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O ACOLHIMENTO E ESCUTA NO PROCESSO DE TRABALHO DA ALTA

QUALIFICADA

O acolhimento é uma ferramenta que possibilita a escuta qualificada, promove a


construção de vínculos e auxilia no processo de co-responsabilização nos modos de
produzir saúde, dando atenção ao sujeito em sua integralidade, ou seja,
considerando suas emoções, sua história, meio social, fragilidades e
potencialidades!

O acolhimento e a escuta contribuem é fundamental para aproximar o paciente a


equipe, e consequentemente colher mais informações.

Conhecer o sujeito em sua singularidade, e amplitude, rompe com o acolhimento


tradicional e limitado ao biológico, passando a entender o sujeito em suas reais
necessidades.

• acolher não deve se limitar ao ato de receber, deve ser algo continuo

• escutar é também entender o lugar do paciente, ter empatia é fundamental

• promover um ambiente acolhedor é também proporcionar uma relação de


segurança para o paciente e para a família

• A integralidade busca a totalidade do sujeito, evitando reducionismos e


fragmentação

• O acolhimento promove o acesso a um atendimento humanizado

• É necessário a habilidade de reconhecer questões que vão para além da


aparência, atentar ao dito e o não dito! Escuta ativa …

O acolhimento é uma postura ética

No momento da alta, o acolhimento e a escuta são fundamentais para identificar


fatores que influenciarão no processo de tratamento e reabilitação fora do hospital.

A alta médica deve ser planejada pela equipe multidisciplinar, com a participação
ativa do paciente e de sua família nas decisões relacionadas ao tratamento,
devendo acontecer de forma responsável, integrada e articulada! *Dessa forma, a
alta qualificada tem por finalidade assegurar a continuidade de cuidados do paciente
mediante a integração da instituição hospitalar e a rede de atenção
O processo de alta qualidade deve contemplar:

- A orientação dos pacientes e da família para a continuidade do tratamento,


reforçando a autonomia e o autocuidado do sujeito

- A articulação da continuidade do cuidado junto a outras redes de atenção à saúde


e com a atenção básica

- Implantação de mecanismos alternativos das práticas hospitalares, como por


exemplo os cuidados domiciliares

ALIANÇA TERAPÊUTICA: ESTABELICIMENTO, MANUTENÇÃO E RUPTURAS


DA RELAÇÃO

A aliança terapêutica é um fator que influencia na qualidade, na evolução e no


desfecho dos vários fazeres em psicologia. De modo geral pode ser compreendida
como uma pré-condição para o estabelecimento de um processo psicoterápico, uma
variável fortemente relacionada com a adesão e os resultados do tratamento.

A AT é um aspecto colaborativo, racional e consciente emergente da relação entre


paciente e terapeuta, possibilitando a manutenção do tratamento.

Já a Relação Transferencial constitui-se como aspectos distorcidos, irracionais que


apresenta-se através de resistências perante o tratamento.

Bordin propõe três dimensões para a aliança terapêutica: 1) acordo nos objetivos do
tratamento ente paciente e terapeuta 2) acordo nas tarefas e 3) desenvolvimento do
vínculo de confiança entre a dupla.

A aliança terapêutica está atravessada por fatores intrínsecos do terapêutica, do


paciente e do relacionamento entre estes, impactando em sua força e assim em
seus resultados.

Características importantes do terapeuta: flexível, experiente, honesto, respeitoso,


digno de confiança, confidente, alerta, interessado, amigável, calmo, aberto … Bem
como a habilidade de comunicação e empatia
O treinamento do terapeuta em desenvolver, monitorar e manter a AT são fatores
preditores dos resultados da terapia.

Pode-se resumir, portanto, que não só determinadas características dos pacientes,


mas também a qualidade da relação objetal, do suporte social, da motivação e do
padrão defensivo do paciente têm grande impacto sobre a aliança terapêutica. Além
desses aspectos, as características pessoais dos terapeutas, bem como seu
treinamento, são imprescindíveis para que a AT se desenvolva com qualidade.
Sendo assim, a AT reflete um trabalho conjunto entre terapeuta e paciente em que
as percepções de cada um, bem como as expectativas, opiniões e construções,
influenciam no estabelecimento da AT (Corbella & Botella, 2003).

Rupturas de AT são compreendidas por situações de tensão ou colapso no


relacionamento colaborativo entre a dupla, podendo apresentar-se em diversas
intensidades. Cabe ao terapeuta identificar essas manifestações, caso contrário o
paciente irá abandonar o tratamento se não feito nenhuma intervenção.

Entender o motivo da ruptura pode evocar mudanças, uma vez que o terapeuta pode
assumir características que remetem a padrões de relacionamento conflituosos do
próprio paciente.

Ruptura de aliança terapêutica por afastamento: quando o paciente lida com alguma
questão ou aspecto do relacionamento terapêutico se afastando ou se acomodando
ao tratamento, o sujeito não confronta, mas se retira silenciosamente da relação.

Ruptura de aliança terapêutica por confrontação: acontece mediante a confrontação


do paciente cujo expressa diretamente sua raiva, ressentimento e insatisfação com o
terapeuta ou com algum elemento da terapia.

Sufran e Muran reformularam o conceito de AT proposto por Bordin, postulando


aspectos que contemplam a ruptura de AT: desacordo nas tarefas, nos objetivos e
tensão no vínculo entre a dupla.
SISTEMA DE LIGAÇÃO E SISTEMA DE CONSULTORIA

O sistema de consultoria atende a pacientes internados em enfermarias diversas,


enquanto que no sistema ligação o psicólogo é membro de uma multiprofissional
especializada no atendimento de clientelas específicas. Ao contrário do que
comumente no sistema de consultoria, o profissionais que atuam em sistema de
ligação geralmente costumam ter um vínculo mais consistente e contínuo com sua
clientela e com as equipes, assim permitindo um leque de possibilidades de atuação
mais amplo. No contexto ambulatorial é possível a existência um ambiente mais
reservado e ambientalmente mais controlado. No contexto das enfermarias, a
imprevisibilidade do ritmo e da duração dos atendimentos é algo característico, e o
ambiente pode ser alvo de interrupções, bem como o acompanhamento pode ser
interrompido em decorrência da alta médica não notificada, morte, piora do quadro
clínico, etc.

A atuação do psicólogo nos hospitais emerge dentro daquilo que é possível, já que
muitas vezes o que é ideal não acontece de fato, seja por questões institucionais,
ambientais ou do próprio paciente.

A elaboração de uma hipótese psicodinâmica no contexto hospitalar promove a


elaboração e execução de determinada ações psicoterápicas, fator que promove a
distinção entre o que se compreende por “ações de efeito psicoterápico” e
“intervenções psicoterápicas”, uma vez que a primeira tende a serem intuitivas e não
se baseiam em um diagnóstico, sendo comumente realizadas pela equipe, amigos,
familiares que sem pretensões terapêuticas acabam por promover benefícios no
alívio dos sintomas de medo, ansiedade, etc. através de informações e ações que
desfazem fantasias, distorções e fatores prejudiciais. Em contrapartida, intervenções
psicoterápicas são emergentes da prática do psicólogo que utiliza ferramentas
mediante um determinado propósito e finalidade, junto ao paciente.

A participação da equipe juntamente as intervenções psicológicas torna-se um fator


facilitador, na medida que cria-se um vínculo maior do psicólogo com a equipe
multiprofissional e viabiliza maior atenção de outros profissionais para aspectos
emocionais que são diretamente influentes no tratamento clínico ou cirúrgico. Para
além disso, permite maior entendimento sobre as reais demandas psicológicas a fim
de evitar solicitações desnecessárias.

Ter um plano de atuação é imprescindível, justo que a absorção de indiscriminada


de demanda pode gerar sobrecarga e atendimentos de baixa qualidade. Não
obstante é afirmar que a rigidez e a extrema restrição pode criar um serviço
assistencial superficial e que não atende as reais demandas de seus usuários.

No contexto hospitalar o foco é direcionado as variáveis do processo de


adoecimento e de tratamento, que reverberam consequências na esfera emocional
do paciente, enquanto no modelo clínico tradicional o foco está atrelado aos fatores
emocionais que estão vinculados a outros temas e não necessariamente a
disfunções em sua saúde física.

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