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PSICOLOGIA DA SAÚDE

Ao abordar o tema de psicologia da saúde (PS), é necessário, primeiramente,


esboçar uma ideia em relação a algumas questões, tais como: o que é psicologia? O que
é saúde? o que é e o que faz o profissional relacionado a psicologia da saúde?

Psicologia pode ser descrita como o estudo do comportamento humano e não


humano, que envolve a mente, as ações, linguística, emoções, o ambiente como um todo
e entre outros. Já o conceito de saúde, pode ser identificado de acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), onde é afirmado que a “saúde é o estado do
mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de
enfermidade.”

A psicologia da saúde é um tema relativamente novo que tem sido abordado por
diversos autores, como por exemplo, Mary Jane Spink, Wilma da Costa Torres, Raquel
Ayres de Almeida, Lucia Emmanoel Novaes Malagris, Ana Lucia Santana, Magda
Diniz Bezerra Dimenstein e outros.

É importante ressaltar que a PS não é uma área da psicologia, mas abrange


diversos meios de atuações através da multidisciplinaridade. Seu foco é a promoção da
saúde biopsicossocial, atitudes saudáveis (alimentação, atividade física e afins), ciclos
de vida (desenvolvimento) e outros objetivos secundários. Ela entende o ser humano
como um todo corpo-mente.

Segundo Spink, a psicologia da saúde é um novo campo de saber, que aborda


questões da saúde na relação entre a pessoa e o social, similar a Psicologia Social.
Torres sugere que a psicologia da saúde está direcionada para questões ética
relacionadas à vida e a morte e que está interligada com situações da bioética.

Santana afirma que a PS é uma disciplina que visa entender as questões relativas
à saúde, estuda a compreensão pedagógica e científica, cuja intenção é utilizá-la no
desenvolvimento e na preservação da saúde, na cura de enfermidades, análise das causas
e a qualidade das políticas de saúde.

Por último, um dos conceitos mais completos sobre a PS é retratado por Prisla
Ücker Calvetti, Marisa Campio Muller e Maria Lúcia Tiellet Nunes:

“A psicologia da saúde trata de um campo de natureza


interdisciplinar que tem por finalidade realizar estudos
relacionados à promoção, prevenção e tratamento da saúde do
indivíduo e da população para a melhoria da qualidade de vida.”

A Psicologia da Saúde tem criado controvérsias em relação ao seu campo de


atuação, alguns autores descrevem ela com áreas secundárias, tais como a psicologia
clínica, psicologia hospitalar, psicologia médica, psicossomática e a medicina
comportamental. Sabe-se que a hospitalar é um ramo totalmente diferente dos conceitos
da PS, pois a mesma tende a entender e a tratar das feições psicológicas em torno do
adoecimento.

No caso da Psicologia Clínica, a atuação do profissional está ligada a uma teoria


que melhor lhe cabe trabalhar, seja em consultório particular ou consultas em empresas
e afins. Seu objetivo é intervir e auxiliar as pessoas que o procuram com diversos tipos
de problemas, ajudar elas a conviver com seus conflitos internos e externos, auxiliar na
questão do autoconhecimento e outros temas que possam surgir com o indivíduo.
Diferente da psicologia da saúde, a clínica é devidamente aplicada com técnicas
específicas e teóricas. Por outro lado, sabe-se de psicólogos que mesclam as duas
psicologias, sendo assim, um psicólogo clínico da saúde pode trabalhar com questões
como o estresse, controle da dor e reabilitação dos pacientes.

Na Psicologia Médica, o foco principal de estudo, análise e entendimento está


interligado com a relação médico-paciente, ou seja, compreende as relações
assistenciais com foco na terapia. Neste caso, a presença de um médico é obrigatória,
mas também a de um psicólogo. É considerado a parte prática profissional da
psicossomática.

Já na Psicossomática considera a mente e corpo. Trata das doenças que tem


sintomas, mas não uma causa que seja identificada através de exames, ou seja, a causa
não pode ser descoberta. No caso, é a mente agindo sobre o corpo. Os sintomas são
verdadeiros, os indivíduos apresentam dores, insônia, desconforto e com isso acabam
perdendo sua qualidade de vida. A psicossomática é uma prática da medicina integral
(Melo Filho). Quando entendemos que a doença foi gerada devido ao estado emocional,
acontece também outro problema, o indivíduo, além de estar doente, sente a culpa pela
doença.

Enquanto que a Medicina Comportamental estuda de que maneira o


comportamento do indivíduo pode influenciar no processo de saúde e doença.

Percebe-se claramente que a Psicologia da Saúde tem dois objetivos principais, o


da promoção da saúde e a prevenção. Ou seja, entender através de intervenções
psicológicas, como que podemos melhorar a qualidade de vida das pessoas.

A promoção da saúde pode ser entendida como um mecanismo para promover o


bem-estar da comunidade, cabe ao profissional da saúde orientar de forma correta e de
fácil entendimento aos indivíduos. Expressa a qualidade de vida e meios para manter a
mesma. De acordo com a Carta de Ottawa de 1986, “a promoção de saúde deve criar
condições que permitam às pessoas controlar sua saúde e agir sobre os fatores que a
influenciam”. Ela é a muitas vezes vista como a atenção primária para a entrada em
serviços de saúde pública.

Visa buscar o entendimento do indivíduo na sua integralidade, ou seja, no


âmbito social, familiar e psicológico. Neste sentido, o psicólogo consegue identificar os
possíveis problemas e atuar na promoção da saúde. O profissional busca na comunidade
perceber as necessidades que ali existem, podendo assim ter êxito na promoção de
saúde, visando evitar doenças por meio de mudanças de hábitos individuais.

Enquanto que a prevenção está relacionada, de acordo com Leavell e Clarck


(1976), com a “ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de
tornar improvável o progresso posterior da doença”. Sendo assim, a prevenção da saúde
visa evitar o aparecimento de doenças através de métodos diretos e persuasivos. Alguns
exemplos de prevenções são: avisos e instruções sobre os diversos tipos de câncer,
preservativos, educação sobre a higiene, saneamento básico, o cuidado com a água
(dengue) e entre outros.
Por fim, apesar de ser nova no aspecto biopsicossocial, a psicologia da saúde foi
estabelecida para compreender o comportamento humano não só no contexto mental-
físico, mas também, no da saúde e doença, vida e morte.

Referências

ARAÚJO, Verônica. A prática da psicologia e o núcleo de apoio à saúde da família.


Brasília: Conselho Federal da Psicologia, 2009. Disponível em:
<http://site.cfp.org.br/publicacao/a-prtica-da-psicologia-e-o-ncleo-de-apoio-sade-da-
famlia/>

DIMENSTEIN, Magda Diniz. B. O psicólogo nas unidades básicas de saúde: desafios


para a formação e atuação profissionais. Teresina: Fundação Municipal de Saúde de
Teresina, 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/epsic/v3n1/a04v03n1.pdf>

SPINK, Mary Jane P. Psicologia da saúde: a estruturação de um novo campo de saber.


São Paulo: FUNDAP, 1985.

TORRES, Wilma da Costa. A bioética e a psicologia da saúde: reflexões sobre questões


de vida e morte. UFRJ: 2001. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/prc/v16n3/v16n3a06.pdf>

MARTINEZ, Ana Laura Moraes. Psicologia Ribeirão Preto: psicologia clínica. São
Paulo: 2012. Disponível em: <http://www.ribeiraopretopsicologia.com.br/o-que-e-a-
psicologia-clinica-e-o-que-faz-o-psicologo-clinico/>

SANTANA, Ana Lucia. Infoescola: a psicologia da saúde. Disponível em: <


http://www.infoescola.com/psicologia/psicologia-da-saude/>

CALVETTI, Prisla Ücker; MULLER, Marisa Campio; NUNES, Maria Lúcia T.


Psicologia da saúde e psicologia positiva: perspectivas e desafios. Psicologia ciência e
profissão, 2007, 27 (4), 706-717.

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