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PSICOTERAPIAS

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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2

INTRODUÇÃO................................................................................................. 3

FATORES COMUNS EM PSICOTERAPIA ..................................................... 6

PSICOTERAPIA INDIVIDUAL ....................................................................... 10

Gestalt – Psicologia da Forma ................................................................... 11


Terapia Reichiana - Energia Orgônica ....................................................... 12
PSICOTERAPIA DE GRUPOS ...................................................................... 15

10 TIPOS DE PSICOTERAPIA...................................................................... 20

Psicanálise ................................................................................................. 20
Psicanálise Junguiana ............................................................................... 20
Gestalt-Terapia .......................................................................................... 21
Fenomenologia .......................................................................................... 21
Constelação Familiar ................................................................................. 21
Behaviorismo ............................................................................................. 21
Terapia Cognitivo Comportamental ............................................................ 22
Escola de Reich ......................................................................................... 22
Terapia Transpessoal ................................................................................ 22
Mindfulness ................................................................................................ 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 24

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 25

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

As psicoterapias têm suas raízes na história da filosofia, da medicina, da


psiquiatria e da psicologia. Nessa apostila descrevemos a evolução do conhecimento
que nos permitiu ter um conceito de mente ligada ao funcionamento cerebral, passo
essencial para o surgimento de intervenções psicoterapêuticas racionais para o
tratamento dos transtornos mentais. São abordados conceitos como mente,
dualismo, monismo e método científico.

A avaliação do processo psicoterápico e o consequente efeito das intervenções


psicológicas tem sido um desafio para pesquisadores e clínicos. A articulação de
conhecimentos teóricos, técnicos, metodológicos e éticos é fundamental para avaliar
o processo terapêutico e verificar seu efeito. Embora exista consenso na literatura
quanto aos benefícios gerados pela psicoterapia (Roth & Fonagy, 2005), ainda se faz
necessário conhecer em profundidade quais aspectos desta prática favorecem
resultados positivos.

Isto se dá, em especial, no cenário contemporâneo, no qual implicações


sociais, políticas e econômicas exigem a demonstração concreta de que os
tratamentos em saúde mental são efetivos e necessários. Os avanços mais
significativos no âmbito da pesquisa em psicoterapia estão direcionados à
compreensão do contexto das interações terapêuticas através de métodos que
creditem cientificidade ao conhecimento produzido no campo. Para tanto, é
necessário que sejam conhecidos em profundidade os fatores que podem estar
relacionados ao processo-resultado da psicoterapia.

A psicoterapia pode resultar em benefícios como redução de problemas


sociais, emocionais e comportamentais (Ex.: ideação suicida, depressão e pânico),
alteração de condições físicas (Ex.: dor, pressão arterial), potencialização do
processo de recuperação de cirurgias ou doenças e melhora na qualidade de vida
(Roth & Fonagy, 2005). O efeito de uma intervenção psicoterápica pode ocorrer pela
interação de variáveis relacionadas ao paciente, ao terapeuta e à relação
estabelecida entre eles (aspecto interpessoal do processo).

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Considerando as variáveis relacionadas ao paciente, pode-se destacar a
natureza do transtorno que ele é portador, sua história de vida e clínica pregressa, a
presença de rede de apoio social e afetiva e a motivação para o processo de mudança
(Cordioli, 2003; Habigzang & Koller, 2006). Dentre os aspectos associados ao quadro
psicopatológico, que podem repercutir no processo e no resultado da intervenção,
destacam-se: severidade e duração da doença, prejuízos de ordem cognitiva, déficits
comportamentais graves, problemas interpessoais, familiares e conjugais.

Além disso, as comorbidades, como uso de substâncias psicoativas e


transtornos de personalidade, também podem configurar-se como dificuldades para
o sucesso do tratamento. De forma oposta, o comprometimento do paciente com a
mudança, a confiança nos procedimentos e resultados da psicoterapia, pode
contribuir para o sucesso terapêutico (Ito, 2001).

As variáveis relacionadas ao terapeuta, que podem repercutir tanto no


processo como na resposta à intervenção psicoterápica, são: a sua competência
técnica, a sua experiência clínica e seu estilo pessoal. O estilo pessoal do terapeuta
compreende características, tais como autenticidade, capacidade empática, entre
outras. Tais variáveis contribuem para o desenvolvimento de hipóteses diagnósticas
e da avaliação detalhada da queixa e dos problemas vivenciados pelo paciente. Além
disso, essas variáveis possibilitam o escrutínio dos fatores que representam
obstáculos e/ou facilitadores ao tratamento (Ito, 2001).

Dessa forma, a conceituação precisa do caso possibilita o planejamento


adequado do processo de intervenção. O plano de tratamento deve incluir os
aspectos individuais do paciente, as características do quadro psicopatológico
apresentado por ele e a utilização de técnicas efetivas (Araújo & Shinohara, 2002;
Caminha & Habigzang, 2003). A aplicação correta das técnicas indicadas para o
tratamento também é importante.

A definição destas técnicas pode ser dar a partir de estudos clínicos que
avaliam sua efetividade ou eficácia para cada tipo de transtorno psicológico (David,
2004). Estes aspectos relativos ao terapeuta, podem ser estimulados e desenvolvidos
no decorrer da sua formação e assim, aumentar os índices de melhora dos pacientes
através do estabelecimento de uma boa relação terapêutica. A perícia de um
terapeuta está vinculada a sua capacidade de estabelecer um contexto propício para

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a realização de intervenções efetivas e para a troca de feedbacks (Oliveira, Nunes,
Fernández-Álvarez, & Garcia, 2006).

Além das variáveis específicas associadas ao paciente e ao terapeuta, o


resultado de uma intervenção psicoterápica também dependerá da relação de
trabalho estabelecida entre eles, a aliança terapêutica (AT). O termo AT compreende
o vínculo de confiança entre terapeuta e paciente, bem como a capacidade da dupla
para realizar as tarefas psicoterápicas (Cordioli, 2003; Safran, 2002). Enquanto a
definição de natureza e de função da aliança terapêutica vem sendo desenvolvida
com o passar dos anos, sua importância no processo de mudança é indiscutível. A
AT tem sido considerada um importante preditor de resultados terapêuticos em
diferentes abordagens psicoterápicas (Marcolino & Iacoponi, 2001; Oliveira et al.,
2006; Serralta, Nunes & Eizirik, 2007).

Focalizar a pesquisa no estabelecimento da aliança terapêutica e reparação


de rupturas na aliança pode constituir uma linha de investigação promissora. Tais
investigações podem ser úteis para melhorar a efetividade e a eficácia da psicoterapia
e reduzir as taxas de abandono. Pois, a ruptura da AT pode desempenhar papel
decisivo no abandono da terapia. Neste sentido, a detalhada análise das interações
paciente-terapeuta pode prover conhecimentos específicos sobre o estabelecimento
e a reparação de rupturas na aliança terapêutica (Muran, Segal, Samstag, &
Crawford, 1994; Oliveira et al., 2006).

De forma geral, investigações sobre efetividade, eficácia, tratamentos


focalizados e avaliações que combinaram efetividade e eficácia confirmam os efeitos
positivos da psicoterapia, culminando no reconhecimento de que muitos tratamentos
têm fortes evidências a seu favor. Apesar disso, depois de décadas de pesquisa em
psicoterapia, ainda não há uma explicação baseada em evidência de como ou porque
a maior parte das intervenções produz mudança, isto é, o que é importante para que
um tratamento funcione (Kazdin, 2007). Conhecer como estes efeitos se dão pode
elucidar conexões entre o que é feito (tratamento) e os diversos resultados, permitindo
direcionar estratégias que podem desencadear o processo de mudança em
psicoterapia.

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FATORES COMUNS EM PSICOTERAPIA

Diferentes orientações teóricas que fundamentam a psicoterapia, ainda que


adotando construtos específicos, indicam um conjunto de fatores fundamentais para
a promoção da mudança clínica. Recentemente, apoiados na Análise do
Comportamento, Tsai, Kohlenberg, Kanter, Holman e Loudon (2012) afirmaram que
as características de um terapeuta naturalmente reforçador remetem às três
condições necessárias e suficientes postuladas por Rogers (1957), sugerindo que a
empatia, a congruência e a consideração positiva seriam formas indiretas de
promover contingências naturalmente reforçadoras no contexto clínico. Afinal, um
terapeuta naturalmente reforçador tenderia a consequenciar comportamentos-
problema e a reforçar os comportamentos de melhora de modo eficaz, virtualmente
automático (Tsai, Callaghan, & Kohlenberg, 2013; Tsai, Yard, & Kohlenberg, 2014).

Segundo Braga e Vandenberghe (2006), as décadas de 1950 e 1960


marcaram o auge de um mecanicismo na interpretação dos eventos que ocorriam no
contexto clínico nas terapias comportamentais, o que pode ser exemplificado nas
propostas de Eysenck (1952; 1960) e de Wolpe (1954). AS terapias cognitivo-
comportamentais passaram, nos anos seguintes, a valorizar, tanto as variáveis
específicas (ou, as técnicas), quanto as variáveis inespecíficas e a relação
terapêutica. A Análise Comportamental Clínica que surgiu mais recentemente,

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confere destaque para as subjetividades do cliente e do terapeuta. Neste caso, os
fatores inespecíficos do processo terapêutico passaram a receber atenção e foram se
tornando mais claros para terapeutas e pesquisadores.

Por um período, devido à ausência de um modelo próprio para conceituação e


identificação de eventos terapêuticos típicos da interação terapeuta/cliente, os
terapeutas comportamentais se dedicaram à comparação dos fatores comuns e de
condições facilitadoras (tais como a empatia, congruência e a consideração positiva)
com as técnicas específicas (como a dessensibilização sistemática), no intuito de
verificar quais seriam preponderantes para proporcionar a mudança clínica
(Emmelkamp, 1986; Rosenfarb, 1992).

Segundo Lambert e Barley (2001), as variáveis que influenciam os resultados


terapêuticos podem ser divididas em: fatores extra terapêuticos, efeitos de
expectativa, técnicas terapêuticas específicas e fatores comuns. Consideram-se
fatores extra-terapêuticos eventos que se dão fora do contexto terapêutico. Variáveis
de expectativa seriam fatores inerentes à perspectiva do cliente, incluindo o efeito
placebo. Fatores comuns podem ser entendidas como variáveis que constam na
maioria das terapias.

Desde a década de 1930, notam-se discussões a respeito de variáveis


semelhantes entre as psicoterapias. Rosenzweig (1936) sugeriu que as diferentes
orientações teóricas na psicoterapia não atingiriam os resultados apenas por meio
dos princípios que adotavam, mas, ao invés disto, haveria fatores comuns presentes
nas diferentes abordagens terapêuticas e estes sim, é que seriam os responsáveis
pelo resultado do tratamento. Assim, a noção da existência dos chamados fatores
comuns pode ser observada na literatura desde então. Rosenzweig (1936) identificou
cinco fatores gerais abordados por várias escolas de psicoterapia, os quais ajudariam
a fornecer explicações relacionadas às subsequentes pesquisas a respeito da
equivalência de resultados em psicoterapia, a saber: 1) a relação paciente-terapeuta;
2) a catarse emocional do paciente; 3) o impacto da personalidade do terapeuta; 4) a
ideologia ou teoria que baseia as ações do terapeuta no desenvolvimento de
esquemas de organização e reintegração da personalidade do paciente; 5) a
complexidade dos eventos psicológicos e sua interdependência em relação aos
demais fatores.

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Assim, as considerações de Rosenzweig (1936) antecederam pesquisas que
objetivaram identificar a equivalência dos resultados entre diferentes psicoterapias.
Luborsky (1975) e Frank (1961/1973) se utilizaram da máxima de Rosenzweig,
adaptada do livro "Alice no país das maravilhas", de Lewis Caroll, na qual o pássaro
Dodô, ao final de uma corrida anuncia "At the last, the Dodo said, 'Everybody has
won, and all must have prizes" (Rosenzweig, 1936, p. 412). Segundo as pesquisas,
todas as psicoterapias apresentavam praticamente os mesmos resultados e este
efeito ficou conhecido como "efeito Dodô" ou "veredicto Dodô" (Stiles, Shapiro &
Elliott, 1986).

Lambert e Barley (2001), em uma meta-análise conduzida sobre o tema


relação terapêutica e resultado das psicoterapias (pesquisas de resultado1),
verificaram que os fatores comuns tais como empatia, acolhimento2 e relação
terapêutica mostraram maior correlação com os resultados, do que as intervenções
específicas. Tais fatores representaram 30% na variação dos resultados, em relação
aos 15% ligados à técnica terapêutica propriamente dita e aos 15% ligados à
expectativa do cliente (ou, ao efeito placebo). Os 40% restantes estariam ligados a
fatores externos à psicoterapia, variáveis como a remissão espontânea ou o suporte
social. Concluíram que, entre os fatores mais associados com a atividade do
terapeuta, os fatores comuns ou os fatores da relação cliente-terapeuta seriam os
mais significativos na produção de resultados.

Quanto aos fatores da relação cliente-terapeuta, os autores consideram difícil


diferenciar conceitualmente as variáveis do terapeuta (tais como seus atributos e seu
estilo interpessoal), condições facilitadoras (como empatia, acolhimento e
congruência) e aliança terapêutica, uma vez que suas definições se sobrepõem e se
inter-relacionam sem que se excluam mutuamente.

Os atributos do terapeuta foram alvo de diversas pesquisas, cujos dados


indicam que, em geral, alguns terapeutas são melhores do que outros quanto à
promoção de resultados e que alguns terapeutas produzem melhores resultados com
certos tipos de clientes. Strupp, Fox e Lessler (1969) demonstraram que os clientes
creditam os bons resultados a atributos do terapeuta, tais como acolhimento, atenção,
interesse, compreensão e respeito. Estudos identificaram similaridade de certos
fatores com as três condições facilitadoras da mudança terapêutica propostas por
Rogers (1957): compreensão empática, consideração positiva e congruência.

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A compreensão empática diz respeito ao grau de sucesso do terapeuta em
comunicar a compreensão percebida a partir da experiência relatada pelo cliente; a
consideração positiva é a extensão por meio da qual o terapeuta demonstra e
comunica, sem juízo de valor, respeito e preocupação com o cliente; enquanto que a
congruência consiste na posição não-defensiva, genuína e sem fingimentos por parte
do terapeuta. Os fatores destacados por Lambert e Barley (2001) que remetem
àqueles rogerianos são, entre outros: a habilidade e a credibilidade do terapeuta, a
compreensão empática, a capacidade de engajamento com o cliente no
estabelecimento de foco e de atenção à dimensão experiencial/afetiva da terapia.

Outra notável contribuição para a teoria dos fatores comuns, também


chamados fatores não-específicos, adveio do trabalho de Bordin (1979) a respeito da
noção de aliança de trabalho (aliança terapêutica). O autor chamou atenção para
condições da relação terapêutica. Conforme sugeriu Bordin: "... a aliança terapêutica
entre a pessoa que procura mudança e a que se oferece para ser um agente de
mudança é uma das chaves, se não a chave, para o processo de mudança" (Bordin,
1979, p. 252, tradução livre).

Segundo Farber (2011), aliado à maior preocupação com a relação


terapêutica, o tratamento dado ao tema dos fatores comuns teria se intensificado a
partir da década de 1950, desde a publicação de Rogers (1957), fazendo alusão às
condições necessárias e suficientes para os resultados terapêuticos. A partir de
então, um conjunto de estudos sobre fatores comuns passou a considerar a
psicoterapia como uma "entidade única", e nota-se o surgimento de pesquisas
empíricas sobre a aliança terapêutica.

Aparentemente, esta tendência de explorar os fatores terapêuticos comuns


entre as diferentes orientações teóricas estendeu-se também ao campo das terapias
comportamentais quando Truax (1966) analisou trechos de gravações de um
tratamento bem-sucedido conduzido por C. Rogers. O estudo de Truax (1966) visou
identificar as condições facilitadoras, por parte do terapeuta, que influenciariam o
comportamento do cliente, no setting terapêutico. E, ao contrário do que Rogers
(1957) defendia em seus debates com Skinner, Truax (1966) sugeriu que as
condições consistiriam em eventos reforçadores contingentes a verbalizações do
cliente descritivas de seus comportamentos considerados "saudáveis", "adaptativos"
ou "normais".

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Como foi exposto até o momento, a existência dos chamados fatores comuns
e da terminologia a eles relacionada, como "compreensão empática, consideração
positiva e congruência"; "fatores não específicos"; "aliança terapêutica"; empatia,
acolhimento, aceitação incondicional, entre outras expressões, desenvolveu-se na
literatura, paralelamente, à evolução das publicações na Terapia Comportamental. E,
há indícios de intersecção destes campos ao longo das tendências nas Terapias
Comportamentais. Publicações mais recentes na Análise Comportamental Clínica
admitem a relação com o campo mais amplo dos estudos em psicoterapia que
focaram os fatores terapêuticos comuns, o que traz a questão de como e quais
registros da terminologia dos fatores comuns foram ocorrendo na literatura voltada
para os princípios de aprendizagem (Terapias comportamentais e Análise
Comportamental Clínica). Esta questão torna-se ainda mais relevante ao se
considerar que a análise do comportamento (Michael, 2004) e, por decorrência, a
própria Análise Comportamental Clínica, admitem que o refinamento conceitual
equivalha ao grau de precisão tecnológica (Freitas, Popovitz & Silveira, 2014).
Portanto, a compreensão de como os fatores comuns foram sendo registrados na
literatura comportamental pode facilitar a compreensão da ênfase tecnológica na
relação terapêutica.

PSICOTERAPIA INDIVIDUAL

Para Scarpato (2010), a terapia individual é o encontro de duas pessoas,


terapeuta e paciente, cada um com sua visão de mundo e ambos respeitando seu
espaço. De um lado, o terapeuta com neutralidade ouve e procura compreender a
história do outro, que por sua vez, está em busca de acolhimento, segurança e alivio
para suas queixas. A aliança terapêutica é importante no sentido de que o cliente
deve estar à vontade para se entregar ao processo terapêutico. A terapia ocorre em
um espaço próprio, o que é falado ali tem garantia de sigilo absoluto.

Teorias não faltam, a cada dia emergem-se novas hipóteses a serem testadas
e aferidas, porém, o modo de operar continua sendo, com ampla margem de
utilização e aceitação, a clínica individual.

Segundo Scarpato (2010), não existe um tratamento padronizado na psicologia


clínica, as diversidades clínicas ocorrem na escolha do terapeuta ao utilizar o corpo

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de conhecimento de uma abordagem teórica. Essas orientações teórico-práticas
dividem-se a partir da perspectiva e da concepção do homem psíquico. As principais
orientações teórico-práticas são: Psicodinâmica, entre essas, a Psicanálise e
Psicologia Analítica; Humanista, representada dentre outras, pela Gestalt; Corporal,
tais como a Reichiana e a Bioenergética; Cognitivo-Comportamental e Sistêmica.

Em um voo panorâmico pode-se constatar as diferentes concepções do


homem psíquico dentro da diversidade de abordagens, tal como segue.

Gestalt – Psicologia da Forma

Esta abordagem tem como foco em seu bojo teórico, a percepção, ou seja, o
que o sujeito percebe, como percebe e qual significado dá ao percebido. Entre o
sujeito e o meio existe o processo de percepção que resulta daí o comportamento
emocional.

A Gestalt tem sua base teórica na psicofísica, quando Ernest March e Christian
von Ehrenfels, entre o final séculos XIX e meados do século XX, pesquisaram sobre
as sensações físicas em relação às sensações emocionais, 16 e depois, Max
Wertheimer, Wolfgang Kohler e Kurt Koffka relacionaram forma e percepção que
resultam em ilusão de ótica, grosso modo, ver o que não é.

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Como explica Bock, Furtado e Teixeira (1994), na visão dos gestaltistas, o
comportamento deveria ser estudado nos seus aspectos mais globais. Levando em
consideração as condições que alteram a percepção do estímulo. E mais adiante, os
mesmos autores citam o fechamento, simetria e regularidade como elementos que
norteiam a percepção. Outro aspecto considerado na Gestalt é o Campo Psicológico
que preconiza a busca do entendimento da situação pelo agrupamento, semelhança
e fechamento que resulta no insight como aprendizagem na relação do todo e suas
partes.

De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (1994), Kurt Lewin, considerado por
alguns autores como Gestaltista e por outros não, sua noção de Campo é o espaço
vital, sendo que este determina o comportamento através da percepção da totalidade
dos fatos em um dado momento, na inter-relação dinâmica do sujeito, meio, fatos
relacionados e interdependentes.

Terapia Reichiana - Energia Orgônica

Em uma explicação sucinta, Ballone (2008) fala das Teorias de Reich e sobre
o bloqueio da Energia Orgônica, através do seguinte texto:

Reich dava grande ênfase à importância de desenvolver uma livre expressão


de sentimentos sexuais e emocionais dentro do relacionamento amoroso
maduro. Reich enfatizou a natureza essencialmente sexual das energias com
as quais lidava e descobriu que a bioenergia era bloqueada de forma mais
intensa na área pélvica de seus pacientes. ... meta da terapia deveria ser a
libertação dos bloqueios do corpo e a obtenção de plena capacidade para o
orgasmo sexual, o qual sentia estar bloqueado na maioria dos homens e das
mulheres. Couraça Muscular, Reich descobriu que a perda da rigidez crônica
dos músculos resultava frequentemente em sensações físicas particulares,
em sentimentos de calor e frio, formigamento, coceira e uma espécie de
despertar emocional. Ele concluiu que essas sensações eram devidas a
movimentos de uma energia vegetativa ou biológica liberada. ([s.p.])

Como visto anteriormente, qual um mapa urbano, pode-se chegar ao mesmo


destino por diversos caminhos e, embora a psicologia seja única, seu corpo de
conhecimento é amplo quando consideradas as diversas abordagens e, ainda que se
observe a orientação teórico-prática matriz existe diversidade intrínseca na unidade

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teórica, poderia até se dizer que - As psicologias só se igualam em uma coisa: na
clínica individual – haja visto que todas as abordagens utilizam essa práxis clínica.

Como exemplo, citam-se a psicanálise e o comportamentalismo, ambas


antagônicas na compreensão da psique humana. Se por um lado a psicanálise
concebe o homem psíquico a partir do Complexo de Édipo na formação das instâncias
emocionais do aparelho psíquico (id, ego e superego) como o centro dos conteúdos
que falam de si inconscientemente, o comportamentalismo vê na aprendizagem e na
percepção do ambiente, o resultado de seus comportamentos.

Conforme citação abaixo, podemos observar que os próprios autores utilizam


termos e conceitos que se misturam a diferentes abordagens.

A função primordial da clínica psicanalítica – a análise - é buscar a origem


do sintoma, do comportamento manifesto, ou seja, do que é verbalizado, isto
é integrar os conteúdos inconscientes na consciência com objetivo de curar
ou de autoconhecimento. Para isso é necessário vencer as resistências do
indivíduo, que impedem o acesso ao inconsciente. (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 1994, p.75)

Dentro de uma mesma orientação teórico-prática, no caso, a psicanálise,


ocorre interpretações do homem psíquico de maneira diferente, a exemplo, Freud e
seu contemporâneo, Jung, ainda que mantivesse o conceito do aparelho psíquico,
fala de um inconsciente coletivo, cujo conteúdo é controlado por arquétipos
anima/animus. Para Grinberg (1997), de acordo com Jung, a análise é relação
dialética estabelecida entre duas pessoas – cliente e analista - com objetivo de
investigar o inconsciente do cliente”, vindo a confirmar o individualismo clínico.

Por outro lado, o behaviorismo, com Watson, em 1913, dedicou-se ao estudo


do comportamento, questionando a cientificidade que deve acompanhar as
pesquisas, ou seja, o comportamentalismo coloca como objeto de estudo o
comportamento, dada a possibilidade de se ver.

Ainda na mão do comportamentalismo, Skinner (1974, p.8) o criador da Análise


do Comportamento, diz que “os principais problemas enfrentados hoje pelo mundo só
poderão ser resolvidos se melhorarmos nossa compreensão do comportamento
humano”, que sob interação e controle do ambiente, explicitam como se dá o
comportamento. Para Teoria Cognitivo-comportamental, o comportamento é fruto de
como se deu a aprendizagem que resultou em percepções próprias de cada um.

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“Como as pessoas se sentem está associado ao modo como elas interpretam
e pensam em uma situação. A situação em si não determina diretamente como elas
se sentem; sua resposta emocional é intermediada por sua percepção da situação”.
(BECK, 1997, p. 29)

Mais adiante, a autora ensina como conduzir a clínica individual através de


uma sessão estruturada com um protocolo único de atendimento, desde o segundo
encontro até a sessão final, quando o paciente se apropria do controle da crença
central:

1. Breve atualização e verificação do humor (e de medicação, uso de álcool


e/ou drogas, quando aplicável).
2. Ponte com a sessão anterior.
3. Estabelecer roteiro.
4. Revisar tarefa de casa.
5. Discussão de tópicos dos roteiros, estabelecimento de novas tarefas de
casa e resumos periódicos.
6. Resumo final e feedback. (BECK, 1997, P.60).

São vários os motivos que levam uma pessoa a procurar o apoio de um


psicólogo: desejo de autoconhecimento, de compreender e aprender a lidar de
maneira mais satisfatória consigo, com seus incômodos e com alguns aspectos seus,
tais como, questões relacionais – com familiares, amigos, parceiros, situações de
trabalho etc. – e até os quadros geradores de maiores sofrimentos, como: depressão,
síndrome do pânico e outros transtornos que envolvem sintomas físicos – nesses
últimos casos muitas vezes é necessário o acompanhamento médico paralelo com
um psiquiatra. De uma forma geral, o que se pode observar é que muitos dos
problemas apontados pelos pacientes, está na tendência “cristalizada” de ver e viver
a vida. Faz parte de uma boa psicoterapia auxiliar o sujeito a vislumbrar maneiras
novas e mais saudáveis de estar no mundo, consigo e com suas relações.

Não são poucos os problemas de adequação que muitos apresentam no


decorrer de sua existência. De forma encoberta, as pessoas passam suas vidas
carregando fardos de psicopatologias e nem sequer sabem que as possuem, apenas
conhecendo o sofrimento resultante. São diversos os sofrimentos psíquicos e
somente um especialista pode diagnosticá-lo.

A clínica psicológica é um espaço privilegiado de amadurecimento e


resignificação de conteúdos, conceitos e crenças que estão embutidos na história de
vida de cada sujeito. O setting terapêutico é local de aprendizagem, visto que oferece

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a oportunidade de compreender para mudar padrões de relacionamentos
interpessoais e desenvolver habilidades sociais.

Ao iniciar um processo terapêutico é muito importante que a pessoa que o


busca tenha consciência das suas motivações para estar ali. Cliente e terapeuta
construirão um vínculo de intimidade e confiança, e quem dará o rumo do processo
será o cliente, contando com o auxílio do seu terapeuta, que lhe ajudará a ver-se com
mais clareza e objetividade até que se alcance a autonomia do paciente.

PSICOTERAPIA DE GRUPOS

Ao procurar os serviços psicológicos, especialmente no que concerne a


prestação particular, as pessoas esperam um atendimento individualizado e não
consideram a possibilidade de um acompanhamento em grupo, dando a impressão
que a psicoterapia individual se sobressai de alguma forma à psicoterapia em grupo,
como se o atendimento grupal fosse uma alternativa para quem não tem condições
financeiras para arcar com os custos de uma psicoterapia individual. (DOMINGUES,
2012)

Mas a ciência avança e o singular já não responde às tantas perguntas e o


ambiente passa a ter notoriedade dentro dos contextos individuais, não se pode mais
conceber o ser humano como unidade fora da história, da sociedade, da política,
enfim, fora de seu entorno. Da mesma maneira que o paciente sai de si para o mundo,
o

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psicólogo sai do consultório para o contexto social na busca de respostas às novas
formas de subjetivação e de adoecimento psíquico, devendo compreender a realidade
local, a psicologia torna-se mais crítica e engajada socialmente.

De acordo com Moreira, Romagnoli e Neves (2007), a partir da década de 80


os profissionais da psicologia passam a atender a clientela das classes populares,
cuja dimensão social impõe outra escuta e outra intervenção. A Psicologia é
entendida como um compromisso social, pois o eu não se constitui sem o outro, ou
seja, não há individualismo que se sustente na ausência do social. Então, a psicologia
passa a frequentar cada vez mais os sistemas de saúde pública em centros de
reabilitação, asilos, hospitais psiquiátricos e gerais, sistema judiciário, creches,
penitenciárias e nas comunidades.

O profissional sai do seu habitat natural, a clínica individual, e vai para escolas
e empresas, ampliando seu campo social. Porém, ainda que o lócus mude, o modus
operanti individualizado se mantém.

Mas o mundo não para, a sociedade gera novas condições, novas


necessidades e cabe a cada corpo de conhecimento pesquisar novas hipóteses para
responder às necessidades e se adequar. A Psicologia precisa rever seu papel social
e a Psicologia Clínica necessitou expandir a concepção do fato clínico quando admitiu
que, em determinados fatos sociais, entre eles a desigualdade social, a liberdade
sexual, a intolerância com as diferenças, o racismo, a corrupção, o tráfico de drogas,
o trabalho escravo, o desemprego, a fome, a miséria, a violência, o terrorismo e as
guerras para a manutenção do capitalismo desumano, e em fatos naturais, as
catástrofes ecológicas, estão presentes sofrimentos humanos individuais e grupais
que exigem intervenções terapêuticas cada vez mais inovadoras. (NERY; COSTA,
2008)

Ainda segundo as autoras,

No atual momento sócio-cultural, início do século XXI, os estudos e as


práticas clínicas derivadas da subjetividade e do sujeito que adoece
começam a enfrentar novos limites. A realidade socioeconômica mundial, a
globalização e o avanço tecnológico renovaram as questões da psicologia
clínica, entre elas: o que é normal e o que é patológico, como as articulações
entre o indivíduo e a sociedade interferem na prática psicoterápica, como a
cultura e psicopatologia se conjugam na área clínica, qual a atual

16
especificidade da relação paciente/psicoterapeuta e qual o papel do
psicólogo na sociedade. (NERY; COSTA, 2008, p. 242)

Em face das políticas públicas voltadas para a Saúde Mental e, concomitante


à alta demanda pela procura do serviço, os grupos psicoterapêuticos constituem-se
hoje a conduta privilegiada no atendimento à Atenção Psicossocial devido
possibilidade de atender altas demandas com limitado número de profissionais e
reduzir custos operacionais.

A questão de custos está na gênese do método, pois, como cita Rosa (2011),
o uso de grupos terapêuticos teve início nos Estados Unidos com Joseph H. Pratt, no
Ambulatório do Massachussetts General Hospital (Boston), em julho de 1905 para
doentes de tuberculose incapazes de arcar com os custos de internação. Alguns anos
depois, o modelo de Pratt foi adotado em diversas localidades dos Estados Unidos
da América para tratamento não só de pacientes com tuberculose, como também de
doentes mentais.

Kurt Lewin foi o responsável pelo conceito de “campo grupal” onde são
considerados dinamicamente, tanto as questões relativas à pessoa quanto ao 26 meio
onde esta se insere. Foi o grande responsável por integrar as ciências sociais ao
estudo dos grupos. (BECHELLI; SANTOS, 2004)

Uma diferença marcante entre a clínica individual e a psicoterapia de grupo


trata da necessidade de compromisso e fala por parte dos pacientes. Em uma sessão
individual o paciente pode ficar em silêncio o tempo todo e por vários encontros, resta
ao analista a opção de pontuar ou não este silêncio, esta escolha dependendo de
muitas questões relativas à subjetividade e à transferência. Em um grupo essa
postura não é aceitável, pois todos os membros estão ali “expostos” compartilhando
suas questões pessoais.

Caso um integrante se negue a falar durante várias sessões os demais se


sentirão desfavorecidos ou ameaçados e exigirão a participação ou exclusão daquele
participante. Colocou-se esta questão para demonstrar que a psicoterapia de grupo
guarda diferenças marcantes em relação ao modo de se lidar com as demandas e
desejos dos pacientes. Não podendo ser comparada à clínica individual, mas
apresentando-se como outra opção de escuta e tratamento.

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No tocante às vantagens e desvantagens quando comparado à
individualização do trabalho, os grupos possuem as seguintes vantagens:

(...) segurança (mais apoio e menos ameaça ou falta de proteção); sentido


de pertencimento, de afiliação (interligação social; reduz o sentimento de
isolamento e de abandono); poder (maior capacidade de enfrentar
adversidades e consciência sobre união de vontades e interesses);
possibilidade de concretizar (maior possibilidade de atingir resultados pela
força coletiva). (PEREIRA; SIQUEIRA, 2009, p.595)

Segundo Bechelli e Santos (2005), o clima criado pela situação psicoterápica


favorece a auto-revelação. A ansiedade, desconforto, constrangimento, pressão,
medo de rejeição, culpa, desaprovação, isolamento são sentimentos e situações que
surgem em um primeiro momento, mas gradualmente o paciente se sente seguro para
explorar, enfrentar e refletir sobre seus aspectos íntimos que até então eram
ameaçadores ou muito vergonhosos. Sob determinadas condições do grupo o
participante pode se comportar ou se expressar de uma forma que habitualmente
evitaria devido à censura que impunha a si próprio.

As psicoterapias grupais favorecem a sentido de pertencimento social, cujas


identificações projetivas e introjetivas colaboram, no ato de refletir e ser refletido,
ressignificar o seu papel social, identificar suas dificuldades e comparar
comportamentos como normais e patológicos.

A palavra colaborar é derivada do latim que significa trabalhar junto e aliança


terapêutica também é condição básica para grupos. Para White e Freeman (2003),
os participantes do grupo precisam se sentir ouvidos e entendidos, além de sentir que
o terapeuta está verdadeiramente interessado em ajudá-lo.

Apesar das sensações e sentimentos de ansiedade, desconforto,


constrangimento e pressão para que o participante possa sentir-se o mais próximo do
ideal para comunicar seus pensamentos, o recurso que o terapeuta dispõe para
facilitar essa tarefa do grupo é a associação livre, sem censura das ideias
verbalizadas ou das atitudes dos integrantes para que o participante possa
desenvolver a compreensão de si e dos outros. Por serem assuntos confidenciais, os
participantes desenvolvem respeito e confiança mútua, começam a assumir riscos
nos temas examinados e na interação estabelecida. (BECHELLI; SANTOS, 2005)

Alguns participantes passam por um processo de adesão ao grupo, iniciando


a terapia de forma cautelosa, permanecendo em silêncio, depois participando de

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comentários a respeito do outro, mas mantêm-se evitando entrar em sua intimidade
até assumir-se perante o grupo, quando o terapeuta deverá assinalar ao participante
que este foi o momento que este entrou em terapia.

Os autores consideram importante e indispensável na psicoterapia de grupo é


a igualdade de status dos membros. Todos são tratados do mesmo modo, com
respeito e dignidade, independentemente da idade, do nível socioeconômico e
cultural, talento e capacidade individual. A motivação e a psicoterapia grupal devem
estar no centro da vida, pois essa condição reflete o desejo de se envolver no
processo terapêutico e exerce importante papel no resultado a ser obtido.

Sob determinadas condições do grupo o participante pode se comportar ou se


expressar de uma forma que habitualmente evitaria devido à censura que impunha a
si próprio. Ao tomar conhecimento de que os outros colegas também admitem
sentimentos e impulsos similares, é possível que possa sentir alívio ou redução da
sensação de culpa que acarretava, inclusive, inibição em muitos aspectos de sua
vida.

Para além dessas formas de terapia, ainda temos outras inúmeras


psicoterapias e abordagens. Os tipos de psicoterapias podem variar ainda entre
infantil, adolescente, adulto, idoso, casal, família ou institucional, dentre outras.

19
10 TIPOS DE PSICOTERAPIA
Psicanálise

A terapia desenvolvida por Freud é uma das três forças da psicologia. Nela, o
paciente possui liberdade total para se expressar, onde não são aplicados filtros.
Cabe ao terapeuta realizar conexões entre o que foi dito e os problemas do paciente.
Elas são aplicadas a fim de gerar um autoconhecimento por parte das pessoas, para
que elas compreendam o que ocorre e pensem em como modificar suas questões
internas.

Não existe uma duração definida para um tratamento com psicanálise, mas
geralmente as mudanças são sentidas entre 6 meses e 2 anos. Entretanto, esse
tempo varia de acordo com os problemas de cada paciente. Em alguns casos, mesmo
com a superação realizada, pacientes mantém o tratamento com a finalidade de
sempre evoluir o seu psicológico.

De acordo com a posição de Freud, a Psicanálise não é restrita a médicos e


psicólogos. Freud definiu a Psicanálise como ciência leiga ou laica, acessível a
profissionais de quaisquer áreas de formação ou atuação.

Psicanálise Junguiana
A psicanálise junguiana, ou terapia analítica de Jung, é a terapia baseada nos
sonhos. Através deles, o analista ajuda o paciente encontrar as soluções para suas
questões internas. Essa análise também pode ser realizada com auxílio de desenhos,
construção de cenários e outros segmentos de arte, sempre com foco na imaginação
do paciente.

Diferente da psicanálise de Freud, aqui o profissional dita o ritmo da conversa,


sempre retornando aos motivos que levaram o doente até ele. Geralmente é indicada
às pessoas que buscam um autoconhecimento profundo e sua duração é variável, de
acordo com os problemas de cada indivíduo.

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Gestalt-Terapia
Na Gestalt-terapia, os pacientes são analisados de acordo com o ambiente em
que vivem, incluindo análise do local, amigos, família, trabalho e suas atitudes para
cada um deles. O gestaltista acompanha tudo que o paciente descreve, mas inclui em
sua análise a forma como é dita, junto de gestos, postura, expressões e tonalidade
vocal.

Focada no presente do indivíduo, ela é indicada para pessoas que se sentem


entediadas com o seu dia a dia e em situações em que o ambiente pouco saudável
pode ser responsável por esse desânimo.

Fenomenologia
Antes de saber do que se trata a fenomenologia, é importante saber que
fenômeno é aquilo que se mostra a nós, primeiramente pelos sentidos. Assim, a
fenomenologia é um ato de reflexão desses fenômenos e a relação com o externo.

Na psicologia, ela busca entender o modo de vida do paciente no mundo que


o cerca, além de compreender como é a percepção deles. A maior parte do conceito
da fenomenologia foi desenvolvido pelo filósofo Edmund Husserl.

Constelação Familiar
É uma abordagem terapêutica fundamentada nos estudos de Bert Hellinger.
Ela possui como princípio organizar o ambiente e os vínculos estabelecidos para a
vivência do indivíduo. Através disso, associações e percepções são causadas, a fim
de recuperar o paciente.

Com vasto campo de aplicação, a constelação familiar pode ser utilizada para
melhorias de relações familiares, profissionais e no ambiente educacional.

Behaviorismo
A segunda força da psicologia é a comportamento, sendo esse o ramo de
atuação do behaviorismo, ou terapia comportamental. Trata-se de uma abordagem
mais direta e com foco na modificação do modo de agir do paciente.

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O profissional avalia os atos do paciente e o que ele necessita, através de
técnicas voltadas para a transformação do problema do indivíduo. Nela,
comportamento não é apenas o fazer. Sendo, as somas de atos, pensamentos,
emoções e falas.

Terapia Cognitivo Comportamental


A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma variação da terapia
comportamental, baseada nos estudos de Aaron Beck sobre depressão. Neles, são
apontados que cada paciente possui uma forma de visão do mundo e quando ela
passava para algo mais sombrio, ele necessitava de tratamento.

Assim, o terapeuta possui o objetivo de auxiliar o paciente a recuperar sua


visão real do mundo e ânimo para encarar os desafios externos. Por isso, trata-se de
um tratamento bem direto, no qual o profissional direcionada para o problema do
paciente a ser tratado.

Escola de Reich
Reich foi um importante psicanalista que acreditava que o sofrimento psíquico
não seria solucionado apenas com fala e pensamentos.

Assim, sua psicoterapia é física e corporal, na qual são realizadas avaliações


individuais e apresentadas técnicas que buscam a melhora através de mudanças
corporais, como postura, equilíbrio, respiração e relaxamento.

Terapia Transpessoal
Com a não aceitação dos limites propostos pela psicanálise e pelo
behaviorismo por parte de pensadores, a psicologia transpessoal acabou sendo
criada com base de inúmeros fundamentos de outras terapias. Sua principal
característica é não se limitar apenas ao orgânico-biográfico do paciente, abrangendo
qualquer concepção de personalidade e eu.

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Para exemplificar, ela trata o ego não como o próprio ser, mas apenas uma
parte de quem o indivíduo é. Assim, suas características e abordagens são
extremamente variadas.

Mindfulness
E para finalizar, temos a mindfulness, ou psicologia da atenção plena. Nela,
são utilizadas técnicas meditativas budista a fim de recuperar grandes dores vividas
pelos pacientes.

Elas, quando realizadas constantemente, auxiliam na redução de stress,


ansiedade e transtornos, como a depressão. Afinal, auxiliam a estabilizar a
concentração do indivíduo, sendo ideal para complementar outros tipos de
psicoterapias.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Contestadas quanto à sua efetividade, em meados do século passado, as


psicoterapias vêm adquirindo credibilidade junto aos profissionais, aos pacientes e a
comunidade em geral. Na atualidade, fazem parte do planejamento terapêutico de
praticamente todos os transtornos mentais, seja como tratamento de primeira escolha
ou coadjuvantes de tratamentos biológicos.

Embora as controvérsias e disputas sejam ainda comuns, um panorama mais


claro vem gradualmente se delineando, com alguns modelos consolidando-se em
razão de sua efetividade comprovada em pesquisas, da manutenção dos seus
resultados a longo prazo, de uma relação custo/benefício mais favorável, da
satisfação dos seus clientes e da aceitação pela comunidade.

Em um contexto no qual modelos tradicionais deixaram de ser hegemônicos e


novas abordagens de menor custo e igualmente efetivas se tornaram disponíveis,
cabe aos profissionais da saúde mental conhecê-los, habilitarem-se a utilizá-los e
saberem indicar a melhor abordagem para cada paciente.

24
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