas (Jr
1.9). Por fim, a quarta é a forma escrita, como aconteceu quando Deus entregou as tábuas da lei
escritas pelo seu dedo (Ex 31.18).

A palavra escrita, além de registrar as formas já citadas também possui três vantagens. Uma, é a
preservação para as gerações futuras (Ex 17.14) A outra é proporcionar a possibilidade de estudo (Sl
1.2). E a última é proteger da simples confiança na memória.
AS OBRAS DE DEUS

Além de considerar Deus em si mesmo, é preciso analisá-lo em suas obras, tanto as essenciais
quanto as pessoais. As obras essenciais são aquelas que são realizadas por toda a Santíssima
Trindade operando como sendo apenas um Ser. As obras pessoais são aquelas que são peculiares a
uma pessoa em particular.

Tanto as obras essenciais como as pessoais incluem aquilo que somente afeta [ad intra] e aqueles
efeitos percebidos fora de Deus [ad extra]. A primeira espécie não tem outro objeto [terminus] além de
Deus. [A esta espécie pertencem] tais assuntos como a inteligência pela qual Deus conhece a si
mesmo, a geração do Filho e a procedência do Espírito Santo.

As obras da segunda espécie têm alguns outros objetos além da Santíssima Trindade. Tais como a
predestinação, criação e coisas semelhantes que concernem às criaturas como objetos externos a
Deus. Em relação a obras externas pessoal e essencial, é necessário pontuar algumas observações:

I. A mesma obra externa é tanto pessoal como essencial de diferentes pontos de vista. Assim, a
encarnação de Cristo, em seu aspecto eterno [inaugurativo] é uma obra essencial, comum à toda a
Trindade; em seu aspecto histórico [consumativo], é uma obra pessoal apenas do Filho.
Embora o Pai e o Espírito sejam causas da encarnação, somente o Filho tornou-se encarnado. Do
mesmo modo, embora a criação, redenção e santificação são obras de toda a Santíssima Trindade,
todavia, de um ponto de vista, elas podem ser chamadas de pessoais.

O Pai é chamado criador, porque ele é, como era a origem [fons] da operação da Trindade, e o Filho e
Espírito Santo agem pelo Pai. O Filho é chamado redentor, porque ele consumou a obra da redenção
assumindo a natureza humana. O Espírito Santo é chamado santificador, porque ele é enviado pelo
Cristo como um confortador e santificador.

II. As obras externas são indivisíveis ou comuns a todas as pessoas. Desta proposição segue do que
foi declarado acima; uma vez que a essência é comum a todas as pessoas, as obras essenciais
também precisam ser comuns a todos os três.

III. Toda obra específica sempre preserva o mesmo princípio essencial, causa eficiente e efeito.

IV. Nem todas as obras cujo objeto é fora de Deus [ad extra] é uma obra externa. Um decreto de
Deus é ad extra naquilo que se refere à criatura ou alguma coisa além de Deus, mas ela é interna
naquilo que ela permanece em toda a essência de Deus.

V. As obras imanentes e internas de Deus são as realidades [res] e não diferem da essência de Deus.
Tudo o que estiver em Deus é Ele, e como essência e ser [essentia et esse] não são diferentes em
Deus, assim, em sua vontade e o ato da vontade não são realidades [realiter] diferentes.

Os decretos

Ainda no que toca as obras de Deus, é preciso conceituar a relação entre elas e seus decretos. Trata-
se do terno propósito de Deus, segundo o conselho da sua vontade, pelo qual, para a sua própria
glória, Ele determinou tudo o que acontece. Embora muitas vezes usado no plural, o decreto é
somente um único ato de Deus.

Esse ato é imediato e simultâneo, não sucessivo como o nosso, e a sua compreensão é sempre
completa. Não existem, pois, uma série de decretos de Deus, mas somente um plano que abrange
tudo o que se passa. O decreto de Deus tem a mais estreita relação com o seu conhecimento.

Ele não refere-se ao ser essencial de Deus, nem às suas atividades imanentes dentro do ser divino.
Deus não decretou ser santo e justo, nem existir como três pessoas numa essência, nem gerar o filho.
Essas coisas são como são necessariamente e não dependem da vontade optativa de Deus.

Aquilo que é essencial ao ser divino não pode fazer parte do conteúdo do decreto. O decreto não se
limita aos atos realizados pessoalmente por Deus, mas abrange também as ações das suas criaturas
livres. Algumas coisas Deus faz pessoalmente, outras ele faz com que aconteçam por meios
secundários, os quais ele vitaliza e sustenta pelo seu poder.

Porém, deve-se frisar que o decreto não é o ato propriamente dito. Ou seja, é necessário fazer a
distinção entre o decreto e sua execução. O decreto para criar não é a criação em si, nem o decreto
para justificar é a justificação em si. Ordenar Deus o universo de tal modo que o homem seguirá certo
curso de ação é diferente de ordenar-lhe que aja desse modo.

O decreto não é dirigido ao homem e não é de natureza estatutária, tampouco impõe compulsão ou
obrigação à livre vontade do homem. O decreto tem fundamento na sabedoria divina, é imutável,
eterno, universal e abrangente. Mesmo que haja diferença entre decreto e execução, o estudo do
primeiro leva as considerações quanto ao segundo.

Obviamente, tudo começa a partir da Criação e o conhecimento dessa doutrina só é aceito pela fé..
Embora a Bíblia apresente um Deus transcendente, ela também nos lembra que Ele está
profundamente envolvido nos assuntos do universo e da humanidade, começando com o ensino
sobre a Criação.

Em distinção à geração do filho, que foi um ato necessário do pai, a criação do mundo foi um ato livre
do Deus triúno. Os Livros Gênesis 1 e 2 trazem o relato histórico no qual Deus trouxe à existência
terra, estrelas, estações, a vida vegetal e todas as espécies de animais. O homem é a coroa de sua
Criação, tanto que o fez a sua própria imagem.

Deus criou o universo ex nihilo, ou “do nada”. Antes da Criação, nem o tempo existia, dado que o
mundo foi trazido à existência “com o” tempo, antes que “no” tempo. No geral, a igreja sustenta que o
mundo foi criado em seis dias comuns. Contudo, nomes como Agostinho, afirmavam que os dias
seriam eternos, já que “para o Senhor um dia é como mil anos”.

A Criação é definida como livre ato de Deus pelo qual ele, segundo a sua vontade soberana e para a
sua própria glória, produziu no princípio todo o universo, visível e invisível, em parte do nada e em
parte de material que, por sua natureza, nada poderia produzir, e assim lhe deu uma existência
distinta da sua própria, e, ainda assim dele dependente.

A crença da Igreja na criação do mundo vem expressa já no primeiro artigo confissão de fé apostólica:
“creio em Deus pai, todo-poderoso, criador dos céus e da terra”. A Igreja primitiva entendia o verbo
“criar” no sentido estrito de “produzir do nada alguma coisa”. No entanto, nem sempre a escritura usa
o hebraico “bará” e o grego “ktizein” nesse sentido.

Também emprega esses termos para denotar uma criação secundária, na qual Deus usou material já
existente, mas que não podia causar por si mesmo o resultado indicado. Embora o pai esteja em
primeiro plano na obra da criação, esta é também reconhecida como obra do filho e do Espírito Santo.

Deus não deixou o universo existir por si mesmo, visto que ele deveras não pode existir por si mesmo,
mas continuamente sustenta sua existência e ativamente governa sua operação. É uma visão anti-
bíblica dizer que Deus criou o universo com certas leis que governam sua operação.

A posição bíblica é que Deus está sustentando o universo, e controlando os mínimos eventos dentro
dele. Em outras palavras, a totalidade deste universo está sendo governada por uma mente pessoal,
ao invés de poderes ou leis impessoais. Esta é a doutrina da PROVIDÊNCIA de Deus.

A propósito, os teólogos distinguem Providência Geral e Especial. A primeira refere-se ao seu controle
e supervisão, e precisa dos eventos que Ele causa através dos meios ordinários. A última refere-se ao
seu controle e intervenção precisa dos eventos que Ele causa através dos meios extraordinários.

Juntos, a providência geral e especial de Deus abraçam cada evento que ocorre. Paulo escreve que
Deus o Pai, através da agência de Deus o Filho, criou, não somente todas as coisas “visíveis e
invisíveis”, mas que “[o Filho] é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste” (Colossenses 1:17).

Cristo é antes de toda criação, e mesmo agora Ele está sustentando o universo inteiro. Deus criou o
universo por Sua palavra, e mesmo agora Ele está “sustentando todas as coisas por sua palavra
poderosa” (Hebreus 1:3). Paulo observa em Atos 17:28, “Pois nele vivemos, nos movemos e
existimos”.

Além de preservar a existência de Sua criação, Deus também governa e causa todos os aspectos
dela. Nem mesmo um animal aparentemente insignificante pode morrer a parte de Sua vontade
(Mateus 10:29). Isto implica que tudo está sujeito ao Seu governo, e há muitas passagens que
descrevem a extensão e o escopo de Sua supervisão sobre a criação.

DEUS E SUA RELAÇÃO COM A HUMANIDADE

Como Deus se relaciona com o homem? Desde a criação do mundo, o relacionamento entre Deus e o
homem tem sido definido por promessas e requisitos específicos. Deus revela às pessoas como ele
deseja que ajam e também faz promessas de como agirá com eles em várias circunstâncias.

A Bíblia contém vários tratados a respeito das provisões que definem as diferentes formas de
relacionamento entre Deus e o homem que ocorrem nas Escrituras, e freqüentemente chama esses
tratados de alianças. Podemos apresentar a seguinte definição das alianças entre Deus e o homem
nas Escrituras:

“Uma aliança é um acordo imutável e divinamente imposto entre Deus e o homem, que estipula as
condições do relacionamento entre as partes”.

Apesar da definição incluir indicar que há duas partes, também mostra que o homem jamais pode
negociar com Deus ou alterar os termos desse acordo. Ele apenas pode aceitar as obrigações da
aliança ou rejeitá-las. Sobre isso, há muitos questionamentos sobre como falar da aliança de obras
entre Deus, Adão e Eva no Jardim do Éden.

A própria palavra aliança não é utilizada no relato de Gênesis. Todavia, as partes essenciais estão
todas lá, considerando um conjunto de provisões que compromete legalmente e estabelece as
condições do relacionamento, a promessa de bênçãos pela obediência e a condição para obter
aquelas bênçãos.

Teólogos falam de outro tipo de aliança, sendo esta firmada entre os membros da Trindade. A ela,
chamam de a aliança da redenção. É um acordo entre Pai, Filho e Espírito Santo, no qual o Filho
concordou em tornar-se homem, ser nosso representante, obedecer às exigências da aliança das
obras em nosso favor e pagar o preço de nossos pecados.

As Escrituras ensinam sua existência ao mencionar um plano específico e do propósito de Deus como
um acordo entre Pai, Filho e Espírito Santo para obter nossa redenção. Há, ainda, a aliança da graça,
que trata do novo caminho criado por Deus para que o homem, falho em obter as bênçãos pela
aliança das obras, pudesse ser salvo.  

Após o relato da queda em Gênesis, as Escrituras narram como Deus operou um plano de redenção
por meio do qual pessoas poderiam chegar a ter um relacionamento consigo. Por isso, há várias
formas de aliança e seus termos variam conforme a ocasião. Nos tempos de Adão e Eva, havia uma
sugestão de relacionamento com Deus.

Esse viria na promessa da semente da mulher em Gênesis e na provisão graciosa, da parte de Deus,
de vestir Adão e Eva.

A DOUTRINA DO HOMEM
Visto que Cristo precede o homem em preeminência, pode parecer que a doutrina de Cristo mereça
receber atenção primeira em relação a doutrina do homem. Mas, visto que a obra redentora de Cristo
permeia seu estudo e que, por seres humanos, ele fez sua expiação, é razoável estudar
primeiramente a doutrina do homem.

Tal posição encontra embasamento nos atributos humanos que Cristo tomou sobre si na encarnação.
Primeiro, é interessante mencionar que Deus criou o homem para sua própria Glória com o propósito
de cumprir o objetivo da criação humana. O homem foi criado a imagem e semelhança de Deus.

Mas, o que isso significa? Que o homem tem traços do Criador e o representa. Veremos isso com
maiores detalhes adiante, mas houve o momento da queda homem, no qual vários elementos desta
semelhança se perderam. Resumindo, o plano de de Deus para a humanidade, em Cristo, é a gradual
recuperação de tal semelhança.

De acordo com as Escrituras, isso se dará mediante a volta de Jesus Cristo. O termo “doutrina do
Homem” é usado tanto na Teologia como na Ciência. O conhecimento dessa doutrina servirá de
alicerce para entender melhor as doutrinas sobre o ‘pecado’, o ‘juízo’ e a ‘salvação’, as quais se
baseiam no homem.

 O Homem

Iniciaremos as discussões tratando do uso da palavra homem para referir-se a toda a raça humana,
algo veementemente contestado nos dias atuais. Tal discordância encontram respaldo no argumento
de  que tal costume desrespeita as mulheres. Assim, preferem que se referir à raça humana usando
termos neutros, humanidade, seres humanos ou pessoas.

A CRIAÇÃO DO HOMEM
Existem diversas versões acerca da criação do homem, e certamente, nenhuma questão é mais
debatida que essa. O debate sobre a inerrância das Escrituras tem incluído uma discussão sobre a
historicidade da narrativa que Gênesis faz da criação. Muitos pontos de vista diferentes procuram ser
aceitos, alguns defendidos inclusive por evangélicos.

Primeiro, vamos tratar das teorias evolucionistas que, por sua vez, se dividem em evoluções teístas e
ateístas. De acordo com as últimas, a evolução significa simplesmente uma mudança em qualquer
direção.Mas como essa palavra é usada para se referir às origens do homem?

Neste caso, seu significado envolve a origem com base em um processo natural, tanto no surgimento
da primeira substância viva quanto de novas espécies. A teoria afirma que, bilhões de anos atrás,
substâncias químicas existentes no mar, influenciadas pelo Sol e pela energia cósmica, acabaram
unindo-se por obra do acaso.

A partir daí,  deram origem a organismos unicelulares e, desde então, vêm se desenvolvendo por
intermédio de mutações benéficas e de seleção natural, formando todas as plantas, animais e
pessoas. Em suma, a evolução ateísta enxerga a geração espontânea como a causa original.

Já a evolução teísta vê um poder divino como a causa original e a força diretriz. A teoria afirma que
Deus direcionou, usou e controlou o processo da evolução natural para ‘criar’ o mundo e tudo o que
nele existe. Normalmente, essa visão inclui as seguintes idéias: os dias da criação de Gênesis 1, na
verdade, foram eras.

O processo evolutivo estava envolvido na criação de Adão e, desse modo, a Terra e as formas pré-
humanas são extremamente antigas. Porém, é interessante frisar que as duas teorias - teísta e ateísta
- podem incluir variações acidentais, seleção natural e transmissibilidade de características
adquiridas.

Ainda relacionada a teoria teísta da evolução, temos o criacionismo, isto é, a ideia da Criação. Ainda
que existam variantes no conceito de criacionismo, a principal característica desse ponto de vista é
que ele tem a Bíblia como sua única base. A ciência contribui para o entendimento sem mudar a
interpretação das Escrituras para acomodar suas descobertas.

Os criacionistas possuem diferentes pontos de vista em relação aos dias da criação, mas para alguém
ser criacionista, é preciso acreditar que o registro bíblico é historicamente factual e que Adão foi o
primeiro homem. A Bíblia não responde a todas as perguntas que a respeito das origens, mas o que
ela revela deve ser reconhecido como verdade.

Duas características principais do ato da criação do homem destacam-se no texto bíblico - que ele foi
planejado por Deus (Gênesis 1:26), além de ter ocorrido de forma direta, especial e imediata (Gênesis
1:27; 2:7). Para justificar o criacionismo, é usada a evidência da revelação bíblica.

Embora a Bíblia não seja um livro de ciência, sempre que menciona um fato científico registra-o sem
erro. Ademais, tudo o que as Escrituras apresentam como verdade tem autoridade divina. A criação é
apresentada como fato histórico em muitos lugares das Escrituras.

O começo do primeiro dia ocorre em Gn 1.3. O versículo 2 pode envolver um enorme período de
tempo. As eras geológicas podem ter ocorridos devido a uma catástrofe (relacionada ou não à queda
de satanás) depois da criação inicial, ou podem ter sido causadas pelo dilúvio.

A ESSÊNCIA DA NATUREZA HUMANA


Como já mencionado, o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Tais semelhanças
incluem a moralidade, espiritualidade, sensibilidade, inteligência e capacidade de relacionamento. A
natureza do homem tem três teorias explicativas - tricotomia, dicotomia e monismo.

A tricotomia é a concepção de que o homem é constituído de três partes - corpo, alma e espírito. A
dicotomia é a ideia de que o homem é composto por duas partes - corpo e alma/espírito. Por fim, o
monismo é a concepção de que o homem é composto de um único elemento e seu corpo é a própria
pessoa.

Um dos aspectos da criação do ser humano à imagem de Deus foi sua feitura como homem e mulher.
Embora a criação do ser humano como homem e mulher não seja o único aspecto à imagem de
Deus, ele é tão significativo que as Escrituras o mencionam logo no mesmo versículo em que
descrevem a criação do homem por Deus.

Podemos resumir da seguinte maneira os aspectos segundo os quais a criação dos dois sexos
representa algo da nossa criação à imagem de Deus: a criação do ser humano como homem e
mulher revela a imagem de Deus em relações interpessoais harmoniosas, igualdade em termos de
pessoalidade, importância, papéis e autoridade.

Voltando a questão da natureza humana, de quantas  partes compõe-se uma pessoa? Todos
concordam que temos um corpo físico, mas muitos acreditam na existência de uma  parte imaterial,
ou seja, uma ‘alma’ que sobreviverá à morte do corpo. E qual seria a origem da alma?
Sabemos que a primeira alma veio a existir como resultado de Deus ter soprado no homem o Espírito
de vida. A esse respeito, existem três teorias principais:

PREEXISTÊNCIA
Deus teria criado todas as almas antes da queda e antes de cessar a sua atividade criadora. Desse
estoque de almas Deus daria a cada corpo uma alma.

DEFESA:
A origem do Imaterial não pode ser material.

DIFICULDADES:
A preexistência não tem respaldo nas Escrituras. Têm associações com teorias não-Bíblicas como
transmigração da alma e reencarnação. Contradiz os ensinos de Paulo de que todo pecado e morte
são resultado do pecado de Adão (1 Coríntios 15:21 – 22).

CRIACIONISMO
Deus estaria criando cada alma em algum momento da fecundação, unindo-se ao corpo
imediatamente. A alma se tornaria pecaminosa por causa do contato com a natureza humana, pela
culpa herdada dela.

DEFESA:
Passagem das Escrituras que falam de Deus como criador da alma e do espírito: Números 16:22;
Salmo 104:30; Eclesiastes 12:7; Zacarias 12:1; Hebreus 12:9. A alma (imaterial) não pode ser
meramente transmitida. Explica porque Cristo não assumiu a natureza pecaminosa de Maria.

DIFICULDADES:
A atividade criadora de Deus cessou no sexto dia em Gênesis 2:1 – 3, e não pode ser que Deus crie
uma alma diariamente, a cada hora e momento. Por que Deus criaria uma alma pura para colocá-la
numa situação de pecado e provável condenação eterna?

TRADUCIONISMO
A Raça Humana foi criada em Adão, tanto o corpo como a alma, e os dois são propagados a partir
dele pelo processo de geração natural.

DEFESA:
Esta teoria se harmoniza perfeitamente com as Escrituras, com a Teologia e com uma concepção
correta da natureza humana. No Salmo 51 Davi reconhece que herdou a alma depravada de sua
mãe; em Gênesis 46:26, almas que descenderam de Jacó; em Atos 17:26, Paulo nos ensina que
Deus “de uma vez fez toda a raça humana”. É melhor explicado o “pecado hereditário” e a
“transmissão da natureza pecaminosa”.

 A imagem de Deus no homem

O homem foi criado a semelhança de Deus em caráter e personalidade. Vejamos como isso se dá:

1. Parentesco com Deus.


A relação de Deus com as primeiras criaturas viventes consistia em essas, de maneira inflexível,
obedecer aos instintos implantados pelo Criador; mas a vida que inspirou ao homem foi resultado
verdadeiro da personalidade de Deus. Por mais que se tenha o homem degradado, ainda ele
reconhece que deveria estar em plano mais elevado.
2. Caráter Moral.
O reconhecimento do bem e do mal pertence somente ao homem. Esse sentido está resumido
naquele curto, mas precioso “deve”, tão cheio de significado. É o mais nobre de todos os atributos do
homem.

3. Razão.
O animal è meramente uma criatura da natureza; o homem é senhor da natureza. A tragédia da
história è essa que o homem tem usado esse dom para propósitos destrutivos, até mesmo para negar
o Criador que o fez uma criatura pensante.

4. Capacidade para imortalidade.


A existência da árvore da vida no Jardim do Éden indica que o homem nunca teria morrido se não
tivesse desobedecido a Deus.

5. Domínio sobre a terra.


O homem foi designado para ser a imagem de Deus com respeito à soberania, e como ninguém pode
ser monarca sem súditos e sem reino, Deus deu-lhe tanto um “império” como um “povo”. O homem
tem enchido a terra com suas produções. È um privilégio subjugar o poder da natureza a sua própria
vontade.

A queda do homem resultou na perda e no desfiguramento da imagem divina. Isto não quer dizer que
os poderes mentais e psíquicos (a alma) foram perdidos, mas que a inocência original e a integridade
moral, nas quais foi criado, foram perdidas por sua desobediência. Portanto, o homem è
absolutamente incapaz de salvar-se a si mesmo.

Está, então, sem esperança, a não ser por um ato de graça que lhe restaure a imagem divina.
Embora tenhamos argumentado acima que seria difícil definir todos os aspectos em que somos
semelhantes a Deus, podemos assim mesmo mencionar vários aspectos que nos revelam mais
parecidos com Deus do que todo o restante da criação.

Assim, podemos mencionar os aspectos morais, mentais e espirituais envolvidos na semelhança do


homem perante a Deus:

 ASPECTOS MORAIS: somos criaturas moralmente responsáveis pelos nossos atos perante
Deus. Correspondente a essa responsabilidade, temos um senso íntimo de certo e errado que
nos separa dos animais. Quando agimos segundo os parâmetros morais divinos, nossa
semelhança a Deus se espelha numa conduta justa perante ele, mas, nossa dessemelhança a
Deus se revela sempre que pecamos.

 ASPECTOS ESPIRITUAIS: não temos somente corpos físicos, mas também espíritos
imateriais, e podemos portanto agir de modos significativos no plano de existência imaterial.
Isso significa que temos uma vida espiritual que possibilita relacionamento pessoal com Deus,
oremos a ele e o louvemos.
 ASPECTOS MENTAIS: temos a capacidade de raciocinar e pensar logicamente e de conhecer
o que nos distingue do mundo animal. Fazemos uso da linguagem complexa e abstrata, além
da noção de futuro distante e o senso íntimo de que sobreviveremos à morte física.
 ASPECTOS RELACIONAIS: além da capacidade única de nos relacionarmos com Deus, há
outros aspectos relacionais ligados à imagem dEle. O casamento humano, a família humana e
a igreja são alguns deles, desde que seguindo os preceitos de Deus.
 ASPECTOS FÍSICOS: ainda que não devamos considerar que nosso corpo físico implica que
Deus tenha um, em vários aspectos reflete algo do próprio caráter Dele. Muitos movimentos
físicos, demonstrações das habilidades, e certamente, a capacidade física que Deus dá de
gerar e criar filhos semelhantes a nós é um reflexo da capacidade divina de criar seres
humanos semelhantes a ele.

A QUEDA DO HOMEM
Para falar sobre a queda do homem, devemos mencionar o que é pecado. Trata-se de deixar de se
conformar a lei moral de Deus em ato, atitude ou natureza. Os homens e anjos pecaram
voluntariamente, ou seja, há uma responsabilidade pessoal. Deus permitiu que o pecado pudesse ser
praticado como escolha, indicando sua soberania e o livre arbítrio.

Somos considerados culpados pelo pecado de Adão, o que é chamado de culpa herdada. Porém,
ainda devemos mencionar a corrupção herdade, em razão da natureza pecaminosa que temos,
também, devido aos atos de Adão. Ainda herdamos a fraqueza (carecemos totalmente de bem
espiritual) e incapacidade de fazer o bem espiritual perante Deus.

Temos, então, dois pontos de vista para comentar sobre a queda do homem - o liberal (uma lenda,
um quadro geral de religião e moral à luz de um período posterior) e o não-ortodoxo (mito, história
primitiva, supra-história ou “mito verdadeiro”). Os barthianos consideram o relato não histórico mas
sua realidade espiritual verdadeira.

A proibição de comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal era, em última instância,
uma prova de obediência à vontade revelada de Deus. De acordo com Gênesis, primeiro lugar,
satanás tentou fazer com que Eva duvidasse da bondade de Deus porque Ele lhes vedara acesso a
uma árvore.

Depois, satanás ofereceu a Eva um plano substituto, que permitia comer do fruto sem sofrer a
penalidade. Eva justificou antecipadamente seu ato de comer o fruto, o comeu e Adão a seguiu. A
partir daí, vieram as penalidades em cinco esferas, a saber:

 Sobre a serpente. Gn 3.14


 Sobre satanás. V.15
        a– Inimizade entre as hostes do mal e a descendência da mulher.
        b– satanás teria permissão de infligir a Cristo uma ferida dolorosa mas não fatal (calcanhar).
        c– satanás receberia uma ferida fatal (cabeça).
 Sobre Eva e as mulheres. V. 16
        a- Dor na concepção.              
        b– Submissão ao marido.
 Sobre Adão e os homens. Vv.17-19
        a– Maldição sobre o solo.  
        b– Cansaço e fadiga no trabalho.
 Sobre a raça. Vv. 20-24
        a– Comunhão com Deus quebrada.       
        b– Morte física.
        c– Expulsão do Éden.

A DOUTRINA DE CRISTO (CRISTOLOGIA)

A Doutrina de Cristo, ou Cristologia, é o estudo sobre Cristo, e faz parte da teologia cristã que estuda
a natureza de Jesus, assim como a doutrina de sua a pessoa e obra. O principal enfoque é  relação
com Deus, as origens e como Jesus de Nazaré viveu a sua vida. Tais origens têm sido importante
objeto de estudo e discussão desde o início do cristianismo.
A cristologia tem sido debatida de forma incansável ao longo dos séculos, independentemente das
nações, ou correntes cristãs, mesmo com pontos de vista semelhantes, divergentes e até
controvérsias. Seu principal objetivo é debater assuntos, como divindade de Jesus, natureza divina e
humana, encarnação, milagres e revelação.

Também são objetos de seu estudo os ensinamentos, o expiatório, ascensão, interseção em nosso
favor, entre outros. Existem várias escolas diferentes que buscaram compreender a natureza de
Cristo, assim como são variadas as opiniões sobre ele.

CARACTERÍSTICAS DA DOUTRINA DE CRISTO


A Doutrina de Cristo antes da Reforma é dividida em duas partes: (1) Antes do Concílio de Calcedônia
e Depois do Concílio de Calcedônia. Com relação à primeira, na literatura cristã primitiva, Cristo é
humano e divino. Ele é o Filho do homem, mas é, ao mesmo tempo, o Filho de Deus. Seu caráter sem
pecado é defendido e, por isso, cultuado.

Existem diferentes escolas para nos referirmos as cristologias:

 Cristologia Ortodoxa: se apresenta em duas naturezas indivisíveis e inseparáveis, de forma


que as propriedades de cada uma permanecem ainda mais firmes quando unidas numa só
pessoa. Para esta cristologia, o termo "Filho de Deus" aplicado a Jesus deve ser interpretado
com a natureza de Deus, gerado já desde o início de tudo e, portanto co-eterno.
 Cristologia monofista: a natureza divina em Jesus era muito mais forte e preponderante
daquela natureza humana. Algumas Igrejas afirmam que defendem a crença de que, em Jesus,
há a natureza humana e a divina, mas ambas se unem para formar uma única e unificada
Natureza de Cristo.
 Cristologia ariana: apresenta uma distinção clara entre o Cristo e o Logos como razão divina. O
Cristo é apresentado como uma criatura pré-temporal, super-humana, a primeira das criaturas,
não Deus, porém mais que homem. "O logos é a própria razão divina a qual Deus pai admitiu
sair de si mesmo sem a diminuição do seu próprio ser." (Justino Martir)

A NATUREZA DE CRISTO
Relação entre Antropologia e Cristologia

A relação entre Antropologia e Cristologia é bastante estreita. A primeira trata do homem, criado à
imagem de Deus e dotado de verdadeiro conhecimento, justiça e santidade, mas que, pela voluntária
transgressão da lei de Deus, despojou-se da sua verdadeira humanidade e se transformou em
pecador.

Ela mostra o homem como uma criatura privilegiada de Deus, ainda com alguns traços da sua glória
original, mas, todavia, uma criatura que perdeu os seus direitos de nascimento, sua verdadeira
liberdade e justiça originais. A doutrina dirige a atenção não apenas, nem primeiramente, à condição
do homem como criatura, mas, à sua pecaminosidade.

Salienta a distância ética que há entre Deus e o homem, resultante da queda do homem e que, nem
ele nem os anjos podem cobrir. Como tal, é virtualmente um grito pelo socorro divino. A cristologia é
em parte a resposta a esse grito. Ela nos põe a par da obra objetiva de Deus em Cristo construindo
uma ‘’ponte’’ sobre o abismo e eliminando a distância.
A Cristologia nos mostra Deus vindo ao homem para afastar as barreiras entre Deus e o homem pela
satisfação das condições da lei em Cristo, e para restabelecer o homem em Sua bendita comunhão.
Notamos assim o grande diferencial do Cristianismo as demais religiões.

Todas as demais religiões têm no seu escopo o fato de o homem estar empenhado na tentativa de
buscar a Deus O cristianismo, ao contrário, é a atitude do amor de Deus em buscar o homem perdido.
O Cristo, tipificado e prenunciado no Velho Testamento como o Redentor do homem, veio na
plenitude do tempo.

A natureza de Cristo

A natureza de Jesus Cristo é uma  por determinar se Cristo era um homem com a tendência para
pecar ou ao pecado, assim como Adão. Ambas estão relacionadas ao Plano da Salvação, visto que o
ministério de Cristo, se caracterizava pelo exemplo na superação do pecado, mostrando que era
possível o homem viver sem pecar.

Entre as principais escolas que buscaram determinar a natureza de Cristo temos:

 Arianismo, que crê que Jesus, apesar de um ser superior, seja inferior ao Pai sendo uma
criatura sua
 Docetismo, defende que Jesus era um mensageiro dos céus e que seu corpo era "carnal"
apenas na aparência e sua crucificação teria sido uma ilusão
 Ebionismo, que crê em Jesus como um profeta, nascido de Maria e José, que teria se tornado
Cristo no ato do batismo
 Elcasaismo - recusam a divindade de Cristo, consideram-no o último dos profetas e chamam-
lhe anjo Jesus
 Monofisismo, segundo a qual Cristo teria uma única natureza composta da união de elementos
divinos e elementos humanos
 Nestorianismo, segundo a qual Jesus Cristo é, na verdade, duas entidades vivendo no mesmo
corpo: uma humana (Jesus) e uma divina (Cristo)
 Miafisismo, que defende que em Jesus Cristo há a natureza humana e a natureza divina, mas
que estas duas naturezas se unem natural e completamente para formar uma única e unificada
Natureza de Cristo
 Sabelianismo, o qual defendia que Jesus e Deus não eram pessoas distintas, mas sim
"aspectos" ou "modos" diferentes do trato da Divindade com a humanidade
 Trinitarianismo, que crê em Jesus como a segunda pessoa da Trindade divina

Há indicações claras na Bíblia de que Jesus era uma pessoa plenamente humana, sujeito a todas as
limitações comuns à raça humana, mas sem pecado. Embora sua concepção tenha sido diferente,
todos os outros estágios de nascimento e crescimento foram idênticos ao de qualquer ser humano
normal, tanto física como intelectual e emocional.

Também no sentido psicológico, era genuinamente humano, pois pensava, raciocinava, se


emocionava, como todo ser humano normal.

1) Sua Natureza Física.

 Seu nascimento: Jesus não desceu dos céus, e sim nasceu de uma mulher humana, passando
por todas as fases que uma criança normal passaria.
 Sua árvore genealógica: a Bíblia deixa evidente portanto que Jesus teve, por parte de Maria,
ancestrais humanos, dos quais provavelmente herdou características genéticas, como todos os
homens o recebem de seus antepassados.
 Seu crescimento: cresceu como toda criança normal cresceria, alimentada por comida e água.
Seu corpo não era sobre-humano, e não tinha características especiais, diferentes de qualquer
ser humano normal.
 Suas limitações físicas: em tudo idênticas aos de um ser humano.
 Sentia fome.
 Sentia sede
 Ficava cansado
 Sofria a dor
 Sua percepção pelos homens: Jesus de fato foi visto e tocado pelos homens a sua volta. Era
um homem real, a ponto de Tomé só acreditar em sua ressurreição após tocá-lo. Mesmo o
testemunho do Espírito de Deus afirma que Jesus tomou plenamente a forma humana.
 Sua morte: Jesus podia morrer, como de fato morreu. Sua morte não foi aparente, mas
verdadeira. Seu corpo sucumbiu aos sofrimentos infligidos e de fato expirou, à semelhança de
todos os homens.

2) Sua Natureza Psicológica e Intelectual

 Quanto ao Caráter Emotivo:

 Sentia emoções: ainda que sentir emoções não seja uma prova da humanidade de Jesus, uma
vez que Deus também se emociona, elas demonstram a plena humanidade de Cristo, como
também deixam claro algumas reações tipicamente humanas.
 Sentia tristeza e angústia
 Sentia alegria
 Sentia indignação
 Sentia ira
 Se surpreende: Jesus se mostra genuinamente surpreso perante a fé do centurião e se admira
da incredulidade dos habitantes de Nazaré. Não era uma atitude falsa ou de retórica, Jesus
realmente era surpreendido em algumas circunstâncias.
 Se sente atormentado: no Getsêmani, Jesus foi tomado de grande angústia e pavor. Em
conflito íntimo, se atormenta por não querer ficar só, mas escolhe fazer a vontade do Pai. Na
cruz, sua frase "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" é uma das expressões
mais humanas de solidão já registradas.
 Se comove e chora: Mesmo sabendo de antemão que Lázaro havia morrido, Jesus é tomado
de comoção e chora ao ver a tristeza ao seu redor e a triste realidade humana da morte. A
expressão "agitou-se no espírito", retrata vividamente alguém gemendo no íntimo, aflito e
comovido com uma situação que trás dor e cansaço.

3) Quanto ao Caráter Intelectual

 Seu conhecimento era superior ao dos homens. Em termos intelectuais, Jesus possuía um
conhecimento que se destacava em relação aos demais. Ninguém jamais disse palavras tão
belas, de grande profundidade e de maior alcance.Jesus deu claras demonstrações de um
conhecimento além da capacidade humana.
 Sabia o que pensava os seus amigos e inimigos, conhecia coisas sobre o presente, o passado
e o futuro das pessoas.
 Seu conhecimento não era ilimitado. Em algumas passagens, vemos Jesus fazendo perguntas
retóricas a fim de reforçar algum ensinamento, contudo há outras passagens em que Jesus
pergunta sinceramente em busca de informações às quais não possuía.
4) Quanto ao Caráter Religioso

 Participava regularmente dos cultos na sinagoga: era de seu costume ensinar nas sinagogas,
visitar e participar dos cultos no templo quando estava em Jerusalém. Humanamente, mantinha
um padrão de vida religioso irrepreensível quanto aos parâmetros de Deus.
 Mantinha uma vida de oração: em várias ocasiões, Jesus saiu para orar sozinho ou em grupo.
Sua dependência humana do Pai era total e a oração era uma prova disso. Em todas as
coisas, Jesus se mostrou plenamente humano, tanto física quanto mentalmente.

A VIDA DE CRISTO
Para tratar da vida de Cristo, é necessário seguir a ordem cronológica de suas principais passagens.

Encarnação

Embora não ocorra explicitamente na Bíblia, a igreja tem empregado o termo encarnação para referir-
se a Jesus como Deus em carne humana. Foi o ato pelo qual o Deus filho assumiu a natureza
humana. Jesus nasceu como todos os homens, mas sua concepção no ventre de Maria foi de origem
divina, sem a participação do componente sexual masculino.

O conceito teológico para o fato é concepção virginal. Maria era virgem na época da concepção e
assim continuou até o momento do nascimento de Jesus. As Escrituras deixam muito claro que José
não teve qualquer intercurso com Maria antes do nascimento de Jesus.

A influência sobrenatural do Espírito Santo é que tornou possível a geração de Jesus no ventre de
Maria. Assim, o nascimento de Jesus nos aponta algumas verdades essenciais no cristianismo:
 Que nossa salvação é sobrenatural: a salvação não vem pelo nosso esforço ou realização.
 Que a salvação é uma dádiva da Graça: assim como não houve nenhum mérito em Maria para
que fosse escolhida, da mesma forma acontece conosco quando somos salvos.

A humanidade

Ontologia é a parte da filosofia que trata do ser enquanto ser, isto é, do ser concebido como tendo
uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres. Busca, portanto, o conhecimento
profundo acerca da natureza do ser humano, levando em conta os aspectos fisiológicos e espirituais,
confrontando-os com o que os distingue os demais seres.

Jesus, enquanto homem, estava subordinado ao Pai. Contudo essa subordinação é de ofício,
operação (Jesus veio para fazer a vontade do Pai), mas ela não é de essência-poder. Jesus Cristo
não é menor que o Pai. Como já mencionado, Jesus possuída corpo, mente, alma e emoções
humanas.

A OBRA DE CRISTO
Nos 661 versículos do Evangelho de Marcos, Jesus não só pregou a chegada do reino de Deus como
também a demonstrou através do ministério de cura, expulsão de demônios e outros milagres. Estes
faziam parte normal do seu ministério. Há 35 milagres atribuídos a Jesus nos Evangelhos, conforme
veremos a seguir:

1. Transformou água em vinho — João 2.1-11


2. Curou o filho dum funcionário público — João 4.46-54
3. Curou um paralítico no poço — João 5.1-9
4. Curou um cego de nascimento — João 9.1-41
5. Alimentou 5.000 pessoas com 5 pães e 2 peixes — João 6.5-13
6. Pegou altas ondas sem prancha e sem se molhar! — João 6.19-21
7. Ressuscitou Lázaro da morte — João 11.1-44
8. Pescou 153 grandes peixes sem se molhar! — João 21.1-11
9. Expulsou um homem dominado por demônio — Lucas 4.33-35
10. Curou a sogra de Pedro — Lucas 4.38-39
11. Pescou peixes que enchiam dois barcos — Lucas 5.1-11
12. Curou um leproso — Lucas 5.12-13
13. Curou um paralítico descido pelo telhado — Lucas 5.17-25
14. Curou o homem de mão aleijada — Lucas 6.6-10
15. Curou o empregado de um oficial romano — Lucas 7.1-10
16. Ressuscitou o filho da viúva — Lucas 7.11-15
17. Acalmou uma tempestade — Lucas 8.22-25
18. Curou o homem dominado por legião de demônios — Lucas 8.27-35
19. Curou a filha de Jairo — Lucas 8.41-56
20. Curou a mulher com hemorragia
21. Curou um menino endemoninhado — Lucas 9.38-43
22. Expulso um demônio de mudez — Lucas 11.14
23. Curou a moça torta de 18 anos — Lucas 13.11-13
24. Curou o homem com as pernas e braços inchados — Lucas 14.1-6
25. Curou 10 leprosos — Lucas 17.11-19
26. Curou um mendigo cego — Lucas 18.35-43
27. Previu a negação de Pedro — Lucas 22.31-34
28. Sarou a orelha cortada do empregado do Sumo Sacerdote — Lucas 22.50-51
29. Curou dois cegos — Mateus 9.27-31
30. Tirou uma moeda da boca dum peixe — Mateus 17.24-27
31. Curou a filha endemoninhada da mulher cananéia — Mateus 15.21-28
32. Alimentou 4.000 pessoas com 7 pães e alguns peixes — Mateus 15.32-38
33. Secou uma figueira infrutífera — Mateus 21.18-22
34. Curou um surdo-mudo — Marcos 7.31-37
35. Curou outro cego — Marcos 8.22-26

No entanto, ainda devemos mencionar, na questão das obras, a sua expiação, isto é,  a obra que
Cristo realizou em sua vida e morte para obter nossa salvação. O amor de Deus como uma das
causas da expiação é descrito na passagem mais conhecida da Bíblia: “Porque Deus amou ao mundo
de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna” (Jo 3.16).

Apesar das diferentes teorias acerca da expiação e morte de Cristo, há que se dizer seu verdadeiro
significado:

 Foi pré-determinada: A morte de Cristo não foi um acidente, já estava pré-determinada. Sendo
que não há surpresas para Deus, e nada foge a sua soberania; seria a morte de Cristo algo
acidental, é lógico que isso não é possível. Mas tudo estava determinado no designo de Deus
(Atos 2.23). Deus já havia prometido que o descendente da mulher seria ferido pela serpente
(Gn 3.15) O cordeiro foi morto antes da fundação do mundo (Ap 13.8; 1 Pe 1.18-20).
 Foi voluntária: É certo que Jesus foi morto pelos sacerdotes e autoridades judaicas e romanas;
mas Ele se entregou para que tal coisa pudesse acontecer (Mt 26.53; Lc 22.53). Ninguém, ou
nem uma instituição por sua própria força o crucificaram, antes Ele se entregou (JO 10.17,18).
Ele veio com este propósito, Ele morreu sob acordo de Sua própria vontade e determinação.
 Foi vicária: Já observamos que a morte de Cristo não foi acidental, mas pré-determinada e
voluntária. Cristo morreu em lugar de outros, sua morte foi vicária, isso é, em substituição – ‘’O
justo pelos injustos’’ (1 Pe 3.18, 1 Co 15.3; Rm 4.45). Muito embora a morte dos animais nos
sacrifícios da Antiga Aliança não tinha significado real, mas simbólico, ela nos ensina esta
verdade. Quando o pecador colocava as mãos sobre a cabeça do animal que ia ser sacrificado,
simbolizava a morte de Cristo vicária de Cristo em nosso lugar. (Nm 1.4)
 Foi sacrificial: A morte de Cristo foi sacrificial eficaz pelo mundo inteiro. Assim comem Adão
todos pecaram, em Cristo, no seu sacrifício todos podem ter, a justificação mediante a fé nEle.
(Rm 5.15; 5.19-21). A Sua morte foi aceita pelo Pai como oferta pelo pecado da posteridade de
Adão (Hb 10.5-10). A morte de Cristo é potencialmente e provisionalmente, um sacrifício em
favor dos pecados do mundo. Nesse sentido, Ele provou a morte a favor de todo homem, e ‘’a
assim mesmo se deu em resgate por todos’’, e é Salvador de todos os homens. (1 Tm 2.6)
 Foi expiatória: Expiação (agora em seu sentido mais restrito) é sinônimo de reconciliação,
apaziguar, satisfazer. Este significado da morte de Cristo está figurado no trabalho do Sumo
sacerdote da Antiga Aliança, que no Dia da Expiação entrava no Santos dos Santos com o
sangue do animal sacrificado (Nm 16). Cristo entrou no santuário celeste para nos tornar aceito
a Deus (Hb 9.23-26). Ele mesmo se fez ‘’maldição em nosso lugar’’ (Gl 3.13). Jesus removeu a
culpa e nos reconciliou com Deus, sendo Ele também providencia de Deus o Pai (2 Co
5.18,19).
 Foi propiciatória: O termo propiciação significa cobrir, ou tornar favorável. Propiciação não quer
dizer que foi um ato para aplacar a um Deus vingativo. Mas sim que Deus nos amou, enviou e
aceitou o sacrifício de Seu Filho como propiciação pelos nossos pelos nossos pecados (1 Jo
4.10) O propiciatório no Dia da Expiação era aspergido com o sangue simbolizado que a
sentença justa da lei havia sido imposta; pelo que no lugar que de outro modo seria um lugar
de julgamento, podia com justiça ser propiciatório. (Nm 16.14,15).
 Foi redentora: O termo nos sugere resgate por meio de pagamento. É exatamente isso que diz
o texto de 1 Pe 1.18,19. O objeto da redenção, os pecadores; estavam vendidos a ‘’escravidão
do pecado’’ e também sob sentença de morte, e o preço pago pelo resgate foi o sangue de
Cristo (Rm 7.14; Ez 18.4; Jo 3.18,19; Mt 20.28). Mas a que foi pago o preço? Não pode ser a
satanás, como alguns acham, pois ele nada mais é que usurpador; as almas pertencem a Deus
(Ez 18.4). Só pode ser a reivindicação de Deus, que é por natureza santo legislador.
 Foi substituta: Como o significado do termo, a morte de Cristo foi substitutiva, ou seja, no lugar
de outros. De fato o ensino da Escrituras é este, que Cristo padeceu e morreu em nosso lugar
(Is 53.4-8). Cristo não apenas se submeteu a ser tratado como oferta pelo pecado, mas a ser
feito pecado por nós. E isso não foi apenas encenação, mas realidade; de tal forma que,
quando, as nossas iniqüidades caíram sobre Ele, o Pai não pode suportar; e Jesus clamou: Eli,
Eli, lamá sabactani (Mt 27.46).

Ainda temos a reconciliação (quem aceita o sacrifício é reconciliado com Deus), propiciação (aplicar a
ira de Deus por meio de um sacrifício), substituição (castigo que merecíamos, Jesus levou sobre si) e
redenção (resgatar da maldição eterna aqueles que aceitam seu sacrifício).

RESSURREIÇÃO E ASCENSÃO
1 – A importância da ressurreição de Cristo

A. A ressurreição de Cristo confirmou a veracidade da sua palavra (Mt 20.19; 28.6), comprovando
a credibilidade da sua obra;
B. Possibilitou que Cristo, vivo, atuasse diante da igreja como sumo sacerdote (Hb 4.15),
advogado (1Jo 2.1) e cabeça (Ef 5.23);
C. Formou a base do evangelho que é pregado para a salvação dos pecadores (1Co 15.3-8),
mediante o enfoque da justificação presente na ressurreição (Rm 4.25);
D. Deu esperança à igreja a respeito do seu futuro (1Co 15.13-19).

2 – As evidências da ressurreição de Cristo

A. Jesus apareceu para muitas pessoas depois de ressuscitar (At 2.32). Ele apareceu para as
mulheres (Mt 28.8-10); para Pedro (Lc 24.34; 1Co 15.5), para os discípulos a caminho de
Emaús (Lc 24.13-32), para os discípulos (Jo 20.19-25), para Tomé (Jo 20.26-29), para os
discípulos no mar da Galileia (Jo 21.1-24), para Tiago (1Co 15.7), para mais de quinhentas
pessoas de uma só vez (1Co 15.6) e para Paulo (1Co 15.8). Quando esses relatos foram
escritos, a maioria dessas testemunhas estavam vivas e podiam ser consultadas sobre o
evento, apontando para a veracidade dos relatos da ressurreição;
B. A radical mudança de atitude e a visível determinação dos discípulos depois da ressurreição
são grandes evidências de que algo muito marcante aconteceu. Compare Mt 26.69-75 com At
5.27-32. Compare também Jo 20.19 com At 5.40-42.
3- A ascensão de Cristo

– As declarações sobre a ascensão de Cristo

A. No Antigo Testamento há duas referências (Sl 68.18 cf. Ef 4.8; Sl 110.1 cf. At 2.34,35);
B. Jesus anunciou que iria para o Pai (Jo 7.33; 14.12,28; 16.5,10,28) e que ascenderia ao céu (Jo
6.62; 20.17);
C. Lucas relata a ascensão de Cristo (Lc 9.51; 24.51; At 1.6-11);
D. Os apóstolos falaram da ascensão (Ef 4.10; 1Tm 3.16; Hb 4.14; 1Pe 3.22) e do atual estado de
exaltação (Cl 3.1).

– A descrição da ascensão de Cristo

A. Jesus ascendeu aos céus estando ele e os discípulos sobre o Monte das Oliveiras (At 1.12),
mais especificamente na vertente leste que fica para o lado de Betânia e não de Jerusalém (Lc
24.50);
B. Jesus literalmente foi elevado gradualmente às alturas, à vista dos discípulos, até que uma
nuvem o encobriu e ele não mais foi visto (At 1.9);
C. Anjos surgiram e prometeram que Jesus voltaria corporal e visivelmente no futuro, assim como
havia sido elevado à vista deles (At 1.11).

– O significado da ascensão de Cristo

A ascensão marcou o fim do ministério terreno de Cristo e da sua atuação humilhante como servo a
fim de resgatar seu povo. Foi o início do seu ministério como cabeça da igreja e intercessor, além de
ter iniciado o período de espera para sua volta gloriosa para julgar e reinar.

A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO (PNEUMATOLOGIA OU


PARACLETOLOGIA)

Pneumatologia é a ciência que estuda o Espírito Santo onde: PNEUMA: Espírito ou Vento. LOGOS:
Estudo ou tratado. Então no seu sentido etimológico Pneumatologia é a ciência que estuda sobre a
pessoa do Santo Espírito. No Hebraico, a palavra Espírito é Ruach que significa: Ar, Vento, Sopro e
Espírito.

O significado literal de Espírito Santo o diz como a parte imaterial do ser humano; alma que
transcende a matéria. A parte incorpórea, inteligente ou sensível do ser. Quando se trata do Espírito
Santo, podemos pensar como um poder impessoal que Deus concede para aqueles que o seguem e
acreditam. É visto por muitos como a Terceira pessoa da Trindade.
Deus subsiste em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.Portanto, o Pai é pessoa, o Filho é pessoa
e o Espírito é pessoa. Através da Bíblia, o Espírito Santo é revelado como Pessoa, com sua própria
individualidade.

ATRIBUTOS DO ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo não é uma força, uma energia cósmica ou a personificação do poder de Deus. Ele é
uma “pessoa”, a  terceira pessoa da Trindade. A Bíblia é generosa em apontar essa realidade.

O Espírito Santo possui atributos pessoais:  Pode ser entristecido (Ef 4.30);
 É inteligente (Rm 8.27 e 1Co 2.10,11,13);  Pode ser ultrajado (Hb 10.29).
 Tem emoções (Ef 4.30);
 Tem vontade própria (At 16.6-11 e 1Co
O Espírito Santo se relaciona de modo pessoal
12.11).
com outras pessoas:

Espírito Santo tem atitudes de uma pessoa


 Com os apóstolos (At 15.28);
 Com Jesus (Jo 16.14);
 Convence do pecado (Jo 16.8);
 Guia os crentes à verdade (Jo 16.13);
O Espírito Santo não é apenas uma pessoa. Ele
 Realiza milagres (At 8.39); também é Deus.
 Intercede pelos crentes (Rm 8.26).

 Possui nomes divinos (Espírito de Deus e


O Espírito Santo recebe atribuições que somente de Cristo)
uma pessoa poderia receber
 Possui atributos divinos (onisciência,
onipresença e onipotência)
 Deve ser obedecido (At 10.19-21);  Realiza obras divinas (foi o autor da
 Pode-se mentir a ele (At 5.3); concepção virginal, o agente da
 Pode ser resistido (At 7.51); inspiração das Escrituras e estava
envolvido na criação)

PRONOMES DO ESPÍRITO SANTO


O Espírito Santo é Deus, sendo denominado na teologia como a Terceira Pessoa da Trindade. Ele é
chamado nas Escrituras de “Espírito Santo”, tanto como referência ao atributo divino da santidade que
Ele possui por ser Deus, como também para distingui-lo do espírito humano e dos espíritos imundos,
isto é, os demônios.

A palavra “Espírito” traduz o hebraico ruach e o grego pneuma, que possuem origem em raízes que
transmitem o significado de “soprar”. Às vezes Ele também é chamado simplesmente de Espírito, ou
seja, sem a presença do adjetivo “santo”, mas sempre quando isso ocorre o contexto claramente
aponta que se trata do Espírito Santo (cf. Efésios 5:18).

Ele também é chamado de Espírito de Deus (Mateus 3:16); Espírito do Senhor (2 Coríntios 3:17) e
Espírito de Cristo (1 Pedro 1:11). Muito frequentemente Ele também é denominado com nomes e
títulos que fazem referência a sua obra, como por exemplo: Auxiliador ou Consolador; Espírito da
Verdade; Espírito de Vida; Espírito Santo da Promessa, etc.

Ainda há que considerar os pronomes dispensados, a saber:


 Pronomes Pessoais. Talvez você já tenha notado o quanto a Bíblia concentra a atenção sobre
o Espírito Santo nos capítulos 14 a 16 do Evangelho de João. É significativo que João tenha
usado artigos pessoais para chamar a nossa atenção para a personalidade do Espírito Santo.
Por exemplo o pronome pessoal ekeinos (no original grego) é usado em João 16.13, referindo-
se ao Espírito Santo, reconhecendo assim a Sua personalidade. Esse é o mesmo pronome
usado em relação a Jesus, em 1 João 2.6; 3.3,5,7 e 16.

 Tratamento Pessoal. Finalmente, o fato que o Espírito Santo é alvo de tratamento pessoal,
também aponta para a Sua personalidade. A Bíblia aponta que Ele pode ser tentado e
submetido a teste (Atos 5.9), pode ser entristecido (Efésios 4.30), podemos mentir a Ele (Atos
5.3), podemos blasfemar ou falar contra Ele (Mateus 12.31,32), podemos resistir a Ele (Atos
7.51) e também podemos insultá-lO (Hebreus 10.29). Uma mera força impessoal não pode ser
tratada como uma pessoa e nem seria capaz de ter atitudes próprias de uma pessoa.

TRINITARIANISMO
Trinitarianismo é o ensino de que Deus é triúno, que Ele tem Se revelado em três Pessoas co-iguais e
co-eternas. De acordo com o blog especializado Berakash, o dogma da Santíssima Trindade está
inserido em um contexto histórico, isto é, possui uma história de crenças que se concretiza como um
artigo de fé.

Artigo este proclamado em 325 no concílio de Nicéia, o primeiro concílio ecumênico do cristianismo,
onde foram discutidas questões cristológicas, por exemplo, as levantadas pelo arianismo que negava
a existência da consubstancialidade entre Jesus e Deus. Aqui, devemos destacar as diferenças entre
cristianismo e judaísmo.

Como princípio básico, o judaísmo tem o monoteísmo que é a crença em um único Deus, rejeitando
que Este seja dividido em partes, mesmo se essa divisão Divina seja misteriosa ou não.Monoteísta
também aos extremos, o Islamismo, nega a idéia da Santíssima Trindade, porque segundo seus
defensores, vai contra a natureza unicista de Deus (Alá).

Monoteísmo é a crença na existência de apenas um só Deus, o que faz com que seja diferente de
crenças como, por exemplo, politeísta que acreditam em vários deuses e, do henoteísmo que aceitam
preferencialmente um deus, em detrimento de outros. Aceitando uma Divindade trina, o cristianismo é
uma religião monoteísta trinitária.

Não sendo, então, de forma alguma uma religião triteísta. O triteísmo é uma perversão da doutrina da
trindade, inclusive, é visto como uma espécie de politeísmo. Logo, os defensores do trinitarianismo
usam o argumento de que há apenas um único Deus, e que o trinitarianismo não é uma crença em
três Deuses.
A OBRA DO ESPÍRITO SANTO
A obra do Espírito Santo é destacada em toda a Bíblia desde o início. O livro de Gênesis declara que
o Espírito de Deus movia-se sobre a face do abismo. Na Criação, o Pai criou todas as coisas através
do Filho pela agência do Espírito Santo. Portanto, o Espírito Santo age como doador da vida.

Depois, também concede aos homens habilidades naturais que os qualificam para que estes possam
viver neste mundo criado. O Espírito Santo desempenha tarefas específicas com relação à história da
redenção. Foi Ele quem inspirou as Escrituras, isto é, os autores bíblicos “falaram inspirados pelo
Espírito Santo”.
Logo, Ele é o grande autor da revelação de Deus registrada através de sua Palavra aos homens.
Muitas pessoas acreditam que o Espírito Santo agia de forma diferente nos tempos do Antigo
Testamento, especialmente no sentido de não habitar permanentemente nos homens.

Esse raciocínio leva a uma diferença qualitativa na forma de agir do Espírito Santo quando
comparados os tempos do Antigo e Novo Testamentos. Todavia, o ensino bíblico aponta para outra
direção, isto é, a ação do Espírito Santo, ainda no Antigo Testamento, era essencialmente a mesma
que pode ser notada após o Pentecostes.

No Novo Testamento, após o Pentecostes, sua ação passou a ser mais intensa e percebida,
sobretudo com a internacionalização da Igreja. Com base nisso, podemos dizer que no Antigo
Testamento, o Espírito Santo preparava o povo escolhido do Senhor para aguardar a redenção pelo
Messias.

Isto significa que o Espírito Santo regenera, convence do pecado, santifica, ensina e capacita os
santos a crer no Messias vindouro. Após a vinda do Messias, sua ação continua a mesma, com a
diferença de que os redimidos agora creem no Cristo que veio, foi sacrificado, está exaltado junto ao
Pai, e em breve retornará para buscar o seu povo.

Portanto, com relação à economia da salvação, podemos dizer que Deus o Pai planejou e elegeu seu
povo, o Filho executou o plano salvífico, e o Espírito Santo confirma a obra da redenção, aplicando os
benefícios da salvação aos redimidos. Estes justificados, pelo Espírito Santo são regenerados,
santificados e edificados.

Logo, todos os esforços na evangelização e no discipulado só são produtivos pela ação do Espírito
Santo, que atrai o pecador à mensagem do Evangelho. Assim, Ele habita nos crentes, é seu
intercessor, ensina na verdade, capacita com dons espirituais, conduz à santificação contínua, guia
em toda verdade.

Também gera neles o fruto do Espírito que contrasta com as terríveis obras da carne, e os preserva
firmes até o fim, pois Ele próprio é o selo que marca o povo de Deus, a garantia que concede a
certeza da salvação aqueles que foram justificados.

Em poucas palavras, Martinho Lutero forneceu uma excelente resposta sobre quem é o Espírito
Santo, ao dizer que por sua própria razão ou força ele jamais poderia crer em Jesus ou vir a Ele, mas
o Espírito Santo o chamou pelo Evangelho, o iluminou com seus dons, o santificou e conservou na
verdadeira fé.
A DOUTRINA DA IGREJA (ECLESIOLOGIA)

A igreja é um aspecto da doutrina cristã sobre o qual praticamente todos, crentes e descrentes, têm
uma opinião. Em parte, é porque, sendo uma instituição da sociedade, a igreja pode ser observada e
estudada pelos métodos da ciência social. Isso, porém, nos apresenta um dilema.

Podemos ser tentados a definir a igreja pelo que é empiricamente. Tal abordagem, no entanto,
poderia confundir o real com o ideal e, assim, por mais interessante que seja, deve ser evitada. Outra
maneira de analisar e definir a igreja é usar os mesmos meios usados nas outras partes da teologia
sistemática, ou seja, estudando o material bíblico.
O significado do termo igreja destaca-se melhor quando estudado no contexto grego e
veterotestamentário. No grego clássico, a palavra grega usada no Novo Testamento para designar a
igreja (ekklésia) referia-se simplesmente a uma assembleia dos cidadãos de uma localidade.

O equivalente mais próximo do Antigo Testamento (qáhál) não é tanto uma especificação dos
membros de uma assembleia, mas uma designação do ato de se reunirem. No Novo Testamento, a
palavra igreja tem dois sentidos. Por um lado, denota todos os crentes em Cristo em todas as épocas
e lugares.

Esse sentido universal é encontrado em livros bíblicos, nos quais Jesus promete que construirá sua
igreja, e na figura do corpo de Cristo. Com maior frequência, porém, “igreja” refere-se a um grupo de
crentes em dada localidade geográfica. Esse é o sentido claro em textos das Escrituras.

NATUREZA ECLESIÁSTICA
No decurso da maior parte de sua história, a natureza da igreja tem sido definida por cristãos divididos
que procuram estabelecer a validez da sua própria existência. Os donatistas no norte da África, nos
primeiros séculos, focalizavam a pureza da Igreja e alegavam ser a única igreja que estava à altura do
padrão bíblico.

Na Idade Média, várias seitas definiram a igreja de modos a poderem alegar que a igreja verdadeira
eram eles, e não a Igreja Católica Romana. Os arnoldistas enfatizavam a pobreza e a identificação
com as massas; os valdenses ressaltavam a obediência literal aos ensinos de Jesus e acentuavam a
pregação evangélica.

Os católicos romanos alegavam que a única igreja verdadeira era aquela sobre a qual o papa era
supremo como sucessor do apostolo Pedro. Os reformadores Martinho Lutero e João Calvino,
seguindo João Wycliffe, faziam uma distinção entre a igreja visível e a invisível, declarando que a
igreja invisível consiste somente dos eleitos.

Sendo assim, um indivíduo, incluindo o papa, pode fazer parte da igreja visível, mas não da igreja
invisível e verdadeira. Ainda para tratar da natureza da Igreja, devemos mencionar sua essência que,
a propósito, variou conforme o tempo e a linha de fé de seus seguidores. Veja:

• Os cristãos primitivos:
 O povo de Deus que ele escolheu por possessão

• Concepção católica romana:

 Fixada na manifestação externa para combater as heresias


 Governada por um bispo – sucessor direto dos apóstolos
 Definição – A congregação de todos os fiéis que, sendo batizados, professam a mesma fé ,
participam dos mesmos sacramentos e são governados por seus legítimos pastores, sob um
chefe visível na terra
 Admitem a igreja invisível, mas preferem se referir a igreja como a comunhão visível dos
crentes
 Preferem admitir que a igreja visível precede a igreja invisível ØA primeira dá nascimento à
segunda

• Concepção ortodoxa grega:


 Similar à Católica Romana
 Reivindica para si a honra de ser a igreja verdadeira
 Reconhece o aspecto da igreja invisível, mas dá ênfase a organização
 Rejeita o papado
 A essência da igreja não é a comunidade dos santos, mas a hierarquia episcopal
 A igreja é portadora de dons e poderes divinos e está empenhada em transformar a
humanidade no reino de Deus

• Concepção protestante:

 Reforma foi uma reação contra a igreja “externa”


 No rumo de que a essência da igreja não está na organização externa mas na comunhão do
povo de Deus que ele escolheu
 Para Lutero e Calvino: comunidade dos santos que crêem e são santificados em Cristo e que
estão ligados a Ele, sendo Ele a sua Cabeça.
• Concepção protestante
 Não existem duas igrejas – a visível e a invisível, mas apenas uma
 A igreja invisível é a igreja como Deus vê
 A igreja visível é a igreja como o homem a vê
 Como corpo de Cristo

Ainda no sentido da natureza eclesiástica, podemos destacar os papéis que ela assume, ou seja, o
seu caráter multiforme:

• A igreja militante e a igreja triunfante


 Convocada para uma guerra santa
 Não pode ficar apática
 Deve lutar contra um mundo hostil
 Deve estar engajada na peleja
 Não pode ficar o tempo todo em oração e meditação
 A igreja militante na terra será a igreja triunfante no céu

• A distinção entre a igreja visível e invisível


 Lutero foi um dos primeiros a fazer esta distinção
 Opositores acusavam os Reformadores de ensinarem que haviam duas igrejas separadas
 Lutero e Calvino reforçavam que estavam tratando de dois aspectos da igreja
 O termo igreja invisível se também refere comumente:

 à igreja triunfante
 à igreja ideal e completa
 à igreja de todas os lugares que os homens não conseguem enxergar
 à igreja oculta nos tempos de perseguição

Dá-se o nome de IGREJA VISÍVEL ao grupo de pessoas chamadas MEMBROS, unidas na mesma fé
em Cristo Jesus, devidamente batizadas nas Águas e compromissadas e fiéis à Obra do Senhor,
separadas do mundo pelo recebimento de Jesus Cristo como Único, Suficiente,Exclusivo e Eterno
Senhor e Salvador.

Estas se reúnem regularmente em determinado lugar, sob a coordenação e direção de um Pastor. É a


Igreja que, por força das exigências da Lei e dos Países em que atua, é institucionalizada e
organizada por ESTATUTOS, de maneira formal e legal, devidamente registrada e reconhecida como
Pessoa Jurídica.
UNIDADE DA IGREJA
A igreja é um grupo singular sobre o qual o Senhor atua: "Edificarei minha igreja" (Mt 16.18). Para
melhor compreender tal afirmação, é preciso entender a singularidade da igreja, seu relacionamento
com outros grupos e seu lugar dentro da história e do plano de Deus.

1 - A IGREJA E O REINO
Uma grande dúvida entre os cristãos é como a igreja se relaciona com o "reino de Deus". Isso decorre
do fato de haver mais de um aspecto do reino descrito nas Escrituras.

a) O reino universal - Deus governa o mundo todo (1Cr 29.11; Sl 145.13) e escolhe governantes para
julgar o mundo (Dn 2.37). Assim, Deus reina sobre todas as nações (Ap 15.3) e, no final, todas se
submeterão a ele e capitularão diante do seu poder (Sl 110.5,6). A igreja faz parte desse reino porque
tudo está sobre o controle soberano de Deus sem que haja distinções ou que entidades sejam
independentes da soberania do Senhor;

b) O reino davídico/messiânico - Esse reino se chama davídico porque diz respeito às promessas
feitas a Davi (2Sm 7.11-16) e messiânico porque Jesus, o Messias, reinará sobre o trono de Davi,
governando a nação de Israel (Lc 1.32,33). A Igreja não faz parte desse reino que será instituído no
futuro (milênio), com a volta de Cristo, e cujos súditos são os israelitas que serão restaurados à
totalidade da terra prometida a Abraão. Nessa época, a igreja glorificada reinará com Cristo (2Tm
2.12; Ap 5.9,10);

c) O reino espiritual - Refere-se ao reino em que os cristãos foram inseridos a partir do novo
nascimento (Cl 1.13; Ap 1.6) e onde Cristo reina sobre a igreja sendo sua cabeça. Esse reino tem
características que o distinguem dos do restante do mundo (Rm 14.17; 1Co 4.20);

d) O reino eterno - Esse é também um aspecto futuro do reino. Não está ligado a um governo terreno,
mas à comunhão e habitação com Deus e à vida eterna (2Tm 4.18; Tg 2.5; 2Pe 1.11).

Todos os que tiveram fé e foram perdoados por Deus durante toda a história humana, incluindo a
igreja, irão entrar nesse reino. A igreja ainda aguarda para entrar nesse reino (At 14.22).

PODER DA IGREJA
Jesus Cristo não somente fundou a igreja, mas também a revestiu do necessário poder ou autoridade.
Ele é a Cabeça da igreja, não apenas no sentido orgânico, mas também no sentido administrativo,
isto é, Ele é não somente a Cabeça do corpo, mas também o Rei da comunidade espiritual. *

É em Sua capacidade de Rei da igreja que Ele a revestiu de poder ou autoridade. Ele mesmo falou da
igreja como fundada tão solidamente sobre uma rocha que as portas do inferno não prevaleceriam
contra ela, Mt 16.18; e na mesma ocasião – exatamente a primeira em que Ele fez menção da igreja –
também prometeu dota-la de poder, quando disse a Pedro: “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus: o
que ligares na terra, terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra, terá sido desligado nos
céus” (Mt 16.19).

É evidente que as expressões “igreja” e “reino dos céus” são empregadas uma pela outra aqui. As
chaves são um emblema de poder (cf. Is 22.15-22), e com as chaves do reino dos céus Pedro recebe
poder para ligar e desligar, o que neste contexto, parece significar, determinar o que é proibido e o
que é permitido na esfera da igreja.
E a sentença que ele passar – neste caso, não as pessoas, mas as ações – será sancionada no céu.
Pedro recebe este poder como representante dos apóstolos, e estes constituem o núcleo e o alicerce
da igreja, em sua qualidade de mestres da igreja. A igreja de todos os séculos é ligada pela palavra
deles, Jo 17.20; 1 Jo 1.3.
A passagem de Jo 20.23 torna evidente que Cristo dotou não somente a Pedro, mas a todos os
apóstolos de poder e do direito de julgar, e não quanto às ações apenas, mas também a pessoas: “Se
de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos”.

Cristo deu este poder, antes de tudo e no grau supremo, aos apóstolos, mas também o estende,
embora em menor grau, à igreja em geral. A igreja tem direito de excluir da comunhão o pecador
impenitente. Mas, pode fazê-lo somente porque Jesus Cristo em pessoa habita na igreja e, pela
instrumentalidade dos apóstolos, supriu a igreja de um apropriado padrão de julgamento.

Que Cristo deu poder à igreja em geral, é muito bem evidenciado por várias passagens do Novo
Testamento. Os oficiais da igreja recebem sua autoridade de Cristo, e não dos homens, mesmo que a
congregação sirva de instrumento para instale-los no ofício.

Quer dizer que, de um lado, eles não o recebem das mãos de nenhuma autoridade civil, que não tem
poder nenhum nas questões eclesiásticas, e, portanto, não pode outorgar nenhum poder; mas, de
outro lado, quer dizer que eles não o derivam do povo em geral (da igreja), apesar de serem eles
representantes do povo.

Porteous observa acertadamente: “O fato de que o presbítero é denominado representante do povo,


mostra que ele é o seu governante, por ele escolhido. O que é designado pelo título de representante
é o modo pelo qual o ofício é adquirido, não a fonte do seu poder”

A Natureza Deste Poder.

1. PODER ESPIRITUAL. Quando se afirma que o poder da igreja é espiritual, não se quer dizer que é
totalmente interno e invisível, desde que Cristo governa tanto o corpo como a alma, Sua Palavra e os
sacramentos se dirigem ao homem todo, e o ministério do diaconato tem até referência especial às
necessidades físicas.

É um poder espiritual porque é dado pelo Espírito de Deus, At 20.28, só pode ser exercido em nome
de Cristo e pelo poder do Espírito Santo, Jo 20.22, 23; 1 Co 5.4, pertence exclusivamente aos
crentes, 1 Co 5.12, e só pode ser exercido de maneira moral e espiritual, 2 Co 10.4. 2

O estado representa o governo de Deus sobre a condição externa e temporal do homem, ao passo
que a igreja representa o Seu governo sobre a condição interna e espiritual do homem. O primeiro
tem por objetivo assegurar aos seus súditos a posse e o gozo dos seus direitos externos e civis, e
muitas vezes é forçado a exercer poder coercitivo em contraposição à violência humana.

O último é edificado em oposição a um mau espírito e com o propósito de livrar os homens da


escravidão espiritual infundindo-lhes o conhecimento da verdade, cultivando neles graças espirituais,
e elevando-os a uma vida de obediência aos preceitos divinos.

Visto que o poder da igreja é exclusivamente espiritual, não recorre à força. Em mais de uma ocasião
Cristo declarou que a administração do Seu reino na terra envolve um poder espiritual, e não um
poder civil. A igreja de Roma não vê este fato grandioso, quando insiste na posse do poder temporal e
está determinada a gerir toda a vida do povo que está sob o seu domínio.

2. PODER MINISTERIAL. É copiosamente evidente na Escritura que o poder da igreja não é um


poder independente e soberano, Mt 20.25, 26; 23.8, 10; 2 Co 10.4,5; 1 Pe 5.3, mas, sim, uma
diakonia leitourgia, um poder ministerial (de serviço), At 4.29, 30; 20.24; Rm 1.1, derivado de Cristo e
subordinado à Sua autoridade soberana sobre a igreja, Mt 28.18.

Deve ser exercido em harmonia com a Palavra de Deus e sob a direção do Espírito Santo, por meio
de ambos os quais Cristo governa a Sua igreja, e em nome do próprio Cristo como o Rei da igreja,
Rm 10.14, 15; Ef 5.23; 1 Co 5.4.

Todavia, é um poder muito real e abrangente, que consiste na administração da Palavra e dos
sacramentos, Mt 28.19, na determinação do que é e do que não é permitido no reino de Deus, Mt
16.19, no perdão e na retenção do pecado, Jo 20.23, e no exercício da disciplina na igreja, Mt 16.18
 
GOVERNO DA IGREJA
Apesar de a Igreja ser uma assembleia de fiéis onde quer que esteja e de o Novo Testamento não
definir exatamente a organização da igreja local, desde o início as igrejas tiveram um sistema
organizado e uma liderança (At 14.23; 20.17; 21.18; Fp 1.1; Tt 1.5). As igrejas hoje têm muitas
diferentes formas de governo.

A Igreja Católica Romana tem um governo mundial sob a autoridade do papa. As igrejas episcopais
têm bispos com autoridade regional e, acima deles, arcebispos. As igrejas presbiterianas dão
autoridade regional aos presbitérios e autoridade nacional aos concílios.

Todavia, as igrejas batistas e muitas outras igrejas independentes não têm uma autoridade oficial de
governo além da congregação local, e a filiação a outras denominações é voluntária.

FORMAS DE GOVERNO ECLESIÁSTICO

Na discussão das formas de governo eclesiástico há uma sobreposição com as seções anteriores
sobre o método de escolha de oficiais, cuja seleção constitui um aspecto muito importante da
autoridade na igreja. Diferentes filosofias de governo eclesiástico refletiram em diferentes métodos de
escolha dos oficiais da igreja, como explicado acima.

Isso fica evidente no fato de que as formas de governo da igreja podem ser divididas em três grandes
categorias, que podemos chamar de "episcopal", "presbiteriana" e "congregacional". As formas
episcopais têm um governo exercido por uma categoria distinta de oficiais da igreja considerada um
sacerdócio, e a autoridade final para a tomada de decisões encontra-se fora da igreja local.

O sistema da Igreja Episcopal é o principal representante desse tipo de governo entre os protestantes.
As formas presbiterianas têm um governo de presbíteros, alguns dos quais têm autoridade não só
sobre suas congregações locais, mas também, através do presbitério e da assembléia geral, sobre
todas as igrejas de uma região e, daí, na denominação como um todo.

Todas as formas congregacionais de governo da igreja têm uma autoridade final baseada na
congregação local, embora se percam vários graus de independência através da filiação
denominacional e a forma real de governo possa variar consideravelmente. Examinaremos cada uma
dessas formas na discussão que se segue.

1. Episcopal
No sistema episcopal, um arcebispo tem autoridade sobre muitos bispos. Estes, por sua vez, têm
autoridade sobre uma "diocese", o que significa simplesmente igrejas sob a jurisdição de um bispo. O
oficial encarregado de uma paróquia local é um reitor (ou algumas vezes um vigário que é um
"assistente" ou alguém que substitui um reitor).

Arcebispos, bispos e reitores eclesiásticos são sacerdotes, já que todos foram em certa ocasião
ordenados para o sacerdócio episcopal (mas, na prática, o reitor eclesiástico é mais freqüentemente
chamado sacerdote).

2. Presbiteriano
Nesse sistema cada igreja local elege presbíteros para um conselho. O pastor da igreja é um dos
presbíteros no conselho, com a mesma autoridade dos outros presbíteros. Esse conselho tem
autoridade para dirigir a igreja local.

Entretanto, os membros do conselho (os presbíteros) são também membros de um presbitério que
tem autoridade sobre diversas igrejas locais em uma região. Esse presbitério consiste de alguns ou
de todos os presbíteros das igrejas locais sobre as quais ele tem autoridade.

3. Congregacional
a. Um único presbítero (ou pastor). Podemos agora considerar cinco variações de governo
congregacional para a igreja. A primeira, atualmente mais comum entre as igrejas batistas nos
Estados Unidos, é de "um único presbítero". Nesse tipo de governo o pastor é considerado o único
presbítero na igreja, e há um grupo de diáconos que atuam sob sua autoridade e lhe dão apoio.

b. Pluralidade de presbíteros na igreja local. Há algum tipo de governo eclesiástico que preserve o
modelo neotestamentário de pluralidade de presbíteros e que evite a expansão da autoridade destes
para fora da igreja local? Embora não seja distintivo de nenhuma denominação atual, um sistema
assim existe em muitas congregações. Usando as conclusões sobre esse ponto a partir dos dados do
Novo Testamento

c. Democracia absoluta. Em tal sistema tudo precisa ser levado às reuniões da congregação. O
resultado é que as decisões são discutidas com frequência de maneira interminável, e, à medida que
a igreja cresce, tomar decisões torna-se quase impossível.

Embora tal estrutura sem dúvida faça justiça a alguns textos já citados com respeito à necessidade de
a autoridade governante final estar na congregação como um todo, ela não é fiel ao modelo
neotestamentário de líderes reconhecidos e designados detentores de verdadeira autoridade para
dirigir a igreja na maioria das vezes.

d. "Sem governo, mas dirigida pelo Espírito Santo". Algumas igrejas, particularmente igrejas muito
recentes, com tendências místicas ou extremamente pietistas, funcionam com um governo
eclesiástico. Nesse caso, a igreja nega a necessidade de qualquer forma de governo; o governo
depende inteiramente dos membros da igreja, sensíveis à direção do Espírito Santo na vida; as
decisões são geralmente tomadas por consenso.

Os argumentos de apoio para essa visão são:

a) Embora os apóstolos e seus auxiliares exercessem autoridade sobre mais de uma igreja local, o
mesmo não acontecia com os presbíteros e diáconos. Na inexistência atual de apóstolos, cada igreja
local é autônoma;
b) A igreja inteira recebeu o poder de exercer a disciplina e não somente os líderes (Mt 18.17; 1 Co
5.4,5; 2Co 2.6,7; 2 Ts 3.14,15);

c) A igreja inteira estava envolvida na escolha dos líderes (At 1.23,26; 6.3,5; 15.22,30; 2 Co 8.19);

d) Várias passagens comissionam a igreja toda e não apenas os líderes (Mt 28.19,20; 1Co 11.2,20);

e) O sacerdócio de todos os cristãos colabora para o conceito de um governo democrático e


congregacional (1 Pe 2.5,9).

Note que, apesar de a ordem ter sido pronunciada diante dos apóstolos, a menção de que a validade
da promessa de estar com eles é até a "consumação dos séculos" e que a ordem devia ser cumprida
em todo o mundo, demonstra que a ordem foi dada à igreja em geral.
 
A DOUTRINA DA BÍBLIA
A doutrina da Bíblia, ou Bibliologia, é parte da Teologia Sistemática que estuda a revelação de Deus
indo, então, além do simples estudo da Bíblia. De acordo com o livro, a Bíblia é chamada de Livro
(Is.34:16); Palavra (Mc.7:13; Hb.4:12); Luz (Sl 119), Escritura (Mt.21:42), Sagrada(Rm.1:2); Oráculo
(Rm.3:2), entre outros títulos.

 Histórico das Escrituras

O nome “bíblia” varia do termo grego biblios e poderia significar "Biblioteca", já que é uma coleção de
66 livros. A divisão em capítulos foi feita apenas no ano 1250 por Hugo Saint Cher. A divisão em
versículos se consolidou em 1445 pelo Rabi Nathan e o NT em 1551, pelo pastor Robert Stevens.

Para os católicos, existe uma diferença na numeração de alguns capítulos, mas a maior é o fato de
que a Bíblia "protestante" não aceita como inspirados os livros de Tobias, Judite, Sabedoria,
Eclesiástico, Baruque, 1 e 2 Macabeus. Os capítulos 10 a 16 de Ester e os capítulos 3,13 e 14 do livro
de Daniel também não estão presentes.

Isso porque acredita-se que não foram inspiradas por Deus, tendo sido acrescentadas
posteriormente. O Antigo Testamento foi escrito em hebraico com alguns poucos textos foram escritos
em aramaico. O Novo Testamento foi escrito originalmente em grego chamado koinê, a língua popular
da época.

É fundamental entender que os originais da Bíblia são a base para a elaboração de uma tradução
confiável das Escrituras. Sabe-se que não existe nenhuma versão original de manuscrito da Bíblia. Os
chamados autógrafos, isto é, os livros originais, como foram escritos pelos seus autores, se perderam.

O que temos disponível são centenas de cópias de cópias de cópias. As cópias mais antigas foram
encontradas graças às descobertas arqueológicas. Os manuscritos mais antigos conhecidos são de
850 d.C. Durante muito tempo esse argumento foi usado para se questionar a autoridade da Bíblia.

Em 1947, um pastor beduíno que buscava uma cabra perdida de seu rebanho, encontrou nas
montanhas de Qumram, Israel centenas de potes de barro com cópias de textos, os chamados
Manuscritos do Mar Morto. Bem conservadas, serviram para provar que as alegadas alterações nos
textos foram mínimas se comparadas ao que já se conhecia.

HISTÓRIA DAS TRADUÇÕES


Quando as primeiras traduções para a língua do povo foram publicadas, durante a Reforma
Protestante, rompeu-se a tradição que havia de se ler uma versão da Bíblia traduzida para o latim
(chamada "Vulgata"), as quais somente os padres e bispos tinham acesso. Desde então vem sendo
estudada e entendida por todos os interessados.

Isso enfraqueceu a predominância da chamada "tradição oral" e os comentários doutrinários que


eram repassados em pé de igualdade com o texto escrito. A Bíblia segue sendo o livro mais lido de
todos os tempos, assim como o mais traduzido e distribuído no mundo desde suas origens.
A difusão de seus ensinamentos entre os mais variados povos resultou em inúmeras traduções para
os mais variados idiomas e dialetos. Hoje é possível encontrar a Bíblia, completa ou em porções, em
mais de 2.000 línguas diferentes.

 Primeiras escrituras

A formação teológica do cristão, à luz da fé, edifica-se pelo conhecimento profundo da doutrina
católica, que se fundamenta na revelação divina por meio da Sagrada Escritura. O estudo da Palavra
de Deus nos permite participar intimamente do plano de salvação, compreender a história do povo de
Deus e testemunhar a vida de Jesus Cristo.

E é este o caminho pelo qual os fiéis podem cultivar suas virtudes humanas e cristãs, por meio da
leitura dedicada e da meditação íntima da Bíblia Sagrada. A Bíblia tem início pelo conjunto dos cinco
livros que formam o Pentateuco, sendo eles: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

O conteúdo desses livros se apresenta nos seus títulos: Gênesis conta a origem do mundo, do
homem e do povo de Israel; Êxodo relata a saída dos israelitas do Egito; Levítico trata das leis sobre a
santidade e o culto; Números traz as pessoas que deixaram o Egito e andaram pelo deserto; e
Deuteronômio é a segunda lei dada por Moisés antes da terra prometida.

Na leitura do livro do Êxodo (34,28), vemos que Moisés passou 40 dias e 40 noites na presença de
Deus quando escreveu as cláusulas da aliança, os dez mandamentos. Em seguida, no livro de
Neemias (8,1-8), lemos que Esdras, doutor da Lei, leu o chamado “livro da Lei de Moisés” para todo o
povo, enquanto alguns levitas traduziam e explicavam, para que todo o povo entendesse.

Essas passagens nos levaram a crer que a autoria dos livros do Pentateuco se deve ao próprio
Moisés, o que mais tarde se confirmou pelas diversas referências que encontramos no Novo
Testamento. Contudo, estudos concluíram que o Pentateuco recebeu sua forma atual somente depois
do exílio da Babilônia, por volta dos séculos VI e V a.C.

Ainda em estudos realizados a partir do século XVII d.C., chegou-se à conclusão de que, para a
redação final do Pentateuco, foram coletados materiais de épocas diferentes que constituíram os
livros sagrados como entregue ao povo judeu e depois a Igreja.

Não se sabe ao certo os caminhos que se percorreu até a formação do Pentateuco, mas é certo que
seu conteúdo seguiu as tradições do patriarca Moisés, da Aliança, das Leis e dos cultos,
representadas em cada um dos livros.
Após o Pentateuco, iniciam-se os chamados Livros Históricos, que relatam a história do povo eleito,
desde a conquista de Canaã até as batalhas travadas durante o século II, a.C., para que os israelitas
pudessem conservar sua identidade diante das investidas dos gregos.

Diante da fé cristã, compreende-se que cada um dos livros nos leva à plenitude da Revelação,
podendo apenas ser entendido profundamente quando interpretados face à grande manifestação de
Deus por meio de Jesus Cristo.

As revelações que se fizeram aos autores dos Livros Históricos ocorreram em diversas épocas, não
se pretendendo aprofundar em cada um desses momentos, é conveniente apenas citar as linhas
históricas da época, que são o reino de Israel, o reino de Judá, o período Persa e o período
Helenístico.

Esses livros se apresentam na Bíblia, na ordem da Bíblia grega, que se fez por uma visão mais ampla
do mundo e da cultura da época, resgatando obras escritas por judeus, mas no idioma grego, e que
haviam sido excluídas na organização da Bíblia hebraica no início do século II d.C.
 
INTRODUÇÃO A BÍBLIA
A Bíblia é um livro singular, produzido no oriente antigo, que molda o ocidental moderno. É o livro
mais traduzido, citado, publicado e influente na humanidade, "amargo para se viver e doce para se
pregar"(Ap.10:8-11). Bíblia (grego”Biblos”) - Livro. Esta palavra entrou para as línguas modernas pelo
francês.

Antes, era o nome que se dava à casca de um papiro do século Xl a.C. Por volta do século II d.C., os
cristãos usavam a palavra para os escritos sagrados. Existe uma recomendação de como ler a Bíblia,
de acordo com os estudiosos. Segundo ela, a leitura segue a estrutura: Nome do Livro: Nº Capítulo:
Nº Verso inicial – Verso final). Ex: João 3:16-17.

A Bíblia recebe as seguintes divisões:

 Em capítulos: 1250 DC por Hugo Saint Cher


 Em versículos: (AT),em 1445 pelo Rabi Nathan e o (NT), em 1551, pelo Pr. Robert Stevens

Ao que tudo indica, a Bíblia foi escrita num período de 1.600 anos. Tem-se que Deus é o autor da
Bíblia, enquanto os humanos a copiaram. Os autores humanos escreveram sob inspiração divina,
mas empregando seus estilos literários. A Bíblia, originalmente, foi escrita em papiro, pergaminho e
também foram usadas peles de animais.

A Bíblia foi escrita em grego, aramaico e hebraico, mas traduzida em cerca de 2.500 línguas e
dialetos. Ao todo, existem 73 livros na Bíblia Católica, além dos sete apócrifos acrescentados. A
propósito, livros apócrifos são aqueles não canônicos por serem considerados sem inspiração divina.

A mensagem central da Bíblia é a salvação em Jesus Cristo e deve ser interpretada à luz da palavra,
estudando as escrituras . Como mencionado acima, o texto bíblico está organizado em capítulo e
versículo. Ainda na explicação sobre a Bíblica, devemos conhecer o que significa cânon .

A palavra cânon vem do grego konón e significa: cana,régua. Que se origina do hebraico kaneh que
significa: vara ou cana de medir, esse termo aplicado a bíblia significa coleção de escrito autorizados
ou livros canônicos.
O ANTIGO TESTAMENTO
O Antigo Testamento foi escrito na região do fértil crescente. Sua divisão se dá em cinco partes,
sendo elas: Torah(Pentateuco), Livros históricos, Poéticos, Profetas Maiores e Menores. Mas, a
quantidade de livros varia de acordo com a religião ou Denominação cristã que o adota.

A Bíblia dos cristãos protestantes e o Tanakh judaico incluem apenas 39 livros, enquanto a Igreja
Católica possui 46 e a Igreja Ortodoxa aceita 51.  Os sete livros existentes na Bíblia católica, ausentes
da judaica e da protestante são conhecidos como deuterocanônicos para os católicos e apócrifos para
os protestantes.

A mesma lógica funciona com os livros da bíblia ortodoxa. Os livros do Antigo Testamento aceitos por
todos os cristãos como sagrados (também chamados "protocanônicos" pela igreja católica) são:
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, I Samuel, II Samuel, I Reis, II
Reis, I Crônicas, II Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos
dos Cânticos, Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas,
Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

Os deuterocanônicos, aceitos pela Igreja Católica como sagrados são: Tobias, Judite, I Macabeus, II
Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruque. Estes estão disponíveis na tradução grega do Antigo
Testamento, datada do Século I a.C., a Septuaginta.

Segundo a visão protestante, os textos deuterocanônicos (chamados "Livros apócrifos" pelos


protestantes) foram, supostamente, escritos entre Malaquias e Mateus, numa época em que segundo
o historiador judeu Flávio Josefo, a Revelação Divina havia cessado porque a sucessão dos profetas
era inexistente ou imprecisa.

O parecer de Josefo não é aceito pelos cristãos católicos, ortodoxos e por alguns protestantes, e
igualmente pensam assim uma maioria judaica não farisaica, porque Jesus afirma que durou até João
Batista, "A lei e os profetas duraram até João" (cf. Lucas 16:16; Mateus 11:13).

Antigo Testamento em Hebraico

Muitos séculos antes de Cristo, escribas, sacerdotes, profetas, reis e poetas do povo hebreu
mantiveram registros de sua história e de seu relacionamento com Deus. Estes registros tinham
grande significado e importância em suas vidas e, por isso, foram copiados muitas e muitas vezes e
passados de geração em geração.

Com o passar do tempo, esses relatos sagrados foram reunidos em coleções conhecidas por A Lei,
Os Profetas e As Escrituras. Esses três grandes conjuntos de livros, em especial o terceiro, não foram
finalizados antes do Concílio Judaico de Jamnia, que ocorreu por volta de 95 d.C.

A Lei continha os primeiros cinco livros da nossa Bíblia. Já Os Profetas, incluíam Isaías, Jeremias,
Ezequiel, os Doze Profetas Menores, Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis. E As Escrituras
reuniam o grande livro de poesia, os Salmos, além de Provérbios, Jó, Ester, Cantares de Salomão,
Rute, Lamentações, Eclesiastes, Daniel, Esdras, Neemias e 1 e 2 Crônicas.
Os livros do Antigo Testamento foram escritos em longos pergaminhos confeccionados em pele de
cabra e copiados cuidadosamente pelos escribas. Geralmente, cada um desses livros era escrito em
um pergaminho separado, embora a Lei frequentemente fosse copiada em dois grandes
pergaminhos.

O texto era escrito em hebraico - da direita para a esquerda - e, apenas alguns capítulos, em dialeto
aramaico. Hoje se tem conhecimento de que o pergaminho de Isaías é o mais remoto trecho do
Antigo Testamento em hebraico.

Estima-se que foi escrito durante o Século II a.C. e se assemelha muito ao pergaminho utilizado por
Jesus na Sinagoga, em Nazaré. Foi descoberto em 1947, juntamente com outros documentos em
uma caverna próxima ao Mar Morto.

História literária

A revelação de Deus à humanidade transmitiu-se, durante muitos séculos, através da tradição oral. A
Escritura só começa a ganhar corpo a partir de David. Já antes de David existiam documentos orais
ou escritos, como o Código da Aliança (Ex 20,22-23,33), o Decálogo (Ex 20,2-17; Dt 5,6-21), o poema
de Débora (Jz 5,1-31), o cântico de Moisés (Ex 15,1-18).

É também a partir do reinado de David-Salomão que se escreve uma das quatro “fontes” que se
integrou no Pentateuco (a Javista), se inicia o Saltério por meio de David e a literatura sapiencial
recebe o seu primeiro impulso. Com a morte de Salomão, o reino divide-se em Israel, ou Reino do
Norte, e Judá, ou Reino do Sul.

A história destes dois reinos encontra-se nos livros dos Reis. Em Israel aparecem os profetas Elias e
Eliseu, defensores do culto a Javé; no tempo de Jeroboão II (783-743 a.C.), Amós e Oseias e a
tradição “Eloísta” do Pentateuco. Em Judá, pouco depois de Amós e Oséias, surgem Isaías e
Miquéias.

Em 722 a.C., o Reino do Norte cai sob o poder da Assíria e muitos habitantes fogem para Judá,
levando consigo escritos e tradições sagradas; deste modo, unem-se duas das tradições do
Pentateuco: a Javista e a Eloísta (Jeovista).
No tempo do rei Josias (640-609 a.C.), restaura-se o templo e procede-se a uma reforma religiosa: o
Reino do Norte tinha desaparecido e o do Sul estava a ser castigado, porque tinham sido infiéis a
Javé. É neste período e com esta perspectiva que aparecem os livros dos Juízes, Samuel e Reis.

Em 587 a.C., Nabucodonosor avança sobre Jerusalém, toma a cidade e leva para Babilónia, como
reféns, muitos dos seus habitantes. É um momento importante na História do povo de Deus. Os
sacerdotes, longe do templo, voltam às tradições antigas, dando-lhes um cunho litúrgico e cultural.

São ainda eles que, depois do Deuteronômio, dão ao Pentateuco a sua forma definitiva. Os judeus
que tinham ficado na Palestina vêm chorar sobre as ruínas do templo e assim nascem as
Lamentações, que a Vulgata, indevidamente, atribuiu a Jeremias. Ao mesmo tempo, um profeta
anónimo, discípulo de Isaías (Segundo Isaías), conforta os desterrados na Babilónia (Is 40-55).

Depois do regresso da Babilônia, são compostos os capítulos 56-66 de Isaías (Terceiro Isaías) e, no
séc. V a.C., completa-se a obra com os capítulos 24-27 e 34-35 (Apocalipse de Isaías). Em 538 a.C.,
de novo em Jerusalém, o Deuteronômio separa-se dos livros históricos e une-se ao Pentateuco;
aparece Rute e os profetas Ageu e Zacarias.

É também neste século que floresce a literatura sapiencial, editando-se o livro dos Provérbios e,
pouco depois, o Livro de Job. Com a reconstrução do templo, nascem novos salmos e adaptam-se os
antigos à nova liturgia. No séc. IV a.C., já deveria estar completo o Saltério; nasce o Cântico dos
Cânticos; escreve-se Jonas, que canta a providência e a salvação universal de Deus, e Tobias, que
exalta a providência de cada dia.

A historiografia deste século está representada por 4 livros: 1 e 2 das Crônicas (ou Paralipômenos),
Esdras e Neemias, que são obra de um só autor, chamado Cronista.
No ano 333 a.C., com a conquista da Palestina por Alexandre Magno, começa, na literatura bíblica, o
período helenista.

Como reacção, nasce um novo gênero literário tipicamente hebreu: o midraxe bíblico. Pertencem a
este período o Eclesiastes (ou Qohélet) e Ben Sira (ou Eclesiástico). Em 175 a.C., Antíoco IV obriga
todos os seus súbditos a adoptar a vida e a religião dos gregos. Esta medida provoca a revolta dos
Macabeus.

É neste ambiente que Daniel publica um livro apocalíptico, para animar os seus compatriotas na luta.
Anos depois (100 a.C.), aparece o livro de Ester, 1.° e 2.° dos Macabeus e o livro de Judite. Enquanto
os judeus da Palestina resistiam à helenização, alguns judeus de Alexandria procuraram assimilar o
pensamento grego, sem sacrificar os seus valores próprios. Esta atitude exprime-se no livro da
Sabedoria.

Cânon

O Antigo Testamento é a parte mais longa da Bíblia. Constitui a lista oficial ou cânon de livros aceitos
como inspirados e referentes ao tempo da religião hebraica anterior ao cristianismo. Mas esta lista ou
Cânon da Sagrada Escritura conheceu algumas divergências, já desde os tempos antigos.

Tais divergências nascem das próprias vicissitudes da formação da Bíblia entre os antigos hebreus. A
Bíblia que tem a lista mais longa de livros, chamada dos Setenta, é, na verdade, a mais antiga e
provém do judaísmo de Alexandria. Apresenta uma tradução dos textos bíblicos para o grego, feita
nos três séculos imediatamente anteriores ao cristianismo.

Curiosamente, a lista mais recente é aquela que nos propõe apenas o texto original hebraico; a lista
final dos livros desta Bíblia Hebraica foi fixada por uma assembleia de rabinos em Jâmnia, só pelos
finais do séc. I a.C., e os critérios aí seguidos levaram a diminuir a lista de livros até então
reconhecidos como pertencendo à Bíblia.

Ficaram assim de fora, no todo ou em parte, alguns livros incluídos há séculos na Bíblia do judaísmo
de Alexandria. Por várias circunstâncias, nomeadamente pelo facto de estar na língua grega de uso
internacional no Mediterrâneo oriental, depressa o cristianismo fez sua a Bíblia Grega da Tradução
dos Setenta (LXX) e sempre aceitou sem grandes dificuldades o cânon do Antigo Testamento por ela
apresentado.
Entre os cristãos, a posição a tomar diante destes dois cânones só foi discutida mais
significativamente depois da Reforma Protestante. Hoje em dia, as confissões protestantes em geral
só aceitam os livros que pertencem ao cânon hebraico, o chamado “cânon curto”.

Os livros que se encontram a mais na lista grega judaica e cristã antiga são chamados
deuterocanônicos (“apócrifos”, entre os protestantes) ou pertencentes ao “segundo cânon”, chamado
“cânon longo”. Convencionou-se dar o nome de “primeiro cânon” à lista de livros que são coincidentes
tanto na Bíblia Hebraica como na Bíblia Grega livros chamados protocanônicos.

Nomes de Deus no Antigo Testamento


 Javé (Yhwh): Senhor (só no texto)
 Adonay:    Senhor
 El:    Deus
 Elohim:    Deus
 Eliôn:    altíssimo
 El Eliôn:    Deus altíssimo
 Sebaot:   do universo
 Shadday:    supremo
 El Shadday:    Deus Supremo
 Adonay Yhwh:    Senhor Deus

Conteúdos e seções do Antigo Testamento

A lista dos livros do Antigo Testamento foi, ao longo da sua história e tradição, organizada segundo
princípios diferentes, daí resultando classificações que não são coincidentes. As duas principais
classificações representam, ainda hoje, as duas tradições da Bíblia Hebraica e da Bíblia Grega, no
judaísmo antigo.

A primeira divide o Antigo Testamento em Torá (Lei), Nebiîm (Profetas) e Ketubîm (Escritos); a
segunda divide-o em Pentateuco, Históricos, Sapienciais e Proféticos. Apesar de as modernas
traduções tenderem a utilizar sobretudo o texto hebraico da Bíblia, para estas divisões e para o
ordenamento dos livros dentro do Antigo Testamento, é muito mais frequente seguirem o esquema da
segunda, ou dos Setenta.

O NOVO TESTAMENTO
Novo Testamento é uma expressão que vem do latim e indica os livros da Bíblia escritos depois de
Cristo e contrapõe-se a Antigo Testamento. Isto é, aos livros da Bíblia escritos antes de Cristo. O
Novo Testamento foi escrito no Oriente Médio e Europa, entre os séculos I e II d.C.

Os Evangelhos são a base de todos os outros livros do Novo Testamento, que, por sua vez, os
explicitam e aplicam à vida prática. O livro está dividido em quatro partes, sendo elas Evangelho,
História, Epístolas e Profecia. O Novo Testamento é composto de 27 livros, sendo eles:

 Evangelho de Mateus  II Coríntios


 Evangelho de Marcos  Gálatas,
 Evangelho de Lucas  Efésios
 Evangelho de João  Filipenses
 Atos dos Apóstolos  Colossenses
 Romanos  I Tessalonicenses
 I Coríntios  II Tessalonicenses
 I Timóteo  Segunda Epístola de Pedro
 II Timóteo  Primeira Epístola de João
 Tito  Segunda Epístola de João
 Filémon  Terceira Epístola de João
 Hebreus  Epístola de Judas
 Epístola de Tiago  Apocalipse
 Primeira Epístola de Pedro

Jesus anunciou a Boa Notícia da salvação oralmente, em aramaico, a língua falada na Palestina. Os
seus discípulos também não escreveram. Preocupava-os mais o anúncio oral porque urgente do
Evangelho. A atitude de Jesus e dos seus discípulos faz do Cristianismo, não uma “Religião do Livro”,
mas a religião que se centra numa Pessoa Jesus Cristo.

Depois de terem ouvido a mensagem oral, durante a “primeira geração” cristã, os discípulos da
“segunda geração” registraram por escrito as palavras e os fatos da vida de Jesus para incutir nos
cristãos maior fidelidade à mensagem e os conduzir à fé e à salvação em Cristo. Os Evangelhos não
são unicamente a “História de Jesus”, mas a narração escrita de suas palavras e fatos, já iluminados
pelo Cristo ressuscitado.

Através dos séculos, desde o começo da era cristã, e inclusive em alguns contextos, como na
Reforma Protestante do século XVI, os textos deuterocanônicos do Novo Testamento foram tão
debatidos como os textos deuterocanônicos do Antigo Testamento. Os reformistas protestantes
decidiram rejeitar todos os textos deuterocanônicos do Antigo Testamento.

A partir daí, decidiram aceitar todos os textos deuterocanônicos do Novo Testamento, embora
houvesse em Lutero, no processo da Reforma Protestante, a intenção de remover determinados livros
do Novo Testamento por considerá-los apócrifos ou dolosos, como a Epístola de Tiago.

Escritos e coleções

O Novo Testamento é composto por 27 livros divididos em grupos ou coleções de escritos: Quatro
Evangelhos e Atos dos Apóstolos, Cartas de Paulo, Carta aos Hebreus, Cartas Católicas (Tiago, 1 e 2
de Pedro, 1, 2 e 3 de João, Judas) e Apocalipse de João. É uma grande quantidade de livros de
diferentes gêneros literários.

Devido a isso, tal conjunto tem relativa dificuldade de compreensão, por isso, é feita uma breve
Introdução a cada uma das coleções. A ordem é temática e pouco tem a ver com a cronologia. O
escrito mais antigo do Novo Testamento é a Primeira Carta de Paulo aos Tessalonicenses. O
Evangelho de João foi um dos últimos escritos a aparecer.

Novo Testamento em Grego

Os primeiros manuscritos do Novo Testamento que chegaram até nós são algumas das cartas do
Apóstolo Paulo destinadas a pequenos grupos de pessoas de diversos povoados que acreditavam no
Evangelho por ele pregado. A formação desses grupos marca o início da igreja cristã.

As cartas de Paulo eram recebidas e preservadas com todo o cuidado. Não tardou para que esses
manuscritos fossem solicitados por outras pessoas. Dessa forma,começaram a ser largamente
copiados e as cartas de Paulo passaram a ter grande circulação.
A necessidade de ensinar novos convertidos e o desejo de relatar o testemunho dos primeiros
discípulos em relação à vida e aos ensinamentos de Cristo resultaram na escrita dos Evangelhos que,
na medida em que as igrejas cresciam e se espalhavam, passaram a ser muito solicitados.

Outras cartas, exortações, sermões e manuscritos cristãos similares também começaram a circular. O
mais antigo fragmento do Novo Testamento hoje conhecido é um pequeno pedaço de papiro escrito
no início do Século II d.C. Nele estão contidas algumas palavras de João 18.31-33, além de outras
referentes aos versículos 37 e 38.

Nos últimos cem anos descobriu-se uma quantidade considerável de papiros contendo o Novo
Testamento e o texto em grego do Antigo Testamento.

A NATUREZA DAS ESCRITURAS


A natureza, ou seja, a essência das Escrituras Sagradas é espiritual, isto é, não é um livro de
invenção humana. Ela existe por inspiração Divina e tem sido conservada pura até nossos dias pela
providência de Deus. Devemos enfatizar a natureza verbal ou proposicional da revelação bíblica.
Num tempo em que muitos menosprezam o valor de palavras, a favor de imagens e sentimentos,
devemos notar que Deus escolheu Se revelar através de palavras de linguagem humana. A
comunicação verbal é um meio adequado de transmitir informação de e sobre Deus.

Isto não somente afirma o valor da Escritura como uma revelação divina significante, mas também
afirma o valor da pregação e da escrita como meios para comunicar a mente de Deus, como
apresentada na Bíblia. A própria natureza da Bíblia como uma revelação proposicional.

Ademais, testifica contra as noções populares de que a linguagem humana é inadequada para falar
sobre Deus, que imagens são superiores às palavras, que música tem valor maior do que pregação,
ou que experiência religiosa pode ensinar mais a uma pessoa, sobre as coisas divinas, do que os
estudos doutrinais.

Alguns argumentam que a Bíblia fala numa linguagem que produz vívidas imagens na mente do leitor.
Contudo, esta é somente uma descrição da reação de alguns leitores; outros leitores podem não
responder do mesmo modo às mesmas passagens, embora eles possam captar a mesma informação
delas.

Assim, isto não conta contra o uso de palavras como a melhor forma de comunicação teológica. Se
imagens são superiores, então, por que a Bíblia não contém nenhum desenho? Deus escolheu usar
palavras-imagens ao invés de desenhos reais, implica que as palavras são suficientes, se não
superiores.

Mas além de palavras-imagens, a Escritura também usa palavras para discutir as coisas de Deus em
termos abstratos, não associados com quaisquer imagens. Uma imagem não é mais digna do que mil
palavras. Suponha que apresentemos um desenho da crucificação de Cristo a uma pessoa sem
nenhuma base cristã.

Sem qualquer explicação verbal, seria impossível para ela constatar a razão para Sua crucificação e o
significado dela para a humanidade. A imagem em si mesma não mostra nenhuma relação entre o
evento com qualquer coisa espiritual ou divina. A imagem não mostra se o evento foi histórico ou
fictício.
A pessoa, ao olhar para o desenho, não sabe se o ser que foi morto era culpado de algum crime, e
não haveria como saber as palavras que ele falou enquanto na cruz. A menos que haja centenas de
palavras explicando a figura, a imagem, por si só, não tem nenhum significado teológico.

Mas, uma vez que há muitas palavras para explicá-la, alguém dificilmente necessitará de imagem. A
visão que exalta a música acima da comunicação verbal sofre a mesma crítica. É impossível derivar
qualquer significado religioso da música, se ela é executada sem palavras.

É verdade que o Livro de Salmos consiste de uma grande coleção de cânticos, nos provendo com
uma rica herança para adoração, reflexão e doutrina. Contudo, as melodias originais não
acompanharam as palavras dos salmos; nenhuma nota musical acompanhou qualquer um dos
cânticos na Bíblia.

Na mente de Deus, o valor dos salmos bíblicos está nas palavras, e não nas melodias. Embora a
música desempenhe papel na adoração cristã, sua importância não se aproxima das palavras da
Escritura ou do ministério da pregação. Com respeito às experiências religiosas, uma visão de Cristo
não é mais digna do que mil palavras da Escritura.

Alguém não pode provar a validade de uma experiência religiosa, seja uma cura miraculosa ou uma
visitação angélica, sem conhecimento da Escritura. Os encontros sobrenaturais mais espetaculares
são vazios de significado sem a comunhão verbal para informar a mente.

O episódio inteiro de Êxodo não poderia ter ocorrido, se Deus permanecesse silente quando Ele
apareceu para Moisés, através da sarça ardente. Quando Jesus apareceu num resplendor de luz, na
estrada de Damasco, o que teria acontecido se Ele recusasse responder quando Saulo de Tarso Lhe
perguntou: “Quem és, Senhor?”

A única razão pela qual Saulo percebeu quem estava falando com ele, foi porque Jesus respondeu
com as palavras: “Eu sou Jesus, a quem persegues” (Atos 9:3-6). As experiências religiosas são sem
significado, a menos que acompanhadas pela comunicação verbal, transmitindo conteúdo intelectual.

Outra percepção errônea com respeito à natureza da Bíblia é considerar a Escritura como um mero
registro de discursos e eventos revelatórios, e não a revelação de Deus em si mesma. A pessoa de
Cristo, Suas ações, e Seus milagres revelam a mente de Deus, mas é um engano pensar que a Bíblia
é meramente um relato escrito dela.

As próprias palavras da Bíblia constituem a revelação de Deus para nós, não somente os eventos aos
quais se referem. Alguns temem que a forte devoção à Escritura implica em estimar mais o registro de
um evento revelatório do que o evento em si mesmo. Mas, se a Escritura possui o status de revelação
divina, esta preocupação não tem fundamento.

Paulo explica que “Toda Escritura é inspirada por Deus”. A própria Escritura foi inspirada por Deus.
Embora os eventos que a Bíblia registra possam ser reveladores, a única revelação objetiva com a
qual temos contato direto é a Bíblia. Visto que a alta visão da Escritura que advogamos aqui é
somente a que a Bíblia afirma, os cristãos devem rejeitar toda doutrina proposta da Escritura que
compromise nosso acesso à revelação infalível de Deus.

Sustentar uma visão menor da Escritura destrói a revelação como a autoridade última de alguém, e,
então, é impossível superar o problema de epistemologia resultante. Enquanto uma pessoa negar que
a Escritura é a revelação divina em si mesma, ela permanece sendo “apenas um livro” e pessoa
hesita em dar reverência completa.
Há supostos ministros cristãos que urgem os crentes a olhar para “o Senhor do livro, e não para o
livro do Senhor”, ou algo com esse objetivo. Mas, visto que as palavras da Escritura foram inspiradas
por Deus, e aquelas palavras são a única revelação objetiva e explícita de Deus, é impossível olhar
para o Senhor sem olhar para o Seu livro.

Visto que as palavras da Escritura são as próprias palavras de Deus, alguém está olhando para o
Senhor somente até onde ele estiver olhando para as palavras da Bíblia. Nosso contato com Deus é
através das palavras da Escritura. Deus governa Sua igreja através da Bíblia; portanto, nossa atitude
para com ela reflete nossa atitude para com Deus.

Ninguém que ama a Deus não amará as Suas palavras da mesma forma. Aqueles que reivindicam
amá-Lo, devem demonstrar isso por uma obsessão zelosa para com as Suas palavras. Uma pessoa
ama a Deus somente até onde ela ama a Escritura. Pode haver outras indicações do amor de alguém
para com Deus.

Mas, o amor por Sua palavra é um elemento necessário, pelo qual os outros aspectos da nossa vida
espiritual são mensurados.

 AS QUATRO CARACTERÍSTICAS DAS ESCRITURAS


Toda a Escritura é divinamente inspirada. Também é proveitosa para ensinar, redarguir, corrigir e
instruir em justiça de modo que o homem de Deus seja perfeito, além de perfeitamente instruído para
toda a boa obra. Na profissão de fé, o crente declara ser o Antigo e o Novo Testamentos a Palavra de
Deus.
Isso em consonância com o fato de que a Bíblia foi dada por Deus para o conhecimento especial Dele
próprio. Com isto em mente, nessa breve reflexão, abordaremos quatro características da Palavra do
Senhor.

1. Autoridade

A autoridade das Escrituras significa que todas as palavras nas Escrituras são palavra de Deus, de
modo que não crer em alguma palavra da Bíblia ou desobedecer a ela é não crer em Deus ou
desobedecer a Ele. Portanto, a Bíblia é normativa, isto é, nossa regra de fé e prática.

Há muitas afirmações na Bíblia declarando que todas as palavras das Escrituras são palavras de
Deus (ao mesmo tempo em que são palavras escritas por homens). No Antigo Testamento, isso se vê
com freqüência na frase introdutória “assim diz o Senhor”, que ocorre centenas de vezes.

No mundo do Antigo Testamento, essa frase seria reconhecida como idêntica em forma à expressão
“assim diz o rei...”, usada para introduzir um edito de um rei a seus súditos que não poderia ser
questionado, simplesmente obedecido. Dessa forma, quando os profetas dizem “assim diz o Senhor”,
estão reivindicando a condição de mensageiros de Deus.

Ademais, estão declarando que suas palavras são palavras de Deus com autoridade absoluta.
Quando um profeta falava dessa forma em nome de Deus, cada palavra dita vinha de Deus, senão
ele seria um falso profeta (cf. Nm 22.38; Dt 18.18-20; Jr 1.9; 14.14; 23.16-22; 29.31-32; Ez 2.7; 13.1-
16).

Uma coisa é afirmar que a Bíblia alega ser as palavras de Deus. Outra coisa é convencer-se de que
essas afirmações são verdadeiras. Nossa convicção definitiva vem apenas quando o Espírito Santo
fala ao nosso coração nas palavras da Bíblia, dando-nos a segurança íntima de que essas são as
palavras de nosso Criador falando conosco.

Logo depois de explicar que sua mensagem apostólica consistia de palavras ensinadas pelo Espírito
Santo (1Co 2.13), Paulo diz: “... o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe
são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente” (1Co 2.14).

À parte do trabalho do Espírito de Deus, uma pessoa não receberá verdades espirituais e, em
particular, não receberá nem aceitará a verdade de que as palavras das Escrituras são de fato
palavras de Deus.

2. Clareza

Também conhecida como perspicuidade, é a característica de terem sido escritas de modo tal que
seus ensinamentos podem ser compreendidos pelos crentes comuns. A Bíblia está escrita de modo
que seus ensinamentos podem ser compreendidos por todos os que a lerem buscando o auxílio de
Deus e dispondo-se a adotá-la.

Deus fala com o homem por meio de uma linguagem compreensível a todos. Isso se faz presente em
Jo 20.30-31. “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos
neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e
para que, crendo, tenhais vida em seu nome”.

3. Necessidade

Significa que a Bíblia é necessária para conhecer o Evangelho, conservar a vida espiritual e conhecer
a vontade de Deus, mas não é necessária para saber que Deus existe. A Bíblia, é, portanto, a
revelação especial de Deus. Por isso, o sábio escreveu: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra
e luz para os meus caminhos” (Sl 119.105).

4. Suficiência

Significa dizer que a Bíblia contém todas as palavras Divinas que Deus quis dar seu seu povo em
cada estágio da história da redenção e hoje contém todas as palavras de Deus que precisamos para
a salvação, para que, de maneira perfeita, Nele possamos confiar e a Ele obedecer.
Paulo, ao escrever para Timóteo, fala sobre essa suficiência por meio da seguinte exortação: “Tu,
porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e
que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé
em Cristo Jesus” (2 Tm 3.14,15).

A INSPIRAÇÃO DA ESCRITURA
O estudo da revelação, inspiração e iluminação ensina ao homem como a verdade de Deus pôde ser
transmitida sem erro, por homens falíveis, e de como o Deus eterno “abre” (iluminação) o
entendimento para que os homens compreendam àquela verdade. A revelação é a influência divina
direta que comunica a verdade de Deus ao homem.

A inspiração é a influência divina direta que assegura uma transferência correta da verdade numa
linguagem que outros possam entender. A inspiração bíblica é:
 Verbal: que significa que o Espírito Santo guiou a escolha das próprias palavras que estão na
Bíblia, em meio às palavras conhecidas pelos autores; e
 Plenária: que significa que toda a Bíblia é infalível e final, em todas as suas porções.

A iluminação é a tarefa efetuada pelo Espírito Santo para possibilitar ao homem, com uma relação
correta com Deus, a entender as Escrituras (Lc. 24.44-45, 1 Jo. 2.27). A revelação, inspiração e
iluminação podem ser vistas claramente na passagem de 1Co. 2.9-13 (v. 10, revelação; v. 11-12,
iluminação e v. 13, inspiração).

A inspiração da Sagrada Escritura é um carisma, um dom do Espírito Santo, que atuou nos escritores
sagrados. É a ação do Espírito Santo na alma dos escritores o que lhes deu a infalibilidade. “As
coisas reveladas por Deus, contidas e manifestadas na Sagrada Escritura, foram escritas por
inspiração do Espírito Santo.

Com efeito, a santa mãe Igreja, segundo a fé apostólica, considera como santos e canônicos os livros
inteiros do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, porque, escritos por inspiração do
Espírito Santo (cfr. Jo. 20,31; 2 Tim. 3,16; 2 Ped. 1, 19-21; 3, 15-16), têm Deus por autor, e como tais
foram confiados à própria Igreja.

Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens na posse das suas
faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles, pusessem por escrito, como
verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria.
E assim, como tudo quanto afirmam os autores inspirados ou hagiógrafos deve ser tido como
afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os livros da Escritura ensinam
com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fosse
consignada nas sagradas Letras.

Por isso, «toda a Escritura é divinamente inspirada e útil para ensinar, para corrigir, para instruir na
justiça: para que o homem de Deus seja perfeito, experimentado em todas as obras boas» ( Tim. 3, 7-
17) (Dei Verbum 11).
 
A UNIDADE DA ESCRITURA
A existência da Bíblia até aos nossos dias só pode ser explicada como um milagre singular. Há nela
66 livros, escritos por cerca de 40 escritores, cobrindo um período de 16 séculos. Esses homens, na
maior parte dos casos não se conheceram. Viveram em lugares distantes de três continentes,
escrevendo em duas línguas principais.

Devido a estas distâncias, em muitos casos, os autores nada sabiam sobre o que já havia sido
escrito. Muitas vezes um escritor iniciava um assunto, e séculos depois um outro completava-o com
tanta riqueza de detalhes, que somente um livro vindo de Deus podia ser assim. Uma obra humana
em tais circunstâncias seria uma babel indecifrável!

Se a Bíblia fosse um livro puramente humano, sua composição seria inexplicável. Suponhamos que
40 dos melhores escritores atuais do Brasil, providos de todos os meios necessários, fossem isolados
uns dos outros, em situações diferentes, cada um com a missão de escrever uma obra sua.

Se no final reuníssemos todas as obras, jamais teríamos um conjunto uniforme. Pois bem, imagine
isto acontecendo nos antigos tempos em que a velha Bíblia foi escrita! A confusão seria muito maior!
Não havia meios de comunicação, meios materiais, enfim, havia dificuldades de toda sorte. Imagine-
se o que seria a Bíblia se não fosse a mão de Deus!
Se alguma falha for encontrada na Bíblia, será sempre humana, como tradução mal feita, grafia
inexata, interpretação forçada, má compreensão de quem a estuda, falsa aplicação dos sentidos do
texto, etc. Portanto, quando encontrarmos na Bíblia um trecho discrepante, não pensemos logo que é
erro.

Saibamos refletir como Agostinho, que disse: “Num caso desse, deve haver erro do copista, tradução
mal feita do original, ou então, sou eu mesmo que não consigo entender…” A perfeita harmonia da
Bíblia é, para a mente humilde e-sincera, uma prova incontestável da origem divina da mesma.

É uma prova que uma única Mente via tudo e guiava seus escritores. Suponhamos que na cidade
onde moramos, um edifício fosse construído com pedras a serem preparadas em várias partes do
Brasil. Chegadas as pedras, ao serem colocadas, encaixavam-se perfeitamente na construção,
satisfazendo todos os detalhes e requisitos da planta.

Que diria o aluno se tal fato acontecesse? Que apenas um arquiteto dirigira os operários nas diversas
pedreiras, dando minuciosas instruções a cada um. É o caso da Bíblia, O Templo da Verdade de
Deus. As “pedras” foram preparadas em tempos e lugares os mais remotos, mas ao serem postas
juntas, combinaram-se perfeitamente.

Isso porque atrás de cada elemento humano estava em operação a Mente infinita de Deus.

Alguns Pormenores Dessa Harmonia

 OS ESCRITORES. homens de todas as atividades da vida humana. Exemplos: Moisés foi


príncipe e legislador; Josué foi um grande comandante; Davi e Salomão, reis e poetas; Isaías,
estadista e profeta; Daniel, ministro de estado; Zacarias e Jeremias, sacerdotes e profetas

Apesar de toda essa diversidade, quando examinamos os escritos desses homens, sob tantos
estilos diferentes, verificamos que os mesmos completam-se, tratando de um só assunto! O
produto de suas penas não são muitos livros, mas UM só livro, poderoso e coerente.

 AS CONDIÇÕES. não houve uniformidade de condições na composição dos livros da Bíblia.


Moisés escreveu o Pentateuco nas solitárias paragens do deserto. Jeremias, nas trevas e
sujidade de uma masmorra. Davi, nas verdes colinas dos campos. Paulo escreveu muitas das
suas epístolas nas prisões.

João, no exílio, na ilha de Patmos. Apesar de tantas condições, a mensagem da Bíblia é


uniforme. O pensamento de Deus corre uniforme e progressivo através dela, como um rio, que
brotando de sua nascente, vai avolumando suas águas até tornar-se caudaloso. A mensagem
da Bíblia tem essa continuidade maravilhosa!

 AS CIRCUNSTÂNCIAS. as circunstâncias em que os 66 livros da Bíblia foram escritos foram


as mais diversas. Davi escreveu partes de seu trabalho no calor das batalhas; Salomão, na
calma e na paz de um palácio. Há profetas que escreveram em meio a profunda tristeza e
Josué escreveu durante a alegria da vitória.

Apesar dessa pluralidade de condições, a Bíblia apresenta um só sistema de doutrinas, uma só


mensagem de amor, um só meio de salvação. De Gênesis a Apocalipse há uma só revelação,
um só pensamento, um só propósito.

A INFALIBILIDADE DA ESCRITURA
A infalibilidade bíblica acompanha necessariamente a inspiração e a unidade da Escritura. Inerrância
não é um termo popular no contexto dos estudos bíblicos atuais. De forma simples, a doutrina da
inerrância é a crença de que a Bíblia é verdadeira. Naturalmente, há muito mais do que isso a dizer
sobre a definição de inerrância.

Mas a essência da inerrância é a crença de que a Bíblia é a Palavra de Deus e de que, quando Deus
fala, Ele fala a verdade. Assim, a crença na inerrância é a convicção de que tudo o que a Bíblia afirma
é exato, seguro e confiável. Os cristãos historicamente alegaram que a Bíblia é infalível, uma
afirmação ainda mais forte do que a inerrância.

Enquanto a inerrância significa que a Bíblia é livre do erro, a infalibilidade significa que a Bíblia é
incapaz de errar, propriedade muito mais precisa. A inerrância não requer infalibilidade, mas a
infalibilidade requer inerrância. Ou seja, a inerrância flui naturalmente de outras verdades cristãs que
já cremos (e foram cridas ao longo da história da igreja).

A Bíblia afirma ser infalível em 2 Pedro 1:19: “Assim, temos ainda mais firme a palavra dos profetas.”
E, segue: "Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação
pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de
Deus, impelidos pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1:20-21).

Além disso, vemos a infalibilidade implícita em 2 Timóteo 3:16-17: "Toda a Escritura é inspirada por
Deus" e tem o efeito de produzir um servo de Deus que seja "apto e plenamente preparado para toda
boa obra." O fato de que Deus “inspirou” a Escritura garante que a Bíblia é infalível, pois Deus não
pode inspirar um erro.

O fato de que a Bíblia equipa servos de Deus "plenamente" para o serviço mostra que ela nos guia à
verdade, não ao erro. Se Deus é infalível, então assim será a Sua Palavra. A doutrina da infalibilidade
da Escritura é baseada em uma compreensão da perfeição do caráter de Deus.

A Palavra de Deus é "perfeita, e revigora a alma" (Salmo 19:7), porque o próprio Deus é perfeito.
Teologicamente, Deus está intimamente associado com a Sua Palavra; o Senhor Jesus é chamado
de "a Palavra" (João 1:14). É importante salientar que a doutrina da infalibilidade diz respeito apenas
aos documentos originais.

Erros de tradução, de impressão e de datilografia são erros humanos óbvios e são, na maioria das
vezes, facilmente localizados. No entanto, o que os escritores bíblicos escreveram originalmente era
completamente livre de erro ou omissão, já que o Espírito supervisionou a sua tarefa.

Deus é verdadeiro e perfeitamente confiável, assim como a Sua Palavra. A Bíblia afirma perfeição
completa no Salmo 12:6, 19:7, Provérbios 30:5 e outras passagens. É factual do início ao fim e nos
julga: "Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes;
penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções
do coração".

A Bíblia é a única fonte objetiva de tudo o que Deus nos deu sobre Ele e Seu plano para a
humanidade. Como a infalível Palavra de Deus, a Bíblia é inerrante, autoritária, confiável e suficiente
para atender às nossas necessidades.

OUTROS MANUSCRITOS
Além dos livros que compõem o nosso atual Novo Testamento, havia outros que circularam nos
primeiros séculos da era cristã, como as Cartas de Clemente, o Evangelho de Pedro, o Pastor de
Hermas, e o Didache (ou Ensinamento dos Doze Apóstolos).

Durante muitos anos, embora os evangelhos e as cartas de Paulo fossem aceitos de forma geral, não
foi feita nenhuma tentativa de determinar quais dos muitos manuscritos eram realmente autorizados.
Entretanto, gradualmente, o julgamento das igrejas, orientado pelo Espírito de Deus, reuniu a coleção
das Escrituras que constituíam um relato mais fiel sobre a vida e ensinamentos de Jesus. No Século
IV d.C. foi estabelecido entre os concílios das igrejas um acordo comum e o Novo Testamento foi
constituído.

Os dois manuscritos mais antigos da Bíblia em grego podem ter sido escritos naquela ocasião - o
grande Codex Sinaiticus e o Codex Vaticanus. Estes dois inestimáveis manuscritos contêm quase a
totalidade da Bíblia em grego. Ao todo temos aproximadamente vinte manuscritos do Novo
Testamento escritos nos primeiros cinco séculos.

Quando Teodósio proclamou e impôs o cristianismo como única religião oficial no Império Romano no
final do Século IV, surgiu uma demanda nova e mais ampla por boas cópias de livros do Novo
Testamento.
É possível que o grande historiador Eusébio de Cesaréia (263 - 340) tenha conseguido demonstrar ao
imperador o quanto os livros dos cristãos já estavam danificados e usados, porque o imperador
encomendou 50 cópias para as igrejas de Constantinopla. Provavelmente, esta tenha sido a primeira
vez que o Antigo e o Novo Testamentos foram apresentados em um único volume, agora denominado
Bíblia.

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