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Psicologia da saúde

O que é a Psicologia da Saúde?


Encontra-se ligados a contextos de saúde ex: cardiovascular- problemas associados a
stress

Áreas associada à psicologia da saúde: promoção da saúde

É uma contribuição à promoção e manutenção da saúde, tem como objetivo a prevenção


da doença (definição de matsarazo) e o tratamento

Outras componentes macroestruturais: políticas de saúde

O que engloba a psicologia da saúde?


(4 núcleos de Matarazzo)

• Promoção e manutenção da saúde


• Políticas de saúde publica
• Fatores associados à saúde e à doença
• … melhoria da saúde

(fatores) Quanto maior a qualidade de vida (ex. rendimento anual- variável) da pessoa
melhor a sua saúde tanto física como mental

A perceção da qualidade de vida é realçada no questionário de qualidade de vida da oms

Psiconeumunologia

Fatores protetores- fator psicossocial- percetor de suporte social, e suporte social: vários
estudos relativos ao uso dos telemóveis por parte dos pais

Fatores psicossociais: stress (exigências demasiado elevadas tendo em conta as


possibilidades do individuo que pode levar ao burnout, também existe um bom stress
em que colocamos alguma pressão sobre nós de modo a terminar as tarefas),
personalidade, autocuidado, autoeficácia, …
A psicologia da saúde foi definidapor Matarazzo (1980) como a contribuição
psicológica para:

1) A promoção e manutenção da saúde


2) A prevenção e tratamento da doença
3) A identificação dos fatores associados à saúde e à doença
4) A melhoria dos cuidados de saúde e da politica de saúde

Perspetiva histórica
Nos últimos 50 anos, vários fatores contribuíram para a emergência da psicologia da
saúde:

1. O advento de saúde publica e a enfase na prevenção da doença em finais do


seculo passado;
2. O interesse nas chamadas doenças psicossomáticas após a II Guerra Mundial
3. O aparecimento desde meados do século XX de disciplinas da medicina que
refletem a valorização dos fatores psicológicos na etiologia e manutenção da
doença, como a medicina psicossomática, a psicologia medica e a medicina
comportamental o que ajudou bastante o avanço da psicologia principalmente a
psicossomática que permitiram criar novas áreas
4. O reconhecimento dos fatores comportamentais nas doenças associadas à
maior mortalidade e morbilidade na própria ciência medica, os nossos
comportamentos podem provocar saúde ou doença ex. presença/ ausência de
exercício físico

Matarazzo refere que “a psicologia é uma disciplina com 100 anos de experiência no
estudos do comportamento individual, incluindo a mudança de comportamento

Cronologia
1976- Publicavam um relatório sobre as relações entre a psicologia e os contextos
tradicionais de saúde e doença.

1978- iniciou-se a criação do departamento de psicologia da saúde da American


Psychological Association

1982 o primeiro número do seu periódico Health Psychology


Na europa
• 1984 – O Regional Office for Europe da Organização Mundial de Saúde,
sediado em Copenhague, publica um documento da autoria da European
Federation of Professional Psychologists Association, que esclarece a
contribuição da psicologia para a saúde

Em Portugal
• 1980- Um artigo de Pereira (1980) aborda a relação entre comportamento,
saúde e doença e, durante a década, outros artigos são publicados sobre o tema.
A associação dos psicólogos portuguesas (APPORT) publica uma colectânea de
artigos sobre o tema
• 1992- A analise psicológica publica um número temático sobre psicologia da
saúde
• 1994- tem lugar o 1º congresso nacional da psicologia da saúde com a
participação organizativa de elementos de todas as escolas de psicologia do país

Relação com disciplinas afins (outras áreas


científicas)
• Medicina psicossomática: estudo da interação dos fatores psicossociais e
biológicos na saúde e doença; área que engloba o conhecimento da psicologia da
saúde
• Medicina comportamental (Behavioral Medicina):
o 1973- Birk usou a expressão pela primeira vez para descrever os efeitos
de usar biofeedback no tratamento de desordens como os asma, etc.
o 1977. Blanchard define medicina comportamental como: “A psicologia
sistemáticas dos princípios e tecnologia da psicologia comportamental ao
campo da medicina, saúde e doença”
o 1977- Yale Conference on Behavioral Medicine (Schwartz & Weiss,
1978, p.7): “o campo dedicado ao desenvolvimento de conhecimentos e
técnicas da ciência do comportamento relevantes para a compreensão da
saúde e doença físicas e a aplicação deste conhecimento e técnicas à
prevenção, diagnostico e reabilitação.”
• Psicoterapia medica: aplicação da psicologia ao tratamento medico
• Relação com a medicina:
o Medicina: 1º foco é diagnostico e cura da doença. Tem uma orientação
biológica para as causas e tratamentos da doença.
o Psicologia da saúde: foca-se na prevenção da doença e promoção da
saúde. Expande a abordagem biológica para incluir os fatores
psicológicos e sociais

Modelos: biomédico e biopsicossocial


Modelo biomédico
• Dualismo cartesiano de corpo-mente como entidades separadas
• McClelland fala do modelo biomédico como um modelo mecanista
• Críticas:
o Promove a especialização e baseia-se em tratamentos caros e invasivos
o Não promove a prevenção, promoção da saúde ou a responsabilidade
individual

Modelo biopsicossocial
• Engel (1977, p. 130) num artigo pioneiro deste modelo refere: “temos de encara
a necessidade e o desafio de alargar a abordagem da doença incluindo o
psicossocial, sem sacrificar as vantagens enormes da abordagem biomédica.”

A psicologia da saúde assenta num:

• Modelo holístico: em que o individuo é visto como um todo


• A saúde e doença são também vistos como processos dinâmicos, em evolução
constantes, e explicados por uma multicausalidade
• A psicologia da saúde e doença como agente dos seus próprios estados se
saúde e doença
Os conceitos de saúde e doença e a sua relação
Definição de saúde
• Etimologia: a origem da palavra health é whoelness, semelhantes à raiz de
whole (inteiro) e holy (santo)
• Existe de facto uma associação entre saúde e religião em muitas culturas
• OMS: definia saúde como “estado de bem-estar físico, mental e social, total, e
não apenas ausência de doença”
A. Saúde não é, apenas, ausência de doença
B. A saúde manifesta-se ao nível do bem-estar e da funcionalidade
C. A saúde manifesta-se nos níveis mental, social e físico
D. Os aspetos físicos, mental e social, estão juntos e são interdependentes
E. A saúde define-se por uma configuração de bem-estar resultante de uma
autoavaliação, da expressão de uma opinião pessoal acerca de si próprio
• A saúde pode ser vista como um objetivo por si ou como um meio
• O’ Donnel (1986), defende que a saúde abrange 5 dimensoes
o Saúde emocional quie inclui a gestoa do stress e os cuidados com as
crises emocionais
o Saúde social abrangendo relação com amigos, família e comunidade
o Saúde intelectual que abrange a educação, o desenvolvimento da carreia
e a realização intelectual
o Saúde espiritual que abrange aspetos como o amor, a esperança, a
caridade e os objetivos de vida
o Saúde física que abrange a condição física, a alimentação, os cuidados
médicos e o controlo do abuso de substâncias

Definição de doença
Disiease, ter umas doença, pode ser bisto como um acontecimento biológico,
caracterizado por mudanças anatómicas, fisiológicas, bioquímicas, ou por sua
combinação

Illness, sentir-se doente, é um acontecimento humano, ex. consiste numa configuração


de desconforto e desorganização psicossocial, resultante da interação do individuo com
o seu meio
Sickness (illness behavior), comportar-se como doente- é vista como uma identidade
social, um estatuto ou um papel assumido por pessoas que foram rotuladas como não
saudáveis

Relação entre saúde e doença


Wellness continuum: trata-se de um continuo- saúde otima versus doença grtava ou
morte- representando dois polos imaginários

Doenças grave ou morte bem-estar completo

Dois eixos (downiw, fyfe & tannahill, 1990)


• O continuo bem-estar elevado versus bem-estar baixo representa-se num eixo
cruzado por outro eixo representando um continuo saúde versus doença
• O sistema de eixos de referência define quatro quadrantes
o Posição 1- seria um individuo sem nenhuma doença e bem-estar elevado
o Posição 2- teria uma doença grave e um
nível correspondente de mal-estar
o Posição 3- não teria nenhuma doença, mas
por qualquer razão, teria uma sentimento
de mal-estar
o Posição 4- apresenta um elevado nível de bem-estar coexiste com uma
doença grave

Stress
A relação entre fatores psico-sociais e a doença

1. A relação entre o stress e a doença: definição, modelos e fisiologua do stress


2. O stress e o sistema imunológico: psiconeuroinumologia

Relação entre fatores psico-sociais e adoença


História:

• W. Cannon: resposta de fuga-luta


• Hans Selye: sindorme geral de adaptação
o 3 fases: 1. Alarme; 2. Resistência; 3. Exaustão
Definição:

• Stressor: estímulo com o potencial de desencadear uma resposta de fuga-luta


• Reatividade de stress: reação fisiológica ou psíquica

Hans Selye: descreve as respostas do organismo a uma variedade de estímulos fiscos e


emocionais, incluindo dor, condições ambientais extremas, medo, raiva ou frustração.
Descreve stress como “resposta inespecífica do corpo a qualquer exigência para mudar”

Reações de alarme: chama atenção para o alarme dos mecanismos de defesa do corpo,
seguindo-se estádio de resistência, de exaustão e morte

Síndrome de adaptação geral: respostas com três fases

Doenças da adaptação: hipertensão, úlcera péptica, artrite e doença da artéria coronária

Stress: desequilíbrio entre exigências do meio e os recursos disponíveis do


individuo” (combinação stressor-reatividade). É uma resposta interna a uma estímulo
ou situação externo (stressor)

Tipos de stressores:

• Biológicos: infeção, trauma físico, doenças, fadiga


• Piscologicos: ameaça física, ataques à auto-estima, geração de sentimentos de
culpa
• Sociais: superpopulação, demasiado barulho, pressões económicas, guerra

Modelos
I. Modelo de Cannon de luta ou fuga
II. Modelo GAS (General Adaptation Syndrome)
1. Alarme
2. Resistência/ coping
3. Exaustão
III. Modelo de mudança de vida de Holmes e Holmes (1970)
• Acontecimentos do dia-a-dia podem agir como stressores e a
acumulação de pequenas mudanças podem ser tao importantes como
grandes stressores
• Críticas ao modelo
1. Acontecimentos positivos e negativos não tem o mesmo impacto
2. As características do individuo e interpretação pessoais afetam o
impacto
3. A classificação individual do evento é importante
4. O problema das avaliações retrospetivas
5. As experiências de vida podem interagir umas com as outras
6. O resultado das experiências de vida
7. Os stressores podem ser de natureza permanente ou de curta duração

Moos e Swingle (1990) identificou stressores contínuos:

• Ex. stressores relaticos a problemas financeiros


• Stressoeres relativos a trabalho (presso elevada)
• Stressores relativos ao parceiro, etc.

Conclusão
Os acontecimentos de vida não devem ser avaliados isoladamente, mas sim integrados
am duas facetas da vida de um individuo:

• Os seus recursos sociais permanentes (ex. redes socais, recursos financeiros)


• Os seus stressores permanentes

Papel dos fatores psicológicos no stress


Modelo de interação (Transaction Model) / transacional de stress (Lazarus, 1969)

• O stress não reside so no individuo ou situação, é uma interação dos dois


• Importância da definição subjetiva que a pessoa tem do acontecimento

O modelo transacional de stress


Lazarus e Folkman (1984)- descrevem as interações com o ambiente geram emoções e
como estas podem produzir respostas corporais de stress

Avaliações 1ª e 2ª:

• 1º avaliamos os acontecimentos pelo seu valor de ameaça


• 2º avaliamos as nossas opões para coping com as presumíveis ameaças usando
avaliações secundarias

Elementos principais da avaliação primaria:

• As nossas crenças acerca de como o mundo deveria funcionar e o nosso


compromisso a determinados cursos de ação
• Crenças e os compromissos- explicam as diferenças entre os indivíduos: o
mesmo acontecimento tem significados diferentes

Processos de avaliação: o papel da avaliação no stress


• Acontecimentos ambiental (stressor)
• Avaliação primaria (crenças e compromissos)
o Ameaça/ desafio Av. Secundaria
o Benigna/ irrelevante- ignora
• Avaliação secundaria (recursos, opções e eficácia)
o Comportamentos de coping
▪ Resposta comportamental: alterar o ambiente
▪ Resposta psicológica: alterar defesas, cognições
▪ Respostas biológicas: autonómicas, endócrinas e imunológicas
• Modelo de stress psicológico
o Processo
▪ Avaliação primaria do valor da ameaça
▪ Avaliação secundaria da eficácia das opções de coping
disponíveis

O stress como mudanças psicofisiológicas


• Excitação do sistema simpático e aumento da libertação de hormonas de stress
• Aumento dos fatores físicos (ex. ritmo cardíaco)
• Mudança nos fatores psicológicos (ex. ansiedade)

Autocontrolo e stress
• Autoeficácia: sentimento individual de confiança na capacidade de realizar uma
ação desejada
• Robustez: reflexo de uma sensação pessoal de controlo e um desejo aceitar
desafios, e comprometimentos
• Domínio: reflete o controlo de um individuo sobre a sua resposta ao stress

Fatores de stress: formas de autocontrole são importantes para perceber o stress

Autoeficácia e robustez limitam a força entre doença e stress

Quanto menor o autocontrole maior o stress

A relação entre stress e a doença


• O bem estra emocional e a capacidade de lidar (cope) com stress são altamente
preditores de boa saúde
• Muitas vezes é mais importante saber que tipo de paciente tem a doença do que
que tipo de doença o paciente tem
• O stress pode afetar a saúde de dois modos, através de mudanças
comportamentais ou mudanças fisiológicas
• Stress e mudanças comportamentais: fumar, álcool, alimentação, indivíduos que
tem altos níveis de stress apresentam maior tendência para o comportamentos de
adoecer ou ferir-se
• O stress pode resultar num aumento do consumo de álcool, cigarros, café,
redução do exercício, alimentação, etc.
• Todas estas mudanças estão ligadas ao desenvolvimento de diversas doenças
• Stress e aparecimento de doenças: o stress provoca aumentos das catecolaminas
e corticosteroides, o que afeta o sistema imunológico, tornado o individuo mais
suscetível a infeções
• Stress e progressão da doença: sofrer de stress durante a doença pode exacerbar
a doença através de mudanças fisiológicas
• Crenças e mudanças fisiológicas: o pessimismo poderá estar relacionado com a
saúde através da diminuição das células T e da imunodepressão
• Psiconeuroimunologia:
o Baseia-se na predição de que o estado psicológico do indivíduo pode
influenciar os seu sistema imunitário
o O sistema imunitário interage com os restantes sistemas
• Estado psicológico e imunidade:
o Humor positivo esta associado a um melhor funcionamento imunitário
o Supressão de pensamento e negação podem estar relacionados com o
inicio e progresspa de doenças
o Associação entre stress e a imunidade em termos de crescimentos de
tumores, atividades dos linfócitos, etc.
• Estudos mostram que o stress emocional poderia produzir estragos
cardiovasculares e morte súbito
• Walter Cannon- via o bem-estar ou a sobrevivência do organismo como
contingente da capacidade de manter constancia desse estado, ao qual ele deu o
nome homeostase
• O trabalho de Rosenman e Friedman- o comportamento tipo A coronário de
predisposição na doença cardiovascular
o Síndrome comportamental associado com níveis elevados de circulação
de catecolaminas e respostas hiperativas
o Sabe-se que é um fator de risco poderoso como o colesterol, cigarros e
hipertensão
o Exibe, impaciência, atividade muscular aumentada, mexer rítmico de
uma extremidade, padrões de respiração irregulares, responsividade ou
impulsividade hiperativa geral que resulta na procura de várias linhas do
pensamento ou ação simultânea;
o Competitividade aumentada- conduz à típica raiva e hostilidade do K
tipo A
o Mudar o K tipo A tem sido eficaz para reduzir acontecimentos
coronários recorrentes
• Acontecimentos de mudança de vida- contribuições para o stress
o Adolph Meyer- os indivíduos pareciam ficar doentes em relação com
mudanças de vida
o Holmes- escala para verificar quem se torna doente
o Dunbar introduziu o termo “psicossomático” e identificou vários tipos
de personalidade e características comportamentais que se correlacionam
com doença do coração, hipertensão e úlcera péptica
o Caroline Thomas e John Hopkins: certas características da
personalidade ou comportamentos podem demonstrar predispor não so
doenças coronárias, mas também hipertensão, suicídio, doença mental,
cancro, etc.
• Mecanismos da doença induzida pelo stress
o Psiconeuroimunilogia e declínio do sistema imunológico
o Distress- pode deprimir a competência imunológica mas também podem
existir emoções opostas como a fé, amor, criatividade e humor que
representam bom stress (eustress) e tem efeitos opostos
• A resposta ao stress envolve todo um reportório de secreção hormonal incluindo
endorfinas, melatonina e uma variedade de mensageiros e ainda por serem
descobertos
• A resposta ao stress nos humanos é altamente personalizada e varia em cada um
de nós ou mesmo no mesmo individuo em tempos diferentes
• O stress é um sentimento de “estar fora de controlo” pelo que é necessário

restaurar o sentido de controlo nos indivíduos que sofrem de queixas

relacionadas com o stress

• Efeitos do stress

o Os stressores físicos ou mentais podem causar doença física tal como

problemas mentais ou emocionais

Fatores mediadores da relação stress-doença


1. Personalidade, padrões de comportamento e doença física
2. Coping, estilos de coping e doença
3. Apoio social e doença

Lidando com o stress: quem fica doente e quem não fica

• Mente e corpo: coping com o stress


o Existem fatores que medeiam entre o stress e o desenvolvimento da
doença e que explicam porque o stress às vezes conduz à doença e outras
vezes não
• Por exemplo:
o Exercício
o Género
o Estilo de coping
o Acontevimentos de vida
o Comportamento/ personalidade tipo A
o Maior apoio social
o Controlo real ou percebido
• 3 categorias principais de recursos:
o Controlo percebido
o Personalidade
o Relações sociais
• O processo de coping
o O stress envolve uma inter-relação dinâmica entre:
▪ Os acontecimentos ambientais
▪ A avaliação desses acontecimentos pela pessoa
▪ E as suas respostas de coping
• Caraterísticas deste processo:
o O coping esta relacionado com as avaliações da pessoa
o O coping é um processo dinâmico
o O coping é orientado/ dirigido para o objetivo, para lidar com ameaças
percebidas
• Os recursos de coping que as pessoas mobilizam em resposta as stress
desempenham um papel importante em determinar a natureza e a extensão do
impacto do stressor
• Coping- mediador dos efeitos do stress- é um componente importante na relação
mente-corpo
• Coping e estilos de coping
o Definição- Folkman & Lazarus (1988): “esforços cognitivos para lidar
com exigências externas ou internas que são avaliadas como excedendo
os recursos da pessoa”
• Componentes cognitivos
o Antonovsky (1979): racionalidade, flexibilidade e previsão
▪ Racionalidade: uma avaliação objetiva e exata da situação ou
stressor
▪ Flexibilidade: disponibilidade de uma variedade de estratégias de
coping para lidar com o stressor e a vontade de considerar todas
elas
▪ Previsão: capacidade de antecipar as consequências de todas as
nossas estratégias
o Cohen e Lazarus (1979) distinguem 5 tarefas fundamentais de coping
com a doença
▪ 1. Reduzir efeitos do meio e aumentar as possibilidades de
recuperação
▪ 2. Tolerar ou adaptar-se a realidades e acontecimentos negativos
▪ 3. Manter uma autoimagem positiva
▪ 4. Manter equilíbrio emocional
▪ 5. Continuar relações satisfatórias com os outros
o Tarefas adicionais de coping
▪ Lidar com o meio medico e processos de tratamento
▪ Desenvolvimento de relações adequadas com os profissionais de
saúde
▪ Preparar-se para lidar com o futuro
o Exemplos de estilos de coping
▪ Resolução de problemas
▪ Evitamento de problemas
▪ Crença na realização dos desejos
▪ Apoio social emocional
▪ Apoio social instrumental
▪ Reestruturação cognitiva
▪ Distração
• Estilos de coping
o Lazarus & Folkman (1884)
▪ Focado no problema- dirigido ao controlo do stressor para
reduzir ou eliminar a sua pressão
▪ Focado na emoção- dirigido a controlar a resposta emocional
associada ao stressor
o Objetivos de coping e estratégias
▪ Coping focado no problema- tenta mudar a situação objetiva
mudando algo no ambiente ou como a pessoa interaje com o
ambiente
▪ Coping focado na emoção: consiste nos esforços da pessoa para
controlar o stress (distress) emocional associado à situação
o Coping focado na emoção
▪ Este tipo de coping é mais provável ocorrer quando a pessoa
acredita que existe pouco ou nada concreto que possa ser feito
para alterar os acontecimentos atuais
▪ Envolve frequentemente uma reavaliação
▪ Envolve distorção da realidade e enganar-se a si próprio
o Coping focado no problema
▪ Matheny e col. (1986) identificaram várias estratégias:
• Monitorização do stress- consciência da tensão crescente
e do que pode causar
• Estruturação- recolha de informação, inventário de
recursos e planeamento do seu uso
• Competências sociais- assertividade, intimidade e
autorrevelação
• Estilos de coping e doença
o Coping é um processo: o que pode ser apropriado numa fase da doença
pode não o ser depois
o Wolff, Friedman, Hofer e Mason (1972) estudaram as reações dos pais
de crianças com doença terminal. Os mais bem defendidos quando a
criança estava a morrer (negação) mostravam menos provas de stress
fisiológico. Mais tarde, depois da morte, eram os que se encontrava pior
• Os objetivos de coping podem ser alcançados através de estratégias para lidar
com o stress:
o Tomar ação direta para lidar com o stressor
o As pessoas podem procurar informação
o Procurar suporte social
o Foco nas emoções
• Qual a eficácia das estratégias?
o Depende muito da situação: tomar ação direta é eficaz quando existe uma
razão para acreditar que a situação pode ser mudada
o Estratégias imediatamente eficazes na resolução do stress podem não ser
eficazes em ajudar a pessoa a lidar (to cope) a longo prazo (ex. negação).
• Estudos de coping
o Suls e Fletcher: analisaram a eficácia de estratégias evitantes e não
evitante de coping com o stress a longo e curto prazo
o Táticas evitantes nas quais a pessoa tenta desviar a atenção da fonte de
stress ou da reação a isso, enquanto nas não evitantes a pessoas foca
atenção no stressor e nos seus efeitos
• As pessoas usam mais de uma estratégia ao lidar com qualquer stressor
o Estudos de Folkman e Lazarus: múltiplos métodos foram usados para
lidar com os episódios de stress e os sujeitos quase sempre usaram
estratégias de coping focado na emoção e no problema
• Coping e saúde
o Como é que estas estratégias de coping afetam a saúde?
o O coping pode influenciar a saúde indiretamente através de
comportamentos de mecanismos fisiológicos
o Efeitos indiretos: nem todas as estratégias de coping são adaptativas (a
pessoa pode negar a realidade da situação ou utilizar substâncias). Isto
pode reduzir a ativação emocional, mas tem efeitos adversos na saúde
o Efeitos diretos: as estratégias de coping tem efeitos nas respostas
fisiológicas a situações stressantes (ex. efeitos do stress na pressão
sanguínea)
• Moderadores internos do stress
o Controlo psicológico
o Características da personalidade
o Papel das relações sociais
• O que é o controlo?
o Atribuições e controlo: o controlo ao nível das atribuições de
causalidade
o Autoeficácia e controlo: o controlo esta implícito no conceito de
autoeficácia de Bandura
o Categorias de controlo: comportamental, cognitivo, decisonal, da
informação, retrospetivo
o Realidade de controlo: controlo percebido e controlo real
• Controlo psicológico como um moderador do stress
o A falta de controlo esta relacionada com o stress
o O sentido de controlo pode reduzir o stress e contribuir para o coping
eficaz
• Diferenças individuais no controlo percebido
o Locus de controlo: interno e externo
o Autoeficácia: relação stress-doença é reduzida para indivíduos com
elevado sentido de autoeficácia
• Será que o controlo afeta a nossa resposta de stress?
o Experiência subjetiva: quando o stressor é previsível há uma
diminuição nas experiências subjetivas de stress
o Mudanças fisiológicas: se um stressor for considerado incontrolável, a
libertação de corticosteroides aumenta
• Associação entre controlo e saúde
o Modelo de tensão no emprego (Karasek & Theorell, 1990): a
combinação de elevadas pressões de trabalho, baixa satisfação e baixo
autocontrolo prediziam a doença coronária
o Controlo e comportamento preventivo: elevado controlo possibilita
manter um estilo de vida saudável
o Controlo e comportamento pós-doença: elevado controlo possibilita
mudar de comportamento aos a doença
o Controlo e fisiologia: o controlo influencia a saúde através das
mudanças fisiológicas
o Controlo e responsabilidade pessoal: alto controlo pode levar a
sentimentos de responsabilidade pessoal
• Traços de personalidade e stress
o Os traços de personalidade afetam o stress?
▪ Certos traços de personalidade refletem os recursos pessoais e são
modeladores de stress: otimismo, autoconceito, hostilidade
• Autoconceito: auto complexidade como Buffer contra o stress
• Autoestima: buffer
• Hostilidade: pessoas que são hostis face à adversidade mostram reações mais
fortes em situações stressantes e tem resultados mais pobres de saúde
• Existe uma personalidade que predispões para a doença?
o Certos tipos de personalidade pedem predispor aos efeitos do stress e o
desenvolvimento de doenças
o Os resultados sugerem a possibilidade de uma personalidade que
predispõe à doença, na qual as pessoas estão predispostas a experienciar
emoções negativas e estão mais suscetíveis à doença
• Existe uma personalidade resistente?
o Kobasa (personalidade resistente): a pessoa que possui maior
probabilidade de ficar saudável face ao stress é a pessoa que possui 3
características chave:
▪ Compromisso: indivíduos resistentes acreditam neles próprios e
no que estão a fazer
▪ Possuem sentido de controlo sobre o que lhes acontece
▪ Desafio: esperam mudança e olham para os acontecimentos
stressantes como desafios que oferecem a oportunidade para
crescer
• Resistência: é um buffer contra o stress
• O suporte social percebido e o exercício ajudam a amortecer o stress por si,
mas indivíduos com personalidade resistente beneficiam ainda mais

Personalidade, padrões de comportamento e doença


física
• Introdução histórica
o A relação entre traços de personalidade e características psicológicas
tem origem na medicina pré-cartesiana
o Primeira metade do seculo- enfase posto no papel de conflitos
emocionais crónicos e a etiologia de doenças físicas
o Outros autores sugeriram que certas tendências como desistir,
depressão, incapacidade de expressar emoções, estavam relacionadas
com uma suscetilidade geral à doença
• Abordagens concecionais/modelos
o A. A personalidade como fator causal na doença
▪ A personalidade está envolvida na etiologia da doença antes dos
sintomas se manifestarem
▪ Personalidade tem um papel no curso e resultado da doença
depois desta se manifestar
o B. abordagens alternativas
▪ Os fatores associados à doença alteram os atributos
psicológicos
▪ Um conjunto de traços caracteriza os indivíduos que tem a
maior probabilidade de notar sintomas ou procurar ajuda medica
▪ Mudanças neurológicas, endócrinas e metabólicas podem ocorrer
antes da doença se manifestar e estas mudanças biológicas pré-
clínicas podem influenciar os traços psicológicos pré-
mórbidos
o C) Impotência- desesperança: o complexo de desistir-desistido
▪ Engel et al.: um conjunto de características psicológicas
influência a suscetibilidade a doenças de vários tipos. O estado
psicológica de impotência ou desesperança é considerado um
percursor geral de doença
▪ Algumas provas vêm dos estudos relacionado luto e doença
• Personalidade e etiologia da doença
o Formulações teóricas
▪ A) teoria do conflito nuclear de Alexander et al.: os conflitos
inconscientes e as emoções produzidas por estes estão associados
ao inico de doenças especificas
▪ B) hipótese da especificidade de atitude: Graham et al.
Tentaram explicar as doenças do SNA examinando as atitudes
especificas de doentes na altura do aparecimento dos sintomas
• Padrões de comportamento e doenças cardiovasculares: o comportamento
tipo A
o Definição “…acima de tudo uma luta constante, um esforço ininterrupto
para conseguir ou realizar mais e mais coisas ou participar em mais e
mais acontecimentos em menos e menos tempo, frequentemente em face
de oposição- real ou imaginada- se outras pessoas. A personalidade tipo
A é dominada por insegurança latente em relação ao status, ou
hiperagressividade, ou ambas”
• Medidas
o Para medir o comportamento tipo a Rosenman e colegas elaboram um
instrumento “Structured interview” SI de 15 minutos com questões
sobre comportamento, mas também provocações para ver a reação
o Jenkins Activity Survey (JAS): mais objetiva, tem questões sobre
velocidade, impaciência, envolvimento no trabalho e drive
o Escala de Framingham: itens sobre velocidade, impaciência e sentido
de urgência, drive, fadiga e satisfação no trabalho
• Comportamento tipo A e doenças cardiovasculares
o Western Collaborative Group Study (1976) – 3.454 homens de meia
idade sem DCV seguidos durante 8.5 anos.
▪ Tentou-se predizer os ataques de coração através de SI para
classificar em A ou B, tendência do sangue para coagular, teste
de lipoproteínas de alta densidade.
▪ Os tipo A tinham 2 a 3 vezes mais ataques de coração do que os
B.
▪ Framingham Heart Study – tipo A preditor de DCV em homens e
mulheres.
▪ Existem resultados contraditórios: tipo A não foi capaz de
predizer DCV através de angiografia...
▪ Multiple Risk Factor Intervention Trial – 12.855 homens em
risco.
• Mecanismos fisiológicos
o Tipo A- ativação do SNS-hiperatividade ao stress. Função
neuroendócrina: níveis elevados de catecolaminas
o Estas respostas em circunstâncias particulares: situação de competição
em que há provocação do competidor, desafio do meio, especialmente de
ordem psicológica (tarefas difíceis)
Traços e etiologia do cancro
• Traços de personalidade relacionados por vários cientistas com a etiologia do
cancro são: conflitos inconscientes, incapacidade ou expressão pobre de
emoções (especialmente as negativas), falta de ligação afetiva aos pais e
depressão
o Estudos de Thomas e colegas (1982) na John Hopkins University – 913
estudantes de medicina seguidos durante 10-15 anos. 20 com cancro –
falta de ligação afetiva aos pais.
o Dattore e col. (1980) – valores mais baixos de depressão e mais
repressão de emoções.
• A) Tendências de coping e progressão das doenças
o Tendências de coping: tendências de um indivíduo para usar um modo
particular de coping com alguma consistência numa variedade de
encontros stressantes (Cohen & Lazarus, 1979).
o Depressão e moral baixo – os deprimidos levam mais tempo a recuperar
duma doença e mostram mais mortalidade de uma doença séria.
o Negação e a critica às tendências de coping
▪ Cassem e Hacket (1971) desenvolveram um modelo de
progressão por fases das reações emocionais da pessoa com
enfarte do miocárdio:
• 1. Ansiedade elevada na altura de admissão hospitalar;
• 2. Mobilização da negação e o doente acha difícil
acreditar que realmente teve um ataque;
• 3. Ansiedade diminui, o doente protesta ser detido na
unidade, insiste em voltar às atividades normais, torna-se
difícil;
• 4. Depois de vários dias doente, fica mais consciente das
suas limitações e a depressão surge.
• B) Comportamento tipo A e progressão da doença cardiovascular
o Tipo A – 2 vezes maior probabilidade de ter um segundo enfarte num
período de 8.5 anos – é preditor de recorrência de ataque.
o Relação tipo A e adaptação pós-hospitalar mais pobre em cirurgia.
o Negação e a critica às tendências de coping
▪ Há poucas provas de consistência no modo de coping com uma
doença com o tempo e com várias doenças
▪ Depende do estado da doença e experiência previa com esta
• C) estudos de prognóstico do cancro
o 2 estudos de mulheres com cancro no peito (Derogatis et al., 1979; Greer
et al., 1979): aqueles doentes que expressam hostilidade e raiva reagem
melhor que aqueles que não expressam emoções ou reagem com
impotência
▪ Derogatis- aquelas mulheres que sobreviviam menos também
relatavam menos afetam negativo
▪ Greer- mulheres em 5 anos de seguimento- os estilos de negação
e de lutar tiveram resultados mais favoráveis do que os que
aceitavam estoicamente a doença ou reagiam com impotência
• Abordagens não causais
o A) efeitos dos correlatos biológicos do processo de doença
▪ Certos tipos de cancro, como a leucemia e cancro dos pulmões
podem ter efeitos diretos no cérebro e comportamento
▪ Efeitos indiretos resultantes de mudanças metabólicas, endócrinas
e hematológicas antes do cancro ser clinicamente diagnosticado
▪ Efeitos das desordens cardiovasculares no funcionamento
cognitivo: hipertensão- défices em testes complexos de
velocidade e funcionamento intelectual
o B) comportamento de doença e correlatos psicológicos
▪ Estudos: depressão, stress emocional, e luto podem aumentar a
procura de tratamento
o C) efeitos da experiência com o sistema de saúde
▪ Derogatis- mulheres que sobreviveram menos também tinham
sido sujeitas a mais quimioterapia
▪ Necessidade de mais investigação nesta área
▪ Necessidade de explorar mecanismos fisiológicos subjacentes a
estas relações
▪ Estudar a psicofisiologia da emoção, papel da cognição na
emoção
• Coping com o stress através do apoio social
o Recursos internos para lidar com o stress: as crenças das pessoas acerca
do controlo e certas características da personalidade parecem
desempenhar um papel mediando as resposta ao stress
o Somos profundamente influenciados pelas nossas relações com os outros
de forma positiva e negativa
• 1. O que é o apoio social?
o Conceito de suporte social: é a ajuda e apoio/consolo/cuidados/estima
que as pessoas recebem ou sentem receber das interações com os outros
o Diferente tipos de apoio: o apoio social tem 4 funções básicas:
▪ Apoio à estima
▪ De informação
▪ Instrumental
▪ Companheirismo social
• 2. Suporte e saúde
o Diversidade de medidas do apoio social: medidas da rede social e
medidas da função de apoio
o Efeitos na saúde:
▪ Buffer contra os efeitos de stress (efeito amortecedor)
▪ O apoio social tem efeitos independentes do stress (efeito
principal)

Apoio social e doença


Modelos
a. Modelo do efeito principal
i. Foca-se nas relações sociais básicas e redes sociais, na estrutura
do apoio social
ii. Segundo este modelo fazer parte de uma rede social alargada
proporciona experiências positivas e um sentido de que a vida é
previsível e estável
iii. Isto aumentara o bem estra independente do nível de stress vivido
b. Modelo do efeito amortecedor
i. Recursos interpessoais que nos protegem contra os efeitos
negativos do stress ao irem de encontro às necessidades criadas
pelo stress. Foco no aspeto funcional do apoio social, na
qualidade das relações
• Três tipos de apoio social
o Instrumental: ajuda direta (empréstimos, presentes, serviços). Reduz o
stress pela resolução direta do problema ou aumentando tempo para
descanso ou relaxamento
o Informacional: dar informação, conselho, feedback acerca da pessoa
o Estima: dá um sentido de que somos valorizados e tidos em conta

Efeitos positivos do apoio social


• Hoje não se contesta que existe uma relação positiva entre apoio social e a
saúde
• Estudo de Framingam- secretarias/rececionistas com supervisores pouco
apoiantes tinham maior probabilidade de desenvolver doença coronária
• Medalie e Goldbourt (1976) - estudo longitudinal de 5 anos de 10.000 homens
com doença coronária. Os doentes reduziam consideravelmente a sua angina de
peito quando tinham mulheres que os apoiavam

Efeitos negativos do apoio social


• Kulik e Mahler (1989) - os doentes solteiros recuperavam mais facilmente do
que os casados que recebiam poucas visitas das esposas
• Investigações- o apoio social tinha efeitos positivos para as mulheres com
recursos pessoais fortes (educação, salario, traços psicológicos) mas não para os
com recursos pobres
• Dois traços que interagem com o apoio socia:
o Competência: sentido de responsabilidade e impacto das nossas ações.
Hobfoll e Lerman (1988)- mulheres com competência alta sentiam
menos stress psicológico e beneficiavam mais do apoio social do que as
com competência baixa
o Intimidade: estudo em mães israelitas (Hobfoll & Lerman, 1988)
mostrou que a intimidade com a esposa aumentava a resistência ao stress
enquanto a intimidade com a família tinha o efeito oposto.
Conclusões
1. O apoio social só medeia a relação stress-doença em circunstâncias em que o
indivíduo é exposto a níveis altos e crónicos de stress.
2. O apoio social tem efeitos diferentes em doenças diferentes (e.g., úlcera versus
angina de peito).
3. Muitos tipos de apoio social servem esta função amortecedora (esposa,
supervisor, colegas).
4. Certos recursos sociais mais importantes para mediar certos stressores (e.g., no
trabalho – colega ou supervisor, saúde em geral – esposa, família e amigos).
5. Apoio social mediador importante independentemente de variáveis sócio-
demográficas e ocupacionais do indivíduo, rural ou urbano, mulheres grávidas,
cientistas, executivos, etc.

A psicologia na evolução da doença


Doença coronária
• É causada por endurecimento das artérias, estreitadas por depósitos gordos.
• Pode resultar em angina ou ataque cardíaco.

Prevalência da doença coronária


• 33% das mortes em homens com menos de 65 anos
• 28% de todas as mortes
• Principal causa de morte em Portugal
• Maior risco para o género masculino na meia-idade
• Com o avançar da idade os géneros equiparam-se

Fatores de risco da doença coronária


• Não modificáveis
o Nível de escolaridade
o Idade
o Sexo
o Etnia
• Modificáveis
o Tabagismo
o Obesidade
o Estilo de vida sedentário
o Stress percebido do trabalho
o Comportamento tipo A

Papel da psicologia na doença coronária


• Na predição e mudança de fatores comportamentais de risco
o Alimentação
o Tabagismo
o Exercício
• No desenvolvimento de programas de reabilitação, prevenindo re-enfartes.

Predizer e modificar fatores comportamentais de risco


1. Fumar
✓ 1 em 4 mortes por D.C. é causada pelo consumo de tabaco
✓ Fumar mais de 20 cigarros por dia aumenta 3 vezes o risco de D.C. na
meia-idade
✓ Deixar de fumar pode reduzir o risco de outro ataque cardíaco naqueles
que já tiveram 1
2. Alimentação
✓ Níveis de colesterol e D.C.
✓ 20% de uma população com altos níveis de colesterol tem 3vezes maior
probabilidade de morrer da doença do que os 20% com os níveis mais
baixos.
✓ Níveis de colesterol determinados através da quantidade de gordura
saturada consumida (e.g., gordura animal);
✓ Redução do colesterol através de uma redução nas gorduras totais e
gorduras saturadas e de um aumento em gorduras polinsaturadas e de
fibra na dieta.
3. Tensão arterial alta
✓ Quanto mais alta maior o risco;
✓ Um decréscimo na média da pressão arterial da população pode reduzir
em 30% a mortalidade atribuída à doença coronária;
✓ T.A. Relacionada com muitos fatores
i. Ingestão de álcool
ii. Consumo de sal
iii. Exercício, etc.
4. Comportamento tipo A
✓ Factor de risco da D.C. mais estudado
✓ Comportamento tipo A (Friedman & Rosenman, 1959):
i. Competitividade
ii. Impaciência
iii. Hostilidade excessiva
iv. Discurso vigoroso
✓ Entrevista semiestruturada – identificou 2 tipos de comportamentos tipo
A
i. A1: vigor, energia, vigilância, confiança, falar alto, falar rápido,
discurso tenso e entrecortado, impaciência, hostilidade,
interrupções, uso frequente da palavra “nunca” e “absolutamente”
ii. A2: semelhante ao tipo 1 mas não tão extremo
iii. B: relaxado, sem interrupções e mais calmo
✓ Jenkins Activity Survey (1971) – avaliação do comportamento tipo A.
✓ Apoio empírico para a relação entre o comportamento tipo A e a D.C.
(e.g., Rosenman et al., 1975)
5. Stress
✓ Karasek e Theorell (1990) – modelo de controlo do stress do trabalho e
do stress das exigências do emprego
i. Defende o controlo pessoal sobre o stressor
ii. O stress do emprego prediz a D.C.
iii. 2 aspetos de tensão no emprego: As exigências (condições) e a
autonomia (controlo)
✓ Karasek e Theorell (1990) – hipótese das exigências e controlo do
emprego: Sugere que alta exigência e baixa autonomia no emprego
(controlo) predizem a D.C.
✓ Apoio emocional: confiança entre os colegas e a coesão social
✓ Apoio social instrumental: disponibilidade de recursos adicionais e
assistência
✓ Estudo de Karasek e Theorell (1990)
i. Os sujeitos do grupo de apoio social elevado apresentaram menos
sintomas de DC do que os do grupo de menor apoio social.
ii. Alto controlo e baixas exigências do emprego prediziam poucos
sintomas de DC.

Avaliação das doenças cardiovasculares


✓ Objetivos da avaliação nas DCV:
o reduzir os riscos associados à doença
o prevenir a recidiva da doença
o promover a adaptação à doença/adesão

a psicologia e a reabilitação de doentes com doença coronária


1. Modificação do Exercício
a. Programas de reabilitação enfatizam o restabelecimento do
funcionamento físico através do exercício.
b. Suporte empírico – os estudos sugerem que o exercício físico pode ter
efeitos favoráveis na mortalidade cardiovascular.
2. Modificação do Comportamento Tipo A
a. Recurrent Coronary Prevention Project (Friedman et al., 1986) –
tentativa de modificar o comportamento tipo A.
b. Questões: poderá o comportamento de tipo A ser modificado?
c. Essa modificação poderá reduzir as hipóteses de uma recorrência do
ataque cardíaco?
d. N=1000 Intervenção de 5 anos
e. Sujeitos que tinham sofrido ataque cardíaco colocados em 3 grupos
i. Aconselhamento de cardiologia
ii. Modificação do K tipo A (crenças e importância do K,
relaxamento, R.C.)
iii. Sem tratamento
f. Resultados:
i. O grupo de modificação do comportamento tipo A apresentava
uma recorrência reduzida de ataques cardíacos
ii. Sugere que o K tipo A pode ser modificado
iii. Quando é modificado poderá haver uma redução no número de
novos enfartes
3. Modificação dos fatores gerais do estilo de vida
a. Programas de reabilitação que visam modificar outros fatores de risco
(e.g., fumo e alimentação)
b. Resultados do estudo de Van Elderen e col. (1994)
i. Os doentes que tinham recebido educação e aconselhamento de
saúde relatavam: Maior aumento na atividade física e maior
redução nos hábitos alimentares pouco saudáveis
4. Modificação do Stress
a. Controlo do stress implica:
i. O ensino das teorias do stress;
ii. O encorajamento da tomada de consciência dos fatores que o
podem desencadear;
iii. Ensino de diversas estratégias para a sua redução.
b. Êxito do Controlo do stress
i. Reduzir alguns factores de risco da D.C.: tensão arterial alta,
nível de colesterol, comportamento tipo A;
ii. Reduzir a angina de peito (preditiva de ataque cardíaco e/ ou
morte);

Desordens relacionadas com o sistema imunológico


Doença oncológica
Cancro “...crescimento incontrolável de células anormais que produzem tumores
denominados neoplasias.” Ogden (2004, p. 367)

✓ Tumores:
o Benignos
o Malignos
✓ Células cancerígenas
o Carcinomas
o Sarcomas
o Leucemias
Prevalência do cancro
✓ Seis milhões de novos casos anuais de cancro no mundo
✓ Exemplo de causas de mortalidade:
o Homens
▪ Cancro do pulmão (36%)
▪ Cancro colorretal (11%)
▪ Cancro da próstata (9%)
o Nas mulheres:
▪ Cancro da mama (20%)
▪ Cancro do pulmão (15%)
▪ Cancro colorretal (14%)
▪ Cancro dos ovários (6%)
▪ Cancro do colo do útero (3%)

Papel da psicologia no cancro


✓ Galeno - Associação entre a melancolia e o cancro;
✓ Gedman (1701) - O cancro podia estar relacionado com os desastres de vida;
✓ 85% dos cancros são considerados potencialmente evitáveis.
✓ Papel da psicologia ao nível:
o Das atitudes e das crenças sobre o cancro;
o Na predição de comportamentos como fumar e fazer dieta (génese);
o Consequências psicológicas;
o Implicações na qualidade de vida.
✓ 1º. As células cancerígenas estão presentes na maioria das pessoas, mas nem
todas vêm a sofrer de cancro.
✓ 2º Embora a investigação sugira uma ligação entre o tabaco e o cancro do
pulmão. nem todos os grandes fumadores desenvolvem o cancro.
✓ 3º Nem todos os que têm cancro apresentam a mesma velocidade de evolução
para a morte;
✓ 4º Nem todos aqueles que sofrem de cancro morrem dele.
✓ Papel da psicologia no cancro:
o 1 – No início e favorecimento do cancro
o 2 – Consequências psicológicas do cancro
o 3 – Forma de lidar com os sintomas do cancro
o 4 – longevidade e promoção de intervalos livres da doença

Desenvolvimento
Fatores biopsicossociais
Evolução/prognóstico

Doença oncológica
✓ Percursores Biopsicossociais do Cancro
o Fatores comportamentais
o Stress
o Acontecimentos de vida
o Estilos de coping
o Depressão
o Personalidade
✓ Consequências Psicológicas
o Respostas emocionais: Depressão, falta de controlo, mudanças da
personalidade, ansiedade...
o Respostas cognitivas: Espírito lutador, fatalismo, desamparo,
preocupação ansiosa...
Fatores psicossociais no aparecimento e favorecimento do cancro
✓ Fatores comportamentais
o Desempenham um papel no aparecimento e favorecimento do cancro;
o Smith e Jacobson (1989): 30% dos cancros estão relacionados com o
consumo de tabaco; 35% com a alimentação; 7% com o comportamento
reprodutor e sexual; 3% com o álcool
✓ Stress
o Laudenslager e col. (1983) – decréscimo na taxa de desenvolvimento do
tumor se o stressor pudesse ser controlado;
o No entanto Sklar e Anisman (1981) – sugeriram que um aumento no
stress promovia o desenvolvimento de cancro e não o seu aparecimento;
✓ Acontecimentos de vida
o Jacobs e Charles (1980) – nas famílias com uma vítima de cancro tinha
havido maior número de membros com mudanças de casa, mudanças de
comportamento, deterioração do estado de saúde noutros que não a
própria pessoa e divórcios;
o Os acontecimentos de vida podem contribuir para o aparecimento do
cancro.
o Dados contraditórios do estudo de Petticrew e col. (1999): Não
encontraram provas sólidas de uma relação entre acontecimentos
stressantes de vida e cancro da mama.
✓ Controlo
o Papel no aparecimento e desenvolvimento do cancro;
o O controlo sobre os stressores e os fatores ambientais pode estar
relacionado com um aumento do aparecimento do cancro.
✓ Estilos de Coping
o Estratégias de descomprometimento e de evitamento, como o consumo
de tabaco e álcool, podem estar relacionadas com um maior risco de
cancro.
✓ Depressão
o Relação entre depressão, cancro e stress crónico ligeiro, mas não com a
depressão clínica.
✓ Personalidade
o Temoshok e Fox (1984) – os indivíduos que desenvolvem cancro têm
uma «personalidade do tipo C»
▪ Passiva
▪ Apaziguadora
▪ Com sentimento de incapacidade
▪ Desesperada
▪ Centrada nos outros
▪ Emocionalmente inexpressiva
o Eysenck (1990) – descreveu uma personalidade com tendência para o
cancro:
▪ Característica dos indivíduos que reagem ao stress com desespero
e sentimento de incapacidade e que reprimem as reações
emocionais aos acontecimentos de vida;
▪ Contudo, a relação entre personalidade e cancro não é linear.
✓ Robustez (hardiness)
o Kobasa e col. (1982) – descreveram um estilo de coping chamado
“robustez” com 3 componentes:
▪ Controlo
▪ Compromisso
▪ Desafio
▪ Robustez – pode ser protetora face ao desenvolvimento do
cancro.
o Baixo controlo – sugere uma tendência para apresentar sentimentos de
desespero face ao stress;
o Compromisso – oposto de alienação (e.g., encontrar significado para o
seu trabalho, valores relações pessoais);
o Desafio – consideram os acontecimentos stressantes como desafios a
serem enfrentados com êxito.

Consequências psicológicas do cancro


✓ Respostas emocionais
o Depressão
o Luto
o Falta de controlo
o Mudanças de personalidade
o Fúria
o Ansiedade
✓ Respostas cognitivas
o «Espírito de luta» está negativamente correlacionado com a ansiedade e a
depressão;
o Fatalismo, desamparo, preocupação ansiosa relacionados com o humor
negativo.
o Teoria da adaptação cognitiva (Taylor, 1983): A combinação do
significado, mestria e automelhoramento cria ilusões que são
componentes fundamentais das tentativas de coping.

Papel da psicologia no alívio dos sintomas e qualidade de vida


✓ A psicologia tem um papel a desempenhar no alívio dos sintomas de cancro e
na promoção da qualidade de vida.
✓ Intervenções psicossociais: têm sido usadas para tentar aliviar alguns dos
sintomas dos doentes de cancro e melhorar a sua qualidade de vida.
✓ Experiência de doentes com cancro pode incluir:
o Dor violenta
o Dificuldades respiratórias
o Vómitos
o Insónias
o Perda do controlo dos intestinos e da bexiga
o Perda de apetite
o Confusão mental
✓ Intervenções Psicossociais:
o Controlo da dor
▪ Gestão da dor através de técnicas de controlo da dor (e.g.,
biofeedback)
▪ Descrever e monitorizar a dor
▪ Encorajar a desenvolver competências de coping
▪ Utilizar imagens positivas
▪ Centrar a atenção noutros aspetos
✓ Intervenções de apoio social
o Grupos de apoio que dão importância ao controlo e às atividades
significativas;
o Objetivo de reduzir a negação e promover a esperança;
o Estas intervenções podem melhorar o significado de vida destes
doentes.
✓ Tratamento das náuseas e dos vómitos
o A quimioterapia pode causar náusea antecipatória, vómitos e
ansiedade;
o Condicionamento da resposta, relaxamento, hipnose,
dessensibilização, imaginação guiada: Redução das náuseas e
ansiedade
✓ Aconselhamento sobre a imagem alterada do corpo
o Aconselhamento dirigido à imagem alterada do corpo pode melhorar
a qualidade de vida (e.g., luto pela perda de parte do corpo).
✓ Estratégias cognitivas de adaptação
o Melhorar o sentimento de autoestima dos doentes, a sua capacidade
de estar perto de outros e melhorar o significado da vida;
o Estes métodos implicam que o doente se supere, o que está
relacionado com melhorias no bem-estar.
✓ O trabalho dos Simonton e Simonton (1975): Aplicam fatores e intervenções
psicossociais como parte de uma abordagem holística da pessoa para
melhorar a qualidade de vida.
✓ Processos:
o Relaxamento (diminuir tensão muscular e dor)
o Imagética (centrar a atenção em aspectos positivos)
o Programas de exercício (aumentar a sensação de bem-estar)
✓ A psicologia tem um papel a desempenhar na compreensão do cancro, não
apenas em termos de crenças e comportamentos que podem estar
relacionados com o aparecimento do cancro, mas também ao nível das
consequências psicológicas, tratamento dos sintomas, melhoria da qualidade
de vida, intervalos livres de doença e longevidade.

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