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Resumo do texto “Manual de Psicologia Hospitalar”

Diagnóstico: é uma espécie de “estrela-do-norte”, aquela que orientava os navegantes


quando ainda não existia bússola, sem o qual o psicólogo corre o risco de ficar perdido,
sem rumo na imensidão do hospital. Quatro eixos que compõem o diagnóstico: 
diagnóstico reacional: estabelece o modo como a pessoa está reagindo a doença;
diagnóstico médico: sumário com a sua condição clínica; diagnóstico situacional: a
análise das diversas áreas da vida do paciente; diagnóstico transferencial: estuda as
relações que o sujeito estabelece a partir do adoecimento. São maneiras diferentes e
complementares de abordar a doença e possuem a vantagem de identificar situações-
alvo para a terapêutica, além de organizar o pensamento do psicólogo sobre o paciente.

Psicologia hospitalar é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos


em torno do adoecimento. O adoecimento se dá quando o sujeito humano, carregado de
subjetividade, esbarra em um real, de natureza patológica, denominado doença, presente
em seu próprio corpo, produzindo uma infinidade de aspectos psicológicos que podem
se evidenciar no paciente, na família, ou na equipe de profissionais.

Uma vez que toda doença apresenta aspectos psicológicos, encontra-se repleta de
subjetividade, a psicologia hospitalar não trata apenas de doenças com causas psíquicas
classicamente denominadas psicossomáticas, mas sim os aspectos psicológicos de todo
e qualquer doença.

O que faz o psicólogo no hospital? O tratamento psicológico que é o cuidado que


qualquer indivíduo presta a outro a partir da sua presença em pessoa. Abre espaço para a
subjetividade da pessoa adoentada, porque influi no curso da doença, porque modifica a
vivência que o paciente, os médicos e a família tem da própria doença. Este trabalho é
especifico do psicólogo.

Competências do psi no hospital: aprender a perguntar e ouvir sobre remédios, ter noção
de onde buscar as informações quando delas precisar, poder acompanhar a fala dos
pacientes quando se referirem a remédios, conhecer sumariamente os principais tipos de
remédios, reconhecer a função dos remédios na subjetividade do paciente e desenvolver
uma visão crítica do remédio como sintoma da modernidade.

O foco da psicologia hospitalar é o aspecto psicológico em torno do adoecimento. A


psicologia hospitalar define como objeto de trabalho não só a dor do paciente, mas
também angústia declarada da família, da angústia disfarçada da equipe e angústia
geralmente negada dos médicos. Além de considerar essas pessoas individualmente, a
psicologia hospitalar também se ocupa das relações entre elas constituindo-se em uma
verdadeira psicologia de ligação, com a função de facilitar o relacionamento entre
pacientes e familiares

Objetivo da psicologia hospitalar é a subjetividade a doença é um real do corpo no qual


homens barra e quando isso acontece toda sua subjetividade sacudida. E então que entra
em cena o psicólogo hospitalar, que se oferece pra escutar esse sujeito adoentado falar
de si, da doença, devido da morte, do que pensa, o que sente, o que tem, que deseja, do
que quiser falar. Hoje está interessada mesmo em dar voz a subjetividade do paciente
restituindo o lugar de sujeito que a medicina lhe afasta.
Como funciona a psicologia hospitalar? É pelas palavras que o psicólogo faz o seu
trabalho de tratar os aspectos psicológicos em torno do adoecimento. As estratégias de
psicologia hospitalar: tratar adoecimento no registro do simbólico, porque no registro do
real já o trata a medicina. O que nos interessa primordialmente é o destino dos sintomas,
o que o paciente faz com a sua doença, o significado que ele confere, e a isso só
chegamos pela linguagem pela palavra. Ao escutar, o psicólogo sustenta angústia do
paciente o tempo suficiente para que ele, o paciente, possa submeter ao trabalho de
elaboração simbólica. Para concretizar a sua estratégia de trabalhar o adoecimento no
registro simbólico, a psicologia hospitalar se vale de duas técnicas: escuta analítica e
manejo situacional. A primeira reúne as intervenções básicas da psicologia clínica, tais
como escuta, associação livre, interpretação, análise da transferência, etc. Manejo
situacional engloba intervenções direcionadas à situação concreta que se forma em
torno do adoecimento. alguns exemplos dessas intervenções: controle situacional,
gerenciamento de mudanças, análise institucional, mediação de conflitos, psicologia de
ligação.

Aspecto psicológico é o nome que damos para as manifestações da subjetividade


humana diante da doença, tais como sentimentos, desejos, fala, os pensamentos e
comportamentos. Dependendo do caso, podem aparecer como causa da doença, como
desencadeador do processo patogênico, como agravante do quadro clínico, como fator
de manutenção do adoecimento ou ainda como consequência desse adoecimento.

O conjunto de sentidos que o sujeito confere a sua doença constitui, como


consequência, o campo desperte psicológicos. Entretanto, a doença não é feita só de
perdas, também há ganhos:  ganha-se mais atenção e cuidado, ganha-se o direito de não
trabalhar, ganhar-se, se for o caso, autocomiseração e até uma desculpa genuína para
explicar as dificuldades existenciais, profissionais ou amorosas. Ganhos secundários da
doença demonstram como aspectos psicológicos podem atuar como fatores de
manutenção do adoecimento.

filosofia da medicina x da psicologia

A filosofia da medicina é curar doenças e salvar vidas, enquanto a filosofia da


psicologia hospitalar é reposicionar o sujeito em relação a sua doença. O valor principal
da psicologia hospitalar é subjetividade. Enquanto o psicólogo se orienta no âmbito da
relação do paciente com seus sintomas, o médico se orienta em relação à doença em si.
Enquanto a psicologia faz da subjetividade seu foco, a medicina exclui a subjetividade
de seu campo epistêmico de uma forma sistemática, tendo mesmo como ideal uma
suposta abordagem objetiva do adoecimento não enviesada por sentimentos e desejos.
Acaba por excluir a subjetividade do paciente como do médico.

Paradigma: a psicologia hospitalar vem se desenvolvendo no âmbito de um novo


paradigma epistemológico que busca uma visão mais ampla do ser humano e privilegia
articulação entre diferentes formas de conhecimento. A consequência clínica mais
importante dessa visão é de que em vez de doenças existem doentes. Portanto, se não é
possível conhecer o todo da doença ou do doente, já será de grande utilidade conhecer
muitas de suas dimensões: se não o todo, ao menos o plural.

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