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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA - ISTA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


CURSO DE PSICOLOGIA - OPÇÃO CLÍNICA

DISTÚRBIO ESQUIZOFRÉNICO: A RELAÇÃO EMPÁTICA ENTRE


PSIQUIATRAS E PACIENTES ESQUIZOFRÉNICOS
ESTUDO DE CASO: HOSPITAL PSIQUIÁTRICO DE LUANDA

LEANDRO FRANCISCO XITA

LUANDA, 2021
LEANDRO FRANCISCO XITA

DISTÚRBIO ESQUIZOFRÉNICO: A RELAÇÃO EMPÁTICA ENTRE


PSIQUIATRAS E PACIENTES ESQUIZOFRÉNICOS
ESTUDO DE CASO: HOSPITAL PSIQUIÁTRICO DE LUANDA

Pré-projecto apresentado ao Curso de Psicologia Clínica como


requisito parcial ao desenvolvimento do trabalho de fim do
curso, sendo professor do Projecto Final: Eduardo
Kediendelelako.

PALANCA, 2021
Índice

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................4
1.1. Formulação do Problema..........................................................................................5
1.2. Objectivos da Pesquisa.............................................................................................5
1.2.1. Objectivo geral......................................................................................................5
1.2.2. Objectivos específicos...........................................................................................5
1.3. Hipóteses da Pesquisa...............................................................................................6
1.4. Justificativa do Tema................................................................................................6
1.5. Delimitação do Estudo..............................................................................................7

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................8
2.1. Breve histórico do distúrbio esquizofrênico e da relação empática entre psiquiatras
e pacientes...................................................................................................................................8
2.2. Definição de conceitos..............................................................................................8
2.3. Sinais e Sintomas do distúrbio esquizofrênico.........................................................9
2.4. Causas do distúrbio esquizofrênico..........................................................................9
2.5. Diagnóstico do distúrbio esquizofrênico................................................................10
2.6. Tratamento do distúrbio esquizofrênico.................................................................11

3. METODOLOGIA DA PESQUISA........................................................................12
3.1. Método de pesquisa................................................................................................12
3.2. Tipo de pesquisa.....................................................................................................12
3.2.1.Quanto ao paradigma será qualitativa..................................................................12
3.2.2. Quanto aos procedimentos será de campo...........................................................13
3.2.3. Quanto aos objectivos será descritiva..................................................................13
3.3. População e Amostra..............................................................................................13
3.4. Instrumento de colecta de dados será a entrevista..................................................14
3.5. Unidade de análise..................................................................................................14
4. CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES.................................................................15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................16
1. INTRODUÇÃO

No mundo em que vivemos e nos dias de hoje, as doenças do fórum psicológicos não
são muito levadas com seriedade por falta de informação das pessoas a respeito do assunto.
Na verdade, esse fenómeno tem sido muito recorrente principalmente porque parte dos
serviços ligados a saúde mental pouco ou nada tem expandido a respeito dos vários
transtornos mentais. No presente trabalho, perspectivo trazer a luz da ciência, noções gerais a
respeito do transtorno esquizofrênico, principalmente da interação psiquiatra-paciente tendo
em conta a relação empática que deve ser um dos grandes focos do técnico nesse contacto.

A esquizofrenia é entendida como um transtorno caracterizado geralmente por


distorções fundamentais e características do pensamento e da percepção por afecto
inadequado ou embotado. No caso do paciente diagnosticado com esquizofrenia, o tipo mais
comum é a esquizofrenia paranoide, o quadro clínico é denominado por delírios
relactivamente estáveis com frequência paranoide, usualmente acompanhados por alucinações
particularmente da variedade auditiva, e perturbações da percepção. Nos casos crónicos os
sintomas floridos persistem por anos e é difícil distinguir episódios bem delimitados, o
começo tende a ser mais tardio do que nas formas hebefrénica e catatónica. (CID-10, 1993, p.
85).

A empatia é vista como a capacidade de perceber o quadro interno de referência de


outra pessoa com precisão como se fosse a outra pessoa. A Relação Médico-Paciente (RMP)
vai além do encontro situacional entre esses dois intérpretes, algo maior do que fazer
perguntas e exames físicos, receitar medicamentos e prescrever condutas. Estudos sugerem
que a RMP mescla habilidades técnicas e pessoais. Frente ao dissabor de atuações médicas
homogeneizantes que ignoram a pessoalidade intrínseca de cada vivente, a empatia surge de
forma prática na RMP para promover grandes avanços diametralmente opostos a estas
práticas. Empatia, no contexto médico, remete à sensibilização do médico pelas mudanças
sentidas e refletidas, momento a momento, pelo paciente. Talvez a empatia encontre seu
significado mais compreensível na célebre frase de Ambroise Paré: “curar ocasionalmente,
aliviar frequentemente e consolar sempre”.

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Como sabemos, os cuidados ligados a saúde mental, devem ser redobrados
principalmente para não levar os pacientes a entrarem em estágio agudo do seu transtorno.
Assim, nesse pré-projecto apresentarei apenas os tópicos que serão seguidos para a elaboração
da minha monografia. Pelo que, o mesmo está apresentado em quatro pontos fundamentais,
nomeadamente a introdução que abarca a formulação do problema, os objectivos, as
hipóteses, a justificativa bem como a delimitação do tema; a fundamentação teórica que traz
consigo noções a respeito do assunto na visão de certos autores. A parte metodológica que
apresenta os tópicos como o método de pesquisa, tipo de pesquisa, o paradigma utilizado, o
procedimento e objectivo da pesquisa, a população e amostra, instrumento de colecta de
dados, e a unidade de análise; o cronograma de actividades, que apresenta as etapas que
seguirei na execução da pesquisa; e por último, apresentação das referências bibliográficas.

1.1. Formulação do Problema

O problema é formulado em forma interrogativa, pois desta maneira indica


directamente «o quê» estudar e suscita a busca da resposta. Deve-se situar a formulação do
problema em um espaço, quer dizer, o contexto físico em que se produzirá o estudo. Dever-
se-á, ainda, indicar o tempo, para «contextualizar em tempo histórico no que ganha
significado» (VIEYTES, 2004, p.58).

A saúde mental é tão importante quanto a saúde física para o bem-estar dos indivíduos,
das famílias e da sociedade em geral. As perturbações mentais em particular a esquizofrenia
representa uma das principais causas de morbilidade no mundo e prevê-se que a partir do ano
de 2020 até o ano de 2025, um aumento significativo da frequência da mesma nos países em
desenvolvimento (COMISSÃO MULTISSECTORIAL PRESIDENCIAL, 2012, p.114-118).

Em Angola não conhecemos de momento o número exato das pessoas que sofrem de
esquizofrenia, mas sabemos que ela está associada a causas neurológica, e a utilização de
substâncias psicoactivas, a tendência de pessoas com este distúrbio é de aumentar. Angola
apresenta antecedentes que tiveram um forte impacto na saúde mental nomeadamente a
exposição às consequências da guerra enquanto factor de risco. Mais recentemente outros
elementos que afectam a saúde mental dos angolanos são: a violência doméstica, o estresse da
vida moderna particularmente no meio urbano (Ibidi).

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Conheci dois jovens que se tornaram meus amigos um deles vive no Cazenga, e o
outro no Mártires. O triste é que eu fiquei a saber através dos familiares deles que eles foram
diagnosticados com esquizofrenia do tipo leve. Com o decorrer do tempo os sintomas foram
se intensificando e os familiares dos jovens sentiram a necessidade de leva-los para o hospital
psiquiátrico para fazer tratamento, eles foram notando que quando íam para o hospital eram
mal recebidos pelos recepcionistas, e os psiquiatras demonstravam desinteresse e falta de
empatia ao atender estes pacientes. A partir deste problema da falta de empatia na relação
entre esses profissionais e os dois pacientes eu formulo a seguinte questão.

 Que importância tem a relação empática entre psiquiatras e pacientes


esquizofrénicos no Hospital Psiquiátrico de Luanda?

1.2. Objectivos da Pesquisa

Para Marconi e Lakatos (2011, p.24) “toda pesquisa deve ter um objectivo
determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar”. Segundo as
autoras (2011) os objectivos tornam claro o problema de pesquisa, possibilitando ao
pesquisador aumentar seus conhecimentos sobre o assunto ou tema tratado. Teremos assim os
seguintes objectivos para a nossa pesquisa:

1.2.1. Objectivo geral


 Compreender a importância da relação empática entre psiquiatras e pacientes
esquizofrénicos atendidos no Hospital Psiquiátrico de Luanda.
1.2.2. Objectivos específicos

1. Caracterizar a amostra de acordo com os dados sociodemográficos (idade, género,


estado civil, tempo de serviço).
2. Citar as causas do distúrbio esquizofrénico aos pacientes atendidos nessa unidade
hospitalar.
3. Apresentar novas formas ou técnicas para lidar com a relação entre Psiquiatras e
Pacientes, face ao seu processo de cura.
4. Avaliar a relação empática existente entre Psiquiatras e Pacientes esquizofrénicos.
5. Buscar em bibliografias, noções gerais a respeito da esquizofrenia bem como do
impacto que tem a empatia no processo interactivo entre psiquiatras e pacientes.

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1.3. Hipóteses da Pesquisa

Segundo Gil (2007, p.184), uma hipótese é uma suposição que se faz na tentativa de
explicar o problema formulado em relação ao tema da pesquisa. A hipótese é provisória,
podendo ser posteriormente confirmada ou negada.

H1: Facilita a aproximação dos profissionais aos seus pacientes e a família, bem como
a comunicação entre o binómio psiquiatra/paciente, psiquiatra/família.
H2: Ajuda no tratamento do paciente e da sua doença, bem como na sua recuperação, e
posteriormente a alta.
H3: Cria uma boa imagem para o hospital de modo geral, particularmente a equipa
multidisciplinar.
H4: Possibilita a obtenção dos resultados precisos do diagnóstico da esquizofrenia.

1.4. Justificativa do Tema

A escolha da temática reside por um lado no facto de ser um tema que desperta
interesse próprio, resultante de preocupações surgidas durante as aulas no ISTA. Trata-se de
um tema pouco explorado a nível nacional. Um importante aspecto que motivou-me a
escolhê-lo, é por querer expandir os conhecimentos relacionados aos distúrbios
esquizofrênicos e por ter tido contacto com algumas pessoas que foram diagnosticadas com
esse distúrbio.

A esquizofrenia é ainda uma doença socialmente escondida, e as pessoas com


esquizofrenia são muitas vezes marginalizadas, ignora-se o sofrimento humano e a tragédia
pessoal e familiar que a doença acarreta. Mesmo a elevada prevalência desta doença na
população nada modificou a consciência social da esquizofrenia. As resistências em aceitar
esta doença, a necessidade de esconder o caráter devastador da sua sintomatologia e o
abandono relativo a que os doentes e familiares têm sido votados, são apenas alguns dos
factos que têm marcado a história das atitudes sociais face a esta patologia. Vivemos numa
sociedade que não compreende, e como tal, marginaliza e exclui os que sofrem desta doença,
e persiste o medo do que parece estranho e incompreensível. A esquizofrenia é uma doença
que afecta profundamente a família e o meio em que o doente vive.

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Pelo que fazendo a mesma pesquisa, estaremos de certa forma ajudando a sociedade a
sanar as preocupações que as pessoas têm tido quando levam os seus familiares a psiquiatria,
deixando-os aos cuidados dos psiquiatras. Para a ciência, poderá servir como incremento para
as ciências ligadas ao homem, particularmente a psicologia que tem consigo o comportamento
humano como meta, alias, por se tratar de um estudo recente, e porque a ciência não é
estática, esse estudo pode servir como fonte para o alargamento da ciência como tal.

Para o ISTA, poderá servir de material de consulta para os actuais ou futuros


estudantes que pretendam pesquisar a respeito do assunto em causa, uma vez que se trata de
uma pesquisa a nível do campo da Psicologia de forma geral. Além disso, poderá ajudar os
docentes que pretenderem alargar os seus conhecimentos a respeito do tema. Para o Hospital
Psiquiátrico de Luanda, poderá ajudar aos técnicos dessa instituição, a reverem a forma como
lidam com esses pacientes, a fim de os chamar para uma assistência mais humanizada e cada
vez melhor, face a nova realidade mundial.

1.5. Delimitação do Tema

Segundo Gil (2007, p. 162), a delimitação do tema é a definição de qual enfoque do


tema será explicitado no desenvolvimento do trabalho. A delimitação pode ser entendida
como restrição/delimitação do universo da pesquisa. Delimitar é indicar a abrangência do
estudo, estabelecendo os limites de tempo e espaço, bem como os conceituais do tema.

A pesquisa subordinada ao tema distúrbio esquizofrénico: a relação empática entre


psiquiatras e pacientes esquizofrénicos será efectuada no Hospital Psiquiátrico de Luanda,
situado na rua Amílcar Cabral, distrito urbano da Maianga, município da Ingombota, no
período de Maio a Agosto de 2021.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Definição de conceitos

Distúrbio: É uma alteração nas condições físicas ou mentais do indivíduo que afecta o
funcionamento de algo em sua rotina, e geralmente tem origem de fácil identificação. Essa
perturbação pode interromper ou afectar o desenvolvimento neurológico, o hábito alimentar, a
interacção social, e anormalidades físicas (ESTÂNCIA BELA VISTA, 2019).

Esquizofrenia: Segundo Silva (2006, p.1), é uma psicose cronica idiopática,


aparentando ser um conjunto de diferentes doenças com sintomas que se assemelham e se
sobrepõem.

Empatia: Segundo Clark é a capacidade única de um ser humano sentir as


experiências, necessidades, aspirações, frustrações, tristezas, alegrias, ansiedades, dores ou
raivas de um outro como se fossem suas (João, 2019, p.4).

Psiquiatra: De acordo com Costa (2009), é um médico especializado no cuidado da


saúde mental por meio do tratamento da doença mental, através do modelo biomédico de
abordagem das perturbações psíquicas incluindo o uso de medicamentos.

Paciente: Na visão de Saito (2013), é a pessoa que necessita de cuidados especiais e


amparo por um período curto, médio ou longo. É alguém que se encontra internado com
fragilidade e necessidade de cuidado individualizado, pois cada pessoa se fragiliza e enfrenta
a situação de uma forma particular.

Hospital: Conhecido como nosocómio, é um local destinado ao atendimento de


doentes para proporcionar o diagnóstico que pode ser de vários tipos (laboratorial, clínico,
cinesiológico – funcional) e o tratamento necessário (MIRADOR INTERNACIONAL, 1987).

Psiquiatria: Segundo Santana (2006), é um dos ramos da medicina o qual se direciona


para o estudo das perturbações psíquicas humanas, tem como objectivo evitar que elas
ocorram, diagnosticar, e trata-las quando já se encontram em curso.

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2.2. Breve histórico do distúrbio esquizofrénico e da relação empática entre psiquiatras e
pacientes esquizofrénicos

A esquizofrenia começou a ser melhor definida pela psiquiatria no final do século


XIX. Caracterizada pelo psiquiatra alemão Emil Kraepelin como uma doença grave que
evoluía de forma crônica e com alteração progressiva da capacidade intelectual durante a
juventude ou início da fase adulta, a esquizofrenia foi denominada, inicialmente, demência
precoce.

Já na primeira década do século XIX, o psiquiatra suíço Eugen Bleuler observou,


principalmente, fragmentação do pensamento e das emoções durante os surtos agudos da
demência precoce. Essa observação fez com que Bleuler substituísse o nome dessa condição
por esquizofrenia, de “esquizo” - cisão e “frenia” - mente (Andreasen, 2000).

A palavra “Einfuhlung” foi criada em 1873 por Robert Vischer, historiador de arte e
filósofo Alemão. Ele utilizou-a para descrever o sentimento evocado no observador por uma
obra de arte. Em 1903 Wilhelm Wundt, o pai da psicologia experimental, utilizou
“Einfuhlung” pela primeira vez no contexto das relações humanas. Em 1905, Sigmund Freud
utilizou-a para descrever o acto de uma pessoa se por na pele de outra. Em 1918 Southard foi
o primeiro a descrever a importância e as vantagens da empatia na relação médico-paciente.

2.3. Sinais e Sintomas do distúrbio esquizofrénico

Os sintomas da esquizofrenia são classificados em sintomas positivos (caracterizados


por distorção do funcionamento normal de funções psíquicas) e sintomas negativos
(caracterizados por perda de funções psíquicas). Crow, na década de 80, aprofundou essa
análise e propôs uma classificação da esquizofrenia levando em conta que as drogas
antipsicóticas clássicas atuam sobre os sintomas positivos, enquanto os sintomas negativos
não respondem significativamente a elas. Esses sintomas tendem a se agravar ao longo da
doença, caracterizando a esquizofrenia residual. No início dos estudos, utilizando ligantes
específicos e tomografia computadorizada, havia sido observado que os sintomas positivos
estavam diretamente relacionados com o aumento do número de receptores de dopamina, e os
sintomas negativos estavam associados a alterações cerebrais nos ventrículos do hemisfério
esquerdo.

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Com base principalmente nesses dados, Crow propôs a classificação da esquizofrenia
em dois tipos: Tipo I e Tipo II. A síndrome Tipo I seria uma psicose funcional, caracterizada
por hiperfunção dopaminérgica e sintomas positivos. Esse tipo de esquizofrenia poderia ser
tratado pelos antipsicóticos. Já a síndrome Tipo II seria uma psicose orgânica, caracterizada
por prejuízo cognitivo persistente e irreversível.

Embora a distinção entre os sintomas positivos e negativos seja aplicada na prática, ela
promove uma simplificação que não está de acordo com a realidade clínica, pois muitos
pacientes têm ambos os tipos de sintomas, positivos e negativos. Outro dado que contraria
essa distinção sintomatológica é a não seletividade da relação entre os sintomas negativos e o
aumento dos ventrículos cerebrais. Efectivamente alguns cientistas argumentam que a
dilatação dos ventrículos também ocorre em outras desordens afetivas (Buckley & Meltzer,
1995; Crow, 1980; Graeff, 1989; Shirakawa, 1993).

2.4. Causas do distúrbio esquizofrénico

Há um consenso em atribuir a desorganização da personalidade, verificada na


esquizofrenia, à interação de variáveis culturais, psicológicas e biológicas, entre as quais
destacam-se as de natureza ambientais e genéticas como sendo as causas prováveis da
esquizofrenia. As causas da esquizofrenia ainda são desconhecidas, contudo, sabemos que é
uma patologia complexa e multifatorial, podendo atribuir-se a desorganização da
personalidade verificada na esquizofrenia à interacção de variáveis culturais, psicológicas e
biológicas, entre as quais se destacam as de natureza genética (Schork et al., 2006).

A partir do seculo XIX, os alienistas começaram a associar a esquizofrenia a


determinadas famílias. Durante décadas foram realizados vários estudos com familiares de
doentes esquizofrénicos que demonstraram uma forte correlação entre o grau de parentesco e
a probabilidade de desenvolver a doença. Indivíduos com predisposição familiar para
esquizofrenia possuem diversas alterações estruturais no cérebro, incluindo tamanho reduzido
e ventrículos aumentados, que são características dos doentes com esquizofrenia.

Indivíduos sem nenhum familiar esquizofrénico têm 1% de probabilidade de virem a


desenvolver a doença, para os que tem algum familiar distante com esta patologia essa
probabilidade aumenta para 3 a 5%. No caso de indivíduos com um familiar directo com a

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doença o risco e de 10%, e para os gémeos verdadeiros a probabilidade aumentam para cerca
dos 65%.

2.5. Diagnóstico do distúrbio esquizofrénico

Não existe um exame específico para o diagnóstico da esquizofrenia, sendo este


realizado através da análise conjunta dos sintomas que o paciente apresenta e pela história
clínica de como estes surgiram e se desenvolveram. Técnicas de mapeamento cerebral têm
sido desenvolvidas com o intuito de permitir detectar ou determinar a existência de sinais de
perda tecidual em partes do cérebro ou correlacionar estruturas anormais com sintomas
específicos (Bandura et al., 2001; Sanches, 2004).

Segundo o DSM-V da Associação Americana de Psiquiatria, a esquizofrenia é


diagnosticada quando se observarem dois dos cinco tipos de sintomas: alucinações, delírios,
desorganização da fala, desorganização do comportamento e sintomas negativos. Uma vez
preenchidos estes requisitos, o indivíduo esquizofrénico tem de mostrar uma deterioração a
partir de um nível anterior de funcionamento, em áreas como trabalho, relações sociais e
cuidados de si mesmo. Para confirmar o diagnóstico, os sintomas devem provocar disfunção
social/ocupacional e persistir por um período mínimo de seis meses. A utilização/efeito de
substâncias psicotrópicas deve ser excluída para a realização do diagnóstico (APA, 1994).

2.6. Tratamento do distúrbio esquizofrénico

As ilações terapêuticas, que resultam da doutrina bleuleriana, têm grande alcance


prático. A substituição da noção de demência, equivalente à de perda irreparável das
faculdades psíquicas, pela de esquizofrenia, ou desvio dessas faculdades, consequente à perda
do contacto com o ambiente, tornou admissível a possibilidade do restabelecimento desse
contacto, isto é, da cura dos esquizofrénicos.

Com a introdução dos neurolépticos na década de 1950, a quantidade de pacientes


internados diminuiu rapidamente. Infelizmente, pacientes bastante incapacitados muitas vezes
eram devolvidos à sociedade despreparados para enfrentar as demandas das integrações social
e profissional. Dentro desta perspectiva, a farmacoterapia antipsicótica deve fazer parte de
uma abordagem terapêutica ampla e abrangente visando à reabilitação psicossocial do
paciente.
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Enquanto a medicação neuroléptica pode reduzir os sintomas positivos e prevenir
recaídas psicóticas, o apoio psicoterapêutico e o treinamento de estratégias de enfrentamento e
manejo de situações de vida ajudam o paciente a adaptar-se ao ambiente e a enfrentar o
estresse, sendo que as intervenções familiares e socioprofissionais modificam factores
ambientais de acordo com a capacidade do paciente.

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3. METODOLOGIA DA PESQUISA

De acordo com Andrade, (2001, p.111), “Metodologia é o conjunto de métodos ou


caminhos que são percorridos na busca do conhecimento”.

3.1. Método de pesquisa

O método é o conjunto das actividades sistemáticas e racionais que, com maior


segurança e economia, permite alcançar o objectivo - conhecimentos válidos e verdadeiros,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. A
partir dos métodos com as hipóteses damos resposta ao problema (LAKATOS, MARCONI,
2011, p.83).
Para a pesquisa em questão, usarei o método hipotético-dedutivo. Segundo Castilho,
Borges e Pereira (2014, p.21), o método hipotético-dedutivo formula-se uma hipótese,
testando a ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese. São as variáveis que persistem
como válidas resistindo às tentativas de falseamento. Segundo Mezzaroba e Monteiro (2009,
p. 68-69 apud Castilho, Borges e Pereira, 2014, p.21) no método hipotético dedutivo.
[...] o pesquisador elege o conjunto de proposições hipotéticas que acredita serem
variáveis como estratégia de abordagem para se aproximar de seu objeto. No
decorrer da pesquisa, essas hipóteses podem vir a ser comprovadas ou não mediante
a experimentação, ou seja, a verificação de seu alcance e consistência. Perceba-se
bem são hipóteses viáveis, isto é, que poderão ser perfeitamente sustentadas durante
a verificação, pelo menos em primeiro momento.

3.2. Tipo de pesquisa

A pesquisa seguida para a realização deste estudo passará numa primeira fase, por uma
pesquisa bibliográfica, e análise documental de publicações e artigos com vista à revisão da
literatura sobre o tema em estudo, a fim de apresentar as diferentes perspectivas dos principais
conceitos abordados ao longo do trabalho, por conseguinte, usarei os dados que, serão
recolhidos na minha unidade de análise.

a) 3.2.1. Quanto ao paradigma será qualitativa

Para a concretização da presente pesquisa científica, seguirei as directrizes de


pesquisas qualitativas. Essa que na visão de Silva e Karkotli (2011, p.10), considera que há
uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o
mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser traduzido em números.

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A interpretação dos fenómenos e a atribuição de significados são básicas no processo
de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente
natural é a fonte directa para colecta de dados e o pesquisador é o instrumento chave. (GIL,
1999). A pesquisa qualitativa utiliza técnicas de dados como a observação participante,
história ou relato de vida, entrevista e outros.

b) 3.2.2. Quanto aos procedimentos será de campo

Segundo Gil, (2007), “envolve a interrogação directa de pessoas cujo comportamento


se deseja conhecerem a cerca do problema estudado, para em seguida mediante análise
quantitativa, identificar as conclusões correspondentes aos dados colectados. O levantamento
feito com informações de todos os integrantes do universo da pesquisa origina um censo”.

c) 3.2.3. Quanto aos objectivos será descritiva

De acordo com Gil (2007):


Visa descrever as características de determinada população ou fenómeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. A forma mais comum de apresentação é
o levantamento em geral realizado mediante questionário ou observação sistemática
que oferecem uma descrição da situação no momento da pesquisa. Metodologia
indicada para orientar a forma de colecta de dados quando se pretende descrever
determinados acontecimentos.

Gil (2007), afirma que esse tipo de pesquisa é direccionado a pesquisadores que têm
certo conhecimento aprofundado a respeito dos fenómenos e problemas estudados.

3.3. População e Amostra

Para Prodanov e Freitas (2013, p.98), a população (ou universo da pesquisa) é a


totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características definidas para um
determinado estudo. A definição da população-alvo tem uma influência directa sobre a
generalização dos resultados. Amostra é parte da população ou do universo, selecionada de
acordo com uma regra ou um plano. Refere-se ao subconjunto do universo ou da população,
por meio do qual estabelecemos ou estimamos as características desse universo ou dessa
população.

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Terei como população o número geral da equipa multidisciplinar do Hospital
Psiquiátrico de Luanda, de onde serão retirados apenas profissionais ligados a saúde mental
para constituírem os meus sujeitos de pesquisa, num total de 7, tendo então como amostragem
não probabilística por acessibilidade ou por conveniência.

Amostras por acessibilidade ou por conveniência: constituem o menos rigoroso de


todos os tipos de amostragem. Por isso mesmo são destituídas de qualquer rigor estatístico. O
pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que esses possam de alguma
forma representar o universo. Aplicamos esse tipo de amostragem em estudos exploratórios
ou qualitativos, em que não é requerido elevado nível de precisão (Prodanov e Freitas, 2013,
p.98).

3.4. Instrumento de colecta de dados será a entrevista

De acordo com Silva e Karkotli (2011, p.92), a entrevista consiste na formulação de


perguntas oralmente e as respostas registradas pelo próprio entrevistador. Ela pode ser
estruturada (segue um roteiro previamente elaborado); guiada (há um inventário mínimo de
perguntas que não deixa o respondente totalmente livre para seus comentários) e não-
estruturada (o entrevistador estimula o assunto e deixa o respondente livre para construir suas
considerações). Na minha pesquisa, utilizarei a entrevista estruturada.

3.5. Unidade de análise

Terei como unidade de análise o Hospital Psiquiátrico de Luanda, situado na Maianga,


rua Amílcar Cabral.

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4.CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES

Meses
Jan. Fev. Março Abr. Maio Junho Julho Agost. Set.
ACTIVIDADES
2021 2021 2021 2021 2021 2021 2021 2021 2021
Levantamento bibliográfico X          
Elaboração do Pré-projecto   X X X          
Entrega do Pré-projecto           X      
Pesquisa bibliográfica         X X      
Levantamento de dados em campo           X    
Discussão e análise e tratamento dos
dados             X    
Elaboração do TFC             X  
Entrega do TFC               X  
Previsão da defesa                 X

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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nº1, p.12-22, São Paulo.

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BANDURA, F. et al. (2001). A study of cronical computer tomograms in very early and
early onset schizophrenia. J Neural Transm. 108 (11), p.1335-1344.

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Itumbiara/GO. Ulbra. p.21, Itumbiara.

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Paulo.

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