O EMPREENDEDORISMO DA ENFERMAGEM NA

ESTÉTICA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS.

A. M. C. CARVALHO1, B. C. de ARAÚJO2

1 Universidade Federal de Pernambuco, Pós-graduanda em Saúde Estética

E-mail para contato: adriana_mcc@hotmail.com
2Universidade Federal de Pernambuco, Docente da Pós-Graduação em Saúde
Estética. E-mail para contato: brenocaldasaraujo@gmail.com

RESUMO – O cuidado estético vem ganhando reconhecimento e

espaço no mercado brasileiro, especialmente no cenário da
enfermagem. Para várias áreas e, especialmente a da saúde estética,
principalmente diante da grande demanda de cursos para suprir as
necessidades crescentes da sociedade moderna, uma das alternativas
encontradas é o empreendedorismo, seja ele o intraempreendedorismo,
o empreendedorismo social, ou o empresarial, também conhecido como
empreendedorismo de negócios. Neste sentido, o objetivo do presente
trabalho é analisar partir de trabalhos publicados, os desafios e as
perspectivas do empreendedorismo na área da saúde estética, bem
como as possibilidades viáveis e rentáveis para os e as profissionais da
enfermagem. A metodologia escolhida em detrimento da escassez de
trabalhos na área, foi a análise bibliográfica de trabalhos, por meio das
bases de dados LILACS, SCIELO, PUBMED E Google Acadêmico. Oito
estudos foram incluídos para análise, onde foi possível verificar que a
luta por avanços no empreendedorismo vem crescendo na medida em
que o mercado satura e as demandas por saúde e beleza aumentam.
Essas duas perspectivas podem garantir o destino de profissionais
qualificados em saúde estética, seja estudando, criando cursos ou
abrindo clínicas especializadas na área.

Palavras-chaves: Qualificação. Saúde. Reconhecimento

profissional.
ABSTRACT – Aesthetic care has been gaining recognition and space in the
Brazilian market, especially in the nursing scenario. For several areas, and
especially that of aesthetic health, mainly in view of the great demand for courses
to meet the growing needs of modern society, one of the alternatives found is
entrepreneurship, be it intrapreneurship, social entrepreneurship, or business,
also known as as business entrepreneurship. In this sense, the objective of the
present work is to understand, based on published works, the challenges and
perspectives of entrepreneurship in the area of aesthetic health, as well as the
viable and profitable possibilities for nursing professionals. The methodology
chosen to the detriment of the scarcity of works in the area, was the
bibliographical analysis of works, through LILACS, SCIELO, PUBMED and
Google Scholar databases. Eight studies were included for analysis, where it was
possible to verify that the fight for advances in entrepreneurship has been
growing as the market saturates and the demands for health and beauty increase.
These two perspectives can guarantee the destiny of qualified professionals in
aesthetic health, whether studying, creating courses or opening specialized clinics
in the area.

Keywords: Qualification. Health. Professional recognition.

1. INTRODUÇÃO
A enfermagem estética é uma carreira relativamente nova para
enfermeiros. O termo “estética” indica que está associado a uma aparência
agradável, arte e beleza. Isso sugere que a prática da enfermagem estética
consiste em melhorar a aparência de uma pessoa enquanto usa
habilidades artísticas para alcançá-la. Além das habilidades artísticas, o
enfermeiro esteticista também requer um nível avançado de
conhecimento anatômico para realizar uma prática segura (SOUSA, et al.,
2022).

Os procedimentos estéticos podem ser definidos como: “intervenções

que revisam ou alteram a aparência, cor, textura, estrutura ou posição das
características corporais, que podem ser consideradas dentro da ampla
gama de normalidade” (ATIYEH, et al., 2008). Esta área da prática de
enfermagem geralmente se concentra em manter a pele saudável para a
aparência física externa dos pacientes, usando procedimentos médicos
minimamente invasivos que alteram a aparência. Ao fazer isso, os
enfermeiros esteticistas trabalham de forma autônoma e podem usar
preenchimentos dérmicos injetáveis em resposta à atrofia dos tecidos
moles, peelings químicos para acne ou eczema e várias outras terapias de
rejuvenescimento da pele (VEDAMURTHY, 2018).
 A popularidade desses tipos de procedimentos estéticos está
aumentando, em parte porque geralmente são menos invasivos do que os
procedimentos cirúrgicos. Nesta perspectiva, os enfermeiros são um dos
profissionais mais prevalentes que trabalham na medicina estética. Isso é
corroborado por Davies (2012), que relata que os principais fornecedores
de produtos injetáveis no Reino Unido confirmam que seus produtos são
administrados principalmente por enfermeiros. Só no Brasil, dados
epidemiológicos apontam que 677.765 procedimentos com não injetáveis
foram registrados em 2017 (ISAPS, 2017). De acordo com um estudo
realizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia em 2016, os
tratamentos de beleza movimentam mais de US$ 60 bilhões em vendas
globais anuais.
Destaca-se então, que a demanda social tem influenciado a demanda
por qualificação desses profissionais, que por sua vez unida a resoluções,
possibilita a sua atuação como autônomos. Este movimento de
empreender, cria a necessidade não só de entender sobre a área específica
de atuação, exige que os mesmos busquem conhecimentosrelacionados ao
empreendedorismo e a gestão de empresas, afinal não é só de habilidade
profissional que uma empresa se fortalece, as finanças, a organização, o
trabalho de divulgação e diversas outras nuances são importantes para a
criação e perpetuação das empresas e neste caso, as clínicas estéticas
(DRUCKER, 2012; CORDEIRO, et al., 2021).
O empreendedorismo, numa tentativa de conceituação, pode ser
definido como um conjuntos de práticas executadas como o intuito de
gerar lucros de uma forma que possa contribuir melhor na satisfação
pessoal e coletiva, e na autoestima, ajudando consequentemente no bem
viver e qualidade de vida da sociedade. Podemos olhar para o
empreendedorismo a partir de três facetas, o intraempreendedorismo, o
empreendedorismo social e o foco do presente artigo, o
empreendedorismo empresarial, também conhecido como
empreendedorismo de negócios (LISETCHI; BRANCU, 2014; DIAS;
MONIZ, 2019).
O intraempreendedorismo está relacionado diretamente com
conceitos organizacionais, compreendido desde a prática de liderança até
a melhoria qualitativa do ambiente de trabalho. O empreendedorismo
social, está relacionado às iniciativas direcionadas para a solução de
problemas sociais. Já o empreendedorismo empresarial/de negócios,
pode ser resumido como área de estudo e ação, relacionada a abertura e
gestão de empreendimentos (LISETCHI; BRANCU, 2014; DIAS; MONIZ,
2019).
Neste contexto, é importante salientar que as empresas iniciadas por
profissionais de saúde refletem uma nova perspectiva, e sua análise pode
ser entendida como um importante indicador do empreendedorismo
empresarial, bem como a possibilidade de exercício autônomo e o
motivo pelo qual pode-se almejar a tão sonhada satisfação no trabalho
(ANDRADE, et al., 2015).
 A resolução COFEN Nº 568/2018, alterada pela resolução COFEN Nº
606/2019, resolve “Art. 1º Regulamentar o funcionamento
dos Consultórios e Clínicas de Enfermagem”, assim como a resolução
COFEN Nº 529/2016 alterada pela resolução Nº 626/2020 e
atualizada pelo parecer de câmara técnica Nº 001/2022, que esclarece que
o enfermeiro habilitado, poderá realizar os seguintes procedimentos:
carboxiterapia, cosméticos, cosmecêuticos, dermopigmentação, drenagem
linfática, eletroterapia/eletrotermofototerapia, terapia combinada de
ultrassom e micro correntes, micropigmentação, ultrassom cavitacional e
vacuoterapia (COFEN, 2022).
Além disso, esse mesmo parecer autoriza os enfermeiros a realizarem
as demais atividades de Enfermagem estética não relacionadas à prática
de atos médicos previstos na Lei 12.842/2013, destacando que atividades
privativas do médico incluem a indicação da execução de procedimentos
invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos, incluindo os
acessos vasculares profundos, as biópsias e as endoscopias. Desta forma,
foi considerado que o enfermeiro pode realizar todos os procedimentos
que não estão contemplados na lista de atividades privativas presentes na
Lei 12.842/2013, uma vez que procedimentos invasivos, conforme a lei,
são definidos como “invasão dos orifícios naturais do corpo, atingindo
órgãos internos” (COFEN, 2022).
Salienta-se então que por mais que normativas venham sendo
aprovadas no contexto da atuação da enfermagem estética no campo do
empreendedorismo, a mídia social exerce um papel fundamental neste
aspecto. A mídia social é uma das maneiras mais eficientes e econômicas
de um novo injetor poder comercializar sua prática estética. Ela tornou-se
uma plataforma crescente na medicina estética. Abrange vários sistemas
de comunicação eletrônica baseados na web para criar uma comunidade
online que compartilha ideias, informações e outros conteúdos. As redes
sociais populares incluem YouTube, Instagram, Facebook, Twitter,
TikTok, WeChat, Reddit e Snapchat (BOEN; JERDAN, 2022).
No campo da estética, a influência das mídias sociais tem crescido
tremendamente. Muitos profissionais de saúde esteticistas, especialmente
os enfermeiros, têm contas em vários serviços de mídia social e os
pacientes são fortemente persuadidos pelo conteúdo que visualizam. Uma
pesquisa recente da American Society for Dermatologic Surgery observou
que a mídia social está classificada entre os três principais fatores a serem
considerados ao comprar produtos para cuidados com a pele e o sexto para
se fazer um tratamento cosmético (TAN, et al., 2020).
Assim, é pensando na abertura das clínicas pelos enfermeiros e no
aumento de sua autonomia clínica na perspectiva do empreendedorismo,
que a justificativa do presente trabalho se constitui, pois, se a sociedade
cria demandas, os profissionais se especializam e têm a possibilidade de
abrir clínicas e consultórios por meio de resoluções. Desta forma, é
importante que se pense, por meio de estudos realizados em plataformas
de pesquisas, a partir das datas de aprovações e mudanças das resoluções
 (2016 a 2022), quais os desafios e possibilidades futuras para os
enfermeiros e enfermeiras que desejam empreender na área.
Diante do exposto, o objetivo da presente pesquisaé entender a partir
de trabalhos publicados, os desafios e as perspectivas do
empreendedorismo na área da saúde estética, bem como as
possibilidades viáveis e rentáveis para os profissionais da enfermagem.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
O presente artigo utilizou como metodologia a abordagem denatureza
qualitativa, caracterizada por buscar compreender fenômenos que
acontecem em determinados tempos, locais, e/ou culturas, e se apoia na
análise bibliográfica.

A investigação dos estudos ocorreu nas seguintes bases de dados:

Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),
Scientific Eletronic Libray Online (SciELO) e Nacional Institute of
Medicine (NIH-PUBMED) e plataforma Google Acadêmico. Os seguintes
descritores foram selecionados para as buscas: “enfermagem”,
“enfermagem e estética”, “estética e inovação” e “empreendedorismo e
estética”. Para aumentar as buscas, os termos mencionados também foram
aplicados na versão inglês.

Os artigos selecionados atenderam aos seguintes critérios de inclusão:

pesquisas disponíveis eletronicamente nas bases de dados selecionadas e
publicadas em português, inglês ou espanhol entre 2016 a 2022. É
necessário salientar que esta delimitação temporal foi realizada tendo em
vista as alterações nas resoluções do COFEN Nº 568/2018, pelo COFEN
Nº 606/2019 e a resolução COFEN Nº 529/2016 alterada pela
resolução Nº 626/2020 (TAQUETE E BORGES, 2020). Foram tomados os
seguintes critérios de exclusão: artigos que não contemplavam o
empreendedorismo na enfermagem estética, estudos duplicados e
pesquisas com temática não relevante ao objetivo da presente revisão.
O trabalho foi feito por meio de pesquisas incluindo as categorias
conceituais citadas, para ter um melhor direcionamento na pesquisa e
conter independente das demais características, uma ênfase maior a essas
categorias, sejam estas aparecendo no título do trabalho, ou nas palavras-
chaves. A teorização do estudo foi feita por meio de análise dos objetivos
alcançados dos trabalhos pesquisados e da caracterização dos mesmos,
sempre procurando pelos desafios postos e/ou enfrentados, assim como
também as possibilidades encontradas ou pensadas para as problemáticas
vividas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A amostra final foi composta por oito estudos, publicados no intervalo anual
entre 2017 a 2021, com maior frequência de publicação em 2019 (50%).
Referente aos métodos de estudo, verificou-se que três eram do tipo descritivo
quantitativo (37,5%), outros três eram pesquisas de revisão (37,5%) e os demais
estudos são descritivos qualitativos (25%). Em primeiro lugar, foi possível
perceber que a maioria dos trabalhos foram construídos para entender o
panorama a partir do conhecimento sobre o assunto, a formação e atuação de
profissionais da enfermagem.

A fim de apresentar os resultados desta revisão em um formato sinóptico,

elaborou-se um quadro síntese (Quadro 1) que enfatiza informações relevantes
dos estudos selecionados.

Quadro 1: Síntese dos estudos avaliado, Brasil, 2022.

Autores Tipo de Objetivos Principais resultados
(ano) estudo

Monteiro Revisão Analisar A componente estética do cuidar,

et al., 2017 bibliográfica reflexivamente as enquanto âncora organizadora, dá
novas possibilidades sentido e sustenta a praxis clínica de
de pensamento e enfermagem, em contextos de
conhecimento em hibridismo tecnológico. A ideia de
enfermagem uma tecnologia encarnada aponta
trazidas pelas para uma outra forma de
biotecnologias e sistematizar o conhecimento que
revolução digital permita a superação dicotómica
sobre o entre a tecnologia agressiva e o
conhecimento cuidado humanizado em
estético em enfermagem.
enfermagem.

Santos, Descritivo Avaliar a percepção O estudo apontou que 86,7% (n=13)

2017 quantitativo de enfermeiros que dos entrevistados não conhecem a
praticam à docência, Resolução e 60% (n=9) não
sobre os percebem limitações na realização
conhecimentos e a dessa especialidade. Os dados
percepção que tem analisados demonstraram reduzido
sobre a enfermagem conhecimento sobre a Resolução
estética. Cofen 529/2016 e limitada percepção
sobre enfermagem estética.

Branquinh Revisão Descrever as Este estudo reforça que a atuação do

oe bibliográfica atribuições do enfermeiro na estética é uma
Bicalho, enfermeiro estético realidade. Diante disso, enfatiza-se a
2019 e as resoluções que importância do reconhecimento legal
regulamentam a da regulamentação das competências
enfermagem do enfermeiro na estética, a qual
estética. Discutir contribui para a segurança dos
sobre as conquistas pacientes e permite que os órgãos
reguladores participem dos
 e avanços da processos de fiscalização,
profissão na área. normatização e regulamentação da
área estética.

Cardoso, Descritivo Identificar o perfil O estudo destacou a educação

2019 quantitativo sociodemográfico e permanente, o perfil profissional e as
descrever a atuação experiências assistenciais anteriores
de enfermeiros como fatores que potencializam a
atuantes no atuação autônoma do enfermeiro no
mercado de trabalho mercado de trabalho da área da
na área da estética. estética.

Holmberg Descritivo Explorar os pontos Considerando que a enfermagem

et al., 2019 qualitativo de vista de estética é uma indústria jovem, os
enfermeiras enfermeiros registrados estão em
experientes em uma excelente posição para utilizar
enfermagem estética suas redes profissionais e trabalhar
sobre práticas com órgãos profissionais para
medicamente desenvolver padrões de prática
seguras e padrões profissional de enfermagem e
éticos sólidos. educação para este campo.

Souza, Descritivo Descrever as As atitudes/comportamentos ideais

2019 qualitativo competências para o direcionamento das ações do
profissionais enfermeiro esteta é um fator
atribuídas aos relevante para o alcance de melhores
enfermeiros para resultados na prática profissional
atuação no mercado eficaz do enfermeiro em consonância
de trabalho da com as demandas sociais e de
estética. mercado.

Pereira, Revisão de Mapear as Verificou-se a precariedade de

2021 escopo competências do estudos sobre as competências do
enfermeiro enfermeiro na área de dermatologia e
especialista em consequente lacunas no
dermatologia. conhecimento. Diante da vasta
possibilidade de atuação do
enfermeiro nesta área e nas
diferentes subáreas, como clínica,
cirúrgica, pediátrica, estética,
observa-se a necessidade de
ampliação da discussão e de
pesquisas sobre o tema.

Lenartowic Descritivo Identificar as A área da enfermagem estética vem

z; quantitativo perspectivas dos se expandido nos últimos anos no
Nasciment profissionais Brasil e que as perspectivas do
o, 2021 enfermeiros pós exercício dessa profissão são
graduando em promissoras. Contudo, há
Saúde e Estética insatisfação por parte dos
Interdisciplinar com participantes sobre o papel do
Ênfase em COFEN na atualização e
Procedimentos regulamentação dessa área.
Invasivos.
Fonte: Autora.

É importante perceber que a maioria dos estudos foram voltados para

compreender fenômenos a partir de questionários cujo o foco são profissionais
da enfermagem, apenas um trabalho, o da pesquisadora Pereira, (2021) foi
voltado para a pesquisa bibliográfica, estudo direcionado para o mapeamento
das competências de enfermeiros e enfermeiras especialistas em dermatologia.
Sobre o ato de mapear competências, também temos o trabalho de Souza,
(2019) que buscou entender a partir dos sujeitos da pesquisa, quais
competências são atribuídas aos mesmos. Dois trabalhos que dão ênfase às
competências, mas que utilizam abordagem e olhar diferente. A relação de
simbiose entre estas pesquisas existem a partir do fato segundo o qual
pesquisas bibliográficas dependem de pesquisas de campo para se constituir,
principalmente tendo em vista o quão novo é o assunto.

É possível visualizar que em 2017 apenas o trabalho de Santos (2017) e

Monteiro et al., (2017) foram publicados; os pesquisadores já buscavam
entender a partir de profissionais enfermeiros que exerciam a docência em uma
Instituição de Ensino Superior (IES) o conhecimento que os mesmo tinham
sobre a enfermagem estética aparada pela resolução COFEN Nº 529/2016,
recém aprovada na época. Na pesquisa de Santos (2017), constatou que os
mesmos não tinham o conhecimento e domínio total sobre a resolução. Os
pesquisados ainda não achavam que a enfermagem estética poderia se tornar
um ramo de atuação integral. É necessário salientar que é identificável que os
anos que não teve produção, foramos anos onde as resoluções estavam sendo
alteradas, assim como os anos que tiveram produções, eram após a aprovação
e consequente vigência das resoluções que regulamentam o exercício da
enfermagem estética.

É importante perceber e estabelecer uma relação entre estes oito trabalhos

que compõe a presente pesquisa, afinal, todos eles sem exceção falam da
escassez de trabalhos que relacionam os temas de Enfermagem,
Empreendedorismo e Estética. É importante observar quais palavras-chaves
estes trabalhos mais usam, afinal, eles foram encontrados graças ao título ou
à estas categorias fortes grifadas no trabalho. Neste sentido para uma melhor
visualização, a Figura 1 apresenta as categorias conceituais/ principais dos
temas relacionados.
Figura 1: Categorias conceituais.

Fonte: Autora.

A partir da Figura 1 é possível perceber que além da estética e enfermagem

(presente em três trabalhos), categorias fortes assim como mercado de
trabalho que tem uma relação com empreendedorismo (presente em dois
trabalhos), as categorias “enfermeiro, autonomia profissional, papel do
profissional de enfermagem, competência profissional e clínica” e as demais
que aparecem na figura citada, são categorias que têm total relação com os
desafios e preocupações entorno no avanço das resoluções, afinal é colocado
em ênfase a capacidade técnica-teórica-profissional dos enfermeiros e
enfermeiras na maioria dos trabalhos.

O trabalho da pesquisadora Cardoso (2019) por exemplo, faz uma

caracterização para entender o tempo de atuação dos profissionais, a formação
no sentido de pós-graduação na área da estética, assim como a dedicação, o
vínculo empregatício e os procedimentos mais realizados por estes
profissionais, trabalho muito importante pois mostra a dedicação dos mesmo
entorno da área relativamente nova, além de trazer a sensação de esperança
para o ou a leitora em apostar na citada área . Já o trabalho de Lenartowicz e
Nascimento (2021) ao contrário da perspectiva de desafios postos que
discutimos no decorrer do presente tópico de discussão, identifica as
perspectivas dos profissionais pós-graduandos em Saúde e estética
interdisciplinar com ênfase em procedimentos invasivos, onde os mesmos
destacam a relevância do campo de estética em detrimento das demandas da
sociedade moderna, apesar das insatisfações de alguns entrevistados com
relação ao papel do COFEN, é reconhecido os avanços que mesmo com
tentativas de veto, vem tomando forma e força para inspirar e trazer novas
perspectivas para os profissionais da área.
4. CONCLUSÃO
Verificou-se uma escassez de estudos relacionados especificamente ao
empreendedorismo na enfermagem estética, bem como uma falta de
conhecimento e reconhecimento sobre a área e os profissionais, sendo uma
questão que acaba gerando uma insegurança para empreender por parte dos
enfermeiros, afinal, se não é colocado os desafios existentes, e as perspectivas
futuras a partir de pesquisas com relevância científica, fica difícil vislumbrar
uma saída promissora para a área.

Apesar destes entraves, as perspectivas observadas são o

desenvolvimento de estudos na área, a valorização do tema e das possibilidades
para os profissionais, afinal, as novas demandas da sociedade moderna vem se
constituindo e influenciando cursos de capacitação e aperfeiçoamento de
profissionais, questão que acaba nutrindo o mercado de trabalho e a
possibilidade de empreendedorismo. É esperado com a presente pesquisa, que
o gráfico de desenvolvimento de trabalhos na área cresça exponencialmente e
que isso acabe influenciando a segurança para a abertura de clínicas de
enfermagem na área de estética, assim como também enriqueça a possibilidade
de abertura de cursos na área, afinal a qualificação retroalimenta a atuação e a
satisfação da sociedade.

Desta forma, recomenda-se que novas pesquisas no campo da enfermagem

estética sejam estimuladas , especialmente no que se refere ao
empreendedorismo, afim de disseminar novos conhecimentos e práticas
relacionadas a essa área de atuação, principalmente, desenvolver novos
referenciais que possam subsidiar as práticas relacionadas aos
procedimentos em pauta e a outros advindos do avanço tecnológico da
estética
5. REFERÊNCIAS

ANDRADE, A. D. C., BEN, L. W. D., SANNA, M. C. Empreendedorismo na

Enfermagem: panorama das empresas no Estado de São Paulo. Revista
Brasileira de Enfermagem. v. 68, p. 40-44, 2015.
ATIYEH, B. S., RUBEIZ, M. T., HAYEK, S. N. Aesthetic/cosmetic surgery and
ethical challenges. Aesthetic Plastic Surgery. v. 32, n. 6, p. 829–839, 2008.
BOEN, M., JERDAN, K. Growing impact of social media in aesthetics: Review
and debate. Clinics in Dermatology. v. 40, n. 1, p. 45-48, 2022.
BRANQUINHO, M. R., BICALHO, E. A. G. Atuação do enfermeiro estético:
competências, conquistas e avanços. Psicologia e saúde em debate. v. 5, n.
1, p. 96, 2019.
CARDOSO, A. C. Atuação dos enfermeiros na área da estética:
mercado de trabalho e empreendedorismo. Trabalho de conclusão de
curso, Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianopolis, 2019.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN). Parecer de câmara
técnica nº 001/2022/ GTEE/COFEN. Realização de procedimentos
estéticos pelo enfermeiro. COFEN, 2022.
CORDEIRO S. M, BARROS V. G, SOUZA T. P. B, et al. Empreendedorismo
Empresarial na Enfermagem: compartilhamento de experiências. REVISA. v.
10, n. 2, p. 788-96, 2021.
DAVIES, E. Regulation of cosmetic nursing: The BACN’s standpoint. British
Journal of Nursing. v. 21, n. 10, p. 608, 2012.
DIAS R. M, MONIZ M. A. Nursing managerial aptitudes in the family health
strategy: perceptions of nursing undergraduates. Rev Fun Care Online. v.
11, n. 4, p. 1048-1052, 2019.
DRUCKER P. F. Inovação e espírito empreendedor: prática e princípios. São
Paulo (SP): Cengage Learning; 2012.
INTERNATIONAL SOCIETY OF AESTHETIC PLASTIC SURGERY (ISAPS).
ISAPS International Survey on Aesthetic/Cosmetic. Procedures performed
in 2017.
LENARTOWICZ, B. L. A, NASCIMENTO, M. H. de S. do. Atuação do
profissional enfermeiro no nicho de enfermagem estética. Artigo de TCC.
Graduação em Enfermagem, UniCesumar maringá, PR, 2021.
LISETCHI, M., BRANCU, L. The entrepreneurship concept as a subject of
social innovation. Procedia: Social and Behavioral Sciences. Procedia - Social
and Behavioral Sciences. v. 124, p. 87-92, 2014.
MONTEIRO, A. P. T. A., CURADO, M., QUEÍROS, P. Biotechnology: digital
revolution and aesthetic knowledge in nursing. Revista de Enfermagem
Referência. v. 4, n. 13, p. 139-147, 2017.
PEREIRA, L. C. C. M. Mapeamento das competências do enfermeiro
especialista em Dermatologia: revisão de escopo. Trabalho de Conclusão
de Curso Graduação em Enfermagem, Universidade Federal Fluminense,
Niteroi, 2021.
SANTOS, N. T. C. Percepção de enfermeiros docentes sobre a enfermagem
estética. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de Ciências da Saúde, do
CentroUniversitário de Brasília – UniCeub, Brasilia, 2017.
SOUZA, M. P. W. de. Competências profissionais do enfermeiro para
atuação no mercado de trabalho de estética. Trabalho de conclusão de
curso, Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2019.
SOUSA, B. R., RAMALHO, R. G. S., MILHOMEN, B. O. S., et al. Desafios e
avanços:a atuação do profissional de enfermagem na estética.
Research,Society and Development, v. 11, n. 15, p. e579111537803,
2022.
TAN, A., GUTIERREZ, D., MILAM, E. C., et al. Patient health-seeking behavior on
WeChat: Social media and dermatology. JAAD Case Reports. v. 6, n. 2, p. 136-
138, 2020.
TAQUETE S. R, BORGES L. Pesquisa qualitativa para todos. Petrópolis:
Vozes; 2020. RESENHAS • Ciênc. saúde coletiva. v . 26, n . 4, 2021.
VEDAMURTHY, M. Beware what you inject: Complications of injectables-
dermal fillers. Journal of Cutaneous and Aesthetic Surgery. v. 11, n.
2, p. 60–66, 2018.