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Saúde Mental:
b) interacções sociais,
d) valores culturais.
Por outro lado, a doença mental (Saúde Mental negativa) está mais relacionada com
as diversas patologias mentais e com a sua multiplicidade de consequências. Da
mesma forma, KORKEILA (2000) propôs também um conceito de Saúde Mental com
duas dimensões: uma positiva e outra negativa. De acordo com a autora, as
pessoas com Saúde Mental positiva demonstram, normalmente, afecto positivo e
traços positivos de personalidade. A Saúde Mental negativa reporta-se à patologia
mental, sintomas e problemas, encontrando-se directamente relacionada com o
distress psicologico. Para LAHTINEN [et al.] (1999), estas desordens mentais são
definidas pela existência de sintomas, desde alterações do humor e da percepção a
alterações dos processos de pensamento e da cognição. Contudo, estas alterações
mentais apenas são consideradas como uma doença se os sintomas se tornarem
duradouros e ultrapassarem o controlo da pessoa, com repercussões na sua
habilidade funcional.
Deste modo, esse conceito de bem-estar subjectivo tem requerido alguma atenção
dos investigadores, nomeadamente nalguns estudos realizados por enfermeiros. De
uma forma geral, reportam-se da necessidade de um bem-estar intrínseco que um
profissional de saúde deve ter para, posteriormente, poder ajudar o doente de uma
forma mais capaz (MOREIRA, 2010).
Assim, referem que, reforçando a Saúde Mental positiva tornar-se-á mais fácil
prestar cuidados de Enfermagem com melhor qualidade, de forma humanizada e
humanizante. Neste sentido, a abordagem desta temática tornou-se, para o autor
desta investigação, pertinente e um motivo de grande interesse. Contudo, considera
essencial, em primeiro lugar, dar ênfase ao papel dos profissionais de saúde na
Saúde Mental para depois avaliar a própria Saúde Mental destes profissionais.
A Saúde Mental de uma pessoa está relacionada à forma como ela reage às
exigências da vida e ao modo como harmoniza seus desejos, capacidades,
ambições, ideias e emoções. Ter saúde mental é: Estar bem consigo mesmo e com
os outros. Aceitar as exigências da vida.
Engana-se quem pensa que a saúde mental data apenas do período que
conhecemos como período contemporâneo/atual.
Várias coisas mudaram desde então, dentre elas a maneira de se olhar para estes
em estado de sofrimento psicológico, a forma como se lidar com eles e como trata-
los de acordo com suas necessidades, experiências, objetivos e pertencimento
dentro da sociedade.
Inicialmente, aquilo que se sabe a respeito da saúde mental dos nossos mais
antigos antepassados seria que suas hipóteses sobre questões mentais estariam
frequentemente caracterizadas como o resultado de crenças de que causas
sobrenaturais como possessões demoníacas, maldições, feitiçaria e até mesmo
deuses vingativos, estariam por trás dos incomuns sintomas.
Apesar da técnica rude, a abertura duraria séculos, usada como tratamento para
uma série de condições diferentes: fraturas de crânio, enxaquecas e enfermidades
mentais.
Os xamãs, por outro lado, recorreriam a ameaças e até punições caso os métodos
ritualísticos não tivessem sucesso em mudar o comportamento de um membro da
tribo, dado o reconhecimento social da efetividade de seus métodos.
Foram os antigos egípcios que tiveram as ideias mais progressistas da época sobre
como tratar as pessoas que entre eles aparentavam ter dificuldades envolvendo a
saúde mental.
A antiga civilização egípcia também foi notavelmente avançada para o seu tempo
nos campos da medicina, da cirurgia e do conhecimento da anatomia humana – algo
que viria a calhar na preservação e mumificação de seus mortos.
Dois papiros, datados do século VI a.C., foram chamados de “os livros médicos mais
antigos do mundo”, visto que estariam entre os primeiros documentos desse tipo a
identificar, por exemplo, o cérebro como a fonte do funcionamento mental.
Uma crença padrão em muitas dessas culturas antigas, mas especialmente dentro
da cultura grega, era a de que a dificuldade mental seria vista como algo de origem
divina, geralmente como resultado de uma deusa ou deus raivoso.
Teria sido necessária a influência dos primeiros filósofos europeus para levar
adiante as ideias de “doença” e saúde mental em detrimento da hipótese dos
deuses.
Em algum lugar entre o V e III séculos a.C. , o médico grego Hipócrates rejeitou a
ideia de que a instabilidade mental era o resultado da ira sobrenatural.
O tabaco importado das Américas era usado para fazer com que os pacientes
vomitassem os excessos do corpo.
Outros tratamentos fizeram com que os médicos extraíssem sangue da testa ou das
veias das pessoas, na tentativa de drenar também os males interiores para longe do
cérebro.
Somente no final do século VI, em Bagdá, é que o primeiro hospital psiquiátrico seria
fundado.
A prisão perpétua não estava fora de questão. Durante a Idade Média na Europa,
pessoas com dificuldades mentais poderiam ser sujeitas a punições físicas,
geralmente espancamentos, como uma forma de represália por seu comportamento
antissocial e indesejado. Algumas vezes, até como tentativa de literalmente expulsar
seus males.
Se uma família pudesse pagar por cuidados especiais, eles poderiam enviar a
pessoa amada para uma casa particular, de propriedade e operada por membros do
clero que se esforçariam para oferecer algum tratamento e conforto.
Essas instalações, na verdade, eram prisões exceto em seus nomes. Não havia o
conceito de cuidar ativamente de indivíduos com dificuldades mentais, isolando-os
apenas de suas famílias e da sociedade em geral, de forma a minimizar dentro da
mentalidade da época aquilo que poderia ser percebido como risco de dano a
comunidade.
Acreditava-se que a perturbação mental ainda era uma escolha, por isso os
funcionários usavam restrições físicas, camisas de força e até mesmo ameaças para
tentar “curar” os indivíduos. Às vezes, drogas eram dadas aos pacientes
considerados mais “perigosos” e “difíceis”.
Um exemplo disso foi o caso do médico holandês que chegou a desenvolver uma
“cadeira giratória” que deveria literalmente sacudir a anatomia e o sangue do corpo
para tentar restaurar seu equilíbrio – técnica que nunca conseguiu apresentar
qualquer melhora real e significativa nas pessoas.
Ele ordenaria que as instalações sob seus comandos fossem limpas, que os
pacientes fossem desencadeados e colocados em quartos com luz solar,
autorizados a se exercitarem livremente dentro do hospital e que sua qualidade de
cuidado fosse melhorada.
Após este período, a conversa sobre tratamentos e saúde mental estava pronta para
dar um grande passo adiante. Surgia a figura de Sigmund Freud.
A teoria de Freud era de que as vias de conversa, os sonhos, abririam uma porta
para a mente inconsciente do paciente, concedendo acesso a qualquer tipo de
pensamentos e sentimentos reprimidos que poderiam ter forçado ou tido influência
em sua instabilidade mental.
Mesmo com as críticas históricas aos seus métodos, ainda podemos ver a influência
da teoria freudiana na psicologia, na psicanálise contemporânea e em muitos dos
tratamentos ainda hoje desenvolvidos.
Esse panorama muda no fim da década de 90, quando seria introduzido pela
primeira vez nos tratamentos psicofarmacológicos o componente fármaco conhecido
como lítio.
Naquela altura, o lítio se mostraria bastante eficiente no controle dos sintomas das
psicoses em geral, apresentando resultados diferentes em comparação com
qualquer outro método que já tivesse sido tentado.
A REFORMA PSIQUIÁTRICA
O movimento, que tinha como objetivo principal dar fim ao modelo manicomial
substituindo-o por outro que tivesse como princípio o cuidado para com a
experiência do usuário ao coloca-lo como protagonista de todo o processo, marcaria
um período.
De forma ainda mais contundente que qualquer outro movimento dessa natureza, a
reforma revolucionária o sistema de saúde mental mundial, abrindo margem para
novas abordagens terapêuticas, formas de se lidar com as pessoas e até mesmo
profissões.
OBSERVAÇÕES FINAIS
Seja por meio da retomada de práticas antigas como a meditação e a yoga, até pelo
uso de novas formas de terapia focadas no indivíduo, da música e da arte, cada vez
mais nos aproximamos de abordagens melhores, mais saudáveis e que buscam,
genuinamente, a autonomia e o bem-estar dos indivíduos.