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RESUMO

4 EIXOS DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA POR SIMONETTI

Em medicina,, diagnóstico é o conhecimento da doença por meio de seus sintomas,


enquanto na psicologia hospital o diagnóstico é o conhecimento da situação existencial
e subjetiva da pessoa adoentada em relação a sua doença. Sendo assim, na psicologia
hospitalar não se diagnostica doença, mas o que acontece às pessoas relativamente a
doença, quais os processos que influenciam e são influenciados pela doença. O paciente
apresenta ao psicólogo: queixas, relatos, problemas, sintomas, emoções, história de
vida, suas defesas, seu projeto, desesperanças, dores físicas e psíquicas. O
diagnóstico é a maneira de organizar todo esse material e construir um mapa para depois
analisa-lo e decidir o melhor caminho a seguir, com um mapa fica bem mais fácil
direcionar as intervenções terapêuticas, facilitando a organização do pensamento do
psicólogo. O diagnóstico é uma hipótese de trabalho, não verdade absoluta, é a forma
que o paciente reage a doença.

Os 4 eixos diagnósticos: reacional é o modo que a pessoa reage a doença, o médico que
é a sua condição médica, o situacional que é a análise das diversas áreas da vida do
paciente e transferencial que se dá na análise das relações.

Doença: Negação (isso não acontece comigo. Se for, nem quero saber) – enfrentamento
– depressão(inatividade, quase não há ação) – revolta (sim, é comigo e não é justo).

1. URGENCIA SUBJETIVA E MEDICA


2. NOTÍCIAS DIFÍCEIS

3. INTERVENÇÃO NA PSICOONCOLOGIA
A psico-Oconlogia é uma subespecialidade da oncologia que estuda as 2 dimensões
psicológicas presentes no diagnostico do câncer:
1- O impacto do câncer no funcionamento emocional do paciente, sua família e
profissionais de saúde envolvidos no tratamento do paciente.
2- O papel das variáveis psicológicas e comportamentais na incidência (acontece
varias vezes) e na sobrevivência do câncer. Sendo assim o objetivo da psico-
oncologia é manter o bem estar psicológico dos pacientes com câncer, identificando
e compreendendo os aspectos emocionais que interferem na saúde o no tratamento.
E dando também significados ao “adoecer”, identificando suas expectativas do
tratamento e a forma como o paciente compreende esse processo como um todo.
Central de Quimioterapia Adulta: As Intervenções Psicológicas são:
Avaliação Psicologia: Tem como objetivo identificar e analisar as necessidades
psicológicas do pacientes e seus familiares. Tem como objetivo dar suporte,
acolhimento das emoções, angustia e tirar duvida essas questões geralmente podem
dar direção ao tratamento.

ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS:

Os psicólogos, ao produzirem documentos escritos, devem se basear exclusivamente


nos instrumentais técnicos(entrevistas, testes, observações, dinâmicas de grupo, escuta,
intervenções verbais) que se configuram como métodos e técnicas psicológicas para a
coleta de dados, estudos e interpretações de informações a respeito da pessoa ou grupo
atendidos. Registrar apenas informações necessárias de forma clara, precisa e concisa.

Modelo 1: Paciente deprimido frente ao diagnóstico médico de que precisa realizar um


transplante:

(Data__/____/___)Psicologia:

Paciente, consciente, orientado, humor deprimido, refere não ter forças para enfrentar
esse momento, pois, acha que vai morrer. A família está tensa e solicitando
atendimento. Estão sendo trabalhados aspectos relacionados às repercussões emocionais
em relação ao impacto do diagnóstico, bem como as angústias do paciente e também da
família neste processo. O paciente necessita de acompanhamento psicológico para
enfrentar o processo de adoecimento, hospitalização e as perspectivas quanto ao
possível transplante. Será oferecido também, suporte e orientação aos familiares.

__________________________________________

Nome e sobrenome do profissional/ Registro do CRP/ Carimbo


TRANSDISCIPLINARIDADE:

O presente trabalho pretende tomar a transdisciplinaridade enquanto unidade plural de


conhecimento, uma importante ferramenta para o entendimento do conceito de clínica
ampliada na prática psicológica.

A multidisciplinaridade trabalha especificamente com elementos que podem ser


analisados individualmente, onde cada uma das disciplinas envolvidas em analisar um
elemento, objetivam dar sua contribuição, opinião, ou ainda, exprimir um parecer
relacionado à sua área, dentro do seu campo de conhecimento, sem interferir ou intervir
no campo de outra disciplina.

Ao se referir à interdisciplinaridade, Saviani (2003), faz alusão a ideia de que o


conhecimento passa de algo setorizado para um conhecimento integrado, onde os
demais campos do saber passam a se relacionar, ocasionando uma troca de informações,
dados, práticas e métodos. Esse postulado vai além da especificidade no qual cada
disciplina fica responsável por determinado assunto ou enigma, como no caso da
multidisciplinaridade.

O prefixo trans se refere a uma circulação entre, além e através de disciplinas. Significa
tecer saberes disciplinares e informais, na busca de repostas sobre assuntos que geram
novos conhecimentos.

TRANSDISCIPLINARIDADE NA PRÁTICA DO PSICÓLOGO

Um diálogo entre os diversos campos do saber torna-se necessário. A proposta da


transdisciplinaridade é basicamente o exercício desse diálogo, e este permite que as
ideias circulem sobre esses campos. Como exemplo, a atuação conjunta de profissionais
da área de saúde: psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, assistentes sociais,
fonoaudiólogos, fisioterapeutas, neurologistas, clínicos gerais, entre outros. Ao chegar
um paciente que precise de cuidado, a equipe faz uma avaliação e conjuntamente
chegam a uma conclusão do que será melhor para este, através da complementaridade
para uma melhor compressão do quadro psicopatológico, devendo manter sempre uma
situação de diálogo.

A CLÍNICA AMPLIADA
A clínica ampliada, também conhecida como clínica transdisciplinar, caracteriza-se por
ter práticas diferenciadas da clínica tradicional, se contrapondo à atuação em consultório
privado, com ênfase em psicodiagnósticos e psicoterapia individual, atua junto à
comunidade, tanto com pequenos grupos quanto com grupos maiores, possui uma
equipe multiprofissional, sendo que o psicólogo também está inserido na equipe, porém,
o trabalho não mais é dirigido por este, mas também pelos demais profissionais com
diferentes saberes, esta atua através de técnicas diferenciadas, como oficinas, grupos
psicoeducativos e visitas domiciliares. Para a realização do que hoje denominamos
“clínica ampliada” se faz necessário à construção de vínculo entre profissional e
usuário. Nesse sentido, todos os dispositivos que facilitem essa interação devem ser
adotados, a exemplo, a cartilha do humaniza SUS, que propõe diretrizes da clínica
ampliada e compartilhada, com vista a guiar a atuação e as práticas dos profissionais da
saúde. É necessário reformular e, até mesmo, mudar a lógica da medicalização que
impera no sistema de saúde, onde apenas saberes biomédicos se tornam insuficientes e
ineficazes, sendo necessário reconhecer que os sujeitos da clínica (cuidadores e
cuidados) são possuidores de subjetividades, que podem influenciar mutuamente nos
encontros, que devem ser reconhecidos e trabalhados. Desse modo, a valorização destes
saberes contribui para a ampliação dessa clínica, centrada em um atendimento integral,
com vínculo efetivo, dando início a uma nova perspectiva de diálogo, focada não apenas
na doença, mas na situação do doente, no seu sofrimento e nas suas condições
psicossocioexistenciais.

“a clínica do sujeito” como o autor intitula, não é uma anulação da doença em


detrimento ao sujeito, ou seja, a doença não substitui o ser real existente em meio a sua
singularidade.

HUMANIZA SUS

Como valorizar participação de usuário, profissionais e gestores


As rodas de conversa, o incentivo às redes e movimentos sociais e a gestão dos
conflitos gerados pela inclusão das diferenças são ferramentas experimentadas nos
serviços de saúde a partir das orientações da PNH que já apresentam resultados
positivos. Incluir os trabalhadores na gestão é fundamental para que eles, no dia a dia,
reinventem seus processos de trabalho e sejam agentes ativos das mudanças no serviço
de saúde. Incluir usuários e suas redes sócio-familiares nos processos de cuidado é um
poderoso recurso para a ampliação da corresponsabilização no cuidado de si.
PRINCÍPIOS

Transversalidade é a transformação das relações de trabalho a partir da ampliação do


grau de contato e da comunicação entre as pessoas e grupos, o estabelecimento do
diálogo entre as diferentes especialidade e práticas, visando a saúde do assistido; A
convergência dos saberes para a produção de um novo saber responsável;

Indissociabilidade entre atenção e gestão, parte do princípio de que as decisões da


gestão interferem diretamente na atenção à saúde; os trabalhadores e usuários devem
buscar conhecer como funciona a gestão do serviço e da rede de saúde, assim como
participar ativamente do processo de tomada de decisões nas organizações de saúde e
nas ações de saúde coletiva; aquisição de protagonismo em relação a sua saúde e de
pessoas próximas.

Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos, as


mudanças na gestão e na atenção construída com a ampliação da autonomia e vontade
das pessoas envolvidas, compartilhamento de responsabilidade, reconhecimento do
papel de cada um. O sus humanizado reconhece cada pessoa como legitima cidadã de
direitos e valoriza e incentiva sua atuação na produção de saúde

DIRETRIZES

Acolhimento é reconhecer o que o outro traz como legítima e singular necessidade de


saúde. Deve comparecer e sustentar a relação entre a equipe/serviços/usuários e
população. Se torna possível a partir da escuta qualificada diante das necessidades do
usuário.

Ambiencia é criar um espaço saudável, acolhedor e confortável que respeite a


privacidade, propiciando mudanças no processo de trabalho, lugar de encontro entre
as pessoas. Para isso deve ter uma discussão compartilhada do projeto arquitetônico
visando reformas e o uso do espaço de acordo com as necessidades do usuário e
trabalhadores

Gestão participativa e cogestão: Inclusão de novos sujeitos nos processos de análise e


decisão; Ampliação das tarefas da gestão - que se transforma também em espaço de
realização de análise dos contextos, da política em geral e da saúde em particular; A
organização e experimentação de rodas é uma importante orientação de gestão
compartilhada; Favorecimento de mudanças nas práticas de gestão e de atenção;

Defesa dos direitos do usuário: Os usuários de saúde possuem direitos garantidos


por lei e os serviços de saúde devem incentivar o conhecimento desses direitos e
assegurar que eles sejam cumpridos em todas as fases do cuidado, desde a
recepção até a alta. Ele tem o direito a saúde integral partindo de um trabalho
multidisciplinar e transversal de forma que seja esclarecida assuntos que permeiem
sua saúde e a opção de escolher com quem quer compartilhar essas informações.

Atividades desenvolvidas no hospital:


 O psicólogo deve se adequar as normas e as rotinas inseridas na instituição em que
trabalha; Deve estabelecer uma boa comunicação com a equipe de saúde com o
intuito de melhor compreender e conduzir casos atendidos
Prontuário Médico:

 É o documento onde são registradas as informações do paciente e permite a


comunicação entre os membros da equipe.

Paciente diagnosticada com cálculo biliar. A paciente se encontra consciente, orientada e


segura sobre o procedimento que será submetida, apresenta discurso religioso, demonstra
preocupação com os filhos que ficaram sozinhos no interior. Foi disponibilizado escuta
terapêutica para a cliente, possibilitando maior apoio emocional.

Segue em acompanhamento.

Caroline Azeredo

 Ambulatório Geral: oferece atendimento a todos os pacientes que estão em tratamento


no hospital, independente do diagnóstico, tendo sido ou não encaminhados da
internação;

 Ambulatório de especialidades: atende pacientes com diagnósticos específicos dentro de


programas dos quais a instituição é referência na prestação do cuidado. Ex: hiv/aids;
oncologia, tuberculose, diabetes, geriatria, saúde da mulher, traumatologia.

 O espaço da clínica tem sofrido transformações, à medida que a Psicologia avança,


cedendo lugar a novas possibilidades de intervenções e o ambulatório é um exemplo
disto. A psicologia deve encontrar o seu espaço nos atendimentos ambulatoriais
reinventando a atuação em clínica ampliada.

 Oportunidade de oferecer atendimento psicológico a uma quantidade maior de pessoas;


Possibilidade de priorizar os pacientes com maior necessidade; Possibilidade de
seguimento do acompanhamento psicológico (profissional de referência) iniciado na
internação hospitalar, ou mesmo no ambulatório.

 Dificuldade de encontro dos profissionais que cuidam do paciente; Condutas


terapêuticas definidas isoladamente;

 DESAFIOS: “Diante da escassez de atendimentos clínicos ambulatoriais


disponíveis para a população, o que se vê nos ambulatórios dos hospitais são
atendimentos psicoterápicos que visam aliviar o sofrimento psíquico independente
da patologia física que o paciente possa carregar”.

 Atuação do psicólogo: favorecer espaço terapêutico para a expressão de sentimentos,


dúvidas, questionamentos; Adesão ao tratamento.

 Desafio: compromisso ético em não favorecer posturas de intolerância ou


discriminações com compreensão sobre o sofrimento psíquico relacionado.

 Compreensão do funcionamento psíquico e qual o sentido construído sobre a


doença e seus sintomas através da avaliação psicológica (exame psíquico, queixas,
humor, conflitos, recursos de enfrentamento, crenças, manifestações psíquicas e
comportamentais); O psicólogo busca resgatar o sujeito a partir de uma escuta que
possibilite a explicitação do sofrimento. A partir dessa escuta será possível
discriminar entre a urgência médica e a subjetiva.

 É necessário estar atento a aspectos mais específicos do contexto de saúde, como a


relação do paciente com seu corpo e história de sintomas corporais, com a doença (tipo,
curso, grau, fase, tratamento proposto), com a equipe e a instituição, história de
adoecimento, tratamentos atuais e passados, histórico de adesão, impactos e
repercussões da doença na vida individual, social e familiar.

 Acolher e trabalhar com os pacientes de todas as faixas etárias, bem como suas famílias
em sofrimento psíquico decorrente de suas patologias, internações e tratamentos; O
psicólogo deve conhecer a doença do paciente, além de sua evolução e prognóstico,
trabalhar com a doença e com seus aspectos emocionais.

 Abordar com o paciente sua hospitalização, o que ela significa para ele e sua família,
conhecer um pouco de sua história de vida e doença; As questões psicológicas devem
ser FOCAIS, visando sempre aqueles aspectos relacionados com a doença. O papel do
psicólogo é o de ajudar a elaboração das angústias e sofrimentos que envolvem estar
doente;

 Avaliação inicial se dá através de entrevistas iniciais, compreendendo o funcionamento


psíquico e quais os sentidos dados à doença e seus sintomas; esclarecer ao paciente
sobre qual o trabalho do psicólogo no contexto ambulatorial e de internação.

 Consulta ao prontuário: conhecimento da história clínica do paciente na instituição.

 Evolução em prontuário: síntese da avaliação e conduta estabelecida

 Comunicação de notícias difíceis: Atuação do psicólogo: favorecer espaço terapêutico


para a expressão de sentimentos, dúvidas, questionamentos, confirmações. A escuta é
clínica, visto que faz parte do fazer do psicólogo, em qualquer lugar que ele se dispõe a
desenvolver suas atividades, sempre que se apresenta uma pessoa em sofrimento
psíquico;

 Suporte emocional na hospitalização para que possa lidar com os sentimentos que
se apresentam; Auxiliar a reduzir a ansiedade: desmistificação de fantasias;
esclarecimentos de dúvidas necessárias e adequadas. Possibilitar que o sujeito
construa e reconstrua o(s) sentido (s) da experiência vivida na relação com a
doença e hospitalização; Preparação para alta hospitalar: atenção a reabilitação e
reintegração social; Adesão ao tratamento.

Doença crônica renal: Por ser uma doença marcada por fragilidades e limitações, exige uma
nova construção psíquica por parte de seu portador e uma capacidade de adaptação e aderência a
todas as exigências do tratamento. A presença do psicólogo na equipe de saúde é de extrema
relevância para ajudar os pacientes renais crônicos na aceitação da irreversibilidade de sua
doença, para uma melhor assistência quanto aos conflitos de dependência e independência e,
principalmente, na recuperação de uma possível estabilidade emocional dos pacientes, fatores
fundamentais para o sucesso terapêutico. É necessário que esse profissional tenha em mente que
é possível resgatar um sentido de vida para o paciente, mesmo frente às principais dificuldades e
sofrimentos. O trabalho do psicólogo como parte da equipe de saúde deve ser promovido não só
na reestruturação psíquica do paciente, mas também na manutenção do tratamento. Os
profissionais envolvidos devem entender que o paciente é quem melhor sabe fornecer
informações sobre si mesmo. É função do psicólogo garantir um trabalho mais humanizado para
este paciente, que reconheça a singularidade de cada paciente, compreenda a fragilidade
submetida pela doença crônica e que faça emergir – dentro dos recursos pessoais de cada
paciente - a capacidade de ressignificação da própria vida.
Psicooncologia: E essencial compreender
e dar suporte a essas transformações, bem como ouvir e aprender
com o paciente, tendo sempre em mente que estamos cuidando de um ser humano e não apenas
da enfermidade que ele traz. É necessária uma avaliação psicológica para maior compreensão
das necessidades psicológicas do paciente e familiares, a partir das necessidades reajustadas,
espaço para escuta ofertado, acolhimento das angústias e dúvidas, então é possível estabelecer
direção para o tratamento, caminhamento caso necessário, inclusive para o ambulatório.
Urgencia Subjetiva: Entendemos por urgência subjetiva um dispositivo de acolhimento
aos sujeitos em crise, que são levados a instituições a partir de demandas variadas com o pedido
de acolhimento emergencial do sofrimento psíquico. O objetivo é de acolher aquilo que foi
levado a ato ou subtração da palavra. Essa quebra do discurso revela o que é insuportável e sem
mediação para o sujeito, levando-o algumas vezes à passagem ao ato, o que coloca em risco sua
existência e a dos outros. É a impossibilidade de significar em palavra uma vivência,
consiste em ofertar um espaço de escuta, um tempo para que tal vivência possa ser
simbolizada com palavras, construindo um sentido para o sofrimento.
A clínica com sujeitos em grave sofrimento psíquico compreende alguns momentos críticos, que
muitas vezes coincidem com o desencadeamento de um quadro psicótico ou crises neuróticas
graves que não são resolvido apenas com psicotrópicos, mas pede por uma estrutura mais
complexa de acolhimento e cuidado, pretendendo restituir a essas pessoas um lugar de sujeito.

O atendimento psicológico em situações de emergência pode ser efetuado com os familiares


ou com os pacientes quando este sair da situação de emergência
O atendimento psicológico em situações de urgência pode ser observado sentimentos como
medo, desamparo, humilhação, negação, raiva, ansiedade e depressão diante da sua condição.
1. Resumo do texto Violência Psicológica contra crianças nas interações
familiares: Problematização e Diagnóstico.

Violência é quando alguém exerce superioridade física contra alguém ou poder, sendo
real ou ameaça a si, a outra pessoa de forma que possa resultar em quaisquer lesão, dano
psicológico ou privação. Esse conceito dispõe diversas categorias de violência
manifestas no decorrer da humanidade, como a violência a si mesmo (auto-infligida),
violência interpessoal e violência coletiva. Esse tipo de violência denominado de
interpessoal entra na categoria da violência intrafamiliar, que ocorre no âmbito da
família, a violência intrafamiliar vai ser sempre interpessoal e o contrário não. A
violência intrafamiliar ocorre entre os membros da família, podendo ser nos diferentes
subsistemas familiar, como no conjugal, parental e fraternal. Ocorre principalmente
no ambiente de casa, mas não exclusivamente. Essas formas de violência podem ser
percebidos por comportamentos agressivos com ou sem lesão corporal; comportamentos
negligentes, comportamentos abusivos onde podem estar presentes o uso de substâncias
psicoativas e transtornos psicológicos. Diante disso, é possível afirmar que a criança são
as que mais se encontram em situação de vulnerabilidade familiar devido a sua condição
de dependência. A violência praticada contra os membros da família, principalmente as
crianças e aos adolescentes, retroalimenta e reproduz a violência social com efeitos
negativos a todos. Dados apresentado mostram que as crianças são que mais recebem
maus-tratos no âmbito da estrutura familiar e 80% dos casos os pais são os agressores,
seguido dos irmãos mais velhos, isso denota que a violência é um fenômeno que se
aprende nas inter-relações, sob uma condição hierárquica e disciplinar, como uma forma
de comunicação que dita regras e crenças.

A natureza da violência, segundo guerra, Alberton e Minayo pode ser caracterizada de


acordo com a sua forma de expressão e modalidade:

Violência física é quando há recurso da força física intencional por parte de uma pessoa
contra outra, desde uma leve dor até situações de assassinato;

Violência psicológica é quando há agressões verbais ou gestuais com o objetivo de


aterrorizar, rejeitar, humilhar, restringir a liberdade ou isolar uma pessoa de seu
convívio social. Pode vir a ferir moralmente e fazer com que a auto-estima seja abalada,
privando do afeto, da atenção, dos cuidados, de bem-estar e conforto;

Violência sexual em que o ato ou jogo sexual em quaisquer relações tem por finalidade
estimular sexualmente ou utilizar para obter uma estimulação sexual sobre a sua pessoa
ou de outra;

Violência por via de negligência ocorre por meio da omissão, ausência, recusa de
cuidados necessários a alguém que deveria receber atenção e cuidados;

Toda forma de violência desperta sensações de desconforto, constrangimento,


sofrimento, tensão ou estresse, denotando a importância da investigação da violência
psicológica, que menos tem publicações científicas. A violência psicológica não está
necessariamente vinculada à violência física, à lesão corporal, o que torna difícil a
vítima identificar se está sob essa forma de violência, entretanto, é importante ressaltar
que não há dicotomia entre esses dois fenômenos pois o efeito da violência é sempre
bidimensional, atuando no plano físico e psicológico.

Em função da elevada incidência de violência intrafamiliar contra crianças, é necessário


conhecer a amplitude da violência psicológica contra crianças para ser possível avaliar
as condições de saúde e vulnerabilidade familiar que se encontram. Diante dos dados
apresentados, sua frequência, prevalência e incidência que isso ocorre, é visível a
necessidade de intensificar estudos acerca da epidemiologia da violência familiar e
desenvolver métodos com aferições das condições psicológicas destas crianças com o
intuito de contribuir para o aperfeiçoamento da produção do conhecimento e da
intervenção profissional neste âmbito.

As crianças foram submetidas à violência durante toda a história, reservando a elas o


lugar de assujeitamento e negação de sua existência social, que ainda hoje, encontra-se
no imaginário coletivo a representação da criança coisificada, que é possível de se
identificar diante dos índices de práticas de violência contra as crianças. Mesmo que o
ECA disponha a proteção integral da criança, a política efetiva para que os dispostos
sejam cumpridos, apresenta reais dificuldades. Sendo assim, a lei de proteção às
crianças também está desprotegida e a infância brasileira continua marginalizada e
tendo que viver em situação de vulnerabilidade.

O fenômeno da violência domestica se manifesta pela omissão, supressão e


transgressão dos direitos das crianças e dos adolescentes, sendo classificadas em: física,
sexual psicológica e negligencia/abandono. Estas categorias não se excluem, por trás
de uma categoria, pode também ter outra presente.

Foi constatado que a agressão física é o tipo de evento violento mais comum, a
explicação para isso se refere ao fato de que esses maus-tratos estão associados a um
modelo cultural arraigado que justifica e reforça a punição corporal como medida
educativa. Os cinco principais agressores identificados foram o pai, o vizinho, a mãe,
conhecido da criança e o padrasto.

VIOLÊNCIA FÍSICA E PSICOLÓGICA

Os tipos de agressões no âmbito social:

Violência física é quando a ação é realizada de forma direta (pontapés, empurrões,


beliscões, bofetadas, etc.) e de forma indireta (com instrumentos de castigo);

Abandono físico ou moral ocorre quando não há cuidados básicos como alimentação e
higiene (físico) e o não provimento de um lar (moral), deixando a criação em situação
de rua, exposta a perigos como vício e más companhias;

Exploração sexual quando há agressão sexual por um adulto;

Maus-tratos psicológicos se refere a agressão verbal, intimidação, insultos que


produzem sérios traumas psicológicos na criança. O Eca em 1990 categorizam as
formas de violência contra a infância como as que vimos anteriormente: violência física,
psicológica, sexual e negligencia.

A síndrome do bebê sacudido, segundo Fanelli, também é uma forma de violência


física. Ela é caracterizada por lesões causadas em função de sacudidas dadas na
criança de colo, que deixa sequelas mais ou menos graves dependendo da intensidade da
ação perpetrada contra a criança, podendo vir a resultar em cegueira ou lesões
oftalmológicas, atraso no desenvolvimento, convulsões, lesões da espinha, lesões
cerebrais, hemorragias ou até a morte. O espancamento também é citado como forma
regular de violência contra a criança no âmbito familiar e as suas consequências
resultam, geralmente, em lesões muito graves na pele, no sistema esquelético e no
sistema nervoso, gerando na criança terror, redução da sua margem de manobra para
escapar do contexto violento.

A violência psicológica pode ser identificada por meio de atos depreciativos e de


humilhação realizados por seus pais ou responsáveis contra as crianças. Os
comportamentos e atitudes que evidenciam esse tipo de violência envolvem o excesso de
punições, agressividade, abandono e o uso da criança para atender às necessidades psíquicas
dos adultos, como por exemplo, no caso de separações conjugais, nas quais a criança é
utilizada como meio de controlar o comportamento de um dos cônjuges, bem como se tornar
um instrumento de graves brigas judiciais para regulamentar guarda e visitas de um dos pais.
Embora haja lesão em determinados tipos de situação, a violência pode ser psicológica quando
se dá no sentido de violência a criança por motivos de brigas entre cônjuges quando a
violência ocorre em detrimento, por exemplo, de ciúmes. A violência psicológica pode ser
expressa por meio de palavras, olhares e atos que criam marcas psíquicas relacionadas às
relações de poder e opressão, que acabam resultando em distúrbios psicológicos e
geralmente, apresentam experiências de pânico crônicas.

CINCO TIPOS DE VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA

Tratamento desdenhoso ou com desprezo: Tipo de castigo ou correção verbal que é uma
combinação de rejeição e degradação hostil, incluindo atos como a imposição de culpa,
insultos, humilhação pública, de repelir ou recusar a ajuda da criança (não reconhecendo o
valor, nem necessidade da criança ou adolescente).
Tratamento terrorista ou com terrorismo: Atos ou ameaças que causem extremo medo ou
ansiedade na criança, expondo-a à violência ou ameaças direcionadas a uma pessoa amada
(essa ação faz a criança acreditar que o mundo é hostil, se instaurando um clima de medo).

Isolamento: Ocorre quando há separação da criança de seus colegas, trancando-a sozinha em


armários ou quartos, ou impedindo que ela desenvolva vínculos com outras pessoas (o sujeito
dessa ação é levado a crer que está sozinho no mundo).

Exploração e/ou corrupção: Atos anti-sociais ou socialização da criança com comportamento


desviado dos padrões – o que inclui encorajá0la ao comportamento criminoso, abuso de
drogas, participação na produção de pornografia – e trata-la como empregada ou serviçal.

Negar reciprocidade emocional: Ignorar a tentativa da criança de interagir, permanecendo


separado e/ou destacado e sem envolvimento, e respondendo sem demonstrar afeição (nessa
ação a criança não encontra estímulo pra seu desenvolvimento emocional e intelectual).

NEGLIGENCIA

A negligência, segundo Azevedo, caracteriza-se pelo abandono da criança por parte do adulto
que deveria cuidar de suas condições de sobrevivência física e emocional. As condutas que
caracterizam a negligências são inúmeras, facilmente reconhecidas, entretanto, dificilmente
são provadas, pois não deixam marcas visíveis, salvo em situações em que há denúncias e
testemunhas. Alguns exemplos de comportamentos negligentes para crianças são: deixar a
criança sozinha em casa; não protegê-la do contato com produtos químicos, medicamento,
fogão; não supervisioná-la em ambientes como piscina, rua; não lhe dar o cuidado necessário
como trocar fraldas, adequar a temperatura da água nos banhos; não cuidar afetivamente,
negando-lhe amparo e presença, entre outras ações. Destarte, trata-se do desinteresse dos
familiares pela criança, deixando-a ao sabor de sua própria sorte e de seus impulsos.

Lacharité e colaboradores organizaram a compreensão sobre a negligencia (Teoria


Ecossistemica da negligencia contra a criança) por meio da identificação das condições de
risco de acordo com o contexto no qual estão inseridas, das figuras parentais e das próprias
crianças; das consequências para as crianças que sofrem em função da negligência. As
condições de riscos são:

Quanto ao contexto: estresse crônico intra e extrafamiliar;

Em relação às figuras parentais: fertilidade excessiva (não planejada), problemas de saúde


mental (Toxicômanos, depressão, transtorno de personalidade, habilidades sociais deficitária
(impulsividade, baixa auto-estima, insegurança) e habilidades de resolução de conflitos
deficitária. Deficitário é o que apresenta prejuízo.

Em relação às crianças: características negativas (irritabilidade, problemas de


comportamento).

Os mecanismos da negligência e suas manifestações se dão em função da perturbação do


vínculo entre a família e a coletividade, com comportamentos de isolamento dos pais e
crianças, perturbação da relação entre pais e filhos, em função da baixa interação entre eles e
da qualidade negativa desta. As manifestações da negligência se dão pela carência
significativa ou ausência de cuidados responsáveis, tanto de ordem psicológica, quanto
educativas para as crianças. As consequências da carência ou ausência de cuidados para com a
criança resultam em mortalidade ou morbidade psíquica, outros tipos de maus-tratos (abuso
psicológico, físico ou sexual), restrições das condições normais de desenvolvimento e sequelas
desenvolvimentais.

A violência sexual contra crianças no contexto familiar é caracterizada por ser deflagrada por
parte de um dos pais, padrastos, madrastas, irmãos, ou seja, membros da família e são
identificadas por meio de atitudes como carícias, relações sexuais, incesto, estupro, sodomia,
exibicionismo e exploração sexual nos quais as crianças são forçadas ou induzidas a praticar tal
ato. Segundo Fanelli, o abuso sexual, assim como todas as formas de violência, se baseia numa
relação de poder, na qual o adulto se utiliza da criança para obter satisfação sexual, devendo
se observar que nessa relação de poder, a criança muito nova ainda não está preparada
psicologicamente para o estímulo sexual, e mesmo que não possa saber da conotação ética e
moral da atividade sexual, quase invariavelmente acaba desenvolvendo problemas emocionais
depois de sofrer a violência, exatamente por não ter habilidade diante desse tipo de
estimulação.

A violência familiar cometida contra crianças provoca significativas alterações psicológicas


com repercussões na sua vida social. Segundo Faleiros, as crianças que sofreram algum tipo de
violência familiar apresentam uma desestruturação da imagem simbólica de proteção do
adulto cuidador, desestruturação dos referenciais culturais da família como formadora da
identidade, da socialização e mesmo da ideologia da convivência familiar e que
comprometem a saúde da criança. As interações familiares são caracterizadas pelas relações
estabelecidas entre os membros de uma mesma família que compreende desde a família
nuclear até a família ampliada (gerações anteriores e posteriores). Uma das variáveis que
contribuem para a violência nas interações familiares é a assimetria nas relações. Essa
variável pressupõe que um dos membros da relação exerce mais poder sobre o outro,
mantendo-o em condições de ameaça e, possivelmente, em relações baseadas em duplo-
vínculo. Outra variável é a qualidade dos vínculos. Os sistemas familiares que ocorrem
violência são caracterizados como sistemas familiares disfuncionais. Sendo assim, é possível
afirmar que existem fatores de risco na família que contribuem para o fenômeno da violência:
assimetria nas relações (um tem mais poder que o outro, gerando ameaça e duplo vínculo,
amor e medo), a qualidade de vínculos, famílias disfuncionais e falta de comunicação
(distorções nos papeis, mau funcionamento). Quando as fronteiras familiares não são
estabelecidas de forma nítida ocorrem distorções nos papéis e funções familiares que são
indicadores seguros de disfunção familiar, ou seja, o fracasso em organizar a família de acordo
com a hierarquia estrutural, característica do sistema familiar, é um dos fatore de risco para
a violência.

A comunicação também tem função importante no processo de saúde familiar, quando a


comunicação deixa de ocorrer de forma clara, direta, passa a se configurar de forma
disfuncional e adquire um caráter diferente de sua finalidade que é de possibilitar a família
que seus membros entendam seus papeis e funções e que, a partir dessas aprendizagens, se
desenvolvam tanto nos ciclos de vida individual quanto familiar. A comunicação disfuncional se
caracteriza como um dos fatores importantes que contribuem para a doença emocional no
sistema familiar.

DIAGNÓSTICO DE VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA NO CONTEXTO FAMILIAR

Esse processo deve demonstrar o tipo de evento (físico, sexual, psicológico, negligencia) e
indicadores (o que denota a categoria) da ocorrência do fenômeno a ser estudado, as variáveis
que o constituem, bem como a frequência e a intensidade com que ocorrem, assim como as
consequências que trazem para a saúde das pessoas. Para a organização do processo de
diagnóstico, requer que seja realizada uma compreensão teórica acerca do fenômeno a ser
investigado: conceituar o fenômeno e relacioná-los entre si. A avaliação psicológica é fruto
das tentativas de respostas e de ampliação do conhecimento sobre o desempenho das funções
psicológicas e suas repercussões sobre o estudo do organismo e sobre o perfil das condutas
humanas. As dimensões de análise do processo de avaliação psicológica: 1) dimensão
observacional, na qual, o foco de atenção é na ação e o conteúdo investigado é o
comportamento; 2) a dimensão representativa, na qual o foco é no comportamento e o
conteúdo investigado é a ação representada e 3) a dimensão inquiridora, operada por meio de
entrevista e questionários ou inventários, nas quais o conteúdo a ser investigado resulta da
relação entre avaliador e avaliando, numa expressão dialógica. Isso quer dizer que o processo
de diagnóstico através da realização de uma avaliação psicológica, está respaldado no foco da
analise no comportamento, pois somente é possível diagnosticar sobre fenômenos que
possam ser definidos e representados objetivamente. Essa representação se dá por meio da
manifestação direta ou indireta dos processos psicológicos, das reações identificadas em
termos de comportamento, no qual deverá ser possível identificar a constância e o padrão de
ação e reação das pessoas frente às exigências do meio. O propósito final do processo é criar
condições para se realizar encaminhamentos profissionais adequados à necessidade
apresentada e elaborar uma ideia de trabalho, métodos de intervenções profissionais
condizente com a demanda solicitada.

A violência segundo Koller e Loll, é caracterizada como sendo o conjunto de ações e/ou
omissões que podem cessar, impedir, deter ou retardar o desenvolvimento pleno dos seres
humanos. Aqueles que violentam os outros tomam decisões sobre a vida deles, não avaliam as
necessidades básicas e os desejos que possam ter, levando em conta, unicamente, as suas
próprias necessidades e seus próprios desejos. Na prática do ato violento, há 3 papéis
desenvolvidos em uma dinâmica familiar; no papel da vítima, tem a criança; no papel de
perpetradores da violência, os familiares que se relacionam diretamente com as crianças; e no
papel de testemunhas, todos aqueles que se relacionam com as crianças e familiares, ou seja,
toda a rede relacional da qual as crianças fazem parte. Na análise das decorrências psicológicas
na saúde das crianças que sofrem violência familiar, é importante contemplar os diferentes
níveis sistêmicos nos quais essas crianças vivem, entre eles o macrosistema, o exosistema e o
microssistema.

Macrosistema: crenças e valores culturais acerca das funções e papéis sociais (mulher,
homem, filhos e família); concepções acerca do poder e da obediência. Aqui estão
contempladas as relações mais distantes da criança, mas que causam influência na sua vida.
Nesse âmbito estão as relações desenvolvidas com a cultura, baseadas nas crenças culturais
associadas ao problema da violência familiar e do modo como são compreendidas e
repassadas ao longo das gerações familiares (como o modelo de sociedade patriarcal, relações
de abuso de poder e autoritarismo de cima para baixo, pai para a mãe e pais para os filhos).
Como consequência dessa estruturação familiar no modelo vertical de poder é que as noções
de cidadania irão se compor e obviamente, se pode estabelecer uma relação direta desse
plano macrosistemico de análise, com o problema da violência social.
Exosistema: legitimação institucional da violência, carência de legislação adequada, escassez
de apoio institucional para as vítimas, impunidade dos perpetradores, modelos violentos
(meios de comunicação), vitimização secundária. Nesse âmbito estão as relações sociais; as
instituições educativas, recreativas, de trabalho, religiosas, judiciais, etc. A influencia do nível
exosistêmico na produção da violência familiar se dá pela reprodução do funcionamento do
modelo verticalizado de poder e autoritarismo, que acabam utilizando métodos violentos
para resolver seus conflitos, a caráter das crenças culturais arraigadas. A resolução de
conflitos por meio da violência nas instituições sociais se transforma num espaço simbólico
legítimo para a aprendizagem das condutas violentas num nível individual. Se a cultura ensina
que se aprende de cima para baixo e que se deve seguir os modelos conforme são ensinados, a
lógica é de que a cultura, como entidade maior ensina a sociedade, representada pelas
instituições sociais, que ensina os indivíduos a reproduzir as mesmas estratégias de
enfrentamento para os possíveis conflitos e crises nas relações interpessoais. Os meios de
comunicação de massa são considerados por Corsi, como componentes poderosos de modelos
violentos que fazem parte do exosistema, pois atingem um grande número de pessoas ao
mesmo tempo e dado seu caráter potencialmente multiplicador, os modelos violentos que
retratam são decisivos na geração de atitudes e na legitimação dessas condutas. Contribuem
para a violência familiar contra crianças, o contexto econômico e de trabalho, uso/abuso de
substancias psicoativas, entre outros fatores que geram estresse e aumentam as possibilidades
de ocorrência da violência. Também há fatores de riscos que tem forte influencia no nível
microsistêmico, como a inoperância das instituições sociais e a carência de mecanismo eficazes
que caracterizem a violência na família como condutas socialmente puníveis aliadas ao
fracasso no combate às formas violentas de resolução de problemas sociais.

Microsistema: história pessoal (violência na família de origem), aprendizagem de resolução


violenta de conflitos, conceito de papeis familiares, percepção de direitos e responsabilidades,
autoritarismo nas relações familiares, baixa autoestima, isolamento. O microssistema, com
base no modelo ecológico é composto pela família, os elementos estruturais e os padrões de
interação estabelecidos entre os membros familiares, bem como as histórias individuais de
cada um deles. Essas relações tem caráter íntimo. As famílias que apresentam padrões de
interações violentas, geralmente apresentam em sua estrutura os mesmos modelos ditados
pela cultura na qual estão inseridos, como os modelos autoritários verticalizados. No âmbito
privado, são modelos que repetem históricos de violência na família de origem, contra si
mesmos. Não conseguem distinguir o ato violento do ato disciplinador e o usa para os mesmos
fins, ocasionando como recurso na relação. A família com histórico violento, principalmente na
infância apresentam um fator em comum: a baixa autoestima em todos os membros da
família.

Tipos de violências, sua forma de manifestação e consequências para a saúde:

Física, sua forma é ativa e tem como consequência psicológica o comportamento


agressivo/bullying, depressão, ansiedade;

Sexual, sua forma é ativa e sua consequência é depressão, ansiedade, comportamento


sexualizado incompatível para a idade, alterações cognitivas;

Psicológico, sua forma é passiva e vem a causar depressão, medo, desajuste social e fobias.

Negligência, sua forma é passiva e tem como consequência a timidez e a baixa autoestima.

Os fatores de risco (é a circunstância do ambiente ou característica do indivíduo, herdada ou


adquirida, associada à maior probabilidade de este mesmo indivíduo apresentar no futuro um
dano à sua saúde) são considerados os indicadores (o que revela a situação de saúde de um
indivíduo ou de uma população) mais importantes na caracterização da violência familiar e
maus tratos e abusos contra as crianças são caracterizados como fatores de risco
potencialmente traumáticos e que produzem consequências deletérias ao desenvolvimento
das crianças, como o desenvolvimento de diversos transtornos psicológicos. A frequência e a
intensidade em que os maus tratos acontecem na vida das crianças são indicadores seguros
para avaliar o grau de saúde ou doença na qual as crianças se encontram.

TIPOS DE VIOLENCIAS, FATORES DE RISCOS E PROTEÇÃO PRESENTES NA FAMÍLIA

VIOLÊNCIA FÍSICA;

Fatores de riscos: transmissão geracional de práticas disciplinares severas, pais com histórico
de violência em sua família de origem, estresse decorrente das dificuldades financeiras, idade
precoce e inexperiência materna, conflitos conjugais, psicopatologia parental, descontrole
emocional, falta de responsabilidade, comunicação disfuncional, uso de ácool e outras drogs,
ausência dos pais ou de um deles, ausência de redes de apoio;

Fatores de proteção: práticas disciplinares nas quais há predominância de autoridade e não de


autoritarismo; atividades realizadas em conjunto com os membros da família; presenda de
redes de apoio; comunicação funcional; ausência ou baixo uso de drogas.

VIOLÊNCIA SEXUAL;
Fatores de riscos: pais com histórico de violência sexual em sua família de origem, conflitos
conjugais, psicopatologia parental, descontrole emocional, falta de responsabilidade,
comunicação disfuncional, uso de álcool e outras drogas, ausência dos pais ou de um deles,
ausência de redes de apoio;

Fatores de proteção: Atividades realizadas em conjunto com os membros da família, presença


de redes de apoio, comunicação funcional, ausência ou baixo uso de drogas.

VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA;

Fatores de riscos: transmissão geracional de práticas disciplinares severas, pais com histórico
de violência em sua família de origem, estresse decorrente de dificuldades financeiras, idade
precoce e inexperiência materna, conflitos conjugais, psicopatologia parental, descontrole
emocional, falta de responsabilidade, comunicação disfuncional, uso de álcool e outras drogas,
ausência dos pais ou de um deles, ausência de rede de apoios;

Fatores de proteção: apoio emocional.

NEGLIGÊNCIA;

Fatores de riscos: transmissão geracional de falta de cuidados parentais, pais com histórico de
violência em sua família de origem, idade precoce e inexperiência materna ou paterna,
conflitos conjugais, psicopatologia parental, descontrole emocional, falta de responsabilidade,
comunicação disfuncional, uso de álcool e outras drogas, ausência dos pais ou de um deles,
ausência de redes de apoio;

Fatores de proteção: presença de rede de apoios comunicação funcional.

O grau de saúde psicológica em crianças pode ser identificada pelo fator resiliência, que é um
processo dinâmico que envolve a capacidade do indivíduo ou grupo familiar para enfrentar os
estresse da violência e as adversidades encontradas nesse contexto. A compressão dos
processos de resiliência ou vulnerabilidade deve ser contextualizada na interação entre fatores
de risco e proteção, pois os efeito dos maus-tratos no desenvolvimento da criança são
mediados por vários elementos, tanto os fatores de riscos individuais, quanto os de proteção
do microssistema, exosistema e macrosistema.

O diagnóstico da violência psicológica é necessário para apontar o estado de saúde em que as


crianças vítimas de violência familiar se encontram, mas na perspectiva da complexidade, o
diagnóstico deve ultrapassar a categorização de sequelas e danos psicológicos resultantes da
exposição ao risco, oferecendo entendimento sobre os modos pelos quais as crianças superam
as adversidades por meio dos processos de resiliência. Sendo assim, o diagnóstico deve resultar
em propostas de intervenções profissionais, voltadas para uma compreensão integral do
desenvolvimento humano. Oferecer uma compreensão integrada da criança nas suas
dimensões biológica, social e psicológica, contribui para o entendimento daquilo que preconiza
o ECA. Construir processos de diagnóstico, no sentido de auxiliar na tomada de decisões sobre
as condições psicológicas de crianças vítimas de violência, baseados em conhecimento técnic-
científicos, possibilita ampliar o grau de interferência dos psicólogos que atuam no campo
jurídico em prol da saúde das crianças. A investigação e diagnóstico das diferentes formas de
violências às quais as crianças são submetidas, principalmente na família, requerem do
psicólogo conhecimentos acerca de métodos eficazes para descrevê-las, compreende-las e
posiciona-las tecnicamente por meio da organização de informações relevantes e necessárias a
cada caso, com cuidado e zelo devidos, oferecendo o respeito as crianças que não lhes foram
oferecidos por parte dos seus familiares, conferindo-lhes caráter afetivo, emocional e
legitimando seu existir social, construindo um espaço relacional afetivo, consistente, calcado na
preocupação que as ações profissionais dos psicólogos exercerão na vida do outros, com vistas
a potencializá-los na sua autonomia e valor humano.

1.2 Resumo do texto “A atuação do psicólogo jurídico na promotoria do idoso”.

O texto tem como objetivo sistematizar e avaliar as intervenções realizadas pelo psicólogo na
Promotoria do Idoso do Ministério Público do Estado do Pará, com o intuito de otimizar os
resultados da atuação profissional e compartilhar as possibilidades de atuação e intervenção
nesse âmbito. O critério de avaliação realizada foi uma comparação entre os objetivos
propostos pela atividade e os resultados alcançados com as intervenções feitas através do
encaminhamento ao serviço psicossocial. Nesses procedimentos, foi observada que as
intervenções técnicas do psicólogo eram: a entrevista, a reunião, a audiência e a visita
domiciliar, tendo cada um seus objetivos, procedimentos e resultados específicos. Alguns
destes procedimentos são comuns à prática do psicólogo, como a reunião e a entrevista,
entretanto, na área judicial, essas técnicas resultam em documentos que serão anexados ao
procedimento e são importantes para que o promotor e quem mais pegar o caso, tenha uma
noção do que foi declarado e acordado entre os envolvidos. Normalmente as intervenções são
eficazes, pois os interessados não retornam para novas denúncias. O psicólogo na promotoria
de Justiça do Ministério Público serve como mediador de conflitos e um auxiliar no
entendimento da dinâmica familiar dos idosos; é fundamental para que um procedimento não
chegue aos fins legais e criminais, sendo um benefício para a desjuridicalização da vida, pois
as intervenções realizadas pelo profissional da psicologia tem um caráter mais humanizado e
focado na garantia dos direitos humano.

As atribuições dos psicólogos jurídicos que atuam no MP são descritas como um setor recente,
tendo como principal demanda o atendimento de crianças e adolescentes. O ministério
público tem várias promotorias de justiça e elas tem como finalidade o atendimento de
demandas específicas de acordo com as necessidades locais. A Promotoria de Justiça é
responsável por defender e garantir direitos dos cidadãos, eles contam com promotores e
serviços auxiliares, como o setor psicossocial (psicólogos e assistentes sociais da promotoria)
Nem todas as promotorias possuem esse tipo de serviço, em Belém, funciona em apenas 4 de
8 promotorias, dentre elas a promotoria de defesa das pessoas com deficiência e idosos e de
acidentes de trabalho, da infância e juventude, da violência doméstica e familiar contra a
mulher e a defesa criminal. Sendo assim, este artigo pretende descrever as atividades
técnicas da atuação do psicólogo na promotoria de defesa do idoso e do deficiente e avaliar
sua efetividade, assim como refletir sobre a atuação profissional neste local de intervenção.

O PAPEL DO PSICÓLOGO JURÍDICO NO SISTEMA DE JUSTIÇA

Sobre atuação do psicólogo jurídico, afirma que este deve estar apto para atuar no âmbito da
Justiça considerando a perspectiva psicológica para os fatos jurídicos e colaborar no
planejamento e execução de políticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da
violência, fornecendo subsídios ao processo judicial; além de contribuir para a formulação,
revisão e interpretação das leis. Ou seja, a sua função é a de contribuir com uma visão
psicológica aos processos de justiça, seja nos aspectos de elaboração e interpretação das leis.
Além de que nos princípios fundamentais de atuação do psicólogo em seu código de ética
estão em destaque a promoção da liberdade, dignidade, igualdade e integridade do ser
humano, assim como a contribuição para eliminação ou diminuição de negligencia, violências,
discriminação, crueldade, exploração e opressões.

A psicologia judiciária é toda prática psicológica realizada a mando e a serviço da justiça,


sendo assim, o psicólogo está sob imediata subordinação das autoridades judiciárias. A
atuação do psicólogo no MP tem início a partir do momento em que o juízo solicita um
estudo psicossocial para determinado caso. Esse estudo deverá auxiliar nas tomadas de
decisões dos magistrados, promovendo intervenções focais no sistema de justiça. O maior
objetivo do estudo psicossocial no MP é de coletar elementos de prova que subsidiarão a
acusação das partes em um posterior processo, se necessário. Na Promotoria do Idoso, o
psicólogo deve buscar provas de que o idoso se encontra ou não em risco por meio de suas
intervenções e ao mesmo tempo busca melhorar a situação em que o mesmo se encontra,
garantindo os direitos integrais da pessoa idosa.

A promotoria normalmente possui uma visão unilateral, focando na construção de um caso


que acuse e culpabilize o agressor, sem se preocupar com a vítima ou com a relação entre
ambos. É fundamental cuidar da relação agressor-vítima, trabalhando para que haja uma
mudança da mentalidade na sociedade e que possa ser promovida uma cultura de não
agressão, esse é o papel da intervenção psicossocial em serviço da justiça. Com essa
perspectiva, surge a técnica mediação de conflitos e de práticas restaurativas. As práticas
restaurativas derivam das justiças restaurativas, um movimento no campo da justiça
criminal, em vez de exclusivamente punir os infratores, ela os sensibiliza para as
consequências de seus atos, colocando frente a frente vítima e agressor.

PSICOLOGIA E A DEFESA DO DIREITOS DA PESSOA IDOSA

Art. 3º É obrigação da família, comunidade, da sociedade e do poder público assegurar ao


idoso com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade e à
convivência familiar e comunitária. É dever da família, da sociedade e do estado assegurar e
denunciar quaisquer atitudes que coloquem em risco esses direitos, consideração que a
omissão disso também é considerada crime.

Violência e maus tratos ao idoso são sinônimos, a violência contra o idoso é conceituada
como um ato (único ou repetido) ou omissão que lhe cause dano ou aflição e que se produz
em qualquer relação na qual exista expectativa de confiança. A violência contra a pessoa
idosa possui nove categorias:

A violência física, que seria o uso da força física para forçar o idoso a fazer algo que ele não
deseja ou para feri-lo e provocar dor;

A violência psicológica, que seria caracterizada por agressões verbais e depreciativas com o
objetivo de humilhá-lo e isolá-lo do convívio social;
A violência sexual, que seria o ato de obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas, por
meio de aliciamento e violência física;

O abandono, que é a ausência ou deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou


familiares de prestarem socorro;

A negligência se caracteriza pela recusa ou omissão de cuidados de direito do idoso por


familiares e instituições;

Abuso financeiro ou econômico, que seria a utilização inadequada ou ilegal de seus recursos
financeiros e patrimoniais;

A autonegligência é caracterizada por conduta do próprio idoso que coloque em risco sua
saúde e seus cuidados;

Violência medicamentosa é quando há administração por familiares, cuidadores e


profissionais dos medicamento prescritos de forma indevida.

Segundo a Secretária de Direitos Humanos, o tipo de violência mais frequente, segundo o


Disque Direitos Humanos (DDH), é a violação por negligencia, em segundo a psicológica e em
terceiro abuso financeiro/econômico e violência patrimonial. 80% dos casos foram cometidos
por pessoas próximas do idoso e 12% de caráter institucional. Os principais agressores são os
filhos dos idosos. Dentre todos os fatores de vulnerabilidade dos idosos à violência familiar,
ressaltam a forte associação entre maus tratos e dependência química. 50% dos abusadores
apresentam problemas com bebidas alcoólicas. Outros usam drogas ilícitas, possuem algum
transtorno mental ou conflitos relacionais com o idoso. O custo da violência de forma direta
estão associados à prevenção e intervenção, assim como a prestação de serviços, processos
jurídicos, assistência institucional e programas de prevenção, educação e intervenção. Os
custos indiretos referem-se a menor produtividade, baixa qualidade de vida, dor e sofrimento
emocional, a perda de confiança e autoestima, as incapacidades e a morte prematura. De um
modo geral, a violência contra o idoso pode acarretar sérios problemas psicológicos de
autoestima, autoconfiança e até antecipar a morte dessa população. A cultura patriarcal
dificulta as denúncias por se fazer presente regras de que existem assunto de família que
devem ser resolvidos apenas nesse âmbito. A inserção da mulher no mercado de trabalho faz
com que as crianças e idosos fiquem sobre cuidado de outros adultos e de instituições, nesse
contexto econômico atual, torna-se mais difícil a família ter tempo para diálogo e o lazer em
grupo, o que também pode ser um fator que retarde o diagnóstico da violência domestica.
A sistematização das intervenções realizadas no setor Psicossocial a qual os casos foram
encaminhados e dados levantados pela autora, foi realizada de maneira qualitativa, em que se
categorizou as práticas, levando em consideração o local, participantes, os procedimentos das
intervenções, seus objetivos e os documentos resultantes. Na análise da efetividade das
intervenções, levou-se em consideração os objetivos das intervenções, os resultados
alcançados e as dificuldades encontradas.

Essa sistematização das intervenções técnicas do psicólogo se encaixava em quatro


categorias, dentre elas, cada uma com seu objetivos procedimentos e resultados específicos:

A entrevista: o local é na promotoria do Idoso, os participantes são o idoso, parentes,


vizinhos, quem mais tiver algo a relatar, com os objetivos de recolher informações relevantes
ao procedimento. Esse procedimento pode ser feito por demanda espontânea ou por meio de
convite oficial emitido pela psicóloga e pelo promotor de justiça. Os documentos resultantes
são termos de declarações assinados pelo próprio entrevistado, contendo informações
relevantes que o mesmo gostaria de registrar e anexar ao procedimento. As entrevistas eram
livres, sem roteiro prévio, oportunizando ao usuário falar sobre o que quisesse e o psicólogo
iria apenas direcionar para um tópico ou explicação específica. A entrevista considera a) com
quem o idoso reside, b) quem cuida de suas necessidades básicas de saúde, c) se está lúcido
e tem autonomia, d) em que condições ele mora, e) se ele recebe benefício e de qual o valor.
Esses pontos norteadores têm como intuito coletar dados para investigar se o idoso tem
acesso aos seus direitos fundamentais, de acordo com o estatuto do idoso. O atendimento
pode ser feito por demanda espontânea, sem hora marcada, por meio de convite oficial, entre
na residência dos envolvidos por uma oficial de justiça ou por meio de convite feito via telefone.
O documento resultado da entrevista chama-se termo de declaração, onde constará um
resumo do que foi informado na entrevista, de modo que siga as normas do manual de
documentos psicológicos e deve ser assinado pelo entrevistado. Na entrevista também podem
ser elaborados eventuais documentos, como encaminhamentos e declarações de
comparecimento, mas não são específicos desse tipo de intervenção.

Categoria reunião, nessa categoria, a intervenção é a entrevista, e o local é na promotoria do


idoso, os participantes são mais de uma pessoa, podendo ser idosos, parentes, vizinhos e
quem mais puder relatar informações relevantes para o procedimento. Os objetivos são
recolher informações relevantes ao procedimento e ouvir mais de uma opinião a respeito do
mesmo assunto em questão. Estes procedimentos podem ser feitos por demanda espontânea
ou por meio de convite oficial emitido pela psicóloga e pelo promotor de justiça. Os
documentos resultantes são de um ou mais termos de declaração assinados pelos
entrevistados contendo informações relevantes que o mesmo gostaria de registrar e anexar ao
procedimento. As reuniões são como entrevista em grupos, seguindo o mesmo modelo não
diretivo, livre e sem roteiro prévio. Nessas reuniões se unem mais de dois membros da família
com o intuito de se obter mais de um ponto de vista da situação. Todos devem ter a
oportunidade de expor suas opiniões., essas reuniões ocorrem na sala do profissional de
psicologia e é assegurado o sigilo e registro no documento final, como na entrevista, apenas
informações que os participantes gostariam e achem importante que conste na declaração.

A audiência, nessa categoria, a intervenção é dá pela audiência e o local também é na


promotoria do idoso, sendo participantes todos os envolvidos no procedimento, podendo ser
o idoso, parentes, vizinhos e conhecidos. Estes procedimentos podem ser feitos via demanda
espontânea ou por meio de convite oficial emitido pela psicóloga e pelo promotor de justiça.
Os resultados são termos de acordo extra judicial, assinado pela promotoria de justiça
responsável, pela psicóloga e pelos presentes envolvidos no acordo em questão. Na audiência,
utiliza-se como técnica a mediação familiar; ela surgiu como uma maneira alternativa de
resolução de conflitos, de forma a complementar o processo judicial. Essa mediação pode ser
entendida como um método de solução de conflitos no qual as partes envolvidas recebem a
intervenção de um terceiro, o mediador, que contribui por meio da reabertura do diálogo a
verificar possibilidades para a solução em que ambos fiquem satisfeitos. Nessas audiências, o
psicólogo age como essa terceira pessoa imparcial e buscará acordo entre as duas partes a
fim de que a situação seja resolvida consensualmente entre os envolvidos. O resultado da
intervenção é um termo de acordo extrajudicial, que todos os participantes da audiência
devem assinar.

A visita domiciliar, a intervenção nessa categoria se dá por meio da visita domiciliar, o local é
na residência do idoso, os participantes são o idoso e quem mais estiver presente, com os
objetivos de verificar as condições em que o idoso reside, fazer escuta do idoso se for
necessário e observar a interação do idoso com os presentes. Os procedimentos ocorrem na
separação de casos de negligencia e abandono para averiguação, solicita-se um carro oficial e,
se necessário, um policial para acompanhar a visita; também selecionam os procedimentos
por localidade e urgência. Ao chegar à casa, verifica-se onde e encontra o idoso e se seus
cuidados básicos estão sendo atendidos. O documento resultante é o relatório de visita
domiciliar. A visita domiciliar é uma prática profissional investigativa ou de atendimento,
efetuada por profissionais junto ao indivíduo em seu próprio meio social ou familiar,
desenvolvendo a técnica de observação, entrevista e de relato oral. É importante observar a
interação do idoso com os cuidadores e familiares, com o objetivo de entender a dinâmica
familiar. Se faz importante observar na interação da suposta vítima com seus familiares a)
medo de algum familiar ou de alguém próximo, b) recusa responder as perguntas ou olha
para alguém antes de responder, c) se existe mudança de comportamento quando alguém
entra ou sai do espaço físico, d) expressa sentimento de solidão e desamparo, e) relata frases
que sugerem baixa auto estima, f) refere ao cuidador como alguém cansado e de
personalidade difícil, e) expressa respeito ou apreciação exagerada de alguém.

A entrevista livre e não estruturada permite adequar as perguntas de modo a colher os


dados que são considerados relevantes de acordo com cada procedimento específico como
negligência, violência psicológica, violência física, dentre outros. A confiabilidade nos dados
obtidos nas entrevista é menor por não possuir roteiro preestabelecido e deixa-lo sem
direção, podendo levar a sabotagem dos participantes inclusive nas reuniões familiares,
onde não se torna possível um avanço em um sentido positivo para a resolução dos
conflitos. O psicólogo deve respeitar o momento dos participantes falarem, mas também deve
impor limites e indicar quando for sua vez, expressando sua visão sobre a situação e sugerir
melhorias para as condições propostas por ambas as partes. O mediador não deve esquecer de
sua função como condutor da reunião, um guia, sempre imparcial em todos os momentos para
que não tenha dificuldades em conseguir uma conciliação e um acordo. O mediador deve ter
um perfil que componha: um nível superior, capacidade básica em mediação; noções de
direito de família; experiência no emprego de técnicas de resolução de conflitos;
credibilidade, confiabilidade das partes e imparcialidade. Deve também estar concentrado
no aqui e agora da interação do conflito, deve garimpar o passado em busca de seu vlor pra
o presente e os mediadores transformativos extraem satisfação de seu ofício quando
oportunidades de capacitação e reconhecimento das partes são reveladas no processo e
quando é possível ajudar as partes a reagir nesse sentido.

Há um projeto de lei que regulamenta a mediação de conflitos como instrumento para


prevenção e solução consensual de conflitos. Esse projeto prevê como princípios norteadores
da mediação de conflitos, a imparcialidade do mediador; autodeterminação das partes no que
tange ao conteúdo do acordo ou não acordo, ou seja, o acordo deve ser construído
democraticamente entre ambas as partes. A mediação de conflitos só pode ser realizada se
houver interesse de todos os envolvidos; igualdade das partes em seu poder decisório,
garantindo aos participantes igualdade de participação e opinião. A mediação seria uma forma
de resolver conflitos de modo consensual, sem necessitar ir aos tribunais de justiça.

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