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UNIVERSIDADE MUSSA BIN BIQUE

FACULDADE DE DIREITO

Gilda Hilario João

Síndrome de Bournet em enfermeiros: Um estudo de centro de Saúde de Anchilo, cidade de


Nampula.

Licenciatura em Psicologia Clinica

Nampula, Novembro de 2023.


UNIVERSIDADE MUSSA BIN BIQUE

FACULDADE DE DIREITO

Gilda Hilario João

Sindrome de Bournet em enfermeiros: Um estudo de centro de saúde de Anchilo, cidade de


Nampula.

Projecto de Monografia Científica a ser


apresentado no Departamento de Direito, para
obtenção do grau de Licenciatura em
Psicologia Clinica.

Supervisor: MA. Rocha Noneque.

Nampula, Novembro de 2023


Índice

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO....................................................................................................... 4

1.1. Tema ......................................................................................................................................... 5

1.2. Delimitação do Tema................................................................................................................ 5

1.3. Problematização........................................................................................................................ 6

1.4. Justificativa ............................................................................................................................... 7

1.5. Objectivos ................................................................................................................................. 9

1.5.1. Geral ...................................................................................................................................... 9

1.5.2. Específicos ............................................................................................................................. 9

1.6. Perguntas de Pesquisa ............................................................................................................... 9

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................... 10

2.1. Burnout ................................................................................................................................... 10

2.2. Causas da síndrome de Burnout (SB) ..................................................................................... 11

2.3. Os Principais Sintomas da Síndrome de Burnout ................................................................... 11

2.3.1. Sintomas Físicos .................................................................................................................. 12

2.3.2. Sintomas Psíquicos .............................................................................................................. 13

2.3.3. Sintomas Comportamentais ................................................................................................. 14

2.3.4. Sintomas Defensivos ........................................................................................................... 15

2.4. Tratamento da Síndrome de Burnout...................................................................................... 16

2.5. Consequências da Sindrome de burnout ................................................................................ 17

CAPÍTULO III: METODOLOGIA DE PESQUISA .................................................................... 20

3.1. Tipo de Pesquisa ..................................................................................................................... 20

3.1.1. Quanto a Abordagem ........................................................................................................... 20

3.1.2. Quanto aos Objectivos ......................................................................................................... 21

ii
3.1.3. Quanto aos procedimentos .................................................................................................. 21

3.2. Técnicas de Colecta de dados ................................................................................................. 21

3.3.1. Entrevista ............................................................................................................................. 21

3.3.2. Observação directa .............................................................................................................. 22

3.3.3. Questionário ........................................................................................................................ 23

3.4. Universo e amostra ................................................................................................................. 23

3.4.1. Universo .............................................................................................................................. 23

3.4.2. Amostra da pesquisa ............................................................................................................ 24

3.5. Cronograma ............................................................................................................................ 24

3.6. Descrição do Orçamento ........................................................................................................ 24

Bibliografia .................................................................................................................................... 26

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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

O trabalho é uma actividade que pode ocupar grande parcela do tempo de cada indivíduo e do seu
convívio em sociedade. O trabalho nem sempre possibilita realização profissional. Pode, ao
contrário, causar problemas desde insatisfação até exaustão.

O burnout é uma reacção à tensão emocional, um desgaste físico e psicológico, por lidar
excessivamente com pessoas no meio laboral, muitas vezes causado por um sentimento de
frustração. Essa síndrome tem maior incidência em profissionais com maior contacto interpessoal
tais como médicos, psicanalistas, carcereiros, assistentes sociais, comerciários, professores,
atendentes públicos, enfermeiros, funcionários de departamento de pessoal, telemarketing e
bombeiros (Dejours, 1992, p. 21).

Quando observamos a prática de tratar pessoas de diferentes níveis e seus procedimentos


observamos em especial que os profissionais de saúde apresentam sinais e sintomas que vem
apresentando em seu dia-a-dia as queixas relacionadas ao seu sofrimento pela tarefa exercida e os
seus momentos de prazer em realizá-la que tem como principal causa de sofrimento o Estresse.

O Estresse ocupacional vem apresentando um processo crescente nos últimos tempos. O


trabalho ocupa a maior parte da vida das pessoas. As jornadas longas de trabalho, com
raras pausas para descanso, o ritmo acelerado e exigências em níveis altos, tanto de
atenção como de concentração e desempenho, desencadeia no profissional grande
desgaste, desenvolvendo dessa forma sintomas prejudiciais à sua saúde (Garrosa-
Hernández, 2012, p. 25).
Este estudo pode ser enquadrado tanto na área da Psicologia. No caso vertente da nossa pesquisa,
o estudo estará mais enquadrado na Psicologia Social, pois é a perspectiva que mais aprofunda o
estudo da problemática do estresse ocupacional dos que exercem actividades laborais diversas
sob um maior grau de pressão no caso concreto os profissionais de saúde.

No enfoque deste estudo, buscamos, portanto, identificar os principais factores que provocam o
aparecimento do estresse nos profissionais de centro de saúde de Anchilo.

É importante lembrar que os profissionais de saúde são indivíduos que estão sujeitos a muitos
factores stressantes ligados à sua actividade profissional. Essas reacções de estresse podem
desencadear sentimentos que aos poucos interferem e prejudicam a vida desse profissional.

De acordo com Novelli; Jorge (2017), actualmente, os problemas que envolvem a profissão
enfermeiro são inúmeros: Indisciplina dos doentes, violência nos hospitais, insuficiência de apoio

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pelas políticas públicas, falta de condição de trabalhos, desvalorização dos enfermeiros, entre
outros (p. 62).

A enfermagem é uma das principais áreas que aparece essa síndrome. O profissional ao começar
desenvolver o seu trabalho, depara com tanta burocracia que o idealismo inicial se transforma em
decepção, e a falta de reconhecimento, tanto por parte dos superiores e por vezes por parte dos
pacientes, o deixa desmotivado.

Burnout em enfermeiros afecta o ambiente da saúde e interfere na obtenção dos objectivos


almejados, levando esses profissionais a um processo de alienação, desumanização e apatia,
ocasionando problemas de saúde, absenteísmo e intenção de abandonar a profissão.

Por isso, criar estratégias e condições que facilitem a relação trabalho ou prazer do dos
enfermeiros são acções de suma importância, para que esta relação seja satisfatória, tanto nos
aspectos que envolvem o contexto pessoal, como no seu quotidiano do espaço hospitalar.

1.1. Tema

Para que se possa desenvolver uma pesquisa, faz-se necessário, primeiramente, definir o tema
que se propõe estudar.

Lakatos e Marconi (2009), que diz “o tema é o assunto que se deseja provar ou desenvolver e,
que pode surgir de uma dificuldade prática enfrentada pelo coordenador, da sua curiosidade
científica, de desafios encontrados na leitura de outros trabalhos ou da própria teoria” (p. 102).

Assim, partindo-se da definição do tema e das considerações explanadas, o projecto tem como
tema: Sindrome de Bournet em enfermeiros: Um estudo de caso de centro de Saúde de
Anchilo, cidade de Nampula

1.2. Delimitação do Tema

Este trabalho perspectiva avaliar os factores que provocam o Estresse ocupacional em


enfermeiros. No âmbito deste estudo, a pesquisa será realizada no centro de saúde de Anchilo

O centro de saúde de Anchilo, localiza-se a cerca de 20km da cidade de Nampula, ao longo da


Estrada Nacional número 1 (EN1), no troço entre cidade de Nampula e Namialo.

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1.3. Problematização

Segundo Catento (2003), “Problematização é a parte do projecto ao qual o investigador explica


qual é o problema que se pretende solucionar” (p. 94).

Por outro lado, Problema “é qualquer questão não resolvida e que é objecto de discussão, em
qualquer domínio de conhecimento ”. (Gil, 2002, p. 49).

Estudos mostram que o desequilíbrio na saúde do profissional pode levá-lo a se ausentar do


trabalho (absenteísmo), gerando licenças por auxílio-doença e a necessidade, por parte da
organização, de reposição de funcionários, transferências, novas contratações, novo treinamento,
entre outras despesas. A qualidade dos serviços prestados e o nível de produção fatalmente são
afectados, assim como a lucratividade (Moreno-Jimenez, 2000; Schaufeli, 1999c).

A profissão do enfermeiro, por exigir um contacto directo com os seus pacientes, está entre as
profissões mais sujeitas ao stress. O trabalho do enfermeiro é marcado pela sobrecarga de tarefas,
falta de recompensa apropriada pelo trabalho, ausência de desenvolvimento profissional
aprendizagem de novos recursos tecnológicos, a submissão a normas e regras da instituição e as
governamentais, gerando assim um desgaste nos profissionais.

Queixas frequentes dos enfermeiros evidenciam o agravamento do problema como a quase


inexistência de projectos de formação continuada que os capacitem para enfrentar essa nova
demanda da saúde; o elevado número de pacientes por atender; falta de material adequado, entre
outras.

É amplamente abordado em temas de discussão popular, assim como na literatura científica.


Permeia a vida do homem desde a Antiguidade, na luta com os animais para promover a sua
sobrevivência, por exemplo. Com o passar dos anos, várias abordagens foram surgindo. Como
pontos marcantes nesse desenvolvimento têm-se Selye (1956) que definiu o chamado stress
biológico, com a descrição da síndrome de adaptação geral (SAG).

Menzies (1960), refere que:

O problema do estresse ocupacional em profissionais da saúde e em particular em


enfermeiros é um tema contemporâneo de debate e investigação. Assim, os estudos têm
vindo a evidenciar que os enfermeiros representam uma classe profissional
particularmente exposta a elevados níveis de pressão e stress. (p. 62).

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É importante ressaltar que o estresse afecta mais na vida profissional, social e pessoal, segundo a
experiência prática vivida no sector de trabalho.

O estudo do estresse entre enfermeiros teve início por volta dos anos sessenta, quando na
realidade estrangeira surgiu a preocupação com o profissional irritado, desapontado e culpado por
não conseguir lidar com esses sentimentos, descritos por Menzies (1960). Observa-se que houve
um predomínio de trabalhos realizados primordialmente com enfermeiros que actuavam em
unidades de terapia intensiva, pois coincidiu com o início da conquista de novos espaços e novas
tecnologias por esses profissionais.

Em Moçambique, apesar da tendência crescente da melhoria das condições de trabalho do


enfermeiro, alguns fatores associados ao trabalho destes profissionais podem influenciar a
resposta às múltiplas exigências atuais do ambiente, o que pode acarretar custos para a saúde dos
indivíduos e das suas organizações.

Diante do exposto, os enfermeiros dos hospitais da cidade de Nampula, em particular do centro


de saúde de Anchilo são vulneráveis a factores estressantes, resultando num fraco aproveitamento
e desempenho dos mesmos.

A partir desse pressuposto, formula-se a seguinte pergunta de partida: Quais os fatores que
provocam o aparecimento do stress ocupacional em enfermeiros?

1.4. Justificativa

De acordo com Marconi e Lakatos (2009) “ justificativa consiste numa exposição sucinta, porém
completa, das razões de ordem teórica ou dos motivos de ordem prática que tornam importante a
realização da pesquisa” (p. 103).

Para Gil (1999), “a justificativa baseia-se na apresentação de forma clara das razões de ordem
teórica e, ou prática que justificam a realização da pesquisa da natureza científica ou académica e
deve indicar os estágios do desenvolvimento dos conhecimentos referentes do tema” (p. 145).

O stress ocupacional é um caso comum a todas as ocupações, apesar de mais simplesmente


identificado em alguns grupos específicos, onde as fontes de pressão dos locais de trabalho são
mais elevadas em relação às outras profissões.

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A profissão de enfermagem se destaca dentre as outras profissões ao desenvolvimento do estresse
ocupacional. Esses profissionais de saúde são os responsáveis directos pela assistência prestada
ao paciente, organização do sector hospitalar e por actividades administrativas e burocráticas
diversas.

A enfermagem é uma das profissões mais sujeitas ao risco de tensão e adoecimento dentro da
instituição hospitalar, pois os profissionais enfrentam condições de trabalho inadequadas, em
ambiente insalubre, com sobrecarga de trabalho e repetição de tarefas.

A saúde e o trabalho, o bem-estar físico e mental são temas relacionados a percepções subjectivas
os quais, nos últimos anos, têm sido explorados por muitos pesquisadores sob a luz do conceito
do estresse. Em geral, não se observa a preocupação com a saúde do trabalhador, principalmente
na área da saúde como um todo e, mais especificamente, na área da saúde mental.

A motivação para se realizar um trabalho, voltado para o aprofundamento do estudo do estresse


relacionado à actividade do enfermeiro, se iniciou na minha experiência profissional enquanto
enfermeira.

Como enfermeira, deparei-me com alguns enfermeiros, e o que mais me chamava à atenção era o
facto dos mesmos se queixarem bastante de sintomas como cansaço ao final do dia, irritabilidade,
dores de cabeça frequentes, uns chegando ao ponto de serem diagnosticado, o que me inquietava
mais ainda em verificar se os sintomas de stress sentidos tinham relação com a sua profissão, bem
como com suas actividades decorrentes da profissão.

Constatei de igual modo que os enfermeiros são susceptíveis a factores stressantes e as formas de
lhe dar com os estressores podem se diferenciar de enfermeiro para enfermeiro. Na actualidade,
em várias vezes, os enfermeiros optam na selecção de estratégias de gestão do stress muito
prejudicais, preferindo em beber, fumar entre outras formas nocivas de gestão. Este facto faz com
que os enfermeiros faltem aos seus postos de trabalho ou mesmo entrem no serviço, mas sem
vontade de poder trabalhar.

Neste contexto, fica evidente a importância de se estudar o estresse dos enfermeiros, pois o seu
conhecimento pode permitir no desenho de traçar estratégias de combate e controle do mesmo,
propiciando uma melhoria tanto na qualidade de vida do enfermeiro, como um melhor
desempenho no posto de trabalho.

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No processo de organização do trabalho e nos procedimentos com o portador dos diversos tipos
de transtornos mentais no hospital, há evidências de exposição contínua dos enfermeiros a
situações e factores do estresse, nas dimensões técnicas, institucionais e interpessoais que
poderão influenciar no processo de exaustão nesses profissionais.

1.5. Objectivos

1.5.1. Geral

 Compreender os factores que provoca a Síndrome de Bournet em enfermeiros no centro


de saúde de Anchilo, cidade de Nampula.

1.5.2. Específicos

 Caracterizar o perfil sociodemográfico dos enfermeiros;

 Identificar as principais causas do Síndrome de Bournet nos enfermeiros no centro de


saúde de Anchilo, cidade de Nampula;

 Descrever as causas do Síndrome de Bournet dos enfermeiros no centro de saúde de


Anchilo, c4idade de Nampula;

 Propor estratégias de prevenção do Síndrome de Bournet em enfermeiros no centro de


saúde de Anchilo.

1.6. Perguntas de Pesquisa

Tendo em conta os objectivos específicos estabelecidos acima, esta pesquisa procurou responder
às seguintes perguntas:

 Quais são as principais causas do Síndrome de Burnout nos enfermeiros no centro de


saúde de Anchilo, cidade de Nampula?
 Qual é a frequência da síndrome de burnout entre os enfermeiros do centro de saúde de
Anchilo?
 Quais são os factores de risco para o desenvolvimento da síndrome de burnout?
 Quais são os transtornos do burnout para profissional da saúde.
 Que estratégias de prevenção do Síndrome de Bournet podem ser adoptadas pelos
enfermeiros no centro de saúde de Anchilo

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CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Burnout

Na sociedade moderna, o trabalho é considerado não somente como um meio de suprir as


necessidades básicas, mas é também uma forma de busca e consolidação de um propósito maior.
É inevitável dizer que essa nova maneira de pensar traz distintas consequências. Por um lado, o
indivíduo poderá satisfazer-se por meio do exercício laboral, mas por conta de um mercado cada
vez mais exigente, competitivo e estressante, a depender de diversos factores ambientais e
pessoais, esse contexto poderá trazer sofrimento.

Um dos distúrbios emocionais ligados ao trabalho é a Síndrome de Burnout ou Síndrome do


Esgotamento Profissional.

O termo “Burnout”, de origem inglesa, designa algo que deixou de funcionar por exaustão de
energia. Pode-se dizer que a síndrome de Burnout é uma resposta ao estresse crónico vivenciado
no ambiente de trabalho.

De acordo com Ferreira (1986):

O termo burnout foi utilizado pela primeira vez por um psicólogo clínico familiar, Hebert
Freudenberger pelo ano de 1974. Porém, mesmo sendo Freudenberger a utilizar o termo
burnout pela primeira vez, foi a pesquisadora Christina Maslach, que ficou famosa por
estudar a síndrome mais profundamente, sendo conhecida como um dos pesquisadores
pioneiros sobre burnout e autora do Maslach Burnout Inventory (MBI), que consiste em
um instrumento utilizado para medir o burnout. (p.3)

Explica Freudenberger apud Ferreira (1974), "(...) burnout é falhar, desgastar-se ou sentir-se
exausto devido às demandas excessivas de energia, força ou recursos" (p.3).

O termo burnout é definido, segundo um jargão inglês, como aquilo que deixou de funcionar por
absoluta falta de energia. Metaforicamente é aquilo, ou aquele, que chegou ao seu limite, com
grande prejuízo em seu desempenho físico ou mental.

A síndrome de burnout é um processo iniciado com excessivos e prolongados níveis de estresse


(tensão) no trabalho.

A Síndrome de Burnout envolve atitudes e condutas negativas com relação especificadamente ao


trabalho (clientes, usuários, colegas, organização/empresa). É uma experiência subjectiva que
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acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização, já o quadro
tradicional de estresse envolve um esgotamento pessoal que interfere na vida do indivíduo, mas
não de modo directo na sua relação com o trabalho.

2.2. Causas da síndrome de Burnout (SB)

A síndrome de Burnout incide mais especificamente nos que se ocupam em cuidar dos demais,
estando expostos às frequentes pressões emocionais como é o caso dos trabalhadores da
educação, da saúde, policiais, assistentes sociais, agentes penitenciários, etc.

As causas da Síndrome de Burnout (SB), compreendem um quadro multidimensional de factores


individuais e ambientais, que estão ligadas a uma percepção de desvalorização profissional:

2.3. Os Principais Sintomas da Síndrome de Burnout

De Acordo com Ballone (2022), a principal característica é o estado de tensão emocional e


estresse crónicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas
desgastantes. No entanto, ela não acontece do dia para a noite, pode levar algum tempo para que
atinja o pico de estresse (p. 62).

Envolve também nervosismo, sofrimentos psicológicos e problemas físicos, como dor de barriga,
cansaço excessivo e tonturas. O estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando
frequentes, podem indicar o início da doença.

Picado (2014), refere que a OMS estabelece 3 pontos fundamentais para a sua caracterização:

 Falta de energia e exaustão: Envolve a sensação de que você foi além dos seus limites,
quando você sente que está sem recursos físicos e mentais para lidar com a situação de
trabalho.
 Distanciamento mental do trabalho: Refere-se a uma falta de reacção (o profissional se
torna insensível ao que ocorre a sua volta. Também é caracterizado por confusão,
reacções negativas e alienação).
 Redução de eficácia: A principal característica dessa síndrome é o estado de tensão
emocional e estresse crónicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e
psicológicas desgastantes.

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Benevides-Pereira (2002 p.38), mostra que os sintomas do burnout podem ser subdivididos em
Físicos, Psíquicos, Comportamentais e Defensivo.

2.3.1. Sintomas Físicos

 Fadiga constante e progressiva: a sensação de falta de energia, de vaio interno, é o


sintoma mais referido na literatura e pela maioria das pessoas acometida pelo burnout.
Muitas vezes as pessoas relatam que, mesmo depois de uma noite de sono, acordam
cansadas e sem animo para nada.
 Dores musculares ou osteomusculares: as mais frequentes são as dores na nuca e ombros.
As dores na coluna (cervicais e lombares) também possuem alta incidência. Por vezes, o
profissional que se vê “travado” por dias.
 Distúrbios de sono: apesar do cansaço e da sensação de peso nas pálpebras, a pessoa não
consegue conciliar o sono ou dorme imediatamente, acordando poucas horas depois e
permanecendo desperta apesar do cansaço. Sono agitado, pesadelos.
 Cefaléias, enxaquecas: em geral, as dores de cabeça são do tipo tensional. Há relatos
desde o latejar das têmporas, até dores persistentes e intensas em que a pessoa não suporta
nem um mínimo de som ou qualquer fio de luz.
 Perturbações gastrointestinais: podem ter intensidade que vai desde uma “queimação”
estomacal, gastrite, podendo evoluir até mesmo a uma úlcera. Náuseas, diarréias e
vômitos são referidos na literatura. Em algumas pessoas observa-se perda do apetite,
levando a um emagrecimento significativo, enquanto que em outras há um aumento no
consumo de alimentos, com consequências opostas.
 Imunodeficiência: diminuição da capacidade de resistência física, acarretando resfriados
ou gripes constantes, afecções na pele como pruridos, alergias, herpes, queda de cabelo,
aparecimento ou aumento de cabelos brancos.
 Transtornos cardiovasculares: neste item há relatos desde hipertensão arterial,
palpitações, insuficiência cardiorrespiratória, até mesmo infartos e embolias.
 Distúrbios do sistema respiratório: dificuldade para respirar, suspiros profundos,
bronquite, asma.
 Disfunções sexuais: diminuição do desejo sexual, dores nas relações e anorgasmia (no
caso das mulheres), e ejaculação precoce ou impotência (nos homens).

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 Alterações menstruais nas mulheres: atraso ou até mesmo suspensão da menstruação.

2.3.2. Sintomas Psíquicos

 Falta de atenção, de concentração: a pessoa denota dificuldade de ater-se no que está


fazendo. Parece estar sempre “distante”. Por vezes, sua atenção é selectiva, isto é, mostra-
se distraída, sem interesse concentrando-se por alguns instantes quando o assunto ou
acontecimento tenha alguma importância pessoal, voltando ao estado anterior em seguida.
 Alterações de memória, tanto evocativa como de fixação. Apresentam lapsos de memória;
muitas vezes pára de realizar uma actividade que estava em curso por não saber mais por
que a realizava, precisando retornar ao local ou momento anterior para tentar recordar-se.
 Lentificação do pensamento: os processos mentais tornam-se mais lentos, assim como o
tempo de resposta do organismo.
 Sentimento de alienação: a pessoa sente-se distante do ambiente e das pessoas que a
rodeiam, como se nada tivesse a ver com ela, como se as coisa fossem irreais.
 Sentimento de solidão: muitas vezes decorrente do traço anterior, a pessoa sente-se só,
não compreendida pelos demais.
 Impaciência: há uma constante pressão no que se refere ao tempo, sentindo que este é
sempre menor do que gostaria, torna-se intransigente com atrasos, esperar passa a ser
insuportável.
 Sentimento de impotência: há a sensação de que nada pode fazer para alterar a atual
situação, sentindo-se vítima de uma conjuntura superior às suas capacidades.
 Labilidade emocional: presença de mudanças bruscas do humor. Em um momento pode
estar bem, rindo, passando a um estado de tristeza ou agressividade em poucos minutos,
por vezes sem um motivo manifesto ou diante de um acontecimento aparentemente
insignificante.
 Dificuldade de auto-aceitação, baixa auto-estima: a imagem idealizada e a observada em
si mesmo encontram-se distantes. Sente que a percepção de si e seus ideais estão longe do
que vem apresentando, trazendo uma sensação de insuficiência, de fracasso, levando a
uma deteriorização de sua auto-imagem.
 Astenia, desânimo, disforia, depressão: realizar uma actividade mesmo que de pouca
monta, é sempre custosa. Suas reacções tardam mais que o habitual. Há um decréscimo do

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estado de animo, perda do entusiasmo, levando à disforia que sem a devida intervenção,
pode evoluir para uma depressão.
 Desconfiança, paranóia: sentimento de não poder contar com os demais, que as pessoas
se aproveitam de si e de seu trabalho, recebendo muito pouco ou nada em troca. Por
vezes, a desconfiança se acentua levando à paranóia, crendo que os demais armam
situações premeditadas apenas para prejudicá-lo intencionalmente.

2.3.3. Sintomas Comportamentais

 Negligência ou escrúpulo excessivo: como reflecte dificuldade de atenção, pode vir a


descuidar-se em suas actividades ocupacionais, podendo causar ou ser vítimas de
acidentes. Outros, por sentir essa dificuldade, passam a ter uma actuação mais detalhista,
justamente para tentar não incorrer em equívocos, acarretando lentidão nas actividades.
Pode haver também a tendência a voltar a rever várias vezes o que já foi realizado.
 Irritabilidade: Revela pouca tolerância para com os demais, perdendo muito rapidamente
a paciência. Tal atitude é até natural, considerando que esta conduta tende a aumentar em
pessoas que dormem mal.
 Incremento da agressividade: denota dificuldade em se conter, passando facilmente a
comportamentos hostis, destrutivos, mesmo que o acontecimento desencadeante não seja
de grande monta.
 Incapacidade para relaxar: apresenta constante tónus muscular, rigidez. Inclusive em
situações prazerosas, está sempre em alerta, como se a qualquer momento algo pudesse
acontecer. Não consegue desfrutar de momentos de lazer, de férias. Mesmo que se
proponha a descansar, sente como se não pudesse parar o curso do pensamento, como se
seu cérebro estivessem constante actividade.
 Dificuldade na aceitação de mudança: denota dificuldade em aceitar e se adaptar a novas
situações, pois isso demandaria um investimento de energia de que não mais dispõe. O
comportamento desta forma, torna-se mais rígido, estereotipado.
 Perda de iniciativa: também decorrente do citado acima, a pessoa dá preferência às
situações rotineiras, conhecidas, evitando tomar iniciativas que lhe exigiriam o dispêndio
de doses extras de energia, seja esta mental ou físicas.

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 Aumento do consumo de substâncias: há uma tendência ao incremento no consumo de
bebidas alcoólicas ou mesmo “cafezinho”, por vezes, fumo, tranquilizantes, substâncias
lícitas ou até mesmo ilícitas. A farmacodependência não deve ser desprezada em casos de
estresse e burnout.
 Comportamento de alto risco: pode vir a buscar actividades de alto risco, procurando
sobressair-se ou demonstrar coragem, como forma de minimizar os sentimentos de
insuficiência. Alguns autores salientam tratar-se de manifestação inconsciente no intuito
de dar fim à vida, que vem sendo sentida como tão adversa.
 Suicídio: existe maior incidência de casos de suicídios entre profissionais da área da saúde
do que na população em geral.

2.3.4. Sintomas Defensivos

 Tendência ao isolamento: um tanto pela sensação de fracasso, pela não-aceitação da


situação como esta vem se apresentando e por outro, pelo sentimento de que os outros
(clientes, colegas) é que são os responsáveis pela actual circunstância, a pessoa tende a
distanciar-se dos demais, como forma de minimizar a influencia destes e a percepção de
insuficiência.
 Sentimento de omnipotência: ainda para tentar compensar a sensação de frustração e
incapacidade, alguns reagem passando a imagem de auto-suficiência. Pode ser também
como salienta Freudenberger (1974, 1975), uma reacção ao sentimento de paranóia.
 Perda do interesse pelo trabalho (ou até pelo laser): toda a demanda de energia passa a
ser custosa, principalmente quando se atribui a esta a dificuldade que cem sentindo
quando se impulta a determinado contexto (trabalho) a manifestação da sintomatologia
apresentada;
 Absenteísmo: as faltas justificadas ou não, passam a ser uma trégua, uma possibilidade de
alívio ou uma tentativa de minimização dos transtornos sentidos.
 Ímpetos de abandonar o trabalho: a intenção de abandonar o trabalho ou mudar de
actividade passa a ser uma alternativa cada vez mais cogitada, o que vem a se concretizar
em alguns casos.
 Ironia, cinismo: é frequente o aparecimento de atitudes de ironia e cinismo tanto para os
colegas como em relação às pessoas a que o profissional presta serviços. Funciona como

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uma “válvula de escape” de seus sentimentos de insatisfação e hostilidade para com os
demais na medida em que atribui aos outros a sensação de mal estar que vem
experimentando em seu trabalho.

De acordo com Benevides-Pereira (2002):

A pessoa com a síndrome de burnout não necessariamente deva vir a denotar todos esses
sintomas. O grau, tipo e o número de manifestações apresentados dependerá da
configuração de factores individuais (como predisposição genética, experiências
socioeducacionais), factores ambientais (locais de trabalho ou cidades com maior
incidência de poluição, por exemplo) e a etapa em que a pessoa se encontra no processo
de desenvolvimento da síndrome. (p.44).
Na maioria das vezes, esses sintomas aparecem de forma leve, mas tendem a piorar com o tempo.
Assim, muitas pessoas acreditam que pode ser algo passageiro e acabam não dando tanta
importância para isso.

Ao notar qualquer sinal, é essencial a procura por uma ajuda profissional, de modo a evitar
problemas mais sérios e complicações da doença.

2.4. Tratamento da Síndrome de Burnout

O tratamento da Síndrome de Burnout começa pelas alterações na organização ou local de


trabalho. Em primeiro lugar, deve-se melhorar a organização com o objectivo de que os
trabalhadores não tenham uma sobrecarga de trabalho. Também é necessário facilitar os recursos
necessários aos trabalhadores, as ferramentas e a formação adequadas para que desempenhem as
suas funções correctamente.

 Tratamento Farmacológico: A síndrome de Burnout como tal não exige


necessariamente um tratamento medicamentoso. No entanto, esta decisão deve ser tomada
pelo especialista através de uma avaliação exaustiva do caso. O uso de medicamentos
para tratar a síndrome de Burnout dependerá da gravidade dos sintomas apresentados e
das características pessoais de cada paciente.
 Tratamento psicológico: A síndrome de Burnout deve ser abordada de forma global,
desde mudanças na organização da empresa até tratamento psicológico. Quanto ao
tratamento psicológico, consiste em conhecer a síndrome de Burnout, reconhecer os

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sintomas, entender a situação e identificar os factores que deram origem ao mesmo e os
mantêm.

De acordo com Garrosa-Hernández (2012, p. 42), para o tratamento da Síndrome de Burnout


devem seguido alguns passos a destacar:

1º - Conhecimento do problema: Esta fase consiste na exposição das diferentes teorias, o


conhecimento dos factores antecedentes, a síndrome e suas consequências, assim como das
variáveis que poderiam modular o processo, etc. Tratar-se-ia de ir construindo a situação,
aprofundando as causas que propiciaram o desenvolvimento, os sintomas característicos e as
consequências do processo burnout, reflectindo sobre todos os elementos envolvidos.

2º - Reconhecimento do problema e perfil pessoal: Os programas centrados no indivíduo


costumam enfatizar a actuação sobre as respostas de burnout. Quando se conhece o problema,
pode-se aprender a melhor identificá-lo; neste caso, os processos básicos consistem na auto-
observação e auto-avaliação. É importante que a pessoa reconheça como responde ante a uma
estimulação estressante, estabeleça um perfil pessoal de suas respostas fisiológicas, emocionais,
cognitivas e comportamentais.

3º Passo: aprendizagem de estratégia de enfrentamento: Entendendo por enfrentamento


(coping) o conjunto de acções encobertas ou manifestas que o sujeito põe em funcionamento para
manejar as demandas externas específicas e /ou internas que são avaliadas como desbordantes
dos recursos do indivíduo.

Através do uso eficaz das estratégias de enfrentamento, o sujeito procura tolerar, diminuir,
confrontar-se, aceitar ou ignorar a ameaça. Não parece adequado considerar inicialmente uma
estratégia de enfrentamento como boa ou ruim, poderia ser funcional ou disfuncional,
dependendo da eficácia no sentido da consecução dos objectivos de recuperação do equilíbrio.
Desde esta perspectiva as estratégias de enfrentamento são específicas de cada situação

2.5. Consequências da Sindrome de burnout

Muitos pontos permanecem não esclarecidos, mas os autores, de forma geral, concordam que o
burnout interfere nos níveis institucional, social e pessoal.

17
 Para a organização

A instituição tem um aumento em seus gastos (tempo, dinheiro) com a consequente rotatividade
de funcionários acometidos pelo burnout, assim como com o absenteísmo destes (Gil-Monte,
1997; Maslach e Leiter, 1997; Maslach et al., 2001; World Health Organization, 1998).

Há estudo afirmando que o burnout enfraquece o interesse de alguns membros da equipe de


saúde por práticas inovadoras, contribuindo como factor impeditivo na disseminação de condutas
baseadas em evidência (Corrigan et al., 2003; Gil-Monte, 1997; Maslach e Leiter, 1997; Maslach
et al., 2001).

Segundo Maslach e Leiter (1997):

[...] os indivíduos que estão neste processo de desgaste estão sujeitos a largar o emprego,
tanto psicológica quanto fisicamente. Eles investem menos tempo e energia no trabalho,
fazendo somente o que é absolutamente necessário e faltam com mais frequência. Além
de trabalharem menos, não trabalham tão bem. Trabalho de alta qualidade requer tempo e
esforço, compromisso e criatividade, mas o indivíduo desgastado já não está disposto a
oferecer isso espontaneamente. A queda na qualidade e na quantidade de trabalho
produzido é o resultado profissional do desgaste (p. 27).

 Para o indivíduo

O indivíduo pode apresentar fadiga constante e progressiva; dores musculares ou


osteomusculares (na nuca e ombros; na região das colunas cervical e lombar); distúrbios do sono;
cefaléias, enxaquecas; perturbações gastrointestinais (gastrites até úlceras); imunodeficiência com
resfriados ou gripes constantes, com afecções na pele (pruridos, alergias, queda de cabelo,
aumento de cabelos brancos); transtornos cardiovasculares (hipertensão arterial, infartos, entre
outros); distúrbios do sistema respiratório (suspiros profundos, bronquite, asma); disfunções
sexuais (diminuição do desejo sexual, dispareunia/anorgasmia em mulheres, ejaculação precoce
ou impotência nos homens); alterações menstruais nas mulheres (Dejours, 1992; Donatelle e
Hawkins, 1989; Silvany et al., 2000; World Health Organization, 1998).

Em relação ao psiquismo, pode apresentar: falta de concentração; alterações de memória


(evocativa e de fixação); lentificação do pensamento; sentimento de solidão; impaciência;
sentimento de impotência; labilidade emocional; baixa auto-estima; desânimo.

18
Pode ocorrer o surgimento de agressividade, dificuldade para relaxar e aceitar mudanças; perda
de iniciativa; consumo de substâncias (álcool, café, fumo, tranquilizantes, substâncias ilícitas);
comportamento de alto risco até suicídio.

 Para o trabalho

Ocorre diminuição na qualidade do trabalho por mau atendimento, procedimentos equivocados,


negligência e imprudência (Murofuse et al., 2005). A predisposição a acidentes aumenta devido a
faltas de atenção e concentração (Gil-Monte, 1997).

O abandono psicológico e físico do trabalho pelo indivíduo acometido por burnout leva a
prejuízos de tempo e dinheiro para o próprio indivíduo e para a instituição que tem sua produção
comprometida (Maslachet al., 2001).

 Para a sociedade

O indivíduo acometido por burnout pode provocar distanciamento dos familiares, até filhos e
cônjuge (Constable e Russell, 2016). Já os clientes mal atendidos arcam com prejuízos
emocionais, físicos e financeiros que podem se estender aos seus familiares e até ao seu ambiente
de trabalho.

19
CAPÍTULO III: METODOLOGIA DE PESQUISA

Neste capítulo, a autora traz as estratégias metodológicas que serão úteis durante todo o trabalho,
desde a classificação da pesquisa, os métodos e técnicas bases que serão determinantes para a
colecta de dados e o dimensionamento da amostra.

3.1. Tipo de Pesquisa

Na óptica de Andrea (2003):

A pesquisa é uma actividade interessada na procura de solução de problemas, através do


emprego de processos científicos. Que uma pesquisa deve ter resultados mais confiáveis
se for conduzida, utilizando-se conceitos, métodos e procedimentos bem definidos. Ainda,
a Metodologia Científica procura colocar à disposição o instrumental científico
metodológico básico para a iniciação na actividade de pesquisa (p. 25).
A pesquisa terá um enfoque qualitativo e dará prioridade ao contacto directo com as fontes
existentes que falam sobre o tema em destaque.

Uma pesquisa pode ser classifica em vários tipos, isto dependendo da sua abordagem, seus
procedimentos técnicos, seus objectivos, local e contexto.

Lakatos (1992), considera, agrupados em quatro grandes grupos ou método de uma pesquisa
científica, assim sendo destacam-se:

 Quanto à abordagem;

 Quanto aos objectives;

 Quanto aos procedimentos.

3.1.1. Quanto a Abordagem

Esta opção foi influenciada por Gil (2002), que afirma dizendo “a pesquisa qualitativa é a busca
de uma visão ampla, tornando necessário uma busca circunstanciada de informações para que de
outro aspecto do problema possam ser alcançados mediante outros procedimentos” (p. 31).

De acordo com a abordagem, pesquisa será qualitativa, visto que irá permitir que a autora analise
as informações obtidas por meio de técnicas indicadas para este tipo de estudo, como é o caso de
entrevista e questionário, de modo a colectar opiniões e sensibilidades dos profissionais de saúde.

20
3.1.2. Quanto aos Objectivos

De acordo com o problema levantado e os objectivos formulados, será uma pesquisa descritiva,
com o intuito de trazer com mais detalhes possíveis, as fontes da Sindrome de Burnout (SB), em
enfermeiros do centro de Saúde de Anchilo.

3.1.3. Quanto aos procedimentos

Quanto aos procedimentos, este será um estudo de campo pois, caracteriza-se pelas investigações
na base da colecta de dados junto a pessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa, pois
na perspectiva de Gil (1999), estudo de campo “é aquela que consiste em aprofundar uma
realidade específica” (p. 51).

É feita através de observação directa das actividades realizadas das entrevistas para captar
explicações e interpretações do que ocorre na realidade. Com uso deste procedimento a autora
aprofundará a pesquisa de campo, mas na perspectiva de tipo exploratória.

3.2. Técnicas de Colecta de dados

Com vista a concretizar os métodos definidos, serão usadas algumas técnicas para colecta de
dados, tais como entrevista, observação e questionário.

Existem, segundo Bogdan e Biklen (1994), Tuckman (2002) e Quivy e Campenheoudt (2003),
citados por Barbosa (2012), três grandes grupos de métodos de recolha de dados que se podem
utilizar como fontes de informação nas investigações qualitativas: observação, o inquérito, o qual
pode ser oral – entrevista – ou escrito – questionário e análise de documentos.

Neste trabalho de pesquisa serão empregadas as seguintes técnicas de colecta de dados:

3.3.1. Entrevista

A entrevista consiste no contacto entre dois ou mais sujeitos, com a finalidade de obter
informações ao respeito de um determinado assunto, mediante uma conversação de
natureza profissional. A entrevista é uma das técnicas usadas na investigação social para a
colecta e tratamento de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um
problema social (Marconi e Lakatos, 2009, p.195).
A utilização desta técnica será através de um guião contendo questões abertas, que serão dirigidas
aos profissionais da Saúde, que serão envolvidos na pesquisa; Estes serão entregues com uma
antecedência de 24 horas e a entrevista decorrerá de forma separada, de modo a evitar a
influenciação das respostas de cada um. Dada a sua concepção, tratar-se-á de uma entrevista
21
semi-estruturada, onde haverá o seguimento rígido das perguntas constantes no guião, sem
recurso a outras complementares.

A entrevista desenvolve-se de maneira metódica e proporciona aos entrevistados verbalmente, a


informação necessária (Gil 2002, p. 38). É uma outra técnica de colecta de dados, através do
diálogo face a face.

Todos os entrevistados serão informados da existência de um trabalho de investigação, sendo


inteirados acerca da temática do presente estudo. As entrevistas serão individuais, anónimas,
confidenciais, sendo a informação recolhidas utilizada exclusivamente para os fins acordados.

A entrevista semi-estruturada será realizada de acordo com um formulário elaborado pela autora
e será efectuada exclusivamente para pessoas seleccionadas de acordo com um plano. Neste caso,
a pesquisador será livre para elaborar suas perguntas para aquela situação.

Para Trivinos (1987) “a entrevista semi-estruturada tem como característica questionamentos


básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa. Os
questionamentos dariam frutos a novas hipóteses surgidas a partir das respostas dos informantes”
(p. 146).

O processo de selecção dos entrevistados será feito em função das questões de interesse do estudo
e também das condições de acesso e permanência no campo e da disponibilidade dos sujeitos
seleccionados.

3.3.2. Observação directa

A observação directa “constitui elemento fundamental para a pesquisa”, pois é a partir dela que é
possível delinear as etapas de um estudo: formular o problema, construir a hipótese, definir
variáveis, colectar dados e etc. (Cfr. Gil, 1999).

Por outro lado, Rúdio (2002), refere que:

o termo observação directa possui um sentido mais amplo, pois não trata apenas de ver,
mas também de examinar e é um dos meios mais frequentes para conhecer pessoas,
coisas, acontecimentos e fenómenos. Também é chamada de estudo naturalista ou
etnográfico em que o pesquisador frequenta os locais onde os fenómenos ocorrem
naturalmente (p. 126).
Nisto, os autores a cima destacados concordam que a observação directa é a aplicação dos
sentidos humanos para obter determinada informação sobre aspectos da realidade.
22
Como forma de conciliar as informações fornecidas pelos inquiridos e entrevistados, a autora
optará por usar a observação directa, de modo a entrar em contacto físico com o fenómeno em
estudo, bem como com o relacionamento entre os indivíduos envolvidos na pesquisa.

Para Marconi & Lakato (1999), a utilização da observação directa, consiste na participação real
do conhecimento da vida da comunidade, do grupo ou de uma situação determinada.

Uma vez que esta técnica auxilia a pesquisadora na identificação e a obtenção de provas a
respeito de objectivos pretendidos, este método ajudará a autora a obter respostas directas em
primeira mão e, também permitirá descobrir novos aspectos inerentes ao síndrome de Bournet
nos enfermeiros no centro de saúde de Anchilo.

3.3.3. Questionário

De acordo com Silva (2001), “o questionário constitui de uma forma rápida e relativamente
barata de recolher um determinado tipo de informações ou seja, é uma série ordenada de
perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante” (p. 104).

Porque o questionário constitui um elemento que permite de forma flexível a colecta de dados a
um número elevado de elementos duma amostra, a autora prefere aplicar esta técnica para os
indivíduos participantes da pesquisa.

A escolha desta técnica tem objectivo fundamental de assegurar o anonimato e a liberdade dos
questionados, uma vez que estes preencherão apenas os dados solicitados sem necessidade de
identificação, embora em alguns casos, na presença da pesquisadora. Assim, será usado um
formulário contendo perguntas mistas para que cada um possa exprimir livremente as suas
opiniões bem como para evitar limitar as opiniões dos inquiridos.

3.4. Universo e amostra

3.4.1. Universo

De acordo com Franke (2014), “o universo é o conjunto de elementos sobre os quais se desejam
informações, ou seja, nosso universo de estudo” (p. 3).

Nesta pesquisa, fazem parte do universo os enfermeiros do centro de saúde de Anchilo.

23
3.4.2. Amostra da pesquisa

De acordo com Silva & Minezes (2002). “uma amostra é todo subconjunto de elementos retirado
de uma população, para obter informações sobre essa população. Para este autor, as amostras são
colectadas e estudadas para trazer informação sobre a população” (p. 3).

Como forma de garantir uma boa representatividade do universo, a amostra do presente estudo
foi formada a partir de grupos estratificados, onde foram envolvidas 10 enfermeiros, cuja a
escolha foi feita de forma aleatória.

3.5. Cronograma

Severino (2002), define cronograma como “a indicação do tempo necessário para desenvolver
cada uma das etapas da pesquisa” (p.5).

Período de actvidades: 2023-2024


Actividades Novembro Dezembro Janeiro
Levantamento da Literatura X
Montagem do projecto X
Colecta de dados X
Tratamento dos dados X
Análise e interpretação de dados X
Redacção da Pesquisa X
Revisão da Pesquisa X
Entrega da pesquisa X X

Fonte: A autora (2023)


3.6. Descrição do Orçamento

Orçamento é a distribuição de vários gastos por itens, que devem ser necessariamente separados
da pesquisa, (Severino, 2002, p.54).
Descrição do material Quantidade Preço unitário Preço total
Esferográficas 01 10,00 10,00
Lápis 01 5,00 5,00

24
Afiadores 01 20,00 20,00
Borracha 01 10,00 10,00
Corrector 01 50,00 50,00
Dispositivo (Flash) 01 500,00 500,00
Laptop 12,000 12,000 12000
Papel A4 50 50,00 50,00
Total ---------------------------------------------------------------------------------- 12, 645

Fonte: A autora (2023)

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Bibliografia

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