02271 Artigo original

Original article

Mercado de trabalho – inserção do cirurgião dentista

recém-formado
Labor market – insertion of the graduates
Patrícia Aleixo dos Santos Domingos1
Welingtom Dinelli1
Maria Rodrigues Segura da Silva1
Larissa Brizolari Vieira1
Thais de Paula Caparelli1

Resumo
O estudo analisou a inserção dos egressos do Curso de Odontologia da Universidade de
Araraquara (UNIARA), formados entre 2007 e 2017, no mercado de trabalho com objetivo
de traçar o perfil profissional e avaliar sua satisfação. Os contatos com os egressos foram
realizados através de redes sociais, tendo participado da pesquisa 104 profissionais, que fo-
ram convidados a colaborar, voluntariamente, na aplicação do questionário sobre sua inser-
ção no mercado. O instrumento de medida foi um formulário elaborado no Google Forms
com 36 questões sobre características sociodemográficas, aspectos financeiros, formação,
atuação e satisfação profissional. Os dados coletados foram consolidados por meio de aná-
lise descritiva. Os resultados mostraram que a maioria dos egressos era formada por jovens
entre 22 e 24 anos, mulheres, solteiras, que se inseriram no mercado com menos de três
meses após a formatura. Grande parte realizou curso de Pós-Graduação por identificação
com a área, necessidade de complementação técnica e teórica e necessidade de titulação. A
maioria exerce a profissão na rede privada, com jornada de trabalho de 8 a 10 horas diárias
e renda de R$3.000,00 a 4.500,00. Em relação às maiores dificuldades encontradas para
a inserção no mercado, as respostas demonstraram que as principais barreiras são a falta
de priorização por atendimento odontológico e o excesso de profissionais em atividade.
Finalmente, os egressos mostraram-se satisfeitos tanto com a formação obtida quanto com
o exercício da Odontologia e escolheriam esta profissão novamente.
Descritores: Odontologia, mercado de trabalho, odontólogos.

Abstract
The paper examined the insertion of the graduates of the University of Araraquara
(UNIARA) School of Dentistry, graduated between 2007 and 2017, in the labor market and
aimed to track the profile of this professional and to evaluate its satisfaction with the dental
labor market. The contacts with the graduates were made via social network, having par-
ticipated on the research 104 professionals, that were invited to collaborate voluntarily in
the application of the questionnaire about their insertion in the market. The measurement
tool was a form developed in Google Forms with 36 questions about demographic charac- Domingos PAS, Dinelli D, da Silva MRS, Vieira LB, Caparelli TP.
teristics, economic aspects, training, performance, and job satisfaction. The collected data
were consolidated through descriptive analysis. The results have shown that most of the
graduates were young women between 22 and 24 years old, single and who had entered
the market less than three months after the graduation. Most of the professionals had also

1
Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde - UNIARA.

E-mail do autor: patricmat572@gmail.com

Recebido para publicação: 27/02/2020
Aprovado para publicação: 19/04/2021

Como citar este artigo:

Domingos PAS, Dinelli D, da Silva MRS, Vieira LB, Caparelli TP. Mercado de trabalho: inserção do cirurgião dentista recém-formado. Full Dent. Sci.
2022; 13(51):
DOI: 10.24077/2022;1351

1
 completed postgraduate studies by identification with specifics areas in Odontology, need
for complementation, and need for academic degree. Most of them work in the private sec-
tor, working 8 to 10 hours, a day and earn R$ 3,000 to 4,500. Regarding the major difficul-
ties encountered in entering the labor market, the answers showed that the main barriers
were a lack of priority for dental care and excessive professionals working as dentists. As
conclusion, professionals stated that are satisfied with both their education and practice of
Dentistry and have indicated that they would choose this profession again.
Descriptors: Dentistry, job market, dentist.

Introdução
A profissão odontológica, desde o seu surgimento,
vem passando por uma série de transformações em seu
processo de atuação no mercado de trabalho. Surgiu
para satisfazer as necessidades humanas e foi se mo-
dificando ao longo dos séculos, tornando-se cada vez
mais complexa no desenvolvimento técnico-científico,
na prática e no perfil dos sujeitos que dela fazem par-
te1. Na academia, seu início é demarcado por um perfil
técnico, incluído em um modelo organicista de atenção
à saúde2.
Segundo Saliba et al.3 (2012), a Odontologia, por
diversos anos, foi considerada uma profissão das mais
elitizadas no país. Como consequência do movimen-
to concorrencial das décadas de 60 a 80, aumenta-se
o número de cirurgiões dentistas no mercado4, ainda
que especializados, com redução da valorização salarial
profissional2.     opinião dos egressos sobre sua formação11 para que a
A prática liberal do cirurgião dentista foi dando lu-
gar a outras formas de atividades laborais resultando
na estagnação do mercado de trabalho, adentrando
em uma crise. Segundo Pinheiro et al.1 (2011), vários
estudos sinalizam para a tendência do assalariamento
do trabalho no consultório em parceria com convênios
e credenciamentos e a associação de ambas as formas.
Além disso, pode-se citar o declínio da doença cárie e
o aumento desenfreado de cursos de Odontologia no
país, fato que sugere uma saturação do mercado de
trabalho5.
Segundo o indicador da OMS, a relação de profis-
sionais cirurgiões dentistas por habitante deve ser de
aproximadamente 1:670. O Brasil é um dos países com
maior quantidade de CDs por habitante e, em alguns
estados, como São Paulo, esta proporção alcança níveis
de um CD para aproximadamente 470 habitantes6.
O estudo da localização profissional, isto é, a es-
colha da cidade e do ponto onde instalar o consultó-
rio é estratégia fundamental para possibilitar melhores
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de ampliar os conhecimentos. Ao se inserir no merca-
do, o profissional deve ter conhecimentos sobre ges-
tão, marketing e administração, além da ergonomia de
trabalho8.
Com o advento das Diretrizes Curriculares Nacio-
nais (DCN) em 2002, abre-se a possibilidade de reali-
zação de uma prática odontológica mais generalista9.
Assim, diante de tantas mudanças ao longo dos tem-
pos no perfil odontológico brasileiro, faz-se necessário
comprovar o avanço qualitativo dos cursos de ensino
superior, principalmente por meio da avaliação do en-
sino universitário e das alterações que necessitam ser
feitas. Essa comprovação pode ser feita por meio de
um estudo do perfil dos egressos de cada centro uni-
versitário10.
Neste sentido, é de grande relevância conhecer a
instituição possa proceder aos ajustes no sistema de
ensino. Além disso, pode-se analisar se os atributos do
profissional foram adquiridos, o que mostra se foram
cumpridos os objetivos da missão institucional; valioso
seria o conhecimento da trajetória dos egressos para
avaliar se a Instituição de Ensino Superior (IES) atende
às expectativas quanto à formação de profissionais ca-
pacitados e adaptados ao mercado atual.    
Material e métodos
Esta pesquisa do tipo inquérito foi realizada com a
participação de profissionais cirurgiões dentistas, após
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos. A população de estudo prevista inicialmen-
te para este trabalho era formada por todos os 510
egressos do Curso de Odontologia da Universidade de
Araraquara (UNIARA), formados entre 2007 e 2017.
Foi criada uma comunicação digital (mensagem)
encaminhada por e-mail e também via rede social (Fa-

condições de trabalho no mercado. Esta análise pode
auxiliar os CDs a direcionar o campo de atuação e fun-
ciona como subsídio para que o recém-egresso perce-
ba o mercado de trabalho e possa fazer escolhas dire-
cionadas e previsíveis quanto ao risco e probabilidade
de sucesso7.
Outro fato importante está atrelado à necessidade
cebook), na qual almejou-se adicionar o maior número
de ex-alunos para comunicação preliminar ao estudo.
Foram realizados contatos iniciais com a finalidade de
expor o objetivo desta pesquisa e a necessidade de par-
ticipação dos egressos
Os egressos receberam o link do questionário
(Google Forms) semiestruturado, contendo 36 pergun-

2
tas abertas e fechadas, referentes às características so-
ciodemográficas (idade, gênero, estado civil, número
de filhos, naturalidade, cidade onde reside), formação
profissional (ano de conclusão da Graduação, cursos
de aperfeiçoamento, Pós-Graduação e especialidades
registradas no CRO), atuação profissional (áreas de
atuação, cidade e local onde exerce a profissão, seto-
res de atuação, cargo ou função e número de horas
dedicadas à profissão), aspectos financeiros (renda e
independência financeira) e satisfação (satisfação com
a área de atuação, faixa salarial, jornada de trabalho,
pretensão de continuar exercendo a profissão, reco-
mendação da profissão para amigos e familiares). Jun-
tamente com o questionário, foi enviado o termo de
consentimento livre esclarecido (TCLE). Os dados obti-
dos foram tabulados no programa Excel e submetidos
à análise estatística descritiva por meio da distribuição
de frequência, além de apresentados em tabelas e grá-
ficos.
Resultados
Foram obtidos 104 questionários respondidos den-
tre os 453 egressos contatados para participação na
pesquisa.
A amostra foi composta por 31 pessoas do sexo
masculino (29,8%) e 73 do feminino (70,2%). Em re-
lação ao estado civil, 63,7% declararam-se solteiros e
34,3% casados. Indagados sobre possuir algum fami-
liar dentista, 31,7% responderam positivamente. Des-
tes participantes, 55,4% relataram terem se graduado
entre 22 e 24 anos de idade, tendo somente 7,0%
terminado a graduação com 30 anos ou mais. Dentre
os 104 egressos, constatou-se que 98,1% exercem a
profissão de cirurgião dentista (questão 33).
No que refere-se às razões que os levaram a rea-
lizar um curso de Pós-Graduação, 42,7% relataram
identificar-se com a área, 40,8% necessitavam de
complementação técnica e teórica e apenas 13,6% o
fizeram por necessidade de titulação para atividades
profissionais.
Em relação ao tempo médio entre o momento da
formatura e o início do exercício profissional, 74% afir-
maram a inserção no mercado de trabalho de um a
três meses após a formatura, 17,3% se inseriram no
mercado de três a seis meses após a formatura e 5,8%
demoraram de seis meses a um ano. Apenas 3 respos-
tas para o período superior a um ano (Gráfico 1).
Quando questionados sobre exercer a profissão
em mais de uma cidade, constatou-se que 54,8% dos
egressos o fazem em apenas uma (Gráfico 2).
Sobre a permanência ou não na cidade natal após
a Graduação, observou-se que a maioria dos partici-
pantes (50,5%) decidiu exercer a profissão em outra
localidade (Gráfico 3).
Ainda sobre a cidade escolhida para exercer a
Odontologia, verificou-se que 60,2% relataram que
possuir parentes e amigos na cidade influenciou na de-
cisão. Outros 12,6% escolheram a cidade pelo seu de-
senvolvimento econômico. Somente 8,7% mudaram-
-se da cidade natal por terem herdado o consultório
em outro município (Gráfico 4).
Questionados sobre a distribuição da carga de
trabalho semanal do profissional, constatou-se que
87,5% trabalham apenas como dentista clínico e ape-
nas 8,7% como clínico e docente. Indagados sobre
quais ocupações exercem, verificou-se que a maioria
(67,7%) exerce a profissão na rede privada (consultó-
rios particulares), 16,2% na área acadêmica e 16,1%
na rede pública (Gráfico 5).
Sobre a jornada de trabalho diária, foi observado
que a maioria (44,2%) trabalha entre 8 a 10 horas por
dia e apenas 2,9% trabalham menos de 4 horas diárias
(Gráfico 6).
Sobre o sistema de trabalho no consultório, foi
constatado que 38,2% têm consultório próprio, segui-
do de 38,2% que trabalham em regime de porcenta-
gem, enquanto 3% trabalham em sala alugada com
regime percentual (Gráfico 7).
Referente à característica da clientela atendida,
notou-se que 44,2% atendem somente pacientes par-
ticulares e apenas 12,5% responderam que atendem
predominantemente pacientes conveniados (Gráfico 8).
Quando questionados sobre as dificuldades do
mercado de trabalho, observou-se que grande parcela
dos participantes desta pesquisa (34,6%) respondeu
que a falta de priorização da população para com a
sua saúde bucal era a maior dificuldade encontrada;
32,7% afirmaram que o que mais dificulta a inserção
no mercado odontológico é o excesso de profissionais
em atividade e em formação. Apenas 1% respondeu
que a desvalorização da profissão seria o principal mo-
tivo de dificuldade no mercado de trabalho. No que
diz respeito ao grau de satisfação do egresso com a
profissão, verificou-se que 40,4% dos cirurgiões den-
tistas participantes desta pesquisa estão parcialmente
satisfeitos, 35,6% estão satisfeitos, e 20,2% se clas-
sificaram como muito satisfeitos com a profissão que
exercem (Gráfico 9).
Sobre a faixa de renda mensal do CD, a maior por-
centagem de profissionais (24%) encontra-se na faixa
de ganho de R$3.000,00 a 4.500,00, seguida daqueles
que ganham de R$1.500,00 a R$3.000,00 (22,1%).
Totalizando 46% dos profissionais inseridos na faixa
de ganho de até R$4.500,00. Uma considerável par-
cela (17,3%) afirmou ganhar acima de 8.000,00 e
14,4% relataram encontrar-se na faixa de ganho de
R$4.500,00 a 6.000,00. Portanto, 31,7% com ganhos
acima de R$4.500,00 nos primeiros 5 anos de forma-
dos (Gráfico 10).
Em relação ao mais alto nível de qualificação pro-
3
 fissional, as respostas foram variadas: 57,7% afirma-
ram terem realizado curso de Especialização; 16,3%
fizeram cursos de extensão/atualização e apenas 2,9%
fizeram residência odontológica. Para formação acadê-
mica, notou-se que 11,5% buscaram o Mestrado, mas
uma significativa parcela dos participantes (10,6%)
possui somente o curso de Graduação (Gráfico 11).
Por fim, os egressos foram questionados sobre a
possibilidade do curso de Odontologia da IES ter pre-
Figura 1 – Distribuição da frequência de respostas sobre
o tempo médio entre a formatura e o exercício profissio-
nal.
Figura 3 – Distribuição da porcentagem dos participantes
que permaneceram ou não na cidade natal após a Gra-
duação.
Artigo original / Original article
Figura 5 – Distribuição da frequência de respostas em re-
lação à carga de trabalho semanal do egresso.
4
parado o aluno para atuar no mercado de trabalho
com profissionalismo, conhecimento, competência,
habilidade e criatividade. Para esta pergunta, foram
adotados escores de 1 a 5, em que “1” significa muito
pouco e “5” significa ótimo. Verificou-se que a maioria
(29,8% e 40,4%) respondeu ser bom ou muito bom,
respectivamente, e 19,2% classificaram como ótimo.
Apenas 9,6% responderam escore “2”, que corres-
ponde a “pouco”(Gráfico 12).
Figura 2 – Disposição da quantidade de cidades em que
os egressos exercem a profissão.
Figura 4 – Distribuição da frequência de respostas sobre
os motivos que determinaram a escolha da cidade em que
o profissional exerce a Odontologia.
Figura 6 – Distribuição da frequência de respostas para a
jornada de trabalho diária dos profissionais.
Figura 7 – Distribuição dos profissionais que trabalham Figura 8 – Distribuição das respostas sobre as caracterís-
em consultório próprio, em regime de porcentagem ou ticas da clientela atendida pelos ex-alunos formados na
associado. UNIARA.

Figura 9 – Distribuição da frequência quanto às dificulda- Figura 10 – Distribuição da frequência de renda mensal
des encontradas pelo profissional no mercado de trabalho. do cirurgião dentista.

Figura 11 – Disposição do grau de qualificação profissio-

nal dos egressos.

Figura 12 – Distribuição da frequência de respostas sobre a qualidade do curso de Odontologia da IES estudada.

5
 QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO EGRESSO NO MERCADO DE TRABALHO.
Leia as perguntas a seguir e responda as mesmas colocando um X nas respostas que refletem a real situação de sua
atividade profissional, e se houver necessidade, complemente nas linhas disponíveis.
Identificação
1. Sexo: ( ) Masc ( ) Fem
2. Nacionalidade: ( ) Brasileira ( ) Estrangeira
3. Naturalidade (sigla da unidade da federação):_______.
No caso de estrangeiro, citar o país de origem:_______.
4. Estado civil:
( ) solteiro(a) ( ) casado(a) ( ) divorciado(a)
( ) viúvo(a) ( ) outros
5. Possui algum parente que seja dentista?
( ) sim ( ) não
Caso afirmativo, assinale o grau de parentesco:
( ) pai ( ) mãe ( ) irmão(a) ( ) tio(a)
( ) primo(a)
Quanto a formação:
6. Idade com que se graduou: ____________ anos
7. Ano de sua graduação: _________________
8. Possui o hábito de usar a Internet para procurar con-
teúdos de caráter científico sobre a área odontológica?
( ) sim ( ) não
9. Você lê rotineiramente algum jornal ou informativo,
impresso e distribuído por entidade representativa da
classe odontológica?
( ) sim ( ) não
Caso afirmativo, citar quais:
_______________________________________________
10. Sente necessidade de aprimorar seus conhecimentos?
( ) sim ( ) não
Caso afirmativo, em que situação você se encontra em
relação a pós-graduação? (especialização, mestrado,
doutorado, aperfeiçoamento e/ou atualização)
( ) já cursei citar:______________________________
( ) estou cursando citar:________________________
( ) pretendo cursar citar:_______________________
11. Dentre as razões abaixo, qual aquela que mais o levou
ou o levará a fazer o curso de pós-graduação ?
( ) identificar-se teórica e tecnicamente com a mesma
( ) necessidade de titulação para as atividades profis-
sionais
( ) necessidade de complementação teórica/técnica
( ) entender que existe bom mercado para a mesma
( ) outros (citar) _______________________________
12. Desde a sua formatura, participou de Congresso, Jor-
nada, Simpósio, Seminário, etc.?
( ) sim ( ) não
Artigo original / Original article
Caso afirmativo, com que periodicidade?
Citar:__________________________
Quanto a inserção no mercado de trabalho
13. Após a sua formatura, quanto tempo em média levou
para exercer a atividade profissional?
( ) de um a três meses
( ) de três a seis meses
6
( ) de seis meses a um ano
( ) mais de um ano
14. Assinale as alternativas abaixo que exemplificam sua
ocupação em postos de trabalho no exercício da sua
profissão?
( ) rede pública
( ) forças armadas
( ) Sindicatos, SESC, SESI, Associações, outros
( ) magistério ( Curso de Odontologia )
( ) magistério em outros cursos de nível superior
( ) magistério em cursos de nível elementar e/ou
secundário
( ) outros
15. Em quantas cidades você exerce a atividade profissional?
( ) apenas uma cidade
( ) mais de uma cidade
16. A cidade onde desenvolve a sua maior carga de traba-
lho é a mesma onde morava até se formar?
( ) sim ( ) não
17. Dentre as alternativas abaixo, qual aquela que mais
determinou a sua escolha pela cidade onde desenvol-
ve suas atividades profissionais?
( ) relação CD/Habitante ser favorável
( ) desenvolvimento econômico da mesma
( ) ser centro de formação de recursos humanos e
facilitar o acesso a formação continuada
( ) possuir nela a sua família, amigos, namorada(o),
noiva(o), esposa(o)
( ) herdar ou ter emprestado o consultório de paren-
te ou conhecido
( ) ter sido classificado em concurso público
( ) outro (especifique)__________________________
18. Considerando o grau de dificuldade para iniciar a profis-
são, assinale a alternativa mais adequada para o seu caso:
( ) nenhuma dificuldade.
( ) pouca dificuldade.
( ) média dificuldade.
( ) muita dificuldade.
( ) excessiva dificuldade.
19.Como está distribuída a sua carga de trabalho sema-
nal?
( ) somente como dentista clínico (rede privada, públi-
ca, SESC, SESI, etc)
( ) como dentista clínico e outro
(especifique) _______________________________
( ) somente como outro
(especifique):________________________________
20. Considerando toda a sua atividade profissional ligada
à odontologia, qual a sua jornada de trabalho diária?
( ) menos de 4 horas
( ) de 4 a 6 horas
( ) de 6 a 8 horas
( ) de 8 a 10 horas
( ) mais de 10 horas
As perguntas do número 21 ao número 26 deverão ser
respondidas pelos profissionais que desenvolvem ativida-
des profissionais em consultório odontológico particular
e/ou localizado em clínica na rede privada. Aqueles que
não exercem este tipo de atividade, devem passar direta-
mente a pergunta de n.° 27
21. O consultório em que trabalha é :
( ) de sua propriedade ( ) alugado ( ) emprestado
( ) em regime de trabalho de percentagem
22. No desenvolvimento das suas atividades clínicas diá-
rias, trabalha:
( ) sem ajuda de auxiliar
( ) com auxílio de Atendente de Consultório Dentário
(ACD)
( ) com auxílio de Técnico de Higiene Dental (THD)
( ) com auxílio de secretária na parte administrativa
( ) com ajuda de outro(especificar)________________
23. No caso de trabalhar sem ajuda de auxiliar, o faz por
que:
( ) entende que sozinho(a) produz mais e rapidamente
( ) até o momento, os ganhos não permitem a contra-
tação de ACD, THD e/ou secretária
( ) ainda não encontrou recurso humano devidamente
qualificado
( ) outro (especifique) __________________________
24. A clientela atendida é de característica:
( ) exclusivamente particular
( ) predominantemente particular
( ) exclusivamente conveniada
( ) predominantemente conveniada
( ) particular e conveniada em proporções iguais
25. No caso de trabalhar em consultório particular e ser
especialista, exerce unicamente esta especialidade na
sua atividade clínica diária ?
( ) sim ( ) não
26. Durante o tempo de exercício em clínica, teve alguma
experiência que se caracterizasse como discriminação
profissional?
( ) sim ( ) não
Caso afirmativo, esta discriminação foi por parte:
( ) da clientela
( ) de colegas de profissão
( ) do órgão empregador
( ) outros: citar ________________________________
Quanto a posição político-profissional
27. As entidades de classe são necessárias para definir os
rumos da profissão?
( ) sim ( ) não
Caso afirmativo, cite qual(ais) ____________________
28. Além da sua inscrição no CROSP, está filiado(a) a outra
entidade de classe?
( ) sim ( ) não
Caso afirmativo, assinale em qual:
( ) ABO
( ) ABOPREV
( ) Sindicato dos Odontologistas de SP
( ) APCD
( ) outro, citar:________________________________
29. No seu entender, dentre os motivos abaixo quais pre-
dominam sobre as dificuldades de mercado ?
( ) baixo poder aquisitivo da população
( ) repasse dos custos do tratamento odontológico
( ) falta de priorização da população para com a sua
saúde bucal
( ) excesso de dentistas em atividade e em formação
( ) concentração de dentistas nos grandes centros
( ) outro, citar:________________________________
30. Assinale nas alternativas abaixo aquela que mais ex-
pressa o seu grau de satisfação com a profissão:
( ) muito satisfeito(a) ( ) satisfeito(a)
( ) satisfeito(a) em parte ( ) insatisfeito(a)
31. Em que faixa de renda mensal você está inserido(a)
levando-se em consideração todos os postos de traba-
lho ocupados em odontologia?
( ) até 1.500,00 reais
( ) acima de 1.500,00 a 2.500,00 reais
( ) acima de 2.500,00 a 3.500,00 reais
( ) acima de 3.500,00 a 4.500,00 reais
( ) acima de 4.500,00 a 6.000,00 reais
( ) acima de 6.00,00 a 8.000,00 reais
( ) acima de 8.000,00 reais
32. Se pudesse voltar no tempo, cursaria odontologia no-
vamente?
( ) sim ( ) não
33. Você está atualmente trabalhando:
( ) Na área da sua graduação
( ) Em área diferente da sua graduação e busca em-
prego na área
( ) Em área diferente da sua graduação e NÃO busca
emprego na área
( ) Não, estou desempregado
( ) Não, estou estudando em outra área da saúde
( ) Não, estou estudando em outra área que não é a
saúde
( ) Outro:____________________________________
34. O principal motivo pelo qual NÃO exerce atividade
profissional na sua área de formação é:
( ) Não se aplica
( ) Mercado de trabalho saturado
( ) Melhor oportunidade em outra área
( ) Dificuldade de obter o 1º emprego
( ) Outro:_______________________
35. Qual é o seu maior nível de qualificação? Considere o
último curso concluído ou em realização.
( ) Graduação ( ) Especialização
( ) Aprimoramento/Extensão ( ) Residência
( ) Mestrado ( ) Doutorado
( ) Pós Doutorado
36. Quanto o curso de Odontologia da UNIARA o(a) pre-
parou para atuar no mercado de trabalho com profis-
sionalismo, conhecimento, competência, habilidade e
criatividade?
( ) 1 Muito Pouco
( )2
( )3
( )4
( ) 5 Muito Bem
7
 Discussão
O sistema de saúde no Brasil e as políticas de saú-
de bucal sofreram diversas mudanças nas últimas dé-
cadas, aumentando o número de empregos no setor
odontológico com o intuito de possibilitar melhor aces-
so da população aos serviços prestados11. Somado a
isso, as Diretrizes Nacionais Curriculares para o curso
de Odontologia também foram alteradas para deter-
minar a formação de um profissional com formação
crítica, reflexiva e generalista, que possibilite a intera-
ção dos conhecimentos teóricos e práticos, com de-
senvolvimento concomitante de habilidades pessoais e
de relacionamento humano, mais bem capacitado ao
atendimento em saúde pública2,12.
Por outro lado, surgiram muitos cursos de Gradua-
ção e o mercado de trabalho tornou-se competitivo11,13.
Assim, observa-se que a Odontologia tem se deparado
com a saturação do número de profissionais14,15.
As mudanças que vêm ocorrendo na Odontologia
estão refletindo no tipo de serviço oferecido, no nú-
mero de horas trabalhadas, nos estudos de Pós-Gra-
duação, no nível de satisfação profissional e em outros
aspectos. Com relação ao perfil dos profissionais, a
predominância do sexo feminino entre os concluin-
tes do curso de Odontologia, que ocorre desde 1980,
pôde ser observada também no presente estudo, con-
firmando o processo de feminilização da profissão que
está em conformidade com diversas pesquisas. Há 40
anos as mulheres eram 10% do total de profissionais,
hoje são 56%11.
Identificar a perspectiva profissional de estudantes
torna-se extremamente importante quando se investi-
gam fatores relacionados ao mercado de trabalho e à
visão da profissão, pois esta perspectiva sintetiza as as-
pirações dos futuros profissionais e determina o modo
como os mesmos conduzem seus estudos no período
acadêmico, como planejam suas carreiras e como exer-
cem seus papéis na sociedade16.
No que diz respeito ao tempo médio para se inserir
no mercado, observou-se que 74% dos participantes
deste estudo afirmaram levar, em média, de 1 a 3 me-
ses para começarem a trabalhar após a formatura. Pi-
nheiro et al.1 (2011) encontraram em sua pesquisa que
51,2% dos profissionais conseguiram iniciar o exercício
da profissão em menos de um mês depois de forma-
dos. Isto mostra que os egressos do Curso de Odonto-
logia da UNIARA apresentam semelhantes condições
para a inserção no mercado de trabalho.
Artigo original / Original article
Ao serem questionados sobre a cidade em que
trabalham/moram, 54,8% dos egressos afirmaram tra-
balhar em apenas uma localidade e 50,5% decidiram
exercer a profissão em outra localidade que não aquela
onde residiam antes da Graduação. Além disso, a esco-
lha por uma cidade foi influenciada pelo fato de pos-
suírem parentes e amigos atuando na área (60,2%) ou
8
devido ao seu desenvolvimento econômico (12,6%).
Somente 8,7% escolheram a cidade por terem herdado
ou emprestado o consultório de parente ou conhecido
em outro município. Melo8 (2011) observou com os
egressos da Universidade Federal de Pernambuco que
57,1% não possuíam ninguém na família que exercia
a mesma profissão e 45% atuavam em duas cidades
para complementar a renda.
Analisando a literatura, é possível observar os di-
versos motivos que levaram à escolha da profissão. No
estudo de Machado et al.17 (2010), ao entrevistarem
estudantes da Graduação, eles relataram sua opção
pelo curso de Odontologia por vocação e por acre-
ditarem ser uma profissão compensadora em termos
financeiros. Também no estudo de Hoeppner et al.18
(2005), o fator de eleição profissional mais frequente
foi a vocação (34% dos entrevistados). A motivação
financeira apresentou índice bastante inferior, sugerin-
do que os jovens estão cientes de que existe uma crise
no mercado de trabalho na área da Odontologia. O
estudo de Sousa et al.11 (2017) reforçou que, embora
os estudantes percebessem um mercado de trabalho
odontológico desfavorável, as condições negativas não
influenciaram na escolha da profissão e, se pudessem,
escolheriam a Odontologia novamente. Posicionamen-
to que reafirma a vocação profissional como uma va-
riável de extrema importância na escolha da profissão.
No estudo de Costa et al.19 (2008), os profissionais
relataram que, em cidades grandes, a dificuldade de se
estabelecer profissionalmente é maior, pois exige maior
qualificação profissional. Assim sendo, a saturação do
mercado de trabalho leva a uma maior competitividade
entre os profissionais, o que reflete em maior exigência
de conhecimento e em maior titulação acadêmica.
No que se refere à jornada de trabalho, notou-se
que 44,2% trabalham entre 8 a 10 horas por dia. Cor-
roborando com estes resultados, Araújo et al.7 (2013)
também observaram que o profissional trabalha, em
média, 40 horas semanais, com um mínimo de 8 horas
e máximo de 60 horas totais.
Em relação ao sistema de emprego que os partici-
pantes da pesquisa se enquadraram, observou-se que a
maioria buscou trabalhar como autônomo (67,7%). De
acordo com Mialhe et al.20 (2008), há uma tendência a
procurar um meio de vida autônomo, sendo esta carac-
terística inerente ao profissional da saúde. No estudo
de Rezende et al.21 (2007), os autores relataram que
56,6% dos profissionais entrevistados trabalhavam em
consultório particular, enquanto 25% haviam prestado
concurso público. Takemoto et al.22 (2015) atribuíram
o fato de muitos profissionais apostarem no serviço pú-
blico pela busca por uma forma de ampliação e forta-
lecimento da receita, assim como por maior segurança
financeira23.
 A respeito do grau de satisfação com a profissão
escolhida, verificou-se que 40,4% dos egressos da
UNIARA estão parcialmente satisfeitos e 35,6% estão
satisfeitos. No levantamento realizado por Pinheiro et
al.1 (2011) sobre a satisfação com a profissão escolhida,
a maioria (82,9%) afirmou estar satisfeita. No entanto,
muitas vezes a satisfação profissional não corresponde
à satisfação financeira, nem com a jornada de traba-
lho7,17,21,24.
Em relação à renda mensal dos profissionais, no
presente estudo verificou-se que a maior porcentagem
de profissionais (24%) encontra-se na faixa de ganho
de R$3.000,00 a 4.500,00. Rezende et al.21 (2007) ob-
servaram em seu estudo que o rendimento médio men-
sal dos cirurgiões dentistas era semelhante ao apresen-
tado no presente estudo (70% entre R$1001,00 e R$
5.000,00 mensais). Tal fato mostra que os egressos da
IES estudada se apresentam com as mesmas perspecti-
vas de mercado que os profissionais formados em ou-
tras universidades/regiões.
Quando o questionamento foi sobre a qualificação
profissional, notou-se em estudos como de Rezende
et al.21 (2007) e Pinheiro et al.1 (2011) que o curso de
Pós-Graduação mais procurado foi de aperfeiçoamen-
to, seguido do curso de Especialização e, em poucos
casos, o Mestrado. No presente estudo, 89,4% care-
ceram de qualificação profissional, sendo o curso de
Especialização o mais procurado, seguido do curso de
aprimoramento/extensão. Os motivos que levaram os
egressos a procurarem por uma qualificação foram
identificação teórica e técnica com a área específica,
necessidade de complementação e necessidade de ti-
tulação para as atividades profissionais. Confirmando
os relatos na literatura de que a maioria dos cirurgiões
dentistas participantes sente a necessidade de fazer al-
gum curso de Pós-Graduação7,20.
Por fim, foram questionados sobre como o curso
os preparou para enfrentar o mercado nos aspectos de
conhecimento, habilidade, ética, competência, criati-
vidade e profissionalismo. Verificou-se que a maioria
(89,4%) dos egressos da UNIARA considerou bom,
muito bom ou ótimo o preparo oferecido pelo curso.
No estudo de Finkler et al.25 (2010) que tratou do enfo-
que teórico dado na Graduação, as instituições relata-
ram ministrar seus cursos predominantemente buscan-
do um equilíbrio no enfoque biológico e social, sendo
poucas as que se baseiam no enfoque epidemiológico
com ênfase na determinação social do processo saúde-
-doença. Tal fato pode mostrar a deficiência encontra-
da no ensino para capacitar o profissional ao trabalho
na Estratégia de Saúde da Família. Isto não acontece na
formação do acadêmico da UNIARA, uma vez que, nos
estágios supervisionados, o aluno faz diversas ativida-
des extramuros com o intuito de conhecer a realidade
da população e colocar em prática os conhecimentos
teóricos adquiridos na disciplina de Odontologia em
Saúde Coletiva. Na maioria das pesquisas, observou-
-se o anseio dos profissionais por uma formação mais
aprofundada em administração e marketing para o
consultório, áreas em que os egressos encontraram as
maiores dificuldades devido à grande quantidade de
profissionais inseridos no mercado de trabalho3,20,26,27.
Deste modo, pode-se sugerir que o Curso de
Odontologia desta IES, embora apresente algumas
adequações a serem realizadas em seu Projeto Pedagó-
gico e na grade curricular para aprimorar a qualidade
da Graduação, apresentou, por meio desta avaliação
com os egressos, que os profissionais formados na re-
ferida instituição encontram-se bem colocados no mer-
cado de trabalho e satisfeitos com sua formação. Essas
adequações devem ser fundamentadas nas novas pers-
pectivas didáticas, sendo que os alunos devem receber
motivações e incentivos no processo de ensino-apren-
dizagem de reflexão crítica sobre a Odontologia atual,
para ação preventiva ao invés do tratamento curativo
tradicional28, tendo em vista que a faculdade tem a res-
ponsabilidade de sincronizar a educação odontológica
com a realidade clínica na prática diária26.
Conclusão
Conforme os resultados desta pesquisa, concluiu-
-se que o perfil do profissional formado no Curso de
Odontologia da Universidade de Araraquara (UNIARA)
era composto em sua maioria por:
• Jovens entre 22 e 24 anos de idade, do sexo
feminino e solteiros;
• A inserção no mercado de trabalho ocorreu no
período inferior a três meses após a formatura;
• A maior parte dos egressos realizou algum
curso de Pós-Graduação por identificação teó-
rica e prática com a área, por necessidade de
complementação técnica e teórica e por ne-
cessidade de titulação.
• Grande parte dos egressos buscou outra lo-
calidade para se estabelecer profissionalmente
que não a cidade de origem. A maioria exerce
a profissão na rede privada (consultórios par-
ticulares), com jornada de trabalho predomi-
nantemente de 8 a 10 horas diárias e renda
mensal de R$3.000,00 a 4.500,00;
• A falta de priorização da população na busca
por atendimento odontológico, assim como o
excesso de profissionais em atividade e em for-
mação foram as maiores dificuldades encontra-
das para a inserção no mercado odontológico;
• De maneira geral, os egressos se mostraram
satisfeitos tanto com a formação profissional
obtida com a Graduação quanto com o exer-
cício da Odontologia e escolheriam esta pro-
fissão novamente.
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