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MUDANÇA EPISTEMOLÓGICA E INTRODUÇÃO AO

PENSAMENTO SISTÊMICO

1
SUMÁRIO

NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

Introdução ................................................................................................ 3

Os pressupostos básicos da ciência tradicional e da ciência pós-


moderna.......................................................................................................... 4
O contexto histórico e epistemológico do Pensamento Sistêmico no
século XX........................................................................................................ 6
A Teoria Geral dos Sistemas: considerações históricas e conceituais
.................................................................................................................... 8

A Cibernética .................................................................................. 12

A Teoria da Comunicação .............................................................. 16

As contribuições de Humberto Maturana para o avanço da ciência


pós-moderna ............................................................................................. 18

Critérios fundamentais do Pensamento Sistêmico ............................. 21


Definições básicas de ‘sistema’ ......................................................... 22
Complexidade organizada .............................................................. 23

Organização sistêmica ................................................................... 27

O sistema como totalidade ou unidade complexa .......................... 30

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 32

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Introdução

A epistemologia do Pensamento Sistêmico (PS) passou por importantes


transformações ao longo do século XX. No entanto, compreende mudanças
paradigmáticas que vêm ocorrendo há séculos, de forma lenta, não linear, com
avanços, retrocessos e oscilações em diversos campos da ciência (Gomes,
Bolze, Bueno, & Crepaldi, 2014; Schmidt, Schneider, & Crepaldi, 2011).

As mudanças paradigmáticas da ciência se referem ao movimento


de transição de uma ciência tradicional, moderna para uma ciência pós-
moderna. A primeira refere-se à noção de mundo mecanicista cartesiano,
também chamada de reducionista ou atomística, que ao fazer uso do método
analítico, busca a compreensão do todo a partir da separação de
fenômenos complexos em partes separadas (Vasconcellos, 2010, 2012). A
metáfora utilizada é a do mundo como uma máquina, que precisa ser
separada em partes para que seja passível de ser submetida à análise
científica (Capra, 1996; Capra & Luise, 2014).

A ciência pós-moderna envolve uma mudança de percepção, na qual


a ênfase nas partes passa para a ênfase no todo. Esse processo demarca
a ciência do século XX, conhecida como PS. De acordo com Capra (1996);
Capra & Luise (2014), os fenômenos passam a ser compreendidos como
constituídos por múltiplas facetas, complexas, interligadas e interdependentes

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O pensamento sistêmico é uma nova forma de abordagem que
compreende o desenvolvimento humano sobre a perspectiva da complexidade,
para percebê-lo, a abordagem sistêmica lança seu olhar não somente para o
indivíduo isoladamente, considera também seu contexto e as relações aí
estabelecidas.

Pensar sistemicamente exige uma nova forma de olhar o mundo, o


homem, e consequentemente, exige também uma mudança de postura por parte
do cientista, postura esta que propicia ampliar o foco e entender que o indivíduo
não é o único responsável por ser portador de um sintoma, mas sim que existem
relações que mantém este sintoma.

O PS ganhou arcabouço teórico e reconhecimento na primeira


metade do século XX e diversas teorias e pesquisadores contribuíram para
o seu desenvolvimento. Vasconcellos (2010) destaca a importância e
visibilidade de três teorias sistêmicas, quais sejam: a Teoria Geral dos Sistemas
(TGS), a Cibernética e a Teoria da Comunicação.

Os pressupostos básicos da ciência tradicional e da


ciência pós-moderna

Para fins de compreensão didática, Vasconcellos (2010) distinguiu


três dimensões do paradigma da ciência tradicional e três da ciência pós-
moderna, a fim de organizar um quadro de referência. ATabela1 apresenta
esses pressupostos básicos.

A ciência tradicional é caracterizada pelos pressupostos da


simplicidade, estabilidade e objetividade (Vasconcellos, 2010). No pressuposto

4
epistemológico da simplicidade, há a crença de que ao separar o complexo
em partes é possível conhecê-lo e, nessa direção, as pesquisas científicas
estabelecem uma "atitude de análise e busca de relações causais lineares"
(Vasconcellos, 2010, p. 69).

O pressuposto da estabilidade do mundo refere-se à crença de que o


mundo é estável, ou seja, que há regularidade e ordenação, cujo
funcionamento pode ser conhecido, controlado, previsto, explicado a partir
da formulação de leis explicativas sobre os fenômenos. E o pressuposto
da objetividade compreende que a realidade existe independente do observador,
sendo possível conhecê-la objetivamente, sem a interferência da
subjetividade do pesquisador.

A busca de leis gerais e atemporais constitui-se num dos principais


objetivos da ciência tradicional (Schmidt, Schneider, & Crepaldi, 2011).A
ciência pós-moderna envolve ultrapassar os pressupostos da ciência
tradicional, sendo caracterizada pelos pressupostos da complexidade,
instabilidade e intersubjetividade (Vasconcellos, 2010). A dimensão da
complexidade se sustenta em três princípios, cuja epistemologia foi
desenvolvida por Edgar Morin, quais sejam, o dialógico, a recursividade e
o hologramático (Morin, 2011).

O princípio dialógico considera a realidade como multiversa, ou seja, parte


da premissa de que coexistem múltiplas versões sobre os fenômenos e
descarta a necessidade de que se chegue a um entendimento unificador.
A recursividade, em latim recurrere, significa tornar a correr, percorrer de
novo, e alude à relação que se estabelece entre produto e produtor, ou seja,
concebe que o produto é produtor daquilo que produz, inviabilizando explicações
lineares e unicausais. E o terceiro princípio, o hologramático, considera que a
parte está no todo, assim como o todo está na parte, lógica vigente tanto
no mundo biológico, como no mundo sociológico.

Segundo Morin (2011), o conhecimento assimilado sobre as partes


contribui para a compreensão do todo e vice-versa, num movimento gerador
de conhecimento. O pressuposto da instabilidade surge como revisão da
ideia de mundo estável, da ciência tradicional, ao considerar que o mundo

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está em processo dinâmico de transformações. Desse modo, integra a
indeterminação dos fenômenos e consequente imprevisibilidade (Vasconcellos,
2010, 2012).

O pressuposto da intersubjetividade considera a impossibilidade de


se conhecer objetivamente o mundo, ao reconhecer que a realidade emerge
das distinções feitas pelo pesquisador, em espaços consensuais e como
construção social (Maturana & Varela, 2001; Maturana, 2014a, 2014b).A revisão
dos pressupostos da ciência tradicional emergiu no cenário científico a
partir da inquietação de pesquisadores sobre o modo como vinham
produzindo conhecimento científico (Grzybowski, 2010).

Segundo Vasconcellos (2010), as limitações do método analítico fizer a


emergir um novo cenário na produção de conhecimento científico que visa, na
atualidade, integrar de maneira indissociável os três pressupostos do PS. A
pesquisadora sugere que essa integração seja nomeada de ciência novo-
paradigmática.

O contexto histórico e epistemológico do Pensamento


Sistêmico no século XX

A epistemologia do PS emergiu com força no cenário científico no


século XX e, para facilitar a compreensão de seu desenvolvimento histórico
e epistemológico, as autoras deste artigo propõem a representação gráfica
apresentada na Figura 1, nomeada de Espiral histórica e epistemológica do PS.

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A imagem da espiral tem como propósito representar tanto o
desenvolvimento histórico, quanto o desenvolvimento epistemológico do PS,
relacionando-os ao conceito de recursividade. Quanto ao desenvolvimento
histórico, a espiral simboliza a não linearidade em que ocorrem os evento são
longo da história e a relação recursiva entre eles.

Quanto ao desenvolvimento epistemológico, busca favorecer o


entendimento de que teorias elaboradas num dado momento histórico,
contribuem para impulsionar e mobilizar a produção de outras teorias, ou
seja, há conexões, articulações e inter-relações entre importantes
pesquisadores das teorias sistêmicas produzidas durante o século XX.

A utilização da espiral também se propõe a criar uma ilha de ordem


num mar de caos, termo utilizado por Najmanovich (2002) para caracterizar
a organização de determinados elementos de tal maneira que gere ordem e
possibilite uma suposta compreensão, sem desconsiderar a complexidade na
qual estão imersos os fenômenos de estudo. A seguir, serão apresentadas
brevemente: a Teoria Geral dos Sistemas (TGS), a Cibernética, a Teoria da
Comunicação, e as contribuições do renomado pesquisador Humberto
Maturana, para a ciência pós-moderna, com a Biologia do Conhecer,

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desenvolvida com Francisco Varela e a Biologia-Cultural, elaborada com
Ximena Dávila Yánez.

A Teoria Geral dos Sistemas: considerações históricas e conceituais

Desde a década de 1920, quando inicia sua carreira como biólogo em


Viena, Ludwig Von Bertalanffy critica a predominância do enfoque mecanicista
tanto na teoria quanto na pesquisa científica. Em 1925, ele publica suas ideias
em alemão e, em 1930, lança alguns artigos na Inglaterra. Na década seguinte,
o autor apresenta sua teoria do organismo considerado como sistema aberto.
Em meio ao contexto da Segunda Guerra Mundial, as ideias de Bertalanffy não
foram bem aceitas em um primeiro momento. O biólogo conhece então, a Teoria
da Cibernética que florescia nos Estados Unidos e passa a ser influenciado por
ela. Em 1960, Bertalanffy começa a ministrar conferências nos Estados Unidos
e em 1967 e 1968 publica a Teoria Geral dos Sistemas por meio de uma editora
canadense e, em função da maior propagação de suas ideias, que passam a
estar disponíveis em língua inglesa, a Teoria ganha visibilidade (Vasconcellos,
2010).

A Teoria Geral dos Sistemas também é conhecida por Teoria Sistêmica.


Contudo, elas são diferentes, visto que a Teoria Geral dos Sistemas é mais
ampla e abarca todas as áreas do conhecimento (Física, Química, entre outras).
Já a Teoria Sistêmica está mais voltada para a área da Psicologia. Para fins
práticos, elas serão utilizadas como sinônimos, o que não se mostra errôneo,
mas faz-se essa ressalva para fins didáticos e de esclarecimento (Costa, 2010).

Assinala-se que, em 1912, o pesquisador, médico, filósofo e economista


russo Alexander Bogdanov, também desenvolveu uma teoria, que se assemelha
à Teoria Geral dos Sistemas, a qual deu o nome de Tecnologia. O principal
objetivo era esclarecer e generalizar os princípios de organização de todas as
estruturas vivas e não vivas e formular uma ciência universal da organização.
Mesmo que tal teoria seja anterior a Teoria Geral dos Sistemas e que, em 1928,
tenha sido publicada uma segunda edição elaborada em alemão, Bertalanffy não
faz referências a Bogdanov em seus livros (Capra, 2006).

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Bertalanffy confere importância ao Pensamento Sistêmico como um
movimento científico por meio de suas concepções de sistema aberto e de sua
Teoria Geral dos Sistemas. De acordo com o autor, organismos vivos são
sistemas abertos que não podem ser descritos pela termodinâmica clássica, que
trata de sistemas fechados em estado de equilíbrio térmico ou próximo dele. Os
sistemas abertos podem se alimentar de um contínuo fluxo de matéria e de
energia extraídas e devolvidas ao meio ambiente. Mantêm-se, portanto,
afastados do equilíbrio em um estado quase estacionário ou em equilíbrio
dinâmico (Capra, 2006).

O objetivo da Teoria Geral dos Sistemas se constituía em estudar os


princípios universais aplicáveis aos sistemas em geral, sejam eles de natureza
física, biológica ou sociológica. Bertalanffy conceitua sistema como um complexo
de elementos em estado de interação. A interação ou a relação entre os
componentes torna os elementos mutuamente interdependentes e caracteriza o
sistema, diferenciando-o do aglomerado de partes independentes (Vasconcellos,
2010). A Teoria Geral dos Sistemas combina conceitos do Pensamento
Sistêmico e da Biologia (Costa, 2010), incidindo na generalização do Modelo
Organicista, ou seja, na noção de que o universo pode ser pensado como um
grande organismo vivo (Pinheiro, Crepaldi, & Cruz, 2012). Assim, pressupõem-
se que os fenômenos não podem ser considerados isoladamente, e sim, como
parte de um todo.

Sendo assim, o todo emerge além da existência das partes e "as relações
são o que dá coesão ao sistema todo, conferindo-lhe um caráter de totalidade
ou globalidade, uma das características definidoras do sistema" (Vasconcellos,

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2008, p.199). Os conceitos básicos de sua teoria são: globalidade, não-
somatividade, homeostase, morfogênese, circularidade e equifinalidade
(Vasconcellos, 2010). Segue abaixo uma breve descrição de cada um desses
conceitos.

De acordo com a globalidade, todos os sistemas funcionam como um todo


coeso e mudanças em uma das partes provocam mudanças no todo. O conceito
de não-somatividade afirma que o sistema não é a soma das partes, devendo-
se considerar o todo em sua complexidade e organização; assim, embora o
indivíduo faça parte da família, ele mantém sua individualidade. A homeostase é
o processo de autorregulação que mantém a estabilidade do sistema
preservando seu funcionamento. A morfogênese é o processo oposto a
homeostase, ou seja, é a característica dos sistemas abertos de absorver os
aspectos externos do meio e mudar sua organização. A circularidade, também
chamada de causalidade circular, bilateralidade ou não-unilateralidade, diz
respeito à relação bilateral entre elementos, sendo que esta relação é não linear
e obedece a uma sequência circular. O último conceito, equifinalidade, refere
que em um sistema aberto, o resultado de seu funcionamento independe do
ponto de partida, ou seja, o equilíbrio é determinado pelos parâmetros do
sistema; diferentes condições iniciais geram igualdade de resultados e diferentes
resultados podem ser gerados por diferentes condições iniciais. Desta forma,
nos sistemas fechados o estado de equilíbrio é dado pelas condições iniciais
(Barcellos & Moré, 2007; Osorio, 2002; Vasconcellos, 2010).

A Teoria Geral dos Sistemas também fez uso do conceito de


retroalimentação ou feedback que emergiu na cibernética (como será ressaltado
adiante), o qual garante a circulação de informações entre elementos do sistema.
A retroalimentação pode ser negativa, o que acontece quando esse mantém a
homeostase, ou positiva, ocorre quando o sistema responde pela mudança
sistêmica (morfogênese) (Vasconcellos, 2010).

Além desses conceitos, Bertalanffy dedicou-se a investigar os princípios


básicos interdisciplinares que pudessem constituir uma teoria interdisciplinar.
Apontou para a necessidade de categorias mais amplas de pensamento
científico, de forma que a Sociologia e a Biologia também pudessem ser
abarcadas por uma ciência mais rigorosa, além da Física e da Química. O autor

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não queria se afastar do referencial da ciência tradicional e por isso manteve-se
preso ao pressuposto de objetividade. Ele acreditava em um mundo
hierarquicamente organizado, em uma realidade independente do observador
(Capra, 2006).

De acordo com Bertalanffy, uma Teoria Geral dos Sistemas ofereceria um


arcabouço conceitual abrangente capaz de unificar várias disciplinas científicas
que, naquele momento, estavam isoladas e fragmentadas. Propõe, portanto,
uma ciência da totalidade, da integridade ou de entidades totalitárias. O autor
busca uma síntese do conhecimento sem eliminar as diferenças por meio de um
esquema claro e consistente de conceitos, uma teoria unitária em torno de
conceitos de sistema e organização. O foco é deslocado da constituição das
entidades para a organização dos sistemas e para o conceito de interação
(Grandesso, 2000).

A interação gera realimentações (feedbacks) que podem ser positivas ou


negativas, criando assim uma autorregulação regenerativa, que, por sua vez,
cria novas propriedades, as quais podem ser benéficas ou maléficas para o todo
independente das partes. A interação dos elementos do sistema é chamada de
sinergia. Por outro lado, a entropia é a desordem ou ausência de sinergia. Um
sistema para de funcionar adequadamente quando ocorre entropia interna. Os
sistemas orgânicos em que as alterações benéficas são absorvidas e
aproveitadas sobrevivem, e os sistemas onde as qualidades maléficas ao todo
resultam em dificuldade de sobrevivência tendem a desaparecer caso não haja
outra alteração de contrabalanço que neutralize aquela primeira mutação. Assim,
de acordo com Bertalanffy, a mudança permanece ininterrupta enquanto os
sistemas se autorregulam e se retroalimentam (Vasconcellos, 2010).

Um sistema realimentado é necessariamente um sistema dinâmico, já que


deve haver uma causalidade implícita. Em um ciclo de retroação, uma saída é
capaz de alterar a entrada que a gerou, e consequentemente, a si própria. Se o
sistema fosse instantâneo, essa alteração implicaria uma desigualdade.
Portanto, em uma malha de realimentação deve haver certo retardo na resposta
dinâmica. Esse retardo ocorre devido a uma tendência do sistema de manter o
estado atual mesmo com variações bruscas na entrada, isto é, ele deve possuir
uma tendência de resistência a mudanças. Assim, uma organização

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realimentada e autogerenciada gera um sistema cujo funcionamento é
independente da substância concreta dos elementos que a formam. Dessa
forma, elementos podem ser substituídos sem dano ao todo, o que caracteriza o
processo de autorregulação, no qual o todo assume as tarefas da parte que
falhou (Vasconcellos, 2010).

Na década de 1940, aportes teóricos se articularam à Teoria Geral dos


Sistemas, quais sejam, a Cibernética e a Teoria da Comunicação. Embora
Osório (2002) afirme que a Teoria dos Jogos também influenciou a Teoria Geral
dos Sistemas, optou-se aqui por tratar exclusivamente da Cibernética e da Teoria
da Comunicação, visto apenas estas são referenciadas nas obras como
fundantes da Teoria Geral dos Sistemas. Destaca também a Biologia do
Conhecer, epistemologia desenvolvida por Humberto Maturana e Franscisco
Varela, por suas importantes contribuições à ciência pós-moderna.

A Cibernética

A Teoria da Cibernética foi desenvolvida pelo matemático americano, e


professor do Massachussets Institute of Technology (MIT), Norbert Wiener
(1894-1964). No início da década de 1940, Wiener participava de reuniões
vinculadas à escola de Medicina de Harvard nas quais se discutia o método
científico. Estas reuniões tinham uma proposta interdisciplinar, pois participavam
professores e pesquisadores de diversas áreas que se interessavam pelo tema.
Assim, Wiener conheceu Walter Cannon e Arturo Rosenblueth (fisiologistas),
com os quais iniciou discussões que deram início ao pensamento que originou a
Cibernética (Vasconcellos, 2010).

Naquela época, o mundo vivia a Segunda Guerra Mundial e os Estados


Unidos começou a financiar pesquisas que pudessem contribuir para a melhoria
das máquinas de guerra. Com isso, Wiener, em parceria com Rosenblueth e com
o engenheiro eletrônico Julian Bigelow, criou um projeto que aprimorou a
artilharia antiaérea. Wierner desenvolveu programas e "máquinas
computadoras" que tinham conexão com o sistema nervoso humano. A ideia de
Wierner e dos pesquisadores com quem trabalhava era de projetar máquinas
que tivessem performance de funções humanas. Nas pesquisas realizadas para

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a execução do projeto, Wiener e Bigelow criaram o conceito de feedback,
também chamado de realimentação ou retroação (como já mencionado
anteriormente), o qual foi desenvolvido para explicar de que forma pode-se
corrigir desvios a máquinas computadorizadas, os quais eram essenciais para a
guerra e se fazia analogia entre o funcionamento do sistema nervoso e o
funcionamento das máquinas de computação (Vasconcellos, 2010).

Em 1944, houve um encontro em Princenton para discutir "Cibernética",


do qual participaram engenheiros, projetistas de máquinas computadorizadas,
fisiologistas, neurocientistas e matemáticos. Em 1946, acontece a 1ª
Conferência Macy em Nova Iorque, a qual teve como tema "Feedback" e que
contou com a presença dos pesquisadores acima citados e de psicólogos,
antropólogos, economistas e especialistas na Teoria dos Jogos. O encontro
pretendia reunir cientistas que pudessem ajudar na compreensão do sistema
nervoso, comunidades sociais e meios de comunicação. Nos anos
subsequentes, houve várias conferências Macy e pode-se afirmar que o
arcabouço teórico da Cibernética foi construído nestes encontros. A partir dessas
reuniões, a área foi reconhecida por inúmeras realizações tecnológicas, tais
como: aparelho que permite aos cegos a leitura auditiva de um texto impresso,
computadores ultrarrápidos, próteses para membros perdidos, máquinas
artificiais com performances altamente elaboradas, pulmão artificial, máquina de
jogar xadrez, aparelho auditivo para deficientes auditivos, máquinas para
atuarem em situações em que o trabalho implica risco para o homem, dentre
outras invenções (Vasconcellos, 2010).

Desta forma, no final de década de 1940, Wierner escreveu sobre a Teoria


da Cibernética, também chamada de "Ciência da Correção". O termo Cibernética
origina-se da palavra grega kybernetes que significa piloto, condutor. Desta
forma, tal teoria apresenta uma tendência mecanicista por sua associação com
máquinas ou sistemas artificiais. A preocupação do autor era com a construção
de sistemas que reproduzissem os mecanismos de funcionamento de sistemas
vivos, isto é, ele propôs a construção dos chamados autômatos simuladores de
vida ou máquinas Cibernéticas (Vasconcellos, 2010).

Para Wiener, o propósito da Cibernética era o de desenvolver uma


linguagem e técnicas que permitissem abordar o problema da comunicação e do

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controle em geral. Portanto, considerava que a mensagem era o elemento
central, tanto na comunicação quanto no controle, ou seja, quando nos
comunicamos enviamos uma mensagem e, da mesma forma, quando
comandamos. A mensagem pode ser transmitida por meios elétricos, mecânicos
ou nervosos e é considerada uma sequência de eventos mensuráveis,
distribuídos no tempo (Vasconcellos, 2010). Por esta razão, o antropólogo
Gregory Bateson, que também participava das conferências Macy, desenvolve
a Teoria da Comunicação que contribui de forma significativa para a melhoria
das máquinas Cibernéticas. A Teoria da Cibernética divide-se em Cibernética de
1ª ordem e de 2ª ordem. A Cibernética de 1ª ordem se subdivide em 1ª e 2ª
Cibernética.

A 1ª Cibernética trata dos processos morfoestáticos (manutenção da


mesma forma), resultantes da retroalimentação negativa ou retroação
autorreguladora, a qual conduz o sistema de volta a seu estado de equilíbrio
homeostático, otimizando a obtenção da meta. Assim, trata da capacidade de
auto estabilização ou de automanutenção do sistema (Vasconcellos, 2010).
Apresenta conceitos de input e output, enfatiza a presença do observador fora
do sistema e como expert (objetividade), e a compreensão dos fenômenos ainda
está arraigada à causalidade linear (estabilidade). Assim, nesta 1ª Cibernética
emerge o pressuposto da complexidade, que reconhece que a simplificação
obscurece as inter-relações e, portanto, busca-se contextualizar os fenômenos
e explorar os sistemas dos sistemas, entendendo que não há uma causalidade
linear e sim, circular (Vasconcellos, 2010).

Já a 2ª Cibernética trata dos processos morfogenéticos (gênese de novas


formas), resultantes de retroalimentação positiva ou retroação amplificadora de
desvios, amplificação que pode - caso não produza a destruição do sistema e se
a estrutura do mesmo permitir - promover sua transformação, levando-o a um
novo regime de funcionamento. Trata da capacidade de auto mudança do
sistema (Vasconcellos, 2010). Os conceitos de input e output persistem, mas
aparece o conceito de feedback (criado por Wiener e Bigelow, como já
mencionado anteriormente) e de causalidade circular retroativa e recursiva.
Assim, aqui tem origem o pressuposto da instabilidade, o qual baseia-se na
noção do mundo como em um processo de constante transformação, no qual há

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a indeterminação e, por isso, alguns fenômenos são imprevisíveis e irreversíveis,
e, portanto, incontroláveis (Vasconcellos, 2010).

A Cibernética de 2ª ordem também é chamada de Si-Cibernética porque


Edgar Morin propôs um movimento que ultrapassasse a Cibernética: a Si-
Cibernética. O prefixo si é o elemento da preposição grega sun que significa
"estar junto", o que marca a obrigação recíproca entre as partes. O físico Heinz
Von Foster é considerado uma figura central para o desenvolvimento da Si-
Cibernética. Ele é responsável pela noção de sistemas observantes, de acordo
com o qual o observador, incluindo-se no sistema que observa, se observa
observando (Vasconcellos, 2010). A partir da noção de sistemas observantes, a
Cibernética tomou a si mesma como objeto de estudo e surgiu, então, a
Cibernética de 2ª ordem, também chamada de construtivismo ou visão
construtivista, pois pressupõe o observador como parte do sistema observado
(Osorio, 2002; Vasconcellos, 2010).

Então, a Cibernética de 2ª ordem, também chamada de Cibernética da


Cibernética, ou Cibernética novo-paradigmática, apresenta os três pressupostos
da ciência novo-paradigmática, quais sejam: complexidade, instabilidade e
intersubjetividade. A noção de complexidade está ligada a sistemas,
ecossistemas, causalidade circular, recursividade, contradições e pensamento
complexo. A ideia de instabilidade está relacionada à desordem, evolução,
imprevisibilidade, saltos qualitativos, auto-organização e incontrolabilidade. O
pressuposto da intersubjetividade envolve a inclusão do observador,
autorreferência, significação da experiência na conversação e coconstrução
(Vasconcellos, 2010).

A articulação dos desenvolvimentos da Cibernética que fazem emergir a


Si-Cibernética mudou os pressupostos epistemológicos da ciência tradicional
(simplicidade, instabilidade e objetividade), exigindo uma reorganização dos
conceitos anteriormente elaborados (Barcellos & Moré, 2007). Fala-se então em
Pensamento Sistêmico, o qual também é chamado de epistemologia sistêmica,
de novo paradigma da ciência (ou paradigma da ciência contemporânea), ou
ainda, de epistemologia da ciência novo-paradigmática (Vasconcellos, 2010).
Todavia, nem tudo o que é sistêmico e nem tudo o que se apresenta como Teoria
Sistêmica ou Pensamento Sistêmico, pode ser reconhecido como sendo da

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epistemologia da ciência novo-paradigmática; para que seja novo-
paradigmático, é necessário que tenha os três pressupostos mencionados
acima, quais sejam, complexidade, instabilidade e intersubjetividade.

A Teoria da Comunicação

Gregory Bateson (1904-1980), antropólogo inglês, se utilizou das teorias


acima citadas para desenvolver a Teoria da Comunicação. O autor, junto com
seus colaboradores de Palo Alto (Califórnia), descreveu a comunicação
patogênica na família do esquizofrênico e apresentou a hipótese do duplo
vínculo, ou seja, uma forma de comunicação paradoxal que tem profundas
implicações nas relações interpessoais. Bateson fazia uso de analogias,
metáforas e histórias por acreditar que esses recursos eram um caminho para o
estudo das relações (Osório, 2002).

O processo de comunicação humana abrange uma complexidade de


fatores, tais como conteúdo, forma e linguagem, os quais estão sempre
presentes nos processos inter-relacionais. A Teoria da Comunicação humana,
na sua origem, engloba três dimensões: a sintaxe, a semântica e a pragmática.
A sintaxe se refere à transmissão da informação; a semântica está relacionada
ao significado dos símbolos; e a pragmática diz respeito aos aspectos
comportamentais da comunicação. A teoria também apresenta o conceito da

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metacomunicação (comunicação sobre a comunicação) e o uso de mensagens
congruentes ou incongruentes (Watzlawick, Beavin, & Jackson, 1973).

Segundo Watzlawick et al. (1973), invariavelmente as pessoas enviam e


recebem uma diversidade de mensagens, sejam elas pelos canais verbais ou
não verbais, e as mesmas necessariamente modificam ou afetam umas às
outras. Quando duas pessoas interagem constantemente, reforçam e estimulam
o que está sendo dito ou feito, de tal forma que o padrão de comunicação entre
os participantes de uma interação define o relacionamento entre eles. Percebe-
se, assim, que a importância das mensagens não está vinculada somente à
questão de comunicar algo, mas também, e especialmente, à influência que ela
exerce no comportamento e nas atitudes das pessoas em interação
(Nieweglowski & More, 2008).

A Teoria da Pragmática da Comunicação Humana afirma que a


comunicação afeta o comportamento ocasionando implicações nas relações
interpessoais. De acordo com Watzlawick et al. (1973), "atividade ou inatividade,
palavras ou silêncio, tudo possui valor de mensagem, influencia os outros, e
estes outros que, por sua vez, não podem não responder a essas comunicações,
estão, portanto, comunicando também" (p. 45).

Além disso, Bateson e Watzlawick preconizaram que a teoria também


abarca os cinco axiomas que são: 1) É impossível não comunicar; 2) Toda
comunicação tem aspecto de relato (conteúdo) e de ordem (relação); 3) A
natureza de uma relação está na contingência da pontuação das sequências
comunicacionais entre os comunicantes (cada comportamento é causa e efeito
do outro); 4) Os seres humanos se comunicam de maneira digital (comunicação
verbal) e analógica (comunicação não-verbal); e 5) Todas as permutas
comunicacionais ou são simétricas ou complementares, e estão baseadas na
igualdade ou na diferença (Watzlawick et al. 1973).

Bateson concebeu um conceito novo e radical de mente, capaz de superar


a visão cartesiana. Mente é um fenômeno sistêmico característico dos seres
vivos, uma característica relacional. A mente não está no cérebro e sim nas
relações. Também nega a objetividade da realidade quando afirma que o
observador traz a marca de quem observa. Não existe, portanto, uma realidade

17
objetiva, independente do observador (Vasconcellos, 2010), conforme já
explicitado no pressuposto da intersubjetividade. A compreensão dos padrões
comunicacionais que possibilitam ou dificultam as relações são de suma
importância para aqueles que trabalham dentro do paradigma sistêmico. A
seguir, serão destacados os principais requisitos para a formulação do
Pensamento Sistêmico.

As contribuições de Humberto Maturana para o avanço da ciência


pós-moderna

O neurobiólogo Humberto Maturana, Ph.D em Biologia pela Universidade


de Harvard, com pós-doutorado no MIT, nasceu no Chile, em 1928. Tornou-
se professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Santiago e ganhou
destaque acadêmico internacional, a partir do início da década de 1960.

A Biologia do Conhecer ou biologia da cognição, epistemologia


desenvolvida por Maturana e Franscisco Varela, em laboratórios de pesquisa
biológica, apresenta importantes contribuições à ciência como uma teoria
científica sobre como os seres humanos conhecem. Tem sido utilizada para a
interpretação de fenômenos de diversas áreas, como a ciência, a filosofia
e a vida cotidiana, por atender a complexidade dos fenômenos vividos
pelos seres humanos através do uso recursivo do mecanismo explicativo
que constitui a sua base (Maturana, 2014b).

Os pesquisadores interessaram-se pelo estudo do sistema nervoso, em


particular pelo fenômeno da percepção. O ponto de partida para a edificação
dessa teoria foi a busca por responder à pergunta: como os seres vivos
conhecem? Assim, realizaram diversos experimentos e apresentam
evidências concretas de que a percepção é um modo de operar do sistema
nervoso, caracterizado como um sistema cíclico, fechado operacionalmente
e de correlações internas (Maturana & Varela, 2001; Maturana, 2014a,
2014b).

18
Desse modo, a Biologia do Conhecer caracteriza-se como uma
epistemologia, enquanto reflexão sobre o conhecer e o conhecimento e,
também, como uma ampla reflexão sobre as relações e experiências humanas.
A utopoiese é o fundamento primordial da Biologia do Conhecer e trouxe
contribuições importantes à ciência, sendo considerada uma das noções
científicas de maior impacto para a ciência no século XX (Capra & Luise,
2014).

O termo foi criado por Maturana para designar o modo de


organização peculiar a todos os seres vivos, "que criam os componentes
necessários para manterem a sua própria organização" (Grandesso, 2011, p.
135). Auto significa "eu" e se refere a autonomia dos sistemas auto
organizadores e "poiesis" significa "fazer", assim autopoiese alude a "fazer
a si mesmo" (Capra & Luise, 2014).

A organização autopoiética é o que caracteriza os seres vivos como


sistemas auto organizadores em contínua produção de si mesmos, fechados
operacionalmente, mas em contínua interação com o meio (Maturana & Varela,
2001; Maturana, 2014a,2014b). A autopoiese evidencia a autonomia e
dependência do ser vivo, ou seja, é capaz de manter a si mesmo, mas
precisa de interação com o meio.

O processo de interação entre o ser vivo e o meio, denominado


pelos pesquisadores de acoplamento estrutural, produz recursivamente
mudanças estruturais contínuas no ser vivo. No entanto, essas mudanças
estruturais são o resultado da dinâmica interna do ser vivo, desencadeadas pela
interação com o meio, mas sempre determinadas pela estrutura do ser
vivo, naquele momento (Maturana & Varela, 2001; Maturana, 2014a).

O fato de os seres vivos em geral e os seres humanos em particular serem


determinados por sua estrutura, não significa que sejam previsíveis. A história
filogenética participa, mas não determina sua estrutura ontogenética pois "todo
ser vivo se encontra onde se encontra em seu presente como resultado
dessa história, em uma contínua transformação de seu presente a partir
de seu próprio presente" (Maturana, 2014a, p. 238).

19
O pressuposto da instabilidade aparece na consideração da
contingência, da eventualidade, ou seja, da possibilidade de que algo aconteça
ou não. Assim, na base da Biologia da Cognição, está a consideração de
que o fenômeno do conhecer está invariavelmente atrelado à estrutura
humana e não a algo que está fora e é captado pela mente.

Assim, os pesquisadores colocam a objetividade entre parênteses e


evidenciam a necessidade de se considerar a subjetividade do observador e
como ele experiencia aquilo que observa, que é o que torna possível o
que surge na descrição (Maturana, 2014b; Maturana & Varela, 2001).
Desse modo, evidencia-se o pressuposto da intersubjetividade do PS e a
contribuição fundamental de Maturana para o avanço da ciência pós-moderna.

Os pesquisadores afirmam que há uma coincidência contínua entre


o ser, o fazer e o conhecer, que revela a impossibilidade de se separar as
histórias dos seres humanos de suas ações, biológicas e sociais, tendo em vista
que é a partir delas que surge o mundo (Maturana, 2014a). O aforismo todo fazer
é um conhecer e todo conhecer é um fazer expressa a circularidade entre ação
e experiência de todo o viver do ser humano (Maturana & Varela, 2001).

Portanto, toda distinção de um observador está relacionada a sua


estrutura, naquele momento, não sendo possível descrever a experiência
de outro ser humano, pois isto será sempre um ato de distinção de um
observador. Os seres humanos e o mundo compartilham o processo vital um do
outro e estabelecem entre si uma interligação, não sendo possível
compreendê-los separadamente (Maturana & Varela, 2001; Maturana, 2014a).

Assim, evidencia-se o pressuposto da complexidade do pensamento


sistêmico, tento em vista a proposta de um modelo explicativo que
ultrapassa barreiras disciplinares e assume os três princípios desse
pressuposto, quais sejam, o princípio dialógico, a recursividade e o princípio
hologramático, anteriormente descritos.

Humberto Maturana aposentou-se da Universidade de Santiago, em


1999, e passou a trabalhar com Ximena Dávila Yáñez no desenvolvimento
da Biologia-Cultural, que se caracteriza como um entender epistemológico
do viver e conviver humano. No ano de 2000, fundaram a Matríztica, uma

20
escola de pensamento reflexivo, científico e filosófico, com sede em
Santiago, no Chile, e seguem, atualmente, ministrando cursos e conferências
em diversos países, inclusive no Brasil.

Em 2015, lançaram o livro El Arbol del Vivir, em que apresentam o


trabalho e as reflexões conjuntas, realizadas desde o ano 2000.A Biologia-
Cultural configurou-se pelo entendimento da natureza biológico-cultural do viver
humano (Maturana & Yáñez, 2015). Apoia-se nos fundamentos da Biologia do
Conhecer e propõe a expansão dessas investigações para os diferentes
domínios de realização do ser humano. Essa expansão inclui a consideração
de que todo ser vivo tem um nicho-ecológico, ou seja, um entorno que o faz
possível. Desse modo, a história de um ser vivo é a história de transformações
da unidade ecológica organismo-nichona realização do viver (Maturana & Yáñez,
2015).

Critérios fundamentais do Pensamento Sistêmico

A palavra "sistema" deriva do grego synhistanai que significa colocar


junto. O entendimento sistêmico requer uma compreensão dentro de um
contexto, de forma a estabelecer a natureza das relações. A principal
característica da organização dos organismos vivos é a natureza hierárquica, ou
seja, a tendência para formar estruturas multiniveladas de sistemas dentro de
sistemas. Cada um dos sistemas forma um todo com relação as suas partes e
também é parte de um todo. A existência de diferentes níveis de complexidade
com diferentes tipos de leis operando em cada nível forma a concepção de
"complexidade organizada" (Vasconcellos, 2010).

O primeiro dos critérios fundamentais do Pensamento Sistêmico se refere


à mudança das partes para o todo, a partir do entendimento de que as
propriedades essenciais são do todo de forma que nenhuma das partes as
possui, pois estas surgem justamente das relações de organização entre as
partes para formar o todo. Outro critério diz respeito à capacidade de deslocar a
atenção de um lado para o outro entre níveis sistêmicos (Vasconcellos, 2010).

21
O pensamento é contextual, pois a análise das propriedades das partes
não explica o todo. É ambientalista porque considera o contexto. A ênfase está
nas relações e não nos objetos, ou seja, os próprios objetos são redes de
relações, embutidas em redes maiores. O mundo vivo é entendido como uma
rede de relações. O conhecimento científico é tido como uma rede de
concepções e de modelos sem fundamentos firmes e sem que um deles seja
mais importante do que outros. O mundo material é visto como uma teia dinâmica
de eventos inter-relacionados (Vasconcellos, 2010).

Por fim, o último critério se refere à mudança da ciência objetiva para a


epistêmica; o método de questionamento torna-se parte integral das teorias
científicas. A compreensão do processo de conhecimento precisa ser
explicitamente incluída na descrição dos fenômenos naturais, de forma que tais
descrições não são objetivas (Capra, 2006; Grandesso, 2000; Vasconcellos,
2010).

Definições básicas de ‘sistema’

Na literatura é possível encontrar uma profusão de definições do termo


‘sistema’. O ponto de partida aqui adotado é a investigação realizada por Jordan
(1974). Este autor examinou quinze definições de ‘sistema’, de genéricas a
específicas, encontradas em dicionários, e conclui que existe um padrão comum
a todas elas: um sistema é visto como um conjunto de entidades ou elementos
unidos por alguma forma de interação ou interdependência regular, que forma
um todo integral.

Checkland & Scholes (1990) referindo-se ao trabalho de Jordan (1974)


avançam a caracterização de que um sistema é:

22
Checkland (1994), ao referir-se à existência de diversas versões
sistêmicas, sugere que o que dá coerência ao movimento sistêmico é o
compartilhamento do conceito de sistema. Sintetiza os principais elementos
constitutivos do conceito sistema do seguinte modo:

Examinando a conclusão de Jordan (1974), as definições de Checkland &


Scholes (1990) e Checkland (1994) é possível destacar três aspectos
constitutivos centrais, a partir dos quais é possível discutir o conceito de sistema:

• Elementos ou objetos inter-relacionados, como o conteúdo ao qual


se aplica o conceito de ‘sistema’, é referido na literatura como complexidade
organizada;

• Processos de comunicação e controle, bem como estruturação em


níveis, como aspectos identificados na literatura com a organização sistêmica e;

• Propriedades emergentes, capacidades adaptativas, etc., como


características pelas quais um sistema é identificado como um todo integral,
totalidade ou unidade complexa.

No restante dessa seção serão examinados outras definições e termos


sistêmicos de acordo com o seu melhor enquadramento quanto aos três
aspectos do conceito acima destacados.

Complexidade organizada

‘Complexidade organizada’ foi a expressão cunhada, nos primeiros anos


do movimento sistêmico, para caracterizar o conteúdo do conceito de sistema
(Weaver, 1948). A expressão procura assinalar que se trata de fenômenos cujas
características dependem das interações entre várias variáveis.

23
As primeiras definições apresentadas a seguir basicamente destacam
essa característica do conceito de sistema. Sistemas são definidos como partes
ou elementos inter- relacionados.

Levin (1994) entrevista vários pesquisadores contemporâneos das


chamadas ‘ciências da complexidade’. Segundo descreve, o que pode ser
considerado consensual quanto à caracterização da complexidade é de que a
mesma ocorre numa região situada entre a ordem total e acaso total. Essa
caracterização separa, claramente, complexidade de casualidade ou
aleatoriedade. Estados caóticos - com o sentido de aleatório -, como o gás
contido num recipiente, praticamente não possuem ordem alguma. Já
fenômenos ou entidades complexas, como células, ecossistemas ou uma firma,
possuem graus variados de organização.

A forma acima de caracterizar a complexidade reafirma a definição


pioneira formulada por Weaver (1948). Weaver situou a ‘complexidade
organizada’ na faixa intermediária de um contínuo, em que num extremo estão
os ‘problemas simples’ e, no outro, as questões que envolvem ‘complexidade
desorganizada’, conforme mostra a Figura 2.1.

24
O que é comum no tratamento dado aos problemas em ambos os
extremos, pela ciência clássica, é o uso de técnicas quantitativas (Flood &
Carlson, 1988). No caso de um pequeno número de variáveis isso é feito
concentrando-se em atributos específicos dos elementos, utilizando as técnicas
da matemática analítica. Quando se trata de uma grande quantidade de
elementos, geralmente, são calculadas as propriedades médias dos atributos de
milhares de elementos agregados, utilizando as técnicas estatísticas (Weaver,
1948; Flood & Carlson, 1988).

A ‘complexidade organizada’, por sua vez, envolve várias variáveis inter-


relacionadas (Weaver, 1948). A natureza do inter-relacionamento não permite
concentrar-se em relações de causa e efeito simples utilizando o método
analítico. Em ‘complexos organizados’, a complexidade aumenta na medida em
que aumenta o grau de organização da configuração de relações entre as
variáveis destacadas para descrever o fenômeno.

Do ponto de vista matemático, uma característica distintiva fundamental


da complexidade sistêmica é a não-linearidade. Gleick (1990) utiliza uma
imagem para tornar mais concretas as propriedades de sistemas lineares e
distingui-las de sistemas não-lineares. Sistemas lineares, descreve o autor, “têm
características modulares: podem ser desmontados e novamente montados – as
peças se encaixam” (op. cit., p. 21). O peso relativo de uma variável não se
modifica em função das variações ao longo do tempo.

Assim, modelos lineares são totalmente inadequados para modelar as


características de organizações e de processos sociais. Embora relevante, a
complexidade vista como característica exclusiva do objeto, impondo-se ‘de fora’
à percepção humana, tem sido questionada por vários autores.

Flood & Carlson (1988), autores empenhados no desenvolvimento do


pensamento sistêmico nas ciências administrativas, procuraram estender a
compreensão da complexidade para além da perspectiva positivista,
incorporando uma segunda dimensão, relacionada ao observador humano.
Segundo esse ponto de vista, a complexidade não pode ser dissociada da
percepção e dos objetivos de quem descreve a situação ou fenômeno. Mesmo

25
fenômenos físicos, são sempre “situações percebidas por pessoas” (op. cit., p.
20).

Segundo Klir (1985), além da caracterização aceita pelo senso comum -


a complexidade relacional, associada ao número de partes e do número de
interações do objeto de investigação -, o termo ‘complexidade’ contempla
sempre uma conotação subjetiva introduzida pelo observador:

Flood & Carlson (1988) procuraram especificar os componentes da


complexidade nas duas dimensões acima apontadas (ver Quadro 2.1). Uma vez
estabelecido que a complexidade consiste de fenômenos, situações ou objetos
descritos como sistemas, segundo a percepção das pessoas, Flood & Carlson
(1988) desagregaram essas duas noções, conformando o segundo nível da
complexidade:

(i) Sistemas envolvem número de partes e relações entre partes;

(ii) Pessoas possuem diferentes noções/percepções, capacidades e


interesses.

A partir dessa perspectiva, as partes e relações selecionadas para


descrever um fenômeno ou situação, não podem ser separadas das percepções
e noções de quem procura explicar ou constituir o sistema. Percepções dizem
respeito ao modo particular como as pessoas constituem modelos abstratos em
suas mentes (Flood & Carlson, 1988). Noções estão diretamente “relacionadas
às percepções e podem ser consideradas como o entendimento ou opinião que
temos dos modelos que construímos em nossas mentes (nossas percepções)”
(op. cit., p. 21). Já as capacidades e os interesses dos indivíduos e grupos, não
podem ser separados das percepções e noções, pois influenciam-nas
diretamente. Finalmente, Flood & Carlson (1988) apontam três características de
sistemas complexos, que tornam inadequada qualquer tentativa de tratamento
analítico da complexidade: não-linearidade, quebra de simetria e restrições não-
holonômicas.

26
Segundo o modelo acima, as chamadas ciências sistêmicas ‘duras’, que
abordam basicamente temas relacionados a sistemas naturais e sistemas físicos
construídos pelo homem, trabalham somente na ‘linha de Weaver’ (ver Figura
2.1). No Quadro 2.1 a ‘linha de Weaver’ corresponde à complexidade relacionada
ao ‘sistema’.

Entretanto, como ‘sistemas’ são sempre descrições feitas por pessoas, a


complexidade não pode ser associada somente à dimensão relacional ou à
delimitação de um padrão lógico de relações. Especialmente, na abordagem de
fenômenos sociais (incluindo organizações produtivas), a consideração da
dimensão da complexidade introduzida pelo fator humano torna-se central. Flood
& Carlson (1988) denominaram essa dimensão humana da complexidade de
‘linha do homo sapiens’, por estar relacionada ao aparecimento do homem e a
emergência da autoconsciência.

Organização sistêmica

27
Embora ausente da maioria das definições, a organização é uma noção
central desde as primeiras formulações do movimento sistêmico contemporâneo.
Alguns autores, entretanto, referem essa noção em suas definições:

A importância da noção de organização para as concepções sistêmicas


pode ser afirmada com a seguinte passagem de Buckley (1968):

Assim, primeiro, a organização é uma noção que está sempre relacionado


à característica de interesse observada, seja na relação do sistema com o seu
ambiente, seja na distinção de uma característica do sistema em si; segundo,
por suposição, as características associadas ao sistema descrito persistirão
enquanto a sua organização não for modificada, destruída ou desconstituída.

Operacionalmente a natureza da organização sistêmica passou a ser


compreendida com as formulações cibernéticas, cujos estudos, ligaram a auto-
regulação e a auto-organização aos processos de realimentação de informação.

Mecanismos com capacidade de decisão, apoiados em ‘programas’,


envolvendo armazenagem, recuperação e processamento de informação,
passaram a ser vistos como responsáveis pelas características de estabilidade
e outros comportamentos finalistas exibidos por sistemas complexos de um
modo geral. Segundo Capra (1997), os cibernicistas, ao apontarem a
realimentação de informação como mecanismo central presente na estabilidade
e no comportamento finalista de sistemas complexos, foram pioneiros no
reconhecimento das interações circulares como princípio fundamental para a
compreensão dos padrões da organização em geral.

28
Também Rapoport (1968) assinalou que a cibernética, ao revelar que o
comportamento proposital em máquinas complexas é determinado pela sua
lógica organizacional, possibilitou estabelecer paralelos com os comportamentos
propositais e inteligentes em sistemas vivos. Segundo o autor, isso tornou
possível a “[...] generalização do conceito de ‘organismo’ para o conceito de
‘sistema organizado’” (op. cit., p. XX).

A ideia anterior, de que organismos vivos também são dotados de


mecanismos com capacidade de processar sinais, constituiu-se numa das mais
importantes diretrizes de pesquisa em vários campos de conhecimentos. As
chamadas abordagens ‘biocibernéticas’, cuja referência teórica básica é o
trabalho Ashby (1970), tiveram e continuam tendo enorme influência sobre a
biologia molecular, ciências cognitivas e inteligência artificial. Segundo essa
perspectiva, a natureza comum de vários padrões de organização em máquinas
e seres vivos permite que, em muitos aspectos, sistemas vivos e não-vivos
possam ser tratados como análogos (Ashby, 1970).

Um outro ângulo que ajuda a compreender a natureza da organização


sistêmica é a sua relação com a ideia de ‘condicionalidade’, referida por Ashby
(1962). Para clarificar o seu significado Ashby (1962) explica que o inverso de
condicionalidade, não-condicionalidade, do ponto de vista matemático significa
redutibilidade. Relações matemáticas são não- condicionais quando uma função
possui partes cujas ações ou mudanças não dependem das ações e mudanças
de outras partes (Ashby, 1962). Por sua vez, há presença da condicionalidade
quando existe dependência das partes entre si. Assim, existe um componente
de organização sempre que duas entidades ‘A’ e ‘B’ tornam-se condicionais a
uma terceira entidade ‘C’ (Ashby, 1962). Desse modo, condicionalidade implica
a existência de ‘comunicação’ restritiva entre variáveis. Ou seja, para que um
elemento de organização exista entre ‘A’ e ‘B’ deve haver comunicação em que
‘A’ restringe a ação de ‘B’, a partir de uma condição oriunda de ‘C’ e/ou vice-
versa. As ideias acima descritas, passaram a ser o substrato sobre o qual a
noção de organização sistêmica foi enriquecida.

29
O sistema como totalidade ou unidade complexa

Um sistema é identificado a partir de características ou regularidades


observadas nas mais variadas condições (Ackoff, 1981). As propriedades
emergentes, como são denominadas estas características, podem ser
observadas na forma de comportamentos, qualidades, produtos e na própria
existência e continuidade dos processos que constituem o fenômeno ou entidade
complexa. Na literatura sistêmica, a irredutibilidade das propriedades de um
sistema complexo às partes que o explicam ou constituem, muitas vezes é
expresso através da formulação de que “o todo é maior que a soma das suas
partes” (Flood & Carlson, 1988).

Para explicar determinadas características globais exibidas por sistemas


complexos o movimento sistêmico reabilitou palavras tais como ‘função’,
‘finalidade’ e ‘propósito’. Conforme visto anteriormente, estes termos haviam sido
eliminados do vocabulário científico devido ao conteúdo teleológico a eles
atribuído. Sua reintrodução na investigação científica ocorreu com a cibernética,
em decorrência da necessidade de explicar normas, fins e estados regulados,
relacionados a noções como ‘programa’, comunicação e controle, segundo os
quais operam as máquinas cibernéticas (Morin, 1977).

Comportamento funcional, finalista ou proposital denota agora um modelo


de comportamento que pode ser descrito como busca ou realização de ‘objetivos’
(Ackoff, 1974 e 1981; Rapoport & Horvath, 1959). Com o pensamento sistêmico
estas noções deixam de ter o caráter forças ou propriedades de origem
desconhecida, guiando o destino dos fenômenos. Trata-se propriedades que
derivam de processos imanentes aos sistemas complexos, das quais derivam as
características globais e a capacidade de realizar metas, a despeito das
mudanças no contexto. De acordo com Ackoff (1981), são características que
decorrem da forma como os componentes do sistema se subordinam
(relacionam) dentro do todo, realizando determinadas funções, e das interações
do sistema no contexto maior.

Assim, ‘função’, ‘finalidade’ e ‘propósito’ passam a ser termos para


designar propriedades sistêmicas derivadas da organização. Descrevem

30
características relacionadas à retroação de informação, ausente no
determinismo clássico. Relações cíclicas e circulares são assim responsáveis
por formas de comportamento e propriedades que sistemas descritos por
relações de causa e efeito simples (não-cíclicas e não-circulares) não possuem
(Rapoport & Horvath, 1959).

Alguns autores incluem em suas definições palavras que denotam


características sistêmicas descritas como finalistas:

Atividades finalistas podem ser relacionadas a propósitos externos ou


internos. Considerando uma organização produtiva, atividades voltadas para
realizar propósitos externos são atividades que buscam criar um estado
desejado no ambiente, como por exemplo, ações com vistas a aumentar o
número de clientes, ou mesmo, medidas para atender um requisito imposto pelo
contexto social, como por exemplo, questões relacionadas à preservação
ambiental. Atividades ‘finalistas’ relacionadas a propósitos internos são, por
exemplo, a manutenção de um padrão de qualidade de um produto e/ou a as
atividades para melhorar determinados fatores

31
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