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Psicologia Hospitalar

Doença
Antiguidade - Medicina mágico-religiosa:

Doença: Resultado de transgressão individual ou coletiva.

Tratamento: Rituais para reestabelecer conexão com o divino.

Grécia clássica - Medicina empírico-racional (Hipócrates)

Doença: Fenômeno natural. Desequilíbrio corpo-ambiente.

Tratamento: Investigação clínica, aspectos pessoais.

Séc. XV – Paracelso

Doença: Entidade independente do sujeito.

Tratamento: Medicamentos químicos.

Séc. XVI - Modelo Biomédico (fruto dos avanços científicos do Renascimento).

Doença: Corpo-máquina. Organismo biológico.

Tratamento: Sintoma isolado (cirurgia, medicamento).

1948: Mudança no conceito de saúde proposto pela OMS.

“Saúde é definida como um estado de completo bem-estar físico,


mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade.”

Modelo Biomédico
Também chamado de modelo mecanicista
Baseado no referencial técnico-instrumental das ciências biológicas que exclui totalmente a
compreensão dos significados subjetivos e socioculturais atribuídos à doença.
Visão unicausal da doença: a natureza biológica, incluindo também aspectos físicos e
químicos.

Este modelo foi influenciado pela ideia de causa e efeito e consequente distanciamento da
visão integral do ser e do adoecer.
Modelo Biopsicossocial
Compreende a origem da doença como decorrência da soma de variadas causas. Engloba as
dimensões biológica, psicológica e sociocultural.

Propõe a prevenção de doenças e promoção da saúde.


Contempla a participação do paciente nas decisões sobre o tratamento
Visa minimizar o surgimento de ansiedade ou da depressão, além de facilitar a adesão ao
tratamento e a boa evolução psicológica e emocional.

Diferença entre o paciente do consultório, do hospital e do


posto de saúde.
1. Demanda
2. Sofrimento
3. Intervenção

Consultório: Demanda psicológica.

Hospital: Demanda de tratamento para doença. Psicólogo procura pelo paciente.

Posto: Demanda de tratamento para doença. Diferente estágio da doença.

Implicações emocionais para os pacientes hospitalizados


 Hospitalização - intervenções invasivas e dolorosas
 Reações emocionais de paciente e familiares diante da internação.
 Despersonalização (retirada abrupta da rotina)
 Sentimento de dependência
 Isolamento
 Ansiedade
 Desamparo Implicações emocionais da hospitalização
 Ambivalência em relação à equipe e protocolos.
 Distância da família
 Dificuldades com a rotina hospitalar
 Medo do hospital ou afins
 Ruptura com o modo de vida anterior à internação
 Prolongamento da internação
 Problemas de comunicação equipe-paciente
 Discriminação e estigmatização do doente
 Perda da autonomia.
Reações defensivas frente ao sofrimento:

1. Afastamento da realidade
2. Negação
3. Raiva
4. Conformismo.

Medicina -> visão objetiva – cura

Psicologia -> visão subjetiva - não oferece discurso curativo

Ambas compreendem e interpretam o sintoma.

Sintoma na Medicina
O sintoma para a medicina é dotado de sentido, algo detectável no organismo que
permite que o médico identifique que algo naquele órgão ou em sistemas correlatos
não vai bem.
Cabe ao médico, com base em seus estudos e articulações teóricas, nos outros sintomas
correlatos, nos exames realizados e processos diagnósticos, compreender e referir
sentido a esses sintomas.
Clínica descritiva -> Conjunto de sintomas indicam diagnóstico.

Sintoma na Psicologia
Sintoma não é dotado de sentido.
A Psicologia entende os sintomas psíquicos não necessariamente como um sinal de
doença.
O sintoma é a marca do sujeito, algo que só pode ser compreendido dentro da história
de cada indivíduo.
Desta maneira, o sintoma não remete a uma classificação diagnóstica, mas à experiência
do próprio sujeito.
Objetivo não é calar o sintoma, mas ouvi-lo.
Psicossomática
Não há dissociação corpo-mente

Termo “doença psicossomática” não é mais adotado, pois independente de sua


etiologia, ela acontece em um ser humano detentor de vida mental, social e
biológica, portanto, passa a ser um fenômeno psicossomático, ou seja, segundo a
compreensão atual na área, toda doença é psicossomática.
A doença expressa e revela a forma de um indivíduo viver e sua interação
com o mundo.

Obedece uma pluricausalidade, ou seja, a fatores bio-físico-químicos, como


agentes bacterianos, dietas, clima, genéticos, entre outros, e a fatores de ordem
psíquica e social, e compromete uma pluridimensionalidade, visto que todo ato
humano ocorre simultaneamente nos níveis somático, mental e social.

No máximo, temos a expressão predominante em um dos três níveis do existir.

A psicossomática, como um campo de compreensão, busca um entendimento na relação


mente-corpo e dos processos de adoecimento, partindo, principalmente:

Da observação dos distúrbios físicos nos quais processos emocionais


desempenham um papel

Ou de situações observadas nas diversas clínicas (hospitalar, psicológica, médica


etc.), nas quais uma perturbação psicológica (estresse, como comumente
apontado)

Aumenta o risco de se desenvolver ou agravar doenças físicas

A não existência ou a impossibilidade momentânea de se trabalhar com palavras,


componentes afetivos, metafóricos acerca do que se está vivendo acaba por
comprometer esse funcionamento e deixa o sujeito à mercê de descargas pelo
comportamento ou quadros de somatização.

É função do psicólogo estimular no paciente qualquer manifestação subjetiva de


maneira a integrar na sua história – com palavras – o que pode facilmente ser vivido
como traumático ou intolerável.
Intervenção Psicológica
1. Busca apenas compreender se outros aspectos podem estar associados ao
adoecimento

2. Favorecer a adaptação, estimulando que o paciente receba (e busque)


informações a respeito de seu quadro clínico e tratamentos possíveis

3. Escuta do significado que o paciente dá à sua doença ou ao seu sofrimento (seja


orgânico, psicológico ou de vulnerabilidade social)

4. O sujeito que busca ajuda também participe ativamente do seu tratamento, da


manutenção de sua saúde ou de mudança de hábitos necessárias,
responsabilizando-se em conjunto com a equipe de saúde

Psicologia Hospitalar
1. Área de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do
adoecimento;

2. Conjunto de contribuições científicas, educativas e profissionais que as diferentes


disciplinas psicológicas fornecem para dar melhor assistência aos pacientes no
hospital;

3. Principal objetivo: Compreender o paciente de forma ampla a partir de uma visão


interdisciplinar que lança seu olhar para o doente, e não para a doença isoladamente;

4. Aborda aspectos psicológicos de qualquer doença;

5. Termo utilizado no apenas Brasil;

6. Primeiro registro em 1954 (antes da regulamentação da profissão).


Psicologia da Saúde
1. Reúne conhecimentos da psicologia clínica, das ciências biomédicas e também da
psicologia social e comunitária.

2. Baseada no modelo biopsicossocial e prioriza educação e atenção integral em saúde

3. Características: trabalho interdisciplinar, promoção da saúde e educação preventiva

4. Busca conscientizar as pessoas a adotarem atitudes e comportamentos ativos,


direcionados à prevenção da doença e ao enfrentamento do processo de adaptação
ao adoecer.

5. Participação na elaboração de políticas públicas e atendimento em unidade básica de


saúde (UBS).

6. Ações de promoção, prevenção e reabilitação da saúde

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