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PERGUNTAS NORTEADORAS
INTRODUÇÃO
● PSICOPATOLOGIA FENOMENOLÓGICA
A fenomenologia, como um novo método de fazer filosofia, é uma proposta de
Edmund Husserl (1859-1938), que pretendia com ela, realizar uma mudança, ao sair das
especulações metafísicas abstratas para a experiência vivida e concreta (MOREIRA,
2010).
A partir da fenomenologia surgiu a Psicopatologia Fenomenológica que teve início
no ano de 1920, com os trabalhos de teóricos como Eugène Minkowski (1885-1972) e
Ludwig Binswanger (1881-1966) (MOREIRA, 2013).
Foi com a adaptação de ambas teorias discutidas inicialmente que a psicoterapia
humanista-fenomenológica surgiu, como uma derivação da convergência do
pensamento humanista em psicologia, por Carl Rogers, e da psicopatologia
fenomenológica com seus principais autores: Binswanger, Strauss, Kimura, Minkowski,
Tellenbach e Tatossian, entre outros. A clínica humanista-fenomenológica objetiva a
investigação e compreensão dos significados do mundo vivido, incluindo a experiência
psicopatológica tal como vivenciada (MOREIRA, 2009).
● TRANSTORNO BIPOLAR NA PERSPECTIVA DA PSICOPATOLOGIA
FENOMENOLÓGICA
- Temporalidade na fase maníaca e na melancólica
A temporalidade é uma categoria fenomenológica, considerada uma das bases
estruturantes da situação de ser sujeito. Esta constitui a gênese do Transtorno Bipolar
(TB) que é marcado por episódios de alternância de extremos que, mesmo de pólos
opostos, possuem forte associação. O tempo atravessa toda a experiência bipolar, seja
no momento em que o sujeito está atravessando a melancolia, seja quando ele está no
período de mania (MOREIRA & BLOC, 2012).
O tempo vivido possui um significado alterado nas oscilações de humor
características do TB, denominadas fase maníaca e fase melancólica. Na fase
melancólica é como se o paciente parasse no tempo (o que “passou” rege a vida), não
conseguindo projetar-se no devir, já na mania o sujeito vive demasiadamente o presente
como um “agora eufórico e sem foco”. Estas duas formas de experiência temporal
patológica, do sofrimento bipolar, compõem essencialmente um mesmo mundo vivido
(MOREIRA & BLOC, 2012).
A bipolaridade, para a psicopatologia fenomenológica, é um lapso na constituição do
tempo vivido. Na mania, por exemplo, este encontra-se comprometido pela forma
exagerada de viver o agora. Não tendo interação com o outro, interação de ouvir ou
dialogar, não há um encontro, como descrito por Martin Buber. Segundo Buber, nossa
existência é marcada por alternâncias entre atitudes eu-tu, eu-isso e seus
desdobramentos. No TB, encontra-se uma atitude eu-isso, onde as situações são
experienciadas de forma objetiva (LUCZINSKI & ANCONA-LOPEZ, 2010). Na melancolia,
o paciente encontra-se preso nas experiências vividas, fazendo sentir uma tristeza que é
reacional ao momento vivenciado por ele (MOREIRA & BLOC, 2012).
- Melancolia e depressão
É importante diferenciar melancolia e depressão, pois, mesmo que se aproximem
em termos de sintomatologia, há uma necessária distinção em termos fenomenológicos.
Na depressão, o sujeito possui uma espécie de identificação com a tristeza fazendo
muitas vezes com que ele entenda que o seu viver não tem mais sentido. Já na
melancolia, a tristeza é caracterizada pelo fato de o sujeito não-poder ser, não poder
vivenciar aquilo que ele gosta, fazendo com que ele fique “preso” aos papéis sociais
(MOREIRA & BLOC, 2012).
● PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO NO TB
- Abordagem Centrada na Pessoa (ACP)
RESPOSTAS
1. Psicopatologia fenomenológica é uma forma de estudo dos transtornos que surgiu,
particularmente, com a contribuição da fenomenologia de Husserl.
2. O TB é entendido como uma alteração no tempo vivido, em suas oscilações de
humor, tendo a fase melancólica e a fase maníaca.
3. Na fase melancólica o passado rege a vida do paciente, não conseguindo
projetar-se no devir, já na mania o sujeito vive demasiadamente o presente.
4. Na depressão, o paciente entende que o seu viver não tem mais sentido. Já na
melancolia, existe a impotência de um não-poder ser, não poder vivenciar aquilo
que gostaria.
5. O processo terapêutico deve ocorrer em um espaço e ambiente livres para o
paciente com TB dialogar sua própria história, retomando assim a narrativa de suas
vivências.
REFERÊNCIAS
1. JUSTO LP, CALIL HM. Intervenções psicossociais no transtorno bipolar. Rev. Psiq.
Clín. 2004; 31(2): 91-99.
10. GOMES BC, LAFER B. Psicoterapia em grupo de pacientes com transtorno afetivo
bipolar. Rev Psiq Clín. 2007; 34: 84-9.