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Introdução

Este trabalho tem como tema: A Demonstração da Existência de Deus em Tomás de Aquino.

Desde os primórdios, as sociedades humanas no mundo, diante da tamanha complexibilidade dos


elementos da natureza e a consequente manifestação dos diversos fenómenos que o circundavam,
tiveram a necessidade de não só crer na existência de um ser supremo criador do universo, mas
como também garantir uma relação favorável com esta entidade divina e sobrenatural.

Relação esta que para a sua concretização e solidificação, envolve um conjunto de praticas e
rituais naturalmente especificas. São portanto estas práticas e rituais que constituem o principal
vínculo característico e que diferenciam uma religião da outra.

A vida humana, como não sendo composta simplesmente de âmbitos: politico, económico,
social, e cultural, existe também o religioso, este ultimo tende a ganhar maior acentuação devido
ao seu campo de actuação pois possui consigo a ideia de dois mundos essencialmente
antagónicos um do outro (carnal e espiritual), ou por outra o (sensível e o metafísico), abrindo
desta feita a possibilidade da vida pôs morte, e acima de tudo por ser o único a fazer a projecção
da existência de um ser supremo criador a quem chamamos de Deus.

Não raras vezes que facilmente em qualquer lugar em conversas descontraídas nos deparamos
com questões como: Quem é Deus? Onde esta ele? Qual a sua influência sobre nós? e qual é o
seu propósito para com a humanidade?

É por esta e mais outras razoes que no geral se achou pertinente abordar sobre o tema em alusão
num olhar reflexivo de diversos autores que com o tema se identificam e em particular na visão
de Tomas de Aquino tido por muitos como um dos maiores filósofos medievais e o principal
expoente da escolástica cuja os seus feitos para provar com evidências sobre a existência de
Deus tem sido de grande impacto ate aos dias de hoje.

Foi com bastante precisão e audácia que por meio de diversas consultas e revisões literárias em
consonância com o tema produziu-se este trabalho que para melhor compreensão do mesmo ele
segue a seguinte estrutura: A presente introdução, a fundamentação teórica, a conclusão e a
respectiva revisão bibliográfica.
Vida e Obra

Nasceu Tomas de Aquino, em 1225, foi um filósofo e teólogo italiano que recebeu a primeira
educação no grande mosteiro de Montecassino, depois de ter estudado as artes liberais entrou na
ordem dominicana e se dedicou ao estudo assíduo da teologia, tendo como mestre Alberto
Magno (1245-1248), que leccionou teologia e compôs mais de trinta e oito volumes tratando de
assuntos mais variados como: ciências naturais, Filosofia, Teologia, Exegese e Ascética.

Em 1252 Tomás vai a universidade de Paris onde ensinou ate 1269 quando regressou a Itália
chamado a corte papal. Em1269 novamente voltou a universidade de Paris onde lutou contra o
averroismo de Siger de Brabante, em 1272 voltou a Nápoles onde leccionou Teologia, dois anos
depois em 1274, viajando para tomar posse no concilio de Lião por ordem de Gregório X,
faleceu no mosteiro de Fossanova entre Nápoles e Roma. Tinha Aquino apenas 49 anos de idade.

Obras

As obras de Aquino podem ser divididas em quatro grupos:

1. Comentários: à Lógica, à Física, à Matemática, à Ética de Aristóteles, à Sagrada


escritura, ao Dionísio pseudo-areopagita e aos quatro livros de Pedro Lombardo.
2. Sumas: suma contra os gentios, baseada substancialmente em demonstrações racionais,
Suma teológica começada em 1265 ficando inacabada devido a morte prematura do
autor.
3. Questões: questões disputadas (da verdade, da alma, do mal etc.), questões variadas.
4. Opúsculos: da verdade do intelecto contra os averroistas, da eternidade do mundo etc.

Influências

Tomás de Aquino foi bastante influenciado pelo seu mestre Alberto o Grande, mas foi nas obras
de Aristóteles em que ele se alicerça fazendo a sistematização de variados temas como:
Metafísica na qual discute a questão do ser, da substância, da alma e acima de tudo do próprio
motor imóvel. Tomás várias vezes afirmou que o pensamento cristão deve admitir a filosofia
aristotélica e as razoes dessa posição encontram se nos Comentários sobre Aristóteles que teria
possivelmente escrito entre (1265-1273).
Na filosofia de Aquino, assim como de Aristóteles, toda a substância é um composto de duas
partes complementares, uma passiva em si mesma absolutamente indeterminada (Matéria), outra
activa e determinante (Forma).

Aquino influenciou uma boa parte dos filósofos posteriores com destaque para René Descartes
que no seu Discurso do método também mostra as evidências sobre a existência de Deus.

O Conceito de Deus

Deus é o atributo dado ao ser sobrenatural tido como o criador do universo e das coisas que nele
existem, de entre os frutos da sua criação o Homem aparece como sendo de maior importância, e
cabe a este Homem mostrar obediência como também prestar cultos de adoração em locais
sagrados quase que já estabelecidos, como forma de mostrar gratidão pela vida que por este foi
concedida.

O Homem ocupa este lugar de prestígio no seio das demais criaturas pois além de ser o único
com a noção da transcendência, acreditasse ter Deus feito unicamente este a sua imagem e
semelhança como claramente nos relata a Bíblia Sagrada: “ E Deus passou a criar o Homem a
sua imagem e semelhança”. Génesis 1: 27.

Assim é certamente a Bíblia o conjunto de livros de inspiração divina retratando sobre diversas
questões da vida que ao longo dos tempos tem sido usada por aqueles que procuram mostrar com
evidências precisas e concisas não só a existência de um supremo criador como também do seu
propósito para com a humanidade e sem esquecer de um leque de regras e normas para o bom
relacionamento entre Homem e Deus, podemos por assim dizer a Bíblia é Deus falando viva e
abertamente com a humanidade.

A existência desta figura responsável pela originalidade das coisas é praticamente incontestável
ao juízo racional daqueles que o buscam, peso embora, desde a antiguidade ate aos tempos mais
modernos é logicamente notória a variedade na diversidade na concepção e denominação
daqueles que a ele se referem, basta recordarmos os conceito de: Motor imóvel, Uno, Sumo bem
e Actos puros atribuídos a Aristóteles, Plotino, Boécio e Aquino respectivamente.
Partindo mesmo dos predicados que estes pensadores atribuem a este Ser, não necessita ser
filósofo para perceber que tratasse da mesma entidade, mas a maioria de nós prefere mesmo
dirigir-se a ele como Deus assim como René Descartes o fizera:

“Pelo nome de Deus entendo uma substância infinita, eterna, imutável, independente,
omnisciente, omnipotente e por meio da qual eu e todas as coisas que existem foram criadas e
produzidas “. (DUROZOI 1997:112). Desta feita remete-nos a reflectir que o conceito Deus
como causa primária e última de todas as coisas é anterior e posterior a tudo e está além de todos
atributos qualitativos que a ele podem ser feitos.

Não só na denominação mas há também diversidade no método que as pessoas tem usado para
fazer a contemplação de Deus, alguns o fazem por meio da Fé e outros preferem ainda o fazer
usando a sua própria faculdade racional, e é praticamente nesta relação entre Fé e Razão que
constitui a pedra angular do pensamento de Tomás de Aquino.

Evidências da existência de Deus

Contrariamente a outras correntes de pensamento filosófico ou teológico que sustentam a


possibilidade de poder Deus ser conhecido imediatamente por intuição, Tomás se opõe
afirmando que Deus não é conhecido por intuição, mas cognoscível unicamente por
demonstração de evidências por tanto esta demonstração é sólida e racional capaz mesmo de ser
contemplada pelas próprias faculdades mentais de que o Homem já dispõe.

A existência de Deus é evidente?

Consideramos verdades evidentes, aquelas cujo conhecimento está em nós naturalmente, é certo
afirmar que o conhecimento da existência de Deus em nós é inato. O ser humano logo ao nascer
embora que não descodificado imediatamente ele traz consigo a ideia da existência de um ser
supremo. Assim a existência de Deus é evidente.

São também evidentes as verdades que conhecemos desde que compreendemos os termos que as
exprimem, assim quando compreendemos o sentido da palavra Deus, estabelece-se de imediato
que ele existe, de facto essa palavra designa uma coisa de tal ordem que não podemos conceber
algo que lhe seja maior. Aquilo que existe na realidade e no pensamento é maior do que o que
existe apenas no pensamento. Desta feita o objecto designado pela palavra Deus que existe no
pensamento desde que se compreenda a palavra também existe na realidade. Por conseguinte a
existência de Deus é evidente.

A existência da verdade é evidente, aquele que nega a existência da verdade concorda que a
verdade não existe, mas se a verdade não existe a não existência da verdade é uma afirmação
verdadeira, e se alguma coisa há de verdadeira, a verdade existe. Ora Deus é a própria verdade
segundo o que nos diz João 14, 6: “Eu sou o caminho a verdade e a vida”, por conseguinte a
existência de Deus é evidente.

Mas em contra partida ninguém pode pensar o oposto do que é evidente mas o oposto da
existência de Deus pode ser pensado, conforme diz o Salmos 52, 1 “O insensato diz em seu
coração que não há Deus”, logo pode se concluir que a existência de Deus não é evidente. Mas
temos duas maneiras para dizer que uma coisa é evidente: ela pode ser evidente em si mesma e
não por nós, ela pode ser em si mesma e por nós. Desta feita se alguns não sabem o que são
atributo e sujeito de uma proposição é certo que para uma dada proposição não será a eles
evidente enquanto a proposição é evidente em si mesma.

Tomando como exemplo a proposição: “Deus é“, considerada em si mesma é evidente por si
mesma, uma vez que o atributo é idêntico ao sujeito. Deus de facto é seu ser mas como não
sabemos o que Deus é, ela poderá não ser evidente para nós.

Provas da existência de Deus

Tomás de Aquino escreveu a suma teológica um tratado de lógica medieval que garante ao
homens ser possível a união entre a fé e razão, nesse trabalho desenvolve as teses lógicas sobre a
existência de Deus. Foi com este intuito de mostrar a compatibilidade da razão e a religião que
ele apresenta as suas provas lógicas da existência de Deus.

Tomás de Aquino, expõe cinco vias para mostrar a existência de Deus partindo das realidades
mais sensíveis:

1. Primeiro motor imóvel do universo e causa eficiente desse universo;


2. Ser necessário por oposição a contingência do mundo;
3. Ser absoluto em relação as coisas que apresentam apenas graus de perfeição;
4. Ordenador do universo, e
5. Fim supremo do universo.

● A primeira via é a constatação de que as coisas estão em movimento, nenhuma criatura porem
pode mover se por si, precisa de uma forca externa que promova o deslocamento, essa forca
também necessita de outra exterior que a coloque em movimento e assim sucessivamente. Não se
pode aceitar assim que a série de motores seja infinita se fosse, jamais se chegaria a causa do
movimento. Desse modo a série é finita e a causa primeira do seu movimento é Deus.

● A segunda constata que todas as coisas ou são causa ou são efeitos, não se pode conceber algo
que seja, a um so tempo causa e efeito, pois estaria se afirmando que esse algo é anterior e
posterior simultaneamente, o que é absurdo, aqui como na primeira via é preciso aceitar uma
causa não causada para que a sucessão não se perca no infinito e, em consequência disso, não se
possa explicar a causalidade. Assim essa causa não causada é Deus.

● A terceira via parte de que tudo está em transformação, coisas são geradas e perecem
constantemente. Isso significa que a existência não lhes é necessária, mas contingente. Assim,
sua existência depende de uma causa que tenha uma existência necessária: Deus.

● A quarta via refere-se a percepção de que há seres menos ou mais perfeitos do que outros. Mas
apenas se pode saber do que é mais perfeito se houver uma referência que possibilite medir os
grãos de perfeição. Essa referência, no topo da hierarquia das coisas relativas, é a perfeição pura,
Deus.

● A quinta via retoma essa hierarquia afirmando a como uma ordem em que cada coisa tem uma
finalidade. Cada corpo busca seu lugar natural mesmo que não perceba essa busca. Assim deve
haver uma inteligência superior que leve os seres a agir, para que todos cumpram a sua
finalidade. Essa inteligência organizadora é Deus.

A problemática da Ideia e da Matéria

Se observarmos com atenção a enorme diversidade de objectos no mundo constataremos que eles
são ou materiais ou ideais. Portanto não há nenhum fenómeno diferente tanto do material assim
como do ideal, daí que a luta entre o materialismo e o idealismo constitui um dos problemas
fundamentais da Filosofia ou para bem dizer da história da Filosofia. Diante deste fenómeno
surgem inquietações procurando saber: Na origem do mundo o que terá sido primário, a
Consciência ou a Matéria? e ainda terá a matéria gerado a consciência ou vice-versa? Estas
questões aparentemente simples levou desde a antiguidade a divisão dos filósofos em dois
grupos antagónicos: materialistas e Idealistas.

Os idealistas afirmavam que as ideias gerais existem realmente e antes das coisas e portanto
estão relacionadas com Deus.

É nesta perspectiva que Tomas de Aquino afirmou na sua doutrina que: A matéria não pode
existir separadamente da forma ao passo que a forma existe independentemente da matéria. Para
a existência das coisas materiais da natureza é indispensável a fusão da forma e da matéria, ou
por outra tudo o que é material não pode existir independentemente da forma suprema que é
Deus.

Nesta linhagem de pensamento já teria comungado também Platão no seu mundo das ideias que
dividia o mundo em verdadeiro referente ao mundo das ideias e o não verdadeiro referente ao
mundo visível das coisas sensíveis. Este vai mais longe afirmando que as coisas e os fenómenos
são passageiros e estes perecem quando a ideia que terá lhes dado a vida os abandona, mas, o
mundo das ideias existe eternamente e forma um todo, no cume do qual está a ideia do bem
supremo.

Afirmava o historiador francês Le Goff que: “ O método escolástico de investigação privilegiava


o estudo da linguagem para depois passar ao exame das coisas, dai colocava se a seguinte
questão: Qual é a relação das palavras e as coisas? “

Rosa por exemplo é o nome de uma flor, quando a flor morre a palavra Rosa continua existindo,
nesse caso a palavra fala de uma coisa inexistente logo a ideia da palavra é e permanecerá
eternamente.

Além destas duas causas constitutivas da matéria e forma, os seres materiais tem outras duas
causas: A causa eficiente e a Causa final.

A causa eficiente é o que faz surgir um determinado ser na realidade:

A causa final é o fim para que opera a causa eficiente.


Podemos então concluir que todo o ser material existe pelo concurso de quatro causas: Material,
Forma, Eficiente e Final. Estas causas constituem todo o ser na realidade e na ordem com os
demais seres do universo físico.

Metafísica

Quanto a Metafísica de Aquino, ela pode ser dividida em geral e especial. A Metafísica geral ou
Ontologia tem como objecto o ser em geral enquanto a Metafísica especial estuda o ser em geral
e as suas especificações: Deus, Espírito e o mundo.

O princípio básico da ontologia é a especificação do ser em potência e acto. Acto significa


realidade, perfeição. Potência quer dizer não realidade, imperfeição. Tal passagem da potência ao
acto é o vir a ser que depende do ser que é acto puro, este não muda e faz com que tudo exista e
venha a ser. Assim a potência corresponde a ideia e o acto a matéria.

Alma e Espírito

Quando a forma é principio da vida que é uma actividade cuja origem esta dentro do ser, chama-
se Alma. Aristóteles afirmava que a alma é o principio susceptível de animar a matéria, isto é de
lhe conferir a vida. Por tanto, têm uma alma as plantas (Alma vegetativa), que se alimenta cresce
e reproduz, e os animais (Alma sensitiva), que acima da alma vegetativa esta sente e se move.

Santo Agostinho teria se referido a alma como sendo algo cuja principal missão é de
compreender e ver Deus e contemplar as verdades eternas graças a luz interior que ele nos
prodigaliza.

Contrariamente ao dualismo de Platão e Agostinho, Tomás sustenta que o corpo não pode existir
sem a alma e também a alma por sua vez embora que imortal não tem uma vida plena sem o
corpo que é o seu instrumento indispensável.

No homem existe uma alma espiritual unida com o corpo que para além das actividades
vegetativas e sensitivas manifesta-se nele também actividades espirituais como o acto do
intelecto e da vontade. A alma espiritual transcende a vida do corpo e é criada imediatamente por
Deus.
Nosso espírito é nossa ligação com Deus, o espírito é aquilo que dá vida e toda a vida vem de
Deus.

Razão e Fé

A priori importa referir que Tomás de Aquino considera a Filosofia como uma disciplina
essencialmente teorética para resolver o problema do mundo e a considera distinta e não oposta a
Teologia. Isto visto que o conteúdo da Teologia é arcano e revelado e o da Filosofia evidente e
racional. Ou por outra, diz ele: A filosofia e a teologia têm a mesma missão, a de fundamentar os
dogmas religiosos mas de um modo diferente pois a teologia trata as coisas divinas directamente
em nome de Deus no passo que a filosofia estuda os dogmas a base das obras divinas e dos
objectos materiais.

A razão é a principal característica que diferencia o Homem dos outros animais. Como muito
bem dizia Descartes: A razão é a faculdade de bem julgar, de diferenciar o bem do mal, o
verdadeiro do falso. A razão não nega a fe e o homem é provido da razão porque Deus quis que
ele o conhecesse também pelo caminho da racionalidade.

Pode a Fé ser entendida como sinónimo de garantia e segurança, a Fé manifesta a confiança


absoluta numa pessoa baseada em testemunhos cujo valor a razão não poderia garantir
totalmente. A Fé é uma certeza que não se baseia em provas racionais.

Os limites da razão

Existem certas verdades que a razão humana não consegue atingir pois esta é imperfeita, não
podendo assim alcançar aspectos da revelação divina que só a fé pode abranger. Alguns do
principais fenómenos teológicos como a trindade e a encarnação são revelados nos ensinamentos
da igreja e nas sagradas escrituras e não podem por tanto ser deduzidas pela razão humana.

É verdade que o problema da relação entre o saber racional e a fé é frequentemente tratado em


filosofia em termos de oposição e quase sempre resolvido em benefício do primeiro. É também
verdade que os filósofos cristãos tentaram incessantemente conciliar a fé e a razão.

Tomas portanto não confunde e nem opõe razão e fé mas distingue-as e as harmoniza de tal
modo que surge uma unidade profunda entre elas.
A relação Deus e Homem

Quanto ao problema da relação entre Deus e o Homem ou Deus e o mundo é resolvido com base
no conceito de criação que consiste numa produção do mundo por parte de Deus de forma total,
livre e do nada. Total pois criou Deus todas as coisas, livre porque ele estava também livre de
não criar o mundo e do nada pois a sua criação não teve antecedentes e não dependeu de
nenhuma causa eficiente.

É impossível falar da relação de homem e deus sem recorrer ao fenómeno religião que é o
garante dessa relação. Religião palavra de origem latina religione que significa religar ou voltar a
ligar.

No princípio o homem vivia em perfeita comunhão com deus mas esta relação rompe-se devido
ao pecado original de uma desobediência contra deus cometida pelo primeiro homem Adão do
qual pela natureza humana devia descender toda a humanidade, assim teria o homem perdido
aquela harmonia e dignidade sobrenatural e por causa deste erro há uma enfermidade, uma
debilitação espiritual e física da natureza humana desde o nosso nascimento.

Mas sendo Deus perfeito qual foi a origem deste erro?

Como afirmava Descartes, as faculdades do homem funcionam mas cabe a ele fazer o bom uso
delas. Ou por outra o intelecto que elabora as ideias não erra, o erro surge da pressão indevida da
vontade sobre o intelecto.

O erro deriva da minha operação e não do meu ser, eu sou o único responsável pelo erro e posso
evita-lo, visto que o homem tem livre arbítrio, do contrario não faria sentido a que este pudesse
ser aconselhado, ordenado, proibido, recompensado e nem castigado.

Nessa linha de pensamento teria se apegado também santo agostinho quando sustenta que o erro
surge quando o homem que deveria conceber a alma como seu guião, por causa das suas
vontades carnais permite que a alma seja guiada pelo corpo daí cai no erro pois a alma é eterna e
o corpo transitório, nunca pode o transitório guiar o que é eterno.
Assim para extinguir o problema do mal, Deus assumiu a natureza humana por meio da segunda
pessoa da trindade para reparar este pecado original e mostrar o caminho da salvação por meio
da moral cristã para que os homens possam recuperar o seu lugar celestial e voltar a ter uma
perfeita união com o supremo criador.

O homem não vive por acaso a vida humana tem um propósito que é o da felicidade, porem o
homem precisa conhecer os meios adequados para a posse da tal felicidade. Porem as riquezas
materiais são a falsa noção da felicidade pois a verdadeira felicidade parte do estado de espírito
em que este homem se encontra.

Assim a principal razão da existência humana é a união e a amizade eterna com Deus por meio
da salvação. Para Tomás de Aquino, a condição única para essa salvação reside em três coisas:
Saber o que deve crer; Saber o que deve querer e Saber o que deve fazer. Como resposta ele
propõe: Crer em Deus pai; Querer a vida eterna e Fazer o bem.

De acordo com a teologia cristã Jesus Cristo virá novamente e destruirá todo o mal, e ele é a
imagem ideal que deve servir de inspiração para o mundo como o garante do alcance da
perfeição e acima de tudo da conquista da vida pois a morte. Pois ele é a verdade, o caminho e a
vida.
Conclusão

O problema de Deus, acredita-se estar no auge de todo o pensamento filosófico que poucos
foram os pensadores que quiseram estar alheios a esta mesma problemática.

Inspirado na filosofia aristotélica Tomás constata que a matéria não pode existir separadamente
da forma, ao passo que a forma existe independentemente da matéria. Para a existência das
coisas materiais na natureza é indispensável a fusão da matéria e forma. Tudo o que é material
não pode existir independente da forma suprema, Deus.

Sobre a evidencia da existência de Deus ele sustenta que:

Consideramos verdades evidentes, aquelas cujo o conhecimento está em nós naturalmente, é


certo afirmar que o conhecimento da existência de Deus em nós é inato. O ser humano logo ao
nascer embora que não descodificado imediatamente ele traz consigo a ideia da existência de um
ser supremo. Assim a existência de Deus é evidente.

Posteriormente para provar a existência do ente supremo Deus, o seu ponto de partida é que cada
fenómeno tem a sua causa, analisando a hierarquia das causas conclui-se a existência de Deus
como gerador de todos os processos e fenómenos reais.

Sobre a relação da filosofia e da teologia considera que a primeira estuda os dogmas a base das
obras divinas de objectos reais e a segunda trata das coisas divinas directamente em nome de
Deus.
Na relação de Deus e o homem, o homem deve desviar se do mal e reconhecer a Deus como seu
sumo criador e prestar lhe obediência para que possa não só voltar a se achegar a ele mas como
também triunfar no alcance da vida pôs morte.

As ideias sobre evidências da existencia de Deus propostas por Tomás de Aquino continuam
sendo de grande impacto até aos dias de hoje.
Bibliografia

Principais obras do autor

Obras Complementares

DUROZOI, G., ROUSSEL, A., Dicionário de Filosofia, Porto editora, Portugal 2010.
VINJURA, Manuel. Historia 8 classe, alcance editores, Maputo 2009.
KRAPIVINE, V., Que é o materialismo dialéctico? Edições Progresso, Moscovo 1986.

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