Ao longo da unidade, vimos as teorias que fundamentam o trabalho em e
com grupos; compreendemos as dimensões do trabalho interprofissional, das práticas colaborativas e exploramos a importância da problematização na formação de profissionais de saúde. Abordamos os conceitos de Humanização em saúde, os equipamentos da Rede de Atenção à Saúde e as estratégias de promoção de saúde e bem-estar. Também, os princípios basilares que asseguram ao cidadão o direito ao ingresso digno nos sistemas de saúde, os quais são elencados na Carta aos Usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) (2007. p. 3):
1. Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos
sistemas de saúde.
2. Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu
problema.
3. Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre
de qualquer discriminação.
4. Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa,
seus valores e seus direitos.
5. Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento
aconteça da forma adequada.
Referência
BRASIL. Ministério da Saúde. Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde.
Brasília: Ministério da saúde, 2007. p. 3. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/carta_direito_usuarios_2ed2 007.pdf>. Acesso em: 13/12/2019.
Considerando o que foi visto, apresente e discuta as semelhanças e
diferenças do trabalho multi e interprofissional. Além disso, explique porque a prática colaborativa por meio da atuação interprofissional pode qualificar a atenção à saúde (utilize dois argumentos para isso).
A interprofissionalidade pode ser compreendida como um conjunto de
conhecimentos, habilidades e atitudes necessários à formação profissional orientada para a ação eficaz em qualquer situação da vida prática, e pode ser caracterizada por reconhecimento e respeito mútuos, comunicação, ética e clareza de papéis no trabalho em equipe, com foco nos usuários.
Segundo D’Amour et al. (2008) a ação coletiva é um componente essencial em
qualquer empreendimento humano, e a colaboração interprofissional, a sua expressão mais visível, analisada segundo quatro dimensões: 1) Objetivos e visão compartilhados (atenção centrada no paciente); 2) Internalização (convivência mútua e confiança); 3) Formalização (ferramentas de formalização e troca de informações); e 4) Governança (centralidade, liderança, suporte para a inovação e conectividade). Juntas, essas quatro dimensões, e a interação entre elas, podem captar os processos de colaboração em desenvolvimento
A perspectiva interprofissional é bastante distinta da multiprofissional. Enquanto
esta relaciona-se com o trabalho em equipes constituídas por diferentes profissionais, sem a necessária interação entre os membros e, por vezes, apenas dividindo o mesmo espaço, com limitada ou nenhuma interação; aquela compartilha objetivos, desenvolve identidade de equipe3 e busca o cuidado integral, levando em consideração o caráter complexo e dinâmico das necessidades de saúde de indivíduos e coletivos, considerados coprodutores dos atos em saúde.
A prática colaborativa por meio da atuação interprofissional pode qualificar a
atenção à saúde de diversas maneiras. Abaixo, apresentamos dois argumentos que sustentam essa afirmação:
Melhora a qualidade da assistência: A prática colaborativa interprofissional é
fundamental para a qualidade da atenção à saúde, segurança e satisfação do paciente. Quando profissionais de diferentes áreas trabalham juntos, há uma maior troca de informações e conhecimentos, o que pode levar a uma melhor compreensão do paciente e de suas necessidades. Além disso, a colaboração entre profissionais pode ajudar a evitar erros e a garantir que o paciente receba o tratamento mais adequado e eficaz possível Desenvolve competências: A prática colaborativa interprofissional também pode ajudar a desenvolver competências importantes, como o trabalho em equipe, a intercomunicação e a solução de problemas em conjunto entre os estudantes. Isso pode ser especialmente importante para estudantes de saúde, que precisam estar preparados para trabalhar em equipe e colaborar com outros profissionais ao longo de suas carreiras. Além disso, a prática colaborativa interprofissional pode ajudar a integrar a educação e o trabalho, preparando melhor os estudantes para a prática clínica
Em resumo, a prática colaborativa por meio da atuação interprofissional pode
qualificar a atenção à saúde, melhorando a qualidade da assistência e desenvolvendo competências importantes para os profissionais de saúde.
centrada no paciente na prática interprofissional colaborativa. Interface- Comunicação, Saúde, Educação, v. 20, p. 905-916, 2016. BARR, Hugh et al. Effective interprofessional education: argument, assumption and evidence (promoting partnership for health). John Wiley & Sons, 2008. BARR, Hugh. Competent to collaborate: towards a competency-based model for interprofessional education. Journal of interprofessional care, v. 12, n. 2, p. 181-187, 1998. CECCIM, Ricardo Burg. Connections and boundaries of interprofessionality: form and formation. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 22, p. 1739-1749, 2018. D'AMOUR, Danielle et al. A model and typology of collaboration between professionals in healthcare organizations. BMC health services research, v. 8, n. 1, p. 1-14, 2008. FIGUEREDO, Wilton Nascimento et al. Práticas colaborativas nas urgências em Saúde: a interprofissionalidade do Programa PermanecerSUS, Secretaria Estadual de Saúde da Bahia, Brasil. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 22, p. 1697- 1704, 2018. FUMAGALLI, Igor Henrique Teixeira; SUDRÉ, Graciano Almeida; MATUMOTO, Silvia. Práticas colaborativas interprofissionais em cuidados de saúde primários: um protocolo de scoping review. Revista de Enfermagem Referência, n. 6, 2021. PEDUZZI, Marina. Trabalho em equipe de saúde no horizonte normativo da integralidade, do cuidado e da democratização das relações de trabalho. In: Trabalho em equipe sob o eixo da integralidade: valores, saberes e práticas. 2007. p. 161