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Autor:
PROJETO AUTOCONHECIMENTO E TRANSFORMAÇÃO
COM PEDRO CALABREZ
Pedro Calabrez

Produção Editorial:
Guilherme Ashcar

Preparação de Texto:
Caroline Bastos

Coordenação Editorial e Revisão:


Juliana Mastrângelo

Capa:
Felipe Fleg

Projeto Gráfico e Diagramação:


Ana Clara Travassos

Operação e Logistica:
Alexandre Lenharo

Reservados todos os direitos à NeuroVox


Endereço: Alameda Rio Negro, 1105 - 7 andar
CJ 71 - Alphaville - Barueri
São Paulo | São Paulo - Brasil

É proíbida a duplicação, reprodução e/ou transmissão desse volume, no todo ou em


parte, sob quaisquer formas e/ou quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação,
fotocópia, distribuição na web e outros).

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Í NDICE
PROJETO AUTOCONHECIMENTO E TRANSFORMAÇÃO
COM PEDRO CALABREZ

1 INTRODUÇÃO 4

2 FALANDO SOBRE NEUROCIÊNCIA 5

3 PERSONALIDADE 7

A CIÊNCIA DA PERSONALIDADE
4 NAS ÚLTIMAS DÉCADAS
14

5 MODELOS DE PERSONALIDADE 17

6 ENTENDENDO SEUS RESULTADOS 22

7 TIPOLOGIA MBTI 27

8 VARIABILIDADE INDIVIDUAL 31

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS 38

REFERÊNCIAS
10 BIBLIOGRÁFICAS 40

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Antes de começarmos a falar, de fato, dos traços de
personalidade documentados pela ciência, eu quero
contar um pouquinho sobre a ciência da personalidade
em geral.

Personalidade é algo muito interessante, conhecê-la e


descobrir a nossa essência também. Nós vivemos no sé-
culo do autoconhecimento, e é por isso que as pessoas
adoram aqueles questionários do Facebook: “Qual prin-
cesa da Disney é você?”, “Qual personagem de La casa
de papel você é?”, “Qual personagem de Friends?”, e por
aí vai. Elas adoram isso porque desejam entender quem
elas são, o que as tornam diferentes e o que as diferen-
ciam dos outros indivíduos.

Eu vou ensinar sobre um campo científico fantástico cha-


mado ciência da personalidade — ou personality science
— que estuda desde neurônios e circuitos cerebrais, até
genética, emoções, sentimentos e comportamentos dos
seres humanos.

A ciência da personalidade estuda você. E eu quero con-


tar um pouco sobre você. Os motivos pelos quais existem
aspectos da sua vida, mente, cérebro, comportamento e
características suas em que você se parece muito com
todos os outros seres humanos.

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Existem características suas, sim, em que você é mui-
to parecido com alguns seres humanos, mas não todos.
E há algumas características suas das quais você não é
parecido com ninguém. No fim das contas, é isso que es-
tuda a ciência da personalidade. Aliás, esse é um movi-
mento muito interessante que ocorreu em praticamente
todo campo científico que estuda os seres humanos. En-
tão, vamos falar sobre neurociência, já que essa é a mi-
nha área de especialidade.

FALANDO SOBRE NEUROCIÊNCIA


Um dos esforços da neurociência é entender o cérebro
em geral, ou seja, o que existe de comum entre todos
os cérebros humanos. Existem muitos neurocientistas
que focam exatamente nesse nível de análise, mas há
também muitos outros estudando o que alguns — e não
todos — cérebros têm em comum. E, por fim, existem
neurocientistas que buscam estudar o que é único no
cérebro de cada um de nós.

São níveis de análise diferentes e todos eles têm rela-


ção com a ciência da personalidade. Nós podemos di-
zer a mesma coisa em relação à genética, por exemplo.
O Projeto Genoma Humano começou em 1990 e ter-
minou no ano de 2003, o seu objetivo era justamente
identificar os genes que são comuns a todos nós.

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Atualmente, com o avanço da genética, nós estamos
buscando entender quais genes são comuns a alguns
de nós. E também quais genes nos tornam únicos e
especiais.

Esses são apenas exemplos de um esforço que cos-


tuma estar presente em todas as ciências, não só nas
que estudam os seres humanos. Até na astrofísica isso
está presente. Por exemplo: quais elementos estão
presentes em todas as estrelas? E em algumas estre-
las? O que torna cada uma delas única? Muito do que a
ciência, de maneira geral, faz, é justamente discernir
entre esses diferentes níveis de análise.

Vamos começar a entender a ciência da personalida-


de especificamente, e para fazer isso, nós precisamos
começar com definições básicas.

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PERSONALIDADE
A primeira definição é a mais básica de todas: o que é
personalidade?

Personalidade é o conjunto de di-


ferenças individuais estáveis na
atividade e na reatividade de me-
canismos mentais, com o objetivo
de agir e responder a classes es-
pecíficas de situação.

Complexa essa definição, não é? Mas calma, você já me


conhece, eu vou explicar direitinho cada parte dela.

Primeiro, a personalidade é o conjunto de diferenças


individuais estáveis. O que isso significa? As pesso-
as são diferentes, ou seja, existem diferenças indivi-
duais entre as pessoas. Você é diferente de mim, por
exemplo. A personalidade é o conjunto de diferenças
individuais, mas não é qualquer diferença individual,
porque todo mundo é diferente, e você vai agir de ma-
neiras muito diferentes ao longo da sua vida.

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Personalidade é o conjunto de diferenças individuais,
mas eu não estou interessado em todas as diferenças,
e sim nas que são estáveis — aquilo que acontece
consistentemente ao longo do tempo e que diferencia
as pessoas.

Se eu tenho um alto grau de introversão e você pode ter


um alto grau de extroversão. Existem diferenças indivi-
duais entre nós. Mas essas diferenças não são pontu-
ais, elas não acontecem raramente ou
de vez em quando. Elas são estáveis.

Ao estudar personalidade, não es-


tou tão interessado naquela vez
que você agiu de maneira muito
diferente por seja lá qual motivo.
Estou muito mais interessado na-
quilo que diferencia as pessoas, mas
que é consistente, estável e acontece
de novo, e de novo, sem grandes mu-
danças ao longo do tempo.

É isso que quero dizer quando digo que a personalida-


de é o conjunto de diferenças individuais estáveis. Nós
não estamos querendo entender a diferença individu-
al, e sim aquilo que diferencia as pessoas, mas que é
estável, consistente. O conjunto dessas diferenças es-
táveis é a personalidade.

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Portanto, nós entendemos a primeira parte da defini-
ção: personalidade é o conjunto de diferenças indivi-
duais estáveis. Mas diferenças no quê?

O exemplo dado anteriormente sobre a extroversão e a


introversão é um tanto simplista, porque ele só olhou o
comportamento. Contudo, ao definir de maneira cientí-
fica, não é isso que realmente diferencia uma persona-
lidade da outra, e sim as diferenças individuais estáveis
na atividade e na reatividade de mecanismos mentais.
Novamente, uma definição densa e complexa.

No início do Projeto Autoconhecimento e Transforma-


ção, eu falei sobre os elementos que formam a mente,
a psique — lembre-se que mente e psique são sinôni-
mos. Esses elementos também são chamados de pro-
cessos mentais, operações mentais ou módulos men-
tais. E aqui nós temos mais um sinônimo: mecanismos
mentais.

Você pode me perguntar: “Mas, Pedro, para que ficar


complicando, falando esse monte de nomes complica-
dos?”. Lembre-se do meu objetivo: eu quero que você
tenha autonomia intelectual, e que não precise de mim
ou da minha aula para entender o que é ensinado aqui.
Minha intenção é que você leia um artigo numa revista,
ou um livro escrito por um psicólogo ou por um neu-
rocientista, e entenda o que o escritor está falando.

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E, caso você leia em outras fontes e pesquise além do
curso, encontrará todos esses nomes diferentes, por
exemplo: o Steven Pinker, professor da faculdade de
Harvard, utiliza o termo módulos mentais em seus li-
vros. Já o Daniel Nettle, um grande especialista em per-
sonalidade, — inclusive, a definição que eu dei de perso-
nalidade é baseada na dele — utiliza um termo diferente:
mecanismos mentais. Mas veja que, no fim das contas,
os dois estão falando da exata mesma coisa: os ele-
mentos da mente humana, que são os mecanismos que
constituem a nossa mente.

Voltando para a personalidade, ela é, portanto, o con-


junto de diferenças individuais estáveis. Diferenças in-
dividuais estáveis no quê? Na atividade ou reatividade
dos mecanismos mentais. Sei que ainda parece árido
e complexo, então, vou te dar um exemplo.

Um dos mecanismos mentais que estudamos


muito é a recompensa, a motivação e o prazer.
Nós estudamos, inclusive, as bases neurais, a
neurofisiologia, ou seja, o sistema de recompen-
sa no cérebro. Contudo, motivação e prazer são
um elemento da sua mente, da sua vida psicoló-
gica, isso significa que a recompensa é um me-
canismo mental.

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Eis a questão: esse mecanismo mental é ativado de
maneira diferente nos extrovertidos quando compa-
rados com os introvertidos. Ele não só se ativa, como
reage diferentemente também. Ou seja, tanto a ativi-
dade quanto a reatividade desse mecanismo mental
chamado recompensa, são diferentes entre introver-
tidos e extrovertidos.

O mecanismo mental de recompensa no introvertido


é inibido quando ocorre muito estímulo — e um dos
estímulos mais poderosos é justamente a interação
com pessoas, especialmente pessoas estranhas. Já na
mente do extrovertido o efeito é oposto. O mecanismo
mental de recompensa, motivação e prazer, é ativado
quando ele é altamente estimulado, e isso significa que
interagir com estranhos é profundamente motivador
e prazeroso para ele.

Agora você já entende a definição de personalidade


por completo.

Personalidade é o conjunto de diferenças indivi-


duais estáveis. Até aí tudo bem, mas diferenças no
quê? Na atividade e na reatividade dos mecanis-
mos mentais, com o objetivo de agir e responder
a classes específicas de situação.

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Conforme dito anteriormente, o mecanismo mental de
recompensa, motivação e prazer, é diferente no extro-
vertido e no introvertido. Mas ele é diferente no quê?
Na maneira como o introvertido e o extrovertido agem
ou respondem a uma classe específica de situação.

O mecanismo mental chamado recompensa — moti-


vação e prazer — do introvertido e do extrovertido, se
ativa ou reage de maneiras diferentes para quê? Para
responder a uma classe particular de situações. Esse
é o ponto: existem muitas classes de situação por aí.

Os mecanismos mentais das pessoas se ativam e rea-


gem de maneira diferente para agir ou responder em
cada situação. Essas diferenças são estáveis, ou seja,
consistentes nas pessoas. E é por isso que essa é a
nossa definição de personalidade.

Personalidade é o conjunto de diferenças


individuais estáveis.

Diferenças no quê? Na atividade e na reatividade de


mecanismos mentais. Para quê? Com o objetivo de agir
e responder a classes específicas de situação. Agora,
vamos juntar todas essas informações?

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Personalidade é o conjunto de di-
ferenças individuais estáveis na
atividade e na reatividade de me-
canismos mentais, com o objetivo
de agir e responder a classes es-
pecíficas de situação.

Nós já vimos que a mente é o que o cérebro faz. Con-


sequentemente, se existe uma diferença nos mecanis-
mos mentais, isso significa que há também uma dife-
rença no cérebro dessas pessoas. E é justamente isso
que nós temos observado cada vez mais: o cérebro de
pessoas de personalidade diferente é igualmente di-
ferente.

Logo, a definição dada anteriormente, é complexa,


porém, muito completa: a sua mente age e reage
de maneira diferente a certas situações, quando
comparada à mente de uma pessoa de personalidade
diferente. Essas diferenças são estáveis, consistentes
e acontecem de maneira recorrente.

Agora que você entendeu o que é personalidade, eu


quero contar o que nós descobrimos nas últimas
décadas na ciência da personalidade.

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A CIÊNCIA DA PERSONALIDADE
NAS ÚLTIMAS DÉCADAS
Nós descobrimos, em primeiro lugar, que essas dife-
renças individuais estáveis podem se expressar na lin-
guagem, ou seja, se eu mostrar uma série de afirma-
ções e você ler essas afirmações e me dizer o quanto
isso parece com você, eu consigo mapear essas dife-
renças com precisão científica. Mas, veja que a pre-
cisão científica não é sinônimo de perfeição, e sim de
robustez e significância estatística.

Lembra da ferramenta “Mapeamento da Personalida-


de”? Ela é um instrumento científico. Quando você res-
ponde àquelas questões, eu consigo, com base nisso,
mapear essas diferenças individuais estáveis que fa-
zem com que você seja parecido com algumas pes-
soas, mas diferente de muitas outras. E consigo fazer
isso com significância estatística.

Entretanto, para preencher essa ferramenta, o que


você usou? A sua linguagem. Você leu, interpretou e
me disse o quanto cada afirmação tem a ver com você.
Isso significa que essas diferenças individuais está-
veis podem se expressar na linguagem, ou seja, com

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as perguntas certas, você consegue mapear a perso-
nalidade das pessoas.

Mas como é que esse mapeamento acontece, de fato?


Essa é a parte científica da coisa. Nós temos mais de
um século de pesquisa científica sobre personalidade
e podemos voltar até milênios atrás.

Hipócrates, por exemplo, o pai da me-


dicina ocidental, vivia na Grécia anti-
ga, há mais de dois mil anos. Ele dizia
que o ser humano tem quatro tem-
peramentos. Essa é uma das primei-
ras tentativas, na história da huma-
nidade, de entender a personalidade
— e ela é muito interessante, porque
a ciência hoje confirma certas carac-
terísticas dos temperamentos de Hi-
pócrates.

Ao longo dos anos, especialmente


do século XIX para cá, os cientistas
têm tentado categorizar essas dife-
renças individuais estáveis entre as
pessoas por meio dos mais diversos
métodos. Esse é um processo pro-
fundamente matemático.

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A identificação dos traços de personalidade é um pro-
cesso estatístico, matemático. É um processo bem
complicado, que envolve ciência muito séria, porque,
para identificar traços de personalidade, é preciso
agrupar as características estáveis das pessoas.

Um traço ou fator de personalidade


é um agrupamento matemático de
características que tendem a acontecer
em conjunto e que foi estatisticamente
validado pela ciência.

O processo de descoberta dos traços de


personalidade foi um processo matemá-
tico, estatístico, que encontrou padrões,
agrupamentos estatísticos de caracte-
rísticas estáveis que descrevem a mente
e o comportamento dos seres humanos.
Essa é uma definição bem técnica do que
é um traço de personalidade ou um fator
de personalidade.

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MODELOS DE PERSONALIDADE
Ao estudar tudo isso, você descobre que existem mo-
delos de personalidade, por exemplo, com três traços,
outros com sete e assim por diante. Resumidamente,
são vários modelos que agrupam as coisas de manei-
ra diferente.

Eis que, porém, nos últimos 40 ou 50 anos, os cien-


tistas começaram a descobrir um padrão matemático
muito interessante. Quando você analisa um modelo
de três traços, matematicamente esse modelo é me-
lhor explicado se tivesse cinco traços. Quando você
analisa um modelo de sete traços, matematicamente
esse modelo seria melhor explicado se tivesse cinco
traços. Quando você analisa um modelo de dezesseis
traços, matematicamente esse modelo seria melhor
explicado se tivesse cinco traços.

Enfim, de novo, e de novo, pesquisa atrás de pesquisa


têm mostrado que, ao dividir a personalidade em cin-
co traços, você encontra os modelos mais matemati-
camente robustos. E é por isso que o modelo científico
de personalidade mais prevalente, mais aceito e com
maior robustez e validação científica, é o modelo co-
nhecido como “Big Five” ou “cinco grandes fatores de
personalidade”.

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Estou dizendo isso para você não pensar que
os traços de personalidade são arbitrários ou
que eles são fruto de observações subjetivas
ou qualitativas dos cientistas. Definitivamente,
não é. É um modelo matematicamente, estatis-
ticamente robusto, que nos mostra que as ca-
racterísticas estáveis da mente e do compor-
tamento dos seres humanos se agrupam em
cinco grandes fatores.

Mas mesmo o modelo dos cinco grandes fato-


res pode ser dividido de maneiras ainda mais
específicas.

Vamos lembrar do início do Projeto Autoconhe-


cimento e Transformação. Nós vimos que te-
mos duas grandes dimensões da personalida-
de. Essas dimensões são chamadas de higher
dimensions, em inglês, ou seja, dimensões su-
periores da personalidade. Elas também são
conhecidas como traços de ordem superior ou
high-order traits.

Os dois traços de ordem superior são a estabi-


lidade e a plasticidade. Esses, por sua vez, se
dividem em traços ou domínios da personali-
dade. A estabilidade se divide em três traços
ou três domínios: neuroticismo, conscienciosi-
dade e amabilidade. Já a plasticidade, se divide
em dois traços ou dois domínios: a extroversão
e a abertura.

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Existem agrupamentos matemáticos mais específicos,
mais detalhados. Cada traço, cada domínio, pode ser
dividido em dois aspectos, por exemplo. E cada aspec-
to pode ser dividido em facetas.

A faceta é o nível mais específico, mais mi-


nucioso de análise da personalidade, ou seja,
a faceta é o agrupamento mais específico,
menos geral da personalidade.

Resumindo, cada traço tem dois aspectos que também


podem ser divididos em facetas. Cada traço divide-se
em seis facetas diferentes. Essas duas divisões são vá-
lidas, ou seja, elas são estatisticamente significativas.

Agora, vamos continuar falando sobre a ciência da per-


sonalidade, e eu quero relembrar um ponto muito im-
portante que eu falei tanto na Jornada do Autoconheci-
mento quanto no primeiro módulo do Projeto: o modelo
de traços de personalidade não é uma tipologia de ca-
tegorização. Isso significa que ninguém é extrovertido
ou introvertido. Isso não existe.

O traço de personalidade é um espectro, uma dimen-


são, um domínio. Ele não é uma categoria. Em termos
estatísticos, o traço de personalidade é uma variável
contínua, e não uma variável categórica. O problema
é que muita gente acha que personalidade é assim.
Eu sou introvertido ou extrovertido, e ponto final. Isso
está errado.
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O traço de personalidade chamado extroversão, por
exemplo, tem dois pólos opostos: de um lado, a extro-
versão — ou seja, um dos polos tem o mesmo nome do
traço, e do outro lado, a introversão. Entre um extremo
e outro, entre um pólo e outro, existe um espectro, um
continuum, mais ou menos como este gradiente:

Olhando para ele, você não pode dizer que você é azul
ou verde. E sim que é mais azul ou mais verde. Entre-
tanto, azul e verde, neste gradiente, não são catego-
rias, mas extremos de um espectro.

Isso significa que ninguém é extrovertido ou introver-


tido. Algumas pessoas são altamente extrovertidas,
enquanto outras são altamente introvertidas. Existem
também pessoas que são extrovertidas em um aspec-
to, mas introvertidas em outro aspecto, extrovertidas
em algumas facetas e introvertidas em outras. Essas
são o que nós chamamos de ambivertidas.

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Na maioria das publicações verdadeiramente científi-
cas, você não encontra dois pólos opostos para os tra-
ços de personalidade, mas apenas o traço e a medida
desse traço. Por exemplo, não se fala de introversão.
O nome do traço é extroversão.

Aquilo que nós chamamos de introvertido, na verdade,


é sinônimo, é a mesma coisa que dizer que alguém é
muito pouco extrovertido. Aquilo que nós chamamos
de combatividade é a mesma coisa que um baixo grau
de amabilidade. Isso ajudará você a entender o seu re-
sultado na Ferramenta de Mapeamento de Personali-
dade.

O fato é que a maioria dos cientistas não falam de dois


pólos. Essa ideia dos dois polos é um recurso didático,
ela é usada porque as pessoas entendem mais facil-
mente quando nós falamos de categorias opostas.

Porém, na realidade, um introvertido nada mais é do


que uma pessoa que apresenta baixa extroversão.
O traço é extroversão, e o que medimos é quão
extrovertido você é. Se você é pouco extrovertido, isso
significa que é introvertido. E a mesma coisa vale para
os outros traços.

Dá na mesma, tudo depende da maneira como você in-


terpreta as informações. Se o seu resultado é de baixo
neuroticismo, então, você é uma pessoa com elevada
estabilidade emocional. São só jeitos diferentes de fa-
lar a mesma coisa.

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ENTENDENDO
SEUS RESULTADOS
Agora, vamos falar sobre um ponto importante. É co-
mum as pessoas ficarem com dúvidas na ferramen-
ta de mapeamento de virtudes e defeitos de perso-
nalidade. Elas me perguntam: “Professor Pedro, meu
mapeamento deu que tenho defeitos de extroversão,
mas virtudes de introversão… como é que pode isso?”.
Esse é um ponto fundamental que precisa estar mui-
to claro. A distribuição dos traços de personalidade,
estatisticamente, é o que nós chamamos de distribui-
ção normal:

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A distribuição normal obedece a algumas regras
matemáticas. A linha do meio, na imagem abaixo,
é a média. Na área vermelha, nós temos 68,2% das
pessoas, bem perto da média. Isso significa que 34,1%
das pessoas estão para o lado esquerdo da média e
34,1% das pessoas estão para o lado direito da média.

68,2%

34,1% 34,1%

MÉDIA

Conforme você se afasta da média, o número de pes-


soas diminui. Na área azul do gráfico, 13,6% pessoas
estão nesse lado mais extremo, à esquerda da média,
enquanto 13,6% das pessoas estão proporcionalmen-
te no mesmo lugar, só que no lado direito da média.
Somando os dois, isso significa que 27,2% das pesso-
as estão na área azul.

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68,2%
27,2%

34,1% 34,1%

13,6% 13,6%

MÉDIA

Então, nós temos a área amarela, bem menor, lá no


extremo. Só 2,14% das pessoas estão na área amarela,
à esquerda da média, bem longe dela. E o mesmo
número de pessoas está no outro extremo, no mesmo
lugar, só que à direita da média, somando 4,28%.

68,2%
27,2%
4,28%

34,1% 34,1%

13,6% 13,6%
2,14% 2,14%

MÉDIA

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Na área menor, quase invisível e roxa, existem apenas
0,13% das pessoas do lado esquerdo. Na mesma área,
porém no extremo à direita, temos a mesma quanti-
dade. Resultando em um total de 0,26%.

68,2%
27,2%
4,28%
0,26%

34,1% 34,1%

0,13% 13,6% 13,6% 0,13%


2,14% 2,14%

MÉDIA

Somando tudo isso, você chega a 100%. Ou seja, a per-


sonalidade de todas as pessoas está distribuída aí, des-
sa maneira. É isso que significa o termo “distribuição
normal” em estatística aplicada à psicologia.

A personalidade é distribuída normalmente, ou seja,


para cada traço, a distribuição é essa. Sendo assim, a
grande maioria das pessoas está perto da média para
cada traço e que, quanto mais você vai para o extremo,
menos indivíduos existem com essa característica de
personalidade.

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Portanto, existe muito mais gente que é um pouco ex-
trovertida do que gente que é altamente extroverti-
da. Isso vale para todos os traços. Tudo isso é perfei-
tamente natural, porque a maioria das pessoas está
perto da média para cada traço. E a distribuição para
cada traço é uma distribuição normal, o que significa
que, quanto mais você vai para o extremo de um tra-
ço, seja ele qual for, mais raro vai ser encontrar gente
assim.

A mesma lógica vale para os outros traços. A maioria


das pessoas está perto da média e, portanto, costuma
ter características dos dois pólos do traço. Às vezes,
um pouco mais para um pólo do que para outro, às
vezes bem na média.

Personalidade não é uma categoria e sim uma va-


riável contínua. É um espectro, um domínio, que
pode também ser entendido em dois extremos
ou simplesmente medido de acordo com o traço.

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TIPOLOGIA MBTI
Eu já te expliquei que a maioria das pessoas está per-
to da média e, quanto mais você vai para os extremos,
mais raro é encontrar alguém assim. Isso já nos mostra
um dos maiores problemas de uma tipologia de perso-
nalidade que é conhecidíssima, o MBTI — Myers-Briggs
Type Indicator, traduzido para o português como Tipolo-
gia de Myers-Briggs.

A Myers e a Briggs são as duas mulheres que desenvol-


veram essa tipologia — mãe e filha, aliás. Elas se base-
aram na obra do Jung, o grande pensador da psicologia,
para criá-la. Um dos maiores problemas dessa tipologia
é justamente o fato dela ser categórica, ou seja, no MBTI
você é introvertido ou extrovertido e ponto final.

Isso é um problema estatístico enorme, visto que a maio-


ria das pessoas está perto da média, o que significa que
muita gente tem algumas características de introversão
e algumas de extroversão. É claro que você pode ter um
pouco mais de características de extroversão, mas isso
não significa que você é um extrovertido e ponto final.

Introversão nada mais é do que baixa extroversão. Conse-


quentemente, quando eu digo que a maioria das pessoas
é mais ou menos extrovertida, estou dizendo ao mesmo
tempo que a maioria das pessoas é mais ou menos in-
trovertida.
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Note que colocar essas pessoas — mais ou menos ex-
trovertidas, mais ou menos introvertidas — no mesmo
“balaio” é perigoso, já que elas não são introvertidas ou
extrovertidas e ponto final. Elas são uma mistura com-
plexa dessas coisas. Mas é justamente isso que o MBTI
faz, ele coloca as pessoas no mesmo “balaio”. Essa é uma
das maiores críticas que a ciência atual faz ao MBTI, e é
por isso que ele não é considerado um modelo cientifica-
mente sólido. Aliás, quando analisamos estatisticamen-
te os resultados do MBTI, mais uma vez nós percebemos
que ele é melhor explicado de acordo com o Big Five.

Entretanto, existe um outro problema do MBTI. Nele, não


existe um tipo de personalidade melhor ou pior, os tipos
são apenas diferentes. Veja só: o MBTI é muito usado em
empresas e pega mal você dizer, por exemplo, que uma
pessoa tem mais tendência à depressão ou a ser desor-
ganizada.

A verdade é que, quando o assunto é a sua vida individu-


al, o seu bem-estar, existem, sim, traços que são “me-
lhores” ou “piores”. Nós sabemos que quanto maior é
sua conscienciosidade, maior tende a ser o seu salário.
Pessoas com elevado neuroticismo possuem maior
risco de todo tipo de transtorno neuropsiquiátrico,
ou seja, sofrem mais com transtornos mentais, es-
tatisticamente e, por isso, elas são mais suscetí-
veis a vícios como alcoolismo, jogos e todo tipo
de dependência.

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Esses são apenas alguns exemplos. Conforme já dito,
falar isso em uma empresa não é legal, e é por isso
que o MBTI é tão famoso na área corporativa. Segundo
ele, todo tipo de personalidade é igualmente bacana,
ou seja, as personalidades são apenas diferentes.

De maneira geral, isso é verdade, inclusive no Big Five.


Todos os tipos de personalidade têm sua razão de exis-
tir e, portanto, são úteis de alguma forma na sobrevi-
vência da nossa espécie. Mas, quando o assunto é viver
uma boa vida, uma existência mais saudável, mais fe-
liz, mais próspera, mais produtiva, ora, evidentemente
algumas personalidades são mais vantajosas do que
outras.

Se você é uma pessoa que tem naturalmente um ele-


vado neuroticismo e uma baixa conscienciosidade, ou
seja, uma pessoa como eu, você precisa mudar seus
hábitos de personalidade, porque, se não mudá-los,
poderá prejudicar sua saúde, felicidade, carreira e tan-
tas outras coisas.

É simplesmente mais gostoso e mais fácil ter nascido


uma pessoa com baixo neuroticismo ou, se você prefe-
rir, com elevada estabilidade emocional. Mas isso não
significa que tudo é um mar de rosas. Como eu dis-
se, toda personalidade, sem exceção, possui virtudes
e defeitos. Essas virtudes e esses defeitos se tornam
maiores conforme você vai para os extremos.

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O meu ponto é que todo traço tem virtudes e defeitos.
Mas alguns traços são mais problemáticos, dependendo
da esfera da vida que você está analisando. Na carreira,
ter um baixo grau de conscienciosidade é simplesmente
pior do que ser muito consciencioso. Na saúde mental,
possuir um elevado neuroticismo é pior do que possuir
um baixo — que nós chamamos de estabilidade emocio-
nal.

Isso pode te levar a perguntar: “Pedro, se é pior para a


saúde mental possuir um elevado neuroticismo, por que
diabos isso existe? Por que a natureza permitiu essa ca-
racterística chegar até os dias de hoje, se ela é prejudicial
para a saúde mental da pessoa, fazendo-a às vezes ter
mais risco de morrer, visto que certos transtornos men-
tais nos adoecem e matam?”.

Essa é uma pergunta muito importante, porque nós sa-


bemos, hoje, que existem componentes genéticos fortís-
simos por trás da nossa personalidade. Existe um con-
ceito na ciência chamado de variabilidade individual.

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VARIABILIDADE
INDIVIDUAL
Dito de maneira bem simplificada, existem diferenças
entre a minha personalidade e a sua, e entre a sua per-
sonalidade e a do seu amigo, e entre a do seu amigo e
de outras pessoas. Ou seja, existe uma variabilidade
individual no quesito personalidade.

Os estudos científicos indicam que pelo menos 50%


dessa variabilidade é explicada pela genética. Isso quer
dizer que pelo menos 50% das diferenças entre a mi-
nha personalidade e a sua são explicadas pelos nos-
sos genes, pela nossa genética. Mas, eu quero ressal-
tar duas coisas. Primeiro, eu disse “pelo menos”, ou
seja, pode ser mais do que isso. Entretanto, os estudos
mostram que pelo menos 50% é genético.

Em segundo lugar, isso pode fazer você pensar que a


personalidade, por ter esse forte componente gené-
tico, é uma sentença. As pessoas costumam ter essa
mentalidade, que, se você tem componente genético
para algo, é porque está condenado àquilo, seja isso
bom ou ruim. Isso é fruto da desinformação.

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Não é assim que genética funciona. Alguns dos maio-
res avanços da genética nos últimos trinta anos foram
justamente na direção contrária desse senso comum:
genética não é uma sentença. Para os genes do seu ge-
noma, para sua genética produzir algo para sua vida,
esses genes precisam se expressar. Esse é o termo
científico: expressão gênica.

Existe uma alegoria que os professores gostam


de usar:

Seus genes são como lâmpadas. Quando


o gene é expresso, a lâmpada acende.

As pessoas acham que, quando algo é genético, a lâm-


pada está sempre acesa. Ou seja, se eu tenho um com-
ponente genético que aumenta o risco de Alzheimer, eu
terei Alzheimer e ponto final, nada pode mudar. Essa
é uma concepção simplesmente incorreta de como os
genes se expressam.

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Existe um subcampo da genética chamado epigené-
tica. Nos últimos anos, vários avanços na epigenética
nos permitiram entender melhor os papéis dos genes.
Atualmente, nós sabemos que a expressão ou a não
expressão de um gene depende — e muito — do am-
biente e das escolhas de vida da pessoa.

O seu estilo de vida, suas escolhas, o ambiente onde


você vive, tudo isso influencia a expressão dos seus
genes. E se a personalidade tem forte componente ge-
nético, isso significa que é possível modificar, dentro
de certos limites, características dela.

Meu ponto, aqui, é que a personalidade tem um for-


te aspecto biogênico, ou seja, de origem biológica, e a
base disso é, de fato, genética.

A pergunta que você pode me fazer agora é: “se os ge-


nes que levam a pessoa a ser mais neurótica do que
estável fazem a pessoa viver uma vida pior, uma vida
mais difícil, até com maior risco de doenças, por que
esses genes chegaram até os dias de hoje? O que fez
com que essa característica chegasse até os nossos
dias?”

Nossos ancestrais viviam em grupos, em tribos peque-


nas, no máximo de vinte a trinta pessoas. É importante
ter alguém estável emocionalmente em um grupo, em
uma tribo de setenta mil anos atrás? É claro que é!

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Mas é igualmente importante ter alguém menos es-
tável, mais sensível às ameaças, que esteja sempre
alerta, detectando aquilo que é negativo.

Se o grupo fosse composto só de pessoas altamen-


te estáveis emocionalmente, muitas ameaças pas-
sariam despercebidas, porque se tem uma coisa que
pessoas altamente neuróticas fazem é justamente
isso: detectar ameaças e se proteger delas. Então veja
que, para a tribo, para o grupo, a variedade de perso-
nalidades é uma grande vantagem.

A natureza, sábia que é, preservou pessoas de perso-


nalidade diferente, porque cada tipo de personalidade
foi, sim, importante para a sobrevivência da nossa es-
pécie.

Quando o assunto é a vida individual, “quão fácil é exis-


tir”, “quão tranquila é a vida”, existem, definitivamen-
te, certas personalidades que tornam isso mais difícil.
Mas, quando o assunto é aquilo que manteve nossa
espécie viva neste planeta, você entende que as dife-
rentes personalidades são igualmente importantes.

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Pode ser que, para você, para sua vida pessoal, seu
neuroticismo não seja nada agradável. Eu sei bem dis-
so, na pele, que o neuroticismo elevado é muito ruim,
não é gostoso viver com ele. Mas, para a nossa espé-
cie, para a coesão e a sobrevivência dos grupos em
que viviam nossos ancestrais, nosso neuroticismo foi
tão importante quanto a estabilidade emocional. E isso
não se limita somente à Antiguidade.

Hoje, o meu neuroticismo é menor do que era no pas-


sado, graças ao conhecimento que vou compartilhar
com você. Porém, veja que hoje eu sei, também, encon-
trar no neuroticismo as forças que ele pode me trazer.
E isso vale para todas as personalidades estudadas
pela ciência.

Um outro detalhe importante sobre a personalidade,


como nós já vimos: os traços de personalidade divi-
dem-se em aspectos e facetas. É perfeitamente pos-
sível que você seja muito extrovertido em um aspecto
e pouco extrovertido em outro.

Esse é um exemplo do que nós chamamos de pes-


soa ambivertida — uma pessoa com características
mistas. Por isso, é importante nós mergulharmos em
cada traço, entendendo seus aspectos e facetas a fun-
do, porque é assim que compreendemos a personali-
dade em toda a sua riqueza.

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Outra coisa importante de dizer é que sua personali-
dade não vai ditar as regras da sua vida, tal como uma
cartilha. O mundo de hoje é muito extremista, as pes-
soas gostam de colocar tudo em caixinhas, tudo é X ou
Y. Mas esse é um jeito errado de entender a personali-
dade. Porque, ao falar de personalidade, nós estamos
falando de probabilidades, riscos, chances.

Se você é uma pessoa mais extrovertida, por exem-


plo, terá mais probabilidade, maior risco, estatistica-
mente falando, de gostar de festas cheias de pesso-
as desconhecidas. E quanto mais extrovertido você
é, maior é essa probabilidade.

Entretanto, se encontrar alguém em uma festa cheia


de gente estranha, é simplesmente errado dizer que
essa pessoa é extrovertida. Todo introvertido tem mo-
mentos que fazem parecer que ele é extrovertido. E
todo extrovertido tem momentos que o fazem pare-
cer introvertido. Personalidade é algo que se obser-
va ao longo do tempo.

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O importante é você saber que personalidade é a ten-
dência geral de funcionamento do cérebro, da mente
e do comportamento da pessoa, e nunca aquilo que é
exceção, que acontece de vez em quando. O que quer
dizer que a personalidade dá suas caras nos hábitos,
nos pequenos comportamentos do dia a dia, que se
acumulam para tornar quem você é — esse é um pon-
to muito, muito importante.

É justamente aí que a personalidade é mais presen-


te: naquilo que acontece um pouquinho todos os dias,
nas tendências gerais da nossa vida. E não tanto nos
eventos pontuais e intensos que acontecem de vez em
quando.

PERSONALIDADE
está muito mais nas
nuances da vida
do que nas coisas grandiosas,
e essa é uma lição fundamental.

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Antes de nós terminarmos, eu quero reforçar,
mais uma vez, algo sobre a personalidade. Eu sei
que eu já falei isso muitas vezes, mas é porque,
de acordo com a minha experiência, muita gente
tem dificuldade de entender.

Você sabe que existem cinco traços (Big Five —


CONSIDERAÇÕES FINAIS

os cinco grandes fatores): neuroticismo, extro-


versão, amabilidade, conscienciosidade e aber-
tura. Cada traço é uma dimensão, um espectro,
uma variável contínua. E para cada traço existem
dois pólos.

No caso do traço chamado extroversão, por exem-


plo, de um lado nós temos a extroversão e, do
outro, a introversão. Ou seja, o nome do traço é,
em alguns casos, o nome de um dos pólos tam-
bém.

Agora, eu quero repetir algo que você vai encon-


trar em muitos livros por aí. Existem especialis-
tas em personalidade que preferem usar só o
nome do traço, ou seja, que não consideram dois
pólos. Não existe certo e errado nesse sentido, é
uma opção didática e metodológica.

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Estou explicando isso porque, ao ler sobre persona-
lidade por aí, você encontra os dois jeitos. Os cientis-
tas, os artigos científicos, tendem a preferir usar só
o nome do traço, sem falar dos polos. Ou seja, extro-
versão é extroversão.Você pode ter baixa, modera-
da ou elevada, ou extremamente elevada. Você varia
na extroversão, não existe a introversão. É bem raro
encontrar o termo “introvertido” em artigos científi-
cos. Em vez de introvertido, os pesquisadores falam
“baixa extroversão”. Isso vale para todos os traços.

No Projeto Autoconhecimento e Transformação, optei


por usar os polos, mas saiba que é uma opção didá-
tica, eu escolhi dessa maneira porque acho que faci-
lita o entendimento dos conceitos.

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