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A teoria da vinculação e a prática da

psicoterapia cognitiva

Cristiano Nabuco de Abreu*

Resumo
O estudo da vinculação teve seu início marcado por uma pesquisa realizada por John Bowlby sobre as origens do desenvol-
vimento psicopatológico, na infância e na idade adulta, ao analisar a correlação entre perda e separação durante a infância e os
possíveis distúrbios emocionais desenvolvidos na idade adulta. Semelhante àquela relação na qual as crianças procuraram
desenvolver uma base segura com seus cuidadores, a conexão estabelecida entre o terapeuta e seu cliente também favorecerá
a manifestação de níveis e padrões de confidencialidade parecidos com os encontrados em outros contextos. Muitas pesquisas
conduzidas a respeito da melhora clínica sugerem que aspectos contraditórios de vinculação entre cliente e terapeuta conduzem
a resultados positivos ao final do tratamento. Isto por que, na grande maioria das vezes, tal ligação torna-se muito mais
responsável pela mudança pessoal do cliente do que aquelas apresentadas na história de vida, independentemente da etiologia
envolvida no processo terapêutico. Por outro lado, outras investigações apontam que os aspectos semelhantes na vinculação é
que conduziriam aos bons resultados. Dessa forma, ao longo desse trabalho, procurou-se, a partir de um estudo empírico,
verificar quais modalidades de relação vincular (pares simétricos ou assimétricos entre o clínico e o cliente) oferecem maior
possibilidade de sucesso no tratamento.
Palavra-chave: teoria do apego, psicoterapia, relação paciente-terapeuta

Abstract
Attachment was first studied when John Bowlby started to research the origins of the psychopathologic development
during childhood and in adulthood, and analyzed the correlation between loss and separation during childhood and the emotional
disorders potentially developed in adulthood. Similar to that relationship in which children tried to develop a safe basis with
their caregivers, the connection established between therapist and client will also foster the manifestation of similar reliability
levels and patterns to those found in other contexts.
Many studies on clinical improvement suggest that contradictory aspects of attachment between client and therapist lead to
positive results in the end of the treatment. This is because, most of the times, such bond turns out to account more for the
client's personal change than those presented in their history of life, no matter the etiology involved in the therapeutic process.
On the other hand, other investigations indicate that common aspects in the attachment are what lead to good results. Thus,
throughout this empirical work, we tried to ascertain which modalities of bond relationship (symmetrical or asymmetrical pairs
between clinician and client) offer higher possibilities of treatment success.
Key word: attachment theory, psychotherapy, therapist-client relationship

* Psicólogo Clínico, Doutor em Psicologia Clinica pela Universidade do Minho (Portugal), Mestre pela PUC/SP, S.E.I. - Universidade de York (Canadá).
Coordenador da Equipe de Psicologia do Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares (AMBULIM) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

DOI: 10.5935/1808-5687.20050020
44 Cristiano Nabuco de Abreu

Introdução e o paciente é o da aliança terapêutica. Afirmam alguns


autores que a idéia da aliança terapêutica originou-se
Alguns clínicos e teóricos da psicoterapia acreditam no início da literatura psicanalítica e, nos últimos 10
que o relacionamento que se desenvolve entre o terapeuta anos, tem se tornado um tópico de crescente interesse
e o cliente é a essência de um tratamento efetivo. Outros entre os teóricos da psicoterapia e pesquisadores em
acreditam que, embora o relacionamento não seja uma geral (Safran, Muran & Samstag, 1994). Bordin (1979),
condição básica, ele fornece uma significativa alavanca outro importante colaborador, sugeriu ser aliança um
para que sejam implementadas as técnicas terapêuticas aspecto fundamental nas mais variadas formas de
utilizadas na promoção da mudança no paciente (Beck, sucesso em psicoterapia, afirmando que ela é uma
1995). Independente do posicionamento adotado, se a li- resultante direta do grau de concordância estabelecido
gação entre ambos é um dos ingredientes essenciais da entre o paciente e o terapeuta a respeito da tarefa, da
mudança em psicoterapia ou um método utilizado para se meta e dos vínculos envolvidos no processo de ajuda.
chegar a um fim, existe uma notável concordância de que Embora uma aliança positiva não ocorra imediatamente
a relação paciente-terapeuta desempenha uma importante após o início da terapia (necessita-se aproximadamente
função no tratamento psicológico. de 4 sessões para sua formação), algumas investigações
A literatura a respeito dessas questões é ainda sugerem que seu desenvolvimento é necessário antes
muito escassa e a maioria dos clínicos ainda não é capaz que se possa esperar qualquer tipo de êxito no processo
de verbalizar ou conseguir operacionalizar concretamente de ajuda (Henry & Strupp, 1994). Assim, seria razoável
as bases nas quais sua postura interpessoal é construída pensar na aliança como uma série de janelas de oportu-
frente aos diferentes tipos de clientes. Embora muitos nidades que vão se abrindo a cada sessão, pedindo por
profissionais experientes possam intuitivamente tentar inevitáveis ajustes nos procedimentos adotados pelos
moldar a sua postura relacional com cada um, existem terapeutas no trato com seus clientes (Bordin, 1994).
poucas publicações que sistematizam este processo. Além Desta forma, enquanto temos de um lado a criação e
disso, sabe-se que a demanda exigida pela psicoterapia manutenção de uma boa aliança de trabalho (gerando
(em termos de atuação do profissional) é signifi- bons resultados na psicoterapia), temos de outro suas
cativamente alterada com o passar do tempo. Ou seja, as possíveis rupturas (gerando desistência ou resultados
posições adotadas inicialmente pelo clínico diferem terapêuticos empobrecidos).
marcadamente daquelas que deveriam ser adotadas a Segundo Safran (1998, 2004), as “rupturas da
médio e a longo-prazo para que o processo continuasse a aliança” são subdivididas em dois subtipos: afastamen-
ser eficaz e efetivo (Abreu, 2005). Infelizmente, perce- to e confronto. Nas rupturas de afastamento, o paciente
bemos que a grande maioria dos profissionais posiciona- afasta-se ou se descompromete parcialmente do
se de maneira incerta e até desinteressada frente a estas terapeuta, de suas próprias emoções ou de alguns
questões, continuando a exibir sempre os mesmos estilos aspectos do processo terapêutico. Tais rupturas podem
de comportamento do início ao final do tratamento. manifestar-se de diferentes formas. Em alguns casos, é
Portanto, a falta de habilidade do clínico em identifi- totalmente óbvio que o paciente tenha dificuldade em
car, sistematizar e criar um contexto de segurança e facilita- expressar suas preocupações ou necessidades no
ção à exploração pessoal, por exemplo, pode corroborar com relacionamento por exemplo, um paciente pode
o aparecimento de atitudes que criem uma predisposição expressar suas preocupações de uma maneira indireta
sistemática do cliente em se opor às idéias do terapeuta, ou pouco esclarecedora (Safran & Muran, 1996). Em
bem como induzir um relacionamento fracassado e pouco outros casos, o paciente concorda ou se acomoda com
favorecedor de mudanças (Mallinckrodt, 1996). os desejos que percebe por parte do terapeuta de tal
maneira que o clínico pode ter dificuldade em
reconhecer tal acomodação do paciente. Não é incomum
A relação de ajuda: indo além que paciente e terapeuta formem uma pseudo-aliança
do posicionamento intuitivo que corresponda ao tipo de falsa auto-organização do
self, conforme já descrita por Winnicott (1994). Em tais
Um conceito recente que poderia explicitar casos, enquanto o progresso terapêutico pode estar
melhor as trocas que ocorrem na relação entre o clínico acontecendo num nível, a terapia perpetua algum outro
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aspecto pouco funcional e mais redundante (de auto- mais amistoso (e não somente aparentar amizade), é
defesa, por exemplo). No caso das rupturas de confronto, provável que o paciente tenda a considerar com mais
o paciente expressa diretamente seu descontentamen- tranqüilidade suas colocações. Tais conclusões, portan-
to, o ressentimento ou a insatisfação com o terapeuta to, nos apontam para a pessoa do terapeuta como um
ou com algum outro aspecto da terapia. componente de suma importância para a obtenção de
Um importante ponto a ser considerado é que os resultados positivos.
tipos de relacionamentos (e as problemáticas a eles Considerando que o aumento da aliança está
associadas) que o paciente traz ao contexto clínico, diretamente associado ao decréscimo da sintomatologia,
podem tornar-se, em certos momentos, uma questão torna-se fundamental que tal aspecto seja então obser-
secundária (embora não sem importância) se vado com mais parcimônia, pois pesquisas já mostraram
comparados ao processo de relacionamento estabelecido que os terapeutas mais experientes não são
entre o cliente e o terapeuta (Holmes, 1993). Portanto, necessariamente aqueles mais bem sucedidos na
tanto o paciente como também o terapeuta acabam condução da psicoterapia (Mahoney, 1991).
envolvidos na formação de uma boa aliança, A este respeito, existem estudos sistemáticos
contribuindo diretamente para algum tipo de resultado relacionando as reações pessoais do terapeuta com a
ao final da psicoterapia. qualidade de suas comunicações, bem como sua
Teríamos então, como elemento emergente, um interpretação em relação às impressões diagnósticas e
processo autenticamente interativo entre as partes, ou planos de tratamento. Por exemplo, atitudes negativas
seja, entre aquele que busca e aquele que oferece ajuda. em relação ao paciente foram freqüentemente associadas
Neste sentido, isso nos leva ao ponto em que as habili- a comunicações não-empáticas e prognósticos clínicos
dades de relacionamento, tanto do paciente quanto do desfavoráveis (Horvath & Greenberg, 1994). Portanto,
profissional, são variáveis altamente relevantes no muito mais do que podemos imaginar, os fatores pes-
estabelecimento desta nova relação, determinando soais do clínico contribuem expressivamente para o
significativamente a probabilidade de resultados bené- resultado final da psicoterapia (Multon, Patton &
ficos ou destrutivos. Considerando que a aliança é, ao Kivlighan, 1996).
mesmo tempo, interpessoal e interativa, a habilidade e
a história passada não só do paciente, mas também do
terapeuta, podem desempenhar um importante papel Em foco: o profissional
nesta nova configuração.
Em uma investigação de Raue e Goldfried (1994), Quando pensamos no processo terapêutico e nos
foram avaliados alguns aspectos de uma boa muitos artigos existentes sobre o assunto, percebemos
psicoterapia e verificou-se que 70% dos pacientes bem que a ênfase recai quase sempre sobre o paciente. Por
sucedidos ao final do processo relataram como elemen- exemplo, quando certos autores enfocam o processo
tos primordiais de sua transformação pessoal, os terapêutico, descrevem alguns conceitos como proces-
seguintes itens: so empático, referência positiva incondicional, con-
1. A personalidade do terapeuta. gruência e aceitação incondicional (Rogers, 1957). Se
2. Serem auxiliados pelo clínico a entenderem formos analisar mais pormenorizadamente, esses
seus problemas. entendimentos, definem quase que exclusivamente a
3. Encorajamento para gradualmente praticar o postura do terapeuta e não o relacionamento entre
ato de enfrentar as situações que os aborrecem. terapeuta e paciente.
4. Serem capazes de falar com uma pessoa Na literatura existente, não encontramos muita
compreensiva. informação sobre a influência mútua dos comportamentos
5. Ter alguém que os ajudasse a se do cliente e do terapeuta. Tradicionalmente conhecemos o
compreenderem. conceito de transferência significando conflitos passados
Portanto, recai sobre o profissional de ajuda relativos a relacionamentos anteriores expressados atra-
integrar a suas características pessoais de maneira que vés de pensamentos, atitudes e comportamentos transferi-
elas se tornem um elemento dinamizador e não limitador dos ao terapeuta (Gelso & Carter, 1994). Por outro lado, o
do transito psicológico. Se o clínico for efetivamente conceito complementar de contra-transferência sugere que
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não somente os clientes experienciarão alguns sentimentos forto do depressivo. Essa reação de dominação, então,
em relação ao terapeuta, mas o terapeuta também atrai sentimentos de submissão e desamparo, reforçando
experienciará sentimentos em relação ao paciente. Temos, os sentimentos depressivos nas pessoas já deprimidas
então, duas forças opostas influenciando os resultados da (Horowitz, Rosenberg & Bartholomew, 1993).
terapia: cliente de um lado e terapeuta de outro (Hermann, Para apoiar essas suposições, outra pesquisa foi
1997). Outros autores afirmam que a pessoa do terapeuta mais além ao mostrar a correlação de uma comple-
tem sido muito negligenciada e muitas questões existentes mentaridade negativa (estabelecida na relação terapêu-
sobre o ambiente criado pelo terapeuta permanecem ainda tica) aos resultados pouco satisfatórios ao final do pro-
sem uma resposta clara (Lazarus, 1993). cesso, isto é, pouca ou nenhuma mudança pessoal foi
Na literatura (Safran, 1998), geralmente encon- registrada. Assim, nos parece que as bases pessoais,
tramos artigos onde os pacientes são considerados como tanto do terapeuta quanto do cliente, interferirão no bom
indivíduos com bases singulares de interpretação, ou no mau resultado do tratamento.
crenças, reações, narrativas etc; e o clínico tendo que Quando falamos nessas bases pessoais e na história
respeitar e compreender esta variação pessoal. Mas de vida pregressa, é inevitável que pensemos nos modelos
como podemos ser tão flexíveis, considerando que tam- internos de trabalho, conforme discutido amplamente por
bém temos nossos estilos pessoais? Como podemos li- John Bowlby (1969) ao postular a Teoria do Apego. Afir-
dar com a diversidade humana se sempre somos os mou tal pesquisador que os padrões interpessoais obser-
mesmos em nossa singularidade? vados por uma pessoa em sua vida adulta serão resultantes
É claro, tentamos desenvolver alguma flexibili- diretos da qualidade de apego (ou vinculação) que uma
dade, quando dizem alguns autores que supostamente pessoa experienciou com seus pais ao longo de sua
deveríamos seguir o exemplo do camaleão para a obten- infância. Para Bowlby, tais padrões serão frutos de
ção de um bom resultado na psicoterapia, isto é, adaptar- representações mentais, extraídas das histórias afetivas
mo-nos a cada situação ao invés de ajustar nossos paci- pregressas de cada um, e considerados poderosos
entes ao nosso tratamento (Lazarus, 1993). Mas será que ingredientes do comportamento humano (Abreu, 2005).
não existe limite para isso? A terapia comportamental
oferece alguma contribuição a esse respeito ao afirmar
que a terapia tem bons resultados quando o terapeuta é A teoria do apego: algumas
amigavelmente dominante e o paciente amigavelmente noções
submisso (De Vogue & Beck, 1978). É claro, as pessoas
obedientes são mais fáceis de tratar em terapia do que as O estudo do apego ou da vinculação teve seu
pessoas arrogantes e hostis (Horowitz, Rosenberg & início marcado por uma pesquisa sobre as origens do
Bartholomew, 1993). Mas, existe uma resposta ideal para desenvolvimento psicopatológico, na infância e na ida-
esta questão? Nós realmente seríamos úteis ao paciente de adulta, realizada por John Bowlby, na Clínica
mantendo-o submisso por longos períodos? Tavistock (Inglaterra). Este trabalho representou um
Para enfatizar a existência dessa co-dependên- rompimento com a conceituação e a pesquisa psicana-
cia, existe uma importante teoria chamada Teoria lítica tradicionais sobre a correlação entre perda e
Interpessoal que, dentre outras coisas, sugere que separação durante a infância e os possíveis distúrbios
quando temos duas pessoas interagindo, elas emocionais desenvolvidos na idade adulta. O objetivo
influenciam seus comportamentos mutuamente. O de Bowlby foi, desde o início, compreender as possí-
comportamento de uma pessoa evocará certas reações veis influências adversas no desenvolvimento da per-
na outra, isto é, quando a pessoa A é ríspida com a pes- sonalidade, quando se dá a falta de cuidados maternos
soa B, a pessoa B certamente ficará mal humorada ou adequados durante os primeiros anos de vida - quando
se justificará. O conhecido princípio complementar, que as crianças são separadas daquelas pessoas que lhe são
faz parte dessa teoria, tem sido usado para conceituar o familiares e lhe fornecem apoio emocional. Contraria-
dilema dos depressivos. Quando uma pessoa depressiva mente ao que se imaginava, a teoria da vinculação foi
expõe seu desconforto, dando a impressão de submissão muito rejeitada pela psicanálise, por ser excessivamente
e desamparo, o ouvinte, em muitos casos, reage com simplista e muito desvinculada da teoria freudiana
atitudes dominadoras no desejo de reduzir o descon- original (Bowlby, 1977).
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Fundamentada nas teorias da etiologia e da evo- O sistema de vinculação, assim, é um sistema


lução, a teoria da vinculação de Bowlby (1969) foi comportamental independente semelhante a outros
estruturada sobre o conceito da existência de um sistema sistemas comportamentais como o alimentar-se, a bus-
comportamental que regula os comportamentos de busca ca da satisfação das necessidades fisiológicas e a
por proximidade e a manutenção de contato da criança exploração do ambiente. Desta forma, os comporta-
com indivíduos específicos que venham a fornecer mentos de vinculação objetivam a busca de proximida-
segurança física ou psicológica. de com as figuras de apego para a obtenção de segurança
Bowlby (1988), assim, afirmou que o vínculo da e apoio psicológico quando necessário – características
criança com sua mãe é um produto da atividade de um básicas para a sobrevivência (Collins, 1996).
certo número de sistemas comportamentais que têm a A teoria propõe então a existência de três estilos
proximidade com a mãe como resultado previsível. Tal gerais referentes às sensações experimentadas na
enunciado é facilmente verificável ao se observar uma ativação do sistema comportamental de apego em
criança em seu segundo ano de vida, quando se função da disponibilidade materna - o apego seguro, o
locomove para alcançar sua mãe na presença de circuns- inseguro-evitativo e o inseguro-ambivalente
tâncias ameaçadoras. (Ainsworth, Blehar, Waters & Wall, 1978).

Figura 1 – Funcionamento do Sistema de Vinculação


Tipo Seguro

Um aspecto de relevância primordial nesta veri-

Tipo Inseguro
Ambivalente
A figura de apego está
suficientemente perto, Sentimento de Alegre, menos
atenta, receptiva, segurança, amor, inibido,
aprovadora, etc.? confiança sorridente,
exploração
orientada,
sociável
Não

Hierarquia dos
comportamentos de apego:
1. checagem visual.
Manutenção de
2. assinalamento do
proximidade enquanto
restabelecimento de contato, Medo, Defensivi evita o contato íntimo,
chamamento, desculpa. ansiedade dade exploração defensiva
3. movimento para o
restabelecimento do contato,
apego.

Tipo Evitativo

FONTE: Hazan e Shaver, 1994


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ficação será a quantidade de segurança abstraída pela nibilidade dos outros, tenderão a usar suas próprias
criança no trato com seu cuidador. Bowlby afirmou ser estratégias de enfrentamento ao invés de buscar apoio
um poderoso indicativo da qualidade da relação social, pois no passado tiveram que superar sozinhos
experimentada pela criança com sua mãe (após uma suas dificuldades. Já os indivíduos ambivalentes
breve ausência) o modo com que ela responde por intensivamente buscarão apoio (mais até do que os
ocasião de seu retorno. Um modelo típico desta asserção seguros), mostrando altos níveis de emoções e
é a criança considerada seguramente apegada. Estes ansiedade. Ou seja, adultos, da mesma forma que
bebês parecem perceber seus cuidadores como fontes crianças, exibirão diferentes estilos de apego no tra-
confiáveis de proteção e segurança e, quando to com seu meio social (Mayseless, Danielli &
estressadas, são prontamente acalmadas e reasseguradas Sharabany, 1996).
por este contato, explorando confiantemente o ambiente. Mahoney (1998) afirma que, ao edificarmos
O segundo tipo de reação infantil percebido foi nossas vidas, projetamos para o futuro exatamente
aquele que sugeriu um visível desinteresse pelo regresso aquelas experiências que somos capazes de nos recordar
da mãe. Bebês mostrando um padrão inseguro-evitativo no presente. Assim, uma pessoa somente poderá
evitaram contato com o cuidador quando estressadas e imaginar receber afeto na exata medida em que pode
nas situações de ameaça e de estresse, mostraram os se lembrar dessa experiência no passado. Portanto,
níveis mais baixos de expressividade emocional. Hou- como então um adulto-terapeuta seria capaz de
ve também a constatação de um terceiro tipo de reação, reconhecer, e ao mesmo tempo favorecer, a manifes-
aquele em que a criança demonstrou uma ambivalência tação de certos aspectos emocionais (confiabilidade,
emocional após o reencontro, ora buscando e ora segurança etc) necessários a seus pacientes se estes
resistindo ao contato materno. Tais bebês buscam aspectos não são elementos presentes em sua história
contato corpóreo nas situações de medo, todavia, tal pregressa de ligações? Perguntando de outra forma,
aproximação vai acompanhada de raiva, resistência e como um profissional poderá se oferecer como uma
de não exposição ao desejo de aproximação. base segura para seu paciente se em seu passado nunca
obteve isso de alguém?
Da mesma maneira que o cliente explicita suas
A teoria do apego e a estratégias pessoais no consultório, é muito prová-
psicoterapia vel que o profissional de ajuda também manifeste,
de forma não tão neutra, um determinado padrão de
O leitor deve estar se perguntando qual é a vinculação com seu paciente. Uma vez que em sua
relação dessas experiências com a vida do história de vida o profissional também desenvolveu
psicoterapeuta, conforme há pouco mencionávamos. um certo estilo de vinculação, muito provavelmente
O que sabemos é que, na vida adulta, tais estilos de suas características se farão presentes na nova
afiliação não desaparecerão, mas tenderão a se per- relação, direcionando a maneira como a relação será
petuar nas mais variadas condições (nos estabelecida (mesmo que dentro de um contexto
relacionamentos afetivos, no enfrentamento do neutro). De fato, isso acontecerá. Pesquisas indicam
estresse, nas atitudes frente ao trabalho, nas crenças que há um relacionamento sistemático entre as
religiosas, na transmissão de valores inter-geracionais reações pessoais do terapeuta e a qualidade de suas
etc) (Liotti, 1991). É desta forma, então, que os adul- comunicações, impressões diagnósticas e planos de
tos seguramente apegados (semelhante ao que ocorre tratamento. Pesquisas sugerem que se o terapeuta tem
na infância), frente a uma situação estressante, muito um modelo interno de trabalho (um padrão de
possivelmente, esperarão ser ajudados nos momentos relação) diferente do paciente, provavelmente ele
de necessidade, pois acreditam que um outro enfocará principalmente aqueles aspectos associados
significativo aparecerá (estando disponível) quando ao seu modelo pessoal ao invés do modelo do paci-
eles mais necessitarão. Então, facilmente tais ente, ou seja, priorizará a analise dos fatores
indivíduos buscarão (sem receios) apoio social para (relacionais) considerados importantes para ele
lidar com o estresse. Em contraste, adultos evitativos, (clínico) e não aqueles mais relevantes ao seu cliente
que carregam expectativas negativas sobre a dispo- (Hesse, 1996).
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Os modelos de apego do clínico crevem uma ligação teórica coerente entre as ações
e as interferências no processo precoces dos pais com o comportamento do terapeuta
terapêutico no setting de trabalho.
Terapeutas ambivalentes: Achados sugerem que
Muito pouco foi pesquisado para identificar como estes profissionais, mais do que os seguros e os
o modelo de apego do clínico influencia o desenvolvi- evitativos, interferirão muito mais no processo porque,
mento do tratamento e os resultados finais da tendo emoções oscilantes, tendem a ficar muito
psicoterapia e, desta maneira, nossa pesquisa procurou intensamente vinculados ao paciente e ao processo de
responder a estas questões. O que podemos brevemen- ajuda e ao não perceber suas respostas complementares,
te afirmar aqui é que tais fatores levam a uma dramáti- criam muito mais rupturas da aliança do que os outros
ca variação do resultado final da psicoterapia, se dois tipos de clínicos. Estas rupturas ocorrem quando o
analisados os diferentes tipos de vínculos apresentados terapeuta, inconscientemente, acaba por participar dos
pelos terapeutas (Multon, Patton & Kivlighan Jr., 1996). ciclos interpessoais mal-adaptativos do cliente, validan-
Por exemplo, pesquisas mostram que clínicos do suas interações desadaptativas passadas.
seguramente apegados intervieram mais com aqueles
clientes que mais necessitavam deles, favorecendo o
desenvolvimento de atitudes de compaixão e Delimitando o problema
entendimento em relação àquelas pessoas que os paci-
entes relatavam ter discordâncias. Os clínicos Quando os clientes vão à psicoterapia, carregam
inseguramente apegados intervieram mais com aqueles com eles um conjunto de desordens, histórias, rede de
pacientes que menos necessitaram de sua ajuda. Além relações e dificuldades que são organizadas por cada
disso, esta psicoterapia foi marcada por uma aliança um de maneira pessoal e idiossincrática. Nós, profissi-
pobre, caracterizada por altos níveis de hostilidade ve- onais, também carregamos conosco nossa bagagem
lada, explanações muito complexas do terapeuta, e de- histórica que, implícita ou explicitamente, acaba tam-
senvolvimento da culpa como uma das estratégias tera- bém por interferir no curso de nossas vidas sem falar
pêuticas de mudança (Dozier, Cue & Barnett, 1994). nas interferências que caminham consultório adentro.
Desta maneira, os clínicos que são inseguramente Assim, quando se enfoca o serviço psicoterapêutico,
apegados parecem ouvir o chamado das estratégias de normalmente tem-se a noção de que boas técnicas,
apego do cliente e reagir muito mais em concordância combinadas a um grau de relativa amistosidade, seriam
a elas (contra-transferem mais). Suas intervenções suficientes para produzir mudança psicológica nos pa-
respondem às expectativas que o paciente apresenta em cientes. Porém, vale a pena fazer uma pergunta: O
relação aos outros e, ao agirem assim, complementam encontro das subjetividades (do paciente e do profissi-
as estratégias disfuncionais. Por outro lado, os clínicos onal) não contribuiria para a criação de uma terceira
que são mais seguros, conseguem intervir de maneira tendência resultante desse processo? Ou seja, não seria
que possam ser desconfortáveis para si próprios, mas a psicoterapia afetada por essa mescla de histórias que
dentro daquilo que julgam ser mais correto dentro da conduziriam o processo clínico para outra direção dife-
psicoterapia, ou seja, contra-transferem menos. rente daquela esperada?
Além destes resultados, outra importante evidên- Nesse sentido, o objetivo de nossa investigação
cia foi observada. Terapeutas que agiram com era, inicialmente, voltado a verificar como terapeutas
hostilidade em relação a si mesmos, encaixaram-se por cognitivos pertencentes aos três grupos (predominan-
três vezes mais no mesmo processo interpessoal temente seguros, evitativos e ambivalentes) se
desafiliativo com seus pacientes do que outros comportariam mediante clientes pertencentes também
terapeutas (5.6% vs. 17.7%) (Henry & Strupp, 1994). aos três estilos de vinculação (predominantemente
Além disso, houve uma forte correlação entre o número seguros, evitativos e ambivalentes) quando combinados.
de afirmativas do terapeuta que foram hostis e Nossa idéia inicial era a de parearmos profissionais
controladores, e o número de afirmativas de crítica e seguros com clientes seguros, profissionais seguros com
autoculpa desenvolvidas feitas pelos pacientes após te- clientes evitativos e profissionais seguros com clientes
rapia (r = 0.53, p < 0.05). Portanto, estes achados des- ambivalentes. Fariam parte da amostra profissionais
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evitativos combinados com clientes seguros, profissio- pacientes seguros com terapeutas seguros, pacientes
nais evitativos com clientes evitativos e profissionais evitativos com terapeutas evitativos e pacientes
evitativos com clientes ambivalentes. E, finalmente, ambivalentes com terapeutas ambivalentes) e os dife-
profissionais ambivalentes pareados com clientes rentes foram aqueles que não contemplaram as
seguros, evitativos e ambivalentes. combinações anteriores.
Todavia, isso acabou não sendo possível. Foi Em um estudo de Tyrrell, Dozier, Teague e Fallot
expressiva a manifestação de desconforto de muitos (1999), as evidências sugerem que as diferenças entre
desses clínicos no que diz respeito a uma suspeita de cliente e terapeuta facilitam resultados mais positivos
que fossem avaliados em sua competência profissional do tratamento, pelo menos para díades que já trabalham
mesmo tendo sido repetidamente aclarado qual seria o juntas por mais de seis meses.
objetivo da investigação. Dessa forma, para aqueles que
concordaram em participar, foram enviados 100
conjuntos de questionários acompanhados das Amostra
instruções de como seriam os procedimentos de aplica-
ção (quais inventários seriam aplicados em quais O requisito para que cada profissional pudesse
sessões, informações que deveriam ser fornecidas aos ser incluído na amostra era possuir, no mínimo, cinco
pacientes etc.). anos de atividades clínicas e exercer uma orientação
Após algum tempo, muitos clínicos, depois de terapêutica de base cognitiva. Foram considerados
exaustivas tentativas de contato telefônico, alegaram critérios de exclusão pacientes que pudessem exibir
que seus processos terapêuticos acabaram antes que algum grau de dificuldade para a compreensão dos
pudessem atingir a 14ª sessão, impossibilitando, des- inventários ou que não estivessem de acordo com a
sa forma, a realização de uma avaliação completa e participação no estudo.
em concordância com as linhas gerais idealizadas Todavia, pelas dificuldades acima expostas,
inicialmente pela investigação. Outros clínicos de prosseguimos nosso estudo tendo que alterar a proposta
renome, após terem recebido o material, chegaram a inicial (de um terapeuta para cada cliente) e, dessa
ficar mais de três meses sem nenhum paciente novo, o maneira, em alguns casos, um mesmo terapeuta foi
que nos pareceu ser de alguma forma constrangedor avaliado com diferentes clientes, pois o que nos
em serem avaliados em suas competências, e interessou para o desenho estatístico foram os pares
finalmente, muitos daqueles que efetivamente terapeuta-cliente e as relações que se estabeleceram em
contribuíram, telefonaram insistentemente ao cada um desses pares (e não cada terapeuta ou cada
pesquisador para saber como eles estavam nos cliente individualmente). Quando este era o caso, o
resultados finais da investigação. Outros ainda, ao terapeuta preencheu novos conjuntos que foram
devolver o material, o entregavam em total estado de analisados com cada cliente especificamente.
desorganização, com partes ausentes, trechos Dentro das condições acima descritas, foram
incompletos, espaços em branco, invalidando total- incluídos neste estudo 19 terapeutas e 23 pacientes.
mente a contribuição. Curiosamente, com raríssimas Um terapeuta acompanhava três pacientes (casos 3, 4
exceções, os conjuntos de questionários que e 5); outro acompanhava dois pacientes (casos 9 e 10);
retornaram dentro das previsões foram aqueles que per- e um último também acompanhava dois pacientes
tenciam aos terapeutas mais distantes (geográfica e (casos 12 e 13).
emocionalmente) do pesquisador, ou mesmo desco- Entre os terapeutas, cuja média de idade era de
nhecidos, sugerindo, em nosso ponto de vista, uma 36,6 anos (entre 23 e 59 anos), houve predominância
menor preocupação com as possíveis conseqüências do sexo feminino (69,0%). Entre os pacientes, cuja
de seu desempenho. média de idade era de 32,5 anos (entre 17 e 52 anos),
Dessa maneira, optou-se apenas por discernir as também foi predominante o sexo feminino (83,0%).
díades (terapeuta-paciente) em similares ou diferentes Portanto, nosso estudo procurou verificar como todas
com relação à predominância dos fatores do EVA essas díades (considerando a similaridade e a diferença
(Escala de Vinculação do Adulto - Adult Attachment nos estilos de vinculação) se comportam no ambiente
Scale-R), ou seja, os similares foram considerados os terapêutico.
A teoria da vinculação e a prática da psicoterapia cognitiva 51

Instrumentos utilizados construído por Derogatis (1993) consistindo de 53 itens,


no qual o indivíduo deve classificar o grau em que cada
Utilizou-se a tradução para a língua portuguesa problema o afetou durante a última semana, numa es-
(Portugal) dos questionários WAI, BSI e EVA, sendo cala de tipo Likert variando desde nunca (0) até muitís-
feita uma adaptação para o português do Brasil. simas vezes (4).
WAI (Inventário de Aliança Terapêutica - Working Tal inventário avalia os sintomas psicopatológicos
Alliance Inventory) Desenvolvido por Horvath (1994), em nove dimensões (somatização, obsessão-compulsão,
tal instrumento já possuía uma versão autorizada pelo sensibilidade interpessoal, depressão, ansiedade, hostili-
autor em língua portuguesa. O referido instrumento tem dade, ansiedade fóbica, ideação paranóide e
como finalidade medir os três aspectos participantes da psicoticismo), além de três índices gerais que são avali-
aliança terapêutica propostos por Bordin (1979 e 1994), ações globais a respeito da perturbação emocional e in-
a saber: meta, tarefa e vínculo1. Dessa maneira, o WAI dicam diferentes aspectos da psicopatologia individual,
é um inventário de auto-resposta consistindo de 36 itens, assim como seu grau de intensidade; o Total de Sinto-
no qual o indivíduo, assim como o terapeuta, devem clas- mas Positivos (TSP), é indicativo do número de sinto-
sificar o grau como se sentem frente ao seu parceiro mas assinalados pelo sujeito e o Índice de Sintomas
[numa subescala de sete níveis de tipo Likert variando Positivos (ISP) é uma medida que tem por função agre-
desde nunca (0) até sempre (7)], no que se refere a gar a intensidade da sintomatologia com o número de
aspectos relativos ao conforto interpessoal, metas e sintomas presentes.
objetivos da terapia, compreensão mútua, respeito, ho- Derogatis (1993) referiu boas características
nestidade, confiança, afetividade, uso produtivo de tem- psicométricas do inventário, apresentando níveis ade-
po, motivação e comunicação - aspectos estes que, em quados de consistência interna para as nove escalas,
tese, deveriam permear uma relação terapêutica produ- com valores de alpha entre 0.71 (Psicoticismo) e 0.85
tiva. Tal questionário é aplicado ao cliente e ao terapeuta (Depressão) e coeficientes teste-reteste entre 0.68
no final da 4ª e 14ª sessões. (Somatização) e 0.91 (Ansiedade Fóbica). A validade
Os escores baseados nessas escalas (particu- de construto foi testada através de estrutura fatorial,
larmente a tarefa) e obtidos no início da psicoterapia avaliada na população em geral e em população clínica,
foram fortemente preditivos dos bons resultados e dife- que confirmou a estrutura dimensional subjacente à ver-
renciados entre aqueles que prematuramente encerra- são mais longa (SCL-90-R) (Derogatis, 1977). Para além
ram o processo de ajuda e aqueles que permaneceram dos estudos referidos, que mostram a equivalência en-
em psicoterapia. Portanto, aqueles clientes com dificul- tre o SCL-90-R e o BSI, diversos estudos são mencio-
dades para manter-se nas relações sociais ou com his- nados no sentido de avaliar a validade convergente do
tórico de relacionamento familiar pobre são os que me- BSI, entre os quais se destaca a convergência encon-
nos provavelmente desenvolverão fortes alianças tera- trada com o MMPI, especialmente para as dimensões
pêuticas. Similarmente, pacientes com uma expectativa Sensibilidade Interpessoal (correlações entre 0.44 e
negativa de sucesso antes do início do tratamento clíni- 0.63), Ansiedade (correlações entre 0.40 e 0.57) e fi-
co e que obtiveram altas medidas de defensividade, hos- nalmente Depressão (correlações entre 0.43 e 0.72)
tilidade e dominância foram os que encerraram a (Derogatis, 1993).
psicoterapia antes do tempo previsto, indicando os mais Dessa maneira, as nove dimensões primárias fo-
baixos escores de aliança terapêutica. Portanto, esco- ram descritas por Derogatis (1993) da seguinte forma:
res relativos a uma boa aliança terapêutica mostraram- Somatização, Obsessão-compulsão, Sensibilidade
se bons indicadores de resultado. Em nosso estudo es- Interpessoal, Depressão, Ansiedade, Hostilidade, Ansi-
tatístico foi utilizado o WAI Global (que é a soma do edade Fóbica, Ideação Paranóide e Psicoticismo. Dos
goal, task e bond), pois o autor descreve essa possibili- três índices globais descritos no referido instrumento,
dade. foi utilizado o GSI como o melhor indicador da melhora.
BSI (Inventário Breve de Sintomatologia - Brief EVA2 (Escala de Vinculação do Adulto - Adult
Symptom Inventory) Inventário de auto-resposta Attachment Scale-R): Idealizada por Collins e Read

1. No original em inglês: goal, task e bond, respectivamente.


2. Abreviação em língua portuguesa (Escala de Vinculação do Adulto) da tradução autorizada do Adult Attachment Scale – Canavarro (1997).
REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2005 Volume 1 Número 2 43-57
52 Cristiano Nabuco de Abreu

(1990), foi concebida para identificar os três padrões Procedimentos


de vinculação mencionados por Bowlby (seguro,
evitativo e ansioso) desenvolvidos por indivíduos adul- Os profissionais que fizeram parte da amostra
tos na relação com outros parceiros. Collins e Read receberam o conjunto dos questionários (ins-
(1990) desenvolveram as descrições a partir de Hazan trumentos), de acordo com os seguintes proce-
e Shaver (1987) e incluíram itens que contemplam dimentos:
padrões de vinculação experienciados na infância. Na 1. Pedido de colaboração voluntária, explicação sobre
construção da escala, os autores extraíram afirma- a natureza do estudo e do tipo de tratamento que os
ções do instrumento de Hazan e Shaver e obtiveram dados receberiam e garantia de confidencialidade das
15 itens (cinco para cada estilo de vinculação: segu- respostas (suas e de seus clientes).
ro, evitativo e ansioso). Posteriormente, 6 novos itens 2. Preenchimento dos questionários, com instruções
foram agregados, com o objetivo de incluir mais dois padronizadas (tanto para os clientes como para os
aspectos dos processos de vinculação, não incluídos profissionais).
no instrumento original de Hazan e Shaver. Portanto, 3. A seqüência do preenchimento dos questionários
no presente instrumento, são também agora foi determinada seguindo a ordem cronológica dos
verificadas as (1) crenças sobre a disponibilidade da episódios:
figura de vinculação e sua resposta na referida • Após o final da primeira sessão, foram aplicados
interação, consistindo de 3 itens e (2) as reações pos- o BSI (Inventário Breve de Sintomatologia) e o EVA
síveis às separações da figura de vinculação, consis- (Escala de Vinculação do Adulto) aos clientes. O
tindo também de 3 itens, perfazendo um total de 21 EVA também foi preenchido pelo terapeuta no final
itens, ou seja, 7 itens para cada estilo específico de da primeira sessão.
vinculação. Vale ressaltar que em uma amostra de • Após o final da 4ª sessão, foi aplicado o WAI
286 mulheres e 184 homens, foram realizados estu- (Inventário de Aliança Terapêutica) a ambos,
dos psicométricos, dos quais resultou a atual versão respeitando-se a versão do cliente e do terapeuta.
utilizada que é composta de 18 itens, os quais procu- • Após o término da 14ª sessão, foi novamente
ram avaliar o tipo de vinculação que o indivíduo esta- aplicado o WAI (Inventário de Aliança Terapêuti-
belece com outros parceiros na vida adulta. Para ca) a ambos, respeitando-se a versão do cliente e do
quantificar o tipo de vinculação predominante, é utili- terapeuta. O BSI foi aplicado novamente ao cliente.
zada uma escala de cinco pontos, do tipo Likert, que 4. Todos os questionários em poder dos terapeutas
vai desde nada característico em mim até extrema- foram recolhidos no final da 15ª sessão e embalados
mente característico em mim. separadamente (cliente e terapeuta), uma vez que os
A análise fatorial desses 18 itens sugere a exis- clínicos já haviam sido orientados a manter a
tência de três dimensões (close, depend e anxiety). confidencialidade das respostas de seus clientes.
Correlações feitas entre esses três fatores revelaram
uma ligação modesta entre os fatores depend e close
(r = 0.38), uma ligação fraca entre os fatores anxiety e Descrição da hipótese
depend (r = -0.24) e a inexistência de negação entre estatística
os fatores anxiety e depend (r = -0.08). Os autores
revelam uma boa viabilidade para a escala, referindo O objetivo deste experimento é testar a hipótese
alphas de Cronbach para as três subescalas em causa de que díades de pacientes e terapeutas com prevalência
de 0.81, 0.78 e 0.85, respectivamente. Para um perío- de vinculação semelhantes, de acordo com o EVA,
do de seis meses, foi verificada uma estabilidade tem- obtêm diferença na avaliação via BSI - comparando-se
poral de r = 0.64, para a subescala Anxiety; r = 0.71 a 1ª e 14ª sessões em relação às díades com prevalência
para a subescala close; e r = 0.70 para a subescala de vinculação diferentes.
depend. Aspectos da validade convergente da escala Neste experimento, também é feita a aplicação
são mencionados pelos mesmos autores, que apontam do WAI na 4ª e 14ª sessões em pacientes e terapeutas, a
correlações entre a AAS-R e o instrumento de Hazan fim de se medir a aliança terapêutica entre os mesmos.
e Shaver (1987). Os escores obtidos no WAI serão avaliados quanto à
A teoria da vinculação e a prática da psicoterapia cognitiva 53

possibilidade de serem considerados covariáveis no O modelo utilizado foi do tipo full factorial com
modelo estatístico, ou seja, como variáveis que são con- soma de quadrados Tipo III. O nível de significância
sideradas tratamento na Análise de Variância, mas que utilizado na ANOVA foi de 5%.
podem influenciar a variável resposta. Como o tamanho da amostra é pequeno, op-
tou-se pela abordagem univariada com ajuste dos
graus de liberdade através dos fatores de correção
Teste da Hipótese Estatística de Greenhouse-Geisser e de Huynh-Feldt, uma vez
que o teste de esfericidade de Mauchly que testa a
O modelo estatístico utilizado para o teste dessa hipótese de que a matriz de covariância apresenta
hipótese é a Análise de Variância de Medidas Repetidas. variâncias iguais e covariâncias iguais a zero foi
Esse modelo testa a igualdade de médias quando os rejeitada. O quadro da análise de variância que testa
membros da amostra são mensurados em diferentes os efeitos por indivíduos é mostrado na tabela 2 a
condições. seguir:
Primeiramente, foi feita a avaliação dos escores Essa análise testa a hipótese de que as sessões
do WAI Global para a verificação da possibilidade de (1ª e 14ª) e sua interação com as díades (semelhantes
serem utilizados como covariáveis. Assim, foi gerada e diferentes) não têm efeitos sobre as variáveis depen-
uma matriz de correlação dos escores do WAI Global e dentes (BSI/GSI 1ª sessão e BSI/GSI 14ª sessão). Dessa
as variáveis dependentes, BSI/GSI 1ª sessão e BSI/GSI análise, verifica-se a não significância para sessão
14ª sessão. Essa matriz de correlação na amostra em (nível descritivo = 0.13791) nem para a interação
geral é mostrada a seguir na tabela 1: sessão x díades (nível descritivo = 0.46154). A análise

Tabela 1 – Matriz de Correlação entre os escores do WAI Global e os Escores do BSI/GSI 1ª e 14ª Sessões
WAI-G -Ter. - 4ª s. WAI-G - Ter. - 14ª sWAI-G - Pac. - 4ª s. WAI-G - Pac. - 14ª s.BSI/GSI - 1ª sessão BSI/GSI - 14ª sessão
WAI-Global -Terapeuta - 4ª sessão 1 0.91 0.04 0.34 0.25 0.06
WAI-Global -Terapeuta -14ª sessão 0.91 1 -0.08 0.4 0.17 -0.01
WAI-Global -Paciente - 4ª sessão 0.04 -0.08 1 0.63 -0.31 -0.58
WAI-Global -Paciente - 14ª sessão 0.34 0.4 0.63 1 -0.25 -0.44
BSI/GSI - 1ª sessão 0.25 0.17 -0.31 -0.25 1 0.41
BSI/GSI - 14ª sessão 0.06 -0.01 -0.58 -0.44 0.41 1

A matriz de correlação nos permite verificar que de variância a seguir testa o efeito entre indivíduos
não existem associações entre os escores do WAI Glo- (vide tabela 3).
bal e dos GSI/BSI que sejam fortes o suficiente para Essa análise testa a hipótese de que a díade não tem
serem considerados como covariáveis no modelo de efeito sobre as variáveis dependentes (BSI/GSI 1ª sessão
análise de variância de medidas repetidas, portanto, o e BSI/GSI 14ª sessão). Dessa análise, verifica-se a não
WAI não foi utilizado. significância para díade (nível descritivo = 0.31454).

Tabela 2 – Análise de Variância Within Indivíduos

Source Type III Sum of Squares df Mean Square F Sig.


SESSAO
Greenhouse-Geisser 132.7697368 1 132.7697368 2.42404 0.13791
Huynh-Feldt 132.7697368 1 132.7697368 2.42404 0.13791

SESSAO * DÍADE
Greenhouse-Geisser 31.08552632 1 31.08552632 0.56754 0.46154
Huynh-Feldt 31.08552632 1 31.08552632 0.56754 0.46154

Error(SESSAO)
Greenhouse-Geisser 931.125 17 54.77205882
Huynh-Feldt 931.125 17 54.77205882
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54 Cristiano Nabuco de Abreu

Tabela 3 – Análise de Variância Between Indivíduos

Source Type III Sum of Squares df Mean Square F Sig.


Intercept 160820.692 1 160820.692 1411.52 1.06157E-10
DÌADE 122.3762531 1 122.3762531 1.07409 0.314540851
Error 1936.886905 17 113.9345238

O reduzido tamanho da amostra (19 díades) com la imaginada e, assim, as mesmas foram agrupadas em
o qual obrigou-se a desenvolver a análise estatística, trou- diferentes e semelhantes, no que tange aos estilos de
xe como conseqüência um grande erro amostral para vinculação. Dessa forma, o experimento consistiu em
os estimadores, o que provavelmente contribuiu para a testar se havia diferenças dessas díades em termos dos
não significância estatística da Análise de Variância. indicadores da melhora clínica.
Dessa maneira, como resultado de nosso
experimento obteve-se que, independentemente da
Resultados díade terapeuta-paciente ser categorizada em semelhante
ou diferente, a mensuração na 14ª sessão do BSI/GSI
Tivemos como objetivo procurar visualizar o decai na média em relação à 1ª sessão, embora não haja
resultado final de uma psicoterapia à luz das diferentes diferença estatisticamente significativa entre as médias
vinculações estabelecidas entre terapeutas cognitivos e nas duas categorias de díades. O gráfico 1, mostrado a
seus pacientes. Procuramos, assim, identificar as seguir, apresenta essa variação para ambas as díades.
possíveis variações, levando em consideração os Outro dado pode ser constatado que,
aspectos relativos à similaridade e à diferença nos independentemente de haver semelhanças ou diferen-
modelos de vinculação. ças nos resultados finais ao final das 14as sessões de
Uma das grandes dificuldades (se não a maior) ambos os grupos, as díades diferentes apresentam uma
encontradas ao longo da investigação foi a resistência maior melhora na pontuação do BSI/GSI da 14ª sessão
velada exibida pelos clínicos quando foram em relação à 1ª sessão, se comparadas com as díades
apresentados ao estudo e convidados a contribuir. semelhantes. Isto é, índices de melhora foram observa-
Seguramente, pelo menos 60% dos conjuntos de dos entre ambas as díades, porém com maior queda no
questionários foram entregues e jamais devolvidos BSI/GSI entre as díades diferentes em seus estilos de
conforme descrito anteriormente. Num determinado vinculação.
momento, acreditamos ser inevitável o cancelamento
da investigação, uma vez que o universo
psicoterapêutico de base cognitiva no Brasil não é tão Conclusão
extenso, e as características da amostra exigiam que tais
clínicos tivessem pelo menos cinco anos de atividades Ao longo desta investigação, mencionou-se
profissionais na referida orientação teórica. Mas, repetidamente que modalidades incompatíveis de
finalmente, apesar do número de colaboradores ter sido relação vincular entre terapeuta e cliente talvez
menor do que aquele idealizado inicialmente, estivessem predispondo a psicoterapia a um resultado
conseguimos mesmo assim tecer algumas considerações negativo, ou seja, uma base distinta de apoio contribuiria
importantes. Vale lembrar ainda que a amostra recolhida para resultados pobres ao final da terapia, acarretando
contemplou profissionais derivados das diversas regiões pouca ou nenhuma mudança pessoal (Dunkle &
do Brasil (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-oeste). Friedlander, 1996). Dessa forma, tornava-se implícita a
Embora a proposta inicial do experimento fosse idéia de que certos tipos de relação entre o profissional
testar as igualdades e/ou diferenças entre as várias e o cliente poderiam, de alguma maneira, tornar-se
combinações de díades paciente-terapeuta com relação incipientes.
ao estilo de vinculação medido pelo BSI/GSI, foi Infelizmente, a idéia original de combinação de
possível, devido ao pequeno número de observações análise de cada estilo combinado não pôde ser levada
coletadas, estudar as díades de maneira distinta daque- adiante, o que nos daria, sem dúvida alguma, uma
A teoria da vinculação e a prática da psicoterapia cognitiva 55

Gráfico 1 – Médias para as díades na 1ª e 14ª sessões do BSI/GSI

Médias do BSI/GSI - Pacientes - 1ª e 14ª sessões


75
72,17
Escores do BSI/GSI

72

69
66,57 66,42

66 64,57

63

60
1ª 14ª
Sessão
Díades Diferentes Díades Semelhantes

riqueza e sofisticação de análise, pois o universo de psi- poderia incluir decisões sobre o nível de formalidade e
cólogos cognitivos brasileiros (e dentro dos critérios de informalidade do paciente, o grau no qual ele revela
inclusão) já havia se esgotado. Portanto, a partir do que informação pessoal, a extensão na qual o terapeuta
foi exposto, podemos afirmar que a relação de ajuda, introduz os tópicos da conversação e, no geral, quando
independentemente de suas combinações vinculares, e como ser diretivo, apoiador ou reflexivo.
sempre propiciou significativos graus de melhora Afirmam alguns autores que estar
clínica, fazendo com que o paciente sempre se emocionalmente presente para o paciente não é nem
beneficiasse de alguma maneira dessa interação. fácil nem livre de riscos para os clínicos (Mahoney,
Corroborando nossos achados, em um estudo de Tyrrell, 2005; Neimeyer & Mahoney, 1997). O estresse e
Dozier, Teague e Fallot (1999), verificamos que as evi- imparcialidade do profissional podem ser amplificados
dências sugerem que as diferenças entre cliente e pelos desafios de estar emocionalmente disponível (e
terapeuta facilitam resultados mais positivos do trata- algumas vezes sentir-se responsável) pelas vidas afetivas
mento, ou seja, a disparidade de estilos entre cliente e daqueles que buscam a sua ajuda.
terapeuta é associada aos melhores resultados ao final
da terapia. Estes últimos construtos tendem a demonstrar “Um terapeuta reconhece a intersubjetividade da
que pares assimétricos (clínico-cliente) oferecem maior experiência humana. Isto significa, dentre outras
possibilidade de sucesso no tratamento. Isto por que, coisas, que sempre existem “convidados especiais”
na grande maioria das vezes, tal ligação torna-se muito no consultório. Os pacientes sempre trazem seus “ou-
mais responsável pela mudança pessoal do cliente do tros significativos” com eles, assim como nós
que aquelas apresentadas na história de vida, terapeutas. Nossos pais, famílias, amigos, inimigos e
independentemente da etiologia envolvida no processo professores estão todos lá. Nós raramente temos
terapêutico. consciência de suas presenças, é claro, e isto é
Segundo alguns autores, um terapeuta adaptativo. Mas significa que o consultório e o
genuinamente efetivo para valorizar a concordância do relacionamento terapêutico estão fortemente povoa-
tratamento e compensar a resistência, precisa de: (1) dos por memórias, antecipações e personagens cujas
uma ampla variedade de técnicas à sua disposição, e maneiras de relacionar-se conosco são inegavelmente
(2) um repertório flexível de estilos de relacionamento poderosos ao influenciar como nos relacionamos com
e posturas para as diferentes necessidades e expectativas os outros.”
dos clientes um autêntico camaleão terapêutico. Isto Michael Mahoney
REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2005 Volume 1 Número 2 43-57
56 Cristiano Nabuco de Abreu

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Recebido em: 20/08/2005
Aceito em: 02/12/2005

Endereço do autor: Cristiano Nabuco de Abreu: Rua Pará nº 50 Higienópolis cjs. 81/82 . São Paulo - CEP 01243-020.
REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2005 Volume 1 Número 2 43-57

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