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INSTITUTO TÉCNICO DE SAÚDE DO SEQUELE

CURSO DE ENFERMAGEM
DISCIPLINA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL

TEMA:
DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS

Sala: 10
Turma: B
Turno: Tarde
Grupo n˚ 3

A Docente

________________________

Maria Manuel, Lic.

Luanda – Cacuaco
2023

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INSTITUTO TÉCNICO DE SAÚDE DO SEQUELE
CURSO DE ENFERMAGEM
DISCIPLINA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL

TEMA: DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS

DISCENTES:
N˚ Nome: Nota individual Nota colectiva
1 Abiúde Pedro
2 Albertina Patricia
3 Augusta Antonio
4 Beatriz Jamba
5 Bibiana Nsaku
6 Georgina Domingos
7 Márcia Simão
8 Mónica Ferraz
9 Sandra de Sousa
10 Sílvia Kuanzambi
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A Docente

________________________

Maria Manuel, Lic.

Luanda – Cacuaco
2023

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AGRADECIMENTOS
No final deste trabalho não podemos deixar de expressar os nossos sinceros
agradecimentos às pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
concretização desta investigação. Assim, as minhas palavras de apreço e gratidão
vão para:
- Primeiramente a Deus, pela vida e, por proporcionar-nos perseverança,
entusiasmo diante dos obstáculos que surgiram no decorrer da pesquisa;
- A nossa Professora, pela escolha do tema tão pertinente, a total
disponibilidade dos colegas do grupo, pelas suas sugestões sempre pertinentes, o
incondicional apoio até a concretização desta investigação;
- As nossas famílias, especialmente aos nossos pais, irmãos, e amigos.

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ÍNDICE

1.INTRODUÇÃO..............................................................................................4

2. DESENVOLVIMENTO.................................................................................

2.1. Breve historial.........................................................................................

2.2. Conceitos.................................................................................................

2.3. Abordagens Psicossomáticas...................................................................

2.4. DSM e CID na investigação da somatização.............................................

2.5. Doenças rotuladas como Psicossomáticas (Clássicas ou Maiores)..........

CONCLUSÕES ..............................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda sobre a importância dos mecanismos emocionais


envolvidos na gênese das doenças e na relação médico/paciente, valorizando a psique e
tentando compreender de forma global o que se passa com o paciente para oferecer um
tratamento mais eficaz.
Toda doença humana é psicossomática, já que incide num ser que tem corpo e
mente inseparáveis anatômica e funcionalmente. Por isso a expressão doença
psicossomática não é muito adequada, pois nela está subentendido que existem outras
doenças que não são psicossomáticas, ou seja, com separação entre psique e soma.
Corpo e mente são indivisíveis, e dentro dessa ótica todas as doenças são
psicossomáticas, porque atingem tanto a psique como o soma. Entretanto, na visão
biologicista da medicina atual e na estrutura curricular da maioria das escolas médicas,
observa-se uma fragmentação do ser humano, que é estudado por partes e sistemas, e
não como um todo.
Em conseqüência, nesse quadro que se desenha, aprende-se a tratar de doenças, e
não de pessoas doentes, que têm uma existência biológica, psicológica e social.
A interpretação que os indivíduos dão à sua doença e a seus sintomas difere
conforme conceitos morais, culturais e religiosos. Essas diferenças culturais delimitam
formas de percepção e interpretação dos conflitos, provocando somatização em uns e
verbalização em outros. Os sintomas das doenças têm representações diferentes para
cada pessoa.

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2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Breve historial

Segundo Mello-Fillho et. al. (2010) o termo psicossomático surgiu a partir do século
XIX, quando Heinroth criou as expressões psicossomática e somatopsíquica,
distinguindo-as. Heinroth acreditava no que ele chamou de desordens da alma, expressão
psicossomática, que se referia à influência das paixões sexuais no aparecimento de
algumas doenças, como a tuberculose, a epilepsia e o câncer e a insônia.
Somente após 10 anos, ele incluiu a expressão somatopsíquica ao referir-se à
influência de fatores orgânicos nos efeitos emocionais, com o poder de modificar o estado
psíquico do indivíduo (Feijoo; Mattar, 2015).
Oriundo das ciências médicas, o termo “psicossomática” remonta a 1818 quando o
clínico e psiquiatra Heinroth o utilizou referindo-se originalmente à “[...] influência das
paixões sexuais sobre a tuberculose, a epilepsia e o câncer”. (Haynal & Pasini, 1983,
apud Castiel, 1994, p. 62). Esta delimitação do termo não prosperou e, com o passar do
tempo o termo passou a designar diferentes fenômenos.
Em 1940, Franz Alexander foi responsável pelo desempenho de um importante
papel para o desenvolvimento da medicina psicossomática tal qual a conhecemos hoje.
Foi através do trabalho deste pesquisador sobre a relação entre distúrbios
neurovegetativos e conflitos internos dos pacientes que o termo “psicossomático” teve sua
primeira utilização mais próxima de sua acepção atual: a relação entre aspectos
psicológicos e comportamentais sobre uma dada condição médica. Ainda que a teoria
postulada por Alexander tenha sido fortemente contestada, a luz que a mesma lança
sobre a importância do papel desempenhado pelos “traços de personalidade” e o “estilo
interpessoal” em relação ao adoecimento do corpo marcam a relevância do trabalho
desse autor para o desenvolvimento do atual conhecimento sobre doenças
psicossomáticas. (Castiel, 1994)
Mello Filho (1992, p. 19) declara que, atualmente, a compreensão a respeito do
termo “psicossomática” abrange uma ideologia edificada sobre reflexões acerca da
“relação mentecorpo, sobre os mecanismos de produção de enfermidades, notadamente
sobre os fenômenos do estresse”.
São diversas as correntes que abordam a questão sob o ponto de vista do
psicossoma e das doenças psicossomáticas, contudo, a discrepância entre elas acarreta
uma pluralidade de percepções a respeito do fenômeno psicossomático. Há ainda,

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abordagens radicais que ao identificar a relação mente-corpo como aspecto incontestável
da condição humana desconsideram a idéia de doenças psicossomáticas já que não seria
possível discriminar as doenças do corpo e as doenças da mente. (Castiel, 1994)
2.2. Conceitos
Para Winnicott (1990, p.44) doenças psicossomáticas são “alterações do corpo ou
do funcionamento corporal associadas a estados da psique”. Conforme esta descrição,
este autor defende que o ser humano é composto por uma organização complexa na qual
figuram como fatores o soma e a psique de maneira inter-relacionada, de forma que, o
fruto da constante relação entre ambos consiste no que chamamos de mente.
Em termos de desenvolvimento biológico e filogenético, o soma deve ser concebido
como base sobre a qual se elabora a psique, visto que “o soma foi o primeiro a chegar. A
psique começa como uma elaboração imaginativa das funções somáticas”. (Winnicott,
1990, p.37)
Para Barbosa, Duarte e Santos (2012), a psicossomática busca um entendimento da
relação mente-corpo e dos processos de adoecimento sendo que o processo de
somatização consiste na manifestação de conflitos e angústias por meio de sintomas
físicos, ou seja, para eles o termo doença psicossomática é entendido como toda
perturbação física resultante de um conteúdo psicológico.
Na prespectiva de (Barbosa, 2014) o conceito atual da psicossomática quebrou
paradigmas onde a visão da doença deixa de ser ecológica, como resultado de variáveis
do corpo, interpessoais, individuais e ambientais, passando a ser uma complexa interação
ao longo do desenvolvimento do indivíduo, como fatores psíquicos, somáticos e
ambientais. Isso implica também que o peso, ou o significado de fatores psicossociais
pode variar de pessoa para pessoa em relação a mesma doença.
Os autores completam afirmando que toda doença humana é psicossomática pois
incide em um ser constituído de soma e psique, inseparáveis anatômica e funcionalmente.
A psicossomática categoriza fenômenos psicossomáticos ou somatopsíquicos,
apontando para a gênese do transtorno ora no corpo, ora na psique e estabelece as
relações de causa e efeito entre as duas instâncias, ditas como dicotômicas. Essa relação
de causa e efeito, na prática, requer a atuação de dois profissionais: o médico, cabendo o
tratamento do somático e o psicólogo, respondendo pelo tratamento dos efeitos
psicológicos decorrentes da doença, como a depressão, a ansiedade, o medo dos

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tratamentos, o medo da morte. Assim, a compreensão das enfermidades passa a ser
tomada em uma dualidade soma e psique (Mattar et. al., 2016).
Schiller (2003 p.27) afirma que existe mais que uma psicossomática. Para ele,
existem a psicossomática da medicina, da psicologia e da psicanálise, sendo elas
radicalmente diferentes. O autor define psicossomática médica como o “receptáculo dos
restos incompreendidos da medicina”. Ou seja, quando a doença não possui explicação
científica ou, não possui evidências orgânicas, ela possui um componente
psicossomático.
A Psicossomática, no conceito de medicina psicossomática proporciona a integração
de três perspectivas: a doença com sua dimensão psicológica; a relação médicopaciente
e seus desdobramentos; a ação terapêutica voltada para o paciente. Ela trouxe para o
pensamento médicocientífico e para a prática assistencial o tratar doentes e não doenças
(Mello Filho, 2010).
Na atualidade a medicina psicossomática é a forma pela qual o psiquiatra se orienta
quando inserido em hospital geral, estando atento aos sintomas psíquicos vistos como
efeitos previsíveis de diversos tipos de adoecimento, bem como aos problemas de origem
psíquica que poderão resultar em disfunções orgânicas (Feijoo; Mattar, 2015).
A psicossomática no enfoque da psicologia insere-se no mesmo terreno
epistemológico que a medicina, também propondo a divisão entre mente e corpo e
recortando o psiquismo a partir da anatomia descrita pela medicina. É neste sentido que
se tem psicólogos especializados em doenças do corpo.
A divisão entre corpo e mente faz com que a mente atue sobre o corpo e determine
mudanças. A psicossomática da psicanálise não vê um psiquismo que reflete o
organismo, mas um corpo recortado por este. Assim, ela divide as doenças em dois
grupos: as doenças que podem ser atenuadas, modificadas ou curadas pela descoberta
de um sentido e as que seguem seu curso apesar da identificação de uma associação
psíquica. Para a psicanálise, o sintoma pode ser modificado por conta de uma
interpretação (Schiller, 2003)
2.3. Abordagens Psicossomáticas

Diversas teorias tentam explicar a relação existente entre as manifestações


biológicas e psicológicas. Didaticamente podemos dizer que duas correntes se destacam.
A primeira delas se baseia no efeito que as emoções provocam no organismo através do
sistema nervoso e seus neurotransmissores (psicofisiologia).

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A segunda corrente fundamenta-se na teoria psicanalítica, que tenta esclarecer
alguns mecanismos psicológicos envolvidos na gênese das doenças. Em relação à
psicofisiologia, a literatura médica relata várias pesquisas. Alguns trabalhos clássicos,
como o de Cannon, comprovam as modificações fisiológicas nos estados de fome, raiva e
medo que acontecem por influência do sistema nervoso vegetativo.

Outra teoria, a de McLean, descreve como unidade funcional básica o arco reflexo,
que capta os estímulos do mundo exterior pela via aferente ou sensorial, assim como do
mundo interior, e através do centro nervoso, que se distribui ao longo do neuro eixo,
alcança a via eferente ou efetora, a qual transmite os impulsos para vísceras, aparelho
locomotor e outras regiões.

A esse conjunto de estruturas deu-se o nome de sistema límbico, que compreende o


córtex cerebral (lobo temporal e zonas inferiores do lobo frontal), a área septal, o
complexo amigdaloide, o hipocampo e o hipotálamo.

O sistema límbico, ao receber os estímulos internos ou externos, transforma-os


numa atividade somática ou física (um grito, uma expressão facial, um movimento súbito
do corpo, uma alteração circulatória, digestiva, etc.).

A perceção do sistema límbico não é intelectual. É o substrato anatômico que


estabelece a ligação entre o afeto, o pensamento e o sistema visceral(9). Na teoria do
desenvolvimento, segundo a psicanálise, o indivíduo no primeiro ano de vida só reage aos
estímulos externos através do sistema nervoso vegetativo.

Ele ainda não tem capacidade de verbalizar ou de se expressar por gestos, pois não
dispõe de coordenação motora para isso. Portanto, nessa fase, a comunicação é pré-
verbal e as funções vegetativas são de grande ajuda na compreensão dos processos
psicossomáticos. A possibilidade de somatizar é um mecanismo de defesa fixado na fase
oral do desenvolvimento. Sempre que a relação mãe/filho não estiver boa, o bebê reagirá
fisicamente.

Essa fase inicial do desenvolvimento do ser humano, em que a relação mãe/filho é


fundamental, deixa marcas para o resto da vida. Quando o indivíduo enfrentar momentos
de crise, poderá reagir reativando processos psicossomáticos com os quais resolverá
seus problemas passados.

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Spitz, em seu trabalho de observação de bebês no primeiro ano de vida, chamou a
atenção para as reações psicossomáticas dos bebês que não recebiam os cuidados
adequados nesta fase. O eczema infantil aparece como reação a um tratamento materno
hostil e ansioso, sendo a depressão analítica e o marasmo consequências da privação
materna parcial ou total. O autor conclui que os distúrbios na formação das primeiras
relações objetais do bebê resultam provavelmente em grave prejuízo às relações futuras
do ser na adolescência e idade adulta.

Winnicott, com sua larga experiência clínica e pesquisas científicas, ressalta a


importância dos primeiros cuidados do bebê em sua vida futura. Ele ressalta que um
desenvolvimento saudável da psique humana favorece a evolução física e que
dificuldades emocionais podem gerar situações somáticas graves.

Segundo a teoria psicossomática de Pierre Marty, o indivíduo reage a traumas


conforme sua organização evolutiva mental. Cada pessoa tem uma forma peculiar de
reagir e de somatizar os traumas, dependendo de sua história de vida e da bagagem
genética.

O ser humano é um sistema complexo de interações que pode estar em equilíbrio ou


não. Um trauma externo pode ser mais desordenado para uns do que para outros,
dependendo da organização interna de cada um. Quando uma pessoa sofre um trauma,
há um movimento de desorganização interna que atinge primeiro as estruturas mais
evoluídas, recentemente adquiridas durante o desenvolvimento.

Conhecendo-se a economia psicossomática de uma pessoa, podemos prever seu


modo de reação mais provável diante dos traumas e como se organiza posteriormente.

Na abordagem psicossomática busca-se dar ênfase não só aos sintomas que


levaram o paciente ao serviço de saúde como à compreensão do seu conteúdo latente.
Quando se identifica um componente psicológico importante que agrava a doença, o
profissional de saúde encaminha o paciente a um psiquiatra ou psicólogo.
Frequentemente, entretanto, a pessoa não aceita ou finge aceitar tal orientação e não
procura o psicoterapeuta.

Quando o profissional de saúde dá ouvidos às questões emocionais, identifica


algumas causas e permite ao paciente compreender que há sentimentos vinculados a
seus sintomas, essa atitude torna mais provável a aceitação da necessidade de se

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submeter à psicoterapia. Esse comportamento do profissional de saúde já caracteriza a
psicoterapêutica.

Balint, em seu livro O Médico, Seu Paciente e a Doença, analisa a relação


médica/paciente e constata que o remédio mais usado em medicina é o próprio médico, o
qual também precisa ser conhecido em sua posologia, reações colaterais e toxicidade.

A anamnese da consulta clínica com abordagem psicossomática objetiva conhecer o


máximo a respeito do paciente, da sua doença e também do ambiente em que vive. Às
vezes o paciente faz relatos que, aparentemente, não têm relação com a doença, porém
mais tarde se revelam extremamente importantes na compreensão de seu quadro clínico.

Alguns dados que normalmente não são privilegiados na anamnese clínica


tradicional devem ser valorizados na abordagem psicossomática, como os listados a
seguir:

 Perguntar ao paciente o que ele acha que tem, qual a possível causa
de sua doença;
 O que ele acha que faz melhorar os seus problemas;
 Que consequências em sua vida pessoal a doença tem causado;
 Investigar os vínculos mais significativos do paciente: mãe, pai, irmãos,
amigos, namoradas (os);
 Perguntar sobre o cotidiano em família, na escola e comunidade em
que vive;
 Investigar os modelos de somatização e de desordem orgânica
familiar.

A coleta desses dados e a anamnese tradicional ajudam a contextualizar melhor a


doença. O paciente se torna corresponsável pelo tratamento, deixando sua postura
passiva para agir ativamente na sua melhora e proporcionar um menor custo da terapia,
com menos medicamentos e exames complementares.

2.4. DSM e CID na investigação da somatização


O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM - IV) é um
catálogo de classificação de transtornos mentais elaborado pelos psiquiatras da
Associação de Psiquiatria Norte-americana. Este manual merece ser referenciado por

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representar um importante recurso utilizado por profissionais do meio médico e
psicológico.
Neste sentido este manual constitui um elo comum entre o diálogo médico acerca
dos fenômenos psicossomáticos em relação ao profissionais da área psicológica (e vice-
versa). Ele discorre sobre a questão das doenças psicossomáticas classificando-as como
Fatores Psicológicos Afetando a Condição Clínica. A ocorrência de tais fatores,
segundo o DSM, caracteriza-se pela presença de uma condição médica geral que é
desencadeada ou afetada adversamente por aspectos psicológicos ou comportamentais.
Dessa maneira, estes aspectos se caracterizam por interferir no tratamento podendo
inclusive agravar a condição médica do sujeito, atrasar sua recuperação ou produzir
respostas fisiológicas ao estresse que piorem os sintomas, podendo inclusive constituir
riscos adicionais à saúde do paciente.
Visando maior especificidade em relação ao diagnóstico do tipo de fator psicológico
que afeta a condição clínica em cada caso, o DSM oferece uma lista onde se deve optar
pelo diagnóstico do fator psicológico que mais se destaca no caso de figurarem mais de
um fator em um mesmo caso. (APA, 2002) .
Os fatores psicológicos que podem se somar a uma condição médica geral,
afetando-a e/ ou agravando-a são descritos neste manual como: transtornos mentais,
sintomas psicológicos, traços de personalidade, comportamentos de saúde mal-
adaptativos e resposta fisiológica relacionada ao estresse. Há ainda uma nomenclatura
que permite a classificação de fatores psicológicos ou comportamentais que não
compreendam esses listados, mas que ainda assim, apresentam-se de forma a afetar a
condição médica geral do paciente.
Estes fatores são descritos sob a denominação de “Outros Fatores ou Fatores
Inespecificados”. (APA, 2002).
A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados a Saúde (CID-
10) é um segundo manual classificatório de transtornos mentais e de comportamento.
Este manual aborda a questão das alterações psicossomáticas sob a categoria
denominada como Fatores psicológicos e de comportamento associados a transtornos ou
doenças classificados em outros locais. Tais fatores compreendem aspectos psicológicos
ou comportamentais que interferem na etiologia de "transtornos físicos".
Dessa maneira, é possível verificar que, conforme um método e ferramentas
próprias de classificação, este manual, assim como o DSM-IV citado anteriormente,

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presta referência à influência dos aspectos psicológicos sobre o adoecer físico. (OMS,
1993) Ainda que ambos, DSM e CID dediquem algumas linhas ao que conhecemos por
"doenças psicossomáticas", a diferença é marcada no volume de informações sobre a
classificação de tal fenômeno entre um e outro manual.
Enquanto a CID limita-se a referir a existência de fatores psicológicos e
comportamentais que se associam aos transtornos físicos, é delegada a outras fontes o
manejo e a categorização de tais fatores.
Em contrapartida, o DSM oferece uma breve abordagem classificatória dos fatores
psicológicos que afetam uma condição médica geral, de forma que o manual inclusive
propõe uma nomenclatura que determine de forma mais clara a espécie de fator
psicológico interveniente em questão.
É prudente, no entanto, que a classificação dos fatores psicológicos que afetam uma
condição médica geral, segundo estes dois manuais, não corresponda por si só a um
rótulo (único possível ou válido) determinante do fenômeno psicossomático. Este, por sua
vez, se enuncia de forma complexa ultrapassando as fronteiras delimitadas por conceitos
essencialmente focados no aspecto fisiológico, conforme visa destacar a presente
pesquisa.
Dessa forma, a compreensão dos fenômenos psicossomáticos deve se constituir a
partir de uma noção física e psíquica do adoecer, de modo que a interlocução entre as
ciências médicas (e as demais voltadas ao estudo do físico) e a psicologia se
complementem na compreensão de um sujeito que se constitui enquanto corpo e mente.
(Riechelman, 2011)

2.5. Doenças rotuladas como Psicossomáticas (Clássicas ou Maiores)

 Úlcera

 Asma Brônquica

 Hipertensão Arterial

 Enxaqueca

 Artrite Reumatoide

Distúrbios Respiratórios:

 Asma

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 Renite

 Febre do Feno

Distúrbios do Aparelho Digestivo

 Úlcera

 Doenças do Cólon

Doenças das Articulações e Musculares

 Artrite Reumatoide

 Fibrosite

Doenças Cardiovasculares

 Hipertensão arterial “essencial”.

 “Doenças das artérias coronárias”

Doenças do Aparelho Reprodutor Feminino

 Ausência de menstruação (amenorreia) ou menstruação escassa;

 Cólicas menstruais;

 Tensão Pré-Menstrual (TPM);

 Perturbações da Menopausa.

Doenças da Pele

 Psoríase

 Pitirías

 Vitiligo

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CONCLUSÕES

Após uma exaustiva pesquisa,conclui-se que abordagem psicossomática


privilegia o doente, e não a doença, e tenta compreender seu significado. Relacionar um
sintoma físico a um problema emocional requer cuidado, paciência e raramente se
consegue numa primeira consulta. Para isso é necessário recolher uma história
minuciosa, focalizando a investigação no paciente, e não em seus sintomas, e dar-lhe
chance de expor seus sentimentos. A doença muitas vezes é uma escapatória de uma
situação de conflito ou aparece pela necessidade de atenção e carinho, necessidade de
ser cuidado.
Concluio-se ainda que alguns profissionais de saúde, quando identificam que a
origem dos sintomas do paciente não está numa patologia orgânica, tendem a classificar
a doença como psicológica e desvalorizá-la, não dando a devida atenção ao sofrimento
do paciente. Deve-se lembrar de que, mesmo não tendo um substrato anatômico que
justifique o sintoma, o paciente o sente e precisa, da mesma forma, de ajuda para se
livrar dele. A abordagem psicossomática diminui o tempo de tratamento, evita exames
complementares desnecessários e abrevia o sofrimento do paciente.
Finalmente, sugerimosque ao se atender um paciente, deve-se compreender o
possível significado do sintoma exposto. A doença não acontece por acaso nem é um
fato isolado na vida do indivíduo. Ela ocorre no momento em que o organismo está
vulnerável, em função da história pessoal, da bagagem genética, da situação social. O
organismo sofre agressões dos meios interno e externo que perturbam a sua
homeostase, gerando então a doença.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Segundo Mello-Fillho et. al. (2010) (Feijoo; Mattar, 2015). (Haynal & Pasini, 1983,
apud Castiel, 1994, p. 62). (Castiel, 1994) Mello Filho (1992, p. 19) Winnicott (1990,
p.44) (Winnicott, 1990, p.37) Barbosa, Duarte e Santos (2012), (Barbosa, 2014)
(Mattar et. al., 2016). Schiller (2003 p.27) (Mello Filho, 2010). (Feijoo; Mattar, 2015).
(Schiller, 2003) AISENSTEIN, M. Abordagem psicodinâmica do paciente
psicossomático.

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