Você está na página 1de 18

A EXISTÊNCIA DIVINA

©2018 Copyright ©Católica EAD. Ensino a distância (EAD) com a qualidade da Universidade Católica de Brasília

Apresentação 
Olá, seja bem-vindo (a)!

A temática referenciará os discursos tradicionalmente desenvolvidas pela Filosofia da Religião.


 É importante que você compreenda que a Filosofia da Religião investiga não somente os
pressupostos cristãos repassados durante o período da Idade Média. Além disso, perceba os
estudos incessantes de filósofos e filósofas que buscaram responder questionamentos vitais
para a sociedade. Quem é o criador do universo? Será que Deus existe? O que é o ser humano?
Como a filosofia, pensando por meio de conceitos e de argumentos lógicos, consegue teorizar o
inominável?

O tópico "A existência de Deus" apresentará como a filosofia deteve-se em estratégias e


sistemas para explicar a existência de uma divindade superior. Serão examinadas as diferenças
e proximidades entre fé e razão, com a finalidade de mostrar que em se tratando de filosofia, não
se pode colocar esses dois conceitos como antagônicos.

No que se refere à "Religião e a ética" será enfatizado o universo da conversão para explicar a
guinada moral tomada por alguns filósofos convertidos ao cristianismo. Para, além disso, uma
breve análise, sempre por meio de argumentos, como a ética teológica funciona.

A temática "O problema do mal" é questão é basilar para a história da filosofia. Santo Agostinho
utiliza de estratégias neoplatônicas para desenvolver uma saída para essa questão. Além dele,
outros filósofos desenvolveram teorias em busca de resolver o problema.

Por último, evidenciará a provocação "Deus está morto?" do filósofo alemão Friedrich Nietzsche
(1844-1900). Sabemos que ele foi um marco dentro da história da filosofia ocidental com críticas
relevantes sobre a moral e a religião de seu tempo.

Objetivos

1. Entender a articulação entre filosofia e religião.


2. Analisar argumentos sobre a existência de Deus e a afirmação de Friedrich Nietzsche "Deus
está morto".
3. Conhecer sobre o problema do mal.
4. Compreender o entrelaçamento entre a ética e a religião.
©2018 Copyright ©Católica EAD. Ensino a distância (EAD) com a qualidade da Universidade Católica de Brasília

Desafio 
Com base na indagação "Deus está morto?" busque 2 textos na internet (dê preferência para
artigos científicos) que foram publicados nos últimos 5 anos e que abordam sobre a afirmativa
de Nietzsche que "Deus está morto!".

A partir desses textos identifique os argumentos dos textos. Escreva um texto de no mínimo 4
linhas e no máximo 6 linhas respondendo a seguinte questão:

Quais possíveis motivos podem ter levado Nietzsche a indicar a morte de Deus?
©2018 Copyright ©Católica EAD. Ensino a distância (EAD) com a qualidade da Universidade Católica de Brasília

Conteúdo 
A existência de Deus

O ser humano desde os primórdios busca explicações lógicas para entender e explicar para os
demais a existência do divino. Independente do período histórico e da religião, é possível
observar a preocupação dos humanos com a origem da vida, dos humanos e do mundo.

Conforme estudos realizados, você já sabe que os gregos criaram os mitos para explicar o que
não conseguiam entender. Os mitos faziam referência a deuses e deusas que geriam o clima, as
relações sociais, que criaram a noção de trabalho entre os humanos e que eram responsáveis
pelas penas e pelas dádivas oferecidas às pessoas. Com o avanço do tempo, a filosofia e outras
ciências tentaram remodelar os mitos para justificar as questões sociais na ciência e não em
divindades. Aconteceu uma disputa entre ciência e religião.  Contudo, observa-se que esse
movimento não foi unânime e diversas correntes filosóficas utilizavam da filosofia como
ferramenta para desvendar os mistérios do divino. Apesar de observações isoladas sobre
crenças religiosas preservadas nos fragmentos dos primeiros pensadores gregos, e de vários
filósofos terem tido problemas com as autoridades por irem contra concepções científicas por
julgarem sacrílegas, o universo politeísta  grego nunca permitiu a sistematização da religião.

Apenas em outro momento histórico, longe dos gregos clássicos, é que a ciência e a filosofia
seriam claramente aplicadas a problemas da religião. É preciso lembrar que esta é uma análise
da união da filosofia com a religião e a ciência a partir de uma visão contemporânea e ocidental.
No Extremo-Oriente, em alguns países africanos e no mundo árabe, a religião e a filosofia
desenvolveram-se de modo orgânico e que poucos sabem sobre sua cultura e sua filosofia, o que
não quer dizer que não existia um pensamento filosófico definido. Assim, é importante fazer
algumas leituras para conhecer outras culturas e religiões, o que certamente enriquecerá seu
portifólio filosófico .

Faz-se necessário investigar o efeito da filosofia como ferramenta para o cristianismo e para o
judaísmo.  Um dos problemas filosóficos mais debatidos é a existência de Deus. Um argumento
central para a resolução desse problema pode ser explicado do seguinte modo: explicar a
existência de Deus é tornar crível  toda a fé na religião. Caso a resolução do problema não seja
satisfatória toda a estrutura da religião é questionada. Assim, o exame da questão pode se deter
na busca de provas para provar a existência de Deus. Para tanto, é preciso compreender a
natureza do que seria uma prova. Para a filosofia, pode-se ter provas empíricas e provas
metafísicas.
As provas empíricas podem ser obtidas por meio da experiência, da utilização dos sentidos de
modo universal. Em outras palavras, não basta um único indivíduo dizer que sentiu por meio do
tato, do olfato e da audição, Deus. Essa pessoa poderia ser facilmente questionada e seus
argumentos poderiam ser descartados como não críveis. Exemplos dessa situação é que por
meio de provas empíricas, podem provar a existência do RNA (ácido ribonucleico) ou até mesmo
o monstro do Lago Ness. No primeiro caso, por mais que não seja possível ver uma estrutura do
RNA, é possível determinar pelo uso de microscópios o seu funcionamento com reagentes e
produtos químicos. No segundo caso, por mais que o monstro seja tratado como uma lenda, um
mito entre os habitantes das terras altas da Escócia, no Reino Unido, seria possível que
confirmassem ou descartassem a sua existência por meio de equipamentos científicos, tanto é
que já existe uma área de pesquisa, como a criptozoologia . É evidente que a existência de
Deus dificilmente será provada por meio da ciência e de mecanismos empíricos.

As provas metafísicas desenvolvidas por alguns filósofos buscam explicar a existência ou não
de fatos com base em argumentos lógicos, matemáticos ou metafísicos, que conseguem tratar
de objetos que não pertencem ao campo do sensível . Portanto, não conseguem ser provados
com base nos cinco sentidos. Para tanto, é preciso olhar para os argumentos desenvolvidos pela
filosofia por meio de filósofos metafísicos ou racionalistas.

É importante entender que as provas metafísicas ou racionalistas não podem ser utilizadas
como sinônimo de razão, mas sim como um modo de argumento com bases metafísicas. Cabe
lembrar que a metafísica é uma área da filosofia que estuda o que é incorpóreo e transcendental,
por exemplo, a existência de outros mundos, de Deus, da matemática e de toda a estrutura do
pensamento. Tanto as provas empíricas quanto as metafísicas possuem argumentos racionais e
utilizam da razão para explicar seus processos.

Deste modo, alguns filósofos argumentaram a favor da existência de Deus, dentre eles Santo
Anselmo (1033-1109), São Tomás de Aquino (1224/5-1274/5) e David Hume (1711-1776).

Santo Anselmo foi um filósofo e importante arcebispo de Cantuária. Foi também fundador do
escolasticismo ou filosofia escolástica. Anselmo utilizou um argumento ontológico , para
provar a existência de Deus. O estudioso Benjamin R. Tilghman  (1994, p. 57) explica que em
uma obra chamada "Proslogion", Anselmo demonstrou um argumento em favor da existência de
Deus. O argumento é considerado difícil e utiliza da estrutura da lógica para esclarecer a
compreensão intelectual que o fiel possui de Deus. Anselmo define Deus como um ser que não
pode se conceber nada maior, pois ele é supremo. Essa definição está de acordo com o
judaísmo e que foi herdada pelo cristianismo. Foi posta como argumento para combater os
ateus. Para Anselmo, pensar na ideia de um Deus que está acima de todas as coisas e que ao
mesmo tempo manifesta-se neste mundo que contraria o argumento do ateu que não
compreende a manifestação de Deus no mundo, pois a crença de que Deus não existe refere-se
apenas a sua incapacidade de compreender o divino.  

Esse argumento exigiria um estudo prévio sobre lógica, de dedução  e indução , e só está
sendo apresentado para você para que tenha conhecimento de que a filosofia da lógica também
preocupa-se com a questão da existência de Deus.
São Tomás de Aquino foi um filósofo do período medieval cujo argumento pela existência de
Deus ficou conhecido como argumento cosmológico. O filósofo retomou a filosofia de
Aristóteles para unir com a filosofia cristã. Para ele, Aristóteles havia fornecido a verdadeira
descrição do mundo e que com a revelação divina, dada pelo nascimento de Cristo, Deus
ofereceu a verdadeira explicação aos assuntos espirituais e que é possível por meios racionais
acreditar na existência de Deus. Na obra "Suma teológica", Tomás de Aquino explica que a
existência de Deus pode ser provada de cinco maneiras. Para demonstrar como a lógica e o
retorno aos filósofos antigos foram utilizados como argumentos:

Para Aristóteles, na "Física", o mundo foi criado por um ser movente que é a causa inicial para
toda a vida no mundo. É o motor que move, mas que não é movido. Ele é eterno, pois não
precisou nascer e é Uno, por ser o único e não admitir a multiplicidade. Sendo ele a primeira
causa, tudo que existe no universo acontece por consequência dele. Tomás de Aquino utiliza
desse argumento de Aristóteles para inserir Deus como esse ser eterno e único, que existe antes
de todas as coisas do mundo.

Outro argumento utilizado para provar a existência de Deus foi realizado por um filósofo
moderno. David Hume foi um empirista e filósofo britânico que para explicar a existência de
Deus decide fazer o caminho contrário aos racionalistas e metafísicos.

Para Hume, no texto "Diálogos sobre a religião natural" (1779) apresenta três personagens que
defendem maneiras diferentes de explicar a existência de Deus. Um dos personagens, Dêmea,
começa afirmando que não pode existir dúvida sobre a existência de Deus, por ela ser evidente
em si mesma. O que é possível questionar é a natureza de Deus. Prosseguindo no argumento,
ele explica que a natureza de Deus deve ser completamente desconhecida e incompreensível
para os humanos. Neste ponto, Tilghman (1994, p. 77), explica que essa é uma concepção
transcendental de Deus, em que ele não se vincule em nada com o mundo. Essa concepção
subentende que Deus não é antropomórfico, que se ele for puro espírito, esse não tem
vinculação com o espírito humano. Nessa sequência, Hume induz os leitores a entenderem que o
ser humano não tem ideia do que é o divino.

O segundo personagem, intitulado Cleantes, utiliza de um argumento estoico para explicar a


existência de Deus. Para ele, o mundo é semelhante a uma máquina que é construída por meio
de vários pedaços, engrenagens que se ajustam com base no pensamento de um projetista. Para
ele, o projetista pode ser semelhante à ideia que todos têm de Deus, e que a natureza é
semelhante às máquinas que os humanos constroem.

O terceiro argumento sobre a existência de Deus é dado por Fílon. Ele recorre à experiência para
desarticular os argumentos dos personagens anteriores. A grosso modo, ele diz que não existem
experiência de mundos sendo construído, como ocorre com máquinas construídas por
humanos.  Logo, a questão para esse personagem não é apenas sobre a natureza de Deus, mas
sobre a sua existência. Para Tilghman (1994, p. 82) o argumento central de Fílon, e logo, de todos
os empiristas, é que para julgar alguma coisa é preciso conhecer empiricamente. E para
conhecer cria-se critérios. Não se pode dizer que a atividade divina é semelhante a de um
construtor, pois qualquer atividade humana não segue os padrões de divindades, por exemplo, a
perfeição.

Hume tenta mostrar que o diálogo sobre a existência de Deus perpassa por diversos argumentos
e que existe uma dúvida não só em relação à existência, mas sobre a natureza da divindade.
Como resultado, observa-se que parte do empirismo não consegue responder às questões da
religião, deixando como uma probabilidade a existência de Deus, o que para muitos fiéis é
impensável.

Religião e a ética

De acordo com estudos apresentados, já é de seu conhecimento que a filosofia pode atuar
dentro do pensamento religioso.  Foi mencionado, também, como diversos filósofos buscaram a
filosofia da lógica como ferramenta para criar e testar novos argumentos que tornem verídica a
existência ou não de Deus. Para iniciar, é preciso continuar com alguns usos da lógica para a
religião. Contudo, o protagonismo será da ética. A moral ou ética é uma área da filosofia que
investiga padrões de valor e de conduta adequada feitas ao descrever uma pessoa e uma
sociedade. Ela permite julgar um ato como bom ou ruim e a relacioná-las com valores da
sociedade.

Assim, é importante investigar como se deve comportar segundo princípios da religião e como
isso se torna um problema filosófico. Mais do que isso, como a conversão, tornou-se um
elemento fundamental para uma ética cristã. Para isso, considere o exemplo de Santo Agostinho.

Agostinho de Hipona (354 d.C-430 d. C.), conhecido como Santo Agostinho foi um dos filósofos
e teólogos dos anos iniciais do cristianismo que modificou a filosofia de seu tempo. Agostinho
dedicou-se aos estudos maniqueístas e ao neoplatonismo de Plotino, o que responde seu
posicionamento sobre o problema do mal. A mudança radical em seu pensamento aconteceu
quando converteu-se ao cristianismo. Na obra "Confissões", Agostinho narra seus pecados e
explica como compreendeu a ontologia  de Deus, utilizando da linguagem para explicar a
divindade.

A conversão é um ato de voltar-se para algo. Esse vocabulário já existia em Platão e foi
amplamente utilizado por Plotino, ao dizer que era preciso que os humanos realizassem o
processo de conversão do olhar, que consiste em deixar de olhar para o mundo exterior, para
objetos, para observar o mundo interior, dentro de si, para sua própria alma. Foram nas palavras
de Plotino que Agostinho encontrou a explicação para entender o movimento que precisava
realizar e enfim encontrar a divindade.

Sua conversão ao cristianismo não teve um teor exclusivamente religioso, sendo, sobretudo um
ato intelectual, pois nessa doutrina foi mostrada a possibilidade responder as suas inquietações
acerca do divino e dos humanos. O estopim, o momento da mudança, ocorreu no livro 8º das
"Confissões", no momento "Toma e lê".

Toma e lê 

[...] Quando essas severas reflexões me fizeram emergir do íntimo e expuseram toda a
minha miséria à contemplação do coração, desencadeou-se uma grande tempestade
portadora de copiosa torrente de lágrimas... De tal forma me converteste a ti, que eu já não
procurava esposa, nem esperança alguma terrena, mas permanecia firme naquela fé
(AGOSTINHO , 2019, p. 214)

Dizer que sua conversão adveio somente deste fato é errôneo, pois Agostinho já estava voltado
para si. Para Santo Agostinho, o trabalho de conhecer a si mesmo é fundamental para conhecer
a Deus. Ele acreditava na necessidade de conhecer primeiramente a alma e ter cuidado com ela.
O desprezo pelo corpo e pela vida terrena é notável, pois somente através da alma é possível
conhecer a si mesmo e logo conhecer a verdade (Deus). Agostinho explica que ter cuidado com
o corpo é o caminho para ter uma alma sã, enquanto que garantir uma vida beata é o caminho
para a felicidade.

Perceba que Agostinho aponta para a necessidade de conhecer a si mesmo, por ser o caminho
para conhecer Deus, e que é preciso cuidar do corpo, para que ele não padeça de males, como
doenças e pecados como a gula, a inveja e a luxúria. Ao desenvolver esse cuidado com o corpo,
Agostinho estava preocupado com os rumos da sociedade em que vivia, com a falta de fiéis e
com os devotados que iam à igreja, mas que tinham uma conduta não condizente com a religião.
Os métodos ascéticos  também são indicados por Agostinho como maneiras de permanecer
próximo à Deus, como não praticar nada em demasia ou acumular bens. Santo Agostinho
através de seu pensamento uniu fé e razão e colocou o cuidado de si e o preceito délfico
"conhece-te a ti mesmo"  como fundamentos principais para se chegar a Deus, excluindo os
falsos fiéis e trazendo os pagãos para o cristianismo.

Esse mesmo pensamento foi desenvolvido por filósofos de épocas diferentes. A necessidade do
cuidado de si aparece de forma transformadora do indivíduo. A partir disto, Jean Jacques
Rousseau (1712-1778) também escreveu uma obra intitulada "Confissões" em que mostrava a
sua conversão e fazia críticas severas à moral e política de seu tempo, influenciando intelectuais
que atuaram na Revolução Francesa (1789-1799).

A conversão que leva ao cuidado de si e a vida em sociedade é um dos pontos que é possível
ressaltar sobre uma ética cristã. O outro é a criação de uma ética teológica.
Para Tilghman (1994, p. 152), a ética teológica é uma área da filosofia que propõe descobrir
algum tipo de relação lógica entre Deus e os princípios básicos morais. Isso é diferente de uma
descrição de concepções morais relacionadas às religiões, mas coloca-se na atividade de definir
a noção de uma ação moralmente correta ou proibida em termos da vontade de Deus. Os
problemas filosóficos começam quando se investiga acerca da compreensão de Deus do que é
bom ou ruim.

É de conhecimento comum que a palavra de Deus é conhecida pelas escrituras, mandamentos,


leis do Pentateuco  e nos ensinamentos de Jesus. Contudo, observam-se incompreensões de
critérios éticos e contradições. Tilghman (1994, p. 153), explica que alguns casos são
confrontados pelo próprio direito e as leis da sociedade. Um exemplo disso é o mandamento que
diz "não cometerás homicídio" (Êxodo 20,13 apud TILGHMAN, 1994, p. 153). É importante
concordar que o homicídio em seu significado carrega o conceito de destruição voluntária ou
involuntária. Contudo, podem existir divergências sobre essa premissa tanto na sociedade, como
na própria palavra de Deus. Sabe-se que socialmente matar em legítima defesa não é errado,
bem como que matar em situação de guerra é uma atividade legal. Contudo, para um pacifista
matar nunca será necessário.

Tilghman (1994, p.153), mostra que nas palavras de Deus existem divergências, como em
Deuteronômio  20, (12-16) que Deus diz que quando conquistar uma cidade sitiando-a, é
preciso matar todos os homens, podendo resguardar as mulheres e crianças para tê-las como
escravos de guerra. Essas divergências e contradições lógicas fazem com que uma ética
teológica não acompanhe a evolução das necessidades das sociedades e não se adeque às
determinadas culturas. Justamente por isso, uma saída proposta pelos religiosos é realizar a
leitura das palavras de Deus por meio de figuras de linguagem, buscando outras interpretações
possíveis para buscar a harmonia em sociedade.

Deste modo, salienta-se que na filosofia e na teologia a ética religiosa vem sendo estudada e
aprofundada buscando a melhor adequação para as pessoas que decidem seguir determinadas
regras de conduta.  Clive Staples Lewis  (2005, p. 91), um autor amplamente lido pelos cristãos,
explica que a moralidade não é um expediente humano, mas uma lei objetiva do universo. A
melhor explicação para a existência dessa lei é uma mente criadora, divina, pois Deus convida a
todos a cumprir o dever moral e cabe a cada um seguir ou não.

O problema do mal

Já foi evidenciado que parte dos problemas filosóficos encontrados na filosofia da religião
aconteceram por incompreensões e contradições lógicas nos escritos que guiam a fé cristã. Isso
aconteceu com a questão da existência de Deus e em relação a uma ética teológica e poderiam
ser citadas variadas questões abordadas por filósofos que buscam resolver e manter uma
harmonia dentro da religião. Um dos problemas que não se pode deixar de analisar é a questão
envolvendo o mal. A questão pode ser colocada do seguinte modo:
Alguns filósofos antigos como Plotino, mesmo não sendo cristão, preocupou-se com a questão
do mal. Em linhas gerais, ao definir suas hipóstases, ou realidades superiores, ele indicou o Uno
como uma realidade acima de todas as outras. Para ele, o Uno está além do ser e por isso não
foi criado. Tudo que é metafísico ou do mundo físico deriva do Uno, que transborda amor e
bondade. Contudo, quanto mais distante do Uno, menos os objetos recebem seu resquício, até
chegar na matéria, que é composta apenas de minerais. Para facilitar, pense na imagem de um
chafariz. O topo do chafariz é o Uno e todas as outras realidades são os níveis mais baixos que
recebem as águas que são emanadas do topo.

Plotino no tratado "Sobre o que é o vivente e o que é o homem" explica que somos feitos de
matéria e alma. Assim, formando um corpo, a matéria é a parcela que carrega a ausência de
bem, de Uno, enquanto que a alma é sua descendente. Assim, o mal para Plotino vem da parte
material do corpo e é dever da alma buscar dominar e prevalecer sobre a matéria.

Faz-se oportuno trazer Plotino à discussão para mostrar como argumento semelhante foi
desenvolvido por Agostinho. Na versão agostiniana da metafísica desenvolvida na obra
"Confissões", Deus criou tudo, e tudo o que existe é bom, estando de acordo com princípios
bíblicos de que Deus é onipotente, onipresente e benevolente. Nas teorias de Agostinho existem
uma identidade entre bondade e existência, de modo que, se algo for privado de bondade deixará
de existir. Para ele, existe um grau de bondade, onde algumas coisas estão mais próximas de
Deus e por isso são melhores hierarquicamente que outras. De maneira lógica, Agostinho afasta
o mal da compreensão divina, não definindo-o como uma substância ou uma coisa. Assim, o mal
não foi algo criado por Deus e por isso não pode ser sua responsabilidade.

Essa explicação não responde sobre o que é então compreendido pelos humanos como o mal.
Para Agostinho, o mal é uma perversão da vontade humana e segue uma ordem humana. Um
exemplo disso é que os homens não têm a dimensão dos acontecimentos como Deus e que
algumas coisas podem parecer ruins para eles enquanto que para outros seres são coisas boas.
Um exemplo disso são os acontecimentos da natureza, maremotos, erupções vulcânicas e
desastres naturais de modo geral. Isso pode ser ruim para todos, mas fazem parte do
funcionamento da natureza.

Os argumentos de Agostinho parecem aplicáveis quando observam desastres naturais. Porém, é


difícil imaginar que exista uma ordem para Deus, que é incompreensível para os humanos, nos
crimes contra a humanidade. Não se podem deixar de citar a situação do nazismo, da eugenia e
do extermínio de povos originários. Infelizmente, é forçoso acreditar com esses exemplos que
existem um problema na linguagem e que Deus não possui a mesma linguagem que a humana.

Outra maneira de explicar a existência do mal é dizer que Deus permite que o mal aconteça, pois
faz parte de um plano maior, que se justifica em organizar as coisas como fez, não podendo
caracterizá-lo como cruel. Essa teoria é chamada de teodiceia e uma das mais interessantes foi
produzida pelo matemático e filósofo Alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716). Leibniz
argumenta que na hora de criar o mundo, Deus teve que escolher a partir de um número infinito
de mundos possíveis, optando pelo o que ele achava melhor. Em sua hipótese, o mundo era de
fato melhor dentre os possíveis para ser escolhido, mas isso não quer dizer que o mundo era
perfeito, pois ele poderia ter elementos que configuraram como maus. Essa teodiceia de Leibniz
foi parodiada mais tarde pelo filósofo iluminista Voltaire (1694-1778) na obra "Cândido" (1759),
em que o personagem principal foi educado a partir da teoria de Leibniz para acreditar que vivia
no melhor dos mundos possíveis. Porém, o personagem começa a passar por diversos
infortúnios e mesmo assim era persuadido a acreditar que sua situação poderia ser pior e que
vivia no melhor dos mundos possíveis.

Diferentemente de Leibniz e de Voltaire, Rousseau buscou resolver o problema da teodiceia sem


culpabilizar Deus e nem punir os humanos. Observe o trecho seguinte para compreender as
palavras do filósofo.

[não é] necessário supor o homem mau por sua natureza, quando se [pode] assinalar
a origem e o progresso de sua maldade. Essas reflexões me conduziram a novas
investigações sobre o espírito humano considerado no estado civil, e julguei então que
o desenvolvimento das luzes e dos vícios se faziam sempre na mesma proporção, não
nos indivíduos, mas nos povos, distinção que sempre fiz cuidadosamente, e que
nenhum daqueles que me atacaram jamais pode conceber (ROUSSEAU apud
STAROBINSKI , 2011, P. 34).

Rousseau ao dizer que a maldade não é algo da essência humana, mas sim fruto de relações
que os humanos estabelecem em sociedade, com proporções e características que adotam a
partir do meio em que vivem, demonstra que o mal que se perpetua na história não pode ser
atribuído a uma essência humana e logo não se pode culpabilizar e responsabilizar os humanos
em sua individualidade e nem responsabilizar Deus pela existência do que não é bom. Essa
argumentação funda a famosa teoria em que Rousseau diz que o homem é bom, a sociedade é
que o corrompe, apaziguando as discussões em torno do problema do mal-estar relacionado a
Deus ou à natureza humana.
É importante observar que tanto a questão da existência de Deus, quanto o problema do mal, não
são temáticas reservadas apenas aos estudiosos da religião. Assuntos como esses ganham
uma proporção existencial para os seres humanos e delimitam a organização moral e política
dentro da sociedade.

Deus está morto?

Para iniciar, considere esta provocação realizada pelo filósofo alemão Friedrich Wilhelm
Nietzsche (1844-1900).

Gaia Ciência §125 

[...] Não ouviram falar daquele homem louco que em plena manhã acendeu uma lanterna e
correu ao mercado e pôs-se a gritar incessantemente: "procuro Deus! Procuro Deus?" – E
como lá se encontrassem muitos daqueles que não criam em Deus, ele despertou com
isso uma grande gargalhada. Então ele está perdido? Perguntou um deles. Ele se perdeu
como uma criança? Disse um outro. Está se escondendo? Ele tem medo de nós? Embarcou
num navio? Emigrou? – Gritavam e riam uns para os outros. O homem louco se lançou
para o meio deles e trespassou-os com seu olhar. "Para onde foi Deus?", gritou ele, "já lhes
direi! Nós o matamos – vocês e eu. Somos todos seus assassinos! Mas como fizemos
isso? Como conseguimos beber inteiramente o mar? Quem nos deu a esponja para apagar
o horizonte? Que fizemos nós, ao desatar a terra de seu sol? Para onde se move ela agora?
Para onde nos movemos nós? Para longe de todos os sóis? Não caímos continuamente?
Para trás, para os lados, para a frente, em todas as direções?...Não vagamos como que
através de um nada infinito?... Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não
sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apodrecem! Deus está
morto! Deus continua morto! Nós o matamos.

(Friedrich Nietzsche, A Gaia Ciência, §125, 2001)

O título polêmico "Deus está morto?" é utilizado para chamar a atenção dos estudantes para uma
questão muito mais profunda do que sugere o enunciado. Ela foi desferida por um dos filósofos
mais audaciosos do século XIX. Friedrich Nietzsche foi um filólogo, filósofo e crítico cultural
alemão. Foi um grande crítico da religião cristã, da moral, da política e da ciência de seu tempo.
Em sua teoria não existem obviedades e esse filósofo escreve por meio de aforismos .
Nietzsche utiliza a ironia e metáforas para realizar suas críticas.

A afirmação de que "Deus está morto!" é emblemática, não somente por afirmar a morte da
divindade cristã, mas por indicar um problema na moral cristã, fundada com base na metafísica
platônica. Assim, é possivel separar as críticas de Nietzsche em duas partes:
1. A crítica à metafísica e ética cristã.

2. A crítica à ciência e modernidade.

Em obras como "Crepúsculo dos ídolos" Nietzsche realiza um vínculo entre o cristianismo e o
platonismo. A metafísica platônica é dividia em duas realidades ou dois mundos, o sensível e o
inteligível. A grosso modo, o inteligível é a morada da alma, das ideias e das formas que são
eternas e imutáveis. Já o mundo sensível é caracterizado como sendo o mutável, o ambiente da
matéria, onde as almas descem e encarnam nos corpos para viver a vida dos humanos. Sabe-se
que o objetivo das almas é retornar para o inteligível e para isso é preciso viver uma vida em que
exista um desprezo pelo que é corporal e mundano. Pois a verdadeira vida é a que a alma vive e
sua morada é transcendental. Nietzsche acredita que essa ideia platônica realiza uma apologia à
morte, pois se existe um desprezo pelo corporal e mundano, os humanos não precisam viver e
ser felizes no mundo material. Ele diz que o cristianismo adotou a metafísica platônica para si,
não só dividindo o universo em dois mundos e valorizando o metafísico, mas também pregando
que o mundo material não merece ser vivido. Para o filósofo, essa ideia dual de mundo inaugura
a dualidade do bom e do mal, abrindo espaço para moralidade e para a culpa das pessoas que
não conseguem seguir os mandamentos da religião. Nietzsche com suas críticas quer mostrar
que as pessoas esqueceram a essência de Deus, que deixaram de acreditar nas criações de
Deus, como a própria natureza, e não conseguem mais realizar o cuidado de si e o cuidado dos
outros, apenas viver diversas condutas que ele classifica como castradoras da vida e justamente
por isso ele determina que o cristianismo faz uma apologia à morte.

É importante salientar que esse pensamento de Nietzsche foi embasado em uma série de
acontecimentos de seu tempo, o que poderia ajudar a entender o porquê de suas críticas. Ao fim
do período medieval e no começo da era moderna começaram a existir diversos movimentos em
direção à autonomia humana, que se assemelhavam às transformações sociais e econômicas
que o mundo estava vivendo. A modernidade seria a portadora da morte de Deus. Um fato
curioso, é entender que a modernidade carrega a transformação rumo a autonomia dos
humanos e de diversas áreas do conhecimento, inclusive da religião, por que Nietzsche profetiza
a morte de Deus?

O pesquisador Carlos Henrique Armani  (2007, p.175) explica que o pensamento nietzschiano
foi concebido em um período de mudança epistemológica, da qual outros filósofos e sociólogos
fizeram parte, como Holbachs, Feuerbach, Marx e Engels. Suas ideias epistemológicas quando
analisadas não podem ser equivocadamente comparadas a de um ateu militante, que negaria
Deus sustentando a sua não existência. Os argumentos de Nietzsche configuram-se com o
esquecimento de Deus e que assim teriam a sua morte. Isso quer dizer que para esquecer a
divindade é preciso acreditar primeiramente em sua existência, para então poder excluí-la.
Armani (2007, p. 176) relembra que essa face do esquecimento é o que gera força a um ateísmo
ontológico, que consistem duvidar e não crer na existência de Deus com base em argumentos
metafísicos.

Para, além disso, é preciso lembrar dos avanços da ciência, das descobertas de Nicolau
Copérnico (1473-1543) que golpeou o ego dos humanos. Ao comprovar que o homem não
estava no centro do Universo, antecipou o que seria interpretado por Nietzsche como a morte de
Deus e do homem. Se por um lado existem críticas severas à moral cristã e a negação do
homem como ser mais importante do Universo, por outro lado, têm a Revolução Industrial e
diversas guerras em curso, como a Guerra da Criméia  (1853-1856) e a previsão da Primeira
Guerra Mundial (1914-1918) e da Segunda Guerra Mundial (1939-1944), em que a população
mundial corria o risco de ser destruída pelos próprios avanços tecnológicos em nome da
civilização.

Visto todos esses argumentos, é importante retomar os dizeres de Nietzsche em Gaia ciência. O
filósofo ao narrar que as pessoas riam e ironizavam a procura de Deus pelo personagem louco,
pode demonstrar a inversão de valores que a sociedade estava envolvida. Não se via Deus na
natureza, no mar e nas coisas belas. Não se encontrava Deus em nenhum lugar do mundo. Esse
era o modo com que o filósofo critica a moral cristã daquele período que não buscava entender o
divino nas pequenas coisas. No fim, ao postular que Deus estava morto e que era por causa dos
humanos, Nietzsche propõe uma nova moral, uma nova organização social em que os humanos
arcassem com as consequências de seus atos e que vivessem com autonomia. Assim, os
humanos não seriam mais escravos e sim senhores da própria vida. Essa mudança seria radical,
não apenas para a religião, mas também para a ciência e a moral do século XX.

Faz-se oportuno evidenciar que é possível existir filósofos que criticam a religião sem
necessariamente negar o que chamam de fé. Nietzsche quando profere que "Deus está morto"
não tem como intenção destruir a fé das pessoas na divindade, mas busca chamar atenção para
escolhas individuais tomadas sem consciência e sem crítica. Além disso, pode-se interpretar as
obras de Nietzsche de várias maneiras. Portanto, a análise filosófica realizada pelo filósofo pode
e deve ser questionada e que o próprio entenderia que a dúvida e o questionamento fazem parte
do fazer filosófico.
Finalizando a Unidade 

Para iniciar os estudos foi preciso adentrar em um dos maiores problemas filosóficos do
período medieval e da modernidade: a existência de Deus. Muitos filósofos utilizam de
argumentos científicos para explicar essa existência e que esses argumentos dividem-se
em dois tipos de provas: as provas empíricas e as provas metafísicas.

Sobre a existência de Deus, foram verificados dois argumentos metafísicos, o de Santo


Anselmo e o de São Tomás de Aquino. Por fim, com o olhar de David Hume, os argumentos
metafísicos e empíricos confrontaram-se.

De forma dinâmica, abordou a relação entre a religião e a ética. Para tanto, foi discutida a
importância da conversão para uma vida ética dentro da religião e da filosofia e foi tratada
a problemática de uma ética teológica, com base nos escritos tidos como a verdade de
Deus. Essa última questão foi resolvida com a proposta de leitura das passagens sagradas
com um sentido metafórico, possibilitando diversas interpretações que podem adequar-se
às necessidades morais de cada período.

O problema do mal foi discutido e foram apresentadas diversas interpretações para


resolver a questão. Ademais, uma análise de como as teodiceias de Rousseau, Leibniz e
Voltaire demonstram a questão.

Por fim, ressaltou sobre a polêmica questão de Nietzsche "Deus está morto!" Em que
filósofo, com base em todos os acontecimentos de sua época, decide realizar uma crítica à
religião, à moral e a ciência, questionando a evolução tecnológica da Revolução Industrial,
demonstrando que todas as transformações bruscas poderiam ocasionar não só o
esquecimento de Deus, mas a própria morte dos humanos.
©2018 Copyright ©Católica EAD. Ensino a distância (EAD) com a qualidade da Universidade Católica de Brasília

Dica do Professor 
Para compreender melhor sobre os argumentos lógicos e seus fundamentos, leia a obra de
Cesar Mortari, “Introdução à lógica.

Você poderá apreciar e observar o afresco A Criação de Adão  (1508/1510) do artista


Michelangelo.

Para entender com humor as teorias de Nietzsche assista ao premiado curta-metragem: Meu
Amigo Nietzsche  , de Fáuston da Silva.
©2018 Copyright ©Católica EAD. Ensino a distância (EAD) com a qualidade da Universidade Católica de Brasília

Saiba Mais 
Leia o artigo de Gracielle Nascimento Coutinho, "O livre-arbítrio e o Problema do Mal em Santo
Agostinho ", publicado na edição nº 3 da Revista de Filosofia Argumentos. A autora demonstra
como Santo Agostinho desloca o problema do mal como criação divina para uma consequência
da desordem e do caos causados pelas escolhas humanas e pelo livre-arbítrio.
©2018 Copyright ©Católica EAD. Ensino a distância (EAD) com a qualidade da Universidade Católica de Brasília

Referências 
AQUINO, Tomás. Suma Teológica. São Paulo: edições Loyola, 2016.

AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Editora Paulus, 2019.

ARMANI, Carlos Henrique. A morte de Deus e a contemporaneidade. In "Revista


Teocomunicação", nº156, 2007, p. 169-186. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/265540655_A_morte_de_Deus_e_a_contemporaneidade

ARISTÓTELES. Física I - II. São Paulo: Editora UNICAMP, 2009.

COUTINHO, Gracielle Nascimento. O livre-arbítrio e o Problema do Mal em santo Agostinho


in "Revista de filosofia Argumentos", nº 3, 2010, p. 124-131. Disponível em:
http://www.periodicos.ufc.br/argumentos/article/view/18957 

HUME, David. Diálogos sobre a Religião Natural. Salvador: Edufba, 2016.

LEWIS, Clive Staples. Cristianismo puro e simples. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

NIETZSCHE, Friedrich. A gaia ciência. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 64-65.

NIETZSCHE, Friedrich. Crepúsculo dos ídolos. São Paulo: Companhia de Bolso, 2017.

STAROBINSKI, Jean. Jean-Jacques Rousseau: A transparência e o obstáculo. São Paulo:


Companhia de bolso, 2011.

TILGHMAN, Benjamin, R. Introdução à Filosofia da Religião. São Paulo: Edições loyola,


1994.

Você também pode gostar