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ANDRESSA PRISCILA DE AZEVEDO

OS BENEFÍCIOS DO MICROAGULHAMENTO NO
TRATAMENTO DAS DISFUNÇÕES ESTÉTICAS.

São Paulo
2022
OS BENEFÍCIOS DO MICROAGULHAMENTO NO
TRATAMENTO DAS DISFUNÇÕES ESTÉTICAS.
AZEVEDO, Andressa Priscila de1

RESUMO

Com a crescente expectativa e qualidade de vida de hoje, o desejo de parecer


jovem e bonito, desempenha um grande papel na sociedade. O
envelhecimento cutâneo e as afecções estéticas na face são particularmente
visíveis e, cada vez, mais busca-se por procedimentos que visam atenuar ou
sanar essa questão. Frequentemente são criados novos aparelhos, novos
instrumentos estéticos, novas formulações cosméticas e novos protocolos,
todos com um único objetivo: manter a pele livre de imperfeições e com
aparência jovem. O microagulhamento é uma técnica terapêutica minimamente
invasiva, simples, segura e eficaz. Foi originalmente introduzido para o
rejuvenescimento da pele, contudo, há uma ampla gama de indicações,
incluindo cicatrizes de acne, acne vulgar ativa, cicatrizes pós-traumáticas,
queimaduras, melasma, estrias, alguns casos de alopecia, administração
transdérmica de drogas, dentre outros. É um procedimento que envolve a
perfuração superficial e controlada da epiderme por agulhas finas de
comprimento mínimo. As feridas criadas estimulam a liberação de fatores de
crescimento e induzem a produção de colágeno. Diante do exposto, definiu-se
uma abordagem de estudo com revisão integrativa da literatura, em produções
científicas disponíveis nas bases nacionais e internacionais, com grande parte
dos trabalhos publicados na plataforma PubMed, Scielo e Portal de periódicos
CAPES, entre os anos de 2012 a 2022. Buscou-se uma correspondência dos
dados publicados por estudiosos e pesquisadores da área e foi possível
constatar que, a ação do microagulhamento possui um resultado significativo
quanto às suas comparações. Em síntese, este artigo de pesquisa científica
visou trazer para o meio acadêmico a análise da eficácia da técnica de
microagulhamento no tratamento de disfunções estéticas e do envelhecimento
facial. Concluiu-se que o microagulhamento é uma técnica indicada para um
amplo espectro de indicações quando o objetivo é o estímulo da produção de
colágeno ou permeação de ativos e os resultados obtidos foram classificados
como satisfatórios. Contudo, é relevante ressaltar a importância da realização
de estudos científicos mais aprofundados para corroborar os dados
apresentados neste trabalho.

Palavras-chaves: Microagulhamento. Estética facial. Envelhecimento cutâneo.


Disfunções estéticas.

ABSTRACT
1
Pós-graduanda do Curso de Enfermagem Estética – União Brasileira de Faculdades – São
Paulo/SP. E-mail: prii.azevedo17@gmail.com
With today's increasing life expectancy and quality of life, the desire to look
young and beautiful plays a huge role in society. Skin aging and aesthetic
affections on the face are particularly visible and, more and more, procedures
are being sought to alleviate or remedy this issue. New devices, new aesthetic
instruments, new cosmetic formulations and new protocols are frequently
created, all with a single objective: to keep the skin free of imperfections and
with a youthful appearance. Microneedling is a minimally invasive, simple, safe
and effective therapeutic technique. It was originally introduced for skin
rejuvenation, however, there are a wide range of indications, including acne
scarring, active acne vulgaris, post-traumatic scarring, burns, melasma, stretch
marks, some cases of alopecia, transdermal drug administration, among others.
. It is a procedure that involves superficial and controlled perforation of the
epidermis by thin needles of minimal length. The wounds created stimulate the
release of growth factors and induce collagen production. In view of the above,
a study approach was defined with an integrative literature review, in scientific
productions available in national and international databases, with most of the
works published on the PubMed, Scielo and CAPES journals portal, between
the years 2012 to 2022. A correspondence of data published by scholars and
researchers in the area was sought and it was possible to verify that the action
of microneedling has a significant result in terms of their comparisons. In
summary, this scientific research article aimed to bring to the academic world
the analysis of the effectiveness of the microneedling technique in the treatment
of aesthetic dysfunctions and facial aging. It was concluded that microneedling
is a technique indicated for a wide spectrum of indications when the objective is
to stimulate collagen production or permeation of actives and the results
obtained were classified as satisfactory. However, it is important to emphasize
the importance of carrying out more in-depth scientific studies to corroborate the
data presented in this work.

Keywords: Microneedling. Facial aesthetics. Skin aging. Aesthetic dysfunctions

1 INTRODUÇÃO

A atratividade física é um assunto sério na sociedade, tendo a juventude


como um de seus componentes, visto que a concepção da beleza está
intrinsicamente ligada a uma pele jovem, saudável e sem disfunções estéticas.
Há um consenso social, de que tão importante quanto aumentar a expectativa
de vida, é melhorar a qualidade de vida das pessoas, o que envolve manter
uma aparência jovem. De acordo com um estudo proposto por Kim e Lee
(2018), a ideia de que a aparência e beleza física traz benefícios aos indivíduos
em múltiplos domínios, resulta em consequências multidimensionais. Segundo
os autores, parecer jovem pode ser mais importante do que realmente ser
jovem, e alterar as características faciais na direção da juventude resulta em
classificações mais altas de atratividade
É por isso que a medicina estética está se tornando cada vez mais
popular e os procedimentos estéticos tem sido cada vez mais procurados, com
ênfase na pele facial, visto que é particularmente vulnerável aos fatores do
fotoenvelhecimento e isso resulta no aumento da demanda por tratamentos de
rejuvenescimento nessa área.
Atualmente existem diversas técnicas e protocolos de tratamento para
eliminar o tratamento das disfunções dermatológicas, destacando-se dentre
eles o uso do microagulhamento. Esta técnica objetiva a indução percutânea
de colágeno e é uma opção de tratamento documentada em rejuvenescimento
da pele, cicatrizes de acne, acne vulgar ativa, cicatrizes pós-traumáticas,
queimaduras, melasma, estrias, alguns casos de alopecia, administração
transdérmica de drogas. A técnica é realizada, empregando um aparelho
específico, popularmente conhecido como 'dermaroller'. Trata-se de um
instrumento simples e portátil que consiste em uma alça com um cilindro
cravejado com 192 agulhas estéreis e finas, de aço inoxidável de 0,5 a 2,5 mm
de comprimento, espaçadas à distâncias regulares umas das outras. Para
obter uma profundidade de penetração uniforme na pele, as agulhas são
colocadas a uma inclinação de 15° em relação à superfície do aparelho. Para
alcançar o benefício terapêutico, este cilindro cravejado de agulhas é rolado na
pele em várias direções e daí o nome “dermaroller”. Pesquisas apontam que a
técnica de microagulhamento é uma das mais procuradas atualmente, por ser
um método muito eficaz, não invasivo e que acarreta a diminuição na demanda
de tratamentos cirúrgicos (BORGES; SCORZA, 2016; NEGRÃO, 2017; LIMA,
2016).
Este estudo tem por objetivo destacar os benefícios do
microagulhamento nas disfunções dermatológicas por meio da revisão
bibliográfica, bem como, analisar a efetividade da mesma.

2 METODOLOGIA

Para realização desse trabalho, optou-se por uma revisão integrativa da


literatura, que consiste em sintetizar a percepção atual sobre determinado
assunto, afim de corroborar para o aprofundamento do conhecimento relativo
ao tema investigado, reunindo e sintetizando achados de estudos previamente
realizados, mediante diferentes metodologias (SOARES et.al., 2014; SOUZA,
SILVA e CARVALHO, 2010).
A presente revisão teve como questão norteadora: Quais os benefícios
do microagulhamento no tratamento das disfunções estéticas?
Sua base teórica foi estruturada por meio de dados coletados de estudos
originais em livros, artigos e periódicos publicados nas bases de dados
MedLine, Scielo e Periódicos CAPES entre os anos de 2012 a 2022. O
levantamento foi realizado de julho a outubro de 2022 usando os termos
descritores: “microagulhamento”, “estética facial”, “envelhecimento cutâneo”,
“disfunções estéticas” com variação nos idiomas português e inglês.
Adotou-se como critério de exclusão, estudos não relacionados ao tema
abordado, com baixa qualidade metodológica e onde não foi possível o acesso
ao texto completo. As produções científicas disponíveis na integra, foram
selecionadas para elaboração desse estudo levando em consideração
potencial qualificado a partir da leitura de resumos, metodologia, resultados e
conclusão.

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 MICROAGULHAMENTO
O microagulhamento, também conhecido como terapia de indução de
colágeno ou indução percutânea de colágeno, é uma tecnologia minimamente
invasiva utilizada para o tratamento de inúmeras afecções dermatológicas. Sua
concepção data de 1995, quando Orentreich e Orentreich cunharam o termo
"subcisão" para descrever o procedimento de agulhamento manual no
tratamento de rugas e cicatrizes cutâneas. Três anos mais tarde, Camirand &
Doucet (1997) relataram melhora significativa na aparência clínica e na textura
de cicatrizes cirúrgicas com o uso de dermoabrasão com agulhas, por meio de
um processo realizado com pistola de tatuagem sem tinta. Esses processos
utilizam agulhas que ao penetrar na pele produzem uma resposta inflamatória,
que estimula a produção de produção de colágeno e elastina, o que resulta no
surgimento de uma pele com melhores características. No entanto, utilizando
os princípios delineados pelos pioneiros do agulhamento, em meados de 2000,
o Dr. Dermond Fernandes (2006) desenvolveu um dispositivo em forma de
tambor coberto por microagulhas para produzir micro lesões cutâneas, afim de
melhorar as rítides faciais e a flacidez da pele. O aparelho produzido por
Fernandes, foi registrado sob a marca Dermaroller®, e tinha como base a
inserção repetitiva de 30 agulhas na pele, a uma profundidade controlada de 2
a 3 mm, o que permitia uma perfuração rápida e uniforme, bem como, atingia
áreas maiores e com profundidades diferenciadas em cada região (BORGES;
SCORZA, 2016; ORENTREICH; ORENTREICH, 1995; CAMIRAND; DOUCET,
1997; FERNANDES, 2006).

3.1.1 Mecanismo de ação


As micropunturas são criadas usando microagulhas que produzem uma
lesão controlada na pele sem realmente danificar a epiderme. Essas
microlesões levam a sangramento superficial mínimo e estabelecem na ferida
uma cascata pós inflamatória, seguida da liberação de vários fatores de
cicatrização, como fator de crescimento derivado de plaquetas (PGF), fator de
crescimento transformador alfa e beta (TGF-α e TGF-β), proteínas ativadoras
do tecido conjuntivo, fator de crescimento do tecido conjuntivo e fator de
crescimento de fibroblastos (FGF). As agulhas também quebram o tecido
cicatricial fibroso e permitem que ele seja revascularizado. A neovascularização
e a neocolagênese são iniciadas pela migração e proliferação de fibroblastos
que são depositados na matriz intercelular (LIMA, 2016; BORGES; SCORZA,
2016; LIMA; LIMA; TAKANO, 2013; MAJID et al, 2014).
Os estudos mostraram que uma matriz de fibronectina é formada 5 dias
após a lesão, seguida da deposição do colágeno tipo III, que é predominante
na fase inicial, no entanto, é substituído lentamente pelo colágeno tipo l, mais
duradouro e persistente, mantendo-se por um período que varia de cinco a sete
anos (ALSTER; GRAHAM, 2018; LIMA, 2016;). O exame histológico da pele
tratada com 4 sessões de microagulhamento com 1 mês de intervalo
apresentou um aumento de 400% na deposição de colágeno e elastina em 6
meses após o procedimento, com espessamento do estrato espinhoso e cristas
epiteliais normais em 1 ano pós-procedimento. As fibras de colágeno figuraram
um padrão reticular normal em vez dos processos paralelos encontrados no
tecido cicatricial (SINGH; YADAV, 2016; NEGRÃO, 2017).

Figura 1 - Mecanismo de ação da indução de produção de colágeno.

Fonte: Lima, 2016, p. 23-24.

O processo de reparo tecidual pós-microagulhamento é descrito por


estudiosos (LIEBL; KLOTHL, 2013; BORGES; SCORZA, 2016; LIMA, 2016;
NEGRÃO, 2017) em três fases:
1º Fase Inflamatória (1-3): 1-3 dias é a resposta natural do corpo à
lesão. Após o ferimento inicial, os vasos sanguíneos no leito da ferida se
contraem e um coágulo é formado. Uma vez alcançada a hemostasia
(coagulação do sangue), os vasos sanguíneos se dilatam para permitir que as
células essenciais: anticorpos, glóbulos brancos, fatores de crescimento,
enzimas e nutrientes cheguem ao local da ferida. Nos primeiros 5-10 minutos
ocorre vasoconstrição onde o sangue e a linfa chegam ao local da ferida. Os
neurófilos (células plaquetárias) predominam nas primeiras 48 horas e são os
fatores de coagulação do sangue. Os macrófagos (células imunes) curam a
pele e criam novos tecidos, também removem bactérias, detritos do local da
ferida.
2º Fase Proliferativa (3-21): 3-21 dias a ferida é reconstruída com novo
tecido de granulação composto por colágeno e matriz extracelular. Seus
macrófagos (células imunes) liberam vários fatores de crescimento: fatores de
crescimento de plaquetas, fatores de crescimento de fibroblastos e fatores de
crescimento de transformação. A proliferação é estimulada (nova divisão
celular) e ocorre a angiogênese (os vasos sanguíneos se unem e liberam
sangue do capilar).
3º Fase de Remodelação (28 dias a 2 anos): Esta é a fase final e ocorre
uma vez que a ferida é fechada. Isso envolve a remodelação e realinhamento
do colágeno, criando uma derme mais volumosa. O tecido cicatricial é
achatado e a camada epidérmica torna-se mais densa. O colágeno é uma
proteína importante da matriz e pode levar de 20 a 2 anos para atingir a
maturação.
No estudo conduzido por Liebl & Klothl (2013), foi apresentada a
hipótese de que quando as microagulhas penetram na pele, uma corrente de
demarcação é produzida entre as células e não nas feridas e é a corrente de
demarcação que desencadeia uma cascata de fatores de crescimento que
estimulam a fase de cicatrização. Segundo os autores, em estado de repouso,
o interior das células epidérmicas tem um potencial elétrico negativo de -70
mV, enquanto o interstício e as superfícies epidérmicas têm um potencial
positivo. A lesão epidérmica causa a liberação de potássio e proteínas no
interior das células epidérmicas, diminuindo ainda mais o potencial elétrico para
-120 mV ou menos. Isso leva a um aumento na diferença de potencial entre o
interior da célula e o ambiente externo. Alega-se que essa diferença de
potencial desencadeia a migração dos fibroblastos para o local da lesão onde
proliferam e depositam colágeno, desencadeando um aumento da atividade
celular e a liberação de diversas proteínas, potássio e fatores de crescimento
no exterior que levam à migração dos fibroblastos para o local da lesão e,
portanto, à indução de colágeno. Portanto, segundo os autores supracitados,
as agulhas não criam uma ferida em um sentido real, mas as células do corpo
são levadas a acreditar que a lesão ocorreu.
Lima, Lima e Takano (2013) estabeleceram uma a relação do
comprimento das agulhas com a profundidade do dano causado, propondo
uma classificação de acordo com a análise histológica da pele:
Injúria leve (agulhas de 0,25mm a 0,5mm): uso prioritário para
distribuição transepidérmica de drogas (no inglês, drug delivery), rugas finas e
melhoria de brilho e textura;
Injúria moderada (agulhas de 1 e 1,5mm): no tratamento de rugas
médias, flacidez cutânea e rejuvenescimento global;
Injúria profunda (agulhas de 2 e 2,5mm): no tratamento de cicatrizes
deprimidas distensíveis, estrias e cicatrizes onduladas e retráteis.
Segundo Negrão (2015) os equipamentos, a aplicação da técnica e os
objetivos pretendidos são classificados em: uso cosmético (agulhas de até 0,3
mm), uso terapêutico (agulhas de 0,5 mm a 1,5mm) e uso médico (agulhas
acima de 2,0 mm).

Figura 2 - Classificação dos equipamentos

Fonte: Negrão, 2015, p. 33.

Especula-se que a expressão de metaloproteinases de matriz induzida


pelo microagulhamento leva a uma redução na hiperpigmentação. Além disso,
o microagulhamento induz uma diminuição na hiperproliferação de
queratinócitos que regula o equilíbrio extracelular em pacientes com acne
(LIEBL; KLOTHL, 2013). No entanto, mais pesquisas são necessárias para
elucidar claramente a cadeia de eventos.

3.1.2 Procedimento
O microagulhamento é um procedimento simples que pode ser realizado
no consultório e leva de 10 a 20 minutos dependendo da área a ser tratada. Os
pacientes devem ser orientados antes do procedimento, explicando os
resultados esperados, a resposta tardia e a necessidade de múltiplas sessões.
De preferência, a pele deve ser pré-preparada por pelo menos um mês com
formulações de vitamina A e C duas vezes ao dia para maximizar a formação
de colágeno dérmico. A vitamina A influência de 400-1000 genes que
controlam a proliferação e diferenciação de todas as principais células da
epiderme e derme, e a vitamina C é essencial para a produção normal de
colágeno (BORGES; SCORZA, 2016; NEGRÃO, 2017).
O procedimento é realizado sob anestesia tópica que é aplicada por 45
minutos a 1 hora. Após o preparo da área com antisséptico e soro fisiológico, a
pele é esticada com uma mão e, perpendicularmente, o aparelho é rolado de
10 a 15 vezes nas direções horizontal, vertical e oblíqua.

Figura 3 – Desenho esquemático dos movimentos indicados no uso do dermaroller.

Fonte: https://www.dermaroller.es/instrucciones.html.

O desfecho do tratamento é identificado como sangramento pontual


uniforme que é facilmente controlado. Após o procedimento, a área é embebida
em soro fisiológico ou bolsas de gelo podem ser usadas para confortar o
paciente. Posteriormente, o paciente é aconselhado a usar protetor solar
regularmente.
O procedimento é bem tolerado pelos pacientes e geralmente não há
sequelas pós-tratamento, exceto eritema leve e edema por 2-3 dias. Não há
tempo de inatividade e o paciente pode retomar o trabalho diário no dia
seguinte. Os tratamentos são realizados em intervalos de 3 a 8 semanas e são
necessárias várias sessões para obter o efeito desejado na pele. Os resultados
finais não podem ser vistos imediatamente porque o novo colágeno continua a
se estabelecer por aproximadamente 3-6 meses após o término do tratamento
(BORGES; SCORZA, 2016; LIMA; LIMA; TAKANO, 2013; NEGRÃO, 2017).

3.1.3 Instrumentos e Técnicas


O dermaroller evoluiu na última década através de uma variedade de
avanços. O mercado de hoje está crescendo com uma variedade de
dispositivos com base no comprimento da agulha, tamanho do cano e
automação.
Os tipos de aparelhos mais conhecidos são (SINGH & YADAV, 2016;
BHARDWAJ, 2013):
Dermaroller® padrão: contém 192 agulhas de 2mm de comprimento e
0,07mm de diâmetro, e ao ser aplicado de 10 a 15 vezes sobre a pele resulta
em aproximadamente 250 puncturas por cm² em direção à derme papilar
dependendo da pressão aplicada, sem causar injúria à epiderme.
Dermaroller® de uso domiciliar: Os aparelhos de uso doméstico
podem ser usados pelos próprios pacientes, já que o comprimento da agulha é
inferior a 0,15mm. Sua utilização é indicada para redução do tamanho dos
poros, linhas finas e produção de sebo, bem como para a administração
transdérmica de substâncias como lipopeptídeos e outros produtos
antiplaquetários.
Dermapen®: trata-se de um dispositivo de microagulhamento
automatizado semelhante a uma caneta. Este dispositivo ergonômico utiliza
agulhas e guias descartáveis para ajustar o comprimento da agulha para
recapeamento mecânico fracionado. A ponta tem 9-12 agulhas dispostas em
fileiras. Utiliza bateria recarregável para operar em dois modos, modo de alta
velocidade (700 ciclos/min) e modo de baixa velocidade (412 ciclos/min). Tem
a vantagem de ser reutilizável em diferentes pacientes, pois as agulhas são
descartáveis. é seguro, pois as pontas das agulhas ficam escondidas dentro da
guia e é conveniente para tratar áreas estreitas como o nariz, ao redor dos
olhos e lábios sem danificar a pele adjacente. Isso torna o procedimento menos
doloroso e mais econômico, pois não há necessidade de adquirir um novo
instrumento a cada vez. Essa tecnologia foi projetada para superar os
problemas de aplicação de pressão variável e a subsequente profundidade de
penetração alcançada.
DermaFrac®: O tratamento DermaFrac é uma modificação do
microagulhamento tradicional, já que combina microdermoabrasão,
microagulhamento, infusão simultânea de soro em tecidos profundos e terapia
de diodo emissor de luz (LED). Os tratamentos visam o envelhecimento da pele
e danos causados pelo sol, acne, poros dilatados, tom de pele irregular, rugas,
linhas finas, hiperpigmentação e cicatrizes superficiais. Leva aproximadamente
45 minutos para completar o tratamento facial completo ao usar todas as
quatro modalidades. Este tratamento não invasivo e de baixo custo tem a
vantagem de não ter tempo de inatividade com seleção individualizada de
fluidos para infusão.
Derma-stamp: São versões em miniatura do dermaroller disponíveis em
diferentes comprimentos de agulha (0,2-3mm) e diâmetro de 0,12mm que são
usadas para cicatrizes localizadas, como cicatrizes de varicela. A vantagem
está no fato de ser um tratamento focado em cicatrizes específicas e rugas
isoladas, já que cria canais verticais à medida que penetra na pele.
Sistemas de entrega com microagulhas: Esse oferece um método
minimamente invasivo e indolor de entrega transdérmica de drogas, e é
especialmente útil para vacinas. Os vários tipos de microagulhas disponíveis
para essa finalidade incluem microagulhas de polímero sólido, isoladas e ocas.
As microagulhas com revestimento sólido são usadas para perfurar a pele
superficial, seguida da aplicação tópica do medicamento, enquanto as agulhas
ocas, solúveis ou biodegradáveis entregam os medicamentos diretamente na
derme.
Radiofrequência fracionada: A união do microagulhamento com a
radiofrequência ampliou as perspectivas de aplicação desta tecnologia.
Agulhas isoladas são usadas para penetrar na pele e fornecer correntes de
radiofrequência nas pontas das agulhas, produzindo zonas térmicas em
componentes estruturais dérmicos e glândulas acessórias sem danificar a
epiderme sobrejacente. Isso desencadeia remodelação dérmica de longo
prazo, neoelastogênese e neocolagênese. A profundidade das agulhas pode
ser ajustada de 0,5 mm a 3,5 mm, permitindo-nos atingir discretamente as
diferentes camadas da derme. O operador pode exercer um bom controle
sobre os danos nos tecidos ajustando o nível de potência e a duração do pulso
de energia. O sistema de alimentação principal possui uma ponta descartável
com 49 agulhas banhadas a ouro. A radiofrequência não danifica a epiderme e,
portanto, é segura em tipos de pele mais escuras. Suas indicações incluem
tratamento de cicatrizes, hiperidrose, endurecimento da pele,
rejuvenescimento, entre outras.
Todos os instrumentos disponíveis para aplicação da técnica e
registrados no FDA, seguem o mesmo princípio de deslizar perpendicularmente
sobre a superfície cutânea até o aparecimento de sangramento superficial.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

De acordo com os critérios de seleção descritos na Metodologia, a busca


nas bases de dados resultou em 75 artigos, publicados no PubMed, Scielo e
Portal de periódicos CAPES. Como resultado final, foram selecionados um total
de 19 artigos referente ao tema e que serviram para sustentar a discussão,
além de fontes complementares que apoiam a ideia central do estudo.
Os estudos selecionados apresentam-se na tabela a seguir:

MÉTODO E OBJETIVO DO
AUTOR E ANO RESULTADOS E CONCLUSÕES
ESTUDO

Técnica de microagulhamento
Os resultados demonstraram
isolada em cicatrizes de acne.
redução significativa das cicatrizes
FABBROCINI et (P<0,05) em todos os fototipos sem
Objetivo: Avaliar a eficácia do
al (2014) qualquer sinal de despigmentação,
microagulhamento em pessoas
com redução de 31% na
com cicatrizes de acne e com pele
irregularidade da pele
fototipos de I a VI.

LIMA, LIMA,
TAKANO, 2013 Técnica de microagulhamento na Conclui-se que o
pele de um porco vivo. microagulhamento pode ser
indicado para um amplo espectro
de alterações quando o objetivo é o
Objetivo: Estabelecer a relação estímulo da produção de colágeno,
do comprimento das agulhas do bem como, a escolha do
dispositivo utilizado para o instrumento e diferentes níveis de
microagulhamento, com a agulhamento, influencia o resultado
profundidade do dano causado. nas diferentes indicações.
Técnica de microagulhamento e Foi identificado que a associação
peeling com ácido retinóico a 5%. das técnicas de microagulhamento
e peeling com ácido retinóico a 5%,
BERGMANN, Objetivo: Avaliar o tratamento de promoveu uma redução de 18,00
BERGMANN, melasma e envelhecimento pontos na escala de severidade de
SILVA (2014) cutâneo associado ao uso de ativos melasma de MASI, além de
cosméticos. melhora significativa no
fotoenvelhecimento.
Técnica de microagulhamento para
tratamento da alopecia
androgenética (AGA). Verificou-se que o
DHURAT, microagulhamento estimulou o
MATHAPATI, Objetivo: Avaliar a eficácia da crescimento de novos fios em 75%
2015 terapia convencional associada ao em três pacientes e 50% em um
uso de Finasterida e Minoxidil 5% paciente.
na alopecia androgenética (AGA).

Técnica de microagulhamento
com o drug delivery no
tratamento da face, mãos e O estudo mostrou que a
estrias. associação do microagulhamento
KALIL et al,
com drug delivery potencializa os
(2017)
resultados na realização dos
Objetivo: Avaliar a eficacia da tratamentos dermatológicos.
associação das duas técnicas.

Técnica de microagulhamento no
tratamento de rugas.
O resultado do estudo apresentou
Objetivo: Avaliar a eficácia da uma melhora de 93,8% na área
ALQAM et al,
caneta de microagulhamento no tratada após 30 dias de tratamento
(2022)
tratamento de rugas no pescoço. e 87,5% de satisfação do paciente
mediante ao tratamento.

Técnica de microagulhamento A avaliação clínica mostrou


com o drug delivery no melhora no rejuvenescimento geral
tratamento da da pele da região da pele da região anterior
KALIL et al
anterior do tórax. do tórax em 100% dos pacientes. A
(2021)
análise estatística mostrou melhora
Objetivo: Avaliar a eficacia da de 28% (p<0,05) com o uso do
associação das duas técnicas. ácido hialurônico.

Fabbrocini et al (2014) realizaram um estudo prospectivo para analisar a


eficácia e segurança da técnica de microagulhamento no tratamento de
cicatrizes de acne em diferentes fototipos de pele. Para o tratamento, foram
selecionados 60 pacientes com tipos de pele fototipos de I a VI e
posteriormente divididos em três grupos: Grupo A (fototipos I a II), Grupo B
(fototipos III a V) e Grupo C (fototipos VI). Cada paciente teve três tratamentos
em intervalos mensais. A melhora estética foi avaliada por meio da Escala
Global de Melhoria Estética (GAIS) e analisada estatisticamente por meio de
análise de imagens computadorizadas das fotografias dos pacientes. Os
resultados apontaram que a técnica atua favoravelmente em todos os fototipos
sem apresentar risco de despigmentação, além de constatar a redução
significativa na profundidade das cicatrizes com melhora de 31% na textura
irregular da pele.
Lima, Lima e Takano (2013) conduziram um estudo experimental para
estabelecer a relação do comprimento das agulhas do dispositivo utilizado para
o microagulhamento, com a profundidade do dano causado. O objeto da
investigação foi a pele de um porco vivo, o qual foi submetido à anestesia geral
e mantido sob respiração assistida, sob aprovação do Comitê de Ética, no
laboratório de Cirurgia Experimental da USP. Para aplicação da técnica foi
utilizado um aparelho da marca Dr. Roller® utilizando-se de rolos com agulhas
de comprimentos: 0,5mm, 1mm, 1,5mm, 2mm e 2,5mm. No decorrer do
processo a região lateral direita do dorso do animal foi dividida em faixas e rolo
foi passado em movimentos de vai e vem durante dois ou três minutos. Com
base nos resultados, os autores propuseram a classificação de injúria em leve,
moderada e profunda, relacionando-a ao comprimento da agulha e a sua
capacidade de provocar o trauma planejado. Os autores concluíram que o uso
isolado dessa técnica favorece no tratamento da flacidez e atenuação de rugas,
estimula a produção de colágeno, age como veiculador de ativos para
rejuvenescimento, atua na correção de cicatrizes deprimidas e estrias, estimula
o rejuvenescimento da face e promove o brilho, textura e coloração da pele.
Bergmann, Bermann e Silva (2017) descrevem um estudo realizado com
o objetivo de avaliar um caso clínico de tratamento de melasma com
microagulhamento e peeling com ácido retinóico a 5%. Para o delineamento do
estudo for selecionada 1 paciente de 35 anos, pele com fototipo III, com sinais
de fotoenvelhecimento e histórico de melasma a >6anos, sem tratamento
prévio para fotoenvelhecimento ou melasma. A paciente foi submetida a ao
exame físico, onde apresentou rugas tipo lll, pela classificação de Glogau e
melasma classificado em 23,4 pontos na escala de severidade de MASI, na
região mandibular, malar e fronte. Foram realizadas duas sessões de
microagulhamento com agulha 2mm e duas sessões de peeling com ácido
retinóico a 5%, com intervalo médio de vinte e um dias entre as sessões. As
sessões de microagulhamento foram acompanhadas da aplicação de ácido
tranexâmico em solução e 2ml de fatores de crescimento EGF e TGF.
Concluíram que a associação das duas técnicas é conveniente e os resultados
obtidos demonstraram que apesar do melasma ser uma disfunção difícil de
tratar, mostrou-se eficaz no tratamento desta paciente, apresentando
clareamento uniforme do melasma por toda área tratada, no entanto, ressaltam
que o tratamento com microagulhamento, associado a fatores de crescimento e
intercalado com peeling de ácido retinóico a 5%, deve ser seguido de algumas
medidas propostas, tais como, máscara de vitamina C, hidratação da pele com
gluconolactona a 20%, protetor solar com FPS50 e PPD21 e o uso de creme
noturno.
Uma das pesquisas lideradas por Dhurat e Mathapati (2015) buscou
comprovar a eficácia da associação do tratamento de microagulhamento
combinado com a aplicação de solução de Minoxidil a 5% no tratamento da
alopecia androgenetica (AGA). Para realização do estudo foram selecionados
quatro pacientes do sexo masculino com AGA, resistentes ao uso de
Finasterida VO e solução de Minoxidil 5%. Os participantes foram submetidos
ao procedimento de microagulhamento, com quatro sessões semanais,
seguidas de duas sessões a cada 15 dias. Para aplicação da técnica, foi
utilizado um dermaroller com agulhas de 1,5mm e todos os pacientes foram
orientados a continuar com o uso da Finasterida e da solução de Minoxidil a
5%. Após a realização de 15 sessões de microagulhamento, houve um
acompanhamento por mais 18 meses e foi relatado aumento subjetivo na
espessura dos cabelos finos após um mês do início do procedimento de
microagulhamento. Após 3 meses, novos cabelos foram notados na superfície
do couro cabeludo e ao final de 6 meses foi observada uma cobertura
significativa do couro cabeludo com a resposta de grau +2 a +3 na escala de
avaliação padronizada de 7 pontos. Ao final de 6 meses, três pacientes
avaliaram mais de 75% de melhora e um paciente relatou mais de 50% de
melhora na avaliação subjetiva do crescimento do cabelo.
Kalil et al (2017) realizaram estudo para avaliar a eficácia do
microagulhamento associado ao drug delyvery. Para realização do estudo,
foram organizados 3 grupos, com mulheres de idade entre 30 e 50 anos, sendo
duas mulheres para tratamento de estrias, duas para tratamento de melanoses
e rejuvenescimento da pele da face e duas para tratamento de melanoses e
rejuvenescimento da pele das mãos. Cada grupo recebeu um protocolo de
tratamento especifico. O equipamento utilizado para os procedimentos foi o Dr.
Roller® com agulha de 2,5mm no procedimento realizado nas estrias, agulha
de 2mm no procedimento realizado na face, agulha 1,5mm no procedimento
realizado nas mãos. Para o tratamento das estrias, após o procedimento de
microagulhamento foi utilizado a associação ômega active 5%,
hidroxyprolisilane 4%, regestril 2%, matrixyl 3000 2% e IGF 1,5% em sérum.
Já no tratamento das mãos e face, foi utilizada a associação de ácido
tranexâmico 0,4%, 4 hexyl resorcinol 1,5%, alfa bisabolol 1%, belides 2% e
peptídeo TGP-2 2%, em sérum. Foram realizadas duas sessões em cada
região com intervalo de 20 dias e as pacientes foram orientadas utilizaram em
domicílio iguais formulações, durante 30 dias pós procedimento. De acordo
com os resultados obtidos, houve uma melhora de 16,2% e 10,7% na textura
da pele, redução 52% e 69% na acne, melhora de 25% na sensibilidade da
pele, 20,3% diminuição de manchas e 28,5% de melhora do número de poros
das pacientes que realizaram o procedimento na face e nas mãos. A avaliação
clínica por fotografias após 30 dias do último procedimento nas estrias
demonstrou melhora satisfatória nas duas pacientes para todos os parâmetros
avaliados. Conclui-se que o estudo apresentou resultados promissores
associando microagulhamento e drug delivery para tratamentos dermatológicos
em estrias, mãos e face.
Alqam et al (2022) realizaram um estudo experimental para avaliar a
eficácia do uso da caneta de microagulhamento no tratamento de rugas. Os
critérios de seleção aplicados para escolha dos candidatos foram: 30 mulheres
e 2 homens, com idade entre 35 e 65 anos, com rítides no pescoço, sem
histórico de alergias ou acne grave e que não estivessem usando
medicamentos tópicos de vitamina A ou cosméticos. A aplicação da técnica foi
feita com a caneta de microagulhamento SkinPen Precision System, com 14
agulhas sólidas de 0,25 mm, extensão máxima da agulha do cartucho <2,5 mm
e operado a uma velocidade de 6300 a 7700rpm. Cada paciente foi submetido
a quatro sessões de microagulhamento, em profundidades de até 2,5 mm, com
intervalo de 30 dias entre as sessões. Após 90 dias foram analisadas imagens
digitais, pré e pós-tratamento, e avaliadas de acordo com a escala global de
melhoria estésica (Global Aesthetic Improvement Scale - GAIS) e escala de
avaliação de rugas de Lemperle. Foi identificado um nível de melhora de 73,3%
na aparência em 30 dias e 68,8% em 90 dias, enquanto a maioria das
avaliações clínicas notou melhora de 81,3% após 90 dias do fim do tratamento.
No questionário de satisfação do paciente foi apresentado uma melhoria de
93,8% na aparência das rugas na área tratada e um nível de satisfação de
87,5% dos participantes com o procedimento efetuado.
Kalil et al (2015) realizaram um estudo randomizado, duplo-cego,
controlado por placebo, para comprovara a eficácia clinicamente o
rejuvenescimento da pele da região anterior do tórax decorrente do uso de
microagulhamento associado ao drug delivery. Os participantes elegíveis foram
22 mulheres, com idade média 55 anos, fototipo de pele de Fitzpatrick I a IV e
classificação de Glogau de envelhecimento de 2 a 4. A avaliação dos
resultados do tratamento foi realizada antes e 30 dias após os três
procedimentos mensais de microagulhamento associado à aplicação do
produto teste ou placebo, conforme sorteio randomizado. O dispositivo de
microagulhamento utilizado no estudo foi um rolo Dr. Roller®, composto por
192 microagulhas confeccionadas em aço cirúrgico com 0,07 mm de espessura
e 1,5 mm de comprimento. Após o procedimento foi aplicado na pele das
pacientes uma formulação composta de 2% Juvenile®, 0,5% PhytoCellTec
Malus Domestica®, 2% Cell to Cell®, 5% Homeostatina®, Ácido Hialurônico
2,5%, 30 ml de soro líquido anidro QS. A associação dessas substâncias de
uso cosmético foi utilizada com o objetivo principal de aumentar a duração da
abertura dos poros, e estimular a produção de colágeno e elastina, contando
com ação anti-inflamatória para evitar desconforto durante a aplicação. A
avaliação da eficácia clínica demonstrou melhora significativa em 100% dos
pacientes tratados. A análise estatística sugeriu que houve 28% de melhora no
rejuvenescimento geral da pele do tórax anterior (p<0,05) quando o produto
teste foi utilizado em relação ao placebo, após três meses de tratamento.
A revisão abrangente fornecida por Singh e Yadav (2016) resume
eloquentemente o estado atual das evidências em torno dessa modalidade
terapêutica altamente versátil. Além da ampla gama de aplicações em
dermatologia médica, o microagulhamento encontrou um nicho na estética
minimamente invasiva, visto ser uma ferramenta de baixo custo que atinge
objetivos semelhantes aos dispositivos de alto custo, podendo ser combinado
com a aplicação tópica de vitamina C ou plasma rico em plaquetas, por
exemplo, para a fotorejuvenescimento. Ao combinar o microagulhamento com
outras modalidades, como peeling químico ou a laser, os efeitos podem ser
ampliados. Alguns dispositivos até conectam microagulhas a um sistema de
entrega de energia, para tratar camadas mais profundas da epiderme e derme
superficial e potencializar os efeitos rejuvenescedores. Dado o mundo em
constante evolução da medicina estética, é provável que surjam cada vez mais
dispositivos combinados para oferecer aos pacientes efeitos dramáticos com o
mínimo de tempo de inatividade.
Além do baixo custo do aparelho, o microagulhamento tem a vantagem
de risco relativamente menor em tipos de pele mais escuras. Em um artigo
publicado no Journal of the American Academy of Dermatology, os autores
desta revisão, Cohen e Elbuluk (2016), destacaram o uso e o perfil de
segurança do microagulhamento em peles com essas características, visto que
as técnicas tradicionais, como dermoabrasão e resurfacing a laser, embora
eficazes em todos os tipos de pele, apresentam maior risco de alteração
pigmentar pós-inflamatória e cicatrizes em pessoas com pele mais escura.
Como acontece com qualquer tecnologia, o microagulhamento não está
isento de potenciais eventos adversos. Embora muitas vezes com menor risco
do que outros dispositivos, a complicação mais frequente relatada com a
técnica ainda é o eritema, seguido de hiperpigmentação pós-inflamatória e
cicatrizes de trilha. Alguns levantam a hipótese de que a cicatrização ocorre
com o excesso de pressão no dispositivo, resultando na penetração inadvertida
das agulhas nas camadas mais profundas da derme. Essa complicação sugere
uma curva de aprendizado e, como acontece com lasers e dispositivos de luz,
aumenta a responsabilidade e o risco quando essa técnica aparentemente
simples é delegada a outros provedores.

5 CONCLUSÃO

Desde sua estreia em sua forma rudimentar em 1995, a técnica tornou-


se um procedimento simplificado realizado no consultório por dermatologistas,
esteticistas, auxiliares e até mesmo em casa pelos próprios pacientes. No
entanto, nas últimas décadas, o microagulhamento tornou-se uma ferramenta
inestimável no arsenal da cosmetologia. A ampla gama de aplicações em
dermatologia médica, cirúrgica e estética provavelmente continuará a se
expandir.
Uma vez apresentado como um método de remissão de cicatrizes e
redução de rugas, o microagulhamento agora é usado no tratamento de
inúmeras condições dermatológicas, incluindo acne vulgar ativa, melasma,
hiperidrose e alopecia. O número de aplicações relatadas na literatura médica
tem aumentado exponencialmente nos últimos tempos e continua crescendo.
Talvez a maior aplicação do microagulhamento em nível estético
dermatológico, seja a administração transdérmica de medicamentos, já que
provou ser uma ferramenta inestimável para melhorar a penetração de
medicamentos tópicos na derme profunda e no tecido subcutâneo.
Em suma, esta revisão destaca os resultados encorajadores e as
limitações que foram relatadas com microagulhamento para uma variedade de
disfunções estéticas. Os dados apresentados mostraram que o
microagulhamento oferece a vantagem de preservação epidérmica, ao mesmo
tempo em que promove a produção de colágeno e elastina na derme. Em
geral, sua eficácia, segurança e facilidade de uso tornam o microagulhamento
uma alternativa terapêutica favorável a ser considerada e espera-se que a
simples técnica de perfuração na pele possa melhorar a vida dos pacientes por
meio da indução de colágeno e elastina, da liberação de fatores de crescimento
ou do aumento da penetração de medicamentos tópicos.

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