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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA – UNIPÊ

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO


CURSO DE PSICOLOGIA

STHEFANE KATHELIN PEQUENO TORMES GOMES

TRANSTORNO DA PERSONALIDADE BORDERLINE E SUA RELAÇÃO COM O


SUICÍDIO

João Pessoa
2019
STHEFANE KATHELIN PEQUENO TORMES GOMES

TRANSTORNO DA PERSONALIDADE BORDERLINE E SUA RELAÇÃO COM O


SUICÍDIO

Monografia apresentada a Coordenação do Curso


de Psicologia do Centro Universitário de João
Pessoa – UNIPÊ, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em Psicologia sob
orientação da Prof. Esp. Guilherme Jorge Stanford
Dantas.

João Pessoa
2019
G633t Gomes, Sthefane Kathelin Pequeno Tormes.
Transtorno da personalidade borderline e sua relação com o
suicídio.

Sthefane Kathelin Pequeno Tormes. João Pessoa, 2019.


48f.

Orientador: Prof. Esp. Guilherme Jorge Stanford Dantas.


Monografia (Curso de psicologia) –
Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ.

1. Borderline. 2. Suicídio. 3. Sofrimento.


I. Título. Transtorno da personalidade borderline e sua relação com o
suicídio.

UNIPÊ / BC CDU – 159.923.3


TRANSTORNO DA PERSONALIDADE BORDERLINE E SUA RELAÇÃO COM O
SUICÍDIO

STHEFANE KATHELIN PEQUENO TORMES GOMES

Monografia apresentada ao Curso de Psicologia do Centro Universitário de João


Pessoa – UNIPÊ, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em
Psicologia, obtendo Conceito

Data: 12/06/19

( ) Aprovada
( ) Reprovada

BANCA AVALIADORA

________________________________________________________________
Prof. Esp. Guilherme Jorge Stanford Dantas
(Orientadora - UNIPÊ)

________________________________________________________________
Prof. M.e Aluízio Lopes de Brito
(Membro – UNIPÊ)

________________________________________________________________
Prof. M.ª Ana Sandra Fernandes
(Membro – UNIPÊ)
Dedico este trabalho primeiramente а
Deus, por ter me segurado em seus
braços em todos os momentos em que
desabei, a minha família, meus amigos e
meus queridos professores que foram de
grande importância na minha vida
acadêmica e no desenvolvimento deste
trabalho.
AGRADECIMENTOS

A Deus e a Maria que permitiu que todas essas coisas acontecessem na minha vida,
não somente nestes anos como universitária, mas que esteve presente em todos os
momentos da minha vida, sempre me levantando quando precisava.

Ao meu pai que também é meu avô Mozart, que infelizmente me deixou esse ano,
mas que seus ensinamentos sempre ecoaram dentro do meu coração.

Ao meu filho Ryan Kalel Pequeno Martins, que mesmo sendo uma criança, foi tão
compreensivo e me ajudou muito com seu amor e seu carinho. A minha mãe Simone
de Oliveira Pequeno, uma heroína que me criou sozinha e que sempre esteve ao
meu lado.

A minha tia Luciana Conceição Tormes Gomes por ter me estimulado e praticamente
empurrado para eu entrar na universidade, que mesmo diante das minhas negativas
fez prevalecer a sua insistência e se hoje estou aqui grande parte devo a ela.

Agradeço ao meu orientador Prof. Esp. Guilherme Jorge Stanford Dantas, por
aceitar ser meu orientador e por me deixar sempre tão à vontade sobre o tema
escolhido, agradeço também pelas suas correções, incentivos e pela paciência que
me ajudou bastante a concluir esse trabalho.

Agradeço ao meu supervisor Prof. Ms. Aluízio Lopes de Brito por seus
ensinamentos, paciência e confiança ao longo das minhas atividades na supervisão,
por ter proporcionado mudanças profundas na forma como enxergo o mundo e
consequentemente na minha vida.

Agradeço as minhas companheiras de curso da qual levarei em meu coração para


toda vida Diana Gondim, Helisa Guerra, Kallyne Ambrosio e Maria Paula pelo
acolhimento e sensibilidade que me fortaleceram quando eu precisava, durante todo
esse percurso.

A minha amiga Ingrid Dayanne Farias, pela sua amizade, por estar ao meu lado me
ouvindo, me aconselhando e por ter tornado minha vida mais leve com esse seu
jeito de encarar a vida, que a nossa amizade vá além dos limites da formação.

Meu muito obrigada a minha melhor amiga Gilmara Figueiredo, que soube
compreender as minhas ausências dedicadas ao estudo superior, que me deu apoio,
incentivo nas horas difíceis, de desanimo e cansaço.

Enfim agradeço a todos os amigos, colegas, familiares e professores pelos seus


ensinamentos, pelo incentivo e pelo apoio constante.
“Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que
falo nunca é o que falo e sim outra coisa.
Capta essa outra coisa de que na verdade
falo porque eu mesma não posso.”
(Clarice Lispector)
RESUMO

A presente monografia se constituiu como um estudo bibliográfico acerca do


transtorno de personalidade borderline e sua relação estreita com o suicídio. Para
elaboração da mesma, utilizou-se de livros e artigos científicos. Sabe-se que o
transtorno de personalidade borderline é caracterizado como uma patologia grave,
seus sintomas incluem mudanças súbitas de humor, anacronismo, impulsividade e
instabilidades das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos. O suicídio é
um processo pelo qual a pessoa ceifa sua própria vida de maneira voluntária e,
portanto, deve ser compreendido e correlacionado sobre a ótica de diversos fatores,
dentre ele os fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais. O sofrimento
intenso que esses indivíduos vivenciam os levam muitas vezes a atitudes drásticas
como a automutilação e ao suicídio sendo assim fez-se necessário buscar os
compreender as reais motivações que levariam esses indivíduos a tentarem o
autoextermínio, investigando assim seus principais fatores subjacentes como
impulsividade, anacronismo e suas relações interpessoais. Procurou-se ainda,
ratificar a importância da psicologia e na prevenção ao suicídio, pois esses
indivíduos não querem tirar a própria vida, mas sim livra-se da dor que sentem na
alma e na vida.

Palavras chave: Borderline. Suicídio. Sofrimento.


ABSTRACT

The present monograph was constituted as a bibliographic study about the borderline
personality disorder and its close relationship with the suicide. For the elaboration of
the same, it was used of books and scientific articles. It is known that borderline
personality disorder is characterized as a serious pathology, its symptoms include
sudden mood swings, anachronism, impulsivity and instabilities of interpersonal
relationships, self-image and affections. Suicide is a process by which the person
terminates one's life on a voluntary basis and must be understood correlated to
several factors, including biological, psychological and sociocultural factors. Suicide
is a process by which a person voluntarily harvests his or her life and, therefore, must
be understood on the basis of several factors, including biological, social and cultural
factors. The intense suffering these individuals experience often leads them to drastic
attitudes such as self-mutilation and suicide and thus it is necessary to seek to
understand them the real motivations that would lead these individuals to attempt
self-extermination, thus investigating their main underlying factors such as
impulsiveness, anachronism and their interpersonal relationships. It was also tried to
ratify the importance of psychology and suicide prevention, because these individuals
do not want to take their own lives, but rather get rid of the pain they feel in the soul.

Keywords: Borderline. Suicide. Suffering.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 9

2 OBJETIVOS ................................................................................................ 11
2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 11
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 11
3 HISTÓRIA DOS TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE ......................... 12
3.1 TEORIAS DA PERSONALIDADE ............................................................. 13
3.2 HISTÓRIA DOS TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE ....................... 16
3.3 HISTÓRIA DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE DE BORDERLINE
........................................................................................................................ 18
4 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE
DE BORDERLINE (TPB) ................................................................................ 21
4.1 BASES SOCIAIS E PSICOLÓGICAS DO TRANSTORNO BORDERLINE 24
4.2 TRANSTORNO DE BORDELINE E SUAS COMORBIDADES .................. 28
5 SUICÍDIO E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ............................... 30
5.1 RELAÇÃO DO TRANSTORNO DA PERSONALIDADE DE BORDERLINE
COM O SUICÍDIO ........................................................................................... 37
5.2 TERAPIA DIALÉTICA NO TRATAMENTO REGULADOR DA
PERSONALIDADE BORDERLINE .................................................................. 39
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 44
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 46
9

1 INTRODUÇÃO

A personalidade é evidenciada por traços que são as expressões da


constituição, temperamento e caráter, os traços são relativamente mutáveis
conforme as situações psíquicas, ou seja, quando o indivíduo é exposto a
determinadas situações ele pode mudar o seu temperamento ou o seu caráter. Logo
o transtorno de personalidade se trata de uma rigidez perante as situações, ou seja,
é um comportamento repetitivo de padrões. Das muitas teorias de personalidade
que proliferam na psicologia, grande número usa o conceito de traço e, em muitas
dessas teorias, a organização dos traços constitui a personalidade
(DALGALARRONDO, 2018).
A personalidade só é formada completamente aos 18 anos pois a
constituição, o temperamento e o caráter ainda não estão formados antes desta
idade. No transtorno de personalidade a rigidez é constante tornando o
comportamento sempre repetido, assim dando início a um padrão ao longo da vida,
ou seja, quando as condutas apresentadas pelo indivíduo não seguem um padrão
da cultura onde o mesmo está inserido, este pode estar apresentando
características de um transtorno da personalidade (DSM-V, 2014).
O transtorno de personalidade de Borderline é uma das patologias mais
intrigantes e difíceis de se tratar, suas características principais são mudanças
súbitas de humor, anacronismo, impulsividade acentuada, instabilidade das relações
interpessoais, da autoimagem e dos afetos, que emergem no início da idade adulta e
se faz presente durante o decorrer de sua vida (DSM-V, 2014).
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU, 2018) o suicídio é
um fenômeno multifatorial, multideterminado e transacional, que se desenvolve por
trajetórias complexas, porém identificáveis. O comportamento suicida é atualmente
um caso de saúde pública e em termos abrangentes pode ser identificado pelo qual
um indivíduo causa lesão a si mesmo, independente do grau de intenção de
letalidade e do verdadeiro motivo desse ato.
De acordo com a OMS (2018) o comportamento suicida e os transtornos
mentais ainda são visto nos dias atuais como um tabu, o estigma, o preconceito e a
vergonha faz com que muitas pessoas que estão pensando em tirar suas próprias
vidas ou que já tentaram suicídio não procurem ajuda e, por isso, não recebam o
auxílio que necessitam nos serviços de saúde.
10

Diante de tamanho sofrimento e de grande desespero vivenciado por


indivíduos com borderline, muitos deles podem perceber a morte como a única saída
para seus problemas e suas angústias, percebendo assim, o autoextermínio como
um alívio para sua vida sofrível.
A necessidade dessa pesquisa bibliográfica se fez para buscar suprir a
carência e proporcionar subsídios aos profissionais de saúde, em especial
psicólogos, para que estejam preparados para o manejo da demanda daqueles que
são acometidos pelo transtorno de personalidade borderline e que desejam acabar
com seu sofrimento se suicidando. Diante da relevância dessa temática surge a
pergunta norteadora: Qual a relação que existe entre o Transtorno de personalidade
Borderline e o suicídio?
O percurso dessa monografia será responder a esse questionamento, a
presente monografia terá como objetivo geral investigar a relação entre o Transtorno
de personalidade Borderline e o suicídio. Dessa maneira, espera-se que os
resultados forneçam evidências empíricas de uma relação entre o TPB e o suicídio,
contribuindo assim com estudos da psicologia clínica e social.
11

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Verificar se existe relação entre o Transtorno de Personalidade Borderline e o


suicídio.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar o porquê das pessoas acometidas pelo Transtorno de


Personalidade Borderline recorrerem ao suicídio;
• Caracterizar a relação do anacronismo em pessoas com Transtorno de
Personalidade Borderline e o suicídio;
• Descobrir se a impulsividade é fator relevante para o suicídio.
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3 HISTÓRIA DOS TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE

Um transtorno da personalidade é um padrão persistente de experiência


interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura
do indivíduo, é difuso e inflexível, começa na adolescência ou no início da fase
adulta, é estável ao longo do tempo e leva a sofrimento ou prejuízo, ou seja, as
alterações da personalidade caracterizam-se por padrões de percepção, de reação e
de relação que são relativamente fixos, inflexíveis e socialmente desadaptados,
incluindo uma variedade de situações, sendo assim quando os traços de
personalidade são rígidos, mal adaptativos e produzem prejuízo funcional, ou
sofrimento subjetivo, é possível diagnosticar um transtorno da personalidade (DSM-
V, 2014).
Muitas vezes em determinadas situações de nossas vidas podemos agir de
forma agressiva, arrogante, explosiva, egoísta. Esses tipos de comportamentos
culminam por afetar negativamente as pessoas do nosso meio social, como também
a nós mesmos. O que o que nos diferencia dos indivíduos que são acometidos pelos
transtornos da personalidade é a flexibilidade e a adaptação com que podemos nos
comportar em diferentes situações (CABALLO, 2014).
Segundo Phares (1988), conforme citado por Caballo (2014), a personalidade
pode ser considerada como um padrão de pensamentos, sentimentos e
comportamentos característicos que distingue as pessoas entre si e que persiste ao
longo do tempo e mediante as situações.
Segundo Milton e Escovar (1996) citado por Caballo (2014), destacam que os
indivíduos possuem uma personalidade sã, quando se mostram capazes para
encarar o ambiente de modo flexível e quando suas percepções e comportamentos
padrões estimulam o aumento da satisfação social. Por outro lado, a personalidade
patológica se apresenta quando o indivíduo desempenha um padrão inflexível e um
comportamento que tem como consequência um mal-estar ou uma redução das
oportunidades para aprender e crescer, frente os desafios diários.
A palavra personalidade vem do termo persona que significa a máscara dos
personagens do teatro. Em latim personalidade é conhecida por personare e
significa ressoar por meio de algo (DALGALARRONDO, 2018).
Diante das informações apresentadas entende-se que as características
fundamentais de um transtorno da personalidade seria um padrão cíclico e
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constante de comportamento e de cobrança interna que se afasta


consideravelmente das expectativas geradas pela cultura do indivíduo e que se
revelar-se em pelo menos duas das seguintes áreas: afetividade, cognição, controle
dos impulsos e funcionamento interpessoal. Pose-se afirmar que o transtorno da
personalidade está intensamente arraigado e é de natureza é imutável, os contextos
pessoais desse indivíduo são desadaptativo, mostra-se relativamente estável ao
longo do tempo, prejudica de forma expressiva a capacidade do funcionamento do
indivíduo e produz incômodo no seu meio social (CABALLO, 2014).
Personalidade refere-se a todas as características de adaptação de formas
únicas a ambientes internos e externos em constante modificação (KAPLAN;
SADOCK, 2014). A personalidade representa aquelas características da pessoa que
explicam padrões consistentes de sentimentos, pensamentos e comportamentos, ou
seja, a personalidade é evidenciada por traços que são relativamente mutáveis
conforme as situações psíquicas (PERVIN; JOHN, 2004).
Existe um consenso entre alguns autores de que as características sucintas
de um transtorno da personalidade, se desenvolvam ainda na infância e
posteriormente se consolidam e estabilizam na fase adulta. Os indivíduos com
transtorno da personalidade apresentam um índice elevado de violência, como
comportamentos autolesivos, tentativas de suicídio e suicídios consumados. Existe
uma relevância notável em relação com pessoas que sofreram abusos na infância,
tanto físico, psicológicos ou sexual com transtorno da personalidade, o transtorno da
personalidade borderline é o que mais se destaca nesses níveis. Enfim, não se pode
ignorar que existe uma forte influência ambiental e aspectos genéticos na
constituição do indivíduo com transtorno da personalidade (CABALLO, 2014).

3.1 TEORIAS DA PERSONALIDADE

Segundo Bastos (1997 apud DALGALARRONDO, 2018) a personalidade é o


conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no total das características
individuais, em sua relação com o meio, incluindo todos os fatores físicos,
biológicos, psíquicos e socioculturais de sua formação, conjugando tendências
inatas e experiências adquiridas no curso de sua existência.
14

Segundo Mira e López (1943), conforme citado por Dalgalarrondo (2018),


descreve a personalidade como uma função psíquica sendo subjetiva para cada
indivíduo e é distinguida por três aspectos fundamentais: constituição,
temperamento e caráter. A constituição é formada por uma condição biológica,
bioquímica, hormonal, transmitida pelos mecanismos genéticos e pelos aspectos
físicos. O temperamento é uma condição inata, ou seja, o indivíduo nasce com um
determinado temperamento, alguns indivíduos nascem com temperamentos
passivos e outros nascem com o temperamento ativo. O caráter segue os princípios
morais que regem a sociedade e suas leis, sendo que o caráter é aquilo que é
desviante da moral, refletindo assim o temperamento moldado, modificado e inserido
no meio familiar e sociocultural, ou seja, é absolvição da moral onde o indivíduo vive.
Segundo Caballo (2014) a personalidade é composta por fatores
temperamentais (determinados pela biologia) e caracterológicos (determinados pelo
ambiente), esses componentes representam a formação da personalidade do
indivíduo. O temperamento remete ao aspecto biológico da personalidade, ou seja, é
constituído pelas influências inatas e genéticas. Alguns autores estabelecem que
dentro do temperamento derivam quatro fatores, são eles:

1“Busca de novidade ou ativação comportamental”, refere-se às


influências inatas e genéticas, ou seja, que nos impulsiona à
estimulação prazerosa ou a outras recompensas de forma que
evitemos o tédio e a monotonia. 2“Impedimento do dano ou inibição
comportamental”, refere-se à inibição do comportamento que nos
conduziriam ao castigo, a situações novas ou à frustação.
3“Dependência da recompensa ou manutenção comportamental”
refere-se à inclinação fundamental a responder às situações
reforçadoras e a manter comportamentos que continuam produzindo
prazer ou que alivia o castigo. 4“Persistência” refere-se à
predisposição a continuar realizando um comportamento, apesar das
possíveis dificuldades e obstáculos (CABALLO, 2014, p. 27).

De acordo com Caballo (2014), outros autores estabelecem que dentro do


temperamento derivam cinco grandes fatores, entre eles estão a neurose, a
extroversão, a abertura à experiencia, a amabilidade e a responsabilidade. A
neurose seria a tendência que possuímos ao comportamento impulsivo e ao mal-
estar psicológico. A extroversão seria composta pela tendência de se sentir alegre,
otimista e a participar de situações sociais. A abertura à experiência refere-se à
nossa expressividade emocional e a abertura a novas ideias. A amabilidade refere-
15

se ao grau em que se mostramos a compaixão e hostilidade. E a responsabilidade


seria o grau de organização e compromisso com os objetos pessoais.
Segundo Caballo (2014), o caráter aludi a dimensão psicológica e aos fatores
psicossociais que tem forte influência sobre a personalidade, ele é constituído ao
longo da experiência e do processo de socialização. Dentro do conceito de caráter
são encontrados os esquemas. Os esquemas aludem ao processamento que um
indivíduo utiliza para organizar sua visão sobre si mesmo, sobre o mundo e seu
futuro. Dentre os esquemas, existem três níveis de processamento da informação, o
primeiro nível é composto de esquemas que registram pressuposto e hipóteses
utilizadas para interpretar informações. No segundo nível encontra-se as distorções
cognitivas e os processos cognitivos. No terceiro nível está presente os processos
cognitivos que traduzem os esquemas em pensamentos automáticos.
Segundo a psicanálise Freudiana, o desenvolvimento da personalidade
estaria relacionado com as experiências emocionais vividas no interior das relações
familiares, principalmente na infância, ou seja, os traços de personalidade estão
relacionados a uma fixação dos estágios psicossexuais do desenvolvimento, então
uma má resolução das fixações infantis da libido e a tendência à regressão, podem
provocar perturbações psicológicas que se irão se manifestar na idade adulta
(DALGALARRONDO, 2018).
Jung observou que existem dois tipos de organização da personalidade, os
introvertidos concentram-se em seu mundo interior de pensamentos, intuições,
emoções e sensações, enquanto os extrovertidos são mais orientados para o mundo
exterior, para outras pessoas e para bens materiais. Cada pessoa possui uma
mistura destes dois componentes. A persona é a máscara que cobre a
personalidade, é o rosto apresentado nas relações sociais, ou seja, é a máscara que
“colocam” sobre o indivíduo e que, ao final, ele acredita ser ele mesmo. A sombra
está associada às virtudes e defeitos de caráter que o indivíduo desconhece existir
em si mesmo. O indivíduo tende a projetar sua sombra nos outros e negá-la em si
mesma. A ânima associa-se à personificação da natureza masculino no inconsciente
feminino. O ânimus está associado à personificação da natureza masculina no
inconsciente feminino (KAPLAN; SADOCK, 2014).
De acordo com a perspectiva Kleiniana a criança chega ao mundo em uma
condição de desamparo logo se destaca a importância do vínculo e a qualidade da
interação entre o recém-nascido e sua mãe para a construção da personalidade de
16

um indivíduo, a ausência dessas figuras cuidadoras podem prejudicar a formação da


personalidade, uma mãe amadurecida e equilibrada é primordial para amparar as
necessidades físicas e emocional de seu bebê auxiliando assim na estruturação de
sua personalidade (MATIOLI; ROVANI; NOCE, 2014).
Segundo a teoria da personalidade de Rogers o homem tende sempre ao
crescimento e ao desenvolvimento, pois o homem é o responsável pela criação do
seu “eu”, dessa forma, ele será sempre o melhor que puder, se lhe forem dadas as
condições necessárias e suficientes para a sua existência. Para Rogers a auto
realização é o nível mais alto da saúde psicológica, pois possibilita às pessoas terem
uma mente aberta e terem capacidade para se guiarem pela sua tendência natural e
não pelas opiniões dos outros, e ainda melhorar cada vez mais (KAPLAN; SADOCK,
2014).

3.2 HISTÓRIA DOS TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE

Os tipos de transtorno de personalidade foram descritos a milhares de anos,


historicamente quem começou a discutir personalidade foi um filósofo grego
chamado Tirtamo de Lesbos que desenhou 30 retratos na obra os Caráteres em que
qualificou cada um dos retratos como um tipo de personalidade. Alguns filósofos
como Descartes, Leibnitz e Kant também discutiram o caráter e a moral e
propuseram que a personalidade vai ser alvitrada com base na concepção a respeito
do caráter, da consciência, da introspecção e da identidade do eu (NETO; CORDÁS,
2011).
Segundo resumo de Gaillat em 1967, na Biotipologia Hipocrática-Galênica a
personalidade é caracterizando-a através da teoria dos humores, onde predominava
quatro tipos personalidade: sanguíneo, colérico, fleumático e melancólico. O
sanguíneo possui uma constituição atlética com uma musculatura firme e faces
rosadas, seu temperamento otimista e expansivo e seu caráter é irresponsável
deixando-se se levar pelos seus instintos. O colérico possui uma constituição de
protuberâncias musculares evidentes e olhar ardente, seu temperamento é explosivo
e seu caráter é ambicioso. O fleumático possui uma constituição corpulenta, faces
pálidas e olhar doce e vago, seu temperamento é pacífico e sonhador e seu caráter
é preguiçoso. O melancólico possui uma constituição magra, de olhar triste, seu
17

temperamento introspectivo, e seu caráter tende ao pessimismo, o rancor e a


solidão (DALGALARRONDO, 2018).
Na idade contemporânea alguns psiquiatras discutiram sobre personalidade,
Pinel psiquiatra francês em 1809 descreve Mania sem delírios, ou seja, é um
comportamento onde existe um prejuízo afetivo sem alteração do intelecto, ou seja,
o indivíduo não perde o juízo crítico da realidade. O Prichard em 1835 descreve a
Moral insanity, que é a perversão mórbidas dos afetos sem prejuízo das funções
intelectuais, ou seja, é um indivíduo que não perder sua capacidade de juízo crítico,
mas o afeto é prejudicado. Lombroso em 1876 descreve a personalidade criminosa,
definindo assim dois tipos de criminosos: nato e atávico. O criminoso nato é que
indivíduo que nasce e será um criminoso e o criminoso atávico é aquele indivíduo
que virou criminoso pela situação (ALMEIDA, 2007).
Ernest Kretschmer psiquiatra alemão em 1921 descreve uma biotipologia
baseada no temperamento onde existem três tipos: leptossômico, picnico e atlético.
O leptossômico era um indivíduo alto, magro, introspectivo que possuía uma certa
indiferença ao outro, com um caráter paranoide. O picnico era gordo, brevilíneo,
baixo, atarracado que possui características otimistas, feliz. O atlético era forte,
irritado, agressivo possuindo comportamentos explosivos. O psiquiatra alemão Kurt
Schneider em 1923 descreve as personalidades psicopáticas, foi a primeira pessoa
a usar o termo sociopatia descrevendo como um indivíduo que é cruel, frio e
indiferente ao outro, para ele o elemento central desses transtornos é que o
indivíduo sofre e faz a sociedade sofrer (DALGALARRONDO, 2018).
No começo do século XX Janet (1901) e Freud (1955) descreveram sobre
tipos mais específicos da personalidade, definindo os traços psicológicos
relacionados à histeria, que atualmente é conhecido pelo transtorno de
personalidade histriônica, vale ressaltar que esse tipo de tipologia não se aplica
mais, apenas faz mais parte da construção da história da personalidade (CABALLO,
2014).
A CID-10 (1997), introduziu diversos itens gerais, como o transtorno de
personalidade mistos e outros transtornos da personalidade; transformação
persistente da personalidade não atribuível a lesão ou enfermidade mental, outros
transtornos da personalidade e do comportamento do adulto e transtorno da
personalidade e do comportamento adulto não identificado.
18

As versões mais antigas do DSM definiam os transtornos da personalidade


como traços que não atuavam corretamente diante de situações estressoras e que
por essa razão o indivíduo acometido pelo transtorno reagia com um comportamento
desadaptativo e inflexível. Na atualidade sabemos que uma das características do
transtorno da personalidade é a rigidez e os padrões repetitivos do seu
comportamento. O DSM-II enfatizou que os indivíduos acometidos pelos transtornos
da personalidade produziam um comportamento desadaptativo e inflexível e
apresentavam um comportamento socialmente desviado. O DSM-III procurou dar um
enfoque mais descritivo e convincente, afastando-se da influência da psicanálise, os
transtornos da personalidade passaram a ter um eixo separado para ressaltar a
relevância de seu diagnóstico. O DVM-IV introduziu novas contribuições buscando
complementar a validade das categorias do transtorno da personalidade. Nos dias
atuais, os transtornos de personalidade estão presentes nas últimas edições das
duas principais classificações nosológicas dos transtornos mentais, a CID e o DSM
(CABALLO, 2014).
Atualmente segundo o DSM-V (2014), os transtornos de personalidade são
classificados em Cluster A que são chamados de excêntricos ou estranhos, nesse
grupo estão os transtornos de personalidade paranoide, esquizoide e esquizotípico.
No Cluster B os indivíduos possuem um temperamento mais emocional e dramático,
possuindo ainda comportamentos teatrais, volúveis e impulsivos, nesse grupo
encontra-se os transtornos de personalidade narcisista, borderline, histriônico e
antisocial. E no Cluster C estão os indivíduos de comportamento ansioso, nesse
grupo estão os transtornos de personalidade anancástico, esquiva ou evitativo e
dependência.

3.3 HISTÓRIA DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE DE BORDERLINE

O termo "borderline" (limítrofe) deriva da classificação de Adolph Stern, que


descreveu esta doença, na década de 1930, como uma patologia que permanece no
limite entre a neurose e a psicose, foi uma forma de esclarecer um grupo de
pacientes externos que não melhoravam com a psicanálise clássica e que não
pareciam se encaixar nas categorias psiquiátricas “neurótica” e “psicótica” da época.
O transtorno de personalidade borderline surge da necessidade de classificar uma
19

categoria diagnóstica de um grupo de pacientes externos que não melhoravam com


a psicanálise clássica e que não pareciam se encaixar nas categorias psiquiátricas
“neurótica” e “psicótica” da época. O termo borderline foi usado mais amplamente no
princípio da década de 50 (DALGALARRONDO; VILELA, 1999).
Desde os tempos mais antigos já se discutia sobre a impulsividade. Homero,
Hipócrates e Areteo já discorriam sobre uma ira impulsiva, a mania e a melancolia.
Em 1684 Bonet, relacionou a impulsividade e os estados de humor instáveis
denominando a síndrome folie maníaco-melancolique. No século XIX, Bailler e Falret
observaram um grupo de pacientes que já apresentavam características depressivas
com períodos de irritabilidade, cólera, euforia e normalidade, o que nos dias de hoje
se assemelha ao transtorno da personalidade borderline (CABALLO, 2015).
O médico alemão Karl L. Kahlbaum criador da hebefrenia em 1890, faz
menção a um grupo de jovens que apresentavam alterações nas relações sociais e
de personalidade, no qual ele classificou como jovens hebóides. O psiquiatra suíço
Eugen Bleuler em 1911, descreve em sua monografia “Dementia praecox, ou o
grupo das esquizofrenias”, relatando um grupo de pacientes que, apesar de exibirem
uma conduta social padronizado, carregariam consigo de modo implícito, elementos
da esquizofrenia, o que ele classificou como esquizofrenia latente. Em 1921, o
psiquiatra e psicanalista suíço Hermann Rorschach reafirmará a existência de forma
latente de esquizofrenia (DALGALARRONDO; VILELA, 1999). Também em 1921,
Kraeplin usou o termo personalidade excitável para pacientes que manifestavam
flutuações em seu equilíbrio emocional e demostravam uma explosão de ira em
ocasiões triviais, ele foi um dos autores que mais se aproximou do que hoje é
conhecido como transtorno da personalidade borderline (CABALLO, 2015).
. O psicanalista americano Adolph Stern, em 1938, faz referências as
neuroses borderline, sendo o primeiro autor a utilizar o termo borderline, para Stern
esses pacientes tendiam a regredir na falta de uma estrutura ambiental organizada.
Em 1941 o psicanalista Gregory Zilboorg criou o termo chamado esquizofrenia
ambulatorial para os pacientes que apresentavam sintomas de esquizofrenia não
identificável. A psicanalista Helene Deutsch em 1942 denomina a Personalidade
“como se”, para caracterizar aqueles pacientes que se comportam como se
mantivessem uma relação genuína e completa com a realidade, afirmava que por
traz da adequação do dia-a-dia, esses pacientes apresentavam relacionamentos
interpessoais desajustados. Os psiquiatras Paul Hoch e Philip Polatin em 1949,
20

denominaram o termo esquizofrenia pseudoneurótica para os pacientes que


apresentavam sintomas como como ansiedade, histeria e neuroses fóbicas ou
obsessivo-compulsivas (DALGALARRONDO; VILELA, 1999).
Em 1953 o psicanalista Robert Knight apresentou em seu estudo os estados
borderline, termo que ele usou para classificar pacientes que não poderiam ser
classificados nem como neuróticos, nem como psicóticos. Após essa publicação o
termo borderline começou a ganhar popularidade, mas continuou a haver conflito
para encontrar uma definição precisa. Vale ressaltar que até no DSM-II em 1968 e
no CID-9 em 1976 o termo borderline esteve situado dentro do espectro das
psicoses, particularmente associado à esquizofrenia. Foi apenas no ano de 1980
que o DSM-III, introduz uma mudança no sistema de classificação diagnostica e o
borderline sai definitivamente do espectro da esquizofrenia e é reconhecido como
transtorno de personalidade. Em 1992 o CID-10, reconhece o borderline e usa a
denominação transtorno de personalidade emocionante instável tipo borderline
nessa categoria agrupa-se dois subtipos: o tipo impulsivo e o tipo borderline. No
DSM-IV em 1994 o borderline já é classificado como transtorno de personalidade
borderline (DALGALARRONDO; VILELA, 1999).
21

4 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE DE


BORDERLINE (TPB)

O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), também pode ser


conhecido por Transtorno Limítrofe (TPL), ou Transtorno Estado-Limite da
Personalidade, constitui-se como um transtorno mental grave e complexo, segundo
os critérios diagnósticos do DSM-V (2014) o TPB é caracterizado por um padrão de
mudanças súbitas de humor, do anacronismo, de impulsividade acentuada, da
instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos, que emergem
no início da idade adulta e se faz presente durante o decorrer de sua vida.
Os indivíduos acometidos pelo transtorno de personalidade borderline, sofrem
inumeráveis problemas em vários âmbitos da sua vida, bem como familiares,
escolares, profissionais, entre outros.
Vale salientar que o transtorno afeta de 1,6% a 5,9% da população geral, a
prevalência em ambulatórios de psiquiatria está estimada em torno de 10%, estando
20% internados em hospitais, sendo que a maior parte das pessoas afetadas
corresponde as mulheres, com cerca de 75%, a prevalência começa a diminuir nas
faixas etárias mais altas (DSM-V, 2014).
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(APA, 2014), é necessário a presença de cinco ou mais critérios para fechar o
diagnóstico para TPB:

1) a utilização de esforços frenéticos, no sentido de evitar um


abandono real ou imaginário; 2) a presença de um padrão de
relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado
pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização; 3) a
presença de perturbações da identidade, como instabilidade
acentuada e resistente de autoimagem ou do sentimento do self, 4)
comportamentos impulsivos em pelo menos duas áreas
potencialmente prejudiciais à própria pessoa (por exemplo, gastos
financeiros, sexo, abuso de substâncias, direção imprudente, comer
compulsivo); 5) recorrência de comportamentos, gestos ou ameaças
suicida, de automutilação; 6) instabilidade afetiva devido a uma
acentuada reatividade do humor (isto é, episódios de intensa disforia,
irritabilidade ou ansiedade geralmente durante algumas horas e
apenas raramente mais de alguns dias); 7) sentimentos crônicos de
vazio; 8) raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a
raiva (com demonstrações frequentes de irritação, raiva constante,
lutas corporais recorrentes); 9) ideação paranoide transitória e
relacionada ao estresse ou graves sintomas dissociativos (APA,
2014, p. 663).
22

De acordo com Linehan (2010) o Borderline apresenta perturbações mais


complexas que as neuroses, porém, menos complexas que as psicoses,
caracterizado por um padrão prolixo na regulação das emoções, auto-imagem e
controle dos impulsos e dos relacionamentos interpessoais, acrescenta-se também a
impulsividade que é considerada um dos sintomas principais do TPB e dessa forma
pode ser observada por comportamentos que levem a resultados negativos, como
automutilação, promiscuidade, abuso de substâncias e suicídio. Segundo Ades e
Santos (2012), o boderline flutua demasiadamente em suas emoções e sentimentos
de maneira muito rápida, mas na maioria do tempo estará irritado, hiperativo,
pessimista e depressivo.
Os indivíduos com TPB demonstram um comportamento rígido, não dispondo
nitidamente de uma identidade de si mesmos, planos de vida ou mesmo uma
hierarquia de valores duradoura. A instabilidade é tão intensa que acaba
incomodando o próprio indivíduo que em dados momentos rejeita a si mesmo, assim
sua insatisfação pessoal é constante, existindo uma queixa constante de
sentimentos crônicos de vazio e tédio (KAPLAN; SADOCK, 2014). Ocasionalmente o
TPB pode ser caracterizado pela perceptível instabilidade em muitos, senão em
todos os aspectos do funcionamento da pessoa, incluindo relacionamentos, auto-
imagem, afeto e comportamento (BECK et al., 2005).
No CID.10, encontra-se incluído no capítulo dos Transtornos de
Personalidade Emocionalmente Instável. Este transtorno se subdivide em 2 tipos: o
Tipo Impulsivo e o Tipo Borderline (Limítrofe):

O tipo impulsivo 1) possui acentuada predisposição para agir de


forma inesperada sem levar em conta as consequências; 2)
predisposição a ter conflitos com os outros, especialmente quando as
ações impulsivas são censuradas ou impedidas; 3) apresentam
arroubo de ira e violência, com incapacidade para controlar os
próprios comportamentos explosivos; 4) dificuldade para manter
atividade duradouras que não ofereçam recompensa imediata; 5)
estado de humor instável e caprichosos. Inclui personalidade
explosiva e agressiva e transtorno de personalidade agressiva. O tipo
borderline 1) tem alterações ou dúvidas acerca da imagem de si
mesmo, dos próprios objetivos, e das preferências íntimas (incluindo
sexuais); 2) facilidade para ver-se envolvido em relações intensas e
estáveis, que com frequência acabam em crises emocionais; 3)
esforços excessivos para evitar o abandono; 4) reiteradas ameaças
ou atos de agressão contra si mesmo; 5) sensação crônica de vazio.
Inclui personalidade explosiva agressiva e transtorno da
personalidade explosiva/agressiva (CID.10, 1997, p. 200).
23

Conforme Kaplan, Sadock e Grebb (2014, p. 750), “os pacientes borderline


quase sempre parecem estar em crise. Mudanças de humor são comuns. Eles
podem estar inclinados a discussões em um momento, deprimido no momento
seguinte e, mais tarde, se queixar de não ter sentimentos”.
Segundo Hegenberg na visão psicanalítica os indivíduos acometidos pelo
TPB apresentam as seguintes características: angústia de separação (dificuldade de
se separar do outro); dilema com a identidade (dificuldade de constituir sua
subjetividade); clivagem (divisão em bom e mau); questão do narcisismo (visualiza
suas próprias necessidades); agressividade; impulsividade e; suicídio (MATIOLI;
ROVANI; NOCE, 2014).
Gabbard (2009) indica que pessoas com TPB podem manifestar profusos
descontroles como: descontrole cognitivo, descontrole afetivo, descontrole dos
impulsos, descontrole comportamental e descontrole da ansiedade. A impulsividade
pode surgir como forma de defesa frente a uma frustação. A impulsividade destes
indivíduos geralmente está associada a sensação crônica de vazio e ao sentimento
de desesperança vivenciado ao longo de sua vida. A falta de esperança e a crença
de que está só no mundo os levam ao desespero à prática de atos impulsivos e a
exposição a situações de risco, ou seja, a impulsividade acaba por surgir como
forma de defesa frente a uma frustação (ROSA; SANTOS, 2011). Para Caballo
(2014), esses indivíduos buscam incessantemente novas experiências o que os
transformam em caçadores de emoções intensas e extremas, para que assim
possam ocupar o vazio existencial que os sufocam.
A pessoa com TPB tem dificuldades laborais, conjugais para vencer as etapas
rotineiras da vida. Segundo Romaro (2002), o transtorno borderline tem suscitado
um amplo abalo social e familiar devido suas manifestações psicopatológicas que
abarcam profusas particularidades e características de comportamentos
desajustáveis e sintomáticos destacando-se a dificuldade no controle de impulsos,
comportamentos agressivos e autodestrutivos (abuso de substâncias psicoativas,
automutilações, distúrbios alimentares, pequenos furtos, tendência a promiscuidade,
gastos excessivos, jogos compulsivos, pensamentos suicidas...), além disso as
relações interpessoais são conturbadas, pouco diferenciais, manipulativas e
agressivas, sentimento de persecutoriedade, estados depressivos e tentativas de
suicídio. Apresentam dificuldade no ambiente de trabalho, ou escolar com baixo
rendimento e pouca produtividade, além de queixas orgânicas recorrentes.
24

4.1 BASES SOCIAIS E PSICOLÓGICAS DO TRANSTORNO BORDERLINE

Segundo Zanarini et al. (1943), conforme citado por Caballo (2014), os fatores
etiológicos podem ser divididos em seis grupos; onde três corresponderiam a uma
natureza meio-ambiental: 1) separações na infância, 2) compromisso ou implicações
parentais alteradas e 3) experiências de abuso infantil; os outros três teriam mais a
ver com uma natura constitucional: 1) temperamento vulnerável, 2) tendência
familiar a padecer certos transtornos psiquiátricos e 3) formas sutis de disfunção
neurológica e/ ou bioquímica.
Segundo Barlow (2015), não existe uma única causa que seja capaz de
despertar o TPB, pois o transtorno de personalidade borderline é multicausal, assim
sendo é possível observar que influência psicossocial tem relação estreita com as
experiencias traumáticas vivenciadas na infância principalmente negligência, abuso
e maus-tratos. Os maus-tratos na infância são diversos vão desde abuso físico,
psicológico e sexual, na maioria dos casos proveniente de um membro da família,
parentes ou amigos próximos, causando assim danos físicos e psicológicos.
Pacientes borderline adultos mencionam mais experiências de maus-tratos, de todos
os tipos, do que indivíduos com outros transtornos da personalidade. Outros fatores
que podem predeterminar a personalidade borderline seria o baixo limiar de
ansiedade, os episódios de insegurança social e certo grau elevado de estresse
ambiental (MELO et al., 2017).
As literaturas enfatizam o desenvolvimento dessa personalidade, relatando a
função das experiências traumáticas, como abuso físico e sexual, separação
precoce dos pais, e perdas de parentais. Entre os pressupostos, têm-se identificado
fatores como: vida familiar desestruturada; ausência de afeto e falta de apoio
familiar; falta de diálogo no seio familiar; traumas de infância, até mesmo abuso
sexual, físico ou emocional; experiência de abandono na infância ou adolescência;
problemas familiares ligados a vícios de algum ente, como bebida alcoólica;
predisposição genética, aspectos neurológicos, empíricos e psicológicos, ou seja, a
disfuncionalidade familiar na infância pode ser apontada como um fator prevalente,
visto que as relações familiares são basilares no desenvolvimento do indivíduo
(CARNEIRO, 2004).
As relações afetivas e a história familiar ocupam uma posição de notoriedade
dos fatores da natureza mental e emocional dos indivíduos acometidos pela
25

personalidade borderline, ou seja, configurações familiares influenciam e repercutem


na formação dos vínculos do sujeito. A vida desses indivíduos é marcada por imenso
sofrimento psíquico e físico na infância, possuindo como base um núcleo familiar
desestruturados, instável e inseguro. Ocorre que a criança se sente sozinha e
desprotegida e essa sensação tende a se reforçar quando for adulta, por esse
motivo, o adulto com borderline se sentira ameaçado e terá ataques de cólera, em
processos de separação, pois isso o remeterá à época aonde se sentiu totalmente
abandonado (ADES; SANTOS, 2012).
De acordo com uma pesquisa realizada na cidade de São Paulo, observou-se
que a história pessoal do indivíduo interfere significantemente independente do
transtorno, os indivíduos acometidos pelo transtorno da personalidade borderline
são marcados por ambientes extremamente precário na infância, o que acarreta
muita dor e sofrimento, por essa razão os indivíduos sentem tanta dificuldade em
seus relacionamentos íntimos. O embotamento afetivo e o isolamento são
mecanismo de defesas que os indivíduos com TPB usam para se protegerem ou se
colocarem em menos risco, essa dinâmica de se voltar para dentro, é uma maneira
de se integrar e ficar mais tranquilo, pois o contato as vezes é perturbador
(MATIOLI; ROVANI; NOCE, 2014).
Segundo Ades e Santos (2012) o borderline vive numa quantidade exorbitante
de crises, estressores ambientais, relacionamentos interpessoais problemáticos e
situações ocupacionais difíceis, isso tudo porque eles apresentam uma tendência a
adotar comportamento autodestrutivo e de auto sabotagem.
Os relacionamentos desses indivíduos são intensos e instáveis, marcados por
frequentes discussões e rompimentos, pois o borderline sente um profundo medo de
ser abandonado, com efeito eles propendem a manifestar esforços desesperados
para evitar ser deixado sozinho, outra causa das discussões e rompimentos dos
relacionamentos são as oscilações entre extremos de idealização e desvalorização
(CARNEIRO, 2004).
O impacto que o TPB tem em sua vida é grande, dificultando a compreensão
de quem ele e causando disfunções principalmente em atividades diárias e
relacionamentos interpessoais. A falta de entendimento do seu self faz com que o
indivíduo com borderline tenha uma necessidade doentia de estar em um
relacionamento de maneira de simbiótica e dependente, mesmo que esses
26

relacionamentos sejam relações toxicas que os levem a um sofrimento profundo,


além disso para eles é muito difícil encontrar um sentido na vida (MELO et al., 2017).
Segundo Winnicott o self do borderline não está constituído, por esse motivo
os indivíduos com TPB se sentem constantemente incompletos, daí surgem a falta
de sentido de vida e as vivencias intensas de vazio, isso ocorre pelo ambiente
desestruturado que esses indivíduos viveram na infância. À vista disso se faz
necessário um ambiente estruturado pois o borderline carece de alguém que o
acompanhe na constituição do seu self. Algumas pesquisas enfatizam o papel das
funções maternas e paternas nos sintomas deste sofrimento (MATIOLI; ROVANI;
NOCE, 2014).
Acredita-se que, além do forte componente genético, experiências
traumáticas na infância, como abuso sexual e negligência, causariam a
desregulação emocional e a impulsividade, levando aos comportamentos não-
funcionais, déficits e conflitos psicossociais (CARNEIRO, 2004). De forma
semelhante, Linehan (2010) ressalta que ter vivido em ambientes invalidantes na
infância tem papel fundamental para a manifestação e o desenvolvimento dos
sintomas do TPB.
Segundo Campiglia (2013), conforme citado por Mello et al. (2017), estamos
vivendo em uma sociedade adoecida em que supervalorizamos o “ter” e
esquecemos de “ser”, essa sociedade individualista e consumista onde tudo é
considerado descartável tem impossibilitado a continuidade da relação e do
crescimento do amor, o que agrava ainda mais o indivíduo com borderline, pois os
mesmos são intensos e sentem necessidade de viver relacionamentos intensos e
não superficiais.
Segundo Hegenberg (2013), conforme citado por Marinho e Rato (2016), um
dos fatores sociais que contribuem para um desequilíbrio maior do borderline
chegou junto com a contemporaneidade, com a falta de funções prefixadas, nada é
fixo ou estável. O indivíduo de acordo com a vida contemporânea deve buscar a
constante realização e satisfação dos seus desejos.
O indivíduo com a personalidade borderline aborda o outro com uma imensa
segurança, se entregando por inteiro para o outro, são cativantes e manipuladores,
da mesma forma que conseguem atrair com facilidade são também abandonados
com a maior facilidade.
27

Os indivíduos com borderline tem sérias limitações para desfrutar das opções
emocionais diante dos estímulos do cotidiano e, por causa disso, costuma enfurecer-
se diante dos pequenos estressores, pois o seu limiar de tolerância diante das
frustações é profundamente diminuído. Eles carregam consigo uma angústia
dilacerante quando se trata das relações afetivas, é difícil para um borderline
expressar seus sentimentos de carinho e afeto, pois viveram em ambientes
desestruturados durante a infância, onde existia escassez de carinho e amor, o que
acabou gerando um bloqueio como forma de proteção (REZENDE, 2016).
No Brasil, em estudo realizado em 1985 estima-se que a prevalência quanto
ao transtorno borderline, há variação entre 2 e 3%, sendo duas vezes mais
frequente entre mulheres do que em homens. Em relação à família estudos têm
corroborado que o TPB tem predisposição genética. Pessoas com histórico de
borderline na família, tem 5% a mais de chances de desenvolver este transtorno.
Além disso, há um aumento do risco familiar para transtornos por uso de substância,
transtorno da personalidade antissocial e transtorno depressivo ou bipolar (DSM-V,
2014).
Na concepção de Zimerman (2004) as pessoas acometidas do transtorno de
personalidade borderline apresentam as seguintes características:

São altamente sensíveis às frustrações, nas suas múltiplas formas,


como as privações, perdas, ausências, falta de continente, falta de
reconhecimento e outras equivalentes. Resulta daí que tais pacientes
tendem a negar e evadir essas frustrações por meio de defesas
patológicas, em vez de as enfrentar e modificá-las, o que se constitui
em um dos fatores que mais se opõem ao crescimento da mente (p.
248).

Pode-se se dizer que o indivíduo acometido pelo transtorno da personalidade


borderline vive em uma corda bamba, nadando num mar de vazio e extremos, para
esses indivíduos nada pode ser meio termo, é sempre tudo ou nada, branco ou
preto, gelo e fogo, quando ele ama, ele ama como uma devoção descomunal, mas
quando ele deixa de amar, seu objeto de amor, vai para o outro lado da fronteira, o
lado obscuro do ódio. Viver nessa montanha russa de emoções ocasionam
sentimentos angustiantes dos quais muitas vezes, eles não conseguem lidar, o
desespero, as decepções e o sofrimento intenso consequentemente estão presentes
na vida do borderline e das pessoas que o cercam.
28

4.2 TRANSTORNO DE BORDELINE E SUAS COMORBIDADES

Os indivíduos com TPB apresentam um padrão de boicote em relação a si


mesmo quando estão preste a atingir um objetivo, alguns podem inclusive
desenvolver sintomas quase psicóticos como: alucinações, distorções da imagem
corporal entre outras, durante períodos de estresse (DSV, 2014).
Vale ressaltar que o transtorno mascara outras doenças, por isso o
diagnóstico se torna tão complicado, o fato é que o indivíduo com borderline
apresenta quase todos os traços dos quadros associados a outros transtornos,
dessa forma se faz compreensível a real dificuldade de um diagnóstico preciso
(ADES; SANTOS, 2012).
O TPB pode ser confundido com outros transtornos da personalidade, ainda
que o transtorno de personalidade histriônica possa ser marcado pela busca de
atenção, comportamento manipulativo e por mudanças rápidas de humor, o TPB
distingue-se por auto destrutividade, ataques de raiva nos relacionamentos íntimos,
anacronismo e solidão. As ideias paranoides podem ocorrer também no TPB não se
restringindo apenas a quem possui o transtorno de personalidade esquizótipica,
entretanto esses sintomas no TPB são mais passageiros e surgem em respostas a
situações estressantes. Tem em comum com o transtorno de personalidade
antisocial, a manipulação, só que o TPB usa desse comportamento manipulador
para conquistar o interesse de quem ele quer ter por perto, enquanto no transtorno
de personalidade antisocial, essa manipulação ocorre para obter benefício material.
O transtorno de personalidade dependente também pode ser confundido com o
TPB, pois os dois temem o abandono, mas o TPB reage com sentimento de vazio
emocional, raiva e exigências, enquanto o transtorno dependente reage com
submissão e busca urgente de uma nova relação que substitua a anterior (DSM,
2014).
De acordo com Caballo (2014), inúmeros transtornos do Eixo I podem dar-se
conjuntamente ao TPB, incluindo o consumo de substâncias psicoativas, transtornos
alimentares, transtornos do humor, transtornos dissociativos, somatoformes,
factícios, transtorno por déficit de atenção, por estresse pós-traumático e de controle
dos impulsos.
Segundo Romaro (2002), os indivíduos com este transtorno podem
geralmente abusar de jogos de azar, fazer gastos insensatos, abusar de
29

medicamentos, comer em excesso, dirigir de forma descuidada, ter relações sexuais


sem o uso de preservativo e abusar do consumo de substâncias psicoativas, por
manifestarem uma grande impulsividade, muitas vezes acabam prejudicando a si
próprios.
Segundo a CID-10 (1997), o uso nocivo da substância é diagnosticado na
ocorrência de dano real para a saúde física ou mental do usuário. De acordo com o
DSM-V (2014), a característica essencial do abuso de substância é um padrão mal
adaptativo de seu uso, que ocorre em certas ocasiões especiais, de algumas horas
a dias, seguido por períodos mais longos (semanas ou meses) de abstinência ou de
uso ocasional e não problemático. Em suma, o abuso difere de dependência por não
apresentar padrões de uso compulsivo, nem de tolerância, nem sintomas de
abstinência.
De acordo com Widiger e Trull (1993), conforme citado por Caballo (2014), a
comorbidade do TPB com os transtornos do estado de humor é ampla e
problemática, em parte devido à sintomatologia exposta. Em uma revisão de estudos
desses autores estima-se que em média 32% das pacientes com TPB tenham
depressão maior, 17% distimia, 5% ciclotimia e 4% transtorno bipolar. Alguns
indivíduos com transtorno da personalidade borderline podem apresentar uma
comorbidade com o transtorno esquizoafetivo. O transtorno de personalidade
borderline tem sido associado constantemente com a síndrome de abuso de
substâncias psicoativas, como álcool e drogas ilícitas uma vez que uma das
características marcantes dos indivíduos com personalidade borderline seja sua
ânsia por vivenciar modelos diversificados de existência em busca da sua própria
identidade. Nos casos de comorbidade, o tratamento costuma ser mais longo, e a
participação da família é fundamental (ROSA; SANTOS, 2011).
30

5 SUICÍDIO E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

O suicídio é um fenômeno presente ao longo de toda a história, em todas as


culturas. Em algumas culturas primitivas, como a Greco-romana existia uma certa
tolerância frente ao suicídio, pois o ato de tirar a própria vida era visto como um ato
honroso e glorioso, o suicídio nessa época era visto como uma entrada para o
paraíso. O que antes era visto como tolerante, durante a Idade Média, passa a ser
tido como condenável, os indivíduos que cometia o ato de tirar a própria vida, tinha
seu cadáver mutilado, não tendo um enterro digno e sendo considerado como um
indivíduo que está sob forte influência de manifestações demoníacas (BOTEGA,
2015).
Com o passar dos séculos, houve várias tentativas de explicar o fenômeno do
suicídio, saindo do campo da religião e entrando no campo da ciência, o suicida
passa a ser vítima da melancolia, a melancolia por vez estava estreitamente ligada
ao excesso de bílis negra que era apontada como um dos elementos mais sombrios.
Para Burton os indivíduos cometiam o suicídio por sentirem que suas vidas tornaram
intoleráveis, ou seja, existia um sofrimento oculto dentro desses indivíduos
(BOTEGA, 2015).
Nos tempos mais remotos o suicídio era conhecido como homicídio de si
próprio. A palavra suicídio surgiu no século XVII em textos ingleses, para
compreender o significado de suicídio apresentamos sua etimologia: o termo vem da
junção do latim sui que significa si mesmo e caedere que se refere à ação de matar.
Nos dias atuais o suicídio foi definido pela Organização das Nações Unidas, como
um fenômeno multifatorial, multideterminado e transacional que se desenvolve por
trajetórias complexas, porém identificáveis, sendo considerado um caso de saúde
pública (BOTEGA, 2015).
De acordo com Lineham (2010), comportamentos suicidas consistem em
combinações de ameaças de suicídio confiáveis ou comunicações de suicídio
iminente, planejamento ou preparações para o suicídio; obtenção e manutenção de
meios letais disponíveis e intenção suicida elevada.
Segundo a OPAS (2018), a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio, e
a cada três segundos uma pessoa atenta contra a própria vida. As taxas de suicídio
vêm aumentando globalmente. O suicídio é a segunda principal causa de morte
entre os jovens de faixa etária de 15 a 29 anos, no entanto existe uma incidência
31

elevada de suicídio em idosos com mais de 70 anos. Em termos gerais, os homens


cometem mais suicídios do que as mulheres, embora elas apresentem um maior
número de tentativas. Em nível global cerca de 800 mil indivíduos tiram a sua própria
vida por ano, sendo que quando falamos de tentativas de suicídio, esse número
aumenta de 10 a 20 vezes a mais. Entre os métodos mais utilizados está a ingestão
de pesticidas, enforcamento e armas de fogo, os países de baixa e média renda são
os mais afetados pelo fenômeno do suicídio. Estima-se que cerca de 90% dos
indivíduos que puseram fim às suas vidas cometendo suicídio tinham algum
transtorno mental e que, na época, 60% deles estavam deprimidos, aqui cabe
ressaltar a importância que nem todo indivíduo que tira sua vida, está
necessariamente acometido de um transtorno mental, mas sim de um momento
crítico que pode ser superado.
De acordo com o Ministério da saúde (2018), o Brasil é o oitavo país em
número absoluto de suicídios, mais de 11 mil indivíduos tiram sua vida, sendo a
quarta causa de morte entre jovens de faixa etária de 15 a 29 anos. Os números
apontam que a taxa de mortalidade por suicídio entre homens é 3,6 vezes maior que
entre as mulheres, sendo a terceira maior causa de morte. Entre as mulheres esse
número cai para a oitava causa de morte. Nos últimos anos o Brasil teve um
aumento considerável de mortalidade por suicídio, registrando um aumento de 100
mil habitantes por ano.
O comportamento suicida compreende um conjunto de atitudes que incluem:
ideação suicida, a tentativa de suicídio e o suicídio consumado. Pensamentos e
planos suicidas são chamados ideação suicida. O suicídio consumado seria o ato
intencional de autoagressão que resulta em morte. A tentativa de suicídio
compreende um ato de autoagressão cuja intenção é a morte. Aqui vale ressaltar
que nem toda violência autoprovocada qualifica-se em uma intenção de suicídio
(OMS, 2000).
Segundo Botega (2015), existem inúmeras crenças errôneas envolvendo o
fenômeno do suicídio, a primeira medida preventiva é a educação: é preciso deixar
de ter medo de falar sobre o assunto, derrubar tabus e compartilhar informações
ligadas ao tema. Perguntar se o indivíduo pensa em tirar a própria vida, não
aumenta o risco de suicídio e sim protege, visto que a prevenção se torna
verdadeiramente bem-sucedida quando se reconhece e se conversa sobre a
situação emocional do cliente. Saber quais as principais causas e as formas de
32

ajudar são elementos imprescindíveis para a redução da ideação suicida. Outro mito
comum é achar que os indivíduos que falam de suicídio estão querendo chamar
atenção, ao contrário que se pensa popularmente, deve-se sempre levar a sério
essas palavras, pois essas palavras muitas vezes demonstram que existe um
indivíduo sofrendo e que estar buscando ajuda. Outros mitos relacionados ao
suicídio está sobre achar que os indivíduos suicidas querem mesmo morrer ou estão
decididos a matar-se, isso é um ledo engano, pois uma das principais características
do suicídio é seu forte sentimento de ambivalência, onde o indivíduo considera se
deve morrer ou viver.
Achar que um indivíduo que está fora de perigo, depois de mostrar sinais de
melhoria é outra forma de mito, pois um dos períodos que mais merecem a nossa
atenção, ocorre logo após a crise, muitos indivíduos podem apresentar uma relativa
calma, mas, essa calma pode ser justamente porque o indivíduo já tenha decidido
pelo suicídio como forma de terminar seu sofrimento, esperando tão somente uma
oportunidade. O autor ainda ressalta a importância de desconstruir as crenças e
preconceitos como fator relevante para reduzir e prevenir o comportamento suicida
(BOTEGA, 2015).
De acordo com a Organização Mundial da saúde (2000), os sintomas do
suicídio costumam seguir um certo padrão, mas deve-se estar atento a singularidade
dos indivíduos, pois o padrão varia de acordo com a personalidade. Identificar os
fatores de risco pode contribuir sumariamente na prevenção ao suicídio. O suicídio é
por vezes considerado para muitos, como o fim da linha, um recurso utilizado por
aqueles que se encontram num momento de desespero, de angústia e que não
suportam mais conviver com seus próprios fantasmas.
Segundo a OMS (2000), entre os vários aspectos do comportamento suicida,
destacam-se os fatores de risco ambientais, culturais, genéticos e psicossocial. Vale
ressaltar que a maioria dos indivíduos que cometem suicídio passaram por
acontecimentos estressantes nos três meses anteriores ao suicídio. Entre os fatores
sociodemográfico e ambientais estão os indivíduos que vivem sozinhos, assim como
divorciados e viúvos. Mais do que estar desempregado, a perda do emprego foi um
dos fatores associados ao suicídio, os indivíduos que migraram de uma área rural
para urbana, ou diferentes regiões, ou países, são mais vulneráveis a
comportamento suicida. Vale enfatizar que a depressão, o desespero, o desamparo
33

e a desesperança contribuem para que o indivíduo esteja mais vulnerável ao


suicídio.
Outros fatores de risco que se destacam são: transtornos mentais, ansiedade,
estado de exaustão, traços impulsivos, baixa autoestima, sofrimento intenso,
relações familiares traumáticas na infância, carência de apoio social, prejuízo na
capacidade de solução de problemas, antecedentes familiares, abuso de
substâncias, tentativas anteriores, ideação suicida verbalizada. Deve-se estar atento
também a história familiar de suicídio, bem como o luto ou a dissolução de um
relacionamento amoroso, ou a preparação de um testamento e cenas de
despedidas, algumas mudanças de condições de saúde ou estado físico são fatores
que requerem atenção de um possível risco de suicídio (OMS, 2000).
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP, 2014), pacientes
que tentaram suicídio previamente têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar
suicídio novamente. Estima-se que 50% daqueles que se suicidaram já haviam
tentado previamente. Os transtornos psiquiátricos mais comuns como fator de risco
para o suicídio incluem depressão, transtorno bipolar, alcoolismo e
abuso/dependência de outras drogas e transtornos de personalidade e
esquizofrenia. Ressalta-se também que os indivíduos com inúmeras comorbidades
possuem um risco maior.
Os comportamentos suicidas entre jovens e adolescentes envolvem
motivações complexas, incluindo humor depressivo, abuso de substâncias,
problemas emocionais, familiares e sociais, história familiar de transtorno
psiquiátrico, rejeição familiar, negligência, além de abuso físico e sexual na infância.
Entre os idosos os fatores prevalentes são as perdas de parentes, sobretudo do
cônjuge; solidão; existência de enfermidades degenerativas e dolorosas; sensação
de estar dando muito trabalho à família e ser um peso morto para os outros. Nos
homens, a solidão e o isolamento social são os principais fatores associados.
Algumas doenças clínicas foram associadas ao suicídio como o câncer, HIV, bem
como doenças neurológicas, cardiovasculares, pulmonares e reumatológicas (ABP,
2014).
É importante frisar que o comportamento suicida abarcar três características
fundamentais que estão presentes na mente do indivíduo que pensa em suicídio,
são elas a ambivalência, a impulsividade e a rigidez. A ambivalência se caracteriza
pelo desejo do indivíduo entre querer viver e querer morrer, esses indivíduos
34

desejam sair da dor e do sofrimento com a morte, entretanto existe também um


desejo de sobreviver a esse sofrimento, muitos não querem morrer, mas sim livrar-
se da dor. A impulsividade pode ser motivada pelos estressores da vida, bem como
rejeição; recriminação; fracasso; falência; morte de ente querido, o impulso para
cometer o ato é efêmero e dura alguns minutos ou horas. A rigidez compreende o
pensamento fixo em suicídio, e a dificuldade de habilidade para compreender os
problemas do cotidiano de ótica (OMS, 2000). Nesse sentido pode-se perceber a
estreita ligação do fenômeno suicídio com sentimentos de solidão e desesperança
(BOTEGA et al., 2006).
A Associação Brasileira de Psiquiatria (2014), ressalta que no suicídio existe
um sofrimento profundo que distorce a percepção da realidade na qual este
indivíduo está inserido, existe também uma avaliação negativa de si mesmo e do
futuro, que acaba por interferir no livre arbítrio. A realidade se apresenta intolerável,
há um medo irracional e uma preocupação excessiva. O funcionamento mental gira
em torno de três sentimentos: intolerável (não suportar), inescapável (sem saída) e
interminável (sem fim). Nesse momento o passado e o presente evidenciam seu
sofrimento e o futuro é visto como escuro, o indivíduo não consegue elaborar planos,
nem tão pouco consegue enxergar soluções ou meios de resolver seus problemas,
então surgem a ideação e tentativa de suicídio, que podem culminar com o ato
suicida.
Botega et al. (2006), afirma que fatores culturais podem influenciar as taxas
de suicídio, dependendo de sociedade na qual estamos inseridos, esses valores
podem operar como fatores de proteção ou de risco. Sociedades que valorizam a
reciprocidade e são mais abertas as mudanças de opinião, tendem a favorecer os
aspectos de proteção. Em contrapartida, em sociedades em que a capacidade de
tomar decisões são valorizadas e pedir ajuda é visto como um sinal de fraqueza,
ocorre o oposto.
Segundo Botega et al. (2006), dentre os principais fatores de risco estão
alguns transtornos mentais como a depressão, o abuso de substâncias psicoativas e
os transtornos da personalidade, as perdas recentes e a dinâmica família
desestruturada pode ser visto como um fator de risco. É preciso também ficar a
atento a facilidade em ter acesso a meios letais. Identificados os fatores de risco
para comportamento suicida, classificasse a urgência da situação, os de baixo risco
estão os casos em que há ideação suicida, mas não há planejamento específico e a
35

intencionalidade é baixa. Nestes casos o paciente ainda conjectura alternativas para


lidar com o sofrimento. Os de médio risco estão os casos em que os indivíduos
apresentam planos suicidas possíveis, mas não tem acesso fácil aos meios para
concretizá-los. Os de alto risco caracteriza-se quando há planejamento claro, o
indivíduo possui os meios para fazê-lo, e há intenção de levá-lo a cabo nas próximas
horas ou dias (ABP, 2014).
Segundo Botega (2015), existe alguns fatores consideráveis que fornecem
proteção contra o comportamento suicida, são aqueles que conduzem a uma vida
favorável e funcional, trazendo uma sensação de bem-estar, entre os vários
aspectos dos fatores de proteção destacam-se a estrutura familiar, a personalidade
e estilo cognitivo, os fatores socioculturais. Dentre eles, estão: confiança em si
mesmo, capacidade de procurar ajuda quando surgem as dificuldades, habilidades
para se comunicar e solucionar problemas, bom relacionamento com os familiares,
apoio familiar, integração social, estar empregado, ter uma rede social que propicia
apoio emocional. Dessa maneira Botega et al. (2006), constata que o sentimento de
“pertencer”, no sentido de possuir forte ligação, seja a uma comunidade, a um grupo
religioso ou étnico, a uma família ou a algumas instituições protegem o indivíduo do
suicídio. Botega (2015), ainda afirma que “a resiliência emocional, a capacidade
para resolver problemas e certas habilidades sociais podem conduzir o impacto das
adversidades e, dessa forma, contrabalançar o peso de certos fatores de risco” (p.
89).
Zana e Kovács (2013) ressaltam a importância da subjetividade e da
experiencia vivida como única, ou seja, cada indivíduo atribui um significado aos
fatos que ocorrem em seu meio, no seu ver existe uma complexa rede de fatores e
não apenas uma única causa, as evidenciam que à medida que a intencionalidade
cresce, a ideação suicida passa para desejos, ameaças, tentativas, até o ato
consumado. Kovács afirma que:

O suicídio é um ato muito complexo, portanto não pode ser


considerado em todos os casos como psicose, ou como decorrente
de desordem social. Também não pode ser ligado de forma simplista
a um determinado acontecimento como rompimento amoroso, ou
perda de emprego. Trata-se de um processo, que pode ter tido o seu
início na infância, embora os motivos alegados sejam tão somente os
fatores desencadeantes (KOVÁCS, 1992, p. 173).
36

De acordo com Fukumitsu e Kovács (2016), o suicídio pode ter diversas


representações tais como: punição, fuga, libertação, transgressão religiosa, nem
sempre se conhecem as motivações das pessoas, sabe-se que o suicídio não é um
ato isolado, e sim processo, do qual, por vezes, só se conhece sua finalização e
nunca é um evento solitário, pois para cada suicídio há, em média, 5 ou 6 pessoas
próximas ao falecido que sofrem consequências emocionais, sociais e econômicas.
Por ser uma morte traumática, o suicídio causa impacto para as pessoas que o
vivenciam diretamente, esses indivíduos são invadidos por sentimentos intensos e
ambivalentes, onde a culpa impera. Os enlutados por suicídio enfrentam, além da
dor da perda por morte, a dor da culpa, da vergonha (pelos fatores morais aos quais
o suicídio se relaciona) e muitas vezes das autoacusações, uma vez que o enlutado
nesse caso pode ser levado a pensar que poderia ter agido de modo a evitar o ato
suicida.
Compreendendo que o suicídio é um ato complexo e multifatorial, torna-se
claro que o profissional deva observar cada caso com importante atenção as
particularidades de cada indivíduo. É possível prevenir o suicídio, desde que os
profissionais de saúde, de todos os níveis de atenção, estejam aptos a reconhecer
os seus fatores de risco. Segundo Botega et al. (2006), o suicídio não apenas uma
tragédia no âmbito pessoal, ele também representa um sério problema de saúde
pública. Dessa forma, torna-se manifesta a importância e relevância de estudos
sobre este tema, pois, o comportamento suicida contempla, independente do prisma
pelo qual é analisado, uma dimensão central relacionada ao sofrimento.
É preciso reforçar a importância de uma rede integrada para que possa existir
de fato uma saúde que realmente trabalhe na prevenção do suicídio. A prevenção
deve ser observada em todos os âmbitos do sistema de saúde e não apenas nos
centros com foco em saúde mental. É de extrema importância aperfeiçoar a
capacidade dos profissionais de saúde em identificar e lidar com indivíduos com
risco de suicídio, saber manejar essas situações é uma forma de prevenção. É
importante frisar que a prevenção do suicídio não se limita apenas a rede de saúde,
mas que é necessário a existência de medidas em diversos âmbitos da sociedade,
que possam assim contribuir para a redução das taxas de suicídio (ABP, 2014).
37

5.1 RELAÇÃO DO TRANSTORNO DA PERSONALIDADE DE BORDERLINE COM


O SUICÍDIO

Entre os transtornos da personalidade, o que mais se associa ao suicídio e as


tentativas de suicídio é o transtorno da personalidade borderline. Estressores
psicossociais, como desentendimento familiar, problemas no emprego e conflito nas
relações amorosas podem desencadear as tentativas de suicídio (BOTEGA, 2015).
Segundo Linehan (2010), os comportamentos suicidas, incluindo o suicídio
consumado e atos parassuicidas cometidos com a intenção de morrer são
singularmente relevantes entre indivíduos com borderline, esses indivíduos
apresentam também uma ocorrência proeminente de comportamentos parassuicidas
que não são acompanhadas por nenhuma intenção de morrer.
Segundo os resultados de uma pesquisa realizada no estado de São Paulo,
os indivíduos com TPB possuem uma rigidez em seu posicionamento diante da vida,
ainda que tenham uma boa organização, essa organização é acompanhada de
muita ansiedade e propende a aumentar quando algo se rompe ou na presença de
acontecimentos novos. Quando a ameaça é muito intensa eles chegam à ideação
suicida de morte, ou seja, é como se eles estivessem mortos psiquicamente. A
impulsividade desses indivíduos é bastante acentuada, demonstrada pelas reações
agressivas e a ideação suicida (MATIOLI; ROVANI; NOCE, 2014).
Na literatura encontrada às características mais corriqueira em indivíduos com
TPB são: a impulsividade, a instabilidade afetiva e emocional, a raiva, o sentimento
crônico de vazio, a autolesão, a ameaça e a tentativa de suicídio. Quando esses
indivíduos estão diante de algo novo ou uma ruptura, eles sentem como se
estivessem mortos em vida, ou seja, o seu psiquismo está morto, não o corpo físico
(MATIOLI; ROVANI; NOCE, 2014).
A ausência de forte senso de realidade culmina num sentimento de vazio
existencial, são nesses momentos de sofrimento intenso que o borderline costuma
ter comportamentos impulsivos e autodestrutivos na tentativa de se livrar da dor. A
automutilação para o borderline, apresenta-se como uma troca de dor, quando ele
não pode mais lidar com a dor que lhe consome por dentro, então esse indivíduo se
automutila, para assim focar na dor exterior, aliviando momentaneamente sua dor
interior. O ato de tentar tirar a própria vida vem da necessidade de ser socorrido e
38

cuidado por outras pessoas, pois o borderline tem fortes sentimentos de desamparo,
desamor e desesperança (ADES; SANTOS, 2012).
Os indivíduos com personalidade borderline possuem em sua vida uma
quantidade abundante de crises existenciais, estressores ambientais,
relacionamentos interpessoais complicado para dispor ou encontrar significado para
vida. O desejo de morrer entre indivíduos tem sua base na crença de que avida não
pode e não irá melhorar, vale ressaltar que é irrelevante se o intenso sofrimento que
esses indivíduos vivenciam resulta de seu próprio comportamento ou de fatores
ambientais incontroláveis, pois sofrimento é sofrimento (LINEHAM, 2010).
Uma particularidade marcante do TPB é a impulsividade, referida de duas
maneiras: existem os indivíduos autodestrutivos que manifestam comportamento
suicida, podendo apresentar ameaças, automutilação e tentativas de suicídio; outros
indivíduos apresentam configurações mais genéricas de impulsividade, marcadas
pela participação de orgias, direção imprudente, explosões verbais, abuso de drogas
e desorganização alimentar. O impacto social do TPB é alarmante, a taxa de
mortalidade devida ao suicídio é elevada, atinge 10% dos pacientes. É uma das
desarmonias psiquiátricas recorrentemente associada ao suicídio (CARNEIRO,
2004).
Nos indivíduos com transtorno de personalidade borderline a impulsividade e
o abuso de drogas estão associados ao maior número de tentativas de suicídio.
Normalmente encontram-se muitos casos de borderline envolvidos com
comportamentos autodestrutivos como automutilações (p.ex. cortes, queimaduras)
tentativas de suicídio, tendência à manipulação, compulsão, abuso de drogas, isso
ocorre porque o borderline sente de maneira intensa, o que para uma pessoa sem
transtorno pode ser considerado só uma situação desagradável, para o borderline
essa mesma situação é muito intensa, a dor que eles sentem é muito profunda
(CARNEIRO, 2004).
Estudos epidemiológicos mostram que indivíduos com depressão maior em
comorbidade com o transtorno de personalidade borderline, quando comparados
com pacientes deprimidos sem transtorno de personalidade, possuem início mais
precoce de sintomas, maior número de episódios depressivos, maior incidência de
sintomas atípicos, maior prevalência de comorbidade com abuso de substância e
maior número de tentativas de suicídio prévias (ABP, 2014).
39

Linehan (2010), destaca que o padrão de comportamento mais estreito com o


transtorno da personalidade borderline, é sem sombra de dúvida a sua auto
destrutividade intencional e as periódicas tentativas de suicídio, enfatizando que
75% desses indivíduos tem pelo menos um histórico de automutilação em sua vida e
que cerca 9% desses indivíduos tiveram a sua vida ceifada pelo autoextermínio.
Indivíduos com o transtorno de personalidade borderline possuem
dificuldades para enfrentar os problemas e elaborar planos para o futuro, assim
como apresentam traços de impulsividade e agressividade.

5.2 TERAPIA DIALÉTICA NO TRATAMENTO REGULADOR DA PERSONALIDADE


BORDERLINE

A dialética comportamental faz parte do que é chamado de terceira geração


da terapia comportamental, o termo se refere a um conjunto de terapias que emergiu
nos anos 80/90 dentro da tradição das terapias cognitivas e comportamentais, mas
essa denominação só foi dada posteriormente por Hayes em seus trabalhos em
2004. A terceira geração reformula e sintetiza as gerações prévias, além de
direcioná-las para temas e domínios previamente valorizados por outras tradições
terapêuticas, buscando assim melhorar os seus resultados (SANTOS; GOUVEIA;
OLIVEIRA, 2015).
Assim pode-se afirmar que a maior mudança filosófica proposta pelas terapias
de terceira onda é a diminuição do controle dos pensamentos e sentimentos, assim
como a adoção de uma postura de atenção plena (mindfulness) e aceitação para
lidar com experiências internas, ao invés de tentar mudar os pensamentos e as
sensações internas consideradas negativas, com o objetivo de se alcançar uma
flexibilidade psicológica. Portanto, pode-se perceber que as terapias de terceira
onda, retiram o foco dos pensamentos automáticos negativos, passando a dar
ênfase como cada indivíduo reage aos pensamentos em cada contexto, ou seja, ao
invés de lutar para mudar pensamentos e sentimentos desconfortáveis, as novas
abordagens focam em cultivar uma atitude de aceitação sem julgamentos em
relação a todas as experiências humanas, a fim de aumentar o bem-estar
psicológico (SANTOS; GOUVEIA; OLIVEIRA, 2015).
40

O diagnóstico do transtorno de personalidade borderline se baseia na


observação comportamental, entrevistas estruturadas, dados de testes de base
comportamental, deve-se também ter o amparo de uma equipe multiprofissional
composta por psiquiatra, psicólogo e família, o apoio da família é fundamental para
que o tratamento obtenha êxito (BECK; FREEMAN; DAVIS, 2005).
Em geral, a farmacoterapia é considerada um possível adjunto da
psicoterapia, não um tratamento do TPB em si. Dentre os remédios mais utilizados
estão os antidepressivos que podem ser efetivos para reduzir sentimentos
depressivos, os neurolépticos podem ser úteis para reduzir ansiedade, raiva,
problemas impulsivos e sintomas psicóticos e os benzodiazepínicos são prescritos
quando os pacientes estão em um estado de medo agudo. Vale salientar que
existem riscos específicos na prescrição de medicação para essa população: efeitos
paradoxais, abuso, dependência e uso para tentativas de suicídio, entre outros
(BECK; FREEMAN; DAVIS, 2005).
É de extrema importância que os indivíduos acometidos pelo o transtorno da
personalidade borderline estejam em tratamento psicoterapêutico. Todavia, nem
sempre é fácil encontrar a forma certa e adequada do tratamento, convém lembrar
que cada indivíduo tem a sua própria singularidade e por tanto o tratamento deve ser
sempre conduzido pelo problema central que se evidencia no momento (BOHUS;
REICHERZER, 2017).
Do ponto de vista cognitivista existe um engessamento de crenças
engessadas e repetidamente acessadas de desvalor, desamor e desamparo.
Existem três conceitualizações cognitivo-comportamentais para se tratar os
indivíduos com TPB são elas: as formulações beckianas, o modelo de modo de
esquema de Young e a visão dialético-comportamental de Linehan. Dentre as
terapias citadas destaca-se a terapia comportamental dialética (BECK; FREEMAN;
DAVIS, 2005).
Até o momento acredita-se que o método que tem alcançado maior difusão e
tem sido empiricamente validado para o TPB é a chamada Terapia Comportamental
Dialética, desenvolvida pela PhD Marsha Lineham, na década de 1980, em Seattle
(EUA), foi originalmente desenvolvida para tratar indivíduos que se automutilavam,
antes de ficar claro que a maioria desses pacientes receberia hoje o diagnóstico de
TPB. Atualmente essa terapia também é utilizada para outros tipos de transtornos
psicológicos, como distúrbios alimentares e abuso de substâncias, e para pessoas
41

que têm pensamentos suicidas ou tendência a se machucarem (BECK; FREEMAN;


DAVIS, 2005).
Com o aperfeiçoamento da técnica, a pesquisadora Marsha Lineham
observou e publicou consideráveis estudos que constatam que o treinamento das
habilidades treinadas na TCD ajuda os indivíduos a administrar seus sintomas e
aprimorar a qualidade dos seus relacionamentos interpessoais, produzindo assim
uma melhora significativa na qualidade de vida dos indivíduos com TPB (BOHUS;
REICHERZER, 2017).
A principal característica da Terapia Comportamental Dialética (TCD) é a sua
ênfase na dialética, onde o terapeuta aceita o sofrimento emocional do seu cliente
sem tentar mudar, ao mesmo tempo, que faz uso das suas competências para a
modificação dos antecedentes do estresse, dos comportamentos desajustados e o
modo como o cliente lida com as suas emoções. Dessa maneira pode-se afirmar
que a dialética se refere à abordagem ou a estratégias de tratamento que o
terapeuta usa para levar à mudança (LINEHAN, 2010). Assim sendo, fica evidente
que a TCD preconiza uma atitude de aceitação como requisito para um tratamento
bem-sucedido (BOHUS; REICHERZER, 2017).
Adquirir habilidades para tolerar e regular emoções, assim como para validar
reações emocionais é algo central na Terapia Comportamental Dialética, as
habilidades comportamentais ensinadas na Terapia Comportamental Dialética são
voltadas para as áreas problemáticas que o borderline vivência, sendo assim, pode-
se notar que a TCD foca em técnicas de aceitação, com técnicas de mudança, o
protocolo foi dividido em três estágios, com metas comportamentais específicas,
sistematizada em categorias de critérios, na qual a aquisição de uma meta é
requisito para que o cliente possa passar para uma nova etapa mais especificas
dentro das metas subsequentes (BECK; FREEMAN; DAVIS, 2005).
A terapia dialética comportamental disponibiliza seu tratamento em formato
individual e em grupo, grupos de autoajuda, consultas telefônicas e tratamento
individual. O objetivo principal da terapia de grupo é treinar habilidades e as
consultas telefônicas têm por objetivo principal reduzir o comportamento suicida.
Num primeiro momento, estipula-se um acordo entre paciente e terapeuta, no qual,
estabelece-se um compromisso de frequência as sessões durante um ano, ao fim
desse ano se avalia o progresso e discute sobre continuar ou não a terapia.
Também são estabelecidos compromissos sobre as metas de tratamento. Caso seja
42

necessário, serão estabelecidos acordos sobre os pagamentos das sessões


(CABALLO, 2014).
A estrutura da terapia dialética comportamental consiste em um pré-
tratamento e três fases de tratamento. O pré-tratamento visa a orientação do
paciente em relação a terapia, ou seja, o estabelecimento da relação terapêutica,
das metas e dos acordos entre cliente e terapeuta. O primeiro módulo do tratamento
tem duração de cerca de um ano e nesse período são estudadas as metas
principais, intitulado de alcançando as habilidades básicas, é composto de metas
terapêuticas como a redução de comportamentos suicidas, redução de
comportamentos que interferem na terapia, redução de comportamentos que
interferem na qualidade de vida, bem como o aumento de habilidades
comportamentais: tomada de consciência, regulação emocional, tolerância ao mal
estar, habilidades sociais. A segunda meta dentro do módulo I, será a redução de
comportamentos que interferem na terapia como não colaborar com os conteúdos
da sessão, faltas sem justificativas, a recusa em fazer as atividades de casa. A
terceira meta dentro do módulo I, visa diminuir comportamentos que interferem com
a qualidade de vida, como o abuso de substâncias, comportamentos sexuais de alto
risco, dificuldades econômicas, comportamentos ilegais e relações interpessoais
disfuncionais (CABALLO, 2014).
E como última meta do módulo I, temos o treinamento de habilidades que
consiste em aprender e aplicar na vida diária novas habilidades, com o fim de mudar
padrões comportamentais, emocionais e cognitivos disfuncionais, dentre as
habilidades a aprender estão as habilidades de tomada de consciência, as de
tolerância ao mal-estar que possibilitam a aceitação dos próprios sentimentos,
pensamentos e sentimentos. As habilidades sociais e as de regulação emocional
visa trabalhar as mudanças em áreas problemáticas bem como as relações
interpessoais e a modulação de suas emoções (CABALLO, 2014).
Segundo Lineham (2010), os terapeutas que adotam a postura da vida devem
aceitar a responsabilidade de ajudar esses indivíduos de todas as maneiras
possíveis a criar vidas que valham a pena ser vivida. É de extraordinária importância
avaliar se há presença de ideação suicida, planejamento do suicídio, acesso à forma
como planejou e se houve tentativas anteriores, pois para Lineham a redução de
comportamentos suicidas deve ser prioridade no tratamento, assim como a
43

diminuição dos comportamentos parassuicidas sem intenção de morte (BECK;


FREEMAN; DAVIS, 2005).
O segundo módulo do tratamento é conhecido como redução do estresse
pós-traumático, a primeira meta é conseguir fazer com que o indivíduo verbalize os
incidentes traumáticos vivenciados. Assim que esse indivíduo conseguir verbalizar, a
meta será reduzir a culpa associada ao trauma. O mais importante nesse estágio é
que o indivíduo possa verbalizar e aceitar eventos traumáticos, assim sintetizando
as interpretações sobre abuso físico ou psicológico. Por fim, o terceiro módulo do
tratamento é conhecido como resolvendo problemas de vida e aumentando o
respeito próprio, aqui a meta principal é fazer esse indivíduo ter a capacidade de se
relacionar e de depender dos outros sem nulificar a si mesmo, sendo assim o
terapeuta reforça os comportamentos do cliente relacionados a capacidade de
acreditar, confiar e gostar de si mesmo, como também de validar e valorizar os
próprios comportamentos, emoções e pensamentos. A capacidade de confiar e
respeitar suas próprias emoções é essencial para seu crescimento (LINEHAN,
2010).
Lineham (2010), ressalta a importância de a família estar em
acompanhamento psicológico para que assim consiga lidar com as limitações do
indivíduo borderline, fortalecendo os laços e união familiar.
44

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a literatura encontrada e as respectivas reflexões


desenvolvidas nesta monografia, é possível afirmar que os indivíduos acometidos
pelo transtorno da personalidade borderline vivenciam em seu íntimo um sentimento
de desconforto e um profundo e intenso sofrimento, afetando de forma negativa não
apenas a sua vida como também as pessoas do seu meio. O sentimento de vazio
vivenciados pelos indivíduos com borderline e o acúmulo de existências traumáticas
pode fazer com que o indivíduo tenha um estreitamento do repertorio, e enxergue o
suicídio como a única saída.
É um transtorno difícil de ser tratado visto a sua complexidade, pois muitas
vezes esses indivíduos são rotulados como problemáticos, irresponsáveis e
desequilibrados, o que por sua vez acaba por agravar a sua instabilidade, fazendo
com que eles se sintam mais sozinhos. Em certos casos a fuga dessa angústia e
desse desespero humano pode se dar através dos vícios, ou em último caso através
do suicídio.
Apesar de todas as dificuldades existentes relativas à complexidade do
transtorno de personalidade borderline, fica claro que é imprescindível que o apoio
de uma equipe multidisciplinar para o tratamento do transtorno de personalidade
borderline principalmente quando estes possuem um comportamento suicida. Entre
esses profissionais da equipe multidisciplinar (psicólogo, psiquiatra, nutricionista,
enfermeiros, etc.) destacam-se os papéis do psiquiatra e do psicólogo. Sabe-se que
o Psiquiatra estará apto a ajudar o indivíduo nesse processo, fazendo o diagnóstico,
verificando possíveis comorbidades e adicionando o tratamento medicamentoso
caso seja necessário.
Já a contribuição de um psicólogo faz toda a diferença para o tratamento do
transtorno de personalidade borderline, ajudando, posteriormente, no alívio do seu
sofrimento. Assim, a atuação do profissional de psicologia proporciona ao longo da
terapêutica uma psicoeducação inicial, em alguns casos uma compreensão das
causas subjetivas que levaram ao sofrimento, auxilia também no entendimento do
caminho percorrido durante a vida do indivíduo com o transtorno de personalidade
borderline, revisita os conflitos, as emoções e a forma de lidar com eles. A terapia
comportamental dialética acompanha todas as fases do tratamento, desde o
aprendizado de novas habilidades até a identificação e regulação de reações
45

emocionais. Através de uma escuta atenta, de um olhar “sensível”, sem julgamento,


nem preconceitos, o profissional utiliza-se de práticas e técnicas que contribuam
com a eficiência do tratamento. Existem diferentes linhas e abordagens que
fundamentam o trabalho dos profissionais da psicologia.
Quando ainda existe um vínculo estabelecido entre a família e o indivíduo, é
fundamental a participação desse núcleo familiar no processo de tratamento. A
família contribui bastante para o tratamento dos indivíduos com transtorno de
personalidade borderline, uma vez que é na família que esses indivíduos encontram
conforto, confiança e motivação para poder continuar com o tratamento. Muitas
vezes os familiares estão tão sofridos diante das sequelas causadas por ter um
membro de sua família com o transtorno borderline pelas sequentes tentativas de
suicídio, que eles também necessitam de acompanhamento psicoterápico e/ou
psiquiátrico.
Diante dessa pesquisa, percebe-se a complexidade que existe em relação ao
transtorno da personalidade borderline, as inúmeras exigências que o dia-a-dia
exige, pois cada caso vem com uma particularidade específica, com comorbidades
diferentes associadas, com histórias de vidas diversas, com vínculos rompidos, entre
inúmeros fatores que influenciam no tratamento do paciente. Isso tudo exige do
profissional envolvido uma permanente atualização e prática cuidadosa.
O transtorno da personalidade borderline precisa ser mais investigado em
seus vários campos, para que assim possam contribuir para aclaração dessa tônica,
pois muitos aspectos ainda permanecem pouco explorados em pesquisas.
46

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