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1. O conhecimento humano...........................................................................................................................3
1.1 A evolução da ciência................................................................................................................................................... 3
1.2 Contribuições de Kant à teoria do conhecimento..................................................................................... 4
2. A unidade do conhecimento....................................................................................................................7
2.1 Retorno à unidade por meio da filosofia.......................................................................................................... 7
2.2 Santo Tomás de Aquino e o conhecimento................................................................................................... 8
4. A leitura............................................................................................................................................................. 12
4.1 A importância dos clássicos...................................................................................................................................12
4.2 Estilos de leitura e estilos de texto...................................................................................................................12
4.3 A postura do leitor........................................................................................................................................................13
4.4 O hábito da leitura e da escrita........................................................................................................................... 14
6. Normas ABNT................................................................................................................................................. 19
1 O CONHECIMENTO HUMANO
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Na Antiguidade, o marco inicial da ciência é frequentemente associado ao pensa-
mento grego, particularmente ao surgimento da filosofia. Os filósofos pré-socráticos,
com sua indagação sobre a physis (natureza), iniciaram a transição do mito para a
razão como meio de explicar os fenômenos naturais. Tal movimento foi caracterizado
por uma busca de princípios (archai) que pudessem explicar a diversidade das experi-
ências humanas a partir de fundamentos universais. Tales de Mileto, por exemplo, ao
prever um eclipse, demonstrou a possibilidade de entender os fenômenos naturais
através da observação e raciocínio.
Esta fase inicial da ciência estava profundamente imbricada com a filosofia, na
medida em que a investigação sobre a natureza do ser, do conhecimento e da rea-
lidade era indissociável da investigação sobre os fenômenos naturais. Platão e Aris-
tóteles, por exemplo, contribuíram significativamente para o desenvolvimento de um
quadro epistemológico que serviria de fundamento para a ciência. Aristóteles, com
sua ênfase na observação empírica e na classificação dos seres vivos, estabeleceu
um método de investigação que seria influente por séculos.
A modernidade foi caracterizada por uma crescente especialização do saber, com
a emergência de disciplinas científicas distintas. O método científico, com suas eta-
pas de observação, formulação de hipóteses, experimentação e verificação, tornou-
-se o paradigma dominante. A ciência moderna buscou não apenas descrever os
fenômenos, mas também explicá-los a partir de princípios e leis universais, aplicáveis
independentemente do contexto específico da observação.
O conceito de ciência continuou a evoluir no século XX, período em que a filoso-
fia da ciência ganhou proeminência com figuras como Karl Popper e Thomas Kuhn.
Popper introduziu a noção de falsificabilidade como critério de demarcação da ciên-
cia, argumentando que uma proposição científica deve ser, em princípio, refutável
por meio da experimentação. Kuhn, por sua vez, desafiou a visão cumulativa do pro-
gresso científico ao propor o modelo de mudanças paradigmáticas. Segundo Kuhn,
a ciência avança por revoluções, nas quais um paradigma científico é substituído por
outro, não necessariamente por acumulação de conhecimento, mas por mudanças
na forma como os cientistas veem o mundo.
A ciência moderna, portanto, ao contrário de seu sentido clássico e pleno, é en-
tendida não como uma busca por verdades universais, mas sobretudo como uma METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
atividade humana sujeita a mudanças de perspectiva e entendimento.
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realidade, estabelecendo uma distinção crucial entre o fenômeno (o mundo como
o experimentamos) e o númeno (o mundo como é em si mesmo). Kant argumenta
que nosso conhecimento do mundo é limitado à esfera dos fenômenos; nunca po-
demos ter acesso direto aos númenos. Esta limitação, no entanto, não nos impede
de adquirir conhecimento confiável e significativo sobre o mundo, pois é através das
estruturas a priori da mente humana – categorias e intuições do espaço e tempo –
que organizamos e interpretamos a experiência sensorial. Portanto, o conhecimento
científico, para Kant, é fundamentalmente construído pela interação entre os dados
sensoriais e essas estruturas a priori, possibilitando a compreensão e a previsão dos
fenômenos naturais.
A teoria do conhecimento de Immanuel Kant representa um marco na filosofia, es-
pecialmente no que tange à compreensão da consciência e da capacidade humana
de atuação e interpretação do mundo. Central para a teoria kantiana é a ideia de que
a consciência não é um mero espelho passivo da realidade, mas um agente ativo na
construção do conhecimento. A consciência humana, dotada de categorias a priori
como causalidade, substância e unidade, organiza e dá sentido aos dados brutos da
experiência sensorial. Este processo de síntese a priori é o que possibilita a experiên-
cia coerente do mundo fenomênico, permitindo aos indivíduos não apenas perceber
a realidade, mas também compreendê-la de forma ordenada e significativa.
A atuação no mundo, sob a luz da teoria do conhecimento kantiana, é vista como
uma extensão da capacidade de conhecer. A interação com o mundo é mediada
pelas mesmas estruturas cognitivas que possibilitam o conhecimento, implicando
que toda ação e interpretação estão fundamentadas nas capacidades inerentes da
consciência. Assim, a realidade que experimentamos é sempre uma realidade inter-
pretada, conformada tanto pelos limites quanto pelas possibilidades das categorias
a priori da mente.
Ernst Cassirer, filósofo do século XX, expande e elabora as ideias kantianas em
sua própria teoria das formas simbólicas. Cassirer argumenta que a capacidade hu-
mana para o conhecimento científico não deriva apenas das estruturas a priori da
mente, mas também do uso de símbolos e sistemas simbólicos para representar e
compreender o mundo. Para Cassirer, a ciência é uma entre várias formas simbólicas
– juntamente com a arte, a linguagem, a religião, entre outras – através das quais os METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
seres humanos estruturam sua experiência e conhecimento do mundo. Essas formas
simbólicas não são meras representações da realidade, mas modos ativos de enga-
jamento que moldam nossa compreensão do mundo. A ciência, em particular, utiliza
símbolos – conceitos, teorias, fórmulas matemáticas – para criar modelos explicati-
vos e preditivos da realidade, facilitando a nossa interação com o mundo e aprofun-
dando nosso entendimento dos fenômenos naturais.
A contribuição de Cassirer, assim, ressalta o papel crucial da linguagem e dos
símbolos na mediação entre o sujeito cognoscente e o objeto de conhecimento, am-
pliando a abordagem kantiana ao enfatizar a diversidade de meios através dos quais
o conhecimento é construído e organizado. Através de sua análise das formas sim-
bólicas, Cassirer ilumina o processo pelo qual o conhecimento científico é tanto uma
construção humana quanto uma aproximação progressiva da verdade objetiva.
Kant, deste modo, estabeleceu a fundação ao argumentar que a mente humana
desempenha um papel ativo na construção do conhecimento, através das estruturas
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a priori que organizam a experiência sensorial. Cassirer, por sua vez, amplia esse en-
tendimento ao explorar como os símbolos e os sistemas simbólicos operam como
ferramentas essenciais na formulação e comunicação desse conhecimento. Juntos,
Kant e Cassirer fornecem um quadro para entender a ciência como uma atividade ca-
racterizada pela interação entre a mente, a experiência sensorial e o mundo simbólico.
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2 A UNIDADE DO CONHECIMENTO
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revisitar e revalorizar a filosofia não apenas como um campo de estudo autônomo,
mas como um elemento unificador essencial do conhecimento humano. Essa pro-
posta não é meramente nostálgica ou idealista, mas fundamenta-se na compreensão
de que a filosofia, em sua essência, detém a capacidade de transcender as divisões
disciplinares, oferecendo uma perspectiva integradora que é crucial para enfrentar
desafios contemporâneos e possibilitar um conhecimento mais pleno do mundo.
Historicamente, a filosofia ocupou o lugar de ciência primeira, um campo de saber
que não se limitava a uma área específica do conhecimento, mas buscava compre-
ender os princípios fundamentais que governam a realidade, a existência e o conhe-
cimento. Esse caráter universal e integrador da filosofia permite uma visão coesa do
mundo, possibilitando a compreensão de questões complexas que não podem ser
plenamente abordadas por meio de uma ciência fragmentada. No entanto, com o
avanço das ciências especializadas, a filosofia foi progressivamente relegada a um
papel secundário, frequentemente percebida como desconectada das investigações
empíricas e das aplicações práticas que caracterizam a pesquisa contemporânea.
A necessidade de um retorno à filosofia como elemento unificador do saber resi-
de, fundamentalmente, na sua capacidade de promover uma compreensão profunda
das condições e limitações do conhecimento humano. A filosofia questiona os funda-
mentos, os métodos e os objetivos das diversas áreas do conhecimento, incentivan-
do uma reflexão crítica sobre as pressuposições que sustentam nosso entendimento
do mundo. Além disso, ao abordar questões relativas aos valores, à ética e ao sentido,
a filosofia oferece orientações vitais para a aplicação responsável e ética do conheci-
mento em diversos contextos sociais, políticos e tecnológicos.
Um retorno à filosofia como elemento unificador também favorece a promoção
do diálogo interdisciplinar. A filosofia, com sua abordagem questionadora e sua bus-
ca por princípios universais, é a ponte entre as ciências, as humanidades e as artes,
facilitando a troca de ideias e a integração de perspectivas diversas. Esse diálogo
enriquecedor é fundamental para abordar questões complexas que transcendem os
limites de uma única disciplina.
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argumenta que, a partir dessas experiências, a mente humana é capaz de abstrair
conceitos universais num processo intelectual que transcende o imediatamente sen-
sível. Essa capacidade de abstração permite ao ser humano alcançar um entendi-
mento sobre a essência das coisas, objetivo central comum tanto à filosofia quanto à
teologia.
Além disso, a contribuição de Santo Tomás de Aquino para a categorização do
saber é notável. Ele propõe uma hierarquia do conhecimento que distingue entre
diferentes formas e objetos de estudo, desde as ciências naturais até a teologia, a
ciência suprema devido ao seu objeto de estudo – Deus, e as verdades divinas. Santo
Tomás sistematiza o saber de maneira que cada campo do conhecimento é ordena-
do segundo sua proximidade com o conhecimento divino.
A importância de Santo Tomás para a teoria do conhecimento e a categorização
do saber, portanto, reside na sua habilidade de integrar a fé e a razão, a experiência
sensorial e a abstração intelectual. Ele oferece um modelo de conhecimento que é
ao mesmo tempo aberto à multiplicidade da experiência humana e comprometido
com a busca por princípios universais e verdades últimas. Sua abordagem não só en-
riqueceu o debate filosófico e teológico de sua época, mas também forneceu bases
duradouras para o entendimento sobre como os seres humanos adquirem conheci-
mento e como diferentes áreas do saber se relacionam entre si e com a busca pela
verdade. Ele foi, assim, de certa forma, um modelo de unificador do saber em grau
sumo.
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3 LIBERDADE VERSUS
DETERMINISMO
A disputa entre liberdade e determinismo constitui um dos debates filosóficos
mais intrincados e persistentes ao longo da história do pensamento humano. Esta
controvérsia toca o cerne de questões fundamentais sobre a natureza da vontade
humana, a estrutura da realidade e as possibilidades de ação e escolha dentro do
universo. De um lado, o determinismo sustenta que todos os eventos, incluindo os
atos de vontade, são o resultado inevitável de condições antecedentes em conjun-
to com as leis da natureza. Do outro lado, a liberdade, ou o livre-arbítrio, defende a
capacidade dos indivíduos de escolher entre diferentes possibilidades de ação, uma
escolha que não está predeterminada por condições anteriores ou leis naturais.
O determinismo é frequentemente associado à visão de que o universo opera
de acordo com leis causais fixas e imutáveis. Sob essa perspectiva, se as condições
iniciais do universo e todas as leis naturais fossem conhecidas, teoricamente seria
possível prever cada evento futuro, incluindo as decisões humanas. Essa visão é re-
forçada por avanços em campos científicos como a física e a neurociência, que suge-
rem uma correlação entre a atividade cerebral, os processos químicos e físicos, e o
comportamento humano. O determinismo, portanto, contrapõe-se à noção de auto-
nomia pessoal, sugerindo que nossas escolhas podem ser o resultado de uma cadeia
de eventos e influências que transcendem o nosso controle consciente.
Contrastando com o determinismo, a noção de liberdade ou livre-arbítrio pro-
põe que os seres humanos possuem a capacidade de tomar decisões de maneira
autônoma, não totalmente condicionada por eventos passados ou leis da nature-
za. Esta visão leva em conta a singularidade da experiência humana, a capacidade
de reflexão e a responsabilidade moral, fundamentos essenciais para as noções de
autonomia, ética e justiça. De acordo com essa perspectiva, mesmo que certas pre-
disposições ou influências externas possam afetar a tomada de decisão, a escolha
final é atribuída ao agente, que é visto como capaz de agir de forma diferente sob as
mesmas circunstâncias.
METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
A disputa entre liberdade e determinismo não é apenas teórica, mas possui im-
plicações práticas significativas, particularmente no âmbito da ética, da responsabi-
lidade moral e do sistema de justiça. Se o determinismo absoluto fosse verdadeiro,
isso colocaria em questão a base para a responsabilização moral, uma vez que os
indivíduos não teriam controle real sobre suas ações. Por outro lado, a aceitação do
livre-arbítrio apoia a ideia de que as pessoas podem ser justamente responsabiliza-
das por suas escolhas e ações, reforçando a importância de conceitos como culpa,
mérito e punição.
A experiência subjetiva da liberdade serve como um argumento intuitivo, mas
poderoso, para a sua existência. Indivíduos cotidianamente vivenciam a sensação de
fazer escolhas com base em suas próprias vontades, preferências e deliberações.
Ademais, a criatividade humana é uma manifestação notável da liberdade. A
capacidade de conceber o novo, seja na arte, na ciência ou na tecnologia, implica
uma fonte de inovação que não parece ser totalmente determinada por condições
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antecedentes. A criatividade desafia a previsibilidade, sugerindo que os seres huma-
nos são capazes de transcender limitações e influências passadas, agindo de manei-
ras que refletem a liberdade genuína.
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4 A LEITURA
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Os métodos de leitura variam significativamente, a depender do estilo do leitor
e da diversidade dos textos com os quais se deparam os pesquisadores nas huma-
nidades. Cada gênero textual, seja filosófico, histórico, literário ou de outra natureza,
demanda uma abordagem de leitura específica, que respeite suas particularidades
e atenda aos objetivos da pesquisa. A leitura filosófica, por exemplo, requer um en-
gajamento profundo com o texto, onde o leitor deve estar atento aos argumentos
apresentados, à estrutura lógica e às implicações conceituais das teses defendidas
pelo autor.
Por outro lado, os textos literários e históricos podem demandar uma leitura que
valorize a contextualização e a interpretação dos elementos narrativos e descritivos,
considerando as circunstâncias culturais, sociais e históricas que influenciaram sua
produção.
Ademais, a prática da leitura nas humanidades é marcada pela importância de se
estabelecer um diálogo crítico com os textos. Isso implica não apenas na capacidade
de extrair e compreender as ideias principais, mas também na habilidade de ques-
tionar, comparar e identificar os princípios por trás das afirmações. O leitor deve ser
capaz de identificar os pressupostos subjacentes aos argumentos, avaliar a coerência
e a validade das teses apresentadas e relacioná-las com outras obras. Esse exercício
crítico é essencial para a construção de um pensamento autônomo e para a contri-
buição original ao campo de estudo.
A tomada de notas e o fichamento são práticas complementares muito úteis ao
método de leitura. Essas técnicas permitem ao pesquisador organizar e sintetizar as
informações coletadas, facilitando a referência futura e a elaboração de trabalhos
acadêmicos. A eficácia dessas práticas depende de uma organização metódica e de
um sistema de anotações que atenda às necessidades específicas de cada pesqui-
sador, possibilitando uma rápida recuperação das informações e uma eficiente cons-
trução argumentativa.
Os estilos textuais, por sua vez, apresentam desafios e oportunidades distintas
para o leitor. A diversidade de gêneros na tradição filosófica, por exemplo, desde
os diálogos socráticos até as dissertações contemporâneas, exige uma adaptação
constante dos métodos de leitura. A compreensão dessa variedade estilística auxilia
a apreensão adequada das diferentes formas de expressão do pensamento humano. METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
Cada estilo textual, com suas características próprias, oferece um caminho particular
de acesso às ideias, demandando do leitor uma sensibilidade para captar as nuances
e particularidades de cada obra.
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Para desenvolver uma escrita acadêmica de qualidade, é fundamental que o pes-
quisador se habitue a escrever regularmente, adotando uma postura crítica em rela-
ção ao próprio trabalho. Isso implica na revisão constante dos textos produzidos, na
busca por aconselhamento de pares e na disposição para reformular ideias à luz de
novas perspectivas ou críticas. A familiarização com as normas técnicas de escrita e
formatação de trabalhos acadêmicos é parte integrante desse processo, assim como
o domínio do vocabulário e das convenções discursivas da área de estudo.
A leitura, deste modo, fornece o substrato para a escrita, enquanto a prática da es-
crita aprofunda a compreensão e a apreciação dos textos lidos. Ambas as atividades
requerem dedicação, disciplina e uma atitude ativa de engajamento com o material,
seja ele literário, filosófico, científico ou de qualquer outro domínio do conhecimento.
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5 TEMA, PROBLEMA E
ELABORAÇÃO TEXTUAL
Na elaboração de obras no campo das humanidades, a construção temática e a
formulação do problema constituem etapas fundamentais para o desenvolvimento
de pesquisas acadêmicas e dissertações. A delimitação temática e a identificação de
um problema de pesquisa representam momentos distintos, porém interligados, que
orientam o pesquisador na exploração de seu objeto de estudo. A compreensão des-
sas fases é crucial para a formulação de um trabalho consistente e relevante.
A delimitação temática envolve a escolha de uma área de estudo dentro das hu-
manidades, como filosofia, história ou direito, e sua subsequente subdivisão em cam-
pos mais específicos. Esse processo de escolha não se limita apenas ao âmbito geral,
mas também à seleção de temas mais restritos, autores, obras e enfoques particula-
res. Tal escolha requer do pesquisador um esforço de concentração e especificação,
evitando abordagens demasiadamente amplas que comprometam a profundidade e
a viabilidade da pesquisa. A partir dessa delimitação, é possível estabelecer um re-
corte claro e definido que servirá de base para o desenvolvimento do trabalho.
No entanto, identificar o tema de estudo não é o único requisito para uma pesqui-
sa bem-sucedida. É necessário avançar na definição de um problema, que se distin-
gue do tema pela sua natureza questionadora. O problema de pesquisa é a questão
central que o pesquisador se propõe a responder, um desafio que motiva a investiga-
ção. Diferentemente do tema, que delimita o campo de estudo, o problema direciona
o foco da pesquisa para uma dificuldade específica, um ponto de tensão ou uma
lacuna no conhecimento existente. A identificação do problema está intimamente li-
gada a um desafio intelectual e a uma relação pessoal do pesquisador com o tema,
refletindo suas inquietações e o propósito de sua busca por respostas.
A transição da delimitação temática para a formulação do problema exige do pes-
quisador uma reflexão profunda sobre sua própria posição em relação ao tema es-
colhido. Isso implica reconhecer o problema como um ponto de intersecção entre o
interesse acadêmico e a relevância existencial ou social da pesquisa. Tal abordagem METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
permite que o trabalho acadêmico não se limite a uma discussão teórica abstrata,
mas que se engaje com questões significativas, capazes de contribuir para o enten-
dimento e talvez a solução de problemas concretos.
Além disso, o desenvolvimento de uma pesquisa em humanidades requer um
processo contínuo de revisão e refinamento tanto do tema quanto do problema. Isso
envolve a capacidade de ajustar o foco da pesquisa conforme novas perspectivas
são adquiridas e obstáculos são encontrados. A prática da escrita acadêmica, por
sua vez, desempenha um papel fundamental nesse processo, funcionando como um
veículo para a articulação e a exploração das ideias do pesquisador.
Em resumo, a delimitação temática e a formulação do problema são etapas cru-
ciais na elaboração de obras no campo das humanidades. Esses processos não são
estáticos, mas dinâmicos e interativos e geram o desenvolvimento intelectual do
pesquisador e a profundidade de seu engajamento com o tema. Ao navegar com cui-
dado entre a escolha do tema e a definição do problema, o pesquisador estabelece
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as bases para uma investigação rica e significativa, capaz de contribuir para o avanço
do conhecimento e para a compreensão de questões complexas e relevantes para a
humanidade.
A transição da análise de textos sobre o tema escolhido para a criação de textos
acadêmicos próprios é uma etapa significativa no processo de pesquisa nas huma-
nidades. Inicialmente, a análise de texto envolve uma abordagem detalhada e crítica
das obras relevantes dentro do campo de estudo do pesquisador. Esse processo in-
clui a identificação das teses principais, argumentos, metodologias e conclusões pre-
sentes nos textos. Uma compreensão profunda desses elementos é essencial para
que o pesquisador possa posicionar seu trabalho em relação às discussões existen-
tes e identificar lacunas na literatura que sua pesquisa poderá abordar. A análise de
texto, portanto, serve como um ponto de partida para a formulação de perguntas de
pesquisa originais e a definição de um problema específico a ser investigado.
A passagem para a criação de textos acadêmicos requer do pesquisador uma
mudança na abordagem, passando da interpretação e crítica dos textos para a pro-
dução de um discurso próprio que contribua para o campo de estudo. Esse processo
envolve a síntese das informações coletadas durante a análise e a aplicação de uma
metodologia de pesquisa adequada para abordar o problema definido. O pesquisa-
dor deve ser capaz de argumentar de forma coerente e fundamentada, utilizando as
evidências coletadas para sustentar suas teses e conclusões.
A criação de textos acadêmicos não se limita à mera apresentação de dados ou
à recapitulação de teorias existentes, mas deve refletir um esforço intelectual para
avançar o entendimento sobre o tema em questão. Isso implica em uma capacidade
de inovação e originalidade por parte do pesquisador, que deve trazer novas pers-
pectivas, argumentos e, possivelmente, soluções para os problemas investigados.
O texto acadêmico, portanto, deve buscar uma contribuição à produção intelectual
dentro da área de estudo.
A escrita acadêmica, neste contexto, exige do autor clareza, precisão e rigor na
exposição de suas ideias. A estrutura do texto deve facilitar a compreensão do leitor,
apresentando de maneira lógica e sequencial os argumentos que sustentam a tese
do pesquisador. A utilização de citações e referências deve ser feita de maneira cri-
teriosa, respeitando as normas acadêmicas e dando crédito aos autores e trabalhos METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
que contribuíram para a pesquisa. Além disso, o pesquisador deve estar atento à qua-
lidade da linguagem utilizada, buscando um equilíbrio entre a formalidade exigida
pelo contexto acadêmico e a acessibilidade do texto para o público-alvo.
O aprimoramento do estilo e da argumentação em textos acadêmicos exige uma
imersão profunda nas práticas de leitura e escrita, ajustadas especificamente aos
padrões exigidos pelo discurso acadêmico. O estilo de um texto acadêmico distin-
gue-se por sua objetividade, precisão e clareza, servindo como um veículo para a
argumentação sólida e fundamentada em evidências.
A construção de uma argumentação eficaz em textos acadêmicos começa com
a seleção cuidadosa de fontes e a análise crítica dos argumentos presentes na lite-
ratura existente. Esta análise prepara o terreno para o desenvolvimento de uma con-
tribuição própria, que deverá ser expresso com clareza e sustentado por evidências
coletadas durante a pesquisa.
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Em resumo, o desenvolvimento de um estilo de escrita adequado ao contexto
acadêmico e a capacidade de formular argumentações convincentes são habilidades
que se aprimoram com a prática constante de leitura e escrita. A leitura proporcio-
na ao pesquisador um modelo para a construção de seus próprios argumentos, en-
quanto a escrita oferece o espaço para experimentação e refinamento de suas ideias.
Assim, a interação contínua entre leitura e escrita não apenas enriquece o repertório
intelectual do pesquisador, mas também aprimora sua capacidade de contribuir sig-
nificativamente para as discussões em sua área de especialização, consolidando seu
lugar na comunidade acadêmica.
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6 NORMAS ABNT