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Margarida Maria Ferreira (Magal)

Mestre de Pesquisa em Saúde


CRP: 15/0248

Curso de Formação em Psicoterapia Breve – Módulo II

2021
A PSICOTERAPIA BREVE NAS INSTITUIÇÕES

A Psicoterapia breve é um campo de prática, cuidadosamente pesquisado,


revisado, conceituado com direções-chave bem estabelecidas, a partir de uma
conduta técnico-científica comprometida com seu desenvolvimento. É necessário
compreendê-la como um campo que cresce e se expande constantemente a partir do
surgimento de novos enfoques técnicos que partem da necessidade de enxergar o
paciente em sua organização estrutural formada a partir do direcionamento de si em
seu meio familiar, social, ideológico, material, socioeconômico e político de forma
indissociável e interrelacionada da qual surge o homem em situação.
As Psicoterapias Individuais ainda são os principais métodos de aplicação
clínica, porém o atendimento grupal tem crescido nas últimas décadas de forma
acelerada devido as suas possibilidades de alcance social, facilitando a expressão da
individualidade no contato com o outro. Favorece o questionamento e a reformulação
de métodos culturais e relacionais estabelecidos como óbvios, facilitando a
verbalização, envolvendo experiências emocionais corretivas. Alguns conceitos
teórico-técnicos das psicoterapias individuais podem ser utilizados na vivência grupal.
Como: tipos de intervenção, timing, noções de foco, relação de trabalho, motivação
para a tarefa, processo de contrato e estratégias de articulação de recursos.
A partir de uma profunda avaliação da história dinâmica e das condições atuais
do paciente, o psicoterapeuta poderá estabelecer uma relação de tolerância e criação
de novos vínculos interpessoais, onde o indivíduo possa se expressar livremente,
favorecendo uma reaprendizagem da situação vivenciada, aprendizagem da
autoavaliação, objetivação e crítica dos comportamentos atuais, o incentivo à adoção
de papeis que fortaleçam a capacidade de discernimento, exercendo influência sobre
os padrões de interação familiar, levando a compreensão dos sintomas e manejo da
ansiedade.
O trabalho do Psicólogo na assistência institucional em equipe possibilita um
contato com comportamentos além dos revelados em psicoterapia, estabelecendo
condições diferentes entre reações transferenciais, influenciando o nível de
intervenções.
Na Psicoterapia Breve o terapeuta deve adotar uma postura ativa e
participante, assim como, o domínio de uma série de intervenções que vão além do
material trazido pelo paciente, integrando vivências “extraterapêuticas”. O
Psicoterapeuta avalia a situação total do cliente, a estrutura dinâmica essencial de
sua problemática e elabora um plano de abordagem individualizado.
Também são estabelecidas metas fundamentais a serem atingidas, é definida
uma estratégia geral a partir da avaliação de determinados aspectos dinâmicos
básicos do quadro, dos conflitos ligados ao sintoma, selecionando as defesas que
devem ser mantidas.
A orientação estratégica das sessões está em focalizar o esforço terapêutico
conduzindo o paciente/cliente para a função e o significado interpessoal dos sintomas,
através de interpretações parciais e atenção seletiva, é necessário considerar o
Princípio da Flexibilidade pois cada paciente possui necessidades diferentes, o
tratamento precisa ser modelado periodicamente conforme a evolução do mesmo,
uma avaliação dinâmica, contínua e atualizada garante o máximo rendimento
terapêutico.
Os atendimentos psicológicos oferecidos por seguros e convênios, quase
sempre, limitam o número e o tempo das sessões. Serviços de saúde, sejam públicos
ou particular requerem medidas e critérios que preservem o funcionamento adequado,
atendendo as necessidades do paciente e da instituição.
O Atendimento por Convênio de Saúde se diferencia das outras modalidades
principalmente no que se refere a quatro fatores: o valor pago é inferior ao
determinado na Tabela de Referência Nacional de Honorários dos Psicólogos,
geralmente o atendimento precisa ser requisitado por um Médico, alguns planos
limitam a quantidade de sessões anuais, em geral a operadora defini um tempo limite
para cada consulta, entre 30 e 40 minutos. É necessário comprovar os atendimentos
realizados através da guia de atendimento do convenio, assinada pelo paciente a cada
consulta.
Nesse tipo de atendimento o Psicólogo não recebe o pagamento direto do
paciente, a operadora de convenio realiza o pagamento, geralmente entre 30 e 40
dias úteis após o faturamento das guias de atendimento assinadas pelo paciente e
pelo Psicólogo responsável. Alguns planos de saúde não cobrem todos os serviços
de Psicologia, limitando-se a consulta e as sessões de Psicoterapia. As vantagens
nesse tipo de atendimento são: a divulgação do profissional através dos Manuais aos
Benificiários que, em geral, possuem abrangência territorial e maior fluxo de
pacientes.
Existem algumas limitações em torno das ações de saúde no que se refere a
prevenção, diagnóstico e tratamento das patologias como, questões éticas e políticas
atreladas as metas sociais que orientam as ações sobre a saúde individual e coletiva.
Dentre os fatores que determinam a procura aos serviços de saúde estão a percepção
do indivíduo sobre seu estado e as necessidades assistenciais vivenciadas por ele.
A demanda pode ser Atual, com procura espontânea aos serviços de saúde;
Pessoas que não obtém atendimento devido a dificuldades de acesso à medicina
científica, seja por motivos econômicos, sociais e financeiros; Derivada, que utiliza
sistemas alternativos como automedicação ou medicina popular e que adiam
temporariamente a busca por instituições de saúde. Existem cinco níveis de promoção
de saúde dentro da evolução da doença:
O primeiro nível atua sobre o estado geral da vida do indivíduo e o meio que
pode resultar em um adoecimento, em seguida a fase da proteção específica, trabalha
fatores que podem favorecer o surgimento de uma patologia, esses dois primeiros
níveis operam sobre a fase pré-patogênica da doença, o terceiro nível age sobre o
diagnóstico e tratamento imediato, por meio de exames periódicos, o quarto nível
intervém sobre o quadro patogênico já instalado, evitando a progressão da doença e
danos maiores; o quinto nível, a reabilitação, trabalha as sequelas do adoecimento,
pela sua melhora e pela reintegração do indivíduo pela sociedade. As ações de saúde
devem estar voltadas para a prevenção e para a redução de danos independente da
fase em que esteja. O sistema de saúde atua de forma integrada com as diferentes
instituições responsáveis pelas ações de saúde, delimitando as responsabilidades de
cada um de forma organizada.
Nas instituições de saúde o Psicólogo precisa conquistar espaço, facilitando
um melhor atendimento ao paciente e família, o desenvolvimento da equipe
multiprofissional, a diminuição da ansiedade e dos conflitos.
O ambiente hospitalar dentro do contexto brasileiro se caracteriza por ser
predominantemente institucional, os pacientes que lá se encontram, em geral,
apresentam um Ego fragilizado fruto não só da crise existencial devido a seu
adoecimento como também de questões sociais somadas ao seu histórico de vida.
Os aspectos anteriormente citados levam o profissional Psicólogo a conviver
diariamente com questões limite de injustiça e sofrimento e exigem a adaptação da
linguagem profissional rebuscada, adquirida academicamente a uma linguagem
simples e direta, acessível ao paciente.
A Técnica Focal possui pressupostos básicos que se contrapõem a
Psicoterapia tradicionalmente utilizada em consultórios, o atendimento se adapta ao
local e pode ser realizada em qualquer lugar do hospital, o setting pode ser no
corredor, numa maca, numa enfermaria, numa UTI, num banco de jardim, o tempo
também é adaptado conforme a necessidade do momento do paciente.
Os recursos vão além da verbalização e podem ser adotados métodos que o
psicoterapeuta domine, como técnicas de respiração, técnicas transpessoais e relax,
a adoção desses recursos ocorre, nos casos em que os pacientes se encontram
impossibilitados de falar, se locomover, ver, ouvir, entre outras limitações que
dificultem a comunicação. O indivíduo que se encontra hospitalizado não deve ser
visto como, apenas um portador de doença, mas sim, como um homem, mulher,
criança que possui uma identidade, história de vida além da hospitalização e que se
encontra em sofrimento.

REFERÊNCIA
BARRETO, G; RESENDE, V. Como se faz? Iniciando a Prática Clínica em Psicologia.
Salvador: SANAR, 2019.

FERREIRA, M. M. C. Prática Interventiva em Psicologia Hospitalar e Instituições de


Saúde. Apostila de Capacitação em Psicoterapia Breve. Maceió: TiShark, 2021.

FIORINI. H. Teoria e Técnica de Psicoterapia. Sāo Paulo:Martins Fontes, 2004.

LEITĀO, M. S. O Psicólogo e O Hospital. Sagra D. C. Luzzatto Editores.

LEMGRUBER, V. O Futuro da Integraçāo: Desenvolvimentos em Psicoterapia Breve.


Porto Alegre: Artmed Sul, 2000.

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