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Alunos:
Daniel Oliveira de Almeida Alves
Ana Lígia Machado Santiago
Uma vez que segundo Morin (2002) o homem está em relação com seu
ecossistema, sofre suas influências e o influencia. Assim é necessário respeitar
a singularidade do homem no seu ecossistema complexo, levando em conta
simultaneamente seus processos biológicos, psicológicos, sociológicos e
culturais. (SILVA& MÜLLER 2007)
O desenvolvimento das teorias da psicossomática, ao longo do tempo,
desenvolveu-se em três fases. A primeira foi pela psicanálise que teve seus
estudos voltados para a gênese inconsciente das enfermidades, teorias da
regressão e sobre os benefícios secundários do adoecer e entre outros.
(SILVA& MÜLLER 2007)
A segunda é a fase intermediária, behaviorista, que se concentrou em
pesquisas em homens e animais, tendo como auxiliar para sua interpretação as
ciências exatas. Já a terceira fase, atual, chamada de multidisciplinar ou
interdisciplinar, destaca a importância da dimensão social e suas interconexões
com a visão psicossomática, necessariamente possuindo uma interação entre
os diferentes profissionais de saúde. (SILVA& MÜLLER 2007)
Freud é considerado um dos percursores mais influentes nessa área
devido aos seus estudos sobre a Histeria e criação de conceitos que
formentaram discursões e fundamentarem inúmeros modelos, mesmo que não
tenha, em momento algum, se preocupado em criar a teoria psicossomática.
(CERCHIARI, 2000)
Porem o maior legado de Freud (1894) para as investigações
psicossomáticas se deve ao conceito de conversão individual. Esse termo foi
utilizado por Freud para explicar a transposição de um conflito psíquico na
tentativa de resolvê-lo em termos de sintomas somáticos, motores ou
sensitivos. (CERCHIARI, 2000)
Essa ideia amplia o campo da psicossomática que causou o surgimento
de dois ramos de investigação. O primeiro ramo concentra-se na Escola
Americana, conhecida pelos autores Franz Alexander e Dunbar no qual o ponto
de partida de se deu em um modelo médico. (CERCHIARI, 2000)
Nessa mesma perspectiva desenvolve-se as investigações
experimentais nos anos 30 que muito contribuiu para os avanços nas
investigações psicossomáticas. Tais descobertas foram feitas por Walter
Cannon e Hans Selye. (CERCHIARI, 2000)
O segundo ramo Trata-se da Escola Psicossomática de Paris, que irá
propor uma nova forma de mediação, viabilizando uma nova leitura do sintoma
e do sofrimento emocional ao atribuir um valor positivo aos fenômenos.
(CERCHIARI, 2000)
Por volta dos anos 70 Jonhn Nemiah e Peter Sifneos realizaram
pesquisas sobre a forma de se comunicar dos pacientes psicossomáticos e
constataram que dezesseis desses pacientes investigados demonstraram uma
dificuldade de expressar ou descrever suas emoções através da palavra, assim
como uma acentuada diminuição dos pensamentos fantasmáticos.
(CERCHIARI, 2000)
Estes autores concluíram que os pacientes com doenças
psicossomáticas clássicas, ao contrário dos pacientes psiconeuróticos,
apresentavam uma desordem específica nas suas funções afetivas e
simbólicas, acarretando uma forma de se comunicar confusa e improdutiva.
(CERCHIARI, 2000)
Esta maneira de comunicação foi chamada por Sifneos (1972) de
alexitimia. Nemiah que múltiplos fatores exercem influências no
desenvolvimento deste fenômeno tão complexo. Taylor (1988), concorda com
esta hipótese e diz que a maneira de se comunicar é influenciada, não somente
por fatores genéticos, neuropsicológicos e intrapsíquicos, mas também por
fatores socioculturais, pelo nível intelectual e pelos modelos dos discursos
familiares. (CERCHIARI, 2000)
Ao contrário do que acontece na histeria de conversão, onde o corpo se
rende à dramatização simbólica do conflito intrapsíquico, Mc Dougall (1980)
afirma que no fenômeno alexitímico o corpo segrega seus próprios
pensamentos. Sendo este corpo sentido como se pertencesse a alguém (mãe)
ou a alguma coisa (mundo externo). (CERCHIARI, 2000)
Para esse autor, o fenômeno alexitímico acontece em decorrência
conturbações na relação mãe-filho, sendo um fenômeno pré-neurótico e
extremamente precoce dominada pelos mecanismos de defesa de clivagem e
de identificação projetiva.
Essas perturbações correspondem à fase do desenvolvimento
simbiótico, onde as representações de si e as representações do objeto não
são nitidamente diferenciadas e também os símbolos não são utilizados de
forma concreta.
Nessa perspectiva A. Dias, com base nas ideias de Bion, coloca o
adoecer psicossomático no contexto da relação entre pensamento, emoção e
aparelho de pensar o pensamento, onde o fenômeno alexitímico deve ser visto
como manifestação da separação entre o pensamento e aparelho de pensar o
pensamento. (CERCHIARI, 2000)
Todas essas teorias e discursos serviram de grande base no
desenvolvimento e estruturação para o tema tão significando que é a
psicossomática. Uma vez que esses discursos ajudaram a ampliar a magnitude
das resoluções dos adoecimentos humanos e trazendo a importância da
relação corpo-mente.
Uma vez que quando a dor psíquica e o conflito psíquico decorrentes de
uma fonte de estresse ultrapassam a capacidade de tolerância do indivíduo,
em vez de serem reconhecidos e elaborados, eles podem ser emergidos em
manifestações somáticas, remetendo a uma falha na capacidade de
simbolização e de elaboração mental. (GARCIA&BONFA 2006)
Desse modo, com certas dificuldades de enfrentar tensões, o adoecer
pode ser considerado uma tentativa de estabelecimento de um equilíbrio para o
corpo, assim como o sintoma neurótico representa a saída para um conflito
psíquico.
REFERÊNCIAS
CAPITAO, Cláudio Garcia; CARVALHO, Érica Bonfá. Psicossomática: duas
abordagens de um mesmo problema. Psic, São Paulo , v. 7, n. 2, p. 21-
29, dez. 2006 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1676-73142006000200004&lng=pt&nrm=iso>. acessos
em 26 mar. 2020.