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ELAINE RAMOS SILVA BATISSACO

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE E A


INTERVENÇÃO DA PSICOLOGIA COGNITIVO
COMPORTAMENTAL

Jundiaí
2019
ELAINE RAMOS SILVA BATISSACO

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE E A


INTERVENÇÃO DA PSICOLOGIA COGNITIVO
COMPORTAMENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade Pitágoras, como
requisito parcial para a obtenção do título
de graduado em Psicologia.

Orientador: Nildo Costa

Jundiaí
2019
BATISSACO, Elaine Ramos Silva

Transtorno de personalidade Borderline e a intervenção da


psicologia cognitivo / Elaine Ramos Silva Batissaco - Jundiaí,
2019. 38 fls.

Orientador: Prof. Nildo Costa


Trabalho de Conclusão de Curso - Faculdade Pitágoras.

1. Transtorno de personalidade borderline; 2. Terapia


cognitivo-comportamental; 3. Terapia dialética
comportamental.
ELAINE RAMOS SILVA BATTISSACO

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE E A


INTERVENÇÃO DA PSICOLOGIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade Pitágoras, como
requisito parcial para a obtenção do título
de graduado em Psicologia.

Orientador: Nildo Costa

BANCA EXAMINADORA

Prof. Nildo Costa

Prof(a). Titulação Nome do Professor (a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor (a)

Jundiaí, 30 de Outubro de 2019


Dedico este trabalho...

Para meus filhos Gabriel Herinque,


Giovanna Caroline, meu esposo Igor
José, e mestres que colaboraram com o
meu desenvolvimento.
O que perturba o ser humano não são os fatos,
mas a interpretação que ele faz dos fatos.
(Epitectus)
BATTISACO, Elaine Silva Ramos Transtorno de Personalidade Borderline e a
intervenção da psicologia cognitivo comportamental, 2019. 38 fls. Trabalho de
Conclusão do Curso de Psicologia – Faculdade Pitágoras, Jundiaí, 2019

RESUMO

O objetivo do presente trabalho é discutir, com base em estudos já realizados, o


Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) em seus diferentes aspectos, e
demonstrar a importância da psicoterapia como base do tratamento para pacientes
com esta doença. A metodologia utilizada para a realização desse estudo foi uma
revisão literária, de autores que exprimem ideias sobre o tema, e enfatizam a
importância da psicoterapia como instrumento facilitador no tratamento dessa
desordem na personalidade. Para a pesquisa fora utilizadas as plataformas SciELO,
PsycInfo, Science Direct e PubMed na busca de artigos no período compreendido
entre 2009 à 2019, sobre o tema transtorno de personalidade borderline e suas
formas de tratamento utilizando os descritores: transtorno de personalidade
borderline, terapia medicamentosa, terapia cognitivo-comportamental, terapia
dialética comportamental. O transtorno de personalidade borderline (TPB) é um
desafio a ser tratado não apenas porque é complicado e estigmatizado, mas
também porque seus sintomas refletem padrões arraigados de pensamento e
comportamento. Embora seja de natureza heterogênea, causando diferentes
aglomerados de sintomas em pessoas diferentes, o distúrbio possui três
componentes clínicos principais: autoimagem distorcida, impulsividade e volatilidade
emocional. Muitos pacientes com TPB também apresentam outros problemas de
saúde mental, como transtorno do humor ou estresse pós-traumático. As drogas
podem ser moderadamente úteis na redução de sintomas específicos, como
depressão ou ansiedade, mas não tratam dos traços e comportamentos essenciais
da personalidade. Como tal, a psicoterapia continua sendo a base do tratamento
para pacientes com TPB, embora não exista tratamento "tamanho único". No
presente estudo, foi feito uma revisão de três psicoterapias dentro da abordagem
cognitivo-comportamental e concluiu-se que todos eram igualmente eficazes em
geral, mas que cada um tinha vantagens específicas.

Palavras-chaves: Transtorno de personalidade borderline; terapia cognitivo-


comportamental; terapia dialética comportamental.
BATTISACO, Elaine Silva Ramos Borderline Personality Disorder and the
intervention of cognitive behavioral psychology, 2019. 38 pages. Work
Conclusion of Psychology Course - Pitágoras College, Jundiaí, 2019

ABSTRACT

The aim of the present paper is to discuss, based on previous studies, Borderline
Personality Disorder (BPD) in its different aspects, and to demonstrate the
importance of psychotherapy as the basis of treatment for patients with this disease.
The methodology used for this study was a literary review of authors who express
ideas on the subject, and emphasize the importance of psychotherapy as a
facilitating tool in the treatment of this personality disorder. SciELO, PsycInfo,
Science Direct and PubMed platforms were used to search for articles from 2009 to
2019 on the theme borderline personality disorder and its treatment methods using
the keywords: borderline personality disorder, drug therapy. , cognitive behavioral
therapy, dialectical behavioral therapy. Borderline personality disorder (BPD) is a
challenge to be treated not only because it is complicated and stigmatized, but also
because its symptoms reflect ingrained patterns of thinking and behavior. Although it
is heterogeneous in nature, causing different clusters of symptoms in different
people, the disorder has three main clinical components: distorted self-image,
impulsivity, and emotional volatility. Many patients with BPD also have other mental
health problems, such as mood disorder or posttraumatic stress disorder. Drugs may
be moderately useful in reducing specific symptoms, such as depression or anxiety,
but they do not address essential personality traits and behaviors. As such,
psychotherapy remains the mainstay of treatment for patients with BPD, although
there is no "one size fits all" treatment. In the present study, a review of three
psychotherapies within the cognitive behavioral approach was performed and it was
concluded that all were equally effective overall, but each had specific advantages.
 
Keywords: Borderline personality disorder; cognitive behavioral therapy; dialectical
behavioral therapy.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................10
2 REVISÃO HISTÓRICA DO CONCEITO BORDERLINE....................................12
2.1 TRANSTORNO DE PERSONALIDADE........................................................12
2.2 O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE...........................12
2.3 COMORMIDADES SIGNIFICATIVAS NO PACIENTE BORDERLINE.........15
2.4 POSSIVEIS FATORES DE RISCO PARA A CAUSA DO TPB.....................16
2.5 ELABORAÇÃO DO DIAGNÓSTICO.............................................................17
3 UM BREVE HISTÓRICO DA PSICOTERAPIA...................................................18
3.1 TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)...................................19
3.2 TERAPIA COMPORTAMENTAL DIALÉTICA (TCD)....................................23
3.3 TERAPIA DO ESQUEMA (TE)......................................................................24
3.4 A TERAPIA MEDICAMENTOSA ASSOCIADA A OUTRAS TERAPIAS......26
4 O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE E AS
DIFICULDADES NA ERA CONTEMPORÂNEA........................................................29
5 REFERÊNCIAS...................................................................................................32
10

1 INTRODUÇÃO

Entre os transtornos de personalidade descritos pela OMS (Organização


Mundial de Saúde), poucos têm despertando tanto interesse quanto o Transtorno de
Personalidade Borderline (TPB). Contudo, as pesquisas direcionadas para a
descrição desse transtorno ainda não evoluíram de maneira satisfatória para
apresentar expedientes de diagnóstico e tratamento adequado a cada indivíduo. O
Transtorno Borderline da Personalidade é considerado um transtorno limite ou
fronteiriço entre uma modalidade considerada não usual da personalidade em
relacionar-se com o mundo e um estado que pode ser considerado francamente
patológico.
A melhor maneira de descrever a Personalidade Borderline é encontrada no
Manual de Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais, da Associação Norte-
Americana de Psiquiatria. De acordo com o manual, vê-se que a particularidade
essencial do transtorno é um indicador de comportamento de instabilidade na
autoimagem, nas relações interpessoais e afetivas. Há um aumento na
impulsividade, que se inicia no principio da fase adulta e persiste continuadamente.
O paciente portador desse transtorno se esforça intensamente para evitar o
abandono, podendo haver quanto a isso, uma série de atos ou ameaças recorrentes
de autolesão e suicídio.
Sendo assim, fez-se notável a relevância do estudo proposto, para a
comunidade acadêmica e sociedade em geral, com o entendimento teórico desta
patologia, já que é observada a grande dificuldade em se alocar o setting terapêutico
onde portador da mesma será estruturado, tendo em vista a sua condição de
limítrofe entre a anormalidade e a normalidade.
Esta patologia, que atualmente, é sem dúvida, uma problemática psicossocial
importante, já que amiúde, é associada a quadros de alcoolismo, drogadição e
violência, levanta o questionamento: devido à complexidade da doença, quais os
tipos de tratamentos mais adequados para o tratamento do TPB e em quais
circunstâncias?
O objetivo deste estudo foi refletir de forma acurada e profunda a patologia
borderline, bem como discutir as formas de tratamentos dispensados aos indivíduos
portadores desse transtorno. Para tanto, pesquisou-se na literatura conceitos e
11

reflexões históricas e atuais sobre o Transtorno de Personalidade Borderline, a fim


de identificar características e compreender o funcionamento detalhado dessa
patologia. Também foram apresentadas algumas reflexões sobre as linhas
terapêuticas que frequentemente são aplicadas no tratamento desse transtorno, bem
como foi ponderado o impacto da sociedade moderna nos pacientes borderline, haja
visto que suas principais características são o relacionamento à distancia e o culto
ao corpo perfeito.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento desse trabalho foi uma
pesquisa do tipo analítica e descritiva, abordando uma revisão bibliográfica para a
análise médica e psicológica sobre o transtorno de personalidade borderline. Para a
pesquisa fora utilizadas as plataformas SciELO, PsycInfo, Science Direct e PubMed
na busca de artigos no período compreendido entre 2009 à 2019, sobre o tema
transtorno de personalidade borderline e suas formas de tratamento utilizando os
descritores: transtorno de personalidade borderline, terapia medicamentosa, terapia
cognitivo-comportamental, terapia dialética comportamental. Desse modo, o
presente estudo possui caráter descritivo, resumido com informações retiradas por
meio de livros e periódicos de embasamento teórico, técnico-científico que se
baseiam em saúde mental, em específico a psicopatologia do Transtorno da
Personalidade Borderline (TPB).
Este trabalho consiste em três capítulos, sendo que no primeiro será
abordada uma visão histórica sobre o Transtorno de Personalidade Borderline. No
segundo capitulo, buscou-se fazer uma breve reflexão sobre as linhas terapêuticas
utilizadas na atualidade para o tratamento da doença. No terceiro e último, será feita
uma análise reflexiva sobre o transtorno de personalidade borderline diante das
implicações da sociedade moderna.
12

2 REVISÃO HISTÓRICA DO CONCEITO BORDERLINE

2.1 TRANSTORNO DE PERSONALIDADE

O transtorno de personalidade borderline é o transtorno mais comum dentre


os vários tipos diferentes de transtornos de personalidade listados na revisão de
texto do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, 2014).
Este manual, publicado pela Associação Americana de Psiquiatria (APA) é usado
por médicos e psicólogos para elaboração de diagnóstico de saúde mental.
O DSM-5 define um transtorno de personalidade como:

[...] um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se


desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é difuso e
inflexível, começa na adolescência ou no início da fase adulta, é estável ao
longo do tempo e leva a sofrimento ou prejuízo (APA, 2014, p. 645).

O individuo com distúrbio de personalidade geralmente tem dificuldade em


lidar com relacionamentos e situações sociais, lidar com emoções e pensamentos,
entender como ou por que seu comportamento está causando problemas e acha
difícil mudar para se adequar a diferentes situações.

2.2 O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE

O termo borderline foi introduzido pela primeira vez nos Estados Unidos em
1938 por Adolf Stern (LINEHAN, 2010). Era um termo usado pelos primeiros
psiquiatras para descrever pessoas que se pensava estar na fronteira entre
diagnósticos, principalmente psicose e neurose. Na época, o sistema de
classificação era primitivo e o paradigma psicanalítico dominava a psiquiatria,
portanto, o critério utilizado para classificação de pacientes estava ligado à
analisabilidade. Acreditava-se que pacientes com neuroses eram considerados
analisáveis e, portanto, tratáveis, enquanto aqueles com psicoses eram
considerados não analisáveis e, portanto, intratáveis (GUNDERSON, 2009).
De acordo com Gunderson (2009, 2010) o transtorno de personalidade
borderline é um construto clínico importante, com uma longa história na literatura
13

psiquiátrica e passou a ser reconhecido oficialmente como um transtorno de


personalidade após a publicação da 3º edição do Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana (APA, 1980), e desde
então se tornou o assunto de muita atenção clínica e de pesquisa.
Os transtornos de personalidade (TPs) têm sido representados no DSM
desde o seu início. Em sua 1º edição, o DSM agrupou as doenças mentais em
diversos eixos e ordenou os transtornos de personalidade da seguinte maneira: a)
perturbação dos traços de personalidade; b) padrão de perturbação da
personalidade; c) sintomas de reação e perturbações transitórias de personalidade;
d) perturbação sociopática da personalidade (APA, 1952).
Na década de 80, com a reorganização do DSM-III, houve uma significativa
revolução das categorias dos transtornos de personalidade, incluindo pela primeira
vez a introdução do diagnóstico de TPB. Uma grande quantidade de trabalho
conceitual lançou as bases para essa mudança, incluindo a concepção de Knight
(1953) sobre “estados borderline”, o trabalho de Grinker (1968) sobre a “síndrome
limítrofe”, a articulação de Kernberg (1975) de uma "organização de personalidade
limítrofe” e a síntese da literatura emergente de Gunderson & Singer (1975) em uma
descrição categórica coerente.
Este trabalho influenciou o entendimento de Spitzer e colaboradores, sobre a
falácia de conceituar os pacientes com TPB como na fronteira da esquizofrenia e
distingui-la do TP esquizotípica (ENDICOTT; GIBBON; SPITZER, 1979). O DSM-III
articulou, pela primeira vez, o TPB caracterizado por instabilidade em 4 domínios:
afetos, relacionamentos, identidade e comportamentos (impulsivos), com 5 dos 8 (e
mais tarde 9) sintomas precisando estar presentes para atender aos critérios para o
distúrbio. A partir de então, o uso do diagnóstico de TPB passou a ser utilizado por
psicólogos e psiquiatras do mundo inteiro (LORANGER, 1990)
Esses critérios de TPB foram amplamente mantidos no DSM-IV (APA, 1994) e
DSM-5 (APA, 2014), apesar da crescente conscientização dos problemas
apresentados por sua abordagem politética e comorbidade excessiva. Clarkin et al
(2004) argumentou que, devido à natureza politética dos critérios para TPB, os
pacientes podem ter perfis de sintomas distintos com implicações prognósticas
persistentes (por exemplo, suicídio), e ainda assim, cada um atende aos critérios
para o transtorno.
14

É interessante observar, como destaca Blashfield et al (2014), a maneira


como o substrato teórico das categorias DSM para transtornos de personalidade
vem mudando ao longo do tempo. O DSM-I (APA, 1952) definiu os transtornos de
personalidade como um conjunto de características disfuncionais em situações
estressantes que produziram um comportamento inflexível e desadaptativo. O DSM-
II (APA, 1968) caracterizou transtornos de personalidade por comportamento
socialmente desadaptativo, além de desconforto subjetivo significativo e
comprometimento funcional. O DSM-III (APA, 1980) fez alterações na
conceitualização e classificação dos transtornos de personalidade, adicionando
critérios diagnósticos específicos e colocando os transtornos de personalidade em
um eixo separado (Eixo II) para sublinhar a grande relevância diagnóstica que eles
têm. e o papel contextual que eles desempenham no sistema multiaxial.
É a partir deste momento que os médicos devem avaliar não apenas os
sintomas atuais apresentados pelo paciente no Eixo I, mas também todas as
características incluídas no Eixo II que definem seu padrão de personalidade, sendo,
portanto, possível que o o paciente recebe um diagnóstico apenas no Eixo I, no Eixo
II ou nos dois eixos. Edições posteriores, como DSM-III-R (APA, 1987), DSM-IV
(APA, 1994) e DSMIV-TR (APA, 2002), incorporaram dados encontrados em
achados empíricos, tentando aumentar a validade da categoria transtorno de
personalidade. Atualmente, ainda há um grande número de aspectos a serem
resolvidos, portanto, previsivelmente, as descrições atuais DSM- 5 (APA, 2014)
continuarão evoluindo com tempo, à medida que nosso conhecimento sobre esse
transtorno aumenta.
Hoje, sabe-se muito mais sobre a TPB. O termo neurose não é mais usado
em nosso sistema de diagnóstico e o TPB não é mais considerado um distúrbio
psicótico. Agora, o TPB é reconhecido como um distúrbio caracterizado por intensas
experiências emocionais e instabilidade nos relacionamentos e no comportamento,
que começa no início da idade adulta e se manifesta em múltiplos contextos (DSM-
5, 2014). Além disso, os especialistas reconheceram que há um forte componente
genético no TPB, o que significa que ele pode ocorrer em famílias (GABBARD,
2006; BANDELOW et al, 2005).
De acordo com Williams (2006), pessoas que vivem com TPB têm dificuldade
em regular ou lidar com suas emoções ou controlar seus impulsos. Eles são
altamente sensíveis ao que está acontecendo ao seu redor e podem reagir com
15

emoções intensas para pequenas mudanças em seu ambiente. Nas palavras do


autor:

A melhor maneira de descrever o transtorno de personalidade borderline é


sentir ter nascido sem uma pele emocional, sem barreira para afastar o real
do ataque emocional. O que poderia ter sido um desprezo trivial para os
outros foi para mim uma catástrofe emocional, e o que seria uma dor de
cabeça em termos emocionais para outra pessoa foi um tumor cerebral para
mim. Essa reação foi espontânea e não foi algo que eu escolhi. (WILLIAMS,
2006, tradução nossa). 

Indivíduos diagnosticados com esse transtorno têm sido descritos descrito


como vivendo com dor emocional constante e os sintomas do TPB são o resultado
de seus esforços para lidar com essa dor (RAMOS, 2006, p. 58). Para Linehan
(2010) essas características de vulnerabilidade no paciente borderline, são
comparadas a queimaduras emocionais. Essa dificuldade em lidar com as emoções
é o cerne do TPB.

2.3 COMORMIDADES SIGNIFICATIVAS NO PACIENTE BORDERLINE

Os tipos e a gravidade dos sintomas do TPB experimentados podem diferir de


pessoa para pessoa, porque cada indivíduo têm predisposições e histórias de vida
diferentes, e os sintomas podem variar com o tempo (CHAPMAN; GRATZ, 2007).
De acordo com o DSM-5, alguns dos sintomas comuns apresentados por uma
pessoa com TPB incluem: 1) Esforços frenéticos para evitar um abandono real ou
imaginado (quando sentem uma separação ou perda iminente, ocorrem mudanças
em sua autoimagem, afetividade, cognição e comportamento. A incapacidade de
tolerar a solidão os leva a pensar ou sentir que serão abandonados e reagem de
maneira angustiada ou furiosa. Além disso, o paciente borderline acredita que esses
acontecimentos acontecem porque eles são ruins ou perversos.); 2) Relações
interpessoais voláteis e tempestuosas com atitudes para com outras pessoas que
podem mudar da idealização para a raiva e antipatia (resultado do pensamento preto
e branco que percebe as pessoas como todas boas ou todas ruins); 3) Alteração da
autoimagem ou senso de autoacusação (ocorrem mudanças repentinas e
dramáticas na autoimagem, opiniões e planos sobre o futuro, estudos, identidade
sexual, escala de valores e tipo de amizades.); 4) Comportamentos impulsivos e
prejudiciais, como abuso de substâncias, excessos de coisas, jogos de azar ou
16

comportamentos sexuais de alto risco; 5) Comportamentos suicidas recorrentes,


tentativas, ameaças ou comportamento de automutilação (os atos de automutilação
e tentativas de suicídio são muito frequentes, sendo este último um dos motivos
importantes e recorrentes para o tratamento desses sujeitos. Esses atos são
realizados pelos sentimentos de abandono que esses pacientes experimentam. A
automutilação pode ocorrer durante experiências dissociativas. Esses
comportamentos prejudiciais proporcionam alívio frente a um mal estar interno ou
reafirmam sua capacidade de sentir; 6) Sentimentos crônicos de vazio associado à
solidão e carência; 7) Pensamentos paranoicos e estados dissociativos transitórios
nos quais a mente ou a psique foca em pensamentos ou sentimentos dolorosos; 8)
Crises intensas, mas de curta duração, de raiva, depressão ou ansiedade; 9)
Comportamentos impulsivos e emocionalmente voláteis devido a uma acentuada
reatividade do humor (DSM-5, 2014, p. 663)
Com toda a descrição proposta pelo DSM-5, pode-se pensar que esses
pacientes estão sempre em um turbilhão, no entanto, eles podem experienciar
períodos estáveis. Quando o paciente chega ao consultório, é devido a momentos
de crise, e sua sintomatologia é variável; portanto, seu diagnóstico é mais complexo
em comparação com outros distúrbios (BALLONE; MOURA, 2005).
Por esta razão Beck, Freeman e Davis (2005) propõem incluir outras
características possíveis para a identificação desses pacientes, embora não
pretendam adicioná-los como critérios diagnósticos adicionais.

2.4 POSSIVEIS FATORES DE RISCO PARA A CAUSA DO TPB

As causas do transtorno de personalidade borderline não são totalmente


conhecidas, mas os cientistas concordam que é o resultado de uma combinação de
fatores. Entre os possíveis fatores de risco os mais estudados por pesquisadores
são: genéticos, ambientais e fisiológicos. No que tange aos fatores genéticos,
embora nenhum gene específico tenha demonstrado causar diretamente esse
distúrbio, estudos em gêmeos sugerem que esta doença tem fortes ligações
hereditárias. O TPB é aproximadamente cinco vezes mais comum entre as pessoas
que têm um parente de primeiro grau com o distúrbio (GABBARD, 2006;
BANDELOW et al, 2005). Relacionado aos fatores ambientais, pesquisas
demonstram que pessoas que experimentam eventos traumáticos em suas vidas,
17

como abuso físico ou sexual durante a infância ou negligência e separação dos pais,
correm maior risco de desenvolver o distúrbio (CRAWFORD et al, 2009; GABBARD,
2006).
Os fatores fisiológicos apontam para a maneira como o cérebro funciona, e
este processo tem sido observado em pacientes com TPB que apresentam
disfunções cerebrais, especialmente em regiões frontais, pré-frontais e límbicas.
Este padrão tem sido frequentemente identificado em pessoas com distúrbio
limítrofe, sugerindo que há uma base neurológica para alguns dos sintomas e
passiveis de identificação a partir de tenra idade. De acordo com pesquisadores, as
partes do cérebro que controlam emoções e tomada de decisão/julgamento podem
não se comunicar bem entre si, gerando, portanto, prejuízos na memória operacional
e nas funções executivas o que aumentariam de forma significativa a propensão
para o comportamento suicida. (SOLOFF et al, 2012).

2.5 ELABORAÇÃO DO DIAGNÓSTICO

Não há exame médico para diagnosticar TPB e um diagnóstico não se baseia


em apenas um sintoma. O diagnostico deve ser elaborado através de uma equipe
profissional: o psicólogo e o psiquiatra. Na maioria dos casos, o psicólogo
encaminhará para um psiquiatra, que poderá fornecer um diagnóstico.
Os critérios essenciais considerados pelo DSM-5 (APA, 2014) para o
diagnóstico do transtorno de personalidade borderline são principalmente um padrão
geral de instabilidade nas relações interpessoais, na autoimagem e na afetividade,
além de uma notável impulsividade.
Da mesma forma, a CID-10 (OMS, 1997) reconhece um transtorno
semelhante, mas denominado como transtorno de personalidade emocional instável,
do tipo limítrofe. Nesse caso, coincide em descrevê-lo como um distúrbio de
personalidade caracterizado por sua instabilidade em diferentes áreas. Dessa
maneira é possível verificar que os critérios de diagnóstico descritos pela CID-10
(OMS, 1997) e pelo DSM-5 (APA, 2014) são diferentes, mas geralmente definem o
mesmo distúrbio.
18

3 UM BREVE HISTÓRICO DA PSICOTERAPIA

Segundo Haggerty (2018), as pessoas vêm contando seus problemas a


alguém há séculos. Nem sempre parecia do jeito que é agora. O tratamento de
problemas emocionais pode ser rastreado até a antiguidade. Os gregos antigos
foram os primeiros a colocar um rótulo em doença mental como condição médica e
não como sinal de espíritos malignos.
Eles originalmente pensavam que a histeria só afetava as mulheres devido a
um problema uterino. O tratamento deles para doenças mentais era bastante
peculiar. O banho era usado para depressão e sangue para psicose. Eles não
reconheciam o valor do tratamento através de palavras de apoio ou incentivo
(HAGGERTY, 2018).
Durante a Idade Média, após a queda do Império Romano, as pessoas
atribuíram a doença mental a causas sobrenaturais. Eles usaram a tortura para obter
confissões de posses demoníacas. Durante o século XVI, a época de Paracelso,
uma forma de psicoterapia surgiu como um tratamento para os loucos
(ETCHEGOYEN, 2002).
O médico inglês Walter Cooper Dendy (1794-1871) introduziu o termo
psicoterapeuta em 1853. Por volta da virada do século, Sigmund Freud desenvolveu
a psicanálise e fez profundas contribuições em seus estudos sobre sexualidade
infantil, uso de sonhos, descrição do inconsciente e seu modelo de psicanálise: a
mente humana. (KAPLAN, 1991)
Freud acreditava que a doença mental era causada pelas memórias ou
pensamentos no inconsciente. Ele acreditava que o tratamento era bem-sucedido ao
ouvir o paciente, ao mesmo tempo em que fornecia interpretações para ajudar a
trazer as memórias à frente. Freud acreditava que isso resultaria em uma diminuição
dos sintomas (FREUD, 1905b).
Por volta de 1950, a psicologia americana começou a incluir terapias mais
ativas, como a psicologia comportamental, para tratar problemas emocionais e
comportamentais. Combinar a terapia com ênfase em pensamentos e sentimentos
tornou a terapia cognitivo-comportamental um dos principais tipos de tratamento
para muitas condições psiquiátricas (TAYLOR, 2000).
19

Na década de 40, Carl Rogers criou uma abordagem psicológica de


consideração positiva incondicional, significando a transmissão de calor,
genuinidade e aceitação do terapeuta para o indivíduo (ROGERS, 1940). Na década
de 1960, surgiram mais de sessenta tipos de psicoterapia, variando de psicodrama a
imagens guiadas (KAZDIN, 1978).
Atualmente, com as questões de preço e tempo, o tratamento psicoterápico
está incorporando formas mais breves de tratamento. Essa tendência é
impulsionada pela chegada dos planos de assistência médica e seus limites de
cobertura, para tanto, estão constantemente sendo desenvolvidas diversas
modalidades terapêuticas que oferecem algum tipo de terapia breve projetada para
ajudar as pessoas a lidar com problemas específicos (DATTILIO; FREEMAN, 1998).
A psicoterapia, no entanto, é a pedra angular do tratamento do paciente
borderline (BECK, 1997). Além da terapia dialética comportamental, criada
especificamente para o tratamento do TPB (LINEHAN, 2010), existem outros tipos
de psicoterapia que são eficazes.

3.1 TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)

A terapia cognitivo-comportamental é um modelo de tratamento


psicoterapêutico que auxilia os pacientes a entender os sentimentos e pensamentos
que influenciam os seus comportamentos. Segundo Kumar et al (2017), alem de ser
praticada no tratamento de pacientes borderline, a TCC é normalmente aplicada
para tratar uma serie de outros distúrbios, incluindo depressão, ansiedade, vícios
e  fobias.
De acordo com Beck (2013), a terapia cognitivo-comportamental, “é uma
psicoterapia estruturada, de curta duração, voltada para o presente, direcionada
para a solução dos problemas atuais e modificação de pensamentos e
comportamentos disfuncionais” (BECK, J., 2013, p. 22).
Para Hofmann et al (2012), a terapia comportamental cognitivo é um modelo,
que pode ser aplicado a curto prazo e o foco é ensinar o paciente a lidar com
problemas específicos. No decorrer do tratamento, as pessoas aprendem como
reconhecer e modificar padrões de pensamento destrutivos ou perturbadores que
influenciam negativamente o comportamento e as emoções.
20

O conceito implícito à TCC é que nossos sentimentos e pensamentos


exercem um papel essencial em nosso comportamento. Uma pessoa, que por
exemplo, tem um pensamento focado em desastres com aviões, provavelmente
evitará viagens aéreas (HOFMANN et al, 2012). A intenção da terapia cognitivo-
comportamental é preparar o paciente, ensinando que apesar de ser impossível
controlar tudo o que ocorre ao seu redor, é possível ter controle na maneira de
interpretar e lidar com as situações em seu ambiente (BECK et al, 1997), .
A terapia cognitivo-comportamental popularizou-se nos últimos anos, tanto
para os pacientes em busca de tratamento, quanto para os profissionais da
área. Por ser uma opção de tratamento rápido, a TCC tornou-se mais acessível do
que alguns outros  tipos de terapia. A TCC também é empiricamente suportada e
demonstrou ajudar efetivamente os pacientes a superar uma ampla multiplicidade de
comportamentos (HOFMANN et al, 2012). 
Um dos principais focos da terapia cognitivo-comportamental está na
alteração dos pensamentos negativos automáticos que podem contribuir e agravar
as dificuldades emocionais, a depressão e a ansiedade. Esses pensamentos
negativos avançam espontaneamente, são aceitos como verdadeiros e tendem a
influenciar negativamente o humor do indivíduo (WRIGHT et al., 2008).
Através do processo de TCC, os pacientes examinam esses pensamentos e
são incentivados a buscar evidências da realidade que apoiam ou refutam esses
pensamentos. Ao fazer isso, as pessoas são capazes de dar uma olhada mais
objetiva e realista nos pensamentos que contribuem para seus sentimentos de
ansiedade e depressão. Ao tomar consciência dos pensamentos negativos e
frequentemente irreais que amortecem seus sentimentos e humores, as pessoas
podem começar a se envolver em padrões de pensamento mais saudáveis
(HOFMANN et al, 2012).
Segundo Rangé (2008) existem vários tipos específicos de abordagens
terapêuticas que envolvem a TCC e que são regularmente usados por profissionais
de saúde mental. Exemplos disso incluem a terapia racional emotiva
comportamental (TREC) e a terapia multimodal (TM).
A terapia racional emotiva comportamental é um tipo de TCC centrada na
identificação e alteração de crenças irracionais. O processo do TREC envolve
identificar as crenças irracionais subjacentes, desafiar ativamente essas crenças e,
finalmente, aprender a reconhecer e mudar esses padrões de pensamento (ELLIS,
21

1978). Já a terapia multimodal criada por Lazarus (1971,1979, 1980) sugere que as
questões psicológicas devem ser tratadas, abordando sete modalidades diferentes,
mas interconectadas.
Lazarus (1980) relacionou essas modalidades sob a sigla BASIC ID, em que
letra é a incial da descrição de uma ocorrência: B - Representa um comportamento
(em inglês behavior) que pode se manifestar através do uso de atos, hábitos, gestos
inadequados ou a falta de comportamentos adequados; A - Representa afeto, que
pode ser visto como o nível de sentimentos ou emoções negativas que se
experimenta; S - Representa sensação, ou sensações corporais negativas ou
sintomas fisiológicos, como dor, tensão, suor, náusea, batimento cardíaco
acelerado, etc...; I - Representa imagem, que é a existência de imagens cognitivas
negativas ou imagens mentais; C - Representa cognição ou o grau de pensamentos,
atitudes ou crenças negativas; I - Representa relacionamento interpessoal e refere-
se à capacidade de formar relacionamentos bem-sucedidos com os outros. É
baseado em habilidades sociais e sistemas de apoio; D - É usado para representar
medicamentos e funções biológicas e examina a saúde física do indivíduo, o uso de
drogas e outras opções de estilo de vida.
Geralmente, os pacientes experimentam sentimentos e pensamentos que
reforçam ou compõem crenças defeituosas. Essas crenças resultam em
comportamentos problemáticos que afetam inúmeras áreas da vida, incluindo
trabalho, família, relacionamentos amorosos (BECK, A. et al, 1997; BECK, J. 2007).
Uma pessoa que sofre de baixa  autoestima, por exemplo, tende a
desenvolver  pensamentos negativos  relativo à sua aparência, ou suas habilidades.
Como consequência desses padrões de pensamentos negativos, o indivíduo pode
deixar passar oportunidades de progresso no trabalho ou na escola, alem de
esquivar-se de situações sociais (BECK, 2007).
Para combater esses padrões de comportamentos destrutivos ou
pensamentos negativos, o terapeuta cognitivo-comportamental estimula o paciente a
distinguir essas as crenças problemáticas. Esse estágio, também conhecido como
análise funcional, é essencial para compreender como situações, sentimentos e
pensamentos podem coadjuvar para comportamentos desadaptativos.   Esse
processo pode ser penoso, principalmente para pacientes que lutam com a
introspecção, no entanto, pode levar à insights e autodescoberta que são uma parte
elementar no processo de tratamento (BECK, 2013).
22

Numa segunda etapa de tratamento, da terapia cognitivo-comportamental, o


paciente concentra-se nos comportamentos reais que estão contribuindo para o
problema. O paciente é estimulado a aprender e colocar em pratica uma gama
novas habilidades que podem ser usadas em contextos do mundo real. Um paciente
dependente químico, por exemplo, é estimulado a praticar as habilidades de

enfrentamento e a simular maneiras de lidar ou evitar situações sociais que


iminentemente podem desencadear uma recaída (BECK, 2013).
Em muitos casos, a TCC é um processo gradativo, que contribui para que a
pessoa possa tomar medidas fomentativas e direcionadas a uma  mudança de
comportamento. O paciente que sofre de ansiedade social pode começar, com o
auxílio do terapeuta, simular situações sociais que provocam a ansiedade e
sequencialmente, o paciente simula soluções de enfretamento para estes momentos
de crises (BECK, 2013).
Trabalhando progressivamente e focado em um objetivo maior, o processo
parece menos assustador e os objetivos mais fáceis de serem alcançados. Durante
o processo de TCC, o terapeuta tende a assumir um papel muito ativo. Como a TCC
é altamente orientada e focada em objetivos, o paciente e o terapeuta trabalham
juntos como colaboradores em direção às metas mutuamente estabelecidas.
De acordo com Beck et al (2005) a TCC tem sido aplicada para tratar pessoas
que sofrem de uma ampla variedade de distúrbios incluindo: ansiedade, fobias,
depressão, vícios, distúrbios alimentares, ataques de pânico, raiva. É importante
salientar que boa parte dessas comorbidades, são associadas ao paciente
borderline (APA, 2014)
Para Dobson & Dozois (2001) as pesquisas em torno da TCC é umas das
mais intensas, porque o tratamento é focado em objetivos altamente específicos e
os resultados podem ser medidos com relativa facilidade. Comparada aos tipos
psicanalíticos de psicoterapia, que incentivam uma auto-exploração mais aberta, a
TCC geralmente é mais adequada para clientes que se sentem mais à vontade com
uma abordagem estruturada e focada na qual o terapeuta costuma assumir um
papel instrutivo. No entanto, para que a TCC seja eficaz, o indivíduo deve estar
disposto a aplicar seus esforços e tempo, com a analise seus sentimentos e
pensamentos.
23

A terapia cognitivo-comportamental também é adequada para pessoas que


procuram uma opção de tratamento a curto prazo para certos tipos de sofrimento
emocional que não envolvem necessariamente medicação psicotrópica (HOFMANN
et al, 2012). Um dos maiores benefícios da terapia cognitivo-comportamental é que
ela ajuda o paciente a desenvolver habilidades de enfrentamento que podem ser
úteis agora e no futuro (RANGÉ, 2008, p. 46). 

3.2 TERAPIA COMPORTAMENTAL DIALÉTICA (TCD)

A terapia comportamental dialética é uma ramificação aprimorada da terapia


cognitivo-comportamental (LINEHAN, 2010). Seus principais objetivos são ensinar
as pessoas a viver o momento, lidar saudavelmente com o estresse, regular as
emoções e melhorar o relacionamento com os outros.
Ela foi originalmente destinada a pessoas com transtorno de personalidade
borderline, com foco nos pacientes com comportamentos suicidas e parassuicidas,
mas foi adaptado para outras condições em que o paciente apresenta
comportamento autodestrutivo, como distúrbios alimentares e abuso de substâncias
e às vezes, também é usada para tratar o transtorno de estresse pós-traumático
(DIMEFF; KOERNER, 2007).
A terapia comportamental dialética foi desenvolvida no final dos anos 80 pela
Dra. Marsha Linehan, quando descobriram que a terapia cognitivo-comportamental
sozinha não funcionava tão bem quanto o esperado em pacientes com TPB. A Dra.
Linehan e sua equipe adicionaram técnicas e desenvolveram um tratamento que
atenderia às necessidades exclusivas desses pacientes (LINEHAN, 2010).
A terapia é derivada de um processo filosófico chamado dialética. A dialética
é baseada no conceito de que tudo é composto de opostos e que a mudança ocorre
quando uma força oposta é mais forte que a outra, ou em termos acadêmicos - tese,
antítese e síntese (COTRIM; FERNANDES, 2010) 
De acordo com Linehan (2010), na TCD, o paciente e o terapeuta estão
trabalhando para resolver a aparente contradição entre auto-aceitação e mudança, a
fim de trazer mudanças positivas no paciente.
Outra técnica oferecida pela autora foi à validação. Linehan e sua equipe
descobriram que, a validação, juntamente com o impulso pela mudança, os
pacientes eram mais propensos a cooperar e menos propensos a sofrer angústia
24

com a ideia de mudança. O terapeuta valida que as ações da pessoa fazem sentido
dentro do contexto de suas experiências pessoais, sem necessariamente concordar
que elas são a melhor abordagem para resolver o problema (LINEHAN, 2010).
Na terapia comportamental dialética, os terapeutas também se reúnem, de
maneira individual, com uma equipe de consulta para ajudá-los a permanecer
motivados no tratamento de seus pacientes e a navegar em questões difíceis e
complexas (LINEHAN, 2014).
A terapia comportamental dialética se concentra no ensino de habilidades de
enfrentamento para combater impulsos destrutivos, regular emoções e melhorar os
relacionamentos enquanto adiciona validação. Incluindo o trabalho individual e em
grupo, a TCD incentiva a prática de habilidades de atenção plena ou mindfulness,
visto que devido a sua importância também são chamadas de habilidades nucleares
(LINEHAN, 2010, pp. 143). A TCD demonstrou ser eficaz na redução do
comportamento suicida, hospitalização psiquiátrica, abandono do tratamento, abuso
de substâncias, raiva e dificuldades interpessoais (LINEHAN, 2010, pp 35).

3.3 TERAPIA DO ESQUEMA (TE)

A terapia do esquema (ou mais apropriadamente, a terapia cognitiva com foco


no esquema) é uma abordagem integrativa do tratamento que combina os melhores
aspectos das terapias cognitivo-comportamentais, experimentais, interpessoais e
psicanalíticas em um modelo unificado. A TE tem mostrado resultados notáveis em
ajudar as pessoas a mudar padrões negativos ou desadaptativos com os quais
convivem há muito tempo, mesmo quando outros métodos e esforços que tentaram
antes não tiveram êxito (YOUNG; KLOSKO; WEISHAAR, 2008)
O modelo com foco no esquema foi desenvolvido pelo Dr. Jeff Young, que
originalmente trabalhou em estreita colaboração com o Dr. Aaron Beck, fundador da
terapia cognitiva. Enquanto tratava clientes no Centro de Terapia Cognitiva da
Universidade da Pensilvânia, Young e seus colegas identificaram um segmento de
pessoas que tinham dificuldade em se beneficiar da abordagem padrão. Ele
descobriu que essas pessoas geralmente tinham padrões ou temas antigos de
pensamento, sentimento e comportamento/enfrentamento que exigiam um meio
diferente de intervenção. A atenção do Dr. Young voltou-se para maneiras de ajudar
os pacientes a abordar e modificar esses padrões ou temas mais profundos,
25

também conhecidos como esquemas ou planos de vida (FALCONE; VENTURA,


2008).
De acordo com Young, Klosko e Weishaar (2008), os esquemas são
direcionados no tratamento de padrões duradouros e autodestrutivos que
normalmente começam cedo. Esses padrões consistem em pensamentos e
sentimentos negativos e disfuncionais, repetitivos e elaborados, e representam
obstáculos para a realização dos objetivos e a satisfação das necessidades. 
Alguns exemplos de pensamentos arraigados no individuo portador do
transtorno são: “Eu não sou amado”; “Eu sou um fracasso”; “As pessoas não se
importam comigo”; “Eu não sou importante”; “Algo ruim vai acontecer”; “As pessoas
vão me deixar”; “Nunca atenderei minhas necessidades”; “Nunca serei bom o
suficiente” (BECK et al, 1997).
Embora os esquemas sejam geralmente desenvolvidos no início da vida
(durante a infância ou adolescência), eles também podem se formar mais tarde, na
idade adulta. Esses esquemas são perpetuados comportamentalmente através dos
estilos de enfrentamento de manutenção de esquema, evitação de esquema e
compensação de esquema. O modelo de tratamento com foco no esquema é
projetado para ajudar a pessoa a quebrar esses padrões negativos de pensamento,
sentimento e comportamento, que geralmente são muito tenazes, e desenvolver
alternativas mais saudáveis para substituí-los (YOUNG; KLOSKO; WEISHAAR,
2008, p. 23).
A TE consiste em três estágios. A primeira é a fase de avaliação, na qual os
esquemas são identificados durante as sessões iniciais. Os questionários também
podem ser usados para obter uma imagem clara dos vários padrões envolvidos. Em
seguida, vem a consciência emocional e a fase experimental, em que os pacientes
entram em contato com esses esquemas e aprendem a identificá-los quando estão
operando no dia-a-dia.Em terceiro lugar, o estágio de mudança comportamental se
torna o foco, durante o qual o cliente está envolvido ativamente na substituição de
pensamentos e comportamentos negativos e habituais por novas opções cognitivos
e comportamentais saudáveis (YOUNG; KLOSKO; WEISHAAR, 2008).
26

3.4 A TERAPIA MEDICAMENTOSA ASSOCIADA A OUTRAS TERAPIAS

Geralmente o paciente com transtorno de personalidade borderline, preenche


evidencias diagnósticas para outros transtornos suscetíveis de tratamento com
psicofarmacos, tais como os transtornos alimentares, transtornos de ansiedade
(transtorno do pânico, fobia social, transtorno de estresse pós-traumático),
transtornos de personalidade (dependente, evitativa, paranoide) transtornos de
humor (transtorno bipolar, depressão, distimia) (LIEB et al, 2004)
Por esta razão, muitas vezes o TPB é tratada com a terapia medicamentosa
associada à psicoterapia, que demonstrou reduzir alguns dos sintomas que
acompanham o paciente borderline. A linha de psicofarmacos mais utilizados e
indicados para pacientes com transtorno de personalidade borderline é constituída
por antidepressivos (auxilio no controle do humor deprimido, tipico entre esses
pacientes), antipsicóticos (auxilio no controle de episódios psicóticos breves, e
também na hostilidade e raiva), benzodiazepínicos (controle da ansiedade),
inibidores da MAO (IMAOs) (controle do comportamento impulsivo), e os
estabilizadores de humor (auxilio na regulagem do humor e no controle da
impulsividade) (FRIEDEL, 2004).
Os efeitos colaterais, como a diminuição da libido e o aumento de peso, e a
relação risco/benefício são analisados individualmente, de maneira que não há um
consenso geral sobre o uso efetivo dessas medicações no tratamento do paciente
borderline (SADOCK; SADOCK, 2007; LIEB et al, 2010).
Embora atualmente não haja medicamentos comprovadamente eficazes para
o tratamento e cura do TPB, alguns fármacos mostram se eficazes nas
comorbidades associadas ao transtorno. Pesquisas recentes demonstraram que
esses medicamentos podem ajudar com a tristeza, alterações de humor, a
ansiedade e a reatividade emocional frequentemente experimentado por pessoas
com TPB, mas não parecem ter um forte efeito sobre outros sintomas do distúrbio,
por exemplo, raiva ou impulsividade (LIEB, 2004; RIPOLL, 2012).
Embora os antidepressivos tenham sido desenvolvidos especificamente para
indivíduos com transtorno depressivo e outros distúrbios caracterizados por mau
humor, muitos indivíduos com TPB são tratados com esses medicamentos. Existem
vários tipos de antidepressivos que têm sido estudados para o uso com TPB
(MORENO; MORENO; SOARES, 1999), incluindo tricíclicos e tetracíclicos (ADTs),
27

inibidores da monoamina oxidase (IMAO), inibidores seletivos da recaptação da


serotonina (ISRSs), e inibidores da recaptação de noradrenalina-dopamina (IRND).
Os antidepressivos comumente prescritos são: Amitriptilina (ADT); Tranilcipromina
(IMAO); Fluoxetina (ISRS); Sertralina (ISRS); Bupropiona (IRND) (MORENO;
MORENO; SOARES, 1999).
Os primeiros psiquiatras acreditavam que os sintomas do TPB estavam na
fronteira entre neurose e psicose. Por esse motivo, alguns dos primeiros
medicamentos testados para TPB foram antipsicóticos. Desde então, verificou-se
que os antipsicóticos podem ter um efeito positivo em uma variedade de distúrbios
não psicóticos, incluindo o TPB. Os antipsicóticos demonstraram reduzir à
ansiedade, o pensamento paranoico, a raiva/ hostilidade e a impulsividade em
pacientes com TPB (MARANGELL et al, 2004; SADOCK; SADOCK, 2007). Os
antipsicóticos são classificados em típicos (de primeira geração) ou atípicos (de
segunda geração). Esta divisão ocorre devido ao mecanismo de ação inerente ao
medicamento. Os antipsicóticos comumente prescritos são: Haloperidol (1º geração);
Olanzapina (2º geração); Clozapina (2º geração); Risperidona (2º geração) (ROCHA
et al, 2011; MARANGELL et al, 2004)
Medicamentos com propriedades estabilizantes do humor, como o lítio, e
alguns anticonvulsivantes, têm sido utilizados para tratar o comportamento
impulsivo e as rápidas mudanças na emoção associadas ao TPB. Há pesquisas que
sugerem que essas classes de medicamentos podem ser úteis no TPB (STAHL,
2003; ROCHA et al, 2011). Os estabilizadores/anticonvulsivantes comuns do humor
incluem: Carbonato de lítio; Valproato; Carbamazepina; Topiramato (BAES;
JURUENA, 2017).
Como os indivíduos com TPB também costumam experimentar ansiedade
intensa, às vezes são prescritos medicamentos para reduzir a ansiedade, pois
auxiliam na diminuição da excitabilidade neuronal (ROCHA, 2011; MARANGELL et
al, 2004). Infelizmente, há muito pouca pesquisa para apoiar o uso de medicamentos
anti-ansiedade no tratamento do TPB. Além disso, existem algumas evidências de
que o uso de uma classe específica de ansiolíticos, os benzodiazepínicos, podem
realmente causar uma piora dos sintomas em alguns indivíduos com TPB e devem
ser prescritos com cautela (SADOCK; SADOCK, 2007).
  Os benzodiazepínicos são particularmente perigosos para uso por indivíduos
com distúrbios de uso concomitante de substâncias toxicas porque podem formar
28

hábitos (SADOCK & SADOCK, 2007; MARANGELL et al, 2004; AUCHEWSKI et al,
2004). Os principais ansiolíticos prescritos atualmente são: Lorazepam;
Clonazepam; Diazepam; Buspirona; Alprazolam; Bromazepam (SADOCK; SADOCK,
2007).
À medida que aprendemos mais sobre as causas biológicas do TPB, novos
medicamentos estão sendo desenvolvidos e testados para o distúrbio. Por exemplo,
os resultados de um estudo sugerem que um suplemento de ácidos graxos ômega-
3, especialmente o ácido eicosapentaenóico (EPA), pode levar a uma menor
agressão e sentimentos de hostilidade em pessoas com TPB (ZANARINI;
FRANKENBUG, 2003).
29

4 O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE E AS DIFICULDADES


NA ERA CONTEMPORÂNEA

Durante a Idade Média, os preceitos religiosos eram o epicentro dos


pensamentos, determinando, portanto, os parâmetros éticos e morais. Em meados
do século XVIII, com a chegada do Iluminismo, a religião deixou de ser o foco
essencial e o homem passou a ser o centro, construindo novos parâmetros,
princípios e conceitos a partir da razão. No século XIX, com a Revolução Industrial,
a nova sociedade estruturou-se a partir de conceitos e valores científicos e
tecnológicos (BRUCKNER, 1997; FROMM, 1941).
No entanto, com a chegada do século XX e o inicio de uma nova era, o
homem contemporâneo frustrou-se com a ausência de respostas científicas para
seus anseios e a ineficiência de suas ideologias radicais, passando assim, por mais
uma alteração de padrões, aderindo a um relativismo total, que deu lugar a era da
pós-modernidade (TAYLOR, 1994, p. 49).
O resultado dessa cultura pós-moderna, é um homem que experienciou um
lento processo de modificações em seus costumes e valores. Se antes, os limites de
errado e certo eram rígidos e claros; atualmente, devido a uma busca de liberdade e
igualdade, estabeleceu-se a crença de que os homens são aprisionados por
“verdades” regidas por regras morais e pelos valores éticos, religiosos e sociais, e é
isso que os impedem de realizar seus desejos. Essa modificação de paradigmas
conduziu da sociedade moderna acreditar que tudo é ilusório. Ao perder seu
referencial hierárquico valorativo, o homem passou a viver uma verdade relativa,
onde não encontrando mais seus os referenciais seguros pra se apoiar, entrou em
uma crise existencial e passou a viver de forma individualista e imediatista
(MURPHY, 1956, pp. 853-862).
Há uma busca exacerbada pela satisfação pessoal e não há espaço para o
convívio com sofrimentos e angústias. Esse novo indivíduo, tenta se estruturar
nessa nova cultura de mudanças múltiplas, já que não consegue prover a demanda
para si mesmo e nem para as necessidades do próximo (LASCH, 1983, pp. 253-
263).
A educação outrora recebida pelos genitores, os valores religiosos, os valores
morais e éticos, a valoridade de caráter, a família e a solidez do casamento,
30

cederam lugar para novas regras de comportamento regidas pelas leis de consumo
e de mercado.
De acordo com BAUMAN (2001):

O ingrediente crucial da mudança múltipla é a nova mentalidade de “curto


prazo”, que substitui a de “longo prazo”. Casamentos “até que a morte nos
separe” estão decididamente fora de moda e se tornaram uma raridade: os
parceiros não esperam mais viver muito tempo juntos... (BAUMAN, 2001.
p.169)

A ruptura da formatação familiar, da solidez nos relacionamentos, dos laços


de solidariedade, e o crescimento vertiginoso da competição feroz e do
individualismo, fomentaram a solidão humana e determinaram uma diminuição
significativa de suporte social. As relações estáveis, em que os efeitos de uma falta
de continência intrafamiliar poderiam ser amenizados, passaram a fazer parte do
passado (BAUMAN, 2001).
Essa aceleração conduz o consumo em uma rapidez nunca experienciada,
onde tudo é descartável, desde bens matérias até os afetivos. A publicidade
manipula os desejos e promove a sedução. A tecnologia avança, perde-se a visão
pessoal e os conceitos tornam-se vazios. Vive-se, então, um tempo de pouca
solidariedade e alta competitividade, guiado pela lógica da acumulação de bens e de
aparências. Instala-se uma cultura de incertezas, de fragmentações de troca de
valores e do vazio (RÜDIGER, 2004).
O paciente Borderline encontra-se imerso na relação com o outro e
dependente dele; a estrutura de sua patologia é construída na relação, no seu modo
de se vincular. A percepção de uma rejeição iminente ou separação, bem como a
perda de estrutura externa podem levar a mudanças profundas na autoimagem, no
afeto, na cognição e no comportamento, visto que devido a fragilidade do ego, esse
paciente é muito sensível às circunstâncias ambientais. Ele olha para essa nova
realidade social com lentes de aumento e não consegue encontrar seu espaço
nessa nova sociedade onde os vínculos estabelecidos são superficiais e frágeis, não
permitindo um grau mínimo de continência satisfatória (HEGENBERG, 2009, p.24).
É possível determinar uma analogia do aumento desse tipo de paciente como
um reflexo dessa sociedade pouco preocupada com seus indivíduos e mais
interessada na globalização e em seus benefícios econômicos. Painchaud &
Montgrain (1991, apud HEGENBERG, 2009) afirmam que, como a problemática
31

social mudou, enfrentamos modificações de configuração psicológica inconsciente,


cujo resultado clínico se constatará pelo aumento daquilo a que convencionamos
chamar de estados-limites ou borderline.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta revisão literária acerca do tema sobre Transtorno da Personalidade


Borderline e sua linhas de tratamento terapêutico visou aclarar alguns aspectos da
patologia, embora tenha revelado questões importantes que ainda são difíceis de
explicar e, portanto, necessárias como objeto de estudo em pesquisas futuras, para
progredir e avançar no conhecimento de um dos transtornos mais severos da
personalidade e, consequentemente, do ser humano.
Na analise das ferramentas empregadas no tratamento da doença, concluiu-
se que apesar de cada abordagem terapêutica ter uma vantagem específica, todas
são igualmente eficazes.
A terapia cognitivo-comportamental, no entanto, demonstrou ser mais
completa e abrangente, pois oferece várias técnicas de tratamento específicas com
a finalidade mapear a patologia dos transtornos de personalidade. Porém, é
importante salientar, que serão necessárias mais pesquisas para aprofundar nossa
compreensão sobre a melhor forma de aplicar os princípios da TCC e fornecer
recomendações mais específicas e inequívocas sobre como tratar os sintomas da
TPB, como por exemplo, as abordagens da TCC que enfatizam a conexão entre
pensamentos implícitos e automáticos e seus esquemas subjacentes, e são
considerados amplamente desregulados e desadaptativos no paciente borderline. 
Espera-se, portanto, que o presente trabalho tenha servido como abordagem
elucidativa ao estudo sobre o tema proposto, e tenha resultado nas possíveis
dúvidas de um distúrbio tão paradoxo. Ademais, faz evidente a necessidade de
seguir aprofundando os aspectos mencionados e ampliar os estudos realizados a
esse respeito, para descartar ou confirmar as crenças atuais. No entanto,
acreditamos que é necessário salientar que o que apresentamos aqui hoje pode
variar significativamente em um futuro próximo.
32

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