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Trabalho de Conclusão de Curso

A IMPORTÂNCIA DA
RELAÇÃO PSICOTERAPÊUTICA
NA TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL

ALUNO: Nicole Zambon Pascon


ORIENTADOR: Daniely Fernandes Kamazaki
Nicole Zambon Pascon

A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO PSICOTERAPÊUTICA NA TERAPIA


COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao programa de pós-
graduação em terapia cognitivo-
comportamental.

PUCRS online
2023
RESUMO
A relação psicoterapêutica é conhecida como um fator diretamente associado ao
progresso do paciente no tratamento psicológico. A relação é utilizada pelo
terapeuta da TCC como instrumento mediador de mudanças cognitivas e
comportamentais, além de favorecer a adesão do sujeito no processo terapêutico.
Esse estudo tem como objetivo apresentar a discussão da importância do
estabelecimento da relação terapêutica a partir dos pressupostos teóricos da terapia
Cognitivo-Comportamental. O estudo utilizou como metodologia a revisão da
literatura, a fim de construir a fundamentação teórica dos conceitos relevantes para
a pesquisa. Conclui-se que a revisão contribui com a reflexão sobre os aspectos que
englobam a relação entre terapeuta e paciente, como também, estimula a
importância do profissional desenvolver suas habilidades pessoais e aptidões
clínicas com o intuito de aprimorar sua assistência psicologia.
Palavras-chave: Relação terapêutica. Terapia cognitivo-comportamental. Aliança de
trabalho.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 5
2. TEMAS REVISADOS 6
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 8
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 10
1. INTRODUÇÃO
Estudos referentes a relação psicoterapêutica na área clínica revelam que o
desenvolvimento de um vínculo positivo entre o psicólogo e o paciente durante seu
tratamento é capaz de proporcionar efeitos curativos ao cliente. Por meio dessa
relação o profissional consegue propiciar mudanças nos sistemas de crenças do
sujeito, visando a diminuição do seu sofrimento. Compreende-se que a relação
terapêutica é uma variável importante, em razão de influenciar o resultado do sujeito
no processo de tratamento (ROCHA; BADARÓ, 2022).
Nesse contexto, a abordagem Cognitivo-Comportamental (TCC) adota o
modelo diretivo e estruturado de tratamento, opta por criar uma relação ativa entre
psicólogo e paciente, na qual ambos trabalham de forma conjunta a fim de identificar
e resolver a problemática (BECK et al., 2021). A referida abordagem é composta por
técnicas que ajudam o paciente no processo de reestruturação cognitiva, seu
propósito é ensinar o paciente a responder de maneira funcional diante dos
obstáculos que lhe afetam (RANGÉ, 2011).
Durante todo o processo de tratamento é necessário que o terapeuta
desenvolva com seu cliente um ambiente seguro e acolhedor, propício a motivar o
sujeito a se expressar com liberdade, construindo uma relação baseada em
proximidade, conexão e compromisso entre ambos (BUENO; KLEINHANS; SILVA,
2021).
Vale compreender que a aliança terapêutica é um elemento que constitui a
relação psicoterapêutica, os termos estão associados a capacidade do profissional
desenvolver uma relação colaborativa com o paciente, em favor de alcançarem
objetivos específicos (SOUZA, 2021).
Nesse contexto, compreende-se que o estabelecimento da aliança terapêutica
positiva entre ambos, facilitará que o profissional realize à conceituação cognitiva do
indivíduo, além de prover técnicas assertivas em favor da sua evolução (BUENO;
KLEINHANS; SILVA, 2021).
Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo apresentar a
revisão bibliográfica sobre a importância do estabelecimento da relação
psicoterapêutica, com ênfase na abordagem Cognitivo-Comportamental, com o

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intuito de agregar no conhecimento científico e aperfeiçoamento da conduta técnica
dos psicólogos da área clínica.
Trata-se de uma revisão da literatura, no qual buscou-se a seleção de artigos
científicos anteriores, relacionado ao objetivo do estudo. Em suma, a revisão da
literatura reúne conceitos de variados autores a respeito da temática de interesse do
pesquisador, por meio de leituras e análise desses materiais, o pesquisador obtém
referencial teórico para elaborar o trabalho que se propôs a realizar (BRIZOLA;
FANTIN, 2016).

2. TEMAS
REVISADOS
A Terapia Cognitivo- Comportamental (TCC) é uma abordagem desenvolvida
por Aaron Beck, sua origem é baseada nos pressupostos do Behaviorismo e teorias
cognitivas (BECK et al., 2021). A TCC é utilizada para o tratamento de muitos
transtornos mentais e emocionais e é uma abordagem caracterizada por ser
estruturada, tem como prioridade resolver as problemáticas atuais do sujeito, adota
na relação entre psicólogo e paciente o empirismo colaborativo, na qual ambos
trabalham de forma ativa a fim de identificar e resolver suas questões (RANGÉ,
2011).
De acordo com a revisão bibliográfica, a abordagem mostra eficácia em seus
resultados e possui ferramentas diferenciadas, conta com a diversidade de técnicas
utilizadas pelos profissionais para psicoeducar seus pacientes sobre o transtorno
que possuem. Através da TCC, busca-se identificar déficits e excessos
comportamentais, seus antecedentes e consequentes, respostas emocionais e as
crenças distorcidas que influenciam na resposta comportamental socialmente mal
adaptadas (RANGÉ, 2011).
O psicólogo dessa abordagem tem como objetivo ajudar o paciente a criar
independência para lidar com os obstáculos da vida, o terapeuta consegue com o
auxílio das técnicas ampliar a auto-observação do paciente, mostrando novas
alternativas funcionais para melhor adaptação da sua realidade (BECK et al., 2021).
A relação estabelecida entre psicólogo e paciente será crucial no período de
tratamento, é fundamental que o profissional forme um vínculo terapêutico positivo,

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através de seu acompanhamento efetivo no caso, em vista disso, o paciente sentirá
confiança para prover informações relevantes para superar aquilo que lhe feriu.
(ROCHA; BADARÓ, 2022).
De acordo com a bibliografia, para que o vínculo seja formado o terapeuta
necessita apresentar alguns atributos pessoais como o acolhimento, interesse de
falar e ouvir, calor humano, compreensão, auto-observação, demonstrar
expressividade emocional, entre outras (MARTINS et al., 2018).
Na psicoterapia Cognitivo Comportamental esses atributos facilitam na
criação de uma boa relação terapêutica (RT), promovendo um setting receptivo, em
vista disso, o paciente sentirá confiança de falar suas questões íntimas sem medo
de ser exposto (ROCHA; BADARÓ, 2022).
A literatura sugere que alguns elementos são indispensáveis para que o
psicólogo trabalhe em seus atendimentos, em vista de fortalecer o vínculo com o
paciente, além de agregar no desenvolvimento de suas próprias aptidões clínicas
(MARTINS, 1997). Esses elementos serão apresentados a seguir.
A Empatia é uma condição emocional preponderante dentro da RT, pois essa
atitude terapêutica permite que o profissional acesse as condições afetivas, os
sentimentos e a visão de mundo do paciente. Ao mesmo tempo que o profissional
tem a capacidade de sentir e compreender a perspectiva do outro, ele tem que
manter a objetividade para identificar padrões disfuncionais que o paciente
apresenta (MARTINS, 2018).
Nesse contexto, o conceito de transferência está relacionados aos
pensamentos e sentimentos que o paciente já vivenciou e desloca para o terapeuta.
Já contratransferência ocorre o inverso, são os sentimentos e pensamentos do
terapeuta com relação ao paciente. É preciso que o psicólogo fique alerta às suas
respostas psicológicas, a fim de que seus conflitos internos não interferiram no
tratamento do paciente (MARTINS, 1997).
A escuta ativa diz respeito a postura de acolhimento que o profissional adota
em ouvir o paciente atentamente de forma empática, demonstrando interesse pelo o
que é exposto, a fim de formar confiança na relação terapeuta-paciente. Com a
escuta ativa o profissional será capaz de criar estratégias baseadas em
conhecimentos técnicos e científicos para minimizar o sofrimento do sujeito que
procura por ajuda (BUENO; KLEINHANS; SILVA, 2021).

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Por fim, o feedback é uma importante ferramenta que o psicólogo utiliza para
estimular o paciente a expressar sentimentos positivos ou negativos sobre o
processo terapêutico, sua função é ajudar o profissional a ajustar suas técnicas a
necessidade da demanda do paciente, desse modo fortalece o vínculo, já que o
sujeito se torna mais colaborativo no tratamento (SOUZA, 2012).
Assim sendo, a literatura indica que esses elementos são preponderantes
para o estabelecimento da RT saudável, uma vez que entre paciente e terapeuta é
comum existir conflitos, diante disso, o profissional precisa de manejos para conduzir
essas situações da melhor forma possível. Essas circunstâncias podem ser
demonstradas por meio de sinais, como no desgaste da comunicação, falta de
colaboração de um dos membros da dupla e ausência de limites por parte do
terapeuta no setting, consequentemente essas ações resultam na ruptura do vínculo
com o paciente (ROCHA, 2021).
No que se refere a manutenção do vínculo terapêutico, pressupõem-se que é
o maior desafio para o profissional, uma vez que momentos divergentes costumam
ocorrer no tratamento, em função disso, podem provocar respostas negativas
emocionais no paciente perante o terapeuta (ARAÚJO; LOPES, 2015)
Essas situações requerem mais autoconhecimento do psicólogo, o mesmo
deve adotar uma postura acolhedora demonstrando empatia pelo cliente, isso
promove efeitos benéficos no paciente, diminuindo suas reações negativas, evitando
a possibilidade do rompimento da aliança terapêutica (MARTINS et al., 2018).
Estudos relacionados a empatia apontam que o profissional que possui
dificuldade de manter uma atitude empática com o seu paciente precisa potencializar
essa habilidade por meio de supervisões e introspecção pessoal, visto que resultará
na sua autorreflexão diante de suas aptidões bem como, sua prática clínica.
(ARAÚJO; LOPES, 2015)
É importante que o terapeuta perceba esses aspectos com a intenção de
buscar alternativas para criar estratégias a fim de promover a adesão do paciente no
tratamento sem lhe causar danos (ARAÚJO; LOPES, 2015).

3. CONSIDERAÇÕES
FINAIS

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Diante do que foi exposto na revisão bibliográfica, conclui-se que a
relação terapêutica é um fator vital para atingir a adesão do paciente no
tratamento, uma vez que, através dela que o profissional promoverá um
ambiente de tratamento favorável e seguro para o sujeito, com pretensão
de lhe propiciar autonomia, bem-estar e modificações duradouras para o
que lhe perturba.
A bibliografia orienta que a aliança terapêutica na TCC é constituída
por atitudes e elementos que o terapeuta precisa desenvolver com o
paciente ao longo do processo com a intenção de estabelecer um vínculo
saudável entre ambos.
Nessa situação, torna-se possível que o terapeuta consiga analisar
detalhadamente cada caso, mantendo como propósito acessar as
particularidades do paciente e coletando dados necessários para garantir
a mudança no pensamento e comportamento disfuncional que afeta na
qualidade de vida do sujeito, possibilitando com isso, maior eficiência no
seu trabalho clínico.
Perante o exposto, acredita-se que o estudo pode beneficiar
cientificamente os profissionais da área da psicologia, no sentido de
agregar na aquisição do conhecimento e causar uma reflexão sobre as
vantagens da constituição da aliança terapêutica no ambiente clínico,
entretanto, nota-se a escassez de material focado para essa temática,
novos estudos voltados para o tema favoreceriam o aperfeiçoamento
continuo das intervenções técnicas, contribuindo para intensificar a
qualidade do atendimento.

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4. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, M. L. D.; LOPES, R. F. F. Desenvolvimento de um inventário cognitivo-
comportamental para avaliação da aliança terapêutica. Revista Brasileira de
Terapias Cognitivas, Rio de Janeiro, v.11, n. 2, p. 86-95, 2015. DOI:
http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20150013. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
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BRIZOLA, J.; FANTIN, N. Revisão da literatura e revisão sistemática da literatura.
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http://www.conjecturas.org/index.php/edicoes/article/view/387. Acesso em: 13 jan.
2023.
MARTINS, M. C. F. N. Relação profissional-paciente: subsídios para profissionais de
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MARTINS, J. S. et al. Empatia e relação terapêutica na psicoterapia cognitiva: Uma
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14, n. 1, p. 50-56, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20180007.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
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RANGÉ, Bernard. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a
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2022. Disponível em: http://scholar.googleusercontent.com/scholar?
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ROCHA, Alice Mamede. Comportamento verbal e relação terapêutica: reflexões
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de Conclusão de Curso (Graduação) - Faculdade de Educação, Universidade
Federal de Goiás, Goiânia, 2021. Disponível em:
http://repositorio.bc.ufg.br/handle/ri/19945. Acesso em: 28 abr. 2021.
SOUZA, Dos Anjos Elizabeth. O conceito de aliança terapêutica em terapia
cognitivo-comportamental: um estudo para terapeutas iniciantes. 66 f.
Monografia (Especialização) - Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012. DOI: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9EHF4S.
Disponível em:
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9EHF4S/1/monografia_final_elizabe
th.pdf. Acesso em: 09 maio 2012.

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