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Cristianismo

e Cultura
1.º Sem. 2022/2023
Andreas Gonçalves Lind
Papa Júlio II (1443-1503):

216° Papa da Igreja Católica


Mandou pintar a Escola de
Atenas

Raffaello Sanzio – pintou a

Escola de Atenas e a Disputa

pelo Sacramento

(1483-1520):

Pintor e arquiteto do

Renascimento
Escola de
Atenas,
de Raffaello
Sanzio ou
Raphaël
(1483-1520)
4 lados da Escola de Atenas

 Filosofia
 Teologia(teólogos á frente)
 Poesia
 Direito
A escola de Atenas:

 Não tem Cristãos pintados


 Platão : FOGO
 Aristóteles : TERRA
 Platão aponta para o céu: referência ao mundo das ideias ,
 Aristóteles aponta para a frente : referencia ao mundo terreno
A disputa
sobre o
Sacramento,
de Raffaello
Sanzio ou
Raphaël
(1483-1520)
 Santo Agostinho
 Platão (428-347 a. C.)

 Aristóteles (384-322 a. C.)  São Tomás de Aquino


Encontro com o helenismo e confronto com o
Império

O Deus da fé e o Deus dos filósofos:


“A escolha feita na imagem bíblica de Deus precisou de ser repetida no início
do cristianismo e da Igreja; na verdade, ela precisa ser renovada a cada nova
situação espiritual, pois, além de ser um dom, é também uma tarefa”.
(Ratzinger, Introdução ao Cristianismo, p. 99)

“O cristianismo fez a sua escolha e a sua purificação com determinação e


audácia, optando pelo Deus dos filósofos contra os deuses das
religiões. Quando surgiu a pergunta sobre a que Deus correspondia o Deus
cristão, se a Júpiter ou a Hermes, a Dioniso ou a um outro qualquer, a
resposta foi sempre: ‘A nenhum dos deuses que vocês adoram, mas
unicamente e exclusivamente àquele Deus que vocês não adoram, ou seja,
aquele ser supremo de que falam os filósofos’”.
(Ratzinger, Introdução ao Cristianismo, p. 99)
Encontro com o helenismo e confronto com o
Império
O Deus da fé e o Deus dos filósofos:
O próprio mundo grego já tinha consciência bem clara do dilema entre o Deus da fé
e o Deus dos filósofos. No decurso da história, a relação entre os deuses míticos das
religiões e o conhecimento filosófico de Deus tornara-se cada vez mais tensa,
conforme se pode ver pela crítica dos filósofos aos mitos. A crítica dos filósofos aos
mitos é similar à crítica dos profestas do AT à idolatria  propensão para o Logos.
(Ratzinger, Introdução ao Cristianismo, p. 100)

- A religião antiga acaba por soçobrar nesse “abismo aberto entre o


Deus da fé e o Deus dos filósofos, nessa disjunção total entre a razão
e a religiosidade”. (p. 100)

- Opção pelo Logos → o cristianismo seguiu numa certa


continuidade com a tradição dos filósofos que vinha desde
Xenófanes (570-475 a. C.) a Platão (428-347 a. C.): uma
compreensão racional de um “Deus único”.
O Deus da fé e o Deus dos filósofos:
A religião não seguiu o caminho do logos, mas ficou no mito,
apesar de saber que este carece de realidade. A religião passa a
ser apenas uma forma de vida prática. Diante desta situação,
Tertuliano insistiu, com palavras arrojadas, na posição cristã,
afirmando: “Cristo disse de si mesmo que era a verdade, não o
hábito” (p. 101)

O processo de separação entre a ordem da verdade e a ordem do


mito, entre verdade e a utilidade ou o costume tem paralelismos
com a mentalidade contemporânea: “assistimos à retirada da
verdade da razão para um ambiente de mera religiosidade e
revelação, uma retirada que na verdade se assemelha de maneira
fatal à retirada da religião da Antiguidade diante do logos…” (p.
A fé transformou a noção do Deus dos filósofos,
mas não se separou dessa noção.

A fé cristã, ao decidir pelo Deus dos filósofos transformou-o


profundamente. Deus deixa de ser um princípio lógico, para
passar a ser um Deus que ama e que se interessa pelo ser
humano, algo que é também difícil de entender para os seres
humanos atuais.
Deus dos Filósofos – Deus Único,
Omnipotente, Transcendente, Perfeito

Deus bíblico – Deus pessoal, Deus que


ama e se relaciona com as pessoas
humanas.
Cristianismo e Cultura
Opção primordial pelo Logos
 Deus criou o universo e a humanidade. Tudo
participa da natureza racional de Deus, princípio de
tudo quanto existe.
 Opção pelo Logos implica:
 Rejeitar falsos cultos – primeiros mártires que se recusavam a
venerar o Imperador romano como um Semi-Deus.
 Dialogar com a cultura, com todas as culturas não cristãs, pois
tudo participa de Deus.
Será que o mundo é inteligível?

Será que temos acesso a essa


inteligibilidade, se ela existir?

Será que a nossa existência tem sentido?

Quais são as condições de possibilidade para


que o mundo seja inteligível e nós
compreendemos a sua ordem intrínseca?
O primado do Logos como Razão
Trata-se de uma opção que marcou a História da Filosofia
Ocidental
→ uma opção que também se justifica por motivos de carácter religioso.
“Terá sido apenas por coincidência que a ciência moderna se desenvolveu num ambiente
essencialmente católico, ou terá sido a natureza do próprio catolicismo que permitiu
que a ciência se desenvolvesse?”
(T. Woods, O que a civilização ocidental deve à Igreja Católica (Aletheia: Lisboa 2009), p. 75)

→ “Deus – e, por extensão a criação divina” é “entidade


racional e ordenada”;
“Ao longo de toda a Bíblia, a regularidade dos fenómenos
naturais é descrita como um reflexo da bondade, da beleza
e da ordem divinas” (Ibid., p. 84).
- A opção pelo Logos implica que:
1. A ordem natural seja inteligível;
2. A vida de cada pessoa e a história do
universo tenha sentido.
A opção pelo Logos, pela Razão
→ Relação entre Deus e o Mundo não é arbitrária;
→ O Mundo participa da natureza de Deus;
→ A natureza de Deus é inteligível – Logos.
A noção de criação é fundamental para a Teologia Natural.
Cristianismo e Cultura
O conceito de Deus
 Etimologia: O palavra Deus vem do Latim, Deus, que por sua vez
remete para o termo indo-europeu deiwo, que significa “luminoso”.
 “A própria existência do homem inclui uma tendência para um absoluto
em ser, sentido, verdade e vida, que a revelação cristã descreve com o
conceito de Deus.”  a questão de Deus está implicada na consciência
humana.
 O próprio ateísmo, ao negar a existência de Deus dá testemunho
ineludível da questão de Deus.”
Leo Scheffczyk, “Deus”, in Sacramentum Mundi, cc. 299 ss.
Cristianismo e Cultura
Deus na tradição judaico-cristã
 Monoteísmo: Existe um só Deus que é Criador (e Transcendente), ou seja, é
Deus quem dá o ser a tudo o que existe  Deus como causa primeira. Três
significados do conceito de criação: creatio originalis, creatio continua e
creatio nova.
 Justamente porque é a origem do ser de todas as criaturas. Deus é ao mesmo
tempo absolutamente transcendente, ou seja, não está ao nível de nenhuma das
criaturas, e totalmente imanente, no sentido em que não há nada mais íntimo às
criaturas do que a própria existência.
 Atributos de Deus: omnipotência, omnisciência, impassibilidade,
imutabilidade, bondade.

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