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EXTRACONJUGAIS
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Sumário
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3
2. INTIMIDADE ........................................................................................... 6
Poliamor .................................................................................................. 26
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NOSSA HISTÓRIA
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1. INTRODUÇÃO
Nesta modelação entra ainda em linha de conta o fator pressão social, entre
outros agentes culturais, como o modelo do homem e da mulher na sociedade. Todo
o casal faz-se de um eu, tu e um nós. Cada membro do casal tem uma identidade e
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uma vida própria, e por isso não se podem esquecer que a autonomia, partilha, e
negociação são instrumentos importantes de articulação. Logo, a complementaridade
e adaptação recíproca são aspectos importantes no casal (Alarcão, 2002). O casal
surge quando duas pessoas se comprometem numa relação que pretendem que se
prolongue no tempo. Este tipo de relação está ligado ao sentimento de amor.
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satisfação conjugal, a intimidade e a satisfação sexual são considerados como
elementos vitais à relação amorosa, é precisamente sobre estes conceitos que este
estudo vai incidir.
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2. INTIMIDADE
Intimidade é o indivíduo se revelar naquilo que ele tem de mais privado, de mais
íntimo, é desvendar a sua personalidade, as suas emoções e motivações e exprimir
os seus sentimentos íntimos. O que vai de encontro à definição de intimidade, visto
que intimidade vem do latim “intimus” que significa: em relação com o mais interno,
profundo, essencial. Assim sendo, as relações de intimidade são as relações mais
significativas dos indivíduos, pois são revelados aspectos muito privados e interiores,
os quais não são revelados nas interações sociais quotidianas.
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a do compromisso com o outro, e a de individualização (com objetivo de integração e
de adaptação).
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um adquire acerca do outro. Na intimidade conjugal está subjacente a auto revelação,
sendo que as revelações intensas não podem existir fora do relacionamento, e por
isso tornam-se dentro de uma relação, um comportamento íntimo verbal. Em relação
à intimidade sexual, esta é associada ao envolvimento sexual, devido ao ato sexual
ser considerado como um dos comportamentos mais íntimos.
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sentimentos, pensamentos, filosofia de vida, história de vida, etc. Na partilha está
subjacente tanto a linguagem verbal como componentes não verbais (olhar, toque,
proximidade física, etc).
Estas últimas três, juntamente com a auto revelação são os fios que entretecem
a confiança. A mutualidade implica o envolvimento comum numa história de vida, um
movimento bidirecional de sentimentos, pensamentos e ações, ou seja uma
identidade de casal elevada. As semelhanças entre os cônjuges podem facilitar a
mutualidade, visto que as semelhanças favorecem a compreensão e aceitação mútua
e o aumento de proximidade. As relações onde existe equidade (equilíbrio percebido
na proporção entre benefícios recebidos e contributos para a relação) parecem ser
marcadas por níveis mais elevados de intimidade psicológica e sexual, tendem a ser
mais estáveis e os parceiros sentem-se mais satisfeitos.
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contraditórias: pertença e autonomia (ambas são necessárias para o equilíbrio da
relação).
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capacidade de identificar, comunicar e expressar emoções e afetam a qualidade das
relações por causa do papel facilitador que desempenham no processo de intimidade.
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Um estudo de Isabel e Sinuché (2006) teve como objetivo estudar o nível de
intimidade e comunicação em quatro etapas da vida conjugal e relacionando com
variável satisfação marital. Participaram neste estudo 200 casais mexicanos e foram
utilizados os seguintes instrumentos: Familograma, Inventario de comunicação
marital de Nina (1991), Inventario de Intimidade de Oslon & Scheafer (1987) e Escala
de ajuste diadico de Spainer (1976).
Os resultados obtidos indicam que: os casais sem filhos, com filhos pequenos
ou com filhos adolescentes têm maior intimidade que os casais com filhos adultos; a
comunicação não se altera com o tempo; os casais que conversam mais, com
grandes expressões de amor, suporte e afeto tendem a ter uma grande satisfação
conjugal; não relatou diferenças entre sexos; e em relação à intimidade ideal,
verificou-se que os casais com menos anos de convivência têm maiores expectativas
em relação ao seu parceiro que os casais com mais anos de convivência. O conceito
de intimidade é visto nesta investigação como um processo e uma experiência, que
resulta da revelação de assuntos íntimos e da partilha de experiências.
3. RELAÇÃO CONJUGAL
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século XX. Outrora a função do casamento era a procriação, depois passou a ser um
meio de se alcançar status, posicionamento social, a partir do Romantismo surgiu o
casamento por amor e hoje, em consequência dos avanços nos meios de
comunicação, da tecnologia, das questões de gênero, da globalização, da
biotecnologia, a família também se transformou, as uniões, legalizadas juridicamente
ou não, continuam valorizando o afeto, o amor, entretanto, a estrutura alterou-se.
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definidos, tais como: o processo da intimidade física; sexual; afetiva; em alguns casos,
da procriação; da partilha da responsabilidade econômica e, dos afazeres da casa.
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elementos que podem ser levados em conta no processo de avaliação subjetiva da
qualidade do relacionamento de casal, constam frequência e intensidade de
manifestações comportamentais de reciprocidade negativa, evitação e harmonia
conjugal.
A harmonia conjugal, por sua vez, pode ser definida por um sentimento de
empatia, o qual favorece que cada um dos membros do casal perceba-se acolhido,
validado em seus sentimentos e respeitado na relação com o parceiro. Desse modo,
um casal pode ser considerado harmônico se esse se percebe como feliz e ajustado,
além de demonstrar um alto nível de concordância nos vários âmbitos que concernem
sua vida em comum. Além disso, a expressão do afeto nas discussões e na ocorrência
de discordâncias de ideias, com expressão de preocupação, cuidado e respeito
mútuo, parece ser uma forma mais positiva de lidar com os conflitos.
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heterossexuais recém-casados, acompanhados durante 4 anos, com avaliações a
cada 6 a 8 meses e revelou que satisfação conjugal e sexual estão diretamente
associadas. O estudo demonstrou que tanto homens quanto mulheres que se
consideravam mais satisfeitos no relacionamento também se consideravam mais
satisfeitos sexualmente. O oposto também é verdadeiro, ou seja, quanto menos
satisfação conjugal, menos satisfação sexual. Outro ponto interessante levantado
pelos pesquisadores é que, quando um dos cônjuges apresentava maior satisfação
conjugal em uma avaliação, na avaliação seguinte sua satisfação sexual também
aumentava. Além disso, maiores índices de satisfação sexual em um dos cônjuges
normalmente indicavam maiores índices de satisfação sexual do parceiro na próxima
avaliação.
Esses resultados sugerem que uma vida sexual mais satisfatória contribui para
o aumento da satisfação conjugal. Esta, consequentemente, pode contribuir para o
aumento da satisfação sexual, e assim por diante. Dessa forma, o relacionamento
sexual do casal pode desencadear tanto um círculo vicioso quanto virtuoso, podendo
interferir, também, em outras áreas da vida dos cônjuges. Considerando que o estudo
conduzido por McNulty et al. (2016) envolveu apenas casais recém-casados, os
resultados obtidos evidenciam a necessidade de se ampliar a discussão sobre a
função do sexo no casamento para outros estágios do ciclo de vida da família, a fim
de entender a correlação entre satisfação conjugal e sexual também em outros
momentos da vida.
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apenas não é suficiente para entendê-la em toda sua complexidade. Ainda assim,
uma abordagem sistêmica da família demonstra que, independentemente da
estrutura ou da configuração, a questão principal é que cada família passa por etapas
que exigem sua reorganização diante da entrada, saída e desenvolvimento de seus
membros.
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3.1 A Relação Conjugal nos Dias Atuais
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eles transcendem, proporcionando crescimento e experiências novas e positivas. Os
conflitos na relação ocorrem quando alguma coisa sai da rotina e dos acordos feitos
pelo casal. Quando isso acontece, deve-se ter consciência de que não significa o final
da relação, a crise é pontual e precisa ser resolvida com diálogo.
Atitudes simples do casal podem fazer a diferença para resolver uma situação e
conviver de maneira harmônica:
1) Diálogo
Cada um dos parceiros teve uma história de vida antes de se conhecerem, por isso,
há processos conscientes e inconscientes atuando na relação. Conflitos de outras
relações afetivas, tanto numa relação anterior com outro parceiro quanto conflitos
internos da infância com relação aos pais. Entendendo isso, será um passo para uma
nova visão e posicionamento.
3) Emoções
É preciso saber lidar com as próprias emoções para viver bem na relação.
4) Expectativas
Cada um dos parceiros tem expectativas diferentes para si, mas, ao mesmo tempo,
essas expectativas têm de estar alinhadas para que ambos possam ser atendidos e
realizados individualmente e como casal.
5) Responsabilidade
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A relação é de responsabilidade dos envolvidos, não foque o problema, mas a
solução.
4. RELAÇÕES EXTRACONJUGAIS
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Comparativamente aos outros tipos de relação extraconjugal, a «vida dupla»
implica um maior período de tempo passado com o (a) amante. A prática deste tipo
de comportamentos tem lugar num contexto privado, com uma maior influência do
cotidiano e do afetivo na própria relação extraconjugal. Estes elementos
diferenciadores proporcionam a partilha de hábitos e territórios, gerando um novo
espaço privado e comum que reforça a união extraconjugal. Este espaço encontra-se
em posição oposta ao espaço familiar, uma vez que na «vida dupla» não assistimos
a uma tentativa de regulação do quotidiano por parte dos amantes, nem ao nível dos
hábitos, nem ao nível dos comportamentos.
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oficiosa. Neste caso, a prática da relação extraconjugal é observada como etapa de
transição e decorre normalmente num contexto variável seja ele privado ou
impessoal.
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Estimativas americanas sugerem que, de 50% a 75% dos casados, já
cometeram, pelo menos uma vez, algum tipo de traição. No Brasil, as estimativas
apontam que entre os homens há um percentual de 70,6% de pessoas que já traíram.
Entre as mulheres, o número chega a 56,4%. No entanto, tendo toda essa informação,
ainda não está claro o que é a traição. Assim, vale definir aqui que estamos falando
do ato de trair dentro de um casamento, em que uma das partes envolvidas decide
ter uma ou mais relações extraconjugais. Ou seja, contrai-se relações com pessoas
fora do contrato amoroso estabelecido.
Nesse contexto, há vários subtipos dentro dessas traições como, por exemplo:
Infidelidade emocional
Esse subtipo diz respeito a relações extraconjugais no campo emocional, isto é, uma
pessoa comprometida se relacionou emocionalmente com uma outra fora de seu
casamento. Um exemplo desses casos é o flerte por redes sociais em que não há
apenas um interesse físico, mas sobretudo emocional.
Infidelidade sexual
Infidelidade mista
Nesse caso, a traição sai do ambiente virtual para o físico. A pessoa pode se
apaixonar pelo outro virtualmente e, em decorrência disso, relações
extraconjugais mais sérias tomam forma.
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4.2 As Relações Extraconjugais Segundo a Psicanálise
O último caso apresentado mais acima está ligado ao relacionamento tóxico. No que
diz respeito a isso, a psicóloga Feldman ainda acrescenta que “quem ama trai”, algo
que muitas pessoas questionam. De acordo com ela, a pessoa que ama…
“[…]trai, e muitas vezes não por razões ligadas ao relacionamento, que pode ser
extremamente satisfatório, existir um sentimento de amor recíproco, intensidade na
relação, mas, mesmo assim, há espaço para a traição”.
Um outro ponto que Feldman indica como motivação da traição é a insegurança. Para
ela…
“O indivíduo trai e deixa sinais para que o outro perceba e se sinta inseguro em
relação ao seu próprio valor. Ele trai com medo do outro traí-lo primeiro. Com isso o
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outro perde o foco em si e passa a se relacionar com aquilo que o outro quer que ele
sinta. E vira uma relação doentia”.
Ainda segundo a sua perspectiva, as motivações dos homens são mais físicas. Já a
das mulheres, por outro lado, envolvem sentimentos. Além disso, a psicóloga pensa
na traição por uma espécie de ética. Ela diz que…
“Existem pessoas que se sentem traídas só quando existe sexo e outras com olhares.
Mas quem cerceia a liberdade do outro corre mais riscos de ser traído. A pergunta é:
em uma relação bem estruturada onde o diálogo permeia a relação, qual o dano que
a traição por palavras, pensamento e omissões pode trazer? ”
Com isso, podemos inferir que Feldman pensa nas relações extraconjugais como
algo destrutivo. Afinal, ela cita que a relação estruturada deve ser entendida como um
ambiente que repele a traição, mas para conquistar um relacionamento assim o amor
nem sempre é suficiente.
Para a psicanalista Regina Navarro Lins “trair tem uma conotação pesada na palavra.
As pessoas dizem que a mulher trai quando está abandonada. Mas, na imensa
maioria das vezes, as pessoas têm relações extraconjugais porque variar é bom”,
afirmou. Dessa forma, para ela, a traição deve ser encarada de maneira mais
leve. Isso se garantiria na medida em que exclusividade, essencial para a
monogamia, virou uma obsessão para nossa sociedade. Sendo assim, as pessoas
deveriam se preocupar mais com o fato de estarem sendo amadas e não de serem
exclusivas.
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Poliamor
Para Lins, as relações estão mudando e o poliamor tende a ganhar mais espaço a
cada dia, uma vez que está mais associado com o sexo do que o casamento
deveria. Ademais, no casamento fidelidade não tem nada a ver com sexo e quem se
casa deve estar mais preocupado em construir uma vida legal juntos e ter projetos
em comum.
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estabelecem há mais de 20 ou 25 anos. Relacionamentos que sofreram várias
transformações quanto ao ciclo de vida familiar e conjugal. Na busca por uma maior
compreensão, investiga-se quais seriam os componentes que, ao longo dos ciclos de
vida conjugal, auxiliam a sustentação de casamentos longevos.
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rotina e da familiaridade com o outro. Ideia que corrobora ao sentimento de amizade
que está descrita na Teoria Triangular do Amor. Compreende-se que as dimensões,
individualidade e conjugalidade confrontam os casais: há os ideais individualistas que
estimulam a autonomia e o desenvolvimento da maturidade emocional dos cônjuges
e, enfatiza que o casal deve sustentar o crescimento e o desenvolvimento de cada
um; por outro lado, surge a necessidade de vivenciar a conjugalidade, a realidade
comum do casal, os desejos e projetos conjugais, ou seja, o compromisso da Teoria
Triangular do Amor.
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6. O CICLO VITAL DO CASAL DE LONGA DURAÇÃO
O que pode fazer com que o casal, continue tendo destaque como casal
parental. Na fase madura há transformação na dinâmica da relação parental e
conjugal, onde a diminuição do exercício da parentalidade abrirá espaço para a
revisão do exercício da conjugalidade. Este processo pode vir acompanhado da
elaboração dos sentimentos, muitas vezes caracterizado pela perda dos filhos, da
sensação de “ninho vazio”, avaliação das funções paternas e dos resultados obtidos
dos esforços de anos na educação dos filhos. Pode haver ainda, a aproximação dos
filhos como pares de igual, a inserção de novos membros, como genros, noras e netos
(as), bem como a possível morte dos pais.
Com essa dinâmica, a fase madura pode configurar-se, para alguns casais, um
momento de reestruturação da relação conjugal. Ao longo de 20 ou 30 anos de
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convivência, com vínculos estabelecidos e enraizados, muitas mudanças,
transformações já ocorreram no relacionamento, nos papéis desempenhados e, nos
sentimentos. Como no início do relacionamento, nesta etapa de vida o casal podem
voltar-se para si, como dois sujeitos, com suas individualidades, e com a oportunidade
de retornarem para a relação conjugal. Para tal, é necessário que o casal possa
remeter-se para a união, na forma de reflexões e avaliações da sua história conjugal,
revendo e atribuindo novos valores e significados para o casamento, ao afeto e à
intimidade, redescobrindo o outro e o prazer de ser casal.
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Verifica-se, portanto, que o relacionamento conjugal na fase madura pode
desenvolver-se de forma satisfatória, consolidando a relação no companheirismo, no
respeito, na tolerância, na cumplicidade, dentre outros fatores. Deste modo, os
relacionamentos amorosos de longa duração deparam-se com a possibilidade de
envelhecerem cultivando as questões da afetividade e sexualidade até então
existentes. Questões que, segundo Viana & Madruga (2010), são fundamentais para
a vida humana adulta.
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Contudo, Silva (2008) defende que, ao longo do ciclo vital, a vontade e a
capacidade para realizar tal ato não sofrem alterações significativas. E Rodrigues
(2008) legitima que, apesar de haver uma diminuição na quantidade, pode-se manter
ou mesmo ganhar na qualidade das relações, devido à aquisição das experiências
passadas que capacitam às pessoas o autoconhecimento do seu corpo, conhecendo
também o corpo do companheiro afetivo e reconhecendo as atividades que lhes
proporcionam mais prazer. Anton (2000) defende a aliança entre casamento e sexo.
Aborda que o elo conjugal é formado por elementos, e o relacionamento sexual é um
dos mais importantes.
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No relacionamento os parceiros afetivos contribuem para a expressão da
sexualidade nas relações, seja na receptividade emocional e sexual, na maneira que
afetam o outro, interferindo na autoestima, na expressão de sentimentos e emoções,
na confiança pessoal e conjugal. Uma relação sólida pode ser um fator atenuante e
facilitar o ajuste às transformações, quanto à sexualidade, ao longo dos anos. Os
casais, ao compreenderem as mudanças, as diferenças, podem utilizá-las no intuito
de fortalecer a intimidade e a relação amorosa. O que pode vir a contribuir para um
aumento do prazer e da satisfação conjugal e individual. Por fim, Beauvoir (1980)
afirma que a sexualidade com valor positivo, nos relacionamentos de longa duração,
reflete diretamente a atribuição e o significado que está recebeu ao longo da
existência dos indivíduos.
7. SATISFAÇÃO SEXUAL
A satisfação sexual é vista como: uma resposta afetiva que surge da avaliação
subjetiva das dimensões positivas e negativas associadas à relação sexual que a
pessoa mantém com o seu companheiro, ou como o grau no qual a atividade sexual
de uma pessoa corresponde aos seus ideais, e é uma parte importante no
relacionamento conjugal. A satisfação com a vida sexual está relacionada com as
experiências sexuais passadas do indivíduo, expectativas atuais e aspirações futuras.
Sprecher (2000 in Estrella, 2006) afirma que a satisfação sexual está relacionada com
a frequência do ato sexual e com a consistência e partilha dos seus orgasmos com o
seu parceiro sexual.
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Pelo contrário, Young, Denny, Young & Luquis (2000) afirmam que satisfação
sexual não está relacionada com a frequência de orgasmos, e muito menos com a
frequência de relações sexuais. O parceiro ficar satisfeito reporta uma grande
congruência entre a atividade sexual que ele deseja e a atividade sexual que ele
experimenta. Uns pesquisadores têm estudado a contribuição da satisfação sexual
no relacionamento conjugal, outros pesquisadores têm investigado o inverso,
explorando a contribuição de satisfação com o relacionamento com a satisfação
sexual dos casais. Pesquisadores demonstraram que entre os fatores mais
fortemente relacionados com a satisfação sexual, a satisfação conjugal está entre os
mais importantes contribuintes. Assim sendo, quanto menor a satisfação conjugal,
maior a probabilidade de inatividade sexual e separação, mas quando se está
satisfeito com o relacionamento e com o parceiro é mais provável que se deseje
intimidade sexual, demonstrando uma forte ligação entre a satisfação conjugal e
sexual
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qualidade sexual do relacionamento e, como consequência, um preditor da satisfação
global do indivíduo.
Um conflito não resolvido pode servir como causa de disfunção sexual, e, por
sua vez, disfunção sexual pode atuar como um catalisador para precipitar um conflito
de relacionamento negativo e problemas conjugais. Por outro lado, o conflito é uma
oportunidade para aumentar a intimidade emocional e sexual, pois pode até agir como
um afrodisíaco emocional, porque quando resolvidos favoravelmente, os parceiros
sentem-se positivos e especiais sobre o outro. Existem diferenças individuais que
influenciam as relações amorosas. A primeira dimensão, é o evitamento que reflete o
grau em que os indivíduos se sentem confortáveis com a proximidade e intimidade
emocional em relacionamentos.
Pessoas com graus mais altos tendem a investir menos nos seus
relacionamentos e esforçam-se para permanecer psicologicamente e
emocionalmente independentes dos seus parceiros. A segunda dimensão,
denominado ansiedade, marca o grau em que os indivíduos se preocupam e refletem
sobre serem rejeitadas ou abandonadas pelos seus parceiros. As pessoas seguras
tendem a ter graus mais baixos em ambas as dimensões. Os indivíduos seguros de
si tendem a se sentir mais confortáveis com a sua sexualidade, estão abertos à
exploração sexual e a desfrutar de uma variedade maior de atividades sexuais.Os
indivíduos mais ansiosos são muito dependentes de outros para aprovação e
preocupam-se muito com o abandono e a rejeição. Assim sendo, os indivíduos
ansiosos têm relações sexuais para reduzir a insegurança e estabelecer proximidade
intensa.
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sexualmente menos satisfeitos; e os indivíduos com cônjuges mais ansiosos não
relatam estar menos satisfeitas com seus parceiros no relacionamento sexual.
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Os homens tinham uma maior tendência a sofrer de ansiedade de
desempenho durante o sexo e as mulheres eram mais propensas a
experimentar dificuldades em atingir o orgasmo durante o sexo;
A presença de um orgasmo satisfatório provou ser uma variável chave na
previsão da satisfação conjugal.
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Rubia (2009) realizou um estudo que teve como objetivo estudar a estrutura
fatorial, consistência interna e distribuição do Índice de Satisfação Sexual de Hudson,
assim como a sua validade com o ajuste diádico e frequência de relações sexuais.
Pretende também ver o grau de desejabilidade social possível em relatar o grau de
satisfação sexual através da escala. Participaram neste estudo 100 casais
mexicanos. Os instrumentos utilizados neste estudo foram:
Os resultados obtidos indicam que quanto maior o ajuste diádico entre o casal,
maior é a satisfação sexual. A satisfação é independente da frequência de relações
sexuais. Com o aumento da idade, a satisfação diminui tanto para os homens como
para as mulheres. A satisfação sexual resulta de uma relação sexual de qualidade.
Não existe diferenças significativas entre os géneros em relação à satisfação sexual.
Observou-se uma ligeira inclinação relacionado com a desejabilidade sexual no
inquérito sobre satisfação sexual.
Um outro estudo realizado por Medina, Valdez, Valdez, Sánchez, Fierro &
Fuentes (2007) que teve como objetivo enunciar e comparar quais são os elementos
que motivam e desmotivam a atividade sexual dos homens e mulheres numa relação
conjugal. Participaram neste estudo 100 sujeitos mexicanos. Utilizaram o instrumento
de Motivação e Desmotivação Sexual de Garcia (2007). Os resultados indicaram que
os homens têm maior motivação sexual do que as mulheres. O grau sentimental é um
grande fator para o aumento da motivação sexual, pois quanto maior o sentimento,
mais facilmente a relação sexual se torna um ato romântico e não somente como uma
obrigação.
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Outro aspecto que diminui o desejo drasticamente é a desilusão que advém do
fato do companheiro real não corresponder ao companheiro de sonho. A motivação
sexual é influenciada pelo desejo de dar prazer à outra pessoa. No casal, quanto mais
intimidade, ou seja, quanto mais se expõem, maior a motivação sexual. Os homens
estimulam-se mais com o facto de as mulheres o elogiarem fisicamente, enquanto as
mulheres dão mais significado à expressão afetiva de amor e compromisso. A
satisfação sexual é entendida neste trabalho como o grau no qual a atividade sexual
de uma pessoa corresponde aos seus ideais.
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Tendo em conta, a existência destas dimensões, considerou-se relevante
estudar: a relação entre as dimensões da intimidade, as dimensões da satisfação
conjugal, e a satisfação sexual. Assim, observou-se todas as relações possíveis entre
todas as variáveis presentes e verificou-se que todas as variáveis se relacionam de
forma positiva. Já Andrade, Garcia & Cano (2009) referem que a busca de uma união
romântica é um processo que envolve expectativas de satisfação e que a relação
conjugal pressupõe uma relação íntima, em que a satisfação na relação é influenciada
por vários fatores, nomeadamente, a intimidade e a sexualidade. Estes são vistos
como pilares fundamentais para a avaliação positiva da relação, pois têm um papel
fundamental na manutenção e na continuidade da relação.
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variável que mais se relacionasse com a satisfação conjugal, porque esta variável é
encarada por muitos autores como central para que a relação seja satisfatória e é
referida como um elemento necessário à construção e evolução do casal.
O estudo realizado por Litzinger & Gordon (2005) demonstra o que foi exposto
anteriormente, pois os resultados que eles obtiveram indicam que os casais que têm
dificuldades nas suas vidas sexuais, mas que sabem comunicar com qualidade,
podem-se sentir satisfeitos com a sua relação no geral. Portanto, a comunicação é
um fator muito importante para a satisfação conjugal porque é a partir da comunicação
que o casal se compreende, se liga, e ultrapassam os conflitos. A segunda hipótese
postula que entre as variáveis amor, funcionamento conjugal, validação pessoal,
comunicação, abertura ao exterior e convencionalidade, é a variável amor (dimensão
da satisfação conjugal) aquela que terá maior impacto na satisfação sexual.
Esta hipótese foi verificada, visto que o amor (dimensão da satisfação conjugal)
é a dimensão que mais explica a satisfação sexual, seguindo-se a validação pessoal
(dimensão da intimidade), depois a comunicação (dimensão da intimidade), e por
último o funcionamento conjugal (dimensão da satisfação conjugal). O amor,
validação pessoal e comunicação têm uma influência positiva na satisfação sexual, já
o funcionamento conjugal tem uma influência negativa. Estas dimensões explicam
65% da variação da satisfação sexual.
Como tal, para a satisfação sexual o mais importante são os sentimentos que a
pessoa nutre pelo outro e pela relação e isto foi verificado. Porque para uma pessoa
procurar o outro é porque tem de estar satisfeita com o outro, tem de se sentir bem
na relação com o outro, e entre os fatores avaliados aqueles que avaliam melhor os
sentimentos que a pessoa sente sobre a relação é a dimensão amor. Isto vai de
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encontro a estudos que mencionam que os problemas a nível da sexualidade são
cada vez mais problemas de amor e da relação e que não é possível manter uma vida
sexual satisfatória numa relação deficitária de, nomeadamente, confiança e apoio
emocional.
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avaliações que os sujeitos fazem quanto à sua satisfação na relação, intimidade e
satisfação sexual.
Como tal, este estudo vai ao encontro de Narciso (1994/95), Ribeiro & Costa
(2001/02) e Isabel & Sinuché (2006) referem que a satisfação conjugal é
independente do sexo dos sujeitos. Contrariamente a outros autores que mencionam
que há diferenças entre os sexos, e mais especificamente, que as mulheres exibem
um nível de satisfação conjugal menor que os homens. Os nossos resultados também
vão ao encontro dos resultados do estudo de Rubia (2009) que menciona que não
existem diferenças significativas entre o sexo masculino e feminino no que toca à
satisfação sexual.
Logo, vão contra ao estudo de Trudel (2002) que refere que há diferenças entre
homens e mulheres no que diz respeito à satisfação sexual, mais concretamente, que
as mulheres têm maior satisfação sexual do que os homens. Em relação à intimidade,
os resultados obtidos vão contra aos estudos de Marlherbe (2001) e Merves-Okin,
Amidon & Bernt (1991) que indicam que há diferenças significativas entre homens e
mulheres. Dos sujeitos que participaram neste estudo, 40.4% dos sujeitos em união
de fato e 47.7 % dos sujeitos casados estavam nessa relação há 2 anos.
Estes dados podem ter influenciado o fato de não haver diferenças entre
namoros e casados, pois durante o namoro, constroem-se muitos sonhos, iludem-se
e esquecem-se as divergências e os aspectos que menos se gosta no parceiro, ou
“alimenta-se” a ideia omnipotente de que depois do casamento, o outro transforma-
se de acordo com os nossos desejos (Alarcão, 2002). Assim sendo, o que pode ter
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acontecido é que os sujeitos da nossa amostra ainda estivessem nesta fase de
idealização, visto que o casamento ainda não é tão duradouro. O fato de os casais
aqui estudados não terem filhos pode ser, também, um fator que influencie o fato de
não haver diferenças entre casados e não casados no que diz respeito às variáveis
estudadas, podendo ser a parentalidade que vai introduzir diferenças. Pois o
casamento pode ser visto como um prolongamento do namoro visto que ainda têm
uma família só de dois.
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8. REFERÊNCIAS
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ao Novo Milênio. Revista Transdisciplinar de Gerontologia.
BEAUVOIR, S. O segundo sexo: fatos e mitos. Tradução S. Milliet. 12ª ed. Rio de
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Porto Alegre: Artmed.
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sobre homens e masculinidades. Estudos Feministas, Florianópolis, 16(3): 809-
840, setembro-dezembro.
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Porto Alegre, RS: L&PM.
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