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Este projeto foi implementado pelo Laboratório de Análise Política Mundial (Labmundo)

com a participação da seguinte equipe:

Assistente-bolsista de pesquisa:
Tássia Camila de Oliveira Carvalho

Cartógrafo:
Allan Medeiros Pessôa

Cartógrafa:
Isabela Ribeiro Nascimento Silva
Secretário Executivo
Assistentes bolsistas de iniciação científica:
Pablo Gentili
Niury Novacek Gonçalves de Faria
Rafael Fidalgo Carneiro
Diretora Acadêmica
Fernanda Saforcada

Também contou com o apoio financeiro das seguintes instituições:

FAPERJ - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales – Conselho Latino-americano de Ciências Sociais
EEUU 1168| C1101 AAX Ciudad de Buenos Aires | Argentina
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Tel [54 11] 4304 9145/9505 | Fax [54 11] 4305 0875| e-mail clacso@clacso.edu.ar | web www.clacso.org

FINEP - Financiadora de Estudos de Projetos

CLACSO conta com o apoio da Agência Sueca de Desenvolvimento Internacional (ASDI)

Atlas da política externa brasileira / Carlos R. S. Milani ... [et. al.] - 1a ed. - Ciudad Autónoma de Buenos
Aires : CLACSO ; Río de Janeiro : : CLACSO ; Rio de Janeiro : EDUerj, 2014.

E-Book.
Este livro está disponível em texto completo na Rede de Bibliotecas Virtuais do CLACSO.
ISBN 978-987-722-040-7

1. Política Exterior. 2. Brasil. I. Milani, Carlos R. S.


CDD 327.1

II AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A III
A cartograia do representações diplomáticas em anos
recentes, a sociedade brasileira tam-
bém se internacionalizou, seja pela

Brasil no mundo expansão dos investimentos no ex-


terior; da presença internacional das
organizações e movimentos sociais
e dos atores religiosos (com o Bra-
sil igurando como o segundo maior
Prefácio por Maria Regina Soares de Lima emissor de missionários no mundo);
do número crescente de brasileiros
vivendo no exterior; da nova diplo-
macia subnacional, e das mais diver-
sas políticas públicas exportadas para
Por suas dimensões continentais o atravessam os séculos e situam os os países do Sul, em particular Amé-
Brasil tende a ser um país mais vol- eventos brasileiros em perspecti- rica Latina e África. No contexto de
tado para dentro. Em vista da grande va temporal e espacial. Ao mesmo consolidação da democracia brasilei-
extensão territorial, o país apresen- tempo, processos muitas vezes trata- ra, o desaio para a política externa
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ta uma relevante diversidade entre dos na atualidade como constantes é ampliar o diálogo com a sociedade
suas regiões, o que torna o estudo são colocados em perspectiva histó- civil, desenvolver uma robusta diplo-
das diferenças regionais em varia- ria. É o caso, por exemplo, das rela- macia pública, coordenar a nego-
das dimensões um atrativo objeto de ções comerciais com os EUA que ciação internacional das inúmeras
Reitor estudo de um país que é um mun- desde o início da década de 50 têm políticas públicas que hoje frequen-
do em si mesmo. O Atlas da Política diminuído sistematicamente, acom- tam as agendas da cooperação inter-
Ricardo Vieralves de Castro Externa Brasileira retira o Brasil de si panhando a diversiicação do comér- nacional brasileira. Na democracia e
e o projeta no mundo em um duplo cio exterior brasileiro. A implicação é no contexto da crescente demanda
sentido. Em primeiro lugar, pela es- que a velha oposição entre dois mo- da sociedade civil por consulta e par-
colha da cartograia temática como a delos de política externa, alinhamen- ticipação, a política externa sai do in-
linguagem para representar graica- to versus diversiicação, deixou de sulamento e passa a fazer parte do rol
Vice-reitor mente as dimensões quantitativas e fazer sentido. das políticas públicas.
qualitativas de uma miríade impres-
Paulo Roberto Volpato Dias sionante de dados, tendo como pa- O Brasil é uma potência emergen- O retrato do Brasil no mundo que
râmetro representações imagéticas te? Com riqueza e variedade de emerge desta publicação é a de um
dos mesmos indicadores em diver- imagens desilam nossos ativos ma- país diverso e complexo, uma demo-
sos outros territórios nacionais. Pela teriais e ideativos. São diversos estes cracia de massa, com uma política
centralidade conferida ao espaço ter- recursos, mas cada um deles repre- externa diversiicada e com todas as
ritorial, a cartograia temática prati- senta um desaio particular não ape- credenciais para ser um modelo para
camente obriga ao uso da perspectiva nas para a cooperação internacional, os países do Sul nas águas caudalosas
comparada. Ademais, a escolha de mas para a sociedade, a política e a de uma economia globalizada e de-
uma projeção cartográica especí- economia do país. Não se trata ape- sigual; um ordenamento geopolítico
ica, colocando o país no centro do nas de somar nossas capacidades na- estratiicado mas como alguns espa-
globo, nos recorda que todas as pro- cionais e compará-las com outros ços multilaterais; e, particularmente,
jeções cartográicas são arbitrárias emergentes. Temos alguns ativos uma enorme heterogeneidade cul-
e reletem as preferências subjetivas que, explorados adequadamente, po- tural e de valores cujo manejo exige
de cada pesquisador. Em perspecti- dem nos colocar na linha de frente atores internacionais que façam da
EDITORA DA UNIVERSIDADE DO va com outras realidades nacionais, o das discussões globais sobre questões tolerância, equidade e respeito à di-
Atlas situa o Brasil no centro do pla- como alimentos, água, megadiversi- versidade e à pluralidade o núcleo
ESTADO DO RIO DE JANEIRO neta, mas relativiza nossas alegadas dade, mas também riscos inerentes duro de sua inserção internacional.
especiicidades nacionais, equívoco à exploração predatória dos recursos
de se tomar o caso brasileiro como aqui e em outros países, bem como Parabéns à equipe do Labmundo do
único. o desaio de consolidar uma agenda IESP-UERJ, coordenada por meu
Conselho Editorial doméstica e de cooperação interna- colega Carlos Milani, composta
Antonio Augusto Passos Videira O seu pioneirismo, além da narrati- cional comprometida com a dimi- por Enara Echart, Rubens Duarte e
va plástica da linguagem dos mapas, nuição das desigualdades, garantia Magno Klein, por nos brindar com
Erick Felinto de Oliveira também está reletido naquilo que dos direitos humanos e participação este esplêndido Atlas tão necessário
Flora Süssekind seus idealizadores decidiram mos- democrática. nos turbulentos dias de hoje.
trar e comparar. Não se trata de um
Italo Moriconi (presidente) Atlas convencional de política exter- A pluralidade, diversidade e he-
Ivo Barbieri na. Os seus cinco capítulos temáti- terogeneidade dos atores e agen-
cos dão conta de eventos, processos, das que participam direta ou Maria Regina Soares de Lima é Pes-
Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves dimensões quantitativas e qualita- indiretamente das questões externas quisadora Sênior do Instituto de
tivas que muitas vezes, como no ca- constitui talvez o retrato mais im- Estudos Sociais e Políticos da Uni-
pítulo sobre a formação nacional, pressionante da nova cara do Brasil versidade do Estado do Rio de Janei-
podem abarcar uma centena de anos, no mundo. Acompanhando a uni- ro (IESP-UERJ) e Coordenadora do
mas cuja concisão é obtida pelo uso versalização da política externa, cuja Observatório Político Sul-America-
imaginativo de linhas de tempo que evidência é o aumento expressivo das no (OPSA)

IV AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A V
Trajetória de uma anuncia (pelo menos no modo como a
política externa tende a ser compreen-
dida no contexto francês).
apesar das evidentes transformações
globais. Um dos grandes méritos des-
te Atlas da Política Externa Brasileira é
a ser abordado nas duas páginas de
cada item dos capítulos e na articula-
ção dos resultados gráicos com os tex-
Apenas uma parte dos dados coleta-
dos foi tratada e novas bases de dados
permanecem inexploradas para novas

parceria O segundo exercício de mudanças


nas escalas diz respeito às tempora-
lidades. Não se trata de uma concep-
ter logrado se demarcar tanto da car-
tograia clássica, quanto da cartograia
espetacular.
tos pode, em alguns casos, conduzir ao
abandono de algumas pistas ou à pro-
dução de documentos aparentemen-
te simples, mas que de fato resultam
pesquisas. Portanto, esta importante
etapa conquistada pela equipe do La-
bmundo é também um começo. Já
pudemos observar o uso e a apropria-
Apresentação por Marie-Françoise Durand ção clássica da história (originária, Na prática, o trabalho, por vezes lon- de muitas tentativas, modiicações e ção dos métodos gráicos e cartográi-
descritiva e teleológica), mas de pes- go, consiste em operacionalizar uma substituições. cos pelos diferentes pesquisadores do
quisas que mobilizam elementos his- cadeia de etapas desde a relexão sobre Labmundo, a exemplo das diferentes
e Benoît Martin tóricos dos poderes, dos territórios, as noções a serem explicadas, a pesqui- Apesar dessa diiculdade, este Atlas apresentações durante o IX Encontro
das trocas e das sociedades que per- sa em torno das informações conside- apresenta grande variedade de repre- da ABCP (Brasília, 4-7 de agosto de
mitem compreender o tempo presen- radas pertinentes, o tratamentos dos sentações gráicas, inclusive algumas 2014). Enriquecidas graças à presen-
É um grande poder prazer ver o resul- denso e luido que alia intercâmbios te. Esta “rehistoricização” possibilita dados, para ao inal poder represen- que são originais (como as coleções de ça de vários documentos gráicos ori-
tado, tão rápido e obtido com tama- cientíicos, formação e implementa- evitar as armadilhas muito em voga da tá-los. Não comentamos no detalhe curvas logarítmicas e as matrizes or- ginais, essas demonstrações acabam
nho proissionalismo, deste ambicioso ção, reunindo parceiros de distintas valorização excessiva das causas econô- cada uma dessas etapas, mas constata- denadas). Esses tipos de representa- por reforçar-se no plano cientíico e
projeto de Atlas da Política Externa disciplinas (ciência política e relações micas nas temporalidades muito cur- mos que os autores deste Atlas foram ção gráica, apesar de muito eicazes, em termos de comunicação. O Lab-
Brasileira, iniciado a partir de uma co- internacionais, geograia, história, so- tas ou as explicações culturalistas dos ágeis e criativos na identiicação, com- ainda são pouco exploradas pois os mundo torna-se, assim, um polo im-
operação frutífera e estimulante entre ciologia) e tradições proissionais (pes- fenômenos sociais, frequentemente paração, crítica e seleção das fontes softwares atuais não as propõem auto- portante em matéria de uso e difusão
o Ateliê de Cartograia de Sciences Po quisadores, professores, doutorandos, alternadas ou empregadas concomi- adequadas para os argumentos desen- maticamente. Deve-se recorrer inclu- do tratamento gráico como “boa prá-
e o Labmundo-Rio, grupo de pesquisa cartógrafos) de dois países, Brasil e tantemente. Ao método das articula- volvidos. Isso conirma que uma base sive a vários deles para produzir essas tica” da pesquisa, do ensino e da vulga-
do IESP-UERJ. França. Assim, a equipe do Labmun- ções das escalas temporais e espaciais, sólida de formação em pesquisa em ci- representações, em alguns casos traba- rização cientíica no campo da Ciência
do-Rio contou com uma diversida- que une os parceiros deste proje- ências sociais resulta em bons relexos lhar manualmente. Ao mesmo tempo, Política e das Relações Internacionais.
de de peris individuais e, ao mesmo to, vem somar-se a novidade de asso- para encontrar as fontes e os dados re- os autores deste Atlas inspiraram-se,
tempo, logrou produzir uma obra de ciar uma rigorosa démarche cientíica levantes, tornando secundários os “de- como no caso dos diagramas de lu-
História de uma cooperação considerável coerência, apesar dos de- a uma ambição didática que visa a di- talhes” estéticos. xos, de algumas inovações interessan-
saios organizacionais que um projeto fundir o que foi acumulado em anos tes que emanam da atual explosão dos Marie-Françoise Durand é geógrafa e
Este projeto de cooperação foi desen- dessa natureza envolvia. de pesquisa e, assim, alimentar o deba- O “exercício gráico” (la graphique), dataminings e dataviz. coordenadora do Ateliê de Cartograia
volvido e aprofundado ao longo de te público. A representação cartográ- pensada e desenvolvida por Jacques de Sciences Po.
vários anos, incluindo desde intercâm- ica é a ferramenta privilegiada nessa Bertin, apresentava dois componen- Portanto, o Atlas da Política Externa
bios acadêmicos clássicos, de profes- estratégia. tes essenciais: a exploração dos dados Brasileira é o resultado inovador des- Benoît Martin é geógrafo, cartógrafo
sores e pesquisadores, ao trabalho em Abordagem cientíica e, a seguir, a comunicação luida des- sa série de operações, as quais, ade- do Ateliê de Cartograia de Sciences
rede. O Ano da França no Brasil, em ses dados. Isso signiica que o tem- mais de sua publicação, permitem Po e doutorando no Centre d’Études
2009, foi uma etapa importante nes- Este trabalho retoma, aprofunda e po que se pode passar no tratamento difundir formas de pensar e de sa- et de Recherches Internationales de
se processo, uma vez que propiciou aplica a um novo objeto (a política ex- Pensar substância e forma dos dados em função do problema voir-faire muito úteis para a pesquisa. Sciences Po.
apoios institucionais e inanceiros a terna brasileira) conceitos, noções e
várias publicações (principalmente a métodos já compartilhados pelas equi- Este Atlas é o testemunho de uma
tradução do “Atlas da Mundialização” pes dos dois lados do Atlântico em tor- apropriação impressionante, rápida e
e a organização do livro “Relações in- no dos processos contemporâneos da profunda, da linguagem gráica e car-
ternacionais: perspectivas francesas”, mundialização. Entre eles salientamos tográica pela equipe do Labmundo.
por Carlos Milani), que tiveram am- a postura metodológica indispensá- O resultado visibiliza imagens que fa-
pla difusão no Brasil. No contexto des- vel para a compreensão das dinâmi- cilitam a compreensão, o pensamento,
sa manifestação cultural e cientíica cas internacionais e “intersocietais”, o debate e a ação. Não se trata, portan-
que representou o Ano de 2009, nossa qual seja: considerar sistematicamen- to, de uma cartograia clássica em ter-
exposição “Os espaços tempos do Bra- te as mudanças de escala no espaço e mos editoriais, ou seja, estreitamente
sil”, composta de 27 painéis, consti- no tempo. Uma primeira mudança de ilustrativa de um argumento. Nem
tuiu o primeiro trabalho realizado em escala consiste em identiicar e anali- tampouco de uma cartograia muito
parceria em torno de mapas, gráicos, sar as dimensões concomitantemente contemporânea e por vezes “espeta-
fotos e comentários curtos. Em sínte- territoriais e reticulares do espaço das cular”, como podem facilitar os sof-
se, os painéis apresentaram “imagens sociedades nas escalas local, nacional, twares atualmente disponíveis – mas
cientíicas” que mereciam a visita. regional e mundial (e também no sen- cuja função e resultados podem não
tido inverso). Nesse sentido o Atlas da se distanciar muito da primeira cate-
A publicação do Atlas da Política Ex- Política Externa Brasileira é, ao mes- goria de cartograia. Não se trata de
terna Brasileira, inicialmente em dois mo tempo, uma obra sobre a inserção uma cartograia geopolítica excessi-
idiomas (português e espanhol), em do Brasil no mundo, sua política ex- vamente fundamentada nos conli-
versão impressa e disponibilizado gra- terna no sentido abrangente e as di- tos, em abordagens culturalistas e nas
tuitamente na Internet graças à parce- mensões transnacionais dos atores não relações interestatais (como tende a
ria entre a Editoria da Universidade estatais. Na qualidade de generalistas ocorrer particularmente no contexto
do Estado do Rio de Janeiro (EDUerj) das relações internacionais e do trata- francês), que não integre suiciente-
e o Conselho Latino-Americano de mento gráico da informação, especia- mente a diversidade dos atores. Essas
Ciências Sociais (CLACSO), marca lizados no estudo sobre os processos duas maneiras de enxergar e tornar vi-

Enara Echart Muñoz


nova mudança de escala e de nature- de mundialização e suas recomposi- sível o mundo, que reduzem o campo
za na compreensão das dinâmicas de ções espaciais, apreciamos o fato de das relações internacionais exclusiva-
inserção internacional do Brasil. Tra- que as questões tratadas neste Atlas mente às relações entre os Estados, são
ta-se, com efeito, de um trabalho vão muito além do que o seu título ainda amplamente difundidas, e isso

VI AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A VII
Lista de siglas Agropecuária
END – Estratégia Nacional de Defesa
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
Mundial
LC – Livre Comércio
LNA – Licenciamento Não Automático

e acrônimos EUA – Estados Unidos da América


FAO – Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (em inglês: Food and
Agriculture Organization)
LRF –Lei de Responsabilidade Fiscal
MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens
MAC – Mecanismo de Adaptação Competitiva
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e
FAPERJ – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado Abastecimento
do Rio de Janeiro MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
FGV – Fundação Getúlio Vargas Comércio
FHC – Fernando Henrique Cardoso MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Com-
FIESP – Federação das Indústrias de São Paulo bate à Fome
FIFA – Federação Internacional de Futebol MEC – Ministério da Educação
ABC – Agência Brasileira de Cooperação e Caribe FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos MERCOSUL – Mercado Comum do Sul
ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para CIA – Agência Central de Inteligência dos Estados FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz MINURSO – Missão das Nações Unidas para o
Refugiados Unidos (em inglês: Central Intelligence Agency) FIVB – Federação Internacional de Voleibol Referendo no Saara Ocidental
AIE – Agência Internacional da Energia CICA – Conselho Indígena Centro-Americano FMI – Fundo Monetário Internacional MINUSTAH – Missão das Nações Unidas para a
AIEA – Agência Internacional da Energia Atômica CID – Cooperação Internacional para o FOCAL – Fórum de Cooperação China-América estabilização no Haiti
AIDS – Síndrome da Imunodeiciência Adquirida (em Desenvolvimento Latina MMA – Ministério do Meio Ambiente
inglês: Acquired Immune Deiciency Syndrome) CIJ – Corte Internacional de Justiça FOCALAL – Fórum de Cooperação América Latina- MRE – Ministério das Relações Exteriores
ALADI – Associação Latino-Americana de Integração CLACSO – Conselho Latino-Americano de Ciências Ásia do Leste NAFTA – Tratado Norte-Americano de Livre Comércio
ALALC – Associação Latino-Alericana de Livre Sociais FOCEM – Fundo para a Convergência Estrutural do (em inglês: North American Free Trade Agreement)
Comércio CNI – Confederação Nacional da Indústria Mercosul NOEI – Nova Ordem Econômica Internacional
ALBA – Aliança Bolivariana para as Américas CNM – Confederação Nacional dos Municípios FUNAG – Fundação Alexandre de Gusmão NSA – Agência de Segurança dos Estados Unidos (em
ALCA – Área de Livre Comércio das Américas CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento GATT – Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (em in- inglês: National Security Agency)
ALCSA – Área de Livre Comércio Sul-Americana Cientíico e Tecnológico glês: General Agreement on Tarifs and Trade) NSP – Grupo de Fornecedores Nucleares (em inglês:
ANA – Agência Nacional de Águas CNT – Confederação Nacional do Transporte GEF – Fundo Global para o Meio Ambiente (em inglês: Nuclear Suppliers Group)
ANCINE – Agência Nacional do Cinema COB – Comitê Olímpico Brasileiro Global Environment Fund) NYC – Cidade de Nova York (em inglês: New York
ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres COBRADI – Cooperação Brasileira para o GR-RI – Grupo de Relexão sobre Relações City)
AOD – Assistência Oicial para o Desenvolvimento Desenvolvimento Internacional Internacionais OACI – Organização da Aviação Civil Internacional
ASA – Cúpula América do Sul-África COI – Comitê Olímpico Internacional IBAS – Grupo composto por Índia, Brasil e África do OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvi-
ASPA – Cúpula América do Sul-Países Árabes COMIGRAR – Conferência Nacional sobre Migrações Sul (também chamado de Fórum IBAS) mento Econômico
BAD – Banco Africano do Desenvolvimento e Refúgio IBGE – Instituto Brasileiro de Geograia e Estatística OCMAL – Observatório de Conlitos Minerais da
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento COMINA – Conselho Missionário Nacional IBP – Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e América Latina
BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento Eco- CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento Biocombustíveis ODM – Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
nômico e Social CONARE – Comitê Nacional para os Refugiados ICCA – Associação Internacional de Congressos e OEA – Organização dos Estados Americanos
BRIC – Grupo composto por Brasil, Rússia, Índia e COSIPLAN – Conselho Sul-Americano de Infraestru- Convenções (em inglês: International Congress and OECS – Organização dos Estados do Caribe Orien-
China tura e Planejamento Convention Association) tal (em inglês: Organisation of Eastern Caribbean
BRICS – Grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, COP – Conferência das Partes (em inglês: Conference IDH – Índice de Desenvolvimento Humano States)
China e África do Sul of the Parties) da Convenção-Quadro das Nações IED – Investimento Estrangeiro Direto OIM – Organização Internacional para as Migrações
C40 – Grupo de Grandes Cidades para a Liderança Unidas sobre Mudança do Clima IEP de Paris – Instituto de Estudos Políticos de Paris OIT – Organização Internacional do Trabalho
Climática CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (em francês: Institut d’Etudes Politiques de Paris - OLCA – Observatório Latino-Americano de Conlitos
CAD – Comitê de Assistência ao Desenvolvimento da CPS/FGV – Centro de Políticas Sociais / Fundação Sciences Po) Ambientais (em espanhol: Observatorio Latinoame-
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Getúlio Vargas IESP-UERJ – Instituto de Estudos Sociais e Políticos da ricano de Conlictos Ambientales)
Econômico CS/ONU – Conselho de Segurança das Nações Unidas Universidade do Estado do Rio de Janeiro OMAL – Observatório de Multinacionais na América
CAF – Cooperação Andina de Fomento CSN – Comunidade Sul-americana de Nações IFAD – Fundo Internacional para o Desenvolvimento Latina
CAFTA – Tratado Centro-Americano de Livre CSS – Cooperação Sul-Sul Agrícola (em inglês: International Fund for OMC – Organização Mundial do Comércio
Comércio (em inglês: Central America Free Trade DES – Direitos Especiais de Saque Agricultural Development) OMT – Organização Mundial do Turismo
Agreement) DFID – Departamento para o Desenvolvimento IIRSA – Iniciativa para a Integração da Infraestrutura ONG – Organização Não Governamental
CAN – Comunidade Andina Internacional do Reino Unido Regional Sul-Americana ONU – Organização das Nações Unidas
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal DH – Direitos Humanos INESC – Instituto de Engenharia de Sistemas e OPEP – Organização dos Países Exportadores de
de Nível Superior DJAI – Declaração Jurada Antecipada de Importação Computadores Petróleo
CARICOM – Comunidade do Caribe DJAS – Declaração Jurada Antecipada de Serviços INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais OSAL – Observatório Social de América Latina do
CASA – Comunidade Sul-Americana de Nações DNPM – Departamento Nacional de Produção INFRAERO – Empresa Brasileira de Infraestrutura Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais
CBERS – Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres Mineral Aeroportuária OSCE – Organização para a Segurança e Cooperação
CBF – Confederação Brasileira de Futebol EAU – Emirados Árabes Unidos IOF – Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e na Europa
CDIAC – Centro de Análise de Informações sobre o ECOMOG – Grupo de Monitoramento de Cessar- Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte
Dióxido de Carbono Fogo da Comunidade Econômica dos Estados da IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada OTCA – Organização do Tratado de Cooperação
CDS – Conselho de Defesa Sul-Americano África Ocidental ISARM – Programa de Gestão de Recursos e Aquíferos Amazônica
CEED – Centro de Estudos Estratégicos de Defesa ECOSOC – Conselho Econômico e Social das Nações Internacionais/Transfronteiriços da UNESCO PAA – Programa de Aquisição de Alimentos
CELAC – Comunidade dos Estados Latino-America- Unidas IURD – Igreja Universal do Reino de Deus PALOP – Países Africanos de Língua Oicial Portuguesa
nos e Caribenhos EDUERJ – Editora da Universidade do Estado do Rio JICA – Agência de Cooperação Internacional do PARLASUL – Parlamento do Mercosul
CELADE – Centro Latino-Americano e Caribenho de de Janeiro Japão (em inglês: Japan International Cooperation PARLATINO – Parlamento Latino-Americano
Demograia EMBRAER – Empresa Brasileira Aeronáutica S/A Agency) PCN – Programa Calha Norte
CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa LABMUNDO – Laboratório de Análise Política PDN – Política de Defesa Nacional

VIII AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A IX
PDVSA – Petróleo Venezuela S/A
PEA – População Economicamente Ativa
PEB – Política Externa Brasileira
UNIAM – Universidade da Integração da Amazônia
UNICA – União da Indústria de Cana-de-Açúcar
UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas
Índice
PEC-G – Programa de Estudantes-Convênio de UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância
Graduação (em inglês: United Nations Children’s Fund)
PEC-PG – Programa de Estudantes-Convênio de UNIDIR – Instituto das Nações Unidas para pesquisa
Pós-Graduação sobre o Desarmamento (em inglês: United Nations
PIB – Produto Interno Bruto Institute for Disarmament Research)
PMA – Programa Mundial de Alimentos UNIFIL – Força Interina das Nações Unidas no Líbano
PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios UNILA – Universidade Federal da Integração
do Instituto Brasileiro de Estatística Latino-Americana
PNUD – Programa das Nações Unidas para o UNILAB – Universidade de Integração Internacional
Desenvolvimento da Lusofonia Afro-Brasileira Introdução: Uso da cartograia temática Capítulo 4: América do Sul, destino geográico do
QUAD – Grupo formado por Estados Unidos, União UNIRIO – Universidade Federal do Estado do Rio de Escolhas teóricas e metodológicas . . . . . . . . . . . . . . . 4 Brasil?
Europeia, Canadá e Japão Janeiro Como interpretar as imagens? . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 Projetos de integração nas Américas . . . . . . . . . . . . . 82
REBRIP – Rede Brasileira pela Integração Regional UNISFA – Força Interina das Nações Unidas em Abyei A escolha da projeção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Da América Latina à América do Sul . . . . . . . . . . . . 84
REDLAR – Rede Latino-Americana contra as Represas (em inglês, United Nations Interim Security Force O mundo político . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 Integração na América do Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
e pelos Índios for Abyei) Argentina: parceria estratégica . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
RENCTAS – Relatório Nacional sobre o Tráico da UNMIL – Missão das Nações Unidas na Libéria (em in- Defesa e segurança na região. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Fauna Silvestre glês, United Nations Mission in Liberia) Energia e a busca da integração pela infraestrutura . . 92
SDP – Secretaria de Desenvolvimento de Produção UNMISS – Missão das Nações Unidas na República do Capítulo 1: Formação do Brasil Assimetrias e desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
SECEX – Secretaria de Comércio Exterior Sudão do Sul Conquista e formação do Brasil colonial . . . . . . . . . 14 Redes sociais: América Latina ou América do Sul?. . . 96
SEGIB – Secretaria Geral Ibero-Americana UNOCI – Missão das Nações Unidas na Costa do Da sede do Império colonial ao Brasil imperial . . . . . 16
SEM – Setor Educacional do Mercosul Marim A República e a hegemonia dos Estados Unidos . . . . 18
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial UNODC – Escritório das Nações Unidas sobre Drogas Desenvolvimento e industrialização . . . . . . . . . . . . . 20
SERE – Secretaria de Estado das Relações Exteriores do e Crime (em inglês: United Nations Oice on Dru- Globalização e nova ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Capítulo 5: Novas coalizões, multilateralismo e coo-
Itamaraty gs and Crime) Diversidade cultural e pluralismo étnico. . . . . . . . . . 24 peração Sul-Sul
SESU – Secretaria de Educação Superior do Ministério UNWTO – Organização Mundial do Turismo (em in- O Brasil nas relações Norte-Sul . . . . . . . . . . . . . . . 100
da Educação glês: United Nations World Tourism Organization) Sistema ONU: meio ambiente e direitos humanos . 102
SIPRI – Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas Agências econômicas mundiais . . . . . . . . . . . . . . . 104
de Estocolmo (em inglês: Stockholm International USAID – Agência dos Estados Unidos para o Capítulo 2: Brasil, potência emergente? Novos parceiros e coalizões. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
Peace Research Institute) Desenvolvimento (em inglês: United States Agency Agronegócio: celeiro do mundo? . . . . . . . . . . . . . . . 28 Governança global mais democrática? . . . . . . . . . . 108
TFDD – Banco de Dados de Disputa de Água Doce for International Development) Parque industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Cooperação: de beneiciário a doador? . . . . . . . . . . 110
Transfronteiriça (em inglês: Transboundary USP – Universidade de São Paulo Logística e desaios ao desenvolvimento . . . . . . . . . . 32 Cooperação Sul-Sul: atores e agendas . . . . . . . . . . . . 112
Freshwater Dispute Database) ZOPACAS – Zona de Paz e da Cooperação do Atlântico Matriz energética e meio ambiente . . . . . . . . . . . . . 34 Cooperação Sul-Sul em educação . . . . . . . . . . . . . . 114
TIAR – Tratado Interamericano de Assistência Sul Água: recurso vital e estratégico . . . . . . . . . . . . . . . . 36 Cooperação Sul-Sul: África . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
Recíproca Minério e indústria extrativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 Cooperação Sul-Sul: América Latina . . . . . . . . . . . . 118
TNP – Tratado de Não Proliferação Nuclear Riqueza genética e biodiversidade . . . . . . . . . . . . . . 40
TPI – Tribunal Penal Internacional População e diversidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
UAB – Universidade Aberta do Brasil Pobreza e desigualdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
UE – União Europeia Segurança e política de defesa . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Referências bibliográicas
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro Ameaças globais e transnacionais . . . . . . . . . . . . . . . 48
UFFS – Universidade da Fronteira Sul Cultura como soft power . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais O país do futebol, vôlei e talentos individuais . . . . . 52
UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul Turismo e imagem nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro Pluralismo religioso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
UNAMAZ – Associação de Universidades Amazônicas
UNASUL – União das Nações Sul-Americanas Capítulo 3: Atores e agendas
UNComtrade – Banco de Dados e Estatísticas sobre Itamaraty e diplomacia pública . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Comércio das Nações Unidas Diplomacia presidencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
UNCTAD – Conferência das Nações Unidas sobre Co- Congresso, ministérios e agências . . . . . . . . . . . . . . 64
mércio e Desenvolvimento (em inglês: United Na- Ação internacional dos estados . . . . . . . . . . . . . . . . 66
tions Conference on Trade and Development) Ação internacional das cidades . . . . . . . . . . . . . . . . 68
UNESCO – Organização das Nações Unidas para Edu- Principais multinacionais brasileiras . . . . . . . . . . . . 70
cação, Ciência e Cultura (em inglês: United Nations Organizações e movimentos sociais . . . . . . . . . . . . . 72
Educational, Scientiic and Cultural Organization) Atores religiosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Brasileiros no exterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Mesquita Filho” Centros de pesquisa e universidades . . . . . . . . . . . . . 78
UNFCCC – Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima (em inglês: United Na-
tions Framework Convention on Climate Change)
UNFICYP – Força das Nações Unidas para Manuten-
ção da Paz no Chipre

X AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 1
temática
cartograia
Uso da

Introdução:
Enara Echart Muñoz

Enara Echart Muñoz


INTRODUÇÃO

Escolhas teóricas índice de Gini no Brasil, ilustram per-


feitamente esse argumento.
Brasil no mundo. Fundamentamos
a nossa concepção no uso cientíico e
acadêmico de mapas, gráicos e matri-
TIPOS DE CLASSIFICAÇÕES EM MAPAS
Dados hipotéticos usados como base para os mapas

e metodológicas
Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador Guiana Paraguai Peru Suriname Uruguai Venezuela
No campo da Ciência Política e das zes, a partir de fontes publicadas por Índice 0,46 0,93 0,53 0,49 0,31 0,21 0,11 0,40 0,56 0,13 0,42 0,24
Relações Internacionais no Brasil, este instituições internacionalmente reco-
Atlas inova em matéria de represen- nhecidas. Da mesma maneira que as
tação gráica, semiológica e estética, ferramentas da imagem estão sendo Classificação com base na média dos dados
principalmente quando se conside- mais utilizadas em jornais impressos, Bolívia 0,93
ram os estudos sobre a política externa revistas e outros tipos de documen- Máximo - 0,93 (Bolívia)

brasileira. O Atlas permite visualizar tos na mídia e redes sociais, acredita- Mínimo - 0,11 (Guiana)
Peru 0,56

de maneira mais clara a internaciona- mos que a academia pode apropriar-se 0,93 - 0,11 = 0,82
Brasil 0,53

lização das políticas públicas, a com- dessa linguagem e desenvolver uma se- Chile 0,49
0,82 ÷ 4 = 0,205
paração de uma ou mais variáveis em miologia com conteúdos próprios, que Argentina 0,46
Este é o primeiro Atlas da Política Ex- político, social, cultural e ambiental. situações distintas, a presença (com- resultem de pesquisas muitas vezes de- 0,93 Uruguai 0,42
0,93 0,725 0,52 0,315 0,11

terna Brasileira. Iniciado em 2012 e Pode ser de grande utilidade a profes- plementar, mas por vezes contraditó- senvolvidas ao longo de anos. + 0,205
0,725
Paraguai 0,40
fruto da parceria concebida e imple- sores e estudantes de pós-graduação, ria) dos diferentes atores nacionais e + 0,205 Sem dados
Colômbia 0,31
mentada entre o Ateliê de Cartogra- graduação e ensino médio, bem como internacionais nas agendas da política A cartograia temática pode ser con- 0,52 disponíveis
+ 0,205 Venezuela 0,24
ia de Sciences Po e o Labmundo-Rio, a jornalistas e proissionais da comu- externa, bem como a complexidade da vertida, assim, em mais um dos ins- 0,315 Equador 0,21
grupo de pesquisa do CNPq vincula- nicação, diplomatas, gestores da co- superposição de dados nas distintas es- trumentos disponíveis ao contínuo + 0,205
Suriname 0,13
do ao IESP-UERJ, o projeto também operação internacional atuando nos calas espaciais: do local ao nacional, do processo de atualização e democrati- 0,11
Guiana 0,11
contou com a participação da Escola setores público e privado, lideranças regional ao global. A visualização dos zação do conhecimento cientíico, nes-
de Ciência Política da Unirio. O de- da sociedade civil e ativistas no campo fenômenos da política internacional, te caso em matéria de política externa.
senvolvimento do Atlas foi inspirado da política externa. As imagens (ma- agora por meio da cartograia temáti- Em uma sociedade que se torna pro-
em iniciativas anteriores entre Sciences pas, gráicos, matrizes, cronologias) e ca, reitera a noção de que a fronteira gressivamente mais acostumada com Classificação com base na quantidade de unidades
Po e o Labmundo, por exemplo, a tra- os textos (uma síntese de cada tema) do Estado nacional se encontra diluí- a tecnologia da internet, a cartograia Bolívia 0,93
dução para o português e publicação constituem um conjunto: sempre da no cenário contemporâneo das re- temática permite uma linguagem mais Peru 0,56
no Brasil do Atlas da Mundialização apresentados em duas páginas, cobrem lações internacionais - diluída mas não moderna, dinâmica e interativa, facil- Brasil 0,53
no ano de 2009. Foi graças à coopera- as mais variadas pautas, agências e di- apagada. A persistência da fronteira mente adaptável para e-books, portais Chile 0,49
ção institucional com o Ateliê de Car- mensões da inserção internacional do nacional ainda é marca das assimetrias e sítios web, com o uso de cores, ob- Argentina 0,46
Quantidade de países = 12
tograia do IEP de Paris e à parceria Brasil. Essa organização deveria permi- econômicas e das desigualdades polí- jetos geométricos e outros modos de Uruguai 0,42
acadêmica com os colegas Marie-Fran- tir ao leitor que pouco acompanha os ticas entre Estados e sociedades na re- apelo visual. Quantidade de classes = 4 0,93 0,53 0,42 0,24 0,11

çoise Durand e Benoît Martin que este debates internacionais uma introdu- gião e no sistema internacional. 12 ÷ 4 = 3
Paraguai 0,40

projeto logrou atingir seus resultados. ção aos temas da política externa sem Democratizar o conhecimento sobre Colômbia 0,31

A ambos os queridos colegas os nossos o risco da supericialidade; aos mais in- O uso de imagens na cartograia da política externa é fundamental, ainda Venezuela 0,24 Sem dados
disponíveis
mais sinceros agradecimentos. formados ou que já atuam nessa área, política externa brasileira nos reme- mais quando se parte da premissa de Equador 0,21
deveria produzir questionamentos e te a uma segunda transformação im- que a política externa é uma política Suriname 0,13
Tão importante quanto esse trabalho a renovação de suas perspectivas. Na portante. As mudanças na sociedade e pública sui generis. Sua singularidade Guiana 0,11
em rede internacional foi a ação co- concepção de cada item dos capítulos, na cultura fazem com que os leitores resultaria de dois aspectos principais: Fonte: Elaboração própria.
letiva concebida no plano local, que os textos acompanham e complemen- tenham menos tempo para se debru- (i) a sua dupla inserção sistêmica (in-
mobilizou professores, pesquisadores, tam as imagens, podendo ser conside- çar sobre textos. Cada vez mais se faz ternacional, regional, o “lado de fora”
doutorandos, mestrandos e estudan- rados um convite a que o leitor atente necessário que os autores encontrem da fronteira) e doméstica (relativa aos Exemplo concreto sobre o índice de Gini em municípios brasileiros, em 2010
Recorte por quantidade de municípios Recorte por média da variável
tes de graduação de duas instituições mais cuidadosamente para a semio- meios de comunicação que tornem interesses e preferências em jogo na de-
de ensino superior sediadas no Rio de logia e a estética, gerando, assim, um suas mensagens mais claras, dinâmicas, mocracia); (ii) a preocupação ao mes-
Janeiro, além de dois geógrafos e car- diálogo com as diferentes formas de que prendam a atenção do público e mo tempo com temas constantes da
tógrafos que se associaram ao projeto expressar o conteúdo e a mensagem que sejam, portanto, mais facilmente agenda internacional (integridade ter-
na qualidade de bolsistas. O trabalho desejados pelos autores. compreendidas e lembradas pelos lei- ritorial do Estado, soberania e prote-
em equipe, o contínuo treinamento tores. A quantidade de dados disponí- ção dos interesses nacionais) que lhe
presencial e virtual, o diálogo inter- O uso de imagens como ilustração de veis cresce quotidianamente, graças às assegurariam o caráter de “política de
1 1
disciplinar da Ciência Política e Rela- argumentos em meio a textos escritos novas tecnologias, ao dinamismo aca- Estado”, mas também com orienta- 0,54 0,75
ções Internacionais com a Geograia, ou em apresentações não é novidade. dêmico e à busca por transparência de ções estratégicas, opções políticas e 0,49 0,5

Labmundo, 2014
a valorização de pesquisas em curso Atualmente, o recurso visual é ampla- diversas instituições públicas e priva- modelos de desenvolvimento que po- 0,45 0,25
e a realização de novos estudos são os mente empregado em apresentações das. Maior disponibilidade de dados dem variar ao longo da história e de 0 0
principais fatores que explicam o de- com retroprojetores, em textos jorna- não implica automaticamente melho- acordo com a conjuntura (sua faceta
senvolvimento deste projeto até o seu lísticos (por exemplo, os infográicos), ria na qualidade e na compreensão das de política governamental). Fonte: IBGE, 2010b
resultado mais desejado: a publicação em livros didáticos e em artigos aca- informações. A cartograia temática
deste Atlas. dêmicos. O emprego de imagens para desempenha, portanto, função social Foi com base nessa premissa que se or-
veicular dados é muito útil para faci- de tradução e de ponte entre mundos ganizaram os capítulos do Atlas, sem inalmente das relações multilaterais, todos excelente leitura a uso produtivo
De fato, o Atlas da Política Externa litar o acesso a informações, esclarecer distintos. pretensão de exaustividade temática. novas coalizões e cooperação Sul-Sul. e profícuo dos mapas, imagens e textos.
Brasileira tem como objetivo principal ideias e conceitos, ilustrar fatos históri- Buscamos trazer a dimensão histórica Mais informações sobre o projeto e da-
compartilhar novas leituras da política cos, realidades geográicas e estatísticas. Isso não signiica, é claro, que os tex- e de formação da política externa bra- Nas duas próximas seções desta Intro- dos complementares sobre o Atlas da
internacional e da política externa bra- As imagens, como os textos, veiculam tos devam ser abandonados ou sempre sileira, embora o foco do Atlas seja a dução apresentaremos algumas no- Política Externa Brasileira podem ser
sileira com pesquisadores e estudantes mensagens, reletem visões de mundo preteridos a favor das imagens. Nada política contemporânea apresentada tas técnicas e metodológicas relativas obtidos no www.labmundo.org/atlas,
interessados nas mais diversas formas e interpretações. A escolha de classii- disso! O Atlas foi concebido por pes- em torno dos recursos de poder (hard e à cartograia temática que nos pare- onde o leitor também encontrará um
de inserção brasileira no cenário mun- cações e a deinição de recortes, nos ca- quisadores, com base em leituras e in- soft) do Brasil, dos atores e agendas da cem instrumentais para a compreen- glossário para facilitar o entendimento
dial, do ponto de vista econômico, sos do mapa da América do Sul e do terpretações críticas sobre o papel do política externa, da inserção regional e são dos nossos leitores. Desejamos a de alguns tópicos aqui desenvolvidos.

4 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 5
INTRODUÇÃO

Como interpretar TIPOS DE ESCALA EM GRÁFICOS


Dados usados como base para os gráficos
A escolha de como recortar as classes
também é importante. Não há um
único método para criar classes; estas
INTERPRETAÇÃO DE TABELAS EM CÍRCULOS PROPORCIONAIS
Dados usados como base para a tabela

as imagens?
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Sarney Collor Itamar FHC Lula Dilma**
Dilma TOTAL
País A 9 000 7 000 9 000 11 000 13 000 16 000 podem ser divididas de acordo com a Am. do Sul 13 7 14 53 88 18 193
País B 10 000 8 000 6 000 9 000 12 000 10 000 quantidade de unidades, com a mé- Am. Central e C. 0 0 0 5 22 1 28
País C 10 40 100 140 200 300 dia da variável ou de modo discricio- Am. do Norte 5 3 1 14 19 5 47
nário. Cada um desses recortes resulta Europa 3 9 0 31 54 1610
000 107
em uma imagem diferente, que pode África 2 4 1 4 34 10 7000 52
Gráfico com escala aritmética levar a conclusões distintas. O recorte O. Médio 0 0 0 0 10 300
0 10
16 000
País A em classes pode induzir o leitor ao erro, Ásia 2 1 0 8 16 16 4000 31

12 000
caso não seja bem explicitado na legen- Oceania* 0 0 0 0 0 10 0000 0
da. Por esse motivo, o leitor deve sem- TOTAL 10 40 100 140 200 300
País B pre atentar à legenda dos mapas, para

is
na
8 000
A cartograia temática é composta por coleta e tratamento dos dados, esco- entender qual o fenômeno representa-

cio
or
Quantidade absoluta de viagens presidenciais
técnicas de georreferenciamento e de lhas de projeções, deinições semioló- do e como está sendo apresentado.

op
pr
4 000

L
*
transformação de dados em mapas, gicas e estéticas. Todo esse processo

los
a*
ey

TA
ar
r
llo

lm
m
rn

TO
la
C

cu
FH
Co

Ita

Lu
Sa

Di

cír
gráicos e matrizes, podendo ser usada deve ser conduzido com o máximo de País C No campo especíico da política ex-

m
0 Am. do

se
para a representação de diversos temas rigor, pois impacta diretamente na in- Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 terna, o uso de cartograia temática Sul

a
ad
sociais, políticos, históricos, econômi- terpretação dos mapas, gráicos e ma- apresenta diversas vantagens. Ao repre-

nt
e
res
Europa
cos e internacionais, muitos dos quais trizes. Os tipos de escala, aritmética sentarmos uma imagem, o território

rep
es
de difícil mensuração. Disso resulta a e logarítmica, são usados em função Uso da escala logarítmica ica muito mais evidente para o leitor,

ad
tid
África
necessidade de técnicas que permitam do que se pretende comparar ou de- País A principalmente em temas que sofrem

an
Qu
tratar dados qualitativos e quantita- monstrar: a escala aritmética permite inluência direta da geograia política. Am. do
10 000
tivos. É com esse intuito de esclareci- a comparação de valores, ao passo que País B Além das fronteiras (que indicam o ter- Norte
mento que apresentamos, a seguir, as a escala logarítmica enseja a compara- ritório dos Estados) podem ser visua- Ásia
principais ferramentas de cartograia ção da evolução de cada curva. No caso lizados os luxos (econômicos, sociais,
temática utilizadas neste Atlas. hipotético ilustrado nesta página, ica culturais, ambientais). Por exemplo, Am. 468
claro que a escala logarítmica permite em uma apresentação sobre migrações, Central

As imagens apresentadas no Atlas re- enxergar uma taxa de crescimento do 1 000


a proximidade territorial tem grande Oriente 193

sultam de extenso trabalho de pesquisa, país “C” não evidenciado pela escala inluência sobre a movimentação do Médio

aritmética. País C
luxo de pessoas; a espessura e a orien- Oceania* 18

tação das lechas, indicando um ponto


REPRESENTAÇÕES VISUAIS

Labmundo, 2014
As representações visuais (dos ma- de partida e outro de chegada, permi-
Representação de uma variável no plano
Tamanho em uma dimensão para quantidades absolutas
pas, gráicos e matrizes) afetam as 100 tem vizualizar e compreender rapida- TOTAL *Oceania não foi visitada no período
percepções do leitor, podendo ser in- mente os principais luxos migratórios **Viagens de Dilma Rousseff até
6
5
4
luenciadas por variáveis referentes a mundiais. Portanto, a representação Fonte: Planalto, 2014 dezembro de 2013
3
2
quantidades absolutas (em uma ou cartográica permite veriicar quais são
654321 1 1 2 3 4 duas dimensões) e quantidades rela- as principais rotas escolhidas pelos mi-
Tamanho em duas dimensões para quantidades absolutas
tivas (mais ou menos valor, com co- 10 grantes e como a geograia facilita ou entendimento da mensagem que o selecionar em função do tipo de men-
16 res e representações visuais distintas). cria obstáculos (a exemplo de mares e emissor quer transmitir. sagem que o autor da imagem visa a
4
Pode haver relações de proporciona- montanhas) para o luxo das pessoas. construir. Portanto, visualizar e com-
1 lidade, ordem e diferença entre os da- Finalmente, as fontes usadas para a co- parar os mapas e as matrizes a partir
16
dos. No caso da proporcionalidade Podemos argumentar no sentido de leta dos dados são muito importantes de dados diferentes também foi um
e da ordem por hierarquias, usam-se 1
que imagens podem ser usadas para no processo de confecção de imagens, exercício contínuo no desenvolvimen-
1
4
pontos, traços, quadrados ou círculos Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 demonstrar números e facilitar a com- como as aqui apresentadas. Algumas to deste Atlas. Por exemplo, em ma-
de tamanhos diferentes: o maior re- paração de uma ou mais variáveis, en- diiculdades podem surgir no caminho. téria de energia, utilizamos os dados
presenta um valor evidentemente su- tre diversos casos. Por exemplo, ao Os serviços estatísticos dos Estados va- da Central Intelligence Agency dos
Em escala de valor para quantidades relativas Gráfico com escala logarítmica
perior, devendo a legenda esclarecer a 16 000
comparar a fonte de matriz energéti- riam em qualidade, e no caso brasilei- EUA, porque a fonte mais completa
relação gráica com o dado quantitati- 9 000 ca de diversos países, para demonstrar ro a produção de dados e o acesso a além da CIA seria o Banco Mundial.
vo. Ou seja, para representar uma mes- que a matriz energética brasileira é ma- eles têm-se aperfeiçoado e melhorado Ocorre que o Banco não desagregava
Mais
Valor
Menos
Valor
ma variável no plano, usam-se barras, 300 joritariamente limpa, um texto longo desde meados dos anos 1980. Os da- os dados por tipos de fontes de energia,
colunas e espessura de lechas para in- e com muitos números pode diicul- dos produzidos por organismos inter- incluindo o setor hidroenergético, que
0
dicar a variação na quantidade dessa x3 tar o entendimento rápido da com- nacionais (agências do sistema ONU, nos interessava apresentar em separa-
única variável. A diferença, por sua vez, País C
paração que o autor quer comunicar Banco Mundial, OCDE, etc.) e, fenô- do. Fizemos a opção pelos dados da
é expressada pelo uso de cores, preen- a seus destinatários. Além disso, o ex- meno cada vez mais importante, por CIA porque eles também são interna-
Representação de mais de uma variável no plano chimentos ou formatos geométricos cesso de informações em um mesmo organizações da sociedade civil e gran- cionalmente considerados de conian-
Em cores para mostrar diferenças distintos. A im de demonstrar variá- País A x 1,778
parágrafo pode tornar a leitura demo- des corporações podem complementar ça, tendo sido usados na produção de
veis diferentes, é necessário mudar a rada, truncada e entediante, eventual- a construção de sentidos sobre a rea- outros Atlas na Europa, nos EUA e na
cor ou a textura utilizada, evidencian- mente acarretando o desinteresse do lidade do mundo. Os dados, depen- América Latina. É importante esclare-
Em textura para mostrar diferenças do a existência de duas ou mais variá- leitor. Com o uso da imagem (seja por dendo de suas fontes, podem revelar cer que a coleta de dados foi conduzi-
veis, que também podem ter escalas de País B gráicos com círculos, seja por barras realidades nem sempre coincidentes. da ao longo de 2013 e 2014. Padronizar
Labmundo, 2014

valor dentro delas. Aplicam-se diferen- x0


ou mapas), a comparação ica muito usos e referências também é essencial.
Labmundo, 2014

Em formas geométricas para mostrar diferenças


tes tons da mesma família de cor, em mais evidente. A leitura e a compre- Em muitos casos, torna-se funda- Por exemplo, adotamos como padrão
uma escala de tom escuro para outro Ano 1 Ano 6
ensão são imediatas, evitando ruí- mental triangular os dados, sempre o termo “dólares” para indicar dólares
Fonte: Durand et al., 2009 mais claro. Fonte: Elaboração própria. dos na comunicação e facilitando o que possível diversiicar as fontes e dos Estados Unidos.

6 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 7
INTRODUÇÃO

A escolha da Os mapas nunca são exaustivos ou


completos, nem totalmente objetivos.
Orientado ao Norte? A Europa no cen-
não passe “por cima” de territórios im-
portantes, deixando-os ocultos ou po-
luindo a imagem.
DIFERENTES REPRESENTAÇÕES E SUAS DISTORÇÕES
Projeção de Bertin Projeção de Fuller

projeção tro? O Pacíico ou a África reduzidos?


Uma das decisões mais importantes
na concepção de um mapa diz respei-
to à escolha da projeção. Projeções
O Ateliê de Cartograia Labmun-
do entende que a escolha da projeção
também deve considerar esse caráter
cartográicas podem ser entendidas político da representação. Evitamos
como um instrumento de represen- projeções que superestimem a repre-
tação do globo por meio de um dese- sentação do hemisfério Norte em
nho. É um exercício de transformação detrimento do hemisfério Sul. Preferi-
de um objeto tridimensional em uma mos usar as projeções de Fuller, Bertin
representação plana, razão pela qual e Goode. Além disso, também é ma-
PROJEÇÃO DESCONTÍNUA DE GOODE as projeções são objeto frequente de nifesta a preferência por uma proje-
Projeção de Goode sem alterações questões, críticas e debates. As proje- ção que não seja eurocêntrica, mas que Projeção de Gall-Peters Projeção de Mercator
ções sempre geram distorções, mais ou apresente o Brasil no centro.
menos acentuadas, de partes do terri-
tório do planeta. As projeções usadas neste Atlas são, em
sua maioria, centradas no continente
As distorções são perceptíveis mais fa- americano e não apresentam distor-
cilmente à medida que nos aproxima- ção relevante quanto ao tamanho do
mos dos pólos. Em alguns casos, como hemisfério Norte. Optamos por man-
a projeção de Mercator, o estado es- ter a representação do Norte para cima
tadunidense do Alasca é representa- – e isso em função da novidade talvez
do maior do que o território brasileiro. excessiva que poderia representar, aos
Outro exemplo das distorções pre- olhos ainda pouco habituados dos lei-
sentes nesta projeção desenvolvida tores brasileiros, a utilização de pro-
por Gerard de Kremer é a Groenlân- jeções com o Sul geopolítico na parte Projeção Miller Cylindrical Projeção de Robinson
dia, representada com território equi- superior do planisfério. No sítio web
valente ao do continente africano, mas do Atlas os leitores poderão encontrar
Áreas retiradas para a projeção padrão do Atlas que de fato é 50 vezes menor. Além exemplos de mapas com essa projeção,
das distorções da imagem, há outros que também ilustra a nossa capa.
questionamentos que são frequente-
mente vinculados à confecção e ao uso Este projeto somente foi factível por-
de projeções cartográicas. O primeiro que contou com o apoio de algumas
deles é quanto à disposição no plano: instituições e a parceria de alguns
tradicionalmente, devido à inluên- pesquisadores, colegas e amigos. Os
cia de cartógrafos europeus, a Europa apoios inanceiros da Faperj, Finep e
é representada no centro da projeção. CNPq foram decisivos. Agradecemos Projeção Brasil Alasca Índia
Também por inluência das principais ao IESP-UERJ pelo amparo institu-
escolas de cartograia na Europa e nos cional e pelo espaço físico destinado ao
EUA, o Norte geográico é geralmen- grupo de pesquisa Labmundo-Rio. Os Mercator

te representado em cima do hemisfério nossos agradecimentos também se des-


Sul. Cabe ressaltar que, como o plane- tinam aos colegas e pesquisadores que
ta Terra é um geoide, não há necessida- nos ajudaram na obtenção de dados e
de de se representar o Norte em cima; na produção de análises, na redação ou
o Sul, o Leste ou o Oeste podem estar revisão de itens dos diferentes capítu- Miller
Cylindrical
na parte superior. los. Em particular, queremos agradecer
a Breno Marques Bringel, Henrique
Projeção padrão do Atlas Ou seja, a escolha da projeção não é Sartori, Cristiano A. Lopes, Bernabé
neutra, mas resulta das opções feitas Malacalza, Rafael C. Fidalgo, Renata
pelo cartógrafo, cabendo ao pesquisa- Albuquerque Ribeiro, Danielle Costa Fuller
dor a decisão de qual modelo se ade- da Silva e Wallace da Silva Melo. Além
qua a seus objetivos. Se o fenômeno disso, agradecemos aos colegas Da-
a ser estudado ocorre principalmen- niel Jatobá, Elsa Sousa Kraychete, Le-
te no hemisfério Norte, é natural que ticia Pinheiro, Maria Regina Soares de
o pesquisador dê preferência a pro- Lima e Miriam Gomes Saraiva pelos Bertin

jeções que destaquem essa região do comentários, críticas e sugestões feitos


globo, para deixar a imagem mais evi- durante o seminário acadêmico que
dente ao leitor. Do mesmo modo, se organizamos no IESP-UERJ em se-
o objetivo da imagem for representar tembro de 2014. É importante lembrar
Labmundo, 2014

por setas algum fenômeno, deve-se dar que as fotos que ilustram os capítu-

Labmundo, 2014
Goode

preferência a projeções que deixem os los do Atlas são todas de Enara Echart
continentes mais afastados (como a Muñoz, que gentilmente as cedeu para
Projeção cedida pelo Ateliê de Cartografia de Sciences Po projeção de Fuller), para que a lecha a publicação deste Atlas. Fonte: Elaboração própria. Projeções cedidas pelo Ateliê de Cartografia de Sciences Po.

8 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 9
INTRODUÇÃO

O mundo político

Europa
1- Guernsey 21- Bósnia e Herzegovina
2- Jersey (Reino Unido) 22- Montenegro
3- Andorra 23- Albânia Groelândia Jan Mayen
4- Bélgica 24- Macedônia (Dinamarca)
5- Luxemburgo 25- Kosovo Noruega
6- Holanda 26- Sérvia Suécia
7- Mônaco 27- Åland (Finlândia) Finlândia
Suíça
8- Suiça Estônia
28- Estónia Islândia 27
9- Itália Letônia
29- Letónia Ilha de Man 28
Canadá 10- Alemanha 30- Lituânia (Reino Unido) 29 Rússia
12 30
11- Liechtenstein Romênia
31- Roménia 6
12- Dinamarca 32- Bulgária Irlanda 34
13- Vaticano 33- Moldávia 4 5 10 Polônia
Reino Unido 1 2 17 Ucrânia
14- San Marino 34- Bielorrússia 11 15 18 Kasaquistão
Quirguistão Mongólia 15- Áustria 35- Chipre França 8 16 19 31 33
Tajiquistão 16- Eslovênia 36- Chipre do Norte 9 20 21 26 Azerbaijão
3
17- República Checa 7 14 22 25 24
32 Geórgia Uzbequistão
18- Eslováquia Portugal Espanha 13 23
Estados Unidos 19- Hungria Turquia Turcomenistão
20- Croácia Tunísia Armênia
Afeganistão China
Açores Grécia 35 36 Síria
Bermudas Ilha da Madeira Malta Líbano
Marrocos Iraque Irã
Japão Palestina
Paquistão Nepal Butão Israel Jordânia Kuwait
Coreia
Coréia do Sul Argélia Líbia Bahrein
Coreia
Coréia do Norte Cuba Bahamas Rep. Dominicana Saara Egito Catar
Índia Taiwan Belize Porto Rico Ocidental Arábia EAU
2b Saudita
Myanmar Hong Kong México 3c 4d 5e
Laos a1 f6 g Mauritânia Mali
Jamaica 7 10
j k11 Omã
Bangladesh 89
h Senegal Níger Sudão Eritreia Iêmen
Tailândia Macau Marianas Honduras Haiti i l12 Chade
20
t 19
s r18 13
m 14
n 15
o Cabo Verde
Vietnã GuamGuam
(EUA) Micronésia Nicaragua
Nicarágua p
16 17
q Burkina Djibouti
Filipinas Gambia
Palau Ilhas Marshall Trinidad Guiné-Bissau
Guiné Bissau Guiné Somália
Guatemala
Gua e Tobago Nigéria
Camboja Nauru Venezuela Gana Sudão Etiópia
Serra Leoa República do Sul
Brunei Kiribati El Salvador Guiana Libéria Centro-Africana
Malásia Costa Rica Colômbia Suriname Camarões
Cingapura Guiana Francesa Togo Uganda
Panamá Bénin
Benin Quênia
Sri Lanka Equador Costa
Costa do
do Marfim
Marfin República Ruanda
Maldívias
Maldivas Tuvalu Democrática Burundi
Indonésia São Tomé e Príncipe
Território Britânico Papua-Nova Guiné Tokelau (Nova Zelândia) do Congo Comores
do Oceano Índico Guiné Equatorial Tanzânia Seychelles
Wallis e Futuna (França) Gabão
Timor Leste Brasil Congo
América Central: Samoa Peru Angola
Ilhas Salomão Samoa Americana
a- Ilhas Cayman
1- Ilhas Cayman Zâmbia Moçambique
Vanuatu Niue Rep. de
b- Turks ee Caicos
2- Turks Caicos Bolívia Maurício
Maurícia
c-
3- Ilhas Virgens (EUA) Nova Caledônia
Caledónia Polinésia Francesa Zimbábwe
d-
4- Ilhas Virgens Britânicas (França) Malawi
Malaui
e-
5- Anguilla (Reino Unido) Ilhas Cook Botswana
f-
6-Ilha
Ilhade
deSan-Martin
São Martinho(França) Ilhas Pitcairn (Reino
eino Unido) Namíbia Madagascar
Austrália Chile
g- Coletividade de
7- Coletividade de São
São Bartolomeu
Bartolomeu (França) Tonga
h- Montserrat
8- Ilha (Reino Unido)
de São Martinho Paraguai Suazilândia
i-
9-São
SãoCristóvão
CristóvãoeeNevis
Nevis Ilhas Fiji Reunião
Argentina Uruguai
j-
10-Antigua
Antiguae eBarbuda
Barbuda África do Sul Lesoto
k-
11-Guadalupe
Guadaloupe (França)
l-
12-Dominica
Dominica
m
13--Martinica
Martinica (França) Nova Zelândia
n-
14-Santa
SantaLúcia
Lúcia
o-
15-Barbados
Barbado
p-
16-São
SãoVicente
VicenteeeGranadinas
Granadinas
q-
17-Granada
Granada
r-
18-Países
PaísesBaixos
BaixosCaribenhos
Caribenhos

Labmundo, 2014
s-
19-Curaçao
Curação Ilhas Malvinas
t-
20-Aruba
Aruba
Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul
100 km
Fonte: Elaboração própria.

10 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 11
Capítulo 1:

FORMAÇÃO
DO BRASIL

Enara Echart Muñoz


O processo histórico de constituição e desenvolvimento do Estado-nação
brasileiro legou características e potencialidades estruturais em suas for-
mas de inserção internacional. É inescapável ao analista das relações inter-
nacionais e da política externa brasileira (PEB) compreender o modo co-
mo ocorreu a consolidação territorial do país, os ciclos econômicos atra-
vessados e a importância dos fluxos migratórios internacionais. Os mais
de cinco séculos de história da inserção internacional do Brasil, primeiro
como colônia do Império português, depois Reino Unido a Portugal e,
enfim, Estado independente, foram em boa parte marcados pelo paradig-
ma agrário-exportador, que só seria modificado em meados do século
XX. As monoculturas da cana-de-açúcar, do café, da borracha e a explora-
ção de minerais como ouro e diamantes definiram decisivamente as rela-
ções exteriores do Brasil, além de reforçarem as características históricas
de sua conformação social, política e produtiva. Neste capítulo, apresen-
tamos as raízes históricas da PEB, fundamentais para a compreensão tem-
poral dos vários temas que, nos capítulos seguintes, serão analisados em
suas dinâmicas contemporâneas. Temas como migração, multilateralismo
e economia estão conectados com unidades subsequentes e nos dois mo-
mentos o texto faz indicação expressa desta complementação (por meio
do “Veja também”), sugerindo uma leitura não linear do conteúdo, o que
é uma característica do Atlas em geral. Nos itens finais deste capítulo se-
rão apresentadas, em perspectiva histórica, as grandes transformações que
caracterizam a inserção internacional contemporânea do Brasil, por exem-
Enara Echart Muñoz

plo, seu recente ativismo em questões globais ou, em um âmbito domés-


tico, a demanda por maior participação social na formulação da política
externa brasileira.
FORMAÇÃO DO BRASIL

Conquista e lados foi mais conlitivo do que amis-


toso, com saldo negativo para os indí-
genas. E foi deinido por apresamento,
EUROPEUS À CONQUISTA DO MUNDO
Principais expedições nos séculos XV e XVI
* as datas indicam a chegada aproximada

formação do
John Davis, 1587 ao ponto mais distante da partida
aculturação, estímulo a rivalidades in- (Inglaterra)
tertribais e pela difusão de doenças
Jacques Cartier, 1534 Império português no séc. XVI
europeias entre indivíduos sem imu- (França)
nidade aos males europeus. A chegada

Brasil colonial
Jean Cabot, 1497 Territórios não conhecidos
ao continente não desviou o interesse (Inglaterra) pelos europeus
durante o séc. XVI
europeu pelo caminho das Índias. No
Brasil, além do extrativismo, o proje- Áreas já alcançadas por
europeus no séc. XVI
to de colonização iniciou-se só a partir
de 1530. Dividiu-se o território em ca-
pitanias e implantou-se a monocultura
A chegada dos europeus às Améri- levaram à projeção mundial da Europa. de cana-de-açúcar. A mão de obra foi Cristóvão
Colombo,
cas resultou do processo de expansão Os primeiros europeus a aportarem inicialmente de indígenas capturados Vasco
1492 (Espanha) da Gama,
marítima e comercial no início da in- nesta região encontraram populações e depois de escravos africanos.
1498
ternacionalização do capitalismo. Fa- indígenas divididas em mais de 2 mil (Portugal)
tores culturais, políticos e econômicos povos e tribos. O contato entre os dois O território era delimitado pelo Trata- Bartolomeu
do de Tordesilhas. Sua deinição nunca Dias, 1488
foi simples, nem mesmo levada rigo- Américo
(Portugal)
CONTINENTE AMERICANO ÀS VÉSPERAS DA CONQUISTA EUROPEIA rosamente em consideração. A união Vespúcio,
Principais povos indígenas e áreas culturais As cores representam áreas culturais, das cortes ibéricas também contri- 1497 (Espanha)
definidas por etnólogos e arqueólogos
INUITS
que realizaram uma classificação das
buiu para o espraiamento da presença
INUIT múltiplas sociedades aborígenes. de portugueses pelo território colo-
ALEÚTES

S
As áreas culturais compartilham modo nial espanhol. O Tratado de Madri de
de subsistência, organização política e
NU
U
OJÍBUAS
social, sendo às vezes unificadas pela 1750 consolidaria a nova divisão espa- Fernão
ALGONQUINOS
cial entre portugueses e espanhóis. A

s
difusão de línguas dominantes como o
-C

Trata
de Magalhães,

esilha
HA

S
HURÕES SE nahuatl na Mesoamérica ou o quechua Pedro A. Cabral,
H-N

UE 1522 (Espanha)
IROQ nos Andes. soberania da América Portuguesa foi

do d
1500 (Portugal)
ULT

Tord
ameaçada por outros reinos, como

Labmundo, 2014
CHEYENNES São o produto de composições entre
SHOSHONE indivíduos sedentários e nômades,

e
França e Inglaterra. Holandeses ocu-

Sar
e
NAVAJOS CHEROKEES agricultores e guerreiros, cada grupo

T. d
América do Norte COMANCHES,
NATCHES conservando alguns de seus param o Nordeste por longo perí-

ag
APACHES Território declarado como de influência 1000 km


Ártico particularismos.
odo, criando um sistema político e Fontes: Barraclough, 1991; Duby, 2003. portuguesa pela Igreja Católica (exceto Europa)

a
Sub-ártico Não são, porém, mundos fechados;
NÁUATLES ao contrário, as áreas culturais são
Costa noroeste MAIAS
OTOMIS espaços de circulação, por terra e por
Planalto mar.
Grande bacia ARUAQUES EXPORTAÇÕES COLONIAIS
S CARAÍBAS
Califórnia CHIBCHA em milhões de libras esterlinas, 1500-1822
AROS
JI V
Sudoeste ARUAQUES
ÉCHUAS
300 Açúcar
Grandes planícies QU
Nordeste TUPIS TUPIS 170 Ouro e diamantes econômico de duradouro impacto. avanço da urbanização, interiorização na condução do Brasil independen-
Sudeste 15 Couros Sua expulsão foi um dos primórdios da e diversiicação das proissões liberais, te ajudam a explicar a manutenção da
AIMARAS TUPIS
Mesoamérica 15 Pau-brasil e outras madeiras formação da nacionalidade brasileira. além do surgimento de uma camada unidade territorial e o processo de in-
social média. Com a mineração, des- dependência relativamente pacíico.
S

Mesoamérica
A NI

12 Tabaco
O Brasil colonial teve sua inserção in- locou-se o eixo econômico e político,
AR

América do Sul 12 Algodão


GU

Caribe QUÉCHUAS 4,5 Arroz ternacional baseada na dependência contribuindo para a transferência da
Savana Orinoco 4 Café direta de sua metrópole e indireta da sede política de Salvador para o Rio VEJA TAMBÉM:
Inglaterra, com produção econômica de Janeiro. A invasão de Portugal por
Labmundo, 2014

Andes
3,5 Cacau e especiarias diversas Brasil Império p. 16
Floresta tropical
marcada pela monocultura de exporta- Napoleão Bonaparte deu im ao perí-
Labmundo, 2014

1000 km
Atlântico Diversidade cultural p. 24
Sul
ALAKALUF Total: 536 ção (gêneros agrícolas, principalmen- odo colonial. A vinda da família real, Integração na América do Sul p. 86
Fonte: Simonsen, 2005. te a produção de cana-de-açúcar). A a ascensão do Brasil a Reino Unido Relações Norte-Sul p. 100
Fontes: L’Histoire, 2012; Barraclough, 1991. descoberta de ouro contribuiu para o e a presença de um de seus membros

BRASIL COLÔNIA, 1500 - 1808


1625 1750
1492 1789
1555-1567 Publicação de 1680
Portugal e Espanha
Expedição de Colombo Revolução Francesa
Franceses ocupam a baía ‘Do direito da guerra Fundação da Colônia do Sacramento assinam Tratado de Madri
chega ao continente americano 1648
de Guanabara 1602 e da paz’, de Hugo Grotius 1755
Esquadra portuguesa, armada 1681
1494 Holandeses criam a Companhia Terremoto em Lisboa destrói
Tratado de Tordesilhas no Rio de Janeiro e com índios Chega a um milhão o número
das Índias Orientais e iniciam sede do Império Português
brasileiros, reconquista de escravos trazidos de Angola
1500 atuação no delta amazônico 1759
Angola dos holandeses 1687
Expedição de Cabral 1612-1615 Companhia de Jesus é expulsa
chega a Porto Seguro na Bahia Franceses ocupam o Maranhão 1657 Fundação dos Sete Povos das Missões do Brasil pelo Marquês de Pombal
1517 Guerra entre Portugal e Holanda 1763
1580-1640 1694
Lutero inicia Reforma 1624-1625 por disputas ultramarinas. Transferência da capital de Salvador
União Ibérica Descobertas as primeiras
Ao assinar Tratado de Paz (1661), para o Rio de Janeiro
1492

1651
1651

1810
Protestante na Europa Holandeses ocupam
jazidas de ouro em Minas Gerais
1529 Salvador Portugal reconhece a perda 1773
Eventos domésticos de territórios orientais 1703 Escravidão abolida
Tratado de Saragoça
Golpes e mudanças de regime 1630-1654 1673 Portugal e Inglaterra no Reino de Portugal
1530
Início da ocupação Chegada dos primeiros assinam Tratado de Methuen 1782
Eventos internacionais Formação das capitanias hereditárias holandesa no Nordeste casais de colonos açoreanos Ingleses desocupam Ilha de Trindade
Relações internacionais do Brasil
1545 1598 1704 1757

14 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 15
FORMAÇÃO DO BRASIL

Da sede do Com a chegada da Corte, o Brasil pas-


sou a ser centro do Império português,
apesar de cristalizar uma relação sub-
reordenadas: o Paraguai, por exemplo,
perdeu cerca de 40% de seu território.
como Ministro das Relações Exterio-
res. O Barão participou diretamente
dos acordos que garantiram a sobe-
EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS
Total de cada década em porcentagem do total, entre
1821 e 1890

Império colonial
Café
missa à Inglaterra, como visto, em Mais da metade das fronteiras brasilei- rania brasileira sobre os territórios do
50
1808, na abertura dos portos às nações ras foi deinida ao longo do século XIX. Acre, de Palmas (SC) e do Amapá.
amigas. Nem mesmo a independência Fazendo uso do uti possidetis, o Brasil
alterou o caráter desigual e hierárqui- realizou várias negociações fronteiriças A extensão e unidade do território bra-

ao Brasil imperial co das relações entre Brasil e Inglaterra,


haja vista que a primeira dívida exter-
na do Brasil independente, a im de pa-
com os vizinhos. A região Sul foi a de
maior complexidade, em função dos
receios dos vizinhos e da extensa fron-
sileiro também foram conseguidos à
custa da repressão de movimentos in-
ternos separatistas, tais como a Confe-
Açúcar

Algodão
Borracha
30

gar compensações à antiga metrópole, teira em litígio. Acordos internacionais deração do Equador, a Cabanagem, a 10
Couros e pele

Labmundo, 2014
foi contraída junto à coroa britânica. sucederam-se a partir da segunda me- Revolução Farroupilha, República Ju-
GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA, 1864-1870 tade do século XIX, porém também liana e a Inconidência Mineira. Fumo

O Brasil independente contrastava aconteceram conlitos armados que vi- 1830 1850 1870 1890

BOLÍVIA* com o restante da América Latina: era savam a garantir a soberania nacional Na economia, produtos como café, Fonte: Almeida, 2001.

Corumbá
a única monarquia entre as repúblicas sobre o território. Em geral, primou o açúcar, borracha e algodão destina-
Coxim da região. Este fato, somado à unifor- uso pelo governo brasileiro da via di- ram-se à exportação. No caso do café, a
Albuquerque
midade das elites e à estabilidade polí- plomática na solução das controvérsias tecnologia empregada evoluiu vagaro- e 1883, aportaram às terras brasileiras
Forte Coimbra tica e social do Brasil Império, criou no territoriais. samente e ao inal do século novas téc- cerca de 540 mil migrantes, dos quais
imaginário político doméstico da épo- nicas aumentaram a produtividade das 220 mil portugueses, 96 mil italianos,
Miranda ca a crença de um país civilizado em A consolidação das fronteiras seria fazendas e uma nova forma de mão de 70 mil alemães e 15 mil espanhóis.
da
efini meio a repúblicas caudilhescas. Nas re- completada, no começo do século XX, obra passou a ser empregada: o escravo
ão d Nioaque
t e i ra n guerra
Fron poca da lações regionais, sobressaía a rivalidade graças à liderança do Barão do Rio africano foi paulatinamente substituí- O mercado consumidor internacional
àé
com a Argentina e o esforço por man- Branco, antes e durante o seu mandato do pelo migrante europeu. Entre 1819 do café brasileiro se expandia à medi-
Laguna
Dourados ter a região da bacia do Prata de modo da que novos centros urbanos se for-
Rio

PARAGUAI a não ameaçar as fronteiras e os interes- mavam e que ascendiam novas classes
Par

Cerro Corá ses do país, em um sistema regional de FRONTEIRAS BRASILEIRAS NA HISTÓRIA médias nos EUA e na Europa. Na vi-
aguai

balança de poder. Ao longo do século Venezuela 1817 Algumas disputas fronteiriças


rada para o século XX, o café seria o
Inglaterra França
BRASIL XIX, o país buscou manter sua hege- 1859 1904 mais importante produto da pauta
Assunção 1900
monia nessa região. Entre 1821 e 1828, Colômbia Tratado de de exportação e os EUA o seu maior
Itororó 1907
Avaí
manteve a posse territorial da provín- Madrid,1750
Madri, 1750 consumidor.
165 km
cia Cisplatina. Já com o Uruguai inde- Peru
á

Humaitá Tratado de Santo


n

1851
ra

Curupaiti pendente, o Brasil buscou inluenciar a Ildefonso, 1777 Nas vésperas da República, o Brasil ti-
Pa

R io
Tuiutí
vida política do novo país, fruto da ri- Tratado de nha pouco mais de 14 milhões de habi-
Badajóz, 1801
validade com Buenos Aires. tantes, já então bastante miscigenados

494)
Corrientes Fronteiras atuais Fronteiras atuais e no geral de baixa instrução. Essen-

has (1
Riachuelo São Borja As intervenções brasileiras na região e a Conflitos resolvidos cialmente agrícola e rural, tendo como
Principais batalhas expansão econômica do Paraguai alte- único grande centro urbano o Rio

desil
Itaqui Bolívia
Jataí América
América Disputas perdidas
Áreas ainda
raram a balança de poder regional e re- 1867 e 1903 em disputa de Janeiro com 500 mil habitantes, o
Uruguaiana

. To r
ARGENTINA Máxima extensão
sultaram no maior conlito armado da Portuguesa
Por tuguesa Áreas ainda país era pouco integrado econômica e
do controle paraguaio em disputa
durante a guerra história da América do Sul, envolven- territorialmente.
do Brasil, Argentina, Uruguai e Para- I. da Trindade
á

Avanço das tropas Paraguai


ran

paraguaias guai. A Guerra da Tríplice Aliança teve 1872


Rio Pa

250 km Inglaterra
URUGUAI Área litigiosa entre resultados signiicativos para o Brasil, Argentina 1895 VEJA TAMBÉM:
Paraguai e vizinhos
como a consolidação de seu exército e 1895
*as datas indicam o momento Integração na América do Sul p. 86
o aumento da dívida com a Inglater-
Labmundo, 2014

Labmundo, 2014
Morte de S. Lopes em que os dois Estados acordaram
Uruguai
fronteira em comum na região indicada Argentina p. 88
e fim da guerra ra, além de contribuir indiretamente 1851 Governança global p. 108
Fontes: Albuquerque et al., 1977; Goes Filho, 1999; Montevidéu * A Bolívia não para a abolição do regime escravocrata. Cooperação Sul-Sul p. 112
Wehling e Wehling, 2002; Gurnak et al., 2010. participou da guerra As fronteiras dos países também foram Fontes: Goes Filho, 1999; Gurnak et al., 2010; Albuquerque et al., 1977.

FORMAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO, 1808 - 1889


1801 1822 1861
1835 1850 1867-1869 1889- Proclamação
Tratado de Badajoz Independência brasileira Questão Christie 1876
1811 Rev. Farroupilha (fim 1845) Aprovação entre Brasil Brasil e Peru rompem da República
Portugal intervém na Banda Oriental relações D. Pedro II
1807 1843 da Lei Euzébio de Queirós e Grã-Bretanha
1825 é o primeiro monarca
Fuga de Lisboa 1817 Início Guerra Cisplatina (fim em 1828) Abertura do primeiro e da Lei de Terras a visitar os EUA
1863-1865 1871
Consulado do Brasil 1853 1884
1808 Rev. Pernambucana Brasil e Grã-Bretanha Lei do Ventre Livre 1889
Chegada da corte 1827 na China, em Cantão EUA pressionam rompem relações Início
1820 EUA, Argentina e Uruguai
Abertura dos portos Brasil e EUA rompem relações para ter direito da Conferência
Rev. Porto à livre-circulação 1864 reconhecem o novo regime
1821 1844 de Berlim republicano brasileiro
ao rio Amazonas Tropas brasileiras
1809-1814 Anexação da Província Cisplatina Tarifa Alves Branco invadem o Uruguai I Conferencia Internacional
D. João ordena ocupação 1854 1879-1883
1823 1845 Brasil Intervém Americana, em Washington
de Caiena com apoio britânico Guerra do Pacífico,
Presidente dos EUA lança Doutrina Monroe Parlamento no Uruguai Guerra Paraguai entre Peru e Bolívia
1850

1900
1800

1850

1824 britânico 1859


1810 Prússia proíbe 1866 contra o Chile, 1888
Confederação do Equador sanciona o bill
Tratados entre Portugal emigração O rio Amazonas é aberto em que o Brasil Abolição da escravatura
Primeiro empréstimo público externo, junto à City londrina Aberdeen
e Grã-Bretânha de Comércio para o Brasil à navegação internacional permanece neutro
e Navegação e de Aliança e Amizade
D. Pedro I Período Regencial D. Pedro II Deodoro F. Peixoto P. de Moraes C. Sales

1810 1820 1830 1840 1860 1870 1880 1890

16 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 17
FORMAÇÃO DO BRASIL

A República e a RELAÇÕES COMERCIAIS


Comércio brasileiro, entre 1901 e 2010 (em milhões
de dólares)*
O Brasil aceitou o Corolário Roosevelt
e não apoiou a Doutrina Drago anun-
ciada em 1902 pelo governo argentino.
EUA E BRASIL NA INTERVENÇÃO NA REPÚBLICA DOMINICANA
Intervenção na República Dominicana, em 1965
42
.6 0

hegemonia dos
100 000 EUA 0
Essa doutrina airmava que nenhu- Quantidade de
tropas (acima de
ma potência estrangeira deveria po- 150 soldados)
10 000 der utilizar a força contra uma nação
americana a im de lhe obrigar ao pa- Países

Estados Unidos
interventores
1 000
gamento de suas dívidas. A Argentina
era percebida pela elite brasileira como 1 60
1.1
o principal rival no Cone Sul, e as re- Honduras 30
100 lações entre o Brasil e os EUA nesse pelos americanos

184
01 920 930 940 950 960 970 980 990 000 010 Guatemala
19 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 período também serviram para minar a Vargas. Os
* Foi adotada a escala logarítimica
o projeto de construção de uma lide- EUA procura- Nicarágua
O Império do Brasil (1822-1889) man- No começo do século XX, o fortaleci- rança regional da Argentina. Em 1905, ram envolver o Costa Rica
Participação do comércio com os EUA, entre 1901
teve laços de lealdade com as famílias mento das relações Brasil-EUA visava e 2010 (% do total)
Rio de Janeiro e Washington concor- Brasil em seu sis-
reais e as monarquias da Europa, en- a “republicanizar” a PEB. Airmava o 50 daram em elevar à categoria de embai- tema de poder a
quanto assistia com distância crítica Manifesto Republicano de 1870: Nós xada suas respectivas representações im de neutralizar a inluên-
40
ao desenrolar da Doutrina Monroe. somos americanos e queremos ser diplomáticas e os EUA mantiveram o cia alemã. Recorde-se que a Ale-
Brasil
As relações entre Brasil e EUA muda- americanos. Resultado para a PEB: 30 mesmo embaixador no Rio de Janei- manha, em 1930, era responsável por
ram com o advento da República no posições menos favoráveis à Europa e 20
ro (Edwin Morgan) entre 1912 e 1933, 25% das importações brasileiras, ligei-
Brasil, devido não apenas à proximi- aproximação com os EUA e vizinhos fato que contribuiu ainda mais para a ramente acima dos EUA. A coopera-
dade ideológica dos regimes políticos hispânicos. O Acordo de Cooperação 10
aproximação entre os dois países. Em ção também se deu nos campos militar
e à airmação do ideal republicano no Aduaneira, assinado em janeiro de 1891 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1914, o embaixador Cardoso de Olivei- (sobretudo no que diz respeito à mo- Paraguai 500 km
/1 /2 /3 /4 /5 /6 /7 /8 /9 00 1/1
continente americano, mas também com os Estados Unidos, o apoio esta- ra, representante brasileiro no México, dernização dos aeroportos no Nordes-

Labmundo, 2014
90
1
91
1 21 31 41 51 61 71 81 /2 0
1 1 19 19 19 19 19 19 19 991 20
pelos interesses econômicos dos cafei- dunidense – ao lado de ingleses, por- 1 atuou nesse país como mediador dos te do Brasil) e industrial (por exemplo,

Labmundo, 2014
Exportação do Brasil para os EUA Uruguai
cultores ligados à exportação. As rela- tugueses, italianos e franceses – aos Importação dos EUA pelo Brasil interesses norte-americanos. no setor do aço, com o inanciamen-
ções do Brasil com os Estados Unidos militares republicanos sob a liderança Fonte: MIDC, 2008. to da construção da usina de Volta
passariam, ao longo do século XX, a de Floriano Peixoto em 1893 e o Trata- No entanto, a grande depressão de Redonda), muito embora as Forças Ar- Fonte: White, 2013
constituir-se no elemento sistêmico do de Cooperação assinado com a Ar- 1929, a instabilidade na Europa e a in- madas estivessem divididas: Marinha
mais relevante da PEB. gentina em 1896 são exemplos dessa satisfação dos países da América Latina com o Reino Unido e o Exército en-
aproximação. XX pode ser explicado à luz dos em- com a política dos EUA para a região, tre Alemanha e EUA. O “jogo duplo” Juraci Magalhães, primeiro embaixa-
bates entre esses dois posicionamentos. entre outros fatores, levaram a algumas de Vargas entre a Alemanha e os EUA dor nos EUA e depois chanceler, che-
PACTO DO RIO Na transição para o século XX, as rela- Durante os primeiros trinta anos do mudanças na postura dos EUA para a (1935-1941), conhecido como a estraté- gou a a airmar “o que é bom para os
Participação no TIAR, entre 1947 e 2014
ções econômicas e políticas entre e Bra- século XX, o Brasil manteve sua posi- América Latina a partir de 1930. Apesar gia política da equidistância pragmá- EUA é bom para o Brasil”. Em outros
sil e EUA passaram a ser fundamentais ção de país alinhado com os interesses das promessas retóricas de cooperação tica, associou claramente a PEB aos momentos (Política Externa Indepen-
na deinição das prioridades e orienta- dos EUA, procurando tirar benefícios econômica de Franklin D. Roosevelt, desaios do desenvolvimento nacional dente, Pragmatismo Responsável e
ções estratégicas da PEB, provocando, das condições de segurança continen- o conteúdo real da política dos Estados e a colocou, ao inal de 1945, sob nítida Ecumênico), a PEB rompeu com a tra-
inclusive, o desenvolvimento de visões tal garantidas na América Latina pelo Unidos não foi alterado e a liderança área de inluência norte-americana. O dicional continuidade, ousou sair da
1 000 km diferenciadas da diplomacia brasilei- prestígio internacional da nova potên- norte-americana continuou a fundar- equilíbrio entre opção preferencial pe- sombra do hegemon do Norte e pensar
ra. Dois posicionamentos podem ser cia. Foi assim que a autonomia relativa se na Doutrina Monroe. O discurso los EUA e diversiicação das parcerias de modo autônomo e soberano suas
Membros originários considerados marcos interpretativos nos marcos de uma “aliança não escri- da cooperação ajudou, porém, os EUA é considerado uma variável explicativa estratégias de inserção internacional.
Estados que aderiram
ao longo do tempo*
desenvolvidos no seio do Itamaraty so- ta” com os Estados Unidos (expressão a consolidarem sua esfera de inluên- da PEB ao longo do século XX.
Estados que se retiraram** bre as relações Brasil-EUA: o da alian- de Bradford Burns, forjada em 1966) cia hemisférica em um momento-cha-
*Datas de adesão: Nicarágua (1948),
ça com os EUA e o de uma diplomacia e o fortalecimento doméstico da PEB, ve do século XX: a Segunda Guerra Em alguns momentos a PEB pendeu VEJA TAMBÉM:
Equador (1949), Trinidad e
Tobago (1967) e Bahamas (1982).
universalista e diversiicada (comér- sob a liderança do Barão do Rio Bran- Mundial e a ordem da Guerra Fria. O fortemente para a associação ou o ali- Segurança e defesa p. 46
cio com a Europa ocidental e orien- co (1902-1912), garantiram ao Brasil Brasil se manteve neutro no conli- nhamento quase automático com os
Labmundo, 2014

**O México (em 2004), assim como Novas Coalizões p. 106


Bolívia, Equador, Nicarágua e tal, os continentes asiático e africano, bons resultados nas negociações terri- to até 1942, quando se alinhou com EUA (governo Dutra, primeiros anos Governança global p. 108
Venezuela (em 2012) retiraram-se
do tratado. a América Latina e o Oriente Médio). toriais com os países vizinhos na Amé- os Estados Unidos. Esse alinhamen- do regime autoritário, intervenção Cooperação Sul-Sul p. 112
Fontes: Itamaraty, 2013a; OEA, 2014 Muito da PEB republicana do século rica do Sul. to foi facilitado por concessões feitas militar na República Dominicana).

REPÚBLICA OLIGÁRQUICA, 1889 - 1930


1895 1904
1915 1922 1926
Laudo arbitral pelos EUA 1900 Proferido o corolário Roosevelt à Doutrina Monroe 1909
Tratado pacifista Ascensão do fascismo Brasil veta ingresso da
na questão de Palmas Laudo arbitral suíço 1905 Projeto de Pacto ABC,
1891-1894 entre países do ABC de Mussolini na Itália Alemanha na Liga das Nações,
com a Argentina na questão do Amapá entre Argentina, Brasil e Chile
Convênio aduaneiro Troca de embaixadas entre 1916 Missão naval dos EUA Brasil sai da Liga das Nações
com os EUA Tratado de amizade, comércio Brasil e EUA Superando a Grã-Bretanha, Semana de Arte Moderna em nome da “dignidade nacional”
e navegação com o Japão 1912 os EUA se tornam o principal em São Paulo
1902-1912
parceiro comercial do Brasil 1927
1893 O Barão do Rio Branco é Ministro Morte do Barão do Rio Branco
1906 1917 Relatório com
Apoio estrangeiro aos republicanos das Relações Exteriores Nomeação de Edwin Morgan
III Conferência Pan-Americana Brasil entra na primeira Guerra prioridades da PEB
na Revolta da Armada 1902 como Embaixador dos EUA
no Rio de Janeiro Mundial contra a Alemanha na América do Sul
Na Argentina, é proferida no Brasil (até 1933)
1919
1907
1894-1896 a Doutrina Drago Fundação da OIT e da Liga das Nações
Rui Barbosa na 1929
1910

1910

1930
1890

Ocupação britânica 1903 1914 Missão militar francesa


II Conferência de Paz Quebra da
da Ilha da Trindade Tratado de Petrópolis Tratado pacifista com os EUA Brasil na Conferência de Paz
na Haia Bolsa de Nova
com a Bolívia sobre o Acre Brasil na Liga das Nações
I Guerra Mundial York

Deodoro F. Peixoto P. de Moraes C. Sales Rodrigues Alves Afonso Pena N. Peçanha Hermes da Fonseca Venceslau Brás D. Moreira Epitácio Pessoa Artur Bernardes Washington Luís

1895 1900 1905 1915 1920 1925

18 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 19
FORMAÇÃO DO BRASIL

Desenvolvimento POPULAÇÃO BRASILEIRA


Evolução da participação da população urbana,
entre 1940 e 2010 (em %)
o crescimento demográico, acompa-
nhado de uma forte urbanização e de
planos de integração regional.
COOPERAÇÃO EM BUSCA DO DESENVOLVIMENTO
Membros do G77, em 2014

e industrialização
90

80 No Brasil
Nesse período, aprofundou-se o pro-
cesso, que conheceu o auge no inal
70
da década de 1950, de interiorização
dirigida da população brasileira e de
60 aumento da conexão entre as regiões.
Como o Brasil era um país voltado à Fundadores
Fundadores que se
50 exportação, a integração entre suas retiraram
No mundo regiões era frágil. O Plano de Metas
40 optou pela construção de diversas ro- 1000 km
Entre 1930 e 1980 foram deinidas im- principal produto brasileiro de expor- dovias, ligando o território nacional, Fonte: Sítio web do G-77, 2014
30
portantes estratégias econômicas que tação: o café. Getúlio Vargas, salvo no como meio de superar a falta de infra- Movimento dos Não Alinhados em sua fundação
inluenciaram o crescimento econômi- Estado Novo, buscou criar um gover- 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 estrutura em menor tempo e de atrair
co e industrial do Brasil no século XX, no de compromisso que equilibrasse Fontes: ONU, 2013a e IBGE, 2013a. a indústria automobilística para o Bra-
assim como sua inserção internacional. os interesses de diversos grupos políti- sil. Outros gargalos estruturais que fo-
Crescimento populacional, entre 1940 e 2010
Essas cinco décadas também foram cos inluentes no Brasil. Isso permitiu ram foco da intervenção estatal são a
palco de grandes mudanças sociais, de- a concentração do poder (antes mui- 190,8 mi energia e a telecomunicação. Como o
mográicas e políticas, em meio a um to fragmentado entre os entes federa- 150 mi projeto previa o deslocamento do se-
mundo que testemunhou a Segun- tivos) na Presidência, o que viabilizou tor produtivo para o mercado interno,
da Guerra Mundial e a Guerra Fria. A um projeto de industrialização guiada era evidente a necessidade de inancia- Participantes plenos
100 mi
década de 1930 foi muito importan- e protegida pelo Estado nacional. mento internacional para viabilizar a Observadores
te para que os surtos industriais pe- industrialização, acarretando o endivi-

Labmundo, 2014
los quais o Brasil passava se tornassem Antes da década de 1930 já existiam in- 50 mi damento externo. Além disso, esse mo-

Labmundo, 2014
um projeto governamental com efeitos dústrias no Brasil, geralmente vincula- delo de desenvolvimento se mostrou 1000 km

duradouros. 1930 marcou a ascensão à das ao capital excedente da economia 0 incapaz de superar mazelas como a dis- Fonte: Declaração de Belgrado dos Países não Alinhados, 1961
presidência da República de um gover- cafeeira. No entanto, o projeto de in- 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
paridade econômica entre as regiões, a
no menos comprometido com a oli- dustrialização iniciado em 1930 e con- Fonte: ONU, 2013a. desigualdade social, a pobreza e outros
garquia rural, que estava no poder há tinuado, em menor ou maior grau, desequilíbrios. Pelo contrário, o forte a superpotência estadunidense era en- menores (por exemplo, a proposta da
mais de 30 anos. Essa mudança políti- pelos governos sucessores foi crucial e crescimento econômico foi acompa- tendida como meio de garantir retor- NOEI). Devido ao alto endividamen-
ca foi acompanhada dos efeitos da crise icou conhecido como “modelo de in- “tripé econômico”, formado pelo capi- nhado pelo aprofundamento da con- nos difusos em outras áreas. As elites to externo, resultado de um modelo
internacional de 1929, que signiicou a dustrialização por substituição de im- tal público, capital privado domésti- centração de renda. políticas brasileiras não tenderam a de industrialização muito dependen-
retração do mercado consumidor do portações”. Apesar do que o termo co e capital privado internacional, que questionar o pertencimento ao blo- te de liquidez externa, o Brasil enfren-
pode indicar, o objetivo não era a redu- variaram em intensidade e importân- O Brasil entrou mais fortemente na co capitalista, mas também interpreta- tou desequilíbrios macroeconômicos,
ção imediata dos luxos de importação. cia ao longo do tempo. Desse modo, área de inluência dos EUA, juntou- vam o Brasil como um país periférico, o que resultou na exaustão do mode-
EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA Em um primeiro momento, as impor- houve deslocamento do centro dinâ- se ao esforço de guerra dos Aliados e com necessidade de crescimento e de- lo nos moldes pensados em 1930. Con-
% do total do PIB brasileiro, entre 1945 e 1995 tações eram incentivadas, para que a mico da economia brasileira do setor fez parte do bloco ocidental no âmbito senvolvimento. Nesse sentido, algu- sequentemente, a busca de autonomia
capacidade produtiva da economia externo para o doméstico. Enquan- da Guerra Fria. Esse alinhamento foi mas iniciativas brasileiras revelavam na política externa também sofreu um
brasileira fosse aumentada. O plano de to país agroexportador, a maior parte poucas vezes automático ou ideológi- certo grau de autonomia, ao defende- grande revés no inal do século XX.
20 desenvolvimento previa etapas de in- das riquezas, dos empregos e da ren- co, mas buscava barganhar vantagens rem maior equidade e justiça no cená-
dustrialização, abrangendo a indústria da era associados à produção para o econômicas ou políticas. Embora a lo- rio internacional e ao buscarem maior
de base, bem como a de bens duráveis mercado externo. O desenvolvimen- calização geográica restringisse a auto- diversiicação de parceiros, inclusive VEJA TAMBÉM:
15
e não duráveis. Desse modo, a pro- to industrial brasileiro alterou a dinâ- nomia do Brasil, pois a América do Sul no mundo comunista. Esse pragma- Multinacionais brasileiras p. 70
dução nacional iria, progressivamen- mica econômica do país, baseando-se era entendida como área de inluência tismo da diplomacia brasileira era mais Relações Norte-Sul p. 100
Labmundo, 2014

10 te, agregando valor aos seus produtos. a partir de então no mercado consu- dos EUA, a política externa foi usada evidente em momentos em que a capa- Parque industrial p. 30
1950 1960 1970 1980 1990
Fontes: IBGE, 2013a; Sítio web Ipeadata, 2013 e Os investimentos que permitiram a midor interno. Contribuíram para como um instrumento do projeto de cidade econômica interna aumentava Logística p. 32
Bonelli et al., 2013. industrialização foram baseados no isso diversos fatores sociais, entre eles desenvolvimento. A aproximação com e em que as restrições sistêmicas eram

DESENVOLVIMENTISMO E PROJETO NACIONAL, 1930 - 1989


1950 1972
1930 1940 1964 1982
Entrega aos EUA de um memorando que manifestava I Plano Nacional de Desenvolvimento
Revolução de 1930 Código de Minas veta participação Golpe Civil-Militar Guerra das Malvinas
de estrangeiros na mineração e na metalurgia a “frustração do governo brasileiro com a falta de reciprocidade Pragmatismo Responsável Brasil declara moratória
1964
1932-1935 EUA aceita financiar a construção nas relações bilaterais” 1961 1974 1985
1951
Programa de Ação 1978
Guerra do Chaco entre de siderúgica em Volta Redonda Participação Econômica do Governo Proposta da Nova Apoio à criação do
Bolívia e Paraguai Acordo de venda de materiais como observador Ordem Econômica Tratado de Cooperação
1942 Grupo de Contadora
1935 Brasil declara guerra ao Eixo estratégicos para os EUA da Conferência Internacional Amazônica
1965 1986
Acordo de comércio com os EUA 1945 1952- Acordo militar com os EUA do Movimento dos Reconhecimento do
Acordo do MEC com a USAID 1979 Criação do
1936 Fundação da ONU 1953 governo comunista
Não Alinhados Rompimento de relações Acordo Tripartite Grupo do Rio
Acordo de comércio com a Alemanha 1947 Criação da Petrobrás de Pequim
1938
diplomáticas com Cuba (Questão Itaipú-Corpus) Fundação da ZOPACAS
Rompimento das relações e nacionalização do petróleo Política Externa 1975
Acordo de compra diplomáticas com a URSS 1956- Plano de Metas Independente Reconhecimento da independência
1968 1989
1930

1960
1960

1990
de armas da Krupp 1958 de Angola, governada pelo
Assinatura do TIAR 1962 Recusa de assinar o Tratado de Queda do
(Alemanha) Lançada a Movimento Popular pela
1948
Operação Pan- Cuba é suspensa da OEA Não Proliferação Nuclear Muro de
Libertação de Angola
II Guerra Mundial Criação da Cepal Americana Brasil se absteve na votação Berlim
II Plano Nacional do Desenvolvimento
Gov. prov. Vargas Gov. const. Vargas Estado Novo Dutra Vargas Juscelino Kubitschek JK JQ J Goulart Castelo Branco Costa e Silva Médici Geisel Figueiredo José Sarney

1940 1950 1970 1980

20 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 21
FORMAÇÃO DO BRASIL

Globalização A política externa de Collor promo-


veu a aproximação com os EUA (visto
como aliado necessário para as refor-
direitos humanos da ONU) e nas su-
cessivas conferências durante a déca-
da dos 1990. O Brasil passou a insistir
No contexto de crescente interdepen-
dência derivada da globalização e de
grande instabilidade econômica glo-
de ação coletiva a im de garantir os
interesses brasileiros. No âmbito re-
gional, a consolidação do Mercosul

e nova ordem mas econômicas internas) e a adoção


do modelo econômico neoliberal base-
ado na abertura comercial e na inserção
competitiva no mercado internacional
na reforma do Conselho de Segurança
(exigindo um assento permanente) e a
atuar nas operações de paz da ONU.
No âmbito multilateral aprofundou
bal (crises mexicana, asiática e russa,
que afetaram a economia brasileira), o
governo de FHC deu ênfase às refor-
mas liberalizantes por meio da política
com o Protocolo de Ouro Preto (em
1994) e o início do processo de cons-
trução da Comunidade Sul-America-
na de Nações (CASA) contribuíram
(“modernização pela internacionaliza- a integração regional sul-americana, de estabilização macroeconômica, da para promover a liderança brasileira na
ção”). Procurando melhorar sua ima- a im de se contrapor à Área de Livre abertura e liberalização das regras de América do Sul. A lusofonia ganhou
gem e credibilidade (importantes para Comércio das Américas (ALCA). Em comércio, da privatização e responsa- nova dimensão política e multilateral
renegociar a dívida externa), o Bra- 1994, o governo brasileiro implemen- bilidade iscal. Também intensiicou a com a criação da Comunidade de Pa-
sil começou a aderir aos regimes in- tou o Plano Real, visando a aumentar participação brasileira nos foros sobre íses de Língua Portuguesa (CPLP) em
ternacionais, assinando importantes a credibilidade econômica e política, a a nova ordem internacional do Pós- 1996. Como característica dos diversos
O im do regime militar e a consequen- externa (suspensão do pagamento dos declarações e tratados no campo co- controlar as altas taxas de inlação e a Guerra Fria. Nos debates da Terceira governos da redemocratização, a aspi-
te redemocratização do país não impli- juros em 1987, seguida de pressões co- mercial, ambiental (no contexto da melhorar os indicadores, bem como a Via, FHC enfatizou a crença na coope- ração de fazer do Brasil um ator glo-
caram, de início, mudanças profundas merciais dos EUA) e sucessivos progra- Rio-92) e de não proliferação nucle- imagem externa do país. ração e nos mecanismos multilaterais bal foi constante na PEB. Para atingir
na política externa. Manteve-se o foco mas de estabilização macroeconômica ar. Nesse contexto, o Itamaraty perdeu essa meta, o Brasil democrático vem
na promoção do desenvolvimento na- (Plano Cruzado em 1986, Plano Bres- força em proveito da diplomacia presi- tentando equilibrar, com ênfases dis-
cional e o Itamaraty permaneceu como ser em 1987 e Plano Verão em 1989). dencial, que se consolidou com os go- IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES tintas em cada governo, a busca de cre-
formulador central da política externa, No âmbito latino-americano, houve vernos de Fernando Henrique Cardos Evolução do comércio internacional brasileiro por origem e destino, entre 1980 e 2006 (em bilhões de dibilidade internacional e a construção
dólares)
muito embora tenham emergido no- maior aproximação com a vizinha Ar- (FHC) e, depois, com Luiz Inácio Lula de autonomia (mantendo a lexibilida-
vos atores com presença destacada nas gentina (iniciando processo de integra- da Silva. Começaram a ter maior par- Importações 22,7 Exportações
31,6
de, maior liberdade e diversiicação de
agendas internacionais. Preocupado ção que levaria, anos depois, à criação ticipação outros atores, em um primei- 20,9 parceiros) no campo da PEB.
principalmente com o âmbito interno, do Mercosul) e se restabeleceram as ro momento o setor empresarial, mas
o governo Sarney se caracterizou por relações diplomáticas com o Estado também organizações sociais, entida-
uma forte instabilidade econômica, cubano. Desse modo e em compara- des subnacionais, academia, etc. Cres- TOP 10 - INVESTIMENTOS
com alta taxa de inlação (que quadru- ção com as décadas anteriores, tendeu ceu a pressão pela formulação de uma ESTRANGEIROS DIRETOS NO BRASIL
Europa
em milhões de dólares, em 1980 e 1990
plicou entre 1985 e 1988), baixo cres- a ganhar peso relativo a dimensão re- PEB mais plural e, em alguns casos, 3,5 31,0
EUA
América do Sul
cimento econômico, crise da dívida gional da PEB. mais democrática. No âmbito regional, 16,0 Alemanha
Suíça
3,5
a assinatura do Tratado de Assunção, 24,8
Libéria
Ásia Japão
em 1991, levou à constituição do Mer- Kuaite
14,4
COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO cosul, processo de integração regional 1,6 20,8 Itália
França
Europa
Exportação, em 1990 Importação, em 1990 em bilhões de dólares que contribuiu para consolidar a aber- Panamá
Antilhas H.
Ano: 1980
4,1
tura econômica, mas também para que Estados 8,2 5,4 50 250 500
Unidos 7,4 Canadá
seus integrantes (sobretudo o Brasil) Estados
Alemanha
Unidos
10,460 4,731 1,005 ganhassem peso e poder de negociação América
EUA
Japão
Ásia Oriente Ásia
Médio Oriente
Médio
internacional. 2,7 do Sul 3,5 França
Reino Unido

Labmundo, 2014
África África Ásia Luxemburgo

Europa Europa Com o impeachment de Collor, o Liechtenstein


Cayman Ano: 1990
Saldo comercial (em bilhões 2,0 5,8
de dólares) Governo Itamar Franco deu conti- Ilhas Virgens
50 250 500
1,1
EUA -2 0 2 4 6 nuidade à agenda externa de liberali- África 1,1 Fonte: Banco Central do Brasil, 2013
EUA África
Europa
zação econômica, desenvolvimento e 7,8
EUA
Ásia
maior autonomia. Teve dois impor- Oriente
tantes chancelares (FHC em 1992-1993 Médio VEJA TAMBÉM:
África
e Celso Amorim em 1993-1994), que
Labmundo,2014

América do Sul 3,1


América Oriente 1,0 Ameaças globais e transnacionais p. 48
América Oriente Médio buscaram participar na deinição de

Labmundo,2014
do Sul Médio
do Sul 2000 Diplomacia presidencial p. 62
1000 km
déficit superávit regimes internacionais (por exemplo Integração regional p. 82
1980 1990 2000 2006
Fonte: MDIC, 2008 a agenda de desenvolvimento ou de 1980 1990 2006
Relações Norte-Sul p. 100
Fonte: MDIC, 2008

GLOBALIZAÇÃO E INSERÇÃO INTERNACIONAL, 1990 - 2003


1994
1990
Reunificação alemã Formação do NAFTA
1997
Fim do apartheid na África do Sul I Cúpula das Américas 2001
Crise Financeira asiática
Ratificação pelo Brasil da Convenção Protocolo de Ouro Preto Atentados terroristas aos EUA
Lançamento do Plano Real Aprovado protocolo de Quioto
Internacional sobre os Direitos da Início da Rodada Doha da OMC
Criança de 1989 1995 I Fórum Social Mundial, em Porto Alegre
Com 1.300 homens, o Brasil participa 1998
1991
de Missão de Paz em Angola Implementação do Tribunal
Dissolução 1992
Ratificação da Conv. Interamericana Penal Internacional 2002
da União Soviética Adesão à Convenção Interamericana
I Cúpula para erradicar a Violência Contra a Mulher Adesão ao Tratado de Inicia a circulação do Euro
sobre Direitos Humanos de 1969 Não Proliferação Nuclear Formação da Organização do Tratado
Ibero-Americana Brasil contribui para que Peru e Equador
Eco-92, no Rio de Janeiro de Cooperação Amazônica
Tratado de Assunção assinem Declaração de Paz do Itamaraty 1999
Ratificação da Pacto Internacional
1990

1997

Formação do G20 financeiro Brasil assina Protocolo de Quioto


de Direitos Civis e Políticos 1996
1997

2004
e de Direitos Econômicos, I Cúpula dos Países Inauguração do primeiro trecho
Sociais e Culturais de 1966 de Língua Portuguesa do gasoduto Brasil-Bolívia
Fim da paridade do Real com o Dólar
Fernando Collor Itamar Franco Fernando Henrique Cardoso
F H Cardoso Fernando Henrique Cardoso Lula da Silva
1992 1995
1999 2002

22 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 23
FORMAÇÃO DO BRASIL

Diversidade signiicativo, em especial em compara-


ção com outros países da América do
Sul e Europa, a história da migração
africanos explica parte das diferenças
culturais presentes no país ainda hoje.
Em sua maioria, os grupos que vinham
unidade cultural (oriundos no geral da
região de Angola) e guardavam maior
diferença em relação aos grupos chega-
MIGRANTES PARA O BRASIL
Europeus e asiáticos vindos entre 1819 e 1939
Nacionalidade 1819-1883 1884-1940

cultural e para o Brasil é fundamental para com-


preender seu atual panorama social e
as dinâmicas internacionais em que o
país está inserido.
ao Rio e ao Recife possuíam maior

ESCRAVOS PARA O BRASIL


dos a Salvador. Estas distinções resul-
taram em particularidades na herança
religiosa e linguística que marcam o
Brasil atual.
Italianos
Portugueses

pluralismo étnico
Espanhóis
Quantidade de escravos por destino,
entre 1500 e 1850 Japoneses
Os indígenas foram escravizados no Esse processo histórico tem efeitos na
Alemanha
início da ocupação portuguesa, tendo diplomacia brasileira contemporânea.
Russos
sido logo substituídos pelos escravos Total mundial O governo Lula declarou que a socie-
africanos. A escravidão de africanos dade brasileira tem uma dívida his- Áustriacos
para as plantations brasileiras foi um tórica com a África, o que justiicaria Turcos
A sociedade brasileira foi formada a à chegada dos primeiros europeus) se dos luxos migratórios forçados mais medidas como o perdão de dívidas, o Poloneses
partir do encontro das várias popula- somaram grupos vindos da Europa, relevantes da história. O comércio apoio a projetos de cooperação para o Franceses
ções originárias e daquelas que vieram África e Ásia, e isso ao longo de qui- de escravos se aproveitava de luxos desenvolvimento e o estabelecimen- Ingleses
posteriormente se estabelecer neste ter- nhentos anos em uma dinâmica ain- já existentes no continente africano e to de uma universidade no Brasil para Iugoslavos
ritório. Aos indígenas (habitantes ori- da em operação. Apesar de atualmente foi explorado também por brasileiros. contribuir com a formação de jovens Sírios
ginários, estimados em alguns milhões o luxo imigratório brasileiro não ser A diversidade de origens dos cativos africanos, a Universidade da Integra-
Suíços
ção Internacional da Lusofonia Afro-
-Brasileira (Unilab). O im do tráico Quantidade de indivíduos
1.000.000
TRÁFICO NEGREIRO negreiro e a paulatina supressão da es-
Rotas usadas pelos traficantes, séc. XV-XIX Brasil
cravidão alteraram o peril da mão-de-

Labmundo, 2014
-obra no Brasil. Do inal do século XIX 100.000
50.000
do Golfo da ao início do século XX, migraram cen- 10.000
Cultura do café
Belém
Guiné tenas de asiáticos e europeus, muitos Fonte: Alvim, 1998.
em busca de trabalho em plantações
bia de café. Estima-se em 4,3 milhões o
Cultura do açúcar gâm
São Luís ene
Fortaleza Natal da S número de europeus emigrados para o transatlântica entre culturas. Descen-
Principais zonas
Recife Brasil entre os anos de 1815 e 1930. dentes e migrantes podem desenvolver
de revoltas Sudeste laços com seus países de origem, parti-
co
cis (Rio e São Paulo)
Salvador
Salvador
A assimilação de grupos tão diversos, cipar de ações coletivas locais e manter
n

iné
do Golfo da Gu
Fra

não sem conlitos, contribuiu para a vínculos com suas famílias e comuni-
.
R. S

Povoamento de escravos
africanos (até 1850)
formação cultural do Brasil e da iden- dades (via remessas, entre outros).

de
Be
Porto tidade nacional. A coniguração atual

ng
Belo Seguro

ue
Horizonte da sociedade resultante desses luxos Após essa breve introdução histórica,

la
de
Rotas do comércio negreiro Ca 1550 1650 1750 1850
Vitória bin
da 100.00 inluencia o processo de internacio- nos capítulos seguintes serão trabalha-
séc. XV ao XVII São Paulo nalização do país. O Brasil é a maior dos temas contemporâneos da inser-
Rio de
Janeiro de
colônia de descendentes de japoneses ção internacional do país, seus atores e
Lu
ao séc. XVIII and
a 75.000 fora do Japão, uma das maiores de li- agendas mais relevantes.
Mortos
na travessia
baneses fora do Líbano e de impor-

Embarcados
de
tância equivalente para portugueses,
de

Lu
ao séc. XIX an
Za

da- 50.000
espanhóis e sírios. A embaixada italia-
nz

ba
Porto Alegre B eng VEJA TAMBÉM:
i

r uel
a
na calculou em 30 milhões o número População e diversidade p. 42
Labmundo, 2014

500 km
25.000 Desembarcados de descendentes de italianos no Brasil Organizações e movimentos sociais p. 72
em 2013. Em discursos diplomáticos,

Labmundo, 2014
Atores religiosos p. 74
apresenta-se o país como a maior na- Redes sociais e integração regional p. 96
Fonte: King et al., 2010 ção negra fora da África e uma ponte
Fonte: Eltis et al., 1998.

POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA NO SÉCULO XXI


2003 2006 2009 2012
EUA invadem Iraque Início do escândalo Wikileaks China se torna o principal Conferência da ONU Rio +20
Fórum de Diálogo IBAS Bolívia nacionaliza atividades e petróleo e gás parceiro comercial brasileiro 2015
Criação da Aliança do Pacifico
Criação do G-20 na OMC Primeira Cúpula África-América do Sul Primeira Cúpula BRIC Balanço dos ODM na ONU
2013
2004
Escândalo NSA
Brasil participa de intervenção 2007 2010
Agravamento da crise síria
militar da ONU no Haiti XV Jogos Pan-Americanos no Rio Brasil e Turquia
Jornada Mundial da Juventude
Brasil reconhece China propõem acordo Senador boliviano asilado na embaixada
2008
como economia de mercado para a questão brasileira em La Paz foge para o Brasil
Crise Financeira Internacional 2016
Lançamento da Comunidade nuclear iraniana
Criação da Unasul 2014 Jogos Olímpicos
Sul-Americana de Nações Brasil vence disputa
Lançamento programa Bolsa Família Copa do Mundo FIFA no Rio de Janeiro
na OMC contra
2003

2011

Criação do Banco dos BRICS


2011

2019
2005
subsídios ao algodão
Criação da Cúpula América do Sul-Países Árabes Anúncio da criação do FOCAL
pelos EUA
Criação do Parlasul Crise argentina com “fundos abutres”
Início do escândalo do mensalão Crise na Ucrânia
Luiz Inácio Lula da Silva Luiz Inácio Lula da Silva Dilma Rousseff Dilma Rousseff

2007 2015

24 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 25
Capítulo 2:

BRASIL,
POTÊNCIA
EMERGENTE?

Enara Echart Muñoz


No início dos anos 2000, volta-se a discutir a percepção que existia entre
brasileiros e estrangeiros já na década de 1970: a de que o Brasil é uma
potência. As denominações quanto à tipologia e ao conceito de potência
variaram entre potência média, regional, emergente ou em desenvolvi-
mento, mas sempre esteve presente a percepção de que o país igura entre
os mais importantes do tabuleiro de xadrez mundial. Essa imagem que o
Brasil tem de si e que outros têm dele fundamenta-se em fatores variados:
a) de natureza econômica, tais como o aumento do PIB absoluto em rela-
ção a outros países de renda média (Argentina, México, etc.) e países
industrializados (Reino Unido e França); b) de fundamento político, visí-
vel na existência de políticas públicas domésticas que servem de modelo
internacionalmente (redução da pobreza, meio ambiente, não prolifera-
ção nuclear e recuperação inanceira); c) de origem material, por ser um
grande território rico em reservas minerais, água e biodiversidade; e d) de
cunho social e cultural (riqueza, tamanho e miscigenação de sua popula-
ção, organização de sua sociedade civil, mercado consumidor interno,
cultura musical e de ritmos variados, etc.). Entretanto, o Brasil apresenta
características que diicultam sua inserção internacional e a percepção
pelos outros países como uma potência. Taxas elevadas de analfabetismo,
mortalidade infantil, desigualdade social, disparidade econômica entre as
Enara Echart Muñoz

regiões, alto índice de descrédito da população em seus representantes


políticos, falta de infraestrutura e capacidade logística, conlitos agrários,
desmatamento, tráico de armas e de entorpecentes, prostituição infantil...
BRASIL, POTÊNCIA EMERGENTE?

Agronegócio: produtividade por hectare e, além dis-


so, tem disponível um grande con-
tingente de terras aráveis ainda não
O agronegócio brasileiro apresenta,
porém, desaios equivalentes a suas po-
tencialidades: reforma agrária, desma-
AGRONEGÓCIO
Valor da produção agropecuária, em 2006

celeiro do mundo? exploradas. Esses dois dados, associa-


dos a políticas governamentais de in-
centivo ao setor (apoio à pesquisa,
abertura de novos mercados, etc.), dei-
tamento, logística, apoio à agricultura
familiar, êxodo rural e inanciamento
da produção são exemplos de desaios
relevantes que contribuíram para que
xam vislumbrar grande potencial para o setor fosse tema prioritário nas últi-
o agronegócio no Brasil. mas eleições presidenciais.

De 1976 a 2010 a produtividade brasi- O agronegócio tem sido parte relevan-


leira cresceu 2,5 vezes, permitindo que te do conjunto das exportações bra-
a produção aumentasse 213% em uma sileiras, beneiciado pela demanda
O agronegócio é constituído de in- EUA e União Europeia). A busca por área plantada de grãos e oleaginosas crescente de commodities pela China.
dústria e comércio no setor rural, pe- conhecimento especializado (com des- somente 27% maior. Algumas estima- Apesar de apresentar produção agríco-
cuária, pesca e agricultura, tudo isso taque para a ação da Embrapa) fez o tivas propõem que as exportações do la diversiicada, cada vez mais o setor
associado à produção de conhecimen- Brasil superar a ideia de que o clima setor em 2014 tenham superado os 100 se especializa na soja, e isso principal-
to e geração de tecnologias aplica- temperado seria o mais adequado para bilhões de dólares e que seu crescimen- mente em função do mercado chinês.
das. Historicamente, é um dos setores a produção de alimentos e colocou um to entre os anos de 2005 e 2014 possa
mais dinâmicos da economia brasilei- país essencialmente tropical entre os ter sido de 34%. A China é destino de parte conside- Alto

ra, representando em torno de um ter- grandes produtores mundiais. É inegá- rável da produção agrícola brasileira.
ço de seu produto interno bruto. O vel a importância do setor para o bom Alguns analistas debatem uma possí-
Brasil é um dos principais exportado- desempenho da balança comercial bra- MERCADO MUNDIAL DE ALIMENTOS vel sinodependência e os impactos no
Posição brasileira na exportação e na produção,
res de vários produtos, como soja, ce- sileira e para a expansão de suas reser- em 2010
Brasil de uma eventual crise econômi-
1° 2° 3° 4°
reais, frutas e carne. A força do setor vas em moeda estrangeira. ca chinesa. Pesquisas recentes que ten-
ica evidente se comparada com os tra- Açúcar tam antecipar perspectivas futuras de
dicionais grandes exportadores de ali- O país apresenta crescimento contí- Café
consumo de alimentos na China cons- Baixo 300 km

mentos (Canadá, Argentina, Austrália, nuo e de longo prazo de suas taxas de tataram que o padrão alimentar de sua

Labmundo, 2014
Suco de
laranja população apresentaria tendência mais
estável quando comparado ao mode-
CELEIRO MUNDIAL Soja*
lo chinês de desenvolvimento econô- Fonte: IBGE, 2010a.
Participação brasileira na produção mundial de alimentos, entre 2010 e 2021 Carne mico. O país deve expandir a demanda
bovina
por produtos em cuja produção o Bra-
Tabaco** sil tem avançado, como é o caso do mi- Recentemente, o governo brasileiro todas as terras cultiváveis. No caso do
Cana-de-açúcar lho, da soja e das carnes bovina, suína adicionou o novo desaio de expor- Brasil, levando em consideração os de-
Safra 2014/15*

Safra 2020/21*

Etanol** e de frango. tar o modelo agropecuário brasileiro saios mencionados, o país poderá rea-
Safra 2010/11
49%
47%

para outros países, com destaque para lizar o epíteto criado na Era Vargas de
44%

Aves
O setor é estratégico para o país, mui- Moçambique nos projetos conheci- “celeiro do mundo” e contribuir para
33%
31%
32%

30%
30%
28%

Milho
to embora ainda deva conirmar sua dos como Pró-Savana e Pró-Alimentos. abastecer de alimentos uma popula-
Carne
capacidade de expansão com baixos Além disso, o setor possui investimen- ção mundial estimada em 9 bilhões em
11%
12%

11%
12%
10%

10%

*projeção suína
impactos sociais e ambientais e, ao tos em vários países vizinhos com pa- 2050, com maior renda e com padrões
Labmundo, 2014

Labmundo, 2014
Carne Soja Grão Carne Bovina Carne Suína Milho
Na exportação *dados preliminares mesmo tempo, ser capaz de enfrentar pel relevante na produção de grãos e de consumo mais elevados que os atu-
de Frango Na produção **posição em 2009 a resistência à abertura de novos mer- gado, em especial no Paraguai e Bo- ais. Segundo previsões da FAO publi-
Fonte: MAPA, 2011. Fonte: MAPA, 2010. cados, em especial da União Europeia lívia. Também nestes países, o setor é cadas em 2014, até meados do século
e dos EUA. acusado de criação de latifúndios e de XXI, a produção de grãos precisará au-
grilagem de terras. A presença do mo- mentar pela metade e a de carne, do-
MERCADOS DO AGRONEGÓCIO delo agroexportador brasileiro em pa- brar. Tais metas são ambiciosas em um
Destino das exportações do agronegócio brasileiro, em 2011 COMPLEXO SOJA íses em cooperação com o Brasil com mundo com limitações para expandir
Dados entre 1983 e 2012 estímulo do governo federal tem fei- suas terras aráveis, resolver o proble-
UE Rússia
to com que várias entidades da socie- ma de abastecimento de água, enfren-
Japão Produção (mil toneladas) dade civil apontem a exportação das tar a crise ecológica e garantir o direito
Coreia do Sul EUA x4,6 contradições e falhas do modelo bra- à alimentação. Nesse cenário, o Brasil
Irã 66.383
China
Argélia sileiro para países com quadro ainda apresenta potencial importante para
Taiwan
Hong Kong
Egito EAU 14.533 mais grave de concentração de terra e responder aos desaios colocados à co-
Arábia
Saudita importância da agricultura familiar. munidade internacional, podendo re-
Tailândia Venezuela forçar ainda mais sua importância no
Área plantada (mil ha) x3
Malásia Apesar de não existir uma real inte- mercado internacional de alimentos.
8.412
Indonésia
25.042 gração entre as cadeias produtivas do
agronegócio da região, a América Lati-
na já é considerada a maior exportado- VEJA TAMBÉM:
Produtividade (kg/ha)
* Valores em bilhões de dólares. Paraguai
x1,5 ra (em termos líquidos) de alimentos Logística p. 32
Somente representadas vendas 1.728
do mundo. Segundo relatório do BID
Labmundo, 2014

Labmundo, 2014
Total das
totais acima de 1 bilhão de dólares. exportações 98,9 256,0 Multinacionais brasileiras p. 70
2.651
Valores para a União Europeia Argentina
brasileiras
de 2014, a região fornece cerca de 11% Organizações e movimentos sociais p. 72
apresentados consolidados. Participação do
20 10 5 1 agronegócio 1983/84 1999/00 2011/12 do valor da produção mundial de ali- Energia e infraestrutura p. 92
Fonte: Instituto de Economia Agrícola, 2012 1000 km Fonte: CONAB, 2014. mentos, mas possui cerca de 24% de

28 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 29
BRASIL, POTÊNCIA EMERGENTE?

Parque industriais no total do comércio exte-


rior, mas poderia ser classiicado como
desindustrialização? Não existe con-
CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL
Distribuição da indústria por tipo e por unidade federativa, em 2013
Au Q
Be
ns Be Tê De

industrial
Eq xt m
Al to Co u fa uím nã bi il e In ai
si
m M rm ic o da
senso sobre o tema na academia, mas im
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am ac a e
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et s e
ca
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Ce
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M
ov nd
ús O mapa representa a quantidade total de indústrias
ur en ál fu át el
caso o conceito de desindustrialização tíc
ia
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a
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gi
a
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tic
a
ico
s
m
o
do
s
os
e ica
ei
ra
tri
as por unidade federativa, em bilhões de Reais.

seja entendido como perda de partici- DF


pação da indústria na economia de um

R. Centro-oeste
MS
país, os anos 1970 do “Milagre Brasi-
leiro” também apresentaram essa ca- MT
racterística, segundo dados do Banco
Mundial. Por outro lado, nas décadas GO

de 1980 e de 1990, que foram palco de


diversas crises e de retração na econo- PA
O desenvolvimento por meio da in- que seriam importantes para facilitar o mia nacional, a produção industrial

R. Norte
AM
dustrialização sempre foi um dos crescimento de suas vendas internacio- aumentou sua participação no total do
maiores objetivos dos governantes bra- nais. Todavia, há políticos e membros PIB. Outros
sileiros desde os anos 1930. O governo da academia que argumentam que
brasileiro promoveu uma série de po- o setor industrial, apesar de publica-
PARTICIPAÇÃO DA INDÚSTRIA SE
líticas desenvolvimentistas, investin- mente demandar medidas de orienta-
NAS ECONOMIAS NACIONAIS 600km

R. Nordeste
do em infraestrutura e em tecnologia. ção liberal para o governo, também se Ao longo da década, entre 1970 e 2010 (em %)
PE
Também ofereceu incentivos iscais a beneiciaria de certa proteção do Esta- -10 0 10 BA
indústrias que se instalassem em terri- do (via política cambial, tarifária, con- Sem dados
disponíveis
tório nacional e garantiu tarifas alfan- cessão de linhas de crédito especiais ou de 1970 a 1979 Perda Ganho
Outros
degárias com o objetivo de proteger por meio de compras governamentais). R$ 50 bilhões
R$ 25 bilhões
a indústria nascente. Foi nesse pro- Esse modelo permitiu que o Brasil ti- SC R$10 bilhões
R$ 1 bilhão
cesso de desenvolvimento por subs- vesse grande avanço em seu parque

R. Sul
PR
tituição de importações que o Brasil industrial, despontando entre os exis-
conheceu um forte crescimento indus- tentes na América Latina e em outros RS
trial na segunda metade do século XX. países periféricos, muito embora tam- * Somente os valores acima de 0,01 bilhão R$
Uma das características desse proces- bém tenha contribuído ao surgimento ES são representados.

so é a participação central do Estado de um peril de capitalismo relativa- R$ 50 bilhões

R. Sudeste
RJ R$ 25 bilhões
na economia, traçando as estratégias mente avesso a riscos sem a proteção 1000 km R$10 bilhões
e prioridades, assim como fornecendo do Estado. MG R$ 1 bilhão

Labmundo, 2014
linhas de crédito. de 1980 a 1989

À medida que o preço internacional SP


O modelo de desenvolvimento basea- das commodities aumentou no início
do no tripé econômico (investimento dos anos 2000, intensiicou-se a ex- Fonte: IBGE, 2013a
público, privado nacional e privado es- portação de produtos agrícolas. Com
trangeiro) gerou uma correlação entre isso emergiu o temor por parte de al-
o crescimento industrial e o aumen- guns economistas e responsáveis polí- Apesar do receio econômico e político exemplo, a produção de aviões pela Como a maior parte dos investimen-
to dos gastos do governo. Os repre- ticos de que se iniciasse um processo de uma possível desindustrialização, a Embraer. Grande parte das indústrias tos tem participação estatal, defendem
sentantes políticos do setor industrial de especialização regressiva das expor- perda de participação da indústria no brasileiras são montadoras, importan- que os recursos (que são escassos) de-
costumam ir a público para demandar tações brasileiras. Esse fenômeno indi- 1000 km total do PIB é uma tendência verii- do as peças de maior tecnologia ao in- veriam ser concentrados em nichos
acordos de livre comércio, justiicando ca a diminuição relativa dos produtos de 1990 a 1999
cada em diversos países das Américas, vés de desenvolver essa tecnologia em industriais mais competitivos, prete-
da África e da Europa. A exceção a essa território nacional. Por esse motivo, rindo algumas áreas menos eicientes.
tendência, além da China, são alguns embora não seja consenso, há uma
INDUSTRIALIZAÇÃO NO MUNDO países africanos e asiáticos, que inicia- crescente demanda por parte dos eco- A produção industrial brasileira é con-
Evolução do valor bruto agregado, entre 2001 e 2011 (em trilhões de dólares, preços correntes)
ram o seu processo de industrialização nomistas de planos que promovam a centrada em regiões mais dinâmi-
Labmundo, 2014

Brasil ( ) em relação os países ricos e China Brasil ( ) em relação aos países emergentes
recentemente. Em termos absolutos, especialização do parque industrial e, cas do território nacional, agravando
ica evidente que o Brasil continua au- em alguns casos, de exigência de com- as disparidades econômicas espaciais.
3 China mentando sua capacidade industrial. ponente nacional na cadeia produtiva. Apesar de alguns esforços do governo
0,5
Índia
O valor agregado da sua indústria é su- federal e de alguns estados, a indústria
EUA
2,5
Rússia
perior à maioria dos países emergentes se concentra nas regiões Sul e Sudes-
0,4 1000 km e também comparável a países euro- PERDA DE PARTICIPAÇÃO INDUSTRIAL te, devido à proximidade do mercado
2 México de 2000 a 2010 peus. Alguns setores se destacam nessa Evolução da participação da indústria no PIB, consumidor de maior poder aquisitivo
entre 1975 e 2010
0,3 produção, como a indústria de máqui- (inclusive do Mercosul) e à existência
1,5 nas e equipamentos elétricos, a farma- de infraestrutura de melhor qualidade.
cêutica e a automobilística. 20%
0,2 Turquia
1 Alemanha
Argentina A desvantagem da produção industrial VEJA TAMBÉM:
R. Unido 15%
brasileira tem sido o pouco desenvol- Logística p. 32
Labmundo, 2014

Labmundo, 2014
Áf. do Sul
vimento de produtos que demandem Multinacionais brasileiras p. 70
França 0 produção de ponta. Apenas 10% do 10% Energia e infraestrutura p. 92
2001 2006 2011 2001 2006 2011 1000 km valor agregado industrial é relativo a 1980 1990 2000
Fontes: IBGE, 2013a; Sítio web do Ipeadata, 2013;
2010
Relações Norte-Sul p. 100
Fonte: Sítio web da base de dados do Banco Mundial, 2013 Fonte: Sítio web da base de dados do Banco Mundial, 2013 componentes de alta tecnologia, por Bonelli et al., 2013.

30 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 31
BRASIL, POTÊNCIA EMERGENTE?

Logística e TRANSPORTES NO BRASIL


Rodovias, em 2013
RODOVIAS
Total
(em mil km)
Pavimentadas, em 2010
(% do total)
USUÁRIOS DE INTERNET NO MUNDO
Em porcentagem da população, em 2012

desaios ao
6545 EUA

Reino
420 Unido

desenvolvimento
1028 França

137 Egito
Rodovias
0 25 50 75 100
Rodovias 367 Turquia

Labmundo, 2014
privatizadas

199 Irã Sem dados


disponíveis
300 km 1000 km
Um país que busca projeção interna- aos interesses estrangeiros, a organiza- 826 Austrália
Fonte: Sítio web da base de dados do Banco Mundial, 2014
cional deve ter capacidades materiais ção espacial do território que veio a ser Fontes: Ministério dos Transportes, 2014; ANTT, 2012
e, também, saber usá-las racionalmen- do Brasil era muito semelhante a um 372 México

Labmundo, 2014
te. Por exemplo, a produção de miné- arquipélago econômico: as regiões do Ferrovias, em 2013 substanciais para ampliar a sua malha A opção rodoviária foi acompanhada
rios ou de bens manufaturados é um território pouco se comunicavam en- 78 Chile de transporte (não apenas a rodoviária) de um progressivo abandono de ou-
indicador importante para a economia tre si, pois a relação política e econômi- e melhorar a qualidade da mesma. tros meios de transporte, aspecto que
1851 Brasil
de um Estado, mas a capacidade de es- ca mais importante era com a Europa. demonstrou sinais de reversão somen-
0 20 40 60 80 100
coar essa produção (para a exportação Com isso, os nichos dinâmicos da eco- Fonte: Sítio web da base de dados do Banco Mundial, 2014 Outra consequência negativa da op- te a partir do inal do século XX, graças
ou para o mercado interno) repercute nomia se ligavam ao litoral, para escoar ção rodoviária é o alto custo necessário aos investimentos em hidrovias e fer-
diretamente na competitividade e na a produção, mas permaneciam desarti- para a manutenção das estradas. Estas, rovias. A maior parte dos investimen-
qualidade dos serviços. Uma infraes- culados. Essa lógica de inserção na eco- protecionistas, a garantia de um mer- comparadas com as ferrovias, têm cus- tos em logística é feita pelo Estado ou
trutura de transportes, telecomunica- nomia mundial não foi subitamente cado consumidor para veículos auto- to e tempo de construção menor, mas em parcerias público-privadas. Tam-
ções (telefonia e internet) e de energia, alterada, mesmo com a independência, motores atraiu as multinacionais do necessitam de investimentos constan- bém merece destaque a política go-
por exemplo, pode trazer maior facili- o que contribuiu para perpetuação das setor automobilístico, que instalaram tes e robustos para a sua manutenção, vernamental de concessão de estradas
dade de gerir a burocracia estatal, criar heranças dessa organização física das indústrias montadoras no Brasil. uma vez que o asfalto se deprecia mais para a iniciativa privada, muito pre-
condições para novos empreendimen- estradas e portos que favorecia quase rapidamente. Todos esses fatores so- sente nos anos 1990 e 2000. Essa po-
tos econômicos, promover a integra- que exclusivamente a exportação de 300 km
O projeto original visava a conectar vá- mados constituem as principais cau- lítica é muitas vezes contestada, pois o
ção regional e garantir o controle de bens primários. Fonte: Ministério dos Transportes, 2014 rias regiões do Brasil por meio de ro- sas do que se convencionou chamar investimento privado em logística não
todas as regiões do território nacional. dovias que cruzassem o país em vários de “custo Brasil”. Esse fenômeno diz parece acompanhar as necessidades do
No caso do Brasil, devido às dimen- No início do século XX, a ferrovia era Aeroportos, em 2013 (em milhões de passageiros) sentidos e ligassem as diversas regiões respeito aos altos gastos com transpor- Brasil. Quase a totalidade das ferro-
sões continentais de seu território e ao muito importante nesse processo de à nova capital, Brasília. Apesar desse te intrínsecos à produção e escoamen- vias, por exemplo, estão concedidas à
déicit histórico de investimento, a in- integração. Embora concentrada no plano, muitas dessas estradas estão em to no Brasil. Os investidores no país iniciativa privada, mas ainda assim os
fraestrutura ainda é um desaio. litoral e no Sul do território, a malha estado precário ou ainda não foram têm que lidar com serviços de trans- seus usuários reclamam da ineiciência
ferroviária representava um signiica- construídas. O investimento mais ro- porte lentos, pouco eicientes e caros. e da falta de investimento.
Até o inal do século XIX, persistia o tivo meio de deslocamento de pesso- busto continuou sendo na região mais Como a manutenção das estradas nem
modelo econômico que fora imposto as e de produtos. Ao longo da história dinâmica economicamente: o centro- sempre é feita do modo mais adequa- O déicit em investimento no Brasil
ao Brasil pela metrópole, baseado na brasileira, a ferrovia perdeu importân- sul do país. Os meios de transporte do, não é raro que ocorram aciden- também existe no âmbito tecnológi-
exportação de bens primários, neces- cia se comparada com outros meios de nessa região são superiores em qualida- tes e quebra de veículos, o que agrava co. Serviços como telefonia e internet
21,2
sários e complementares para o desen- transporte (aéreo e portuário). Essa re- 13,2 de e em quantidade, sobretudo quan- ainda mais os custos e atrasa a entre- são bastante caros, ineicientes e, por-
volvimento das potências europeias. dução do peso da ferrovia foi causada 1,4 do comparados com as demais regiões ga dos bens. Além disso, o Brasil tor- tanto, objeto recorrente de reclamação
Nesse modelo, os países europeus im- por uma decisão do governo brasilei- brasileiras. Também no centro-sul é na-se muito dependente do óleo diesel dos consumidores. Em uma econo-
pediam a industrialização da colônia, ro (incentivado por outros atores in- mais frequente a quantidade de con- importado, um dos combustíveis mais mia globalizada, esses tipos de serviço
de modo a criar um mercado consu- ternacionais) de priorizar a rodovia. 300 km
cessões de rodovias à iniciativa privada. usados para o transporte de cargas no são essenciais para as redes e cadeias de
midor para os seus produtos. Cabia O processo de interiorização dirigida Fonte: Sítio web da Infraero, 2012 O Brasil ainda carece de investimentos país. A necessidade da importação des- produção, mas também para o suces-
às colônias, por sua vez, exportar seus pelo Estado teve seu começo com Ge- se combustível se deve à falta de ca- so de diversas atividades econômicas.
produtos primários. Como resultado túlio Vargas, na década de 1930, mas Portos, em 2013 (valor da carga transportada, pacidade das reinarias nacionais em Apesar dos altos custos e da baixa qua-
dessa economia colonial subordinada teve seu ápice na década de 1950, com em bilhões de dólares) INVESTIMENTOS EM TRANSPORTE produzir óleo diesel em grande quan- lidade desses serviços, alguns nichos
o Plano de Metas no governo de Jus- Entre 2011 e 2014, em bilhões de reais tidade, a partir do petróleo produzido brasileiros continuam a se destacar. Os
celino Kubitschek. Havia o entendi- 50 no Brasil. Ademais não se trata de fon- usuários de telefonia móvel e de inter-
TRANSPORTE DE CARGAS NO BRASIL mento de que era necessário aumentar te energérica limpa, embora seja esti- net crescem em um ritmo bastante ace-
Distribuição por meio de transporte, em 2013
60% massivamente a rede de transporte em 40 mulada a utilização do biodíesel. lerado, o que faz com que o Brasil seja
um curto período de tempo. Em com- um dos maiores mercados consumido-
50%
paração com a ferrovia, o modelo ro- 30 res de serviços de telecomunicação e
40% doviário poderia cumprir o objetivo de PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA compras na internet.
ligar as regiões brasileiras entre si em 20 Rodovias, em 2013 Ferrovias, em 2013
30%
pouco tempo, propiciando uma in- 63,8
23,9
20%
dustrialização rápida, para atingir os 3,8
10 VEJA TAMBÉM:
10% níveis industriais dos países europeus. Privatizadas
14.786 km
Privatizadas
28.692 km Multinacionais brasileiras p. 70
Portos que
Labmundo, 2014

Labmundo, 2014

Labmundo, 2014
Nesse sentido, a opção pelo mode-
Labmundo, 2014

transportam Projetos de integração p. 82

as
as

s
a

to

to

i
vi

lo rodoviário também passou por um


vi

ov
r

menos de 1 bi.
or
do

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Po
rio

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o
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Energia e infraestrutura p. 92
p
re

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Ro

Fe

ro

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Total

Total
vi

vi

vi

vi

cálculo que buscava industrializar o


Ae
do

ro

ua

to

300 km
1.584.402 km Relações Norte-Sul p. 100
r

30.129 km
Du
Aq
Ro

Fe

Fonte: CNT, 2013. país. Junto com tarifas alfandegárias Fonte: Sítio web AliceWeb do MDIC, 2013 Fonte: Ministério dos Transportes, 2014. Fonte: CNT, 2013.

32 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 33
BRASIL, POTÊNCIA EMERGENTE?

Matriz energética CONSUMO TOTAL DE ENERGIA


Por setor, em 2012
Indústria
MERCADO DE ETANOL E CANA-DE-AÇÚCAR
Dados entre 2010 e 2012

e meio ambiente
Transporte Países
Residencial Coreia Reino Unido Baixos
Alimentos do Sul 173 478
Setor energético 528
Papel e celulose Japão EUA
Agropecuário 436 888
Comercial
Cerâmica Jamaica
Índia 327 Trinidad e
Área pública
174 Tobago
Têxtil

Labmundo, 2014
Outros 157 Nigéria
138
10% 20% 30%

Fonte: Empresa de Pesquisa Energética, 2012


A energia é uma das pautas mais estra- O consumo e a produção de energia
tégicas da política internacional. As são ambos estreitamente vinculados Produção de
tensões entre petróleo e geopolítica ao modelo de desenvolvimento, que comparativos, o Brasil possui a ma- cana-de-açúcar
em 2012 (milhões
têm estado na origem de muitos con- pode ser mais ou menos destrutivo dos triz elétrica mais limpa do mundo: a de toneladas)
Exportação de etanol
litos entre países (por exemplo, no recursos ambientais e ecológicos. A hidroeletricidade corresponde a apro-

Labmundo, 2014
pelo Brasil
Oriente Médio) e também têm in- energia pode ser entendida como um ximadamente 84,5% da matriz. A in- entre 2010 e 2012 0,3 2 10 100
(milhões de dólares)
luenciado as grandes crises da econo- dos elos fundamentais da equação do dústria é o setor que mais consome Sem dados 1000 km
disponíveis
mia internacional (por exemplo, nos desenvolvimento. energia, seguido pelos transportes e, a Fontes: FAO, 2012; SECEX, 2011
anos 1970). Os recursos energéticos seguir, pelo consumo residencial.
são ixos e têm localização precisa no No plano global e regional, os recursos gordura animal ou óleos de frituras. A
território soberano dos Estados. Isso energéticos fazem parte das relações Um relatório de 2013 da Agência In- e ambiental, mas a energia hidroelétri- produção, comercialização e uso dos PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR
Quantidade e variação da safra por estados
não signiica que os interesses e os lu- econômicas e políticas internacio- ternacional de Energia, órgão vincu- ca gera muito menos emissões de gases biocombustíveis envolvem uma série
xos transnacionais estejam ausentes do nais. Atentos às volatilidades do preço lado ao governo dos Estados Unidos, nocivos à atmosfera. Isso é importan- de debates sobre a real sustentabilida-
debate, mas implica que grandes cor- do petróleo e às incertezas do abaste- aponta que os combustíveis fósseis de- te lembrar: todas as formas de energia de associada a seu uso. Porém, o gover-
porações tenham necessariamente de cimento, muitos países têm buscado verão continuar dominando a matriz causam algum impacto (ambiental, so- no brasileiro airma oicialmente que
negociar com os Estados a im de ter conquistar sua segurança energética, energética mundial pelo menos até cial) negativo. O fundamental estaria a produção, principalmente de cana,
acesso a petróleo, gás e, mais recente- garantindo acesso aos recursos ener- 2040. Além disso, a demanda por ener- na busca de equilíbrios entre os ganhos não causaria desmatamento na Ama-
mente, combustíveis de menor im- géticos necessários para o desenvolvi- gia crescerá 56% nos próximos 30 anos, e as perdas geradas. zônia, apesar de pesquisadores mais
pacto negativo sobre o meio ambiente mento nacional. Buscam, por exemplo, em função do crescimento da China e críticos airmarem que a produção de
(hidroelétricas, biocombustíveis, etc.). reduzir as margens de incerteza e de- dos emergentes. Ainda segundo esse De acordo com a AIE, o Brasil ganha biocombustíveis poderia levar os pro- Aumento
O debate sobre sustentabilidade am- pendência ao tentarem garantir maior relatório, graças à conscientização eco- destaque na produção de biocombustí- dutores a plantarem alimentos no da produção
biental fez com que as energias renová- produção no plano nacional e maior lógica e às diferentes crises ambientais veis. Juntamente com os EUA, será res- interior do Brasil ou na Amazônia, dei- entre 1998 e 2012
- 63 %
veis, na atualidade, tenham adquirido integração energética no âmbito re- por que passa o mundo (as mudanças ponsável por mais da metade da oferta xando as terras destinadas à produção 300 km
0
dimensão estratégica. Diversiicar a gional. Não foi por acaso que uma das climáticas e o aumento dos níveis dos de biocombustíveis até 2040. A produ- de combustível situadas preferencial- Safra
+ 100 %
matriz energética converteu-se, para origens do processo de integração na oceanos, por exemplo), as fontes reno- ção de biocombustíveis no Brasil está mente no litoral. Isso contribuiria para + 200 %
de 2012
(mil toneladas)
os Estados, em resposta a demandas da Europa esteve associado à Comunida- váveis terão um papel cada vez maior, voltada para dois segmentos: etanol e o aumento do preço dos alimentos. + 638 % 300.000
sociedade e em vantagem competitiva de Econômica do Carvão e do Aço. Da crescendo 2,5 % ao ano. biodiesel. O etanol é um biocombus- Cultivo a partir
100.000
no mercado energético internacional. mesma forma, no caso da Unasul, a in- tível altamente inlamável que pode ser A aposta brasileira nos biocombustí- de 1999

Labmundo, 2014
Sem dados 10.000
tegração de infraestruturas energéticas Nesse contexto, o Brasil levaria alguma obtido a partir da cana-de-açúcar, do veis e na hidroeletricidade, pode ga- disponíveis
Ademais, existe uma clara relação en- é considerada estratégica para o futu- vantagem, podendo despontar como milho, da beterraba, da mandioca, da rantir ao Brasil autossuiciência em *A produção no período
em Santa Catarina é igual
tre consumo de energia e crescimento ro da região. uma potência em recursos energéti- batata, entre outras fontes. Já o biodie- consumo. Porém, com a descoberta Fonte: UNICA, 2013 a zero

econômico: os países mais desenvol- cos considerados renováveis no futu- sel pode ser deinido como um com- do pré-sal em 2007, a estratégia nacio-
vidos consomem muito mais energia No caso do Brasil, buscou-se essa segu- ro próximo. O Brasil possui expertise bustível renovável derivado de óleos nal tem-se pautado em transformar o
do que os menos desenvolvidos. O rança por meio do processo de diver- em energias renováveis graças ao in- vegetais (girassol, mamona, soja, ba- Brasil em importante ator no merca- petróleo são fundamentalmente polí-
consumo de energia é vital para a in- siicação da matriz energética, graças vestimento em pesquisa e tecnologia baçu e outras oleaginosas), além de do energético mundial. Partindo do ticas e econômicas, para se tornar um
dústria, para o desenvolvimento do aos diferentes recursos naturais de iniciado no Governo Vargas, na déca- matérias primas alternativas como a pressuposto de que as negociações do exportador forte no ramo da energia, o
transporte, para a produção de alimen- que dispõe o país. A matriz energéti- da de 1930. Desde então a participação Brasil precisa estar preparado para en-
tos, além do próprio consumo resi- ca brasileira é composta por 42,4% de das fontes renováveis na matriz ener- frentar os desaios da geopolítica ener-
dencial. É claro que existem variações energias renováveis, enquanto a média gética brasileira só tem aumentado. É ENERGIA E DESENVOLVIMENTO gética mundial. Além disso, precisa
Uso per capita de energia em kg de petróleo ou equivalente, em 2011
nacionais e locais quanto ao consumo mundial é 13,2%, segundo a Agência claro que a construção de grandes usi- resolver problemas internos de infra-
energético mais ou menos responsável. Internacional de Energia. Em termos nas hidroelétricas gera impacto social estrutura, como armazenamento e es-
tocagem, investindo em pesquisas,
tecnologia e, ponto muito importante
DIVERSIFICAÇÃO DA MATRIZ ELÉTRICA e sensível, em mão-de-obra qualiicada.
Distribuição por países e por fonte, em 2012 (em %)
80

60
VEJA TAMBÉM:
40
3.206 Multinacionais brasileiras p. 70
Labmundo, 2014

20
1.539 Projetos de integração p. 82

Labmundo, 2014
691 Energia e infraestrutura p. 92
Brasil Turquia Índia China México França Rússia EUA Alemanha Reino Unido África do Sul
0
Hidroeletricidade Combustíveis fósseis Nuclear Outras fontes (solar, geotérmica, eólica, etc.) Relações Norte-Sul p. 100
Fonte: CIA, 2013 Sem dados 1000 km
disponíveis
Fonte: Banco Mundial, 2013.
34 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 35
BRASIL, POTÊNCIA EMERGENTE?

Água: recurso Os principais conlitos se referem ao


controle das fontes de água potável,
mostrando que também nesse cam-
USO DA ÁGUA NO BRASIL
Usos não renováveis em 2012, por setor, em %
60
ÁGUA POLUÍDA NO MUNDO
Fluxo comercial de água poluída, em 2011

vital e estratégico po as relações de poder se associam às


de distribuição desigual dos recursos.
Muitos países têm forte dependência
de água externa, importando mais da
50

40

metade do consumo interno (é o caso 30


da Bolívia, do Paraguai e do Uruguai
na América Latina). Neste cenário, o 20
Brasil é uma potência hídrica, pelas 1000 km
grandes reservas de água subterrânea 10

DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO MUNDO que possui (quase o 13% de toda a água


Quantidade em

Labmundo, 2014
doce do planeta), pelas chuvas abun- milhões de litros:

no

l
ia
Disponibilidade per capita de água potável, em milhares de metros cúbicos, em 2013

r ia

l
ra
ár

ba

Ru
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dantes em grande parte do território, e

u
10 1 0 -1 -10 Valores máximos:

du
Ur
ec
O mapa representa o fluxo comercial da Pegada Hídrica

In
p
Japão: 20,9

ro
por ser um dos principais exportado- Cinza. Água “cinza” é o volume de água poluída associada

Ag
à produção de bens e serviços para indivíduos ou comu- Reino Unido: 11,5
déficit superávit
res mundiais (o quarto, atrás dos EUA, Fonte: ANA, 2012 importa poluição exporta poluição nidades. Durante a produção de um bem, uma parcela de Estados Unidos: 9,9
água é poluída. Por isso, todo produto é responsável pela
China e Índia) do que se conhece como

Labmundo, 2014
Sem dados
disponíveis poluição de uma quantidade de água. Se um país apresenta Valores mínimos:
“água virtual” ou pegada hídrica, ao ex- déficit, significa que ele compra mais do que exporta produtos China: -53,6
que poluam a água. Caso o país apresente superávit, ele
portar produtos que demandam mui- em setores não agrícolas, a urbaniza- vende mais água poluída.
Rússia: -26,7
Índia: -16,5
533
70
ta água para sua produção, como carne ção e a industrialização crescentes têm Fonte: Water Footprint Network, 2014

50 (produzir um quilo requer 15,5 mil li- forte impacto negativo. Isso sem con-
30 tros), arroz (3.000 litros por quilo) ou tar as consequências das mudanças
10 café (140 litros por xícara). Segundo climáticas e da poluição, que causam A água representa uma dimensão es- saneamento básico provocam 2 mi-

Labmundo, 2014
0
Sem dados a Unesco, o Brasil exportaria indire- importante declínio da quantidade sencial da segurança humana. No en- lhões de mortes por ano, mais do que
1000 km
disponíveis tamente cerca de 112 trilhões de litros de água em regiões áridas e semiári- tanto, apesar de importantes avanços, os conlitos armados, além de pro-
de água doce por ano através de suas das (Nordeste brasileiro), impactando um bilhão de pessoas ainda não têm duzir fome e desnutrição, colocando
Fonte: Sítio web da base de dados do Banco Mundial, 2013.
commodities. Em contexto de gran- as colheitas, a alimentação e a pobre- acesso a abastecimento de água sui- em risco a segurança alimentar. Isso
de escassez global, os recursos hídricos za. Vários estudos e encontros interna- ciente. Vivemos com o uso ineicien- sem esquecer as inundações que cau-
colocam o Brasil em lugar de destaque, cionais têm denunciado o aumento de te, a poluição da água ou abuso das sam 15% das mortes por desastres na-
O estabelecimento da Década Inter- melhor gestão, uma exploração mais mas também exigem do Estado políti- pessoas que vivem e dependem de ba- reservas subterrâneas. As doenças as- turais. A água limpa é vital para a nossa
nacional da Água (2005-2015) pelas sustentável e um acesso mais igualitá- cas públicas responsáveis, interna e ex- cias exploradas abusivamente. sociadas à falta de água potável e sobrevivência humana e do planeta, e
Nações Unidas revela a importân- rio aos recursos hídricos. ternamente. Ao mesmo tempo em que sua proteção faz parte dos Objetivos
cia política e estratégica deste recur- o uso da água é fundamental na produ- de Desenvolvimento Sustentável da
so: a água é vital para a sobrevivência Dadas as características transnacionais ção de commodities (e para as exporta- ACESSO À ÁGUA POTÁVEL E CONDIÇÕES SANITÁRIAS Rio+20.
dos organismos vivos, garantir níveis de grande parte das bacias – 19 paí- ções), é inegável sua relevância para a Pessoas com abastecimento inadequado de água e de esgoto, entre 1991 e 2010 (em %)
de vida dígnos, para a economia e o ses dependem da bacia luvial do Da- soberania alimentar e a sustentabilida- 1991 2000 2010 O mundo tem água suiciente para ga-
funcionamento dos ecossistemas. São núbio, 13 do Congo, 11 do Nilo e 9 do de ambiental. rantir segurança hídrica para todas as
muitos os campos direta ou indireta- Amazonas, entre eles o Brasil –, trata- sociedades. O desaio principal é a dis-
mente vinculados à água (saúde, sane- se de um campo que gera importantes O consumo excessivo e descontrola- tribuição, que exige uma responsabi-
amento, meio ambiente, diversidade conlitos, mas também interessantes do de água, acima da capacidade de re- lidade coletiva e atuação concertada
biológica, prevenção de desastres eco- potencialidades e experiências de co- posição, prejudica muitas das grandes entre os diversos atores estatais, priva-
lógicos, agricultura e alimentação, operação. O Brasil, pelas suas caracte- bacias internacionais em todos os con- dos e associativos para garantir o aces-
contaminação, energia), sendo neces- rísticas e capacidades diplomáticas de tinentes, com grande impacto no nor- 15 so de forma sustentável a esse recurso.

Labmundo, 2014
sária uma ação coordenada para uma negociação em organismos multilate- te da África e no Oriente Médio. Nos 10 A cooperação oferece interessantes
600 km 600 km 600 km
rais, poderia desempenhar um papel Estados Unidos e na Europa, princi- 5 oportunidades para uma gestão inte-
muito relevante nessa agenda. pais consumidores mundiais de água Fonte: PNUD, 2013b. 0 grada de recursos hídricos, e é de fato
HIDROGRAFIA E FRONTEIRAS a opção mais habitual de resolução dos
Principais bacias hidrográficas brasileiras, em 2014
conlitos. Existem 145 acordos sobre
PRINCIPAIS BACIAS HIDROGRÁFICAS TRANSFRONTEIRIÇAS CONTEXTO DOS RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL energia hidroelétrica, consumo, con-
Distribuição no mundo, em 2014 Demanda em junho Investimento previsto Desperdício total de água trole das cheias, distribuição industrial,
Atlântico de 2010 (em m³/s) em abastecimento de água potável em 2010 (em %)
(Norte) entre 2010 e 2015 navegação, poluição e pesca. Apesar
Atlântico
(em milhões de reais) de ser potência hídrica, o Brasil tem
Amazônia (Nordeste)
grandes desaios pela frente: assime-
trias internas na distribuição e quanto
Tocantins
ao acesso, uso inadequado e ineicien-
São
Francisco te, bem como poluição dos rios e lagos.
Atlântico
(Leste)
Paraná

Bacia internacional VEJA TAMBÉM:


com tratado 600 km 600 km 600 km
Uruguai Outras bacias 0 0 0 Minério e indústria extrativa p. 38
Atlântico
Labmundo, 2014

Labmundo, 2014

Labmundo, 2014
(Sudeste) 500 km internacionais 20% Multinacionais brasileiras p. 70
10 400
20 800 40% Organizações e movimentos sociais p. 72
1000 km 30 1200 60%
100% Centros de pesquisa p. 78
Fontes: ANA, 2010; Sítio web da ISARM, 2014. Fonte: Oregon State University, 2014 Fonte: ANA, 2012

36 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 37
BRASIL, POTÊNCIA EMERGENTE?

Minério e indústria De volta à formação geológica do ter-


ritório brasileiro, além dos escudos,
também são encontradas bacias se-
Bolívia. As principais áreas de prospec-
ção de petróleo se situam nas bacias se-
dimentares marítimas, o que fez com
EXPORTAÇÃO BRASILEIRA DE FERRO E DE PETRÓLEO
Em bilhões de dólares, em 2012
Ferro Petróleo

extrativa dimentares, sejam elas continentais


ou marítimas. A partir de grande es-
forço e investimento público a par-
tir da década de 1930, o Brasil passou
que o Brasil desenvolvesse tecnologia
de ponta na extração de petróleo em
águas profundas. Essa tecnologia con-
tribuiu, também, na descoberta e, mais

Labmundo, 2014
a ser um importante produtor de hi- recentemente, na extração dos poços
drocarbonetos. Apesar disso, gran- situados na região do pré-sal. Apesar 1000 km 1000 km

de parte do gás natural consumido no de serem considerados de difícil pros- Fonte: Sítio web AliceWeb do MDIC, 2013 14,9 5,5 2,9 0,8

país é importado, principalmente da pecção (pois se situam em águas pro-


fundas e abaixo de diversas camadas de
rochas e de sal petriicado), o petróleo LOCALIZAÇÃO CONHECIDA DOS MINERAIS
INDÚSTRIA EXTRATIVA Em 2014
Recursos minerais são fatores mate- outros metais como o nióbio. A pro- situado nas Bacias de Tupi, de Iara e ar-
riais clássicos da potência estatal. Tam- dução brasileira de nióbio se concen- Produção das principais unidades federativas, redores é considerado de boa qualida-
em 2013
bém são estratégicos para as economias tra em duas jazidas (uma em Minas M H M
ca idro m ine de e as reservas ultrapassam 33 bilhões
m ine et ra
nacionais no mundo todo. Os paí- Gerais e outra em Goiás) que repre- et ra
ál is
ico
rb -
on
et
ál is
ico n Ca
r
de barris. A descoberta desses campos
s ão vã
ses com minérios importantes têm sentam aproximadamente 75% da pro- s os o de petróleo elevou signiicativamente
suas capacidades econômicas e políti- dução mundial desse minério, sendo PR a reserva brasileira de hidrocarbonetos. Ouro Estanho
Diamante
Carvão
cas aumentadas no tabuleiro mundial. que há a estimativa de que o Brasil de-

R. Sul
Titânio Alumínio Campo de
Hidrocarbonetos
A autossuiciência em energia e maté- tém mais de 95% das reservas mundiais. O Brasil também é rico em outros
Tupi
SC

rias primas, por exemplo, diminui a O nióbio é muito utilizado na produ- RS


materiais estratégicos, como as areias 600 km 600 km 600 km

dependência de um Estado, tornan- ção de metais mais leves e resistentes. monazíticas, nas quais se encontram

R. Centro-oeste
do-o mais livre para agir internacio- As ligas metálicas que contêm nióbio MS minérios fundamentais para a produ-
nalmente. No caso de países que sejam geralmente são utilizadas na constru- ção de energia nuclear. Por esse motivo,
grandes exportadores de produtos es- ção civil, veículos automotores, aero- GO
o Brasil é membro do Nuclear Suppli-
tratégicos, há um elemento político, naves, veículos espaciais, etc. Apesar MA
ers Group (NSP), grupo de países que Níquel
além do fator econômico. O controle da importância desse metal para di- são importantes exportadores de ma- Ferro Chumbo
Nióbio

R. Nordeste
desses materiais pode, em última me- versos produtos e do quase monopólio SE teriais usados para inalidades nucle- Alumínio Cobre
Manganês
dida, inluenciar a capacidade e o cus- brasileiro, o preço internacional dele é ares. Devido à relevância estratégica 600 km 600 km 600 km
to do projeto de desenvolvimento de considerado baixo. Esse fato gera a re- RN
desses materiais, há um grande contro-
outros Estados, que se tornam sensí- volta de muitos especialistas, mas tam- BA
le por parte desse grupo de países no
veis às decisões políticas do exporta- bém há os que airmam que o aumento que concerne o comércio dos produ-
dor. Como demonstrou a Organização do preço internacional somente iria tos. Fazer parte do NSP signiica par-

R. Norte
AP
dos Países Exportadores de Petróleo incentivar a produção de metais con- ticipar de decisões sobre esse tema na
(OPEP), na década de 1970, a concen- correntes, pois o nióbio pode ser subs- PA
agenda internacional. Tungstênio Berilo
tração de um produto essencial para o tituído por outros metais.

Labmundo, 2014
Flúor
SP Urânio Calcário
Fósforo
desenvolvimento nas mãos de poucos A exploração econômica dos recursos Zinco Sal
países, pode se tornar um meio de se minerais também apresenta riscos eco-

R. Sudeste
ES 600 km 600 km 600 km
obter conquistas políticas. EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS lógicos e potenciais efeitos de degrada- Fontes: IBGE, 2013b; IBP, 2013; Ross, 1996; e DNPM, 2003
Em bilhões de dólares por ano, entre RJ ção ambiental. A Serra do Navio, no
2007 e 2012
O Brasil está em uma situação con- Amapá, é um exemplo notável de ma-
MG
fortável em relação às reservas mine- %
lefícios que a atividade extrativa pode
rais. Devido à sua posição na Pangeia e + 33
5,2
R$ 50 bilhões * Somente os valores causar. O local, que era conhecido PRINCIPAIS PRODUTORES E DETENTORES DE RESERVAS DE PETRÓLEO
Produção, em 2013 (em milhões de barris/dia) Reservas, em 2013 (em bilhões de toneladas)
às intensas mudanças morfológicas ao Minério R$ 25 bilhões acima de 30 milhões de
reais são representados.
pela produção de manganês, foi aban- 10 8 6 4 2
Arábia
10 20 30 40
longo das eras geológicas, a estrutura de Ferro
+ 191
,1 R$10 bilhões donado, pois a empresa que explora- 1° Saudita 2°

do território brasileiro pode ser consi- Óleos


R$ 1 bilhão va o minério entendeu que a atividade 2° Rússia 8°

derada bastante diversiicada. O Escu- combustíveis não era mais interessante economica- 3° EUA 11°
%
do Brasileiro e o Escudo das Guianas + 187
,5 O mapa representa a quantidade
total de atividades extrativistas
R$ 50 bi
R$ 25 bi mente. Deixou como legado à comu- 4° China 14°

são as duas formações geológicas mais Petróleo por unidade federativa. R$10 bi
R$ 1 bi nidade uma enorme cratera e efeitos 5° Canadá 3°

antigas que se encontram no território em bruto comprometedores ao futuro de seu 6° Irã 4°


9%
nacional e representam 36% do mes- + 127, desenvolvimento. No caso do petró- 7° EAU 7°
Semimanufaturados
Kuaite
mo. São nessas regiões que se concen- de ferro leo, a dependência excessiva pode ge- 8° 6°
Iraque
tra a maior parte dos recursos minerais rar problemas econômicos (“doença 9° 5°
México
do Brasil. É o caso, por exemplo, do Alumínio - 4,7 % holandesa”) e sua extração em alto mar 10° 17°
11° Venezuela
ferro, que pode ser encontrado princi- Laminados
também apresenta riscos socioambien- 1°

- 5,4 % 12° Nigéria


palmente em Carajás (PA), no Quadri- planos tais e ecológicos. Brasil
10°
13° 15°
látero Ferrífero (MG) e no Maciço do 14° Catar 13°
Urucum (MS). O Brasil é um grande Gasolina
15° Noruega 19°
exportador de ferro e tem como seus 2007
VEJA TAMBÉM:
16° Angola 16°
principais mercados consumidores a 45 951,7 -8
8 ,3 Agronegócio p. 28 17° Cazaquistão 12°
Labmundo, 2014

China, o Japão, a Coreia do Sul e al- %

Labmundo, 2014
30 000,0
Centros de pesquisa p. 78 18° Argélia
Labmundo,2014

18°
guns países europeus. Além do ferro, 2 000,0
Defesa e segurança p. 90 19° Líbia 9°
o Brasil também se destaca na extra- 214,9
300 km
Agências econômicas mundiais p. 104 20° Reino 20°
ção de manganês, cassiterita, bauxita e Fonte: Sítio web AliceWeb do MDIC, 2013 2012 Fonte: IBGE, 2013b. Fonte: British Petroleum, 2013. Unido

38 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 39
BRASIL, POTÊNCIA EMERGENTE?

Riqueza genética de proteção das espécies nativas (e do


conhecimento coletivo a respeito de
seu uso).
para o combate da calvície e glauco-
ma. O laboratório Squibb dos EUA se
aproveitou de conhecimento público
A ECONOMIA DA TERRA
Origem das espécies vegetais e animais economicamente relevantes para o Brasil (casos selecionados)

e biodiversidade
Ásia
divulgado pelo cientista brasileiro Sér- Equinos

O Brasil sofre com práticas de biopi- gio Henrique Ferreira sobre o veneno China
Ásia Menor
rataria e tráico de animais silvestres. A da jararaca nos anos 60 para criar uma soja
laranja
America Central e México
trigo
cacau
biopirataria é a exploração, manipula- droga contra hipertensão até hoje co- Filipinas pinheiros África
ção, exportação ou comercialização ir- mercializada. O pesquisador brasileiro Índia arroz capim
bovinos
regular de recursos biológicos ou da publicamente já negou se tratar de um Nova-Guiné
cana-de-açúcar Etiópia
apropriação de conhecimentos tradi- caso de biopirataria, mas o exemplo Brasil
café
abacaxi
cionais associados oriundos de comu- evidencia a incapacidade do país de ti- amendoim
nidades indígenas e locais. O conceito rar proveito de sua riqueza biológica. Austrália castanha do pará

Labmundo, 2014
eucaliptos mandioca
BIODIVERSIDADE NO MUNDO foi desenvolvido na Convenção sobre caju

Indicador de biodiversidade, em 2002 Diversidade Biológica, durante na Muitas patentes de espécies brasileiras 1000 km carnaúba

Eco-92, que deiniu que os países têm são registradas no exterior de modo ir- Fonte: MMA, 2006.

soberania sobre a biodiversidade de regular. Ademais, nem sempre benei-


seus territórios. O problema afeta o ciam as comunidades locais detentoras
país em vários setores, inclusive em sua do conhecimento primário. O país ha- A biodiversidade marinha brasileira exploração madeireira, grilagem de
soberania. Na busca por enfrentar essa via se comprometido na Convenção não é tão variada quanto a de outros terras, avanço descontrolado da urba-
questão, foi criada em 2003 uma Co- sobre Diversidade Biológica a colo- países, mas ainda assim se estima que nização ou mesmo da construção de
missão Parlamentar de Inquérito ex- car 10% de seus ecossistemas sob pro- o Brasil concentre cerca de 6% das es- infraestruturas como barragens e estra-
clusiva para o tema. Seu relatório inal teção, mas até 2010 só tinha alcançado pécies existentes de invertebrados “não das, o desmatamento produz desloca-
Sem dados
disponíveis
indicava que o país perderia mais de a cifra de 1,5%. Ainda assim, a meta de insetos”, a maioria dos quais vive no mentos forçados de comunidades, gera
5,7 bilhões de dólares por ano com o colocar 30% da Amazônia sob algu- mar. poluição, permite a invasão de espécies
tráico ilegal de animais de sua fauna e ma forma de proteção legal foi supera- exóticas sobre a lora nativa e contribui
1000 km de conhecimentos tradicionais e remé- da, tendo alcançado o total de 40% da Outro potencial pouco explorado no para o aquecimento global. O país tem
0,50 Os dados indicam a diversidade dios de suas lorestas. região. Um dos biomas menos prote- país é o consumo de peixes. O consu- conseguido manter uma tendência de-
Labmundo, 2014
de espécies (mamíferos, aves, répteis,
Países Megadiversos 0,25
anfíbios e plantas vasculares) e gidos por força de lei e menos conheci- mo deste alimento ica abaixo do valor clinante das taxas de desmatamento na
0,10
Países Megadiversos Afins seu caráter endêmico. O tráico de animais silvestres é, igual- dos pelos cientistas é o mar, já deinido sugerido pela FAO (12kg). O consumo Amazônia (área mais vigiada) desde
0,05 Somente considerados Estados
com mais de 5000 km2.
mente, um problema grave. Algumas pelo Ministério do Meio Ambiente anual per capita foi de 11,17 kg em 2011, 2004. No inal de 2013, houve uma re-
Fonte: Groombridge e Jenkins, 2002.
espécies podem valer mais de 60 mil como “a grande lacuna” do Sistema um recorde histórico, que signiicou versão dessa tendência, com o aumen-
dólares no mercado internacional. A Nacional de Unidades de Conservação. aumento de 23,7% do consumo em to da taxa para 28%, embora esta tenha
ONU deiniu a atividade como a ter- relação aos dois anos anteriores. Parte sido a segunda menor média anual
O Brasil é um país de dimensões con- pessoas; e a biomassa vegetal respon- ceira atividade criminosa mais lucrati- deste progresso é indicado como fru- desde 1993. O Brasil tem enfrentado os
tinentais com grande diversidade de de por 30% da produção energética va do mundo, somente atrás do tráico BIOPIRATARIA E TRÁFICO DE ESPÉCIES to das ações do Ministério da Pesca, se- desaios domésticos do desmatamen-
Valor por espécie no mercado internacional, em
zonas climáticas e de biomas. O resul- do país. Existe a expectativa de maio- de drogas e armas. O impacto nos bio- 2003 (em milhares de dólares)
cretaria especial criada em 2003 que se to e da degradação ambiental, buscan-
tado disso é uma grande riqueza em res benefícios econômicos oriundos de mas pode ser muito grave: entre dez Colecionadores particulares e zoológicos
tornou ministério em 2009. Apesar do do contribuir, no plano internacional,
termos de fauna e lora, que fazem do patentes e novas tecnologias a partir do aves capturadas no país para ins de co- Arara-azul-de-lear
consumo modesto, pesquisa realizada para as negociações sobre mudanças
país o mais biodiverso do mundo. A estudo de sua biodiversidade. A preser- mércio irregular, somente uma ou duas Harpia
pelo governo federal entre 1995 e 2006 climáticas (princípio das responsabili-
biodiversidade possui papel de desta- vação e exploração sustentável deste sobrevivem e chegam ao seu destino. Mico-leão-dourado
indicou que cerca de 80% das espécies dades comuns mas diferenciadas).
que na economia nacional: as exporta- potencial passam por grandes desaios, pescadas comercialmente eram explo-
Jaguatirica
ções agrícolas compõem mais de 30% como o avanço no conhecimento a res- A apropriação de conhecimentos locais radas plenamente ou em demasia, co-
do total exportado pelo país; ativida- peito da fauna e da lora brasileiros. O ou a descoberta de substâncias tera- Fins científicos locando em risco o consumo de longo FLORESTAS
des como extrativismo lorestal e pes- panorama atual é de subaproveitamen- pêuticas de maneira irregular por par- 1g de veneno - Coral verdadeira prazo. Países com as maiores áreas de florestas, em 2010
(em milhões de hectares)
queiro empregam mais de 3 milhões de to dessa riqueza genética, mas também te da indústria farmacêutica fez com o 1g de veneno - Aranha marrom
Rússia 809
que país perdesse o direito a patentes Jararaca-ilhoa No âmbito multilateral, a importân-
Brasil 520
de elementos originários de sua biodi- 1g de veneno - Escorpião cia da riqueza genética e ambiental do
Canadá 310
UM PAÍS MEGADIVERSO versidade. Por exemplo, o laboratório Algumas espécies de besouro Brasil para o mundo e seu ativismo na
Dados de 2002 EUA 304
Espécies de anfibios Espécies de mamíferos Merck detém a patente do princípio Surucucu-pico-de-jaca diplomacia ambiental colocam o país
China 207
Brasil 798 México 491 ativo do jaborandi, planta amazônica, Animais de estimação como um ator-chave nos debates e ne-
R. D. Congo 154
Colômbia 714 RD Congo 450
Sagui-da-cara-branca
gociações. O Itamaraty e o Ministé-
409 Austrália 149
Equador 467 Camarões
Brasil 394 Arara-vermelha
rio do Meio Ambiente participam de
Peru 461 DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA LEGAL Indonésia
China 394 O Brasil possui Teiús
fóruns multilaterais a respeito da bio- 94
Em milhares de km2/ano, entre 1988 e 2012 diversidade, como o grupo dos Países Sudão 70

Labmundo, 2014
Espécies de aves de 15 a 20%
30 Tucano-toco Índia
Colômbia 1695
de todas as
Foi realizada Megadiversos Ains, que se organizou 68
espécies uma média Jibóia
Peru 1538
de fauna e flora
25 para os anos como mecanismo de consulta e coo- Outros 1.347
Indonésia de 1993 e 1994.
Brasil
1519
1492 do mundo 5 20 60 peração em torno dos interesses e das Fonte: FAO, 2010.
prioridades dos países-membros em
Espécies de plantas vasculares
15 relação à conservação e utilização sus-
Espécies brasileiras patenteadas no exterior*
Brasil 56.215 Açaí Cupuaçu
tentável da diversidade biológica. VEJA TAMBÉM:
Colômbia 51.220 Andiroba Espinheira Santa Agronegócio p. 28
China 32.220 5
Um dos graves problemas ambien-

Labmundo, 2014
Labmundo, 2014
Labmundo, 2014

Ayahuasca Jaborandi Centros de pesquisa p. 78


Indonésia 29.375
México 26.071
Copaíba Veneno da jararaca tais enfrentados pelo país é o desma- Sistema ONU p. 102
1988 1992 1996 2000 2004 2008 2012 *essas patentes já foram revertidas tamento. Fruto de conversão de terras Cooperação Sul-Sul p. 112
Fonte: Groombridge e Jenkins, 2002. Fonte: INPE, 2013. Fontes: Sarney Filho, 2003; RENCTAS, 2001. para a agricultura, atividade pecuária,

40 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 41
BRASIL, POTÊNCIA EMERGENTE?

População 44 milhões de habitantes), seguido de


Minas Gerais (20 milhões) e Rio de
Janeiro (16 milhões). No outro extre-
em 2000 a 1,8 em 2013), antecipa o ce-
nário de envelhecimento da popula-
ção, hoje ainda relativamente jovem
CLASSES SOCIAIS NAS REGIÕES BRASILEIRAS
Número de habitantes por classe social nas regiões do Brasil, em 2009

e diversidade
Regiões
(população em milhões)
mo, o Norte tem uma densidade de (“bônus demográico”). Quanto à cor
4,12 hab/km2, sendo Roraima o estado da pele, 47% se autodeclaram bran- Norte
Classe Social
menos povoado, com apenas 500.000 cos, majoritários no sul e sudeste (55% 12,4
habitantes. Também cresce a concen- e 78% da população, respectivamen-
tração urbana, cuja população repre- te), 43% pardos (majoritários no Norte
senta 84,9% do total. Essa urbanização e no Nordeste), 7% pretos e 0,4% indí-
Centro-Oeste
relaciona-se, entre outros, com o sur- genas (concentrados no Norte).
gimento de megacidades como São 13,9
AB
Paulo (com mais de 23 milhões de ha- Essa composição encontra suas origens
bitantes, é a 7ª cidade mais populosa nos luxos migratórios que conigura-
Com uma população que supera os distribuição geográica dessa popula- do mundo) ou Rio de Janeiro (com ram historicamente a população bra-
200 milhões de habitantes, segundo o ção é bastante desigual. Há uma forte 13,6 milhões). sileira. Durante muito tempo o Brasil Sul
IBGE, o Brasil é o 5º país mais popu- concentração no sudeste, onde a den- foi considerado um país de imigração: 27,7

loso do mundo. Com uma densidade sidade atinge 87 hab/km2: São Paulo Em relação à composição dessa popu- aqui foram chegando os colonizadores
relativamente baixa (22,4 hab/km2), a é o Estado mais populoso (com quase lação, a melhoria da expectativa média portugueses, os escravos africanos ví- C
de vida (de 69,8 anos em 2000 para timas do tráico negreiro, os migran-
74,8 em 2013) e a queda da taxa de fe- tes vindos do Velho Mundo no inal
DEMOGRAFIA BRASILEIRA cundidade (de 2,4 ilhos por mulher do século XIX (principalmente traba-
Densidade demográfica, em 2010 População urbana, em 2010 (em milhões de pessoas) lhadores portugueses e italianos, segui- Nordeste
dos de espanhóis, alemães, japoneses e 53,9
GRANDES AGLOMERAÇÕES URBANAS sírio-libaneses, entre outros), mudan-
Evolução de grandes aglomerações urbanas, entre do a isionomia de várias regiões, que
1950 e 2050
hoje mostram a herança cultural des- D
1950 2010 2050*
ses luxos. Diante dessas tendências no
Tóquio (Japão)
38,66 mi passado, hoje os dados revelam uma
444 40 Nova Délhi proporção de imigrantes de apenas
(Índia)
100 14 32,94 mi 0,4% (diante de 0,7% de emigrantes),
8
50
2 Xangai (China)
e isso apesar de relativo aumento dos
10
0 0 11,27 mi
28,40 mi luxos mais recentes. Sudeste
E

Mumbai (Índia) 80,3


300 km 300 km 26,56 mi A população brasileira ainda sofre com
Quantidade de indivíduos
vários problemas associados às desi-
1,37 mi
gualdades sociais (tais como acesso à

Labmundo, 2014
Cidade do 10 milhões
População rural, em 2010 (em milhões de pessoas) População rural, em 2010 (em %)
4,3 mi
México (México)
24,58 mi educação, trabalho digno e saúde) e
5 15 25 35
MA às várias formas de discriminação, que 1 milhão
PI
PA 2,86 mi Nova York (EUA) aos poucos vão sendo enfrentados. A Fonte: CPS/FGV, 2014.
23,57 mi
BA
AC São Paulo
distribuição das classes sociais está mu-
SE 2,88 mi (Brasil) dando, com uma importante amplia-
23,17 mi
RO
AL 12,34 mi Dacca
ção da classe C, que ganhou, em uma No entanto, essa nova classe C en- um escasso nível de satisfação cidadã
CE (Bangladesh) década, quase 30 milhões de pesso- frenta desaios, como o alto nível de com a saúde (só 44% dos brasileiros
4 PB
2 RR
22,91 mi
as oriundas da classe D. Segundo da- endividamento e problemas no aces- se declararam satisfeitos), a educação
1
RN
TO
Pequim (China) dos da Fundação Getúlio Vargas, a so a serviços básicos, mostrando os (53,7%) ou a segurança (40%). Reivin-
22,63 mi
0,5 AM classe C representaria 52% da popula- limites de uma concepção da cidada- dicações de ampliação de direitos ocu-
0 PE 2,33 mi
MT ção (diante de 28% pertencente à clas- nia baseada só no nível de renda e de param as ruas a partir de junho de 2013,
ES
SC
Karashi
Paquistão)
se baixa). consumo. Dados do PNUD mostram com demandas de melhorias no trans-
300 km
RS 0,34 mi
20,19 mi porte, na habitação (7% da popula-
MG
PR Calcutá (Índia)
ção urbana mora em assentamentos
MS
1,67 mi
18,71 mi IMIGRANTES NO BRASIL precários, colocando em risco o direi-
AP Quantidade total de imigrantes vivendo no Brasil, em 2010 (em milhares de pessoas)
GO
Manila (Filipinas)
to à moradia), na saúde (há apenas 1,7
SP
DF 16,28 mi médicos por cada 1000 habitantes, si-
1,06 mi
População por gênero e faixa etária, RJ tuação agravada nas áreas rurais) e na
em 2010 (em milhões de pessoas) > 80 s
se
s educação (apesar dos avanços na ma-

e
75 a 79 Japoneses


4,51 mi Los Angeles
trícula, muito ainda deve ser feito para

e
gu
70 a 74

Ale
(EUA)

rtu
65 a 69 15,69 mi melhorar a qualidade).

Po
60 a 64 Co
55 a 59 Buenos Aires rea
50 a 54 nos

ó is
45 a 49 1,54 mi (Argentina)

nh
40 a 44 15,52 mi

pa
35 a 39 Rio de Janeiro VEJA TAMBÉM:

Es

s
30 a 34

no
4,05 mi (Brasil) s
25 a 29 l

ia
Bolivianos

Chileno
20 a 24 13,62 mi Ita Diversidade cultural p. 24

Labmundo, 2014
15 a 19 Paraguaios
10 a 14
5,10 mi Pobreza e desigualdade p. 44
Labmundo, 2014
Labmundo, 2014

os
5a9 U r u u ai
1a4 *Para os dados de 2050, g Redes sociais e integração regional p. 96

os
17,24 55,37 214,51 1000 km
>1 foram consideradas A r g e n ti n Cooperção Sul-Sul p. 112
8 6 4 2 2 4 6 8 2,95 mi as projeções médias feitas Fonte: Banco Mundial, 2011.
Homens Mulheres pela ONU
Fonte: IBGE, 2010b. Fonte: ONU, 2013a
42 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 43
BRASIL, POTÊNCIA EMERGENTE?

Pobreza e tendo na reconiguração da paisagem


do desenvolvimento mundial, com
políticas que unem crescimento eco-
POBREZA E BOLSA FAMÍLIA
Bolsa família por região, em milhões
de famílias contempladas 7
INDICADORES SOCIAIS NO BRASIL E NO MUNDO
IDH no mundo, em 2013 IDH nos municípios brasileiros, em 2013

desigualdade
entre 2004 e 2014 O índice varia de 0 a 1
nômico e desenvolvimento humano 6
0,30 0,54 0,71 0,81 0,96

(que inclui a educação, a saúde, a ren-


da e o emprego). 5
Sem dados
disponíveis

Apesar dos avanços, 8,9 milhões de 4


brasileiros ainda sofrem da extrema
pobreza, e as desigualdades internas 3
1000 km 250 km

continuam sendo muito importantes Fonte: PNUD, 2013a. Fonte: PNUD, 2013b.
entre regiões (há 5 vezes mais pobres 2
no Nordeste do que no Sul), zonas ru- Expectativa de vida no mundo, em 2013 Expectativa de vida nos municípios brasileiros,
A luta contra a pobreza tem ocupado o York, no caso de seu programa Oppor- rais e urbanas (a pobreza rural é três ve- 1 em 2013
centro das agendas da cooperação para tunity NYC: Family Rewards), além zes maior do que a urbana) e grupos Em anos
o desenvolvimento desde a adoção dos de modelos para organismos interna- raciais (68% das pessoas que vivem em 48,1 67,4 73,2 76,7 83,6

Objetivos de Desenvolvimento do Mi- cionais como a FAO e o PNUD. Este situação de pobreza extrema são ne-

04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
Sem dados
lênio (ODM) no ano 2000. Essa agen- último de fato ressaltou a ascensão do gros ou pardos, diante de 28% bran- R. Nordeste
R. Norte
R. Sudeste
R. Centro-Oeste
R. Sul
disponíveis
da permitiu importantes avanços na Sul no seu relatório de 2013, mostran- cos). Um dos grandes desaios do país Fonte: MDS, 2014
diminuição da pobreza, mas os dados do a importância que potências emer- continua sendo a diminuição das múl-
ainda são preocupantes, com 1,4 tri- gentes como o Brasil, a China, a África tiplas desigualdades para garantir um 1000 km 250 km
Evolução da pobreza, em milhares de pessoas
lhão de pessoas vivendo em extrema do Sul ou a Índia, entre outros, estão nível de vida digno para todos.
Fonte: PNUD, 2013a. Fonte: PNUD, 2013b.
pobreza (ou seja, com menos de 1,25 40

dólares por dia) nas regiões em desen-


DESENVOLVIMENTO HUMANO E DESIGUALDADES Gini no mundo, em 2013 Gini nos municípios brasileiros, em 2013
volvimento, a maioria na África sub-
Valores de Gini de 2010 e IDH de 2013 Austrália Irlanda
saariana e na Ásia meridional. A fome Itália Suíça 30 O índice varia de 0 a 1
0,23 0,32 0,39 0,46 0,80
desenvolvimento humano elevado

Alemanha
continua sendo um problema global, *Nem todos os países estão representados; Israel
Canadá
Bélgica Noruega
Estados
especialmente para essas regiões, agra- IDH e Índice de Gini disponíveis para 135 Geórgia Unidos Suécia Sem dados
Argentina
vado nos últimos tempos pelo impac- países exibidos.
Costa Rica Uruguai Nova Zelândia 20 disponíveis

to da crise inanceira e do aumento do Chile Malásia Espanha


Finlândia
Áustria
Panamá
preço dos alimentos: 850 milhões de Equador Qatar Grécia Eslovénia
Luxemburgo
Estónia Polônia
pessoas ainda sofrem de nutrição insu- Venezuela Lituânia

Labmundo, 2014
Hungria Quirguizistão 10
República Dominicana
iciente, o que demonstra os limites de 0,8 Jamaica
1000 km 250 km

Rússia
um mercado dominado pelas diretri- México
China
Letônia Croácia
Roménia
Bielorrússia
Bulgária
Fonte: CIA,2013. Fonte: PNUD, 2013b
Colômbia
zes do agronegócio em detrimento da Bolívia Brasil Irã Albânia
Bósnia
Sérvia
Peru Escolaridade no mundo, em 2013 Escolaridade nos municípios brasileiros, em 2013
soberania alimentar. Nas outras áreas Ucrânia

20 1
02

20 3
20 4
20 5
06

20 7
20 8
20 9
20 0
11
0

0
0
0

0
0
0
1
20

20

20
Paraguai Jordânia
contempladas pelos ODM (educação, Honduras
Cazaquistão
Arménia
Quantidade de moradores com renda domiciliar per capita: Média de anos de
frequência escolar
saúde, igualdade de gênero, etc.), tam- Micronésia El Salvador
Turquia Azerbaijão
R$ 0 a 70 R$ 70,01 a 140 R$ 0 a 140
1,2 5,3 8,2 10,1 13,3
Egito
bém houve melhorias, mas ainda in- Srilanca
Tunísia
Filipinas Síria Moldávia Fonte: MDS, 2014
Tajiquistão
suicientes, mostrando que os avanços Tailândia
Gabão Palestina Indonésia
Sem dados
África do Sul disponíveis
foram afetados pela crise e se distribuí- 0,6 Namíbia Mongólia Vietnã
Iraque
IDH

Nicarágua
ram de forma desigual entre as regiões Guatemala
Cabo Verde Marrocos Timor Leste
Esta é uma pequena amostra das limi-
Suazilândia Gana Índia
e países, e no interior destes (com for- São Tomé e Príncipe
Uzbequistão
tações de uma agenda internacional
tes diferenças de gênero, raça, regio- Congo Quirguizistão Bangladeshe Paquistão focada quase exclusivamente na re- 1000 km 250 km
Camboja
nais, e entre as áreas rurais e urbanas). Angola Quénia
Lesoto dução da pobreza e nos programas de Fonte: PNUD, 2013a. Fonte: PNUD, 2013b
Haiti
Nigéria
Nepal
crescimento econômico. Essa concep-
No Brasil, os avanços no cumprimen- Togo ção tende a desconsiderar os processos Homicídios no mundo, em 2013 Homicídios nos municípios brasileiros, em 2013
to dos ODM têm sido ressaltados no Laos contraditórios e complexos do desen-
0,4 Etiópia Homicídios por 100 mil habitantes
mundo todo, principalmente no que Gâmbia
Madagáscar
Senegal
Djibouti Sudão Afeganistão
volvimento, além de excluir do de- 0 9 18 30 139,5
se refere à extrema pobreza (a porcen- Zâmbia
Ruanda Uganda bate questões-chave para a melhoria
baixo desenvolvimento humano

tagem da população vivendo em extre- República Centro-África Mauritânia


Costa do Marfim
das condições dos cidadãos. Aspectos Sem dados
disponíveis
ma pobreza passou de 25,6% em 1990 Guiné Bissau como a reprodução sistêmica das desi-
Burundi
a 4,8% em 2008) e à luta contra a fome Moçambique Serra Leoa Camarões Mali
gualdades, a garantia universal dos di-

Labmundo, 2014
(diminuindo a porcentagem de crian- República do Congo
Burquina Faso
Lituânia
Iémen Níger reitos humanos, a participação social
ças com peso abaixo do esperado para Chade Benin
Malaui
e inclusiva nas deliberações democrá- 1000 km 250 km
Guiné
a sua idade de 4,2 em 1996 para 1,8% Libéria ticas ou ainda a dimensão estrutural
em 2006). Os resultados obtidos pelos 60 50 40 30 das responsabilidades comuns e dife- Fonte: UNODC, 2013. Fonte: Waiselfisz, 2014.
programas governamentais Bolsa Fa- desigualdades Índice de Gini desigualdades
renciadas para a construção de relações
mília e Fome Zero os converteram em altas baixas mais equitativas entre as nações, entre
referências internacionais, sendo um América do Sul Oceania África População dos Estados, 2007
(em milhões de habitantes)
outros, estão frequentemente ausentes responsabilidades compartilhadas en- VEJA TAMBÉM:
dos focos centrais da cooperação Sul– América do Norte Europa Ásia
250 dessa agenda. Entender o desenvolvi- tre os países do Norte e do Sul, é uma População e diversidade p. 42
Labmundo, 2014

Sul brasileira, mas também uma práti- 100


mento como a realização dos direitos das propostas com mais força nos de- Ação internacional dos estados p. 66
América Central e Caribe
ca institucional que inspira programas humanos, superando os limites da vi- bates das redes e movimentos interna- Multinacionais brasileiras p. 70
de transferência de renda (inclusive 10 são estreita associada às necessidades cionais para a deinição de uma agenda Cooperção Sul-Sul p. 112
para cidades do Norte, como Nova Fonte: PNUD, 2013a básicas, e enfatizando a visão global de de desenvolvimento pós-2015.

44 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 45
BRASIL, POTÊNCIA EMERGENTE?

Segurança da República em 1889, dos golpes de


1930 e 1937 e do golpe que instaurou a
ditadura em 1964. Mesmo assim, de-
DOCUMENTOS SOBRE DEFESA NO BRASIL
Documento Ano Objetivos Centrais Meios de Execução Principais Definições

e política
Garantir a soberania nacional e a integridade Intensificação dos processos de regionalização e Segurança: condição em que o Estado, a sociedade
vido a condições internas e externas, territorial cooperação com os países da América do Sul e da
Costa Africana
ou os indivíduos se sentem livres de riscos, pressões
ou ameaças externas
consolidou-se no Brasil a imagem de Contribuir com a estabilidade regional
um país pacíico, que utiliza sobretu- Contribuir para a manutenção da paz e segurança
Criação de órgãos regionais e multilaterais de
resolução de controvérsias
Defesa: é o conjunto de ações do Estado, função dos
militares, para a defesa do território, da soberania e
do a diplomacia como estratégia de ne-

de defesa
Política de 1996 internacionais dos interesses nacionais
Defesa a
gociação internacional e resolução dos Nacional 2005 Intensificar a projeção do Brasil
Integração das Bases Industriais de Defesa
Ambiente internacional: complexo, pós-bipolar,
conlitos. Principalmente após o golpe Reformas nas organizações internacionais visando a globalizado, caracterizado pelas novas ameaças
Manter as Forças Armadas modernas e integradas sua maior legitimidade (terrorismo, crimes transfronteiriços)
de 1964, desenvolveu-se uma concep-
ção segundo a qual as Forças Armadas Desenvolver a indústria de defesa nacional, visando à
autonomia no setor
responderiam a problemas internos e
Visa à reorganização e reorientação das Forças Dissuadir forças hostis Brasil como país pacífico por tradição e convicção
BRASIL NAS MISSÕES DE PAZ DA ONU não externos. A ordem da Guerra Fria Armadas, da organização da Base Industrial de Defesa
Contingente de brasileiros no total das missões de paz, em julho de 2013 acrescentou a esse marco interpreta- e da política de composição dos efetivos da Marinha, Organizar as Forças Armadas sob o trinômio Projeto de ascensão ao cenário internacional, sem
do Exército e da Aeronáutica, contribuindo para monitoramento, mobilidade e presença buscar hegemonia
Haiti tivo condicionantes externos, relati- fortalecer o papel cada vez maior do Brasil no plano
MINUSTAH 1408
vos à ameaça comunista e à segurança internacional Fortalecer setores estratégicos: cibernético, nuclear e
espacial
Nexo inextricável entre Defesa e Desenvolvimento
Líbano 260
UNIFIL
UNIFIL
UNFICYP
no continente americano. O externo Estratégia 2008
Nacional de a
Sudão do Sul 14 MINUSTAH
MINURSO
e o interno convergiam em um movi- Defesa 2012
Adensar presença nas fronteiras e priorizar a região
amazônica
UNMISS
mento associado, graças à doutrina da

Labmundo, 2014
UNISFA
Saara Ocidental 10
MINURSO Guerra Fria elaborada no meio estraté- Estimular a integração da América do Sul e preparar
as Forças Armadas para agirem em missões da ONU
Costa do Marfim 7 gico dos EUA. A defesa como política
Efetivo total
UNOCI
nacional renasceu no Brasil de modo Capacitar a Base Industrial de Defesa para desenvolver
autonomia tecnológica
Efetivo brasileiro UNMIL
Libéria
UNMIL 4 UNOCI
UNMISS
mais relevante somente no período de
10 585
Abiey* redemocratização do Estado. Fonte: Ministério da Defesa, 2012.
UNISFA 4 1000

Labmundo, 2014
Chipre
UNFICYP 1 1
*Cidade disputada na fronteira
do Sudão com Sudão do Sul 1000 km Ao inal do século XX e início do XXI,
algumas mudanças ocorreram no cam- das Forças Armadas e apresentam uma ações humanitárias organizadas e ge- Entraves e diiculdades na política
Fontes: ONU, 2013b; Sítio web da ONU – Manutenção da Paz, 2014
po político e institucional da defe- nova compreensão do sistema inter- ridas pelas Nações Unidas. As Missões de desenvolvimento industrial mili-
sa nacional. Com a transição política nacional, exigindo do Brasil uma ação de Paz da ONU são inclusive defendi- tar nacional e regional, baixa inserção
na década de 1980 que pôs im ao re- diferente no preparo de suas Forças Ar- das na END do Brasil. Ou seja, uma no mercado militar mundial, sucatea-
A política de defesa diz respeito à pro- potenciais ou manifestas. O diagnós- gime militar e permitiu o desenho da madas. Por exemplo, a PDN apresen- das funções de nossas Forças Armadas mento da tropa e dos recursos milita-
teção da soberania e à integridade ter- tico sobre as ameaças também consta nova Constituição em 1988 e, sobre- ta um sistema internacional permeado passou a ser de participar e liderar essas res (armas, aviões, navios, artilharia e
ritorial, mas também à projeção dos dos mesmos documentos oiciais. tudo, com a criação do Ministério da por ‘novas ameaças’, tais como o nar- ações da ONU como meio de inten- demais itens), baixo interesse do setor
interesses nacionais no campo da segu- Defesa em 1999, a função das Forças cotráico, o terrorismo, a biopirataria siicar a participação brasileira no pla- público e congressual (“assunto de De-
rança regional e coletiva. No caso do Nesse sentido, defender a soberania Armadas foi alterada: ganharam aten- e outros. no internacional, contribuindo para o fesa não dá voto”) são somente alguns
Brasil, como indica o quadro apresen- no plano internacional implica, quan- ção os temas internacionais e regionais aumento da inluência do Brasil exter- dos problemas que o Brasil precisa en-
tando os principais documentos oi- do for necessário, o uso de aparato bé- e se intensiicou a projeção do Bra- A partir daí, as Forças Armadas assu- namente. A defesa mudou de estatuto frentar se quiser se tornar um ator re-
ciais, a defesa nacional é deinida como lico e, para tanto, resulta na aposta sil em missões de paz. Se o Brasil aspi- mem novo papel, voltado ao plano político no século XXI e passou a dia- levante nesse setor. É evidente que há
o conjunto de medidas e ações do Esta- atual de investir em tecnologias mais rasse a postos de coordenação política externo. Cada vez mais também é de- logar mais fortemente com a PEB de sinais de modernização, a exemplo
do, com ênfase no campo militar, para inovadoras e modernizar recursos hu- no plano sistêmico, deveria demons- fendida a utilização de militares em potência emergente. do submarino nuclear (parceria com
a proteção do território, da soberania manos. No Brasil há um longo histó- trar compromisso com a estabilidade a França) e dos caças suecos. Como
e dos interesses nacionais contra ame- rico de atuação dos militares na vida regional e internacional. O Brasil pas- construir em termos ideacionais e ma-
aças preponderantemente externas, política, a exemplo da proclamação sou a mobilizar mais recursos (huma- BRASIL E ORÇAMENTOS MILITARES teriais um Brasil potência se os temas
Evolução em bilhões de dólares, entre 1988 e 2012
nos, inanceiros e políticos) no seio das de defesa não ocuparem espaço impor-
operações de paz das Nações Unidas. Entre os países ricos e China Entre os países emergentes
tante no debate público? Somente soft
PRINCIPAIS PAÍSES EXPORTADORES DE ARMAS Desde então, houve constante aumen- 700
50 power seria capaz de garantir estabili-
Valores absolutos em bilhões de dólares e valores per capita, em 2012
to orçamentário reservado ao campo Desmantelamento
da URSS
EUA Redemocratização
e crises monetárias Índia dade política regional, poder de deci-
da defesa no Brasil. Isso pode ser ob- são e dissuasão no plano internacional?
8,760

8 600
servado, por exemplo, no gráico de or- Tudo indica que o discurso oicial em
8,003

40
7 çamentos militares no mundo, em que matéria de defesa esteja mudando no
6 se percebe claramente que este setor 500
Brasil Brasil: o atual Ministro da Defesa, Em-
obteve um crescimento nos montan- baixador Celso Amorim, reconheceu
5 Valores
per capita: tes destinados pelo governo brasileiro 400
30 que o Brasil precisa ter força e capaci-
100
4
50 à defesa. Também ocorreram inova- 11 de setembro dade dissuasória e que, portanto, não
3 10 ções quanto a parcerias com o segmen- de 2001 seria possível conceber uma realidade
5 to empresarial (Embraer, Odebrecht), 300 de Brasil potência sem considerar se-
2 1 20
Sem dados que passou a investir em defesa e tec- riamente a defesa nacional.
1,783

0 disponíveis 1000 km
1 nologia militar. Turquia
0,5 200
China
Além disso, merece destaque a publica- VEJA TAMBÉM:
Canadá
EUA
Rússia
China
Ucrânia
Alemanha
França
Reino Unido
Itália
Holanda
Espanha
Israel
Suécia

Suíça
Uzbequistão

Noruega
África do Sul
Polônia
Romênia
Chile
Singapura
Austrália
Nova Zelândia
Finlândia
Bielorrússia
Turquia
Brasil
Líbia

Labmundo, 2014 Irlanda


Coreia do Norte

10 México
ção da Política de Defesa Nacional em 100 Rússia Ameaças globais p. 48

Labmundo, 2014
1996 e da Estratégia Nacional de De- R. Unido Áf. do Defesa e segurança p. 90
fesa em 2008. Estes dois documentos, Brasil Sul
Energia e infraestrutura p. 92
Os dados representam os valores de 2012, com exceção de Chile (2008), Coreia do Norte (2009), Líbia (2010),
Bielorrússia (2011) e Uzbequistão (2011).
sobretudo o segundo, apresentam de- 1988 2000 2012 1988 2000 2012 Novas coalizões p. 106
Fontes: SIPRI, 2014a; Sítio web da base de dados do Banco Mundial, 2014. inições importantes sobre a função Fonte: SIPRI, 2014b.

46 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 47
BRASIL, POTÊNCIA EMERGENTE?

Ameaças globais e Desenvolvimento (1992), a cons-


cientização ecológica aumentou, mas
também se ampliou o leque de crises
EMISSÕES DE DIÓXIDO DE CARBONO
Em bilhões de toneladas de m³, entre 1992 e 2010
EMISSÕES DE CO2
Em tonelada per capita, em 2009

e transnacionais produzidas pela ação humana sobre a


natureza. O aumento dos níveis dos
mares pode comprometer territorial-
mente alguns Estados. Outros tipos de
1 bi
0,5 bi

0,25 bi

ameaças ambientais dizem respeito à


escassez de recursos (água, terra arável, 40,3
por exemplo) e ao incremento do nú- 6

mero de refugiados ambientais. 11


6

Labmundo, 2014
1
O Brasil não está imune a essas amea- China
0
Em um mundo concebido em ter- guerra e o outro para celebrar os acor- ças transnacionais, uma vez que possui Sem dados
1000 km

mos de anarquia e interesses estratégi- dos. Hoje, muitas ameaças ao terri- extenso território, é rico em diversi- Fonte: Banco Mundial, 2009. disponíveis

cos, a defesa e a segurança dos Estados tório dos Estados são dessa natureza, dade ecológica, em recursos minerais,
sempre estiveram no centro das rela- uma vez que os conlitos e as ingerên- lorestas e água doce. O controle sobre
ções internacionais e dos debates so- cias seguem acontecendo, como no o acesso a tais recursos tem tornado-se, Índia
(petróleo, gás, ouro, diamante, ferro, diferentes formas de pirataria, as inva-
bre política externa. No entanto, a caso da invasão do Iraque em março de cada vez mais, um tema de segurança. etc.), mas também os recursos naturais sões virtuais (via Internet), as doenças
natureza dos problemas de seguran- 2003 ou da crise na Criméia em 2014. Da Amazônia verde à Amazônia azul que passaram a ganhar valor agrega- e os tráicos transnacionais. O alar-
ça e defesa mudou com o advento das No caso do Brasil, a maioria dos conli- as Forças Armadas têm sido mobiliza- do graças à própria evolução das fron- gamento do sentido e do conceito de
bombas nucleares, a aceleração da in- tos territoriais se concentrou no século das e demandam sua modernização a teiras da “economia verde” (recursos segurança é acompanhado pela neces-
terdependência econômica, os avan- XIX. No século XX, o país participou im de lograrem responder à altura aos Brasil biogenéticos, lorestas, mares). A bio- sidade de pensar-se tanto a dimensão
ços tecnológicos da globalização, com das duas grandes guerras, mas a amea- desaios de proteção do território e dos pirataria e a obtenção de certiicados objetiva (tamanho dos exércitos ini-
o crescimento dos problemas trans- ça de invasão territorial era distante e interesses nacionais. As ameaças evo- de propriedade intelectual (como no migos, número de ogivas nucleares de
nacionais ligados à crise ambiental, não provocava receios maiores entre os luíram também com a própria noção caso do arroz basmati pela Ricetec, do que dispõe o inimigo) quando a di-
ao narcotráico e às guerras cibernéti- membros da elite governante. de riquezas potenciais do território dos África do Sul cupuaçu pela empresa japonesa Asahi mensão subjetiva da ameaça, ou seja, a
cas, por exemplo. A partir do momen- Estados: não somente é necessário pro- Food) são exemplos típicos dessas “no- percepção da ameaça e dos riscos exis-
to em que as ameaças se diversiicaram, No entanto, com o inal da ordem da teger os cidadãos e os recursos minerais vas” ameaças aos interesses e potenciais tentes pela sociedade e pelos tomado-
ao mesmo tempo, transformaram-se o Guerra Fria têm-se multiplicado os clássicos ixados ao território nacional ganhos econômicos dos Estados. res de decisão.
conteúdo, o escopo e a escala das po- sentidos e as expressões materiais da
líticas nacionais de defesa. Em alguns ameaça. As ameaças também são de México É claro que os agentes das ameaças Outro desaio importante colocado
casos, os temas de defesa passaram in- natureza transnacional, relacionadas, CIBERSEGURANÇA transnacionais são cada vez mais di- ao Estado brasileiro diz respeito à di-
clusive a fazer parte da agenda de co- por exemplo, a diferentes formas do Top 10 de origens de ataques via internet ou por versiicados, muito frequentemente mensão doméstica da segurança: as
meio de HTTP em 2013 (em % do total mundial)
operação dos Estados, a exemplo da crime organizado (narcotráico, trái- 5 15 25
ligados ao mercado e ao mundo das ameaças podem ter origem dentro do
Política Externa e de Segurança Co- co de seres humanos) e às crises ecoló- China
EUA
corporações, cujas ações podem gerar próprio território nacional. Nesse caso,
mum da UE e do Conselho de Defe- gicas (mudanças climáticas, aumento EUA
impacto muito negativo sobre o meio podem ocorrer inclusive comporta-
sa da Unasul. dos níveis dos oceanos). No caso da Holanda
ambiente. No entanto, também po- mentos abusivos de controle do Estado
crise ambiental, a dimensão transna- Reino dem ser grupos e indivíduos vincula- sobre a sociedade, chegando a conigu-
Japão
Tradicionalmente, a principal amea- cional é ainda mais evidente: chuvas Unido
dos a diferentes formas de terrorismo e, rar, em alguns casos, claras violações
Rússia
ça à integridade territorial dos Estados ácidas, emissões de gases de efeito es- por motivações totalmente distintas, a dos direitos humanos. Uma política de
Vietnã
provinha da ação militar de outros Es- tufa, poluição dos rios, contaminação ONG e movimentos sociais libertários segurança, ao almejar o controle total
tados. Os exércitos estrangeiros cons- dos oceanos, entre outros, são proble- França
Itália que militam contra o controle não de- dos riscos e ameaças, pode incorrer em
tituíam a principal das ameaças à mas que atravessam as fronteiras na- Brasil mocrático do Estado sobre a ação dos abusos e violações de direitos. A polí-
soberania dos Estados e às suas socie- cionais e produzem impacto no médio Índia indivíduos. O caso de Edward Snow- tica de defesa do Estado nacional deve
dades nacionais. As metáforas mais e longo prazos. Desde a Conferência Japão França den revela essa dimensão do risco as- equacionar as tensões potenciais resul-
citadas sobre os atores das relações in- de Estocolmo sobre Meio Ambiente Fonte: Symantec, 2014. sociado aos atos praticados por um tantes do imperativo de segurança e do
ternacionais giravam em torno do sol- Humano (1972) até a Conferência do indivíduo, mais precisamente um an- respeito às liberdades individuais e aos
dado e do diplomata: um para fazer a Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente Reino Unido tigo funcionário da CIA. direitos humanos. Esse é um dilema
Top 10 de origem de ataques via Bot*, em 2013 da ação doméstica e externa do Estado.
(em % do total mundial) Essa multiplicação de agentes faz com A resposta institucional à ameaça ter-
5 15 25
CIBERSEGURANÇA EUA que o conceito de segurança se torne rorista adotada em alguns países oci-
Combate a crimes cibernéticos, em 2013 Alemanha
China cada vez mais abrangente: de seguran- dentais (por exemplo, no caso da Lei
Itália ça nacional (conceito de triste lem- Patriota nos Estados Unidos) ilustra
Taiwan brança na América do Sul durante as perfeitamente essas tensões e não deve-
Brasil ditaduras militares) à segurança regio- ria servir de modelo de política pública
Rússia
Japão
nal, de segurança coletiva à segurança de segurança ao Brasil.
Hungria
humana. Os debates sobre tais concei-
Alemanha
tos estão longe de produzirem consen-
so, mas convergem no sentido de que VEJA TAMBÉM:
Crimes combatidos por Espanha
os agentes que geram insegurança dos

Labmundo, 2014
instituições militares Matriz energética e meio ambiente p. 34
Canadá
Estados podem ainda ser os demais Es-
Labmundo, 2014
Labmundo, 2014

Crimes combatidos por


instituições civis 1992 2010 Biodiversidade p. 40
*Ataques por meio de programas maliciosos que
comprometem os computadores e permitem que o tados, mas cada vez mais as catástro- Defesa e segurança p. 90
1000 km Sem dados
disponíveis
invasor controle o sistema infectado de um ponto remoto.
Fonte: CDIAC, 2013.
fes naturais, as mudanças climáticas Governança global p. 108
Fonte: UNIDIR, 2013. Fonte: Symantec, 2014. provocadas pelas emissões de CO2, as

48 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 49
BRASIL, POTÊNCIA EMERGENTE?

Cultura como a rede de Institutos Culturais e Cen-


tros de Estudos Brasileiros no exte-
rior, bem como repassar os recursos
DIPLOMACIA CULTURAL BRASILEIRA NO MUNDO
Manifestações culturais com apoio do Itamaraty, em 2013
É por isso que deve fazer parte da di-
plomacia cultural brasileira não apenas
combater esses clichês, mas sobretu-

soft power necessários às atividades de divulgação


cultural. No âmbito multilateral, am-
bos os ministérios são fundamentais
na atuação brasileira junto à Unesco.
do disseminar fatos históricos e fenô-
menos culturais desconhecidos pelo
público ou pouco acessíveis no exte-
rior. Durante o Ano do Brasil na Fran-
No plano dos estados e dos municí- ça, por exemplo, foram organizados
pios, algumas secretarias podem ter pa- seminários e exposições sobre a heran-
pel mais destacado no campo cultural ça africana no Brasil, tecnologias de
(como nos casos de São Paulo, Rio de Total de eventos
ponta ligadas à aviação, diversidade
Janeiro e Bahia, por exemplo). Centros Culturais cultural, arte modernista, ballet con-
Brasileiros
CINEMA NACIONAL E ESTRANGEIRO NO BRASIL 1000 km 6 3 Quantidade
temporâneo, políticas públicas e inser-
Público entre 2009 e 2012, Títulos lançados entre 2009 e 2012 Renda (em milhões de reais) São exemplos de iniciativas organi- 1 de eventos ção internacional.
em milhões de expectadores zadas pelo Brasil o festival de cinema
lusófono, o concurso Itamaraty de Manifestações culturais por tipo de evento com apoio do Itamaraty, em 2013 Finalmente, não se pode esquecer que
curta-metragem, as mostras de cine- Música Cinema os meios de comunicação e a mídia
419,4 EUA 4 179,1 ma brasileiro (o Itamaraty em coorde- têm uma posição importante como
nação com a Embrailme), o Ano do instrumentos de inluência global. A
Brasil 660,5
Brasil na França em 2005, os apoios à radiodifusão internacional, durante a
72,4
capoeira na América Latina, a promo- Guerra Fria, havia se tornado parte in-
ção da cultura no seio da CPLP, mos- tegrante da agenda de política externa
4,7 França 51,6 tras de artes plásticas, a edição das 1000 km 1000 km dos EUA. O controle sobre as ondas
revistas Cultura Brasileña e Brasil Cul- Literatura Gastronomia de rádio, por exemplo, foi objeto de
6,9
Reino 72,9 tura (respectivamente, pelas embaixa- intensa disputa Leste-Oeste.
Unido
das em Madri e Buenos Aires), etc. A
política cultural brasileira no exterior Hoje, com a globalização da televisão
1,1 Argentina 11,8
Labmundo, 2014
é abundante em projetos, muito em- e das telecomunicações, com a desre-
bora peque por escassez de recursos e gulamentação e digitalização da co-
2,4 Espanha 26,8 excessiva fragmentação das iniciativas. 1000 km 1000 km municação e a entrada de prestadores
100 200 300 400 500
A diplomacia cultural seria, assim, ins- Artes plásticas Dança privados de grande envergadura, a pai-
Fonte: Ancine, 2013.
trumento da inserção externa do Brasil, sagem se transformou profundamen-
devendo contribuir para consolidar a te. Existem vários tipos de novos meios
identidade nacional, reforçar a aproxi- de comunicação, alguns provenientes
A noção de soft power, o poder brando identidades e podem fazer da diploma- mação dos povos em torno de um pa- de países europeus com base em velhos
dos Estados, pode ser deinida como a cia cultural uma ferramenta de comu- trimônio comum e evitar, ao mesmo padrões coloniais, que convivem com

Labmundo, 2014
Quantidade
capacidade de atrair ou seduzir indiví- nicação e de política externa. No caso tempo, que as programações culturais 1000 km
de eventos: 1000 km outros conteúdos mais recentes de pa-
duos e grupos para o lado que se este- do Brasil, literatura, música popular sejam meras ferramentas de trabalho. 4 3 2 1 íses do Sul, como nos casos da Telesur
ja defendendo sem o uso da coerção. brasileira, bossa nova, samba, carna- A diplomacia cultural deve constituir Fonte: Itamaraty, 2013c. e da indústria de televisão no forma-
No caso da política externa, trata-se de val, novelas, esportes (e o futebol em prioridade política e, consequente- to de telenovela que se espalhou para a
convencer outros países a querer o que particular), capoeira e jiu-jitsu brasi- mente, receber recursos, inanceiros e maioria dos países da América Latina
o seu próprio país está buscando, sem leiro, cinema ou ainda a organização humanos, que sejam condizentes com plano internacional. Além disso, de- os estereótipos frequentemente asso- e da África (PALOP), bem como nos
a necessidade de ordenar ou coagir por de eventos culturais, entre outros, fa- a sua função. pendendo naturalmente do peso polí- ciados à identidade do país – muitos continentes asiático e europeu.
meios militares ou econômicos. A bar- zem parte do conjunto de vetores e ins- tico de um Estado, de sua importância dos quais, de natureza sexista e discri-
ganha e a negociação são elementos trumentos culturais que projetam uma É evidente que o uso diplomático da histórica global e regional, esses valo- minatória, veiculam imagens de um
constitutivos do poder brando, consi- imagem sobre o Brasil no plano inter- cultura parte de visões oiciais sobre res podem ter maior ou menor capaci- país de praias, mulheres lindas, liber- VEJA TAMBÉM:
derado a outra face do hard power. Se- nacional. Algumas dessas imagens po- a identidade de uma sociedade nacio- dade de inluência e irradiação. dade sexual, samba e carnaval. É bem Pluralismo étnico p. 24
riam três as suas principais fontes: a dem se converter em clichês. nal. A diplomacia cultural relete o uso verdade que, quando diplomacia cul- População e diversidade p. 42
cultura (que pode ser atraente e exercer especíico da relação cultural para ins Por meio da diplomacia cultural, o go- tural e interesses de mercado se com- Futebol e esportes p. 52
fascínio sobre indivíduos e sociedades O Itamaraty e o Ministério da Cultu- de natureza não somente cultural, mas verno brasileiro procura difundir valo- binam, essas distinções entre valores Religião p. 56
de outros países), os valores políticos ra são, no âmbito federal, os principais também político, comercial ou econô- res culturais que coloquem em xeque e estereótipos se tornam menos claras.
(democracia, direitos humanos, boa promotores da diplomacia cultural mico. Ademais, tende a existir uma re-
vizinhança, justiça social, etc.) e a di- brasileira. O Ministério da Cultura lação muito estreita entre a diplomacia
plomacia (desde que considerada legí- atua por meio de sua Diretoria de Re- e a alta cultura, ainda que de manei- LUTAS E CULTURA
Grupos brasileiros de capoeira no exterior, em 2013 Academias brasileiras de jiu-jitsu no exterior, em 2013
tima e portadora de alguma forma de lações Internacionais. A Diretoria e o ra implícita e tácita. Nesse processo, o
respeitabilidade e autoridade moral). Departamento Cultural do Itamara- que o Estado brasileiro procura proje-
ty trabalham juntos na divulgação in- tar, em última instância, são seus va-
Dessas três fontes, a cultura talvez seja ternacional da cultura brasileira e da lores, interpretados por aqueles que

Labmundo, 2014
a mais descentralizada e com grande língua portuguesa. Além disso, o Ita- concebem e implementam as políticas.
capilaridade nas sociedades. Ademais, maraty negocia acordos, desempenha É claro que a existência de um regime
suas fontes e capacidades de produ- atividades de organização e estabele- democrático e a variável doméstica as- Quantidade
Quantidade
de academias
ção se encontram em vários agen- ce contatos com vistas à realização de sociada à coalizão político-partidária de grupos
211
124
tes, no mercado, na sociedade e nas eventos culturais. Ainda é da com- no poder ambas inluenciam o proces- 46 30
próprias políticas públicas. Os Esta- petência do Departamento Cultural so decisório sobre que tipo de cultura 18 1000 km 1
1000 km

dos projetam no plano externo suas do Itamaraty acompanhar e orientar e de identidade cultural promover no Fonte: Itamaraty, 2013d. Fontes: Sítios na web das academias, 2014

50 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 51
BRASIL, POTÊNCIA EMERGENTE?

O país do futebol, BRASIL NAS OLIMPÍADAS


Evolução da posição brasileira no ranking, entre
1984 e 2012
ESCOLA BRASILEIRA DE FUTEBOL NO MUNDO
Jogadores atuando em clubes estrangeiros da primeira divisão, em maio de 2013.
que conquistou um total de 10 meda-
lhas de ouro, 4 de prata e uma de bron-
ze nos jogos de Londres e de Pequim.

vôlei e talentos
Olimpíadas

*Los Angeles

Barcelona
Essa imagem do Brasil no exterior, por

Londres
Pequim
Sydney
Atlanta

Atenas
1984

1988

1992

1996

2000

2004

2008

2012
meio do esporte, contribuiu para que

Seul
o país tenha sido escolhido, em 2014,

individuais 19
24 25 25
16
23 22
Quantidade
de jogadores
pela segunda vez, para sediar a Copa
do Mundo FIFA. Além disso, o Rio
de Janeiro, com um forte apoio popu-
lar, foi eleito sede dos Jogos Olímpicos

Labmundo, 2014
88
30
10
1
*O círculo verde de 2016. Além de ganhar visibilidade,
representa a quantidade
52
1000 km
de jogadores estrangeiros o Brasil espera que esses eventos es-
Desde a segunda metade do século XX, internacional, muitos jogadores des- Fonte: Sítio web da FIFA, 2013. que jogam no Brasil. portivos impulsionem a economia do
o Brasil tem sido reconhecido pelo seu pontam e são lembrados com carinho 1
8
1
6
2
3
3
15
0
12
5
10
3
15
3
17
país, em termos de investimentos, mas
desempenho esportivo, devido, prin- na memória de torcedores dos clubes também nos setores do turismo, do co-
cipalmente, à seleção masculina de fu- de diversos países. Essa imagem posi- Senna, no automobilismo; de Gustavo o Brasil frequentemente tem desem- mércio, entre outros. Apesar dessa ex-
Parolimpíadas
tebol. Os cinco títulos mundiais, as tiva pode gerar capacidades imateriais 9 8 Kuerten, no tênis; de Oscar Schmidt, penho inferior nos Jogos Olímpicos pectativa, grande parte da população
seleções de 1970 e de 1982, assim como para o país, por facilitar as interações no basquete; de Anderson Silva e de em relação a países com menor de- se mostrou insatisfeita com os resul-
14
alguns craques podem ser citados para entre as pessoas e entre as instituições. José Aldo, nas lutas marciais; de Gil- mograia e com economias menos tados parciais desses investimentos e
explicar essa imagem brasileira no ex- O esporte pode, portanto, ser usado berto Amaury de Godoy Filho (Giba), dinâmicas (Hungria, Coreia do Nor- aproveitou a visibilidade desses gran-
terior. E isso apesar da recente der- como um instrumento da política ex- 24 25 24
no vôlei; etc. Todavia, o futebol ten- te, Cazaquistão, Cuba, Jamaica, etc.). des eventos para ir às ruas a im de pro-
rota frente à Alemanha na Copa de terna brasileira, de modo a suprir, é de a concentrar grande parte da aten- Cabe ressaltar, também, que o Bra- testar e contestar quais seriam os reais
32
2014. Não é raro que jogadores de fu- claro que muito parcialmente, a fal- ção dos brasileiros e dos investimentos. sil não conquistou nenhuma meda- benefícios que a população terá com a
37
tebol brasileiros tenham reconheci- ta de capacidades materiais em outros Essa preferência popular pelo futebol, lha nos Jogos Olímpicos de Inverno, realização dessas competições no país.
mento internacional. Edson Arantes âmbitos. É o caso, por exemplo, do 7 4 3 2 6 14 16 21 associada à falta de eiciência política dos quais participa, tradicionalmente, Dentre as principais reclamações estão
28 28 7 21 22 33 47 43
do Nascimento (Pelé) é apontado por “Jogo da Paz”, quando a seleção brasi- das federações e de vários níveis do go- com delegação reduzida, e isso apesar a falta de investimentos em educação,
*As Parolimpíadas de 1984 foram disputadas em Nova York
diferentes especialistas como um dos leira enfrentou a seleção do Haiti em verno, explicam em parte a ausência da desvantagem geográica. mobilidade e saúde (diante dos expres-
10 Posição do Brasil no ranking de países
melhores jogadores de futebol de to- 2004, em Porto Príncipe. Os clubes de de investimentos mais signiicativos sivos gastos com novos estádios de fu-
dos os tempos, Arthur Antunes Coim- futebol brasileiros são menos conhe- 8 Quantidade de medalhas de ouro
em outros esportes. O esporte é, mui- O Brasil depende de resultados prin- tebol) e remoções em grande escala de
bra (Zico) tem estátuas no Brasil, no cidos mundialmente, embora existam 6 Quantidade total de medalhas
tas vezes, visto pela população caren- cipalmente em esportes individuais comunidades, para viabilizar obras de
Fonte: Sítio web da COI, 2013
mundo árabe e no Japão, assim como indícios de que isso esteja mudando te como um recurso para conquistar como natação, vela, judô e atletismo, infraestrutura.
as camisas “amarelinhas” da seleção de (com a abertura de escolas de clubes Esportes que mais deram medalhas ao Brasil, estabilidade econômica. Consequen- para garantir uma posição melhor no
futebol são vendidas ao redor do mun- brasileiros em países sul-americanos e até 2014 temente, o Brasil vive de talentos indi- quadro de medalhas nos Jogos Olím-
do como símbolo do “futebol-arte”. com a inclusão em contratos de forne- Vôlei 20 6 viduais que conseguem driblar a falta picos. Os esportes brasileiros que mais VÔLEI BRASILEIRO
Medalhas no World Grand Prix /FIVB (feminino),
cedores esportivos de cláusulas que ga- Judô 19 3 de investimentos, de infraestrutura e contribuíram com medalhas foram o em 2014
Não somente os craques do futebol rantam venda e publicidade mundial). de apoio aos atletas nacionais. judô e a vela, que somente são supera- 16
Vela 17 6
contribuem para a imagem do país. dos pelo vôlei (se considerarmos as mo- 14 Total de medalhas
12
Os jogadores brasileiros passaram a ser Apesar de o Brasil despontar como o Atletismo 14 4 Esse fator pode ser usado para expli- dalidades de vôlei de quadra e de areia 10
Medalhas de ouro
um produto de exportação de serviços “país do futebol”, outros esportes, além Natação 13 1
car por que o Brasil não é uma po- na mesma categoria). Em curva ascen- 8

Labmundo, 2014
para diversos países, entre eles, países do futebol masculino, renderam essa tência olímpica. Apesar de números dente desde a geração que conquistou 6
africanos, asiáticos, europeus e ameri- imagem positiva. É o caso de Marta Futebol 7 Total de medalhas demográicos e econômicos expressi- a prata olímpica em 1984 (masculino), 4
2
canos. Ainda que o futebol brasileiro Vieira da Silva, eleita por cinco vezes a Basquete 6 Medalhas de ouro vos, esses resultados não conseguem o esporte de quadra tem dado grandes
tenha perdido a hegemonia no cenário melhor jogadora pela FIFA; de Ayrton ser traduzidos em um melhor desem- títulos ao Brasil, tanto no masculino

lia

ha
ia

ia
Fonte: Sítio web da COI, 2013.

ba

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A

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ss

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EU
as

Itá

an
Cu

Ch


Br
penho do esporte brasileiro. A despei- quanto no feminino. As seleções bra-

la

em
Al
to de ter uma população signiicativa e sileiras são as maiores vencedoras dos
GRANDES EVENTOS ESPORTIVOS ser um dos 10 maiores PIB do mundo, torneios internacionais, assim como Medalhas na World League/FIVB (masculino), em
Concentração dos grandes eventos esportivos entre 1900 e 2014
estiveram presentes em cinco das úl- 2014
timas seis inais olímpicas (em Atenas, 18
16
JOGADORES ESTRANGEIROS em Pequim e em Londres). Na moda- 14
Atuando em times da Série A, em 2013
lidade de areia, o Brasil também se des- 12
10
Colômbia
taca, desde a primeira olimpíada, em 8

A
Atlanta, quando a inal da modalida-

EU
6
d

Labmundo, 2014
Equador la n de feminina foi disputada por duas du- 4
Ho 2
Espa
nha plas brasileiras.

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Itá

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Peru


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China

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Po
Bolívia Outro expoente do esporte brasilei- Fonte: Sítio web da FIVB, 2013.

Ang
ro são os resultados obtidos nas Pa-
Paraguai o la
raolimpíadas. Apesar da falta de um
Quantidade
apoio mais substancial e de visibilida- VEJA TAMBÉM:
Cidades olímpicas
123 Chile
Uruguai de jogadores de, os atletas paraolímpicos brasileiros Turismo p. 54
apresentam resultados animadores, o

Labmundo, 2014
Sediou a Copa FIFA uma vez Religião p. 56
Argentina
que coloca o país entre os 10 primeiros
Labmundo, 2014

Sediou a Copa FIFA duas vezes 1000 km 1 2 4 Cooperação p. 110


1000 km *Japão e Coreia sediaram 500 km nos quadros de medalhas. Muito devi- Cooperação em educação p. 114
uma copa juntos
**Eventos realizados
Fontes: Sítio web da CBF, 2013; e da FIFA, 2013. do, também, ao nadador Daniel Dias,
Fontes: Sítios web da COI, 2013; e da FIFA, 2013. e aprovados

52 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 53
BRASIL, POTÊNCIA EMERGENTE?

Turismo e do Turismo, desde os anos 2000, a


quantidade de turistas estrangeiros no
país oscila entre 5 e 6 milhões de in-
A distância da Europa, Estados Unidos
e Ásia faz com que turistas desses pa-
íses preiram estadas mais longas, re-
TURISTAS ESTRANGEIROS NO BRASIL
Países emissores de mais de 100 mil turistas para o Brasil, em 2011

imagem nacional divíduos. Com estes valores, o país re-


cebe menos turistas que locais como
Catalunha, Tunísia e Vietnã.
alizadas em várias cidades brasileiras.
Enquanto o Brasil apresenta proble-
mas como infraestrutura e longas dis-
tâncias, os demais países da América
Boa parte das explicações possíveis do Sul tornam-se competitivos por te- Principais emissores:
Argentina 1.593.775
para esse fato se encontra na distân- rem atrativos turísticos mais próximos EUA 594.947
cia dos principais polos emissores de uns dos outros. Uruguai 261.204
turistas (o turismo internacional é 1,593 0,594 0,261 0,183 Alemanha 241.739
principalmente de fronteira) e no alto O Brasil adota por lei uma política de Itália 229.484

Labmundo, 2014
custo dos hotéis e passagens domésti- reciprocidade em que se exigem vistos
O turismo é um dos setores econômi- A identidade nacional do Brasil está cas. Além disso, o país tem conexões daqueles países que possuem a mesma
co que ganharam grande importância fortemente conectada à ideia de um turísticas deicitárias com o exterior e obrigação para brasileiros. Desta for- Fonte: Ministério do Turismo, 2013a.
nas últimas décadas. Estudo realizado país paradisíaco, sedutor aos estran- muito concentradas em poucas cida- ma, turistas americanos enfrentam um
pelo Fórum Econômico Mundial em geiros e culturalmente aberto ao novo. des, como o Rio de Janeiro e São Paulo. trâmite maior para vir ao Brasil, o que
2007 indica que, entre 1950 e 2004, as Na imprensa internacional e em mí- reduz o luxo de um dos principais po- elevados gastos no exterior. O turis- Segundo dados da Euromonitor In-
receitas internacionais com o turismo dias sociais é comum que o país, suas los emissores de turistas. Desse modo, mo realizado por estrangeiros no Brasil, ternational, ida de turistas brasileiros
aumentaram de 2,1 bilhões para 723 bi- cidades ou alguns de seus atrativos tu- CONTA TURISMO um americano em busca de uma via- porém, contribui para algumas maze- para o exterior apresentou aumento
lhões de dólares. No ano de 2006, o se- rísticos sejam classiicados entre os pri- em bilhões de dólares, entre 2000 e 2012 gem de praia pode encontrar no Ca- las do país, como a prostituição (sobre- exponencial na última década. Esse fe-
25
tor foi responsável por 10,3% do PIB meiros no mundo ou como “o lugar do gastos de brasileiros no exterior
20
ribe, e não no Brasil, um destino com tudo infantil), a descaracterização dos nômeno se relete no grande aumen-
mundial e por 8,2% do total de empre- momento a ser visitado”. melhor infraestrutura turística, menor hábitos de comunidades tradicionais e to dos gastos dos turistas brasileiros
gados no mundo. O turismo é apon- 15
tempo de deslocamento, menos buro- serve de justiicativa para investimen- no exterior, que, associado a uma es-
tado como possível ferramenta de Apesar disso, o Brasil está inserido nos 10 cracia e preços equivalentes. tos públicos preferencialmente nas áre- tagnação dos gastos de turistas estran-
desenvolvimento econômico e social luxos turísticos internacionais de ma- as nobres dos municípios brasileiros. geiros no Brasil, fez com que a conta

Labmundo, 2014
5
para países em desenvolvimento e fa- neira periférica. A recepção de turistas gastos de estrangeiros no Brasil
Além disso, as políticas de promoção turismo do país apresentasse déicit
cilitador do intercâmbio entre cultu- estrangeiros é relativamente modesta 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 do Brasil no exterior são marcadas pelo As recentes transformações econômi- crescente. Recentes medidas tomadas
ras e empoderamento de comunidades e teve na última década um aumento Fonte: Ministério do Turismo, 2013a. baixo interesse em atrair grupos asi- cas e sociais têm feito do país uma re- pelo governo brasileiro, como o au-
locais. tímido. Segundo dados do Ministério áticos, em especial chineses, que são gião mais para emissão de turistas do mento de impostos sobre transações
uma força emergente no setor e têm que de recepção. O setor é bastante de- em cartão de crédito no exterior e o au-
pendente do mercado doméstico. E mento do IOF, têm buscado contro-
TURISMO MUNDIAL no exterior, os brasileiros se destacam lar esse aumento do consumo além das
Chegada de turistas estrangeiros, em 2012 (em milhares de indivíduos) Total de turistas internacionais, entre TURISTAS BRASILEIROS pelo seu poder de consumo em cidades fronteiras.
1950 e 2020 (em milhões) Viagens domésticas (em milhões de viagens)
como Paris e Nova York. O turismo
1800 2005 138,71 doméstico no Brasil tem apresentado Os destinos preferidos por brasilei-
1600
1400 2006 147,10
altas taxas de crescimento, acompa- ros no exterior estão concentrados
nhando a inserção de largas parcelas em poucas regiões, principalmente na
1000 2007 156,00 da população em um novo padrão de América do Norte, na Europa Ociden-
800 2008 165,43 consumo. Em pesquisa realizada no tal e no Cone Sul. Por sua vez, EUA
Maiores destinos
200 2009
inal de 2013 pelo Ministério do Tu- e Argentina são, respectivamente, os
1. França 83,0 25 175,44
2. EUA 67,0
rismo, a quantidade de pessoas que dois principais destinos dos turistas
83
3. China 57,7 57
1950 1980 2000 2020*
pretendiam viajar pelo Brasil (72,7%) brasileiros no exterior. Entre as cida-
Total estimado de viagens brasileiras ao exterior
4. Espanha 57,7 35 (em milhões de viagens) foi três vezes maior do que os que dese- des, destacam-se Nova York e Miami,
5. Itália 46,4 *previsão 11
22
8,3
javam um destino no exterior (24,7%). Paris e Roma, assim como Buenos Ai-
... 5 7,5
1000 km
38. Brasil 5,7 2,2
Dos que miravam o turismo domésti- res e Santiago do Chile.
co, mais da metade (53,7%) escolheu

Labmundo, 2014
2002 2011 2012* 2013* a região Nordeste, que vem ganhan-
*estimativa
do peso cada vez mais signiicativo nos MAIORES DESPESAS EM TURISMO
Receitas do turismo internacional, em 2012 (em bilhões de dólares) Fontes: Ministério do Turismo, 2013b; Canadian Tourism Em 2013, em bilhões de dólares
Receita cambial, entre 1999 e 2012 Comission, 2012. luxos turísticos brasileiros. China 102
(em bilhões de dólares)
Alemanha 83,8
EUA 83,5
RUMO AO EXTERIOR Inglaterra 52,3
Rússia 42,8
Viagens internacionais de brasileiros, em 2012 (por milhares de indivíduos)

Labmundo, 2014
França 37,2
Canadá 35,1
Japão 27,9
Austrália 27,6
Itália 26,4
Fonte: UNWTO, 2013.

Maiores receptores
Maiores destinos:
1.042
1.075

1. EUA 126,2
445
475
472
474
525
633
680
745
860
944
855
930

2. Espanha 56,0 VEJA TAMBÉM:


3. França 53,7 2000 2004 2008 2012 1. Estados Unidos
2. Argentina Globalização e nova ordem p. 22
Labmundo, 2014

4. China 50,0
1.017

Labmundo, 2014
5. Macau 43,7 3. França 909 Logística p. 32
... 4. Portugal
1000 km Demais países 5. Itália 432 Ação internacional das cidades p. 68
35. Brasil 6,7 265 1000 km
30 10 5 1 0 Brasileiros no exterior p. 76
Fontes: UNWTO, 2013; Ministério do Turismo, 2013b. Fonte: Euromonitor International, 2012.

54 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 55
BRASIL, POTÊNCIA EMERGENTE?

Pluralismo BRASILEIROS NA FÉ
Evolução da religião entre os brasileiros, entre 1870
e 2010
PAPA MÓVEL
Viagens pastorais de papas fora da Itália por ano, entre 1963 e julho de 2014
RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA
Praticantes de Umbanda, em 2010

religioso
Total de praticantes,
em milhões de fiéis
123,4

1965 1975 1985 1995 2005 2015


42,4

3,8 Paulo VI João Paulo I João Paulo II Bento XVI Francisco


1963-1978 1978-1978 1978-2005 2005-2013 2013
x9 x 104 x 24 x3
Católicos
O 1º Papa a sair da Itália Permaneceu somente Viajou mais Mesma média de viagens Fez sua primeira
em mais de um século 33 dias no cargo, de 1.167.000 km de J. Paulo II se comparados viagem fora da

Labmundo, 2014
e o 1º a viajar de avião. sem realizar viagens os períodos em que Itália para o Brasil
Ficou conhecido fora da Itália tinham a mesma idade
como “Papa Peregrino”
Viagens pastorais de Papas ao Brasil
Fonte: Vaticano, 2014. 300 km
A coniguração religiosa brasileira é um contextuais, a realidade do catolicis-
elemento que contribui para o atual mo nesses países em desenvolvimen- Evangélicos
processo de internacionalização de sua to, em geral, é de hegemonia, mas com são marca importante do contexto re- mais recentes. São religiões brasileiras,
sociedade. Os movimentos religiosos uma participação relevante de outros ligioso brasileiro. no sentido de terem sido fundadas no
Praticantes de Candomblé, em 2010
brasileiros fazem parte de dinâmicas grupos religiosos, fazendo com que país, mas estão envolvidas também em
internacionais que favorecem a inlu- os principais países católicos do mun- Sem religião De fato, o fenômeno mais expressivo processos de internacionalização. Os
ência externa no cotidiano domésti- do não possuam porcentagens da sua da dinâmica religiosa brasileira na atu- espíritas, por exemplo, têm sua origem
co, bem como o impacto de nacionais população católica acima de 90%. A alidade é a ascensão dos grupos religio- no livro publicado por Allan Kardec
no exterior. Apesar de as pesquisas de importância da religiosidade entre os sos protestantes. De acordo com dados no século XIX, na França, e difundido
opinião pública indicarem uma im- países do Sul e a expansão de suas po- Outros do censo do IBGE, de 2000 a 2010 amplamente no Brasil.
portância levemente declinante no pulações faz com que o atual panora- Espíritas houve uma expansão de 61% no nú-
conjunto da população, com o acrésci- ma religioso, em termos mundiais, seja mero de iéis. São grupos heterogêneos, As religiões de matriz africana são re-

Labmundo, 2014
Candomblé
e Umbanda
mo do número de ateus nas estatísticas caracterizado pela tendência ligeira- sem necessariamente uma identida- sultado do sincretismo religioso a par-
mais recentes, o âmbito espiritual ain- mente ascendente no número de in- de comum. Possuem os iéis mais ati- tir da resistência cultural de africanos.

70

90

40

60

80

20 0
10
0
18

19

19
18

19

20
da é fundamental para compreender as divíduos que se airmam e consideram Fonte: IBGE, 2013a. vos em sua comunidade religiosa. São Não possuem unidade institucional e,
dinâmicas sociais no país. religiosos. muito inluenciados pela experiência por isso, apresentam grande variedade
evangélica nos Estados Unidos , como nas suas práticas e mesmo deinições, Quantidade de 300 km
O Brasil é historicamente de maioria No caso do Brasil, a religião católica Participação de fiéis em relação ao total da se observa na inluência da música gos- algumas das quais são majoritariamen- fiéis por município:
população, em 2010
católica, identidade em relativo declí- tem passado por relativo declínio. Os pel. Destaca-se também o caráter mis- te regionais, como o candomblé na

Labmundo, 2014
64,6 % 50.000 *Somente representados
nio em especial pela maior presença grupos de iéis católicos têm uma das sionário de muitos desses grupos que Bahia ou a macumba no Rio de Janei- 10.000 valores maiores a
5.000
de grupos religiosos evangélicos e neo- médias de idade mais elevadas. Os pa- colocam o país entre os principais ro. No caso do candomblé praticado 1.000
1000 indivíduos.

pentecostais. O país é hoje a maior co- pados recentes promoveram políticas emissores do mundo de religiosos. na Bahia, as yalorixás e os babalorixás Fonte: IBGE, 2010b.
munidade nacional católica do mundo, que pouco incentivam a participação são iguras reconhecidas internacio-
mas ainda assim com peso modesto dos iéis nas comunidades religiosas, Este grupo religioso possui uma dinâ- nalmente, que servem de ponte espiri-
na alta cúpula do Vaticano. Por exem- principalmente quando o catolicis- 22,2 % mica demográica bastante particular: tual e cultural entre o Brasil e a África. embora possa produzir contradições
plo, o país passou a ter seu primeiro mo é comparado a outras denomina- em especíico, as igrejas evangélicas no futuro. O Estado brasileiro é cons-
santo nascido no Brasil somente em ções. Os católicos também seriam o 8%
2,9 %
(como Assembleia do Reino de Deus, A importância da dimensão regional é titucionalmente laico, mas é inegável
2%
2007 com Frei Galvão. A Igreja católi- grupo que menos contribui inancei- 0,3 %
Universal, ou Igreja do Evangelho evidente em algumas religiões pratica- a inluência de alguns grupos religio-
ca mantém seu grupo de iéis, cada vez ramente para sua instituição. Tais as- Labmundo, 2014 Quadrangular) possuem a maior pro- das por grupos da Amazônia, Piauí e sos na política doméstica (em especial,
s

as

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ico

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tro

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Ou
l


porção de iéis com renda per capita


Um do

mais, em países em desenvolvimento pectos, associados à emergência dos Maranhão, onde além do sincretismo em temas relativos à liberdade da prá-
re

Es
Ca

an

e an
m
Ev

Se

e parece estar buscando reforçar a pre- praticantes de religiões evangélicas, Fonte: IBGE, 2013a. inferior a um salário mínimo (63,7% católico e africano estão associados ele- tica religiosa, ao diálogo entre as religi-
sença de jovens em suas maiores comu- do total) e são predominantemente mentos da cultura indígena. A umban- ões e à tolerância, ao ensino público da
nidades. É nesta ótica que se poderia urbanas, onde alcançam 13,9% do to- da, nascida no Rio de Janeiro no início religião, aborto e casamento homos-
interpretar a visita do Papa Francis- CRISTIANISMO tal da população (em comparação com do século XX, é um exemplo dessa sexual). Seria possível imaginar que a
co ao Brasil (sua primeira viagem fora Maiores comunidades católicas % da popopulação nacional % da população católica mundial 12,2% dos que se identiicam com esta complexidade e riqueza, porquanto política externa brasileira venha a ser
da Itália após sua eleição) e a edição de França 40.510.000 98,4 13,9
vertente no total do país). A disper- reúne elementos da cultura indígena, inluenciada por atores religiosos, por
Itália
1910

35.270.000 99,9 12,1


um dos mais importantes eventos ca- Brasil 21.430.000 95,6 7,4
são de evangélicos pelo território bra- africana e católica, associadas a doutri- exemplo, na defesa de valores morais
tólicos, a Jornada Mundial da Juven- Espanha 20.350.000 99,9 7,0 sileiro não é uniforme, havendo uma nas do Espiritismo francês. Os ilhos no âmbito multilateral ou na busca
tude, na cidade do Rio de Janeiro, em Polônia 18.750.000 77,1 6,4 concentração na região Sudeste, em es- de santo do candomblé estão presen- por maior liberdade de atuação reli-
2013. Maiores comunidades católicas % da popopulação nacional % da população católica mundial pecial nas capitais e regiões metropo- tes essencialmente nas cidades de São giosa de brasileiros no exterior? Trata-
Brasil 126.750.000 65,0 11,7 litanas de Rio de Janeiro, São Paulo e Paulo, Rio de Janeiro e no recôncavo se de questões novas para a agenda da
Se há cem anos as principais comu- Belo Horizonte, Goiânia e litoral da baiano. Os praticantes da umbanda PEB, mas que merecem o olhar atento
2010

México 96.450.000 85,0 8,9


Filipinas 75.570.000 81,0 7,0
nidades católicas do mundo eram no Estados Unidos 75.380.000 24,3 7,0
região sul (em especial Paraná e Santa têm presença maior no centro-sul do da sociedade brasileira.
geral de países europeus, a tendên- Itália 49.170.000 81,2 4,6 Catarina). país, com destaque para o Rio de Ja-
cia atual é de redução da importância Maiores comunidades protestantes % da popopulação nacional % da população protestante mundial
neiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
do âmbito religioso nos países desen- Estados Unidos 159.850.000 51,4 20,0
Entre os espíritas e os praticantes de re- VEJA TAMBÉM:
volvidos. Isso afeta o peril do grupo ligiões de matriz africana (por exemplo, O Brasil possui uma experiência reli-
2010

Nigéria 59.680.000 37,7 7,5 Diversidade cultural p. 24


de iéis da Igreja católica, aumentan- umbanda e candomblé), podem ser giosa variada e dinâmica, recortando
Labmundo, 2014

China 58.040.000 4,3 7,2


Itamaraty p. 60
do a importância de grandes países Brasil 40.500.000 20,8 5,1
lembradas algumas dinâmicas interna- distintos grupos culturais e classes so- Atores religiosos p. 74
África do Sul 36.550.000 72,9 4,6
do Sul, como Brasil, México, Colôm- cionais relevantes, tanto na sua origem ciais. O âmbito religioso não pode ser Cooperação Sul-Sul: África p. 116
bia e Filipinas. Apesar das diferenças Fonte: Pew Research Center, 2011. e formação, quanto nos seus processos ignorado pela política externa, muito

56 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 57
Capítulo 3:

ATORES
E AGENDAS

Enara Echart Muñoz


Muitos analistas consideram que a política externa brasileira é uma polí-
tica de Estado, marcada por continuidade, vinculada a um interesse na-
cional permanente e, dessa forma, protegida de influências políticas e
ideológicas, graças sobretudo à atuação do Itamaraty. Neste capítulo, o
argumento vai em outro sentido, ou seja, partimos da premissa de que a
formulação e a implementação da PEB se inserem na dinâmica política
das escolhas de governo (coalizões, barganhas, disputas, etc.). A PEB é o
resultado da ação do Estado e do governo no plano internacional. Ela
reage a mudanças no sistema internacional, relaciona-se diretamente com
a evolução das organizações multilaterais, responde aos desafios regionais,
porém a PEB não começa apenas onde termina a política doméstica. Os
atores e as agendas nacionais são de fundamental importância para enten-
der a nova configuração da política externa, principalmente no bojo dos
processos de globalização da economia e de democratização do Estado
brasileiro. Daí decorre a necessidade de analisar os atores e as agendas que
Enara Echart Muñoz

nos permitem compreender claramente esse sentido de mudança e, ao


mesmo tempo, confirmar a premissa aqui defendida de que a política
externa também deve ser tratada enquanto política pública.
ATORES E AGENDAS

Itamaraty constituem, ao lado das Forças Arma-


das, a mais antiga e tradicional buro-
cracia do Estado brasileiro. Burocracia
REPRESENTAÇÕES DIPLOMÁTICAS
Localização das representações diplomáticas brasileiras, e quantidade de funcionários e diplomatas** nas 35 principais representações, em 2014

e diplomacia
**A parte hachurada no gráfico representa o total de diplomatas
implica rigor no processo seletivo, re- em cada representação.

gras com base no mérito para a pro- Total dos funcionários:


moção de seus quadros, formação e 500 1000 1500
treinamento contínuos ao longo da

pública
Embaixadas

carreira, mas também normas hierár- Países em que o


Brasil tem embaixada
Consulados
Missões
quicas que ordenam o aprendizado e Consulados diplomáticas
70

a socialização de seus agentes, criando Missões em organismos 60


assim as bases sociais e culturais para o multilaterais
Escritórios e outras
reconhecimento mútuo no âmbito da representações
50

organização. O Instituto Rio Branco, 40


*O Brasil não reconhece os seguintes países: Abecásia; R. Turca do
De acordo com a Constituição de 1988, a participação nas negociações comer- fundado em 1945, é uma peça central Chipre do Norte; Ossétia do Sul; R. Árabe Sahauri Democrática (Saara
a política externa é da competência do ciais, econômicas, técnicas e culturais nessa arquitetura, uma vez que sele- Ocidental); Somalilândia; Transdniéstria; e Taiwan. 30

Presidente da República, que a dele- com governos e entidades estrangei- ciona e capacita os diplomatas brasilei- 20
ga ao Ministério das Relações Exterio- ras, a concepção e articulação dos pro- ros, deinindo critérios para progressão
res. As áreas principais de atuação do gramas de cooperação internacional, funcional na carreira a partir do nível 10

Labmundo, 2014
Itamaraty são a implementação das es- bem como a coordenação ou o apoio de terceiro secretário.
tratégias da política internacional de a delegações, comitivas e representa-

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acordo com as diretrizes do Presiden- ções brasileiras em agências e orga- A tradição da burocracia diplomáti-

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te, a condução das relações diplomáti- nismos internacionais e multilaterais. ca também tendeu, ao longo da Repú- Fonte: Dados oficiais obtidos do Itamaraty por meio da Lei de Acesso de Informação (Lei 12.527/2011)
cas e a prestação de serviços consulares, O Itamaraty e o corpo diplomático blica, a privilegiar alguns indivíduos
(sobretudo homens) oriundos de de-
terminadas famílias e classes sociais, EVENTOS INTERNACIONAIS também diversiicou-se e passou a dia-
DIPLOMACIA PÚBLICA NA INTERNET em detrimento de uma representação Por cidade, entre 2004 e 2012 logar mais regularmente com o Itama-
Facebook e as páginas oficiais dos ministérios, em 2014
Usuários que curtiram página oficial, em milhão de usuários Usuários falando sobre, em milhares mais plural e condizente com a reali- raty. Sob iniciativa da sociedade civil
EUA EUA dade social e demográica nacional. A (GR-RI), está posto o desaio de se
Índia Rússia competência na condução das rela- criar o Conselho Nacional de Política
França França
Reino Reino ções exteriores e na negociação dos Externa, institucionalização desse pro-
Unido Unido
Brasil Brasil interesses nacionais, reconhecida in- cesso mais democrático e pluralista de
Japão Índia ternacionalmente, construiu-se quase diálogo sobre os caminhos da PEB.
Rússia Argentina exclusivamente com base na represen-
Argentina Japão
Espanha Espanha
tação das elites sociais, econômicas Dessa realidade também resultou uma
África
do Sul
África
do Sul
e culturais. Essa realidade começou diplomacia pública, por meio da qual
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 5 10 15 20 25 30 a mudar lentamente com a redemo- o Itamaraty tem respondido às deman-
*O Ministérios das Relações Exteriores da Turquia e da China não têm canais oficiais no Facebook
Fonte: Páginas oficiais dos ministérios no Facebook.
cratização do Estado e graças à pres- das por informação, nem sempre com
são social e política, principalmente a Cidades com menos de 5 eventos
a agilidade e a transparência que exige
YouTube e os canais oficiais dos ministérios, em 2014 partir de 2002, quando foi lançada a 477 um regime democrático. Foi nesse sen-
Inscritos, em milhares de usuários Vídeos, em milhares Visualizações, em milhões Bolsa Prêmio de Vocação para a Diplo- tido que os seus setores de relação com
Índia Índia
Índia
EUA França França
macia com a inalidade de proporcio- 141 a imprensa foram ampliados e que fo-
Japão Brasil Brasil nar maior igualdade de oportunidades 78 ram desenvolvidos verdadeiros servi-
Brasil Japão Japão de acesso à carreira de diplomata e de 24 ços de relações públicas. Junto com o
Reino
Unido EUA EUA acentuar a diversidade étnica nos qua- Ministério do Turismo, foi pensada
Rússia
França
Turquia Turquia
dros do Itamaraty. uma “marca Brasil”, visando também
Rússia Rússia Top 20 de países que sediaram mais eventos
Turquia Espanha Espanha
a atrair o investimento estrangeiro e
internacionais em 2012
Argentina Argentina Argentina No plano internacional, foi nesse mo- a organização de eventos internacio-
Espanha Reino
Unido
Reino
Unido mento que o Brasil se dotou de uma 800
nais no país. A promoção dos interes-
África
do Sul
África
do Sul
África
do Sul
verdadeira diplomacia mundial, com ses nacionais passou, assim, a dispor de
5 10 15 20 0,5 1 1,5 2 0,5 1,5 2
numerosas representações (embaixa- 600
300 km
meios públicos e recursos tecnológi-
*O Ministério das Relações Exteriores da China não tem canais oficiais no YouTube
**O Ministério das Relações Exteriores da Índia tem mais de um canal oficial no YouTube das, consulados e escritórios), contan- cos dos mais diversos. Instrumento de
Fonte: Canais oficiais dos ministérios no YouTube. do, em 2014, com 896 diplomatas no
400
soft power da PEB, a diplomacia pú-
Twitter e as contas oficiais dos ministérios, em 2014 exterior (526 na Secretaria de Estado blica valoriza a crescente importância
Seguindo, em milhão de usuários Tweets, em milhares em Brasília), 448 oiciais de chance- das ferramentas mais contemporâne-
EUA EUA
Reino
laria no exterior (305 na SERE) e 344 200 as de mídia e comunicação no mundo
França
Reino
Unido
França
assistentes de chancelaria no exterior cada vez mais digitalmente conectado
Unido

Labmundo, 2014
Turquia Rússia (209 na SERE). e globalizado.
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No plano doméstico, a redemocrati-
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Brasil Turquia

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Argentina Japão
zação trouxe ao Itamaraty o desaio Fonte: ICCA, 2013. VEJA TAMBÉM:
Rússia Argentina de construir, paulatinamente, uma Cultura e soft power p. 50
Labmundo, 2014

Espanha Espanha dimensão de política pública para a Diplomacia presidencial p. 62


0,2 0,4 0,6 0,8 10 20 30
*O Ministérios das Relações Exteriores da África do Sul e da China não têm canais oficiais no Twitter
política externa, não sem tensões e al- o Itamaraty a ter de abrir o diálogo federais, estados e municípios, fede- Organizações e movimentos sociais p. 72
**O Ministério das Relações Exteriores da Índia tem mais de um canal oficial no Twitter gumas contradições. Para fora dos mu- com outros ministérios (muitos com rações empresariais e organizações da Redes sociais e integração regional p. 96
Fonte: Contas oficiais dos ministérios no Twitter. ros institucionais, esse processo levou assessorias internacionais), agências sociedade civil. O mundo acadêmico

60 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 61
ATORES E AGENDAS

Diplomacia continentais, como o Brasil, isso era


especialmente problemático, pois os
meios de transporte existentes na épo-
via marítima, já nos anos 1950 o mes-
mo percurso demorava dias por via
aérea. Hoje, aeronaves modernas per-
VISITAS OFICIAIS AO BRASIL
Viagens de chefes de Estado e de governo ao Brasil entre 2003 e 2010

presidencial ca não permitiam que viagens presi-


denciais a outros países fossem curtas.
As viagens eram demoradas, aumen-
tando o tempo em que o chefe de
mitem que uma viagem entre Brasília
e as capitais europeias leve apenas al-
gumas horas.

Estado deveria ser substituído pelo vi- A diplomacia presidencial teve o pre-
ce-presidente ou outras autoridades. sidente estadunidense heodore Roo-
Em alguns casos, a ausência desses lí- sevelt como um de seus precursores.
deres tornava o ambiente domésti- No Brasil, Campos Sales foi o primei-
co propício para manobras políticas, ro presidente a fazer uma visita oi-
muitas vezes golpistas. Quando da re- cial a outro país, em 1899, à Argentina.
20
Visitas recíprocas entre chefes de Es- um evidente prestígio em receber es- núncia de Jânio Quadros, o Vice-Presi- Apesar de ser uma prática antiga, as vi- 10
tado e chefes de governo não são uma ses representantes, o diálogo direto en- dente João Goulart encontrava-se em sitas presidenciais ganharam novo fôle- 1

Labmundo, 2014
novidade no cenário político interna- tre chefes de governo tende a facilitar visita oicial à China e, em um primei- go na década de 1980, quando a nova
cional. Desde a formação do Estado e acelerar negociações em diversos âm- ro momento, foi impedido de voltar Constituição Federal, promulgada
Nacional nos moldes de Westphalia, bitos, do político ao comercial. ao país para assumir a presidência. em 1988, reiterou que caberia exclusi- 1000 km

as trocas de visitas entre monarcas eu- vamente à Presidência da República a Fonte: Planalto, 2014; Itamaraty, 2013b.
ropeus eram comuns e tratadas como As viagens dessas autoridades políticas Os avanços tecnológicos ao longo dos função de manter relações com Esta-
grandes eventos da nobreza. O Brasil serviam para acelerar negociações, es- séculos XX e XXI tornaram as viagens dos estrangeiros.
aderiu a essa prática desde a época do treitar relações políticas entre países mais céleres e baratas, criando a opor- fundamentais para se ter credibilidade a presidenta Dilma Roussef, nos três
Império, como as viagens de D. Pedro e fazer uma diplomacia de prestígio. tunidade a que chefes de Estado e de O Itamaraty, desde a sua criação, era nas relações internacionais. primeiros anos de mandato, já supe-
II à Europa, América do Norte e Áfri- Todavia, essa prática também causa- governo viajem mais frequentemente conhecido por ser uma instituição po- rou em termos absolutos a quantidade
ca podem comprovar. Visitas de altas va desaios no âmbito doméstico, pois e sem deixar seus postos por períodos liticamente independente com funcio- Por esse motivo, as viagens presiden- de viagens presidenciais de José Sarney
autoridades nacionais são, geralmente, acarretava a ausência desses líderes de demorados. Se, no início do século XX, nários proissionais. Os chanceleres e ciais são usadas por cientistas políticos em seus cinco anos de governo.
usadas para estreitar relações comer- seus respectivos postos. No início do uma viagem entre a capital (Rio de Ja- diplomatas foram os grandes responsá- e internacionalistas como um indica-
ciais e políticas entre países. Além de século XX e em um país de dimensões neiro) e a Europa levava semanas por veis pela formulação da política exter- dor das preferências políticas de de- O destino dessas viagens também é
na, ao longo do inal do século XIX e terminado governo. Uma média anual um fenômeno muito estudado, pois
boa parte do século XX. A redemocra- elevada de viagens presidenciais ao ex- indica a preferência conferida a um
DESTINO E MÉDIA ANUAL DE VIAGENS DOS PRESIDENTES BRASILEIROS tização impactou na condução da po- terior pode indicar que esse político ou outro grupo de países. Ao compa-
José Sarney (março de 1985 a março de 1990) Fernando Collor (março de 1990 a outubro de 1992) lítica externa brasileira no sentido de considera a política externa como uma rar o governo de Fernando Henrique
diminuir o insulamento do Ministério área de importância em seu governo e Cardoso com o de seu sucessor, per-
das Relações Exteriores. Progressiva- participa ativamente da sua condução cebe-se que houve um crescimento de
mente, os chefes de Estado brasileiros em visita a outros países e a eventos ou aproximadamente 110% das viagens
passaram a atuar direta e pessoalmente organizações internacionais. Por outro presidenciais. Todas as regiões apresen-
nos assuntos internacionais. Apesar de lado, uma média anual baixa de via- taram crescimento, inclusive a Améri-
toda política externa ter preferências e gens presidenciais pode indicar que o ca do Sul (59%), a América do Norte
discursos distintos, os diplomatas ten- presidente tem preferência por assun- (71%) e a Europa (74%), mas há regiões
dem a evitar mudanças radicais, pois tos domésticos. que tiveram um crescimento robus-
estabilidade e coerência são fatores to como a América Central e Caribe
1000 km 1000 km
O crescente número de visitas inter- (480%), África (750%) e Oriente Mé-
Itamar Franco (outubro de 1992 a janeiro de 1995) Fernando Henrique Cardoso (janeiro de 1995 a janeiro de 2003) nacionais também é um indicador de dio (antes não visitado). Esses dados
QUANTIDADE DE VIAGENS uma nova realidade das relações inter- revelam que o Brasil tornou-se mais
Quantidade absoluta de viagens presidenciais, nacionais e do papel do Brasil. Com presente em outras regiões do mundo,
entre 1985 e 2013 algumas variações, percebe-se que os sem preterir suas relações tradicionais.

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presidentes brasileiros, desde a déca-

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Am. do da de 1980, têm aumentado gradual- Do mesmo modo, chefes de Estado e
Sul
mente a quantidade de viagens oiciais. de governo de outros países também
Europa Esse aumento da diplomacia presiden- visitam o Brasil. Esse indicador é mui-
África
cial, como citado, deve-se a evoluções to importante para demonstrar que
tecnológicas nos meios de transporte, não somente o mundo está na agenda
1000 km 1000 km Am. do
Norte
mas também ao aumento do protago- do Brasil, como o Brasil está na agen-
Luiz Inácio Lula da Silva (janeiro de 2003 a janeiro de 2011) Dilma Rousseff (período analisado de janeiro de 2011 a dezembro de 2013) nismo brasileiro no cenário político in- da de muitos países. É possível verii-
Ásia
ternacional. O objetivo brasileiro de se car, inclusive, a existência ou não de
Am.
Central
tornar um global player acarreta a ne- reciprocidade nas escolhas de visitas
Oriente
cessidade dos políticos brasileiros de presidenciais.
Médio se fazerem presentes em eventos inter-
Oceania* nacionais, reuniões de cúpula e de dia-
logarem diretamente com líderes de VEJA TAMBÉM:
TOTAL
outros países (prestígio). Nesse sen- Turismo p. 54
3 468
tido, pode-se ressaltar o alto número

Labmundo, 2014
Labmundo, 2014

*Oceania não foi visitada no período Itamaraty p. 60


1
0,25
193
de viagens oiciais do presidente Luís Projetos de integração p. 82
**Viagens de Dilma Rousseff até
1000 km 1000 km 18 dezembro de 2013 Inácio Lula da Silva, em oito anos de Cooperação Sul-Sul p. 112
Fonte: Planalto, 2014; Itamaraty, 2013b. *Foram consideradas todas as viagens da Presidência da República, sejam elas de caráter bilateral ou multilateral Fonte: Planalto, 2014; Itamaraty, 2013b. mandato, assim como o fato de que

62 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 63
ATORES E AGENDAS

Congresso, POLÍTICA EXTERNA E


HORIZONTALIDADE
Competência internacional no Poder Executivo,
projeto conhecido como Escolas Inter-
culturais de Fronteira, que realiza uma
parceria entre escolas públicas brasilei-
CONGRESSO E POLÍTICA EXTERNA
Assinatura pelo Executivo e ratificação pelo Congresso dos principais acordos internacionais de direitos
humanos, entre 1980 e 2014

ministérios
segundo a Constituição de 1988 e leis
complementares ras situadas em cidades de fronteira e 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010
Com competência escolas de países vizinhos, envolven- Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher
56,4%
do em especial o intercâmbio de pro-
Sem competência fessores. O ensino superior também é

e agências
43,6% Convenção contra Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes
Foram analisados todos os
uma área de forte atuação da diploma-
gabinetes dos ministros e cia educacional brasileira. Durante os
secretarias executivas e as Convenção sobre os Direitos das Crianças
secretarias de Estado da dois mandatos do Presidente Lula, o
estrutura básica do poder
executivo federal, tanto da Ministério da Educação fundou qua-
Presidência da República
quanto dos ministérios
tro universidades que têm como uma Período entre conclusão do acordo
e assinatura ou adesão pelo Brasil
Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional

de suas propostas promover a presen-


ITAMARATY EM COMISSÕES INTERMINISTERIAIS Tipo de inserção internacional dos órgãos com ça no Brasil de professores e estudan- Período entre a assinatura e a ratificação Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da
Criação de comissões interministeriais por ano, entre 1969 e 2007 Criança relativo ao envolvimento de crianças em
competência internacional tes estrangeiros: a UNIAM, a UFFS, a conflitos armados
5 Criação de comissão
interministerial Sem competência Unilab e a UNILA. O Ministério da
4
Criação de comissão
43,6%
Integração Nacional também atua em Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da
3 interministerial com
participacão do
Itamaraty 26,5%
Processa informações e assessora
políticamente outros órgãos do mesmo
temas internacionais, por exemplo, no Outro ator fundamental da PEB é Criança relativo à venda de crianças, à prostituição
2 infantil e à pornografia infantil
ministério que se refere às cidades-gêmeas brasi- o Congresso Nacional. Suas atribui-
1
leiras e à faixa de fronteira. As cidades- ções presvistas na Costituição de 1988

Labmundo, 2014
Voltados a firmar acordos de
16,2% cooperação técnica internacional
gêmeas brasileiras são aquelas cortadas são a ratiicação de tratados, conven-

Labmundo, 2014
Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e
2003

2007
1968

1973

1978

1983

1988

1993

1998

Possuem prerrogativa de negociar e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou


13,7% definir a posição brasileira em
processos decisórios no sistema
pela linha de fronteira com integração ções e atos internacionais, a iscaliza- Degradantes
Fonte: Figueira, 2010. internacional urbana com países vizinhos e onde há ção das políticas governamentais por
Fonte: França e Badin, 2010. elevado potencial de integração econô- meio de suas comissões (por exemplo, Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
mica e cultural. Em 2014, a pedido do a Comissão de Relações Exteriores e com Deficiência

Com a redemocratização do Esta- a ação internacional. As assessorias co- Ministério da Integração, o Ministério Defesa Nacional, do Senado Federal),
do, o Itamaraty teve de abrir-se pau- ordenam os projetos e as parcerias in- papel não apenas de ratiicação de da Fazenda regulamentou a instalação a autorização ao presidente para decla- Protocolo Facultativo da Convenção Internacional
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
latinamente ao diálogo com outras ternacionais do respectivo ministério. acordos internacionais, mas também de lojas francas em fronteira terrestre rar guerra, celebrar a paz, assim como
entidades governamentais. Aumen- Em 2009, somente os Ministérios das de debate público sobre temas-chave (free shops), atualmente, em 26 das ci- aprovar a circulação ou permanência
taram as comissões interministeriais Comunicações, Integração Nacional e da PEB. Esse contexto tem produzido dades-gêmeas brasileiras. Em matéria de tropas estrangeiras no interior do Convenção Internacional para a Proteção de Todas as
Pessoas contra Desparecimentos Forçados
criadas para tratar de temas transver- Previdência não contavam com algum uma “política burocrática” nas relações de saúde pública, outro órgão estatal país. Por meio da análise do tempo ne-
sais. Muitos ministérios e agências órgão deste tipo. As políticas públicas entre esses distintos atores. com crescente atuação internacional é cessário para a aprovação de acordos in-
têm atuado em projetos internacio- encontram-se em franco processo de a Fiocruz, responsável por pesquisas na ternacionais pelo Congresso é possível

Labmundo, 2014
Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da
Criança relativos aos procedimentos de comunicação
nais, por meio de suas assessorias in- internacionalização. O Congresso tem A PEB e as demais políticas públicas área de saúde e comercialização de me- perceber que, em alguns momentos, as
ternacionais ou serviços voltados para sido chamado a cumprir cada vez mais (educação, integração e fronteiras, cul- dicamentos. Priorizando países em de- votações são disputadas e há necessida-
tura, saúde, etc.) passaram a interagir senvolvimento, a instituição contribui de de negociações entre o Legislativo e Fontes: ONU, 2014a; ONU 2014b.
mais ativamente umas com as outras, para a formação das posições brasilei- o Executivo para a aprovação de algu-
FRONTEIRA CONTINENTAL DO BRASIL resultando em cooperação, mas tam- ras em saúde no sistema internacio- mas proposições, como no caso do in-
Faixa de fronteira e cidades-gêmeas, em 2014
Municípios na fronteira
bém em conlito acerca do lugar que nal e reforça laços com outros países gresso da Venezuela no Mercosul (inal e do relativamente baixo nível de in-
o Brasil deveria ocupar (ou reivindi- do Sul. A Fiocruz é um elo essencial do de 2009). Além disso, cabe ao Senado teresse dos representantes em tema de
te

Municípios na faixa
or

de fronteira car) no sistema internacional. Esse fe- que passou a ser conhecido como “di- aprovar os chefes de missões diplomá- política externa, existe outra possibili-
oN

Cidades gêmeas nômeno de pluralização dos atores e plomacia da saúde”. O mesmo padrão ticas e ser consultado em operações ex- dade de interferência do Congresso no
Arc

das agendas da PEB tende a contribuir de internacionalização pode ser obser- ternas de natureza inanceira. Apesar momento da aprovação do orçamento
para um vagaroso processo de demo- vado no caso da Embrapa. do peril do sistema político brasileiro anual da União. A “diplomacia parla-
cratização do processo decisório em mentar” também é fenômeno crescen-
política externa no país. A horizontali- te. O Congresso desenvolve relações
zação da política externa no Poder Exe- POLÍTICA EXTERNA EM EDUCAÇÃO com outros parlamentos nacionais, as-
Atuação internacional do Ministério da Educação, 2014
cutivo coloca desaios para o Itamaraty sim como organizações internacionais
na busca por formular e gerir políti- representativas dessas instituições (por
cas públicas em temas internacionais exemplo, o Parlamento do Mercosul).
com práticas coerentes entre si e coe- Dentro desse quadro também se inse-
rentes com as grandes estratégias dei- Universidade da rem a visita de autoridades estrangeiras
Universidade
ntral

nidas pela Presidência. O aumento da Integração Amazônica


da Integração e a presença de delegações parlamen-
interlocução com os demais ministé- da Lusofonia tares no exterior em uma ampla gama
Ce

Afro-brasileira
rios vem alterando a maneira como se de eventos, no geral acompanhando as
co

Ar faz política externa no Brasil, anterior- delegações do Poder Executivo.


mente deinida como insulada e con-
*O programa Escolas Interculturais de
centrada no MRE. Fronteira tem planos de ampliação para 250 km

Colômbia, Peru, Guiana e Guiana Universidade da


400 km ul O Ministério da Educação tem exten- Francesa. Integração Programa Escolas de Fronteira:
VEJA TAMBÉM:
S

O governo declara a participação de 17 Latino-americana Escolas no exterior


Arco

sa atuação internacional. O Ministério unidades de ensino no Brasil, mas só Diplomacia presidencial p. 62


Labmundo, 2014.

Escolas no Brasil
participa dos acordos educacionais no indica a cidade de 14 destas escolas.

Labmundo, 2014
Campi de universidades Projetos de integração p. 82
contexto regional, como o Setor Edu- Universidade com perfil internacional Assimetrias e desigualdades p. 94
da Fronteira Sul
cacional do Mercosul (desde 1991). Cooperação Sul-Sul em educação p. 114
Fonte: Sítio web do Ministério da Integração Nacional, 2014. Outro exemplo dessa atuação é o Fonte: Ministério da Educação, 2014.

64 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 65
ATORES E AGENDAS

Ação internacional internacionais. Na América Latina,


a Argentina aprovou, em 1994, uma
emenda à constituição que permitiu
político de perderem a competição
pelo investimento estrangeiro. Para
evitar situações dessa natureza, criou-
PROJETOS FINANCIADOS PELO BANCO MUNDIAL
Projetos em andamento em fevereiro de 2014 Projetos concluídos até fevereiro de 2014

dos estados que atores subnacionais se relacionas-


sem com outros atores estrangeiros no
que dissesse respeito aos seus respecti-
vos interesses. No Brasil, não existe ne-
se a Lei de Responsabilidade Fiscal, se-
gundo a qual cada governo estadual
seria responsável por fechar a sua ba-
lança de pagamentos no positivo, ge-
nhum dispositivo constitucional que rando superávit. Essa medida reduziu
permita expressamente a atuação in- a competição, mas é bastante criticada
ternacional das unidades subnacionais. por parte da sociedade civil, que alega
Pelo contrário, as competências rela- que, em última instância, a LRF impe-
cionadas aos assuntos internacionais diria que o governo estadual pudesse
são divididas entre as casas do Con- investir nos locais a partir dos quais ha- 2000

Labmundo, 2014
1000
Segundo a Constituição Federal bra- internacionalmente, buscando seus gresso e, principalmente, mantidas via arrecadado os impostos. 300 km 250 300 km

sileira, a condução da PEB é de com- próprios interesses, com certa autono- pelo Executivo. Apesar disso, a ação de
petência exclusiva do Presidente da mia do governo federal. atores subnacionais torna-se cada vez Em um país democrático, a liberdade Fonte: Sítio web da base de dados do Banco Mundial, 2013.
República. Ao longo de mais de um mais frequente no Brasil, à revelia de para que as unidades federativas se re-
século, essa competência foi delegada Um exemplo desses atores subnacio- um marco jurídico-normativo para tal. lacionem internacionalmente pode ser
ao MRE. Entretanto, ao inal do sécu- nais que, progressivamente, incluem visto como algo benéico. Ao descen- Os estados tendem a se relacionar com diversidade em sua pauta comercial
lo XX e início do século XXI, o insula- temas e relações internacionais em Não é raro que os estados brasileiros, tralizar a ação internacional do país, os quem lhes parece mais oportuno polí- também tenderiam a concentrar suas
mento do Itamaraty foi gradualmente sua agenda, são os estados brasileiros. enquanto unidades federativas, atuem estados conseguem promover ações tica, social e economicamente. É na- relações internacionais. Por im, as
diminuindo, o que permitiu que ato- A ação internacional das unidades fe- internacionalmente, buscando em- que atendam necessidades especíi- tural que as unidades federativas que escolhas também passam por uma
res subnacionais também agissem in- derativas subnacionais não é novidade préstimos ou celebrando acordos de cas de determinada região ou popula- fazem fronteira com outros países te- dimensão política. Cada unidade fe-
ternacionalmente. Contribuíram para em alguns países. Desde 1874, na Su- cooperação. Como exemplo recen- ção. Esse modelo descentralizado pode nham relações mais intensas com os derativa tem preferências políticas di-
esse fenômeno a redemocratização do íça, há dispositivo constitucional que te disso, podemos citar a escolha do causar um impacto positivo, também, vizinhos. Do mesmo modo, se exis- ferentes, o relexo das preferências e
Brasil, a partir anos 1980, e a globali- permite que os cantões atuem inter- Rio de Janeiro como cidade sede para na transparência do aparato burocráti- te parcela signiicativa de imigrantes trajetórias dos diversos partidos que
zação. Com os avanços tecnológicos e nacionalmente. A constituição alemã os Jogos Olímpicos de 2016. Evidente- co, pois a população ica mais próxima de determinado país vivendo em uma estão no governo. Uma unidade fe-
com a internacionalização da econo- de 1949 também confere aos landers mente, a cidade do Rio de Janeiro par- dos governos estaduais, e pode cobrar região, é de se esperar que haja rela- derativa pode usar suas ações paradi-
mia, icou muito mais fácil para que os certo grau de liberdade para relacio- ticipou decisivamente da candidatura, resultados sobre os projetos desenvol- ções mais fortes entre o estado e os pa- plomáticas como ferramenta de uma
atores subnacionais passassem a atuar nar-se com outros atores políticos mas somente com um forte compro- vidos. Todavia, esse modelo descentra- íses de origem de seus residentes. É o “diplomacia do desaio” a im de testar
metimento do governo estadual lu- lizado também pode causar problemas caso, por exemplo, da comunidade ja- e divulgar alternativas de inserção in-
minense e da União o projeto ganhou na coerência da ação internacional do ponesa em São Paulo, das comunida- ternacional à política externa do gover-
EXPORTAÇÃO DAS UNIDADES FEDERATIVAS força para vencer fortes candidaturas Estado. No caso brasileiro, há um es- des de origem africana no Nordeste e no federal.
Por destinos em bilhões de dólares, em 2013 concorrentes, como Chicago, Tóquio forço por parte do governo federal das comunidades germânica e italia-
e Madri. Como o estado do Rio de Ja- para que exista um discurso estratégico na nos estados do Sul do Brasil. As re-
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neiro é responsável por grande parte da e coerente no campo da PEB. Quan- lações internacionais de uma unidade VEJA TAMBÉM:
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O mapa representa o valor da exportação total,


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infraestrutura na região metropolita- do aumenta a quantidade de atores es- federativa também são pautadas pe- Brasil Império p. 16
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por unidade federativa, em bilhões de dólares.


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na da capital luminense, foi necessá- tatais que agem internacionalmente, a los padrões econômicos daquele esta- Nova ordem p. 22
rio que o governo estatal se engajasse política externa tende a ser mais plural, do, dependendo do que e com quem Ação internacional das cidades p. 68
Demais da internacionalmente, a im de garantir porém, pode produzir resultados me- comercializam. Nesse sentido, é possí- América do Sul p. 84
R. Norte
acordos de investimento em obras, co- nos coerentes. vel dizer que as regiões que têm menos
BA operação em programas de mobilidade
urbana e desenvolvimento de parques
Demais da
esportivos, entre outros exemplos. RIO DE JANEIRO, CIDADE OLÍMPICA
R. Nordeste Remoções para construção de obras de infraestrutura e para parques esportivos para 2016

GO A ação internacional dos estados tam-


bém tem gerado competição entre as
MT unidades federativas brasileiras. Para Região Metropolitana Baía de
Demais atrair o investimento estrangeiro, mui- do Rio de Janeiro Guanabara
da R.
300 km tos governos estaduais lançam mão de
Centro-oeste
pacotes de incentivos iscais para que
SC
empresas ou indústrias se instalem no
seu território. O objetivo desses gover-
RG
nos é atrair esses investimentos para o
Região Metropolitana
59,3
20
seu território, o que aqueceria a econo- do Rio de Janeiro
PR
0,15 mia local e criaria empregos, compen-
ES
sando, assim, as perdas do governo em
Baía de Sepetiba
termos de arrecadação e de isenções
RJ
iscais concedidas. Todavia, a competi-
ção entre os governos federais tornou- 5 km

MG 10,8
se muito acirrada e os incentivos iscais Oceano Atlântico
Número de famílias Moradores ameaçados Instalações Estradas Metrô Bus Rapid

Labmundo, 2014
Labmundo, 2014

prometidos ao capital internacional 500 de remoção


Pontos de
realocamento olímpicas e existentes existente Transit (BRT)
SP 0,5 chegaram a ultrapassar a capacidade 200
50 Moradores removidos das famílias Porto Maravilha
Trem Nova linha
do Metrô
0,02
dos governos. Em alguns casos, os go- existente
construída
Veículo leve
sobre trilhos (VLT)
Fonte: IBGE, 2013a. vernadores buscavam evitar o prejuízo Fontes: Comitê Olímpico Rio 2016, 2014; Sítio web dos Comitês Populares da Copa, 2013. para os eventos

66 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 67
ATORES E AGENDAS

Ação internacional DIPLOMACIA MUNICIPAL BRASILEIRA


Quantidade de municípios no Brasil
por milhares de habitantes, em 2011
problema de macrocefalia urbana na-
quele país. PARADIPLOMACIA DAS CIDADES
Cidades que atuam internacionalmente, em 2011

das cidades
acima
de 500 A diplomacia descentralizada das cida-
de 300 des brasileiras ganhou impulso com a
a 500
redemocratização em meados dos anos
de 100
a 300 1980. A Constituição de 1988, além
de 50
a 100 de promover a abertura política, tem
de 25 um caráter muito menos centralizador
a 50
do que a precedente, o que permitiu
de 15
a 25 que os municípios começassem a agir
de 5 mais livremente no plano externo. Um
a 15
menos
exemplo dessa nova fase para a ação
O cenário político internacional não ensejavam participação de outros ato- de 5 dos municípios é a criação, em feverei-
é mais monopolizado pelos Estados, res (como meio ambiente, direitos hu- 500 1000 1500 2000 ro de 1980, da Confederação Nacional
Fonte: Confederação Nacional dos Municípios, 2014.
mas também é composto por atores manos, combate à fome e a doenças, de Municípios (CNM), que se dei-
subnacionais, entre eles os municí- etc.). Além disso, tem se reforçado o ne como maior entidade municipa-
Busca de ações internacionais pelos municípios,
pios, que agem nesse espaço, alterando entendimento de que muitos dos pro- lista da América Latina, apartidária e

Labmundo, 2014
em 2011
padrões e modos de ação das relações blemas mundiais são problemas co- sem ins lucrativos. A CNM tem como
internacionais. A globalização con- letivos, o que demanda uma resposta 3000 objetivo fortalecer a emancipação dos
tribuiu para esse fenômeno, no sen- articulada. Um exemplo disso é o gru- municípios e dar apoio logístico e téc-
tido de que criou mecanismos que po C40, que representa um grupo de 2000 nico para que isso ocorra. Dentro de
Cidades que tem
reduziram a noção de espaço-tem- cidades que percebem o aquecimento suas ações estão previstos cursos prepa- funcionários para tratar

Labmundo, 2014
po e aumentaram os luxos de pessoas, global como um problema de todos (e 1000 ratórios para funcionários públicos de Relações Internacionais
Cidades que atuam
produtos, informações e capital inter- não somente dos governos centrais de governos municipais que queiram se Internacionalmente
nacionalmente. No contexto de glo- seus respectivos países) e tomam me- Possui Possui Tem interesse Não tem interesse
lançar na diplomacia descentralizada. 250 km

balização da política, as cidades, assim didas locais e articuladas, com vistas a administrações funcionários
para assuntos para assuntos
em assuntos em assuntos
internacionais internacionais Fonte: Confederação Nacional dos Municípios, 2014.
como os estados federados, também reduzir as emissões de gases de efeito internacionais internacionais
Como foi ressaltado no item anterior,
são atores subnacionais que atuam in- estufa e criar uma estrutura logística- Fonte: Confederação Nacional dos Municípios, 2014. sobre a ação internacional dos estados,
ternacionalmente. No Brasil, os go- -organizacional mais eiciente. não há no Brasil lei que regulamente do governo federal, como seguran- estava começando a implementar esse
vernos municipais, paulatinamente, a diplomacia descentralizada e, con- ça, defesa, etc. Em geral, as atividades sistema na cidade francesa. Esse acor-
começam a se interessar por assuntos Contribuiu para o maior ativismo dos sequentemente, como os municípios de diplomacia descentralizada em que do foi tão bem recebido que a prefeitu-
internacionais e a agir baseados na pró- municípios nas relações internacionais cidades maiores e dependem da econo- que se relacionam internacionalmente os municípios brasileiros se envolvem ra do Rio de Janeiro, em conjunto com
pria agenda de interesses, por vezes in- o fato de que a população mundial é mia e dos serviços ali concentrados. É devem agir. É uma consequência natu- versam sobre cooperação técnica ou o governo estadual luminense, seguiu
dependentemente do governo central. majoritariamente urbana. As aglome- nessas grandes cidades que, geralmen- ral da descentralização uma tendência temas que não seriam resolvidos pela a estratégia da cidade gaúcha e foi até
rações urbanas se tornam cada vez mais te, se encontram governos municipais maior à pluralidade e a uma possível ação exclusiva do governo federal. Paris para estudar o sistema de bicicle-
Também contribuiu para esse fenô- centros econômicos e políticos e, con- que têm burocracias especíicas para perda na unidade do discurso. Ape- tas públicas, que também foi imple-
meno o entendimento de que muitos sequentemente, tendem a buscar seus tratar de assuntos internacionais. sar disso, a ação internacional das ci- Além desses temas, cabe ressaltar que mentado em alguns bairros cariocas.
problemas atuais não podem ser resol- interesses. Cabe ressaltar que um fa- dades não tem prejudicado a coerência muitas cidades usam a diplomacia des-
vidos sem uma ação conjunta no plano tor determinante para que os governos Além do tamanho, a posição geográi- do discurso diplomático oicial do go- centralizada para atrair turistas inter-
local. Ao longo do século XX e parti- municipais se lancem na diplomacia ca também é um fator relevante para verno federal. As cidades tendem a res- nacionais e para fazer acordos culturais PARADIPLOMACIA NAS AMÉRICAS
cularmente durante a Guerra Fria, a descentralizada é a relevância demo- o interesse de uma cidade se relacio- peitar uma hierarquia política, antes com outras cidades ou países. O Rio Municípios na América Latina que participam
da diplomacia descentralizada, em 2011 (em %)
ação de atores subnacionais era redu- gráica e econômica da cidade. Apesar nar internacionalmente e criar uma de atuarem internacionalmente, bus- de Janeiro, por exemplo, foi a primei-
90
zida, pois o Estado detinha maior con- do Brasil ter mais de 5500 municípios, burocracia especíica para isso. Com a cando evitar setores da competência ra cidade da América Latina a adotar,
trole sobre as fronteiras. Todavia, com muitas regiões brasileiras sofrem de proximidade de outros países, muitas em 2014, domínio próprio na inter-
o im da Guerra Fria, surgiram ou- macrocefalia urbana. Ou seja, apesar questões econômicas, sociais, políticas net (.rio). Além disso, os municípios 70
tros temas na agenda internacional, de existir um número grande de mu- e de segurança não respeitam os limites ACORDOS DE IRMANAMENTO agem de acordo com suas raízes his-
além do militar e do estratégico, que nicípios, muitos deles são satélites de fronteiriços. É comum que, em caso Total de acordos com municípios brasileiros, tóricas, sociais e políticas. Isso é per- 50
em 2011
de cidades vizinhas de países diferentes, 10 20 30 40 50
ceptível nos acordos de irmanamento
muitas pessoas trabalhem em um país França entre cidades, em que as cidades fazem
CIDADES E MEIO AMBIENTE e morem em outro, façam compras no acordos culturais, projetos de coope- 30
Cidades participantes do C40, em 2014 Portugal
país vizinho, etc. Com esse intenso lu- ração técnica, programas de capacita-
xo internacional (que também é local), Itália ção, entre outros. A maior quantidade 10

Labmundo, 2014
é natural que os municípios também de acordos entre cidades irmãs ocorre
se preparem burocraticamente para Espanha com cidades europeias, principalmen-

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se relacionar com atores estrangei- te com a França e com Portugal. Um

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ros, mesmo que sejam cidades relati- Alemanha
dos muitos exemplos que pode ser ci- Fonte: Confederação Nacional dos Municípios, 2014.
vamente menores. Isso ajuda a explicar, Holanda
tado de frutos da diplomacia descen-
por exemplo, a concentração no Sul tralizada das cidades é a adoção de
do Brasil de cidades que declaram te- Bélgica corredores expressos de ônibus em VEJA TAMBÉM:
Cidades membros
do Conselho diretor rem interesse em assuntos internacio- Porto Alegre. Atualmente esse sistema Relações com os EUA p. 18
Reino
Labmundo, 2014

Labmundo, 2014
1000 km
Cidades membros nais. Também explica esse fenômeno a Unido é muito comum nas cidades brasilei- Desenvolvimento e industrialização p. 20
porcentagem de municípios uruguaios ras e no mundo, mas o seu pioneirismo Ação internacional dos estados p. 66
Grécia
*C40 é uma rede de megacidades que tem o compromisso de
combater o aquecimento global. que atuam em projetos de cooperação em território nacional se deveu a um Argentina: parceira estratégica p. 88
Fonte: Sítio web do C40, 2014. descentralizada, apesar de existir um Fonte: Confederação Nacional dos Municípios, 2014. acordo com a prefeitura de Paris, que

68 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 69
ATORES E AGENDAS

Principais Para a economia e para a política bra-


sileiras, interessa que as empresas na-
cionais se internacionalizem. Em
inanciadoras de projetos de responsa-
bilidade social, como criação de esco-
las e hospitais.
INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS
35 empresas com maior índice de internacionalização, em 2013
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

multinacionais
JBS
uma economia globalizada, faz-se im- Gerdau
Stefanini
portante que as empresas brasileiras O Brasil tem um número considerável Magnesita Refratários
contribuam na inserção do país na de empresas atuando em outros países. Marfrig Alimentos
economia global. A internacionaliza- Em alguns casos, a empresa se interna- Metalfrio

brasileiras
Ibope
ção do capital privado nacional pode cionaliza por meio de franquias, em Odebrecht
signiicar o seu fortalecimento, gerar acordo com investidores locais. Mas Sabó
prestígio ao Brasil, produzir empregos há, também, as empresas que abrem Minerva Foods
Tigre
e propiciar acordos comerciais. Esse iliais e realizam operações em outros Vale
fenômeno pode abrir caminho para países. O setor em que existe o maior Weg
Suzano
acordos de facilitação de comércio, número de empresas brasileiras atuan- BRF
Se considerarmos a política externa porte. Devido ao seu tamanho, elas cria mercado consumidor para pro- do internacionalmente é o de serviços. Camargo Corrêa
como uma política pública, deiniti- movimentam grandes luxos de capital dutos brasileiros, assim como permi- Esses serviços são bastante variados e Embraer
Ci&T
vamente a atuação das empresas deve e geram muito empregos. Essas carac- te acordos de cooperação técnica. Ao consistem em consultoria econômica, Marcopolo
ser considerada como uma de suas va- terísticas são importantes para enten- atuarem em outros países, as empresas consultoria comercial, setor de logís- Artecola

riáveis centrais. Toda política externa, der o motivo pelo qual os responsáveis também buscam absorver novas tec- tica, serviços ligados a marketing e ao DMS Logistics
Indústrias Romi
e a PEB não seria distinta, tem uma políticos brasileiros costumam criar nologias, adaptar a novas realidades e, uso da internet, entre outros. Todavia, Cia Providência
economia política que a fundamenta. condições políticas favoráveis para o com isso, existe um ganho de experti- as empresas que são mais visíveis para a Votorantin

Em primeiro lugar, apesar das empre- crescimento dessas empresas. Quando se por meio da troca de conhecimentos sociedade em geral são as de indústria Andrade Gutierrez
Natura
sas não serem as responsáveis primárias essas empresas apresentam um aumen- técnicos com outros países, culturas e pesada, empreiteiras e indústria extra- Agrale
pela condução da política externa, não to na produção, é provável que o PIB tecnologias. tiva. A Vale (antiga Companhia Vale Itaú-Unibanco
Bematech
há dúvida de que os tomadores de de- nacional e a geração de empregos tam- do Rio Doce, privatizada em 1997) é Petrobrás
cisão do governo brasileiro levam em bém sejam afetados. Além disso, os di- Como será aprofundado no capítulo uma das empresas mais atuantes na CZM
conta os interesses do setor privado ao retores dessas empresas costumam ter 5, há uma relação complementar, mas extração de minérios e tem operações Banco do Brasil
Ultrapar
formularem as diretrizes da política ex- acesso aos principais tomadores de de- por vezes contraditória, entre a inter- em praticamente todos os continen-

Labmundo, 2014
Bradesco
terna. Em segundo lugar, as empresas, cisão da política brasileira, por meios nacionalização das empresas brasileiras tes. A Petrobrás, irma de capital misto, BRQ IT Services
*O índice considera a relação entre o doméstico e o internacional em três domínios: quantidade de ativos, volume de
ao atuarem em países desenvolvidos informais ou a convite das instituições. e a política de cooperação internacio- mas de controle governamental, tam- receitas e quantidade de funcionários.
e em desenvolvimento, também afe- Muitos políticos e altos diretores das nal para o desenvolvimento do Bra- bém é uma das empresas mais atuan- Fonte: Fundação Dom Cabral, 2013.
tam a imagem do Brasil no exterior, de empresas brasileiras se conhecem pes- sil. A política de cooperação brasileira tes internacionalmente. Além de ser
modo positivo ou negativo. soalmente, frequentaram os mesmos pode contribuir para a internaciona- competitiva no meio petrolífero, a
bancos escolares, foram colegas em lização das empresas brasileiras, pois empresa desenvolveu tecnologia de característica marcante a bandeira bra- Por esse motivo, o movimento dos
As grandes empresas brasileiras são cursos na universidade, vão aos mes- cria uma porta de entrada em outros extração em águas profundas, que a fa- sileira como detalhe da alça do calçado. “Atingidos pela Vale”, existente no Bra-
muito inluentes, não apenas interna- mos eventos sociais, etc. Isso faz com países. Muitas vezes, as empresas na- vorece na competição com outras em- sil, tornou-se muito forte também em
cionalmente, mas também no plano que exista um canal informal de comu- cionais se instalam em outros países, presas do ramo. Esse é um dos motivos A internacionalização das empresas, Moçambique.
da política doméstica (inanciamento nicação entre a iniciativa privada e po- aproveitando o canal de diálogo cria- pelos quais a Petrobrás é muito pre- apesar de criar grandes oportunidades
de campanha eleitoral, lobbies junto líticos de alto nível, permitindo que as do pela diplomacia brasileira no âmbi- sente em alguns países costeiros, como para o Brasil, também cria desaios e A ação internacional das empresas é
ao Congresso e às Assambleias Legisla- empresas expressem suas vontades e fa- to da cooperação. O governo brasileiro em Angola. Fora do âmbito extrati- produz contradições. A ação de algu- um fenômeno estrategicamente apoia-
tivas, projetos de responsabilidade so- çam solicitações, inluenciando, ainda também se beneicia da ação das em- vo, também é marcante a existência mas empresas (principalmente no âm- do pelo governo, mas não produz
cial). Em geral, as empresas nacionais que por meios informais, a formulação presas, sendo elas responsáveis pela de conglomerados de empresas bra- bito extrativo) causa impactos e pode apenas impactos positivos. Portan-
que têm maior capacidade de ação in- das políticas públicas do Brasil, entre execução de muitos projetos de in- sileiras que abrem fábricas e lojas em ser considerada predatória por par- to, deve ser vista, também, como um
ternacional são também as de maior elas a política externa. fraestrutura no exterior, assim como outros países. A empresa Vulcabrás-A- te da sociedade do país em que a em- desaio à imagem nacional. O Brasil
zaléia é um exemplo disso, sendo que presa atua. Apesar das empresas não busca mostrar-se como um país que
uma de suas marcas é responsável por serem representantes do governo bra- pratica a diplomacia da solidariedade,
PRINCIPAIS EMPRESAS BRASILEIRAS NO MUNDO patrocinar clubes de futebol na argen- sileiro ou do país como um todo, as preocupado com modelos de desen-
Local das atividades por empresa, em 2014 tina, além da seleção brasileira de vôlei. críticas dirigidas a elas também rele- volvimento que sejam justos e equitati-
Outra marca dessa empresa, Havaia- tem na imagem que o país tem no ex- vos. Ainda não é claro se e como a ação
nas, obteve grande sucesso no mercado terior. Denúncias de desrespeito às leis das empresas brasileiras pode ser inse-
internacional de sandálias, e tem como trabalhistas, por exemplo, podem ser rida nesse discurso. Como as empresas
veriicadas nas obras das empreiteiras não estão limitadas em sua ação inter-
brasileiras no exterior, diicultando a nacional por um marco regulatório ou
EMPRESAS BRASILEIRAS NO MUNDO credibilidade do discurso oicial bra- ético, tudo leva a crer que suas postu-
Quantidade de empresas por ramo, em 2014
14
sileiro preocupado com um desenvol- ras se assemelhem às de outras empre-
12
vimento mais justo e equitativo. Na sas globalizadas, no marco do sistema
10 América do Sul, a ação da Petrobrás internacional cuja economia política é
8 na Bolívia e da Odebrecht no Equador o próprio capitalismo.
6 (ambas com inanciamento por parte
Petrobras 4 do BNDES) foi criticada pela opinião
Vale 2 pública e pelo governo de ambos paí- VEJA TAMBÉM:
Embrapa
ses. A ação da Vale no exterior, pela na- Relações com os EUA p. 18

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Labmundo, 2014

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Andrade Gutierrez Desenvolvimento e industrialização p. 20


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Labmundo, 2014
signiicativos no meio ambiente, além
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1000 km

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Organizações e movimentos sociais p. 72
de impactos sociais, como a remoção
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*Foram consideradas as 45 empresas brasileiras com o Energia e integração p. 92
Fontes: Sítios web das empresas, 2014.
maior índice de internacionalização, segundo a Fundação
Dom Cabral
de famílias das áreas de prospecção.
Fontes: Sítios web das empresas, 2014.
70 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 71
ATORES E AGENDAS

Organizações ramiicada e diversa, os atores sociais


brasileiros apresentam diversas for-
mas de internacionalização e um am-
movimentos sociais, dentro e fora das
fronteiras institucionais e nacionais, a
partir de campanhas de informação e
REDES TRANSNACIONAIS DE MOVIMENTOS SOCIAIS
Marcha Mundial das Mulheres, em 2013

e movimentos plo leque de dinâmicas de cooperação


e formas de expressar o conlito social.
Alguns, mais centralizados, operam
principalmente por coalizões estratégi-
sensibilização, e de redes transnacio-
nais que possibilitem o intercâmbio de
expertises e a socialização de práticas e
saberes para a melhoria das condições

sociais cas e mobilizando expertises setoriais;


em outros, mais policêntricos, pri-
mam os laços de ainidade e a tradução
de vida e da justiça social. Desse modo,
as mudanças no campo da cooperação
internacional para o desenvolvimento
Quantidade de
organizações
de experiências vividas no cotidiano oferecem desaios mas também inte- membro:
482
na formação de opinião, demandas, ressantes possibilidades ainda não ple- 139
agendas e formas de ação. namente exploradas para a ampliação 1000 km 17
Há algumas décadas assiste-se a uma recentemente, os diferentes protestos dessas solidariedades transnacionais. Conferências
crescente complexidade da política pelo mundo forjaram uma geopolíti- Pensando em tipologias, alguns ato- Fonte: Sítio web da Marcha Mundial das Mulheres, 2014.
transnacional e do ativismo além-fron- ca global das redes. Nesse novo cená- res sociais, mais próximos ao Itama- As dinâmicas de cooperação interna-
teiras. A emergência e a rearticula- rio, são cada vez mais numerosos os raty, aos governos e às instituições, cional entre atores, agendas e projetos
Via Campesina, em 2013
ção de atores sociais atuando, muitas movimentos sociais que geraram alian- buscam inluenciar a regulação de go- complementam-se com iniciativas de
vezes concomitantemente, em dife- ças, agendas e campos de atuação di- vernos e dos regimes de informação, protesto e denúncia. Os recursos natu-
rentes escalas (do local ao global, pas- versos, bem como variadas formas de uma maior participação na decisão de rais, a defesa dos bens comuns, a terra
sando pelo nacional e regional), é hoje incidência política, muitas das quais questões importantes para o futuro do e o território estão no centro dos con-
uma realidade. Redeinem-se as so- impactam, direta ou indiretamente, país ou a reforma de políticas. Outros, litos sociopolíticos na América Lati-
lidariedades transnacionais. Os mo- nas políticas externas dos Estados. mais orientados à ruptura do que ao na contemporânea e, tendo em vista
vimentos anti/alterglobalização, as diálogo, e normalmente com menor seu caráter geoestratégico, são centrais
organizações transnacionais de advo- O caso brasileiro é paradigmáti- proximidade das instâncias decisórias na deinição da política externa, posto
cacy, o movimento zapatista ou, mais co. Com uma sociedade civil ativa, da diplomacia brasileira, incidem na que apelam a tensões centrais em tor-
política externa de maneira mais exó- no da soberania nacional, da vida, dos Quantidade de
organizações
gena e indireta, com ações que visibi- modelos de desenvolvimento e da coe- Cidades que membro:
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NA ONU lizam contradições da atuação externa rência da atuação dos Estados no pla- 1000 km
sediaram 13
6
Quantidade de Organizações Não Governamentais com status consultivo na ONU, entre 1946 e 2012
brasileira. O gráico sobre a evolução no doméstico e externo. Fonte: Sítio web da Via Campesina, 2013.
conferências
1
23 ONG brasileiras tiveram status consultivo na ONU, entre 1946 e 2012 da participação das organizações não
3 637 ONG tiveram status consultivo na ONU, no total, entre 1946 e 2012 governamentais brasileiras com status Tais conlitos operam transversalmen-
consultivo na ONU e o mapa sobre o te e em diversas escalas. Nesse senti- CONFLITOS NO CAMPO
Quantidade de conflitos por unidade federativa Quantidade de famílias envolvidas em conflito
300 Fórum Social Mundial assinalam dois do, importantes redes transnacionais
padrões distintos dentro de uma diver- de movimentos sociais, como são os
sidade ainda maior de atores e formas casos da Marcha Mundial das Mulhe-
de internacionalização das organiza- res e da Via Campesina, constroem co-
200
ções e movimentos sociais. alizões políticas, ações, campanhas e
agendas globais que não estão disso-
Os atores sociais brasileiros são cen- ciadas de práticas sociais e articulações 43,2 9,9
100
trais para a democratização política e locais. Por conseguinte, é importan- 3 3
social. Participam de redes regionais te ressaltar a dimensão da territoriali- 1,5 1,5
e globais e possuem vários projetos zação dos conlitos e das resistências. 0,5
300 km
0,5
300 km
0 0
de cooperação no exterior, mas nem Em outras palavras, por mais que os
sempre são reconhecidos pela política conlitos sejam localizados, não são Fonte: Comissão Pastoral da Terra, 2014. Fonte: Comissão Pastoral da Terra, 2014.
externa brasileira, o que gera certo pa- necessariamente localistas. Esse é o
46

51

56

61

66

71

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19

19

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19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

Fonte: Ecosoc, 2013. Labmundo, 2014 radoxo, tendo em vista sua inserção in- caso especíico dos conlitos no cam-
ternacional e o forte reconhecimento po, onde atores locais e nacionais ge- Conflitos no campo ao longo do tempo Total de conflitos Conflitos trabalhistas
dos atores sociais no plano das políti- ram interfaces regionais e globais. Por Quantidade total de conflitos
Conflitos pela terra Conflitos pela água
FORUM SOCIAL MUNDIAL cas públicas domésticas. exemplo, a Via Campesina se torna um 1800
Outros conflitos
Cidades que receberam edições do Fórum Social Mundial e eventos relacionados, 2001-2014 ator de referência tanto pela sua capa- 1400

Essa questão está no centro dos de- cidade de articular movimentos e orga- 1000
bates sobre política externa no Brasil, nizações de base, como pela inluência
com exigências de uma maior parti- em fóruns especializados, disputando 600

cipação das organizações sociais que os sentidos e os rumos da política agrí- 200
permita democratizar esta política, en- cola, alimentar e comercial, nos planos 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
tendida como política pública. A cria- interno e externo. Pessoas envolvidas, em milhão
ção de conselhos consultivos é um 1

passo nesse sentido, que permite escu- 0,8


tar a voz das organizações nos proces- VEJA TAMBÉM: 0,6
sos de tomada de decisões no âmbito Agronegócio p. 28 0,4
institucional, e desta forma ter algum
Labmundo, 2014

Labmundo, 2014
Mundial Água: recurso vital p. 36 0,2
1000 km
Regional impacto na coniguração das agendas. Pobreza e desigualdade p. 44
*Não estão representados todos
Temático
os FSM temáticos No entanto, é essencial também a cria- Redes sociais e integração regional p. 96
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Fonte: Sítio web do Fórum Social Mundial, 2014. ção de vínculos com a cidadania e os Fonte: Comissão Pastoral da Terra, 2014.

72 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 73
ATORES E AGENDAS

Atores religiosos Unidos. No ano de 2010, estimavam-


se em 34 mil o número de cristãos
brasileiros que partiram em missão re-
IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS
Presença da instituição, em 2013

ligiosa para o exterior, um aumento de


70% em comparação com os valores do
ano 2000. Com o declínio da Europa
e a estagnação dos Estados Unidos, au-
menta a importância dos países do Sul
no total de cristãos no mundo, em es-
pecial na África e na Ásia. Nitidamen- Templos por milhão
te a nova fronteira de expansão para o de habitantes
cristianismo está hoje nos países em Quantidade 57,5 18,1 5,5 1,1 0
de Templos
desenvolvimento. 310
RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA 162
Internacionalização desde os anos 1950
Em estudo de 2013, o total de missio- 21
1
Sem dados
disponíveis
nários católicos brasileiros no exterior

Labmundo, 2014
s
p lo
IORUBALÂNDIA para aquele ano teria sido de 1829, sen-

em
Re-africanização 1000 km t
do as mulheres mais de 80% do total. 00
56
de
Influência na abertura de terreiros Brasil, mais
em países da América do Sul Os destinos mais comuns seriam Áfri- Fontes: Sítio web da Igreja Universal, 2014; CIA, 2013.
ca, América do Sul e Europa. A Igreja
católica estimula este movimento por
Veículos de mídia da IURD fora do Brasil Igrejas evangélicas do Brasil no exterior
meio do Comina, o Conselho Missio- Revistas
e culturais podem ocasionar na PEB.
TV Rádio
nário Nacional e o Centro Cultural e Jornais • Igreja Universal do Reino de Deus
• Internacional da Graça de Deus
Que importância os novos atores reli-
Missionário, em Brasília, que reali- África do Sul Angola África do Sul • Deus é Amor giosos, por meio de suas redes políticas,
Rio de Janeiro Angola Argentina Angola
500 km
za cursos de capacitação para atuação EUA Equador Argentina
• Igreja Mundial do Poder de Deus podem vir a ter nas agendas da PEB?
• Renascer em Cristo
Fronteiras que são portas
de entrada para além fronteiras. Os grupos evangélicos França França Equador • Sara Nossa Terra Esta é uma questão em aberto para fu-
ARGENTINA a influência religiosa: Itália Itália EUA
também possuem experiência missio- turas agendas de pesquisa. Sabe-se que
Labmundo, 2014
• Igreja do Caminho
Rio Grande Uruguaiana / Paso de los Libres Moçambique Moçambique Itália • Alguns ministérios brasileiros
nária de grande impacto nas relações a política externa, ao longo da histó-

Labmundo, 2014
do Sul Portugal Portugal Moçambique
Santana do Livramento / Riviera da Assembleia de Deus
Reino Unido Reino Unido Portugal
URUGUAI internacionais. Mais de 70 deles evan- Uruguai *Casos selecionados,
ria, associou políticas de aproximação
...e pelo menos outros 70 grupos religiosos
Fontes: Banaggia, 2008; Melo, 2008; Bem, 2012. gelizam fora do Brasil. Sua presença Uganda incluindo versões on-line com a África a práticas de diploma-
no exterior associa práticas de evange- Fontes: Sítio web da Igreja Universal, 2014; Freston, 1999. Fonte: Nascimento, 2004. cia cultural e de cooperação educacio-
lização de estrangeiros assim como as- nal, apresentando o Brasil como lugar
Os movimentos religiosos brasilei- Grupos missionários estrangeiros atu- sistência a brasileiros, contando com onde também são cultuadas divinda-
ros desenvolvem-se por meio de redes am há décadas no Brasil, como alguns uma grande rede midiática de rádios, aproximadamente 500 mil ieis. A im- Esse não foi um processo recente, ten- des africanas. A Bahia e outras regiões
dinâmicas de interações internacio- grupos evangélicos norte-america- canais de televisão, livros e jornais. A prensa brasileira relatou que o pas- do seus primórdios nos anos 1930. Mas do país, com sua religiosidade afrobra-
nais que vai muito além dos laços hie- nos. Missionários presbiterianos agem IURD, em especial, realiza ações hu- tor Valdemiro Santiago, líder da Igreja foi entre os anos 1950, 1960 e 1970 que sileira, seriam uma ponte entre dois
rárquicos com suas sedes no exterior no Brasil desde o século XIX, e mes- manitárias no exterior, em especial na Mundial do Poder de Deus, buscou o se fortaleceu esta transnacionalização. mundos. É interessante notar que, re-
(como ocorre com o Vaticano para os mo antes houve experiências isoladas África, onde por exemplo distribui ali- ex-Presidente Lula para poder intervir Até este momento, eram argentinos e centemente, essas credenciais também
católicos). No caso das religiões cristãs, de protestantes, como os calvinistas mentos e preservativos no combate à na determinação do governo angolano. gaúchos que buscavam conhecimen- têm sido usadas em relação aos países-
participam ativamente de movimen- franceses que ocuparam o Maranhão e AIDS. Países africanos de língua por- A importância da bancada parlamen- to religioso no centro do Brasil. A par- caribenhos, como no caso do vodu no
tos missionários e também buscam o Rio de Janeiro ainda no século XVI tuguesa vivem um fenômeno recente tar evangélica no Congresso brasileiro tir dos anos 80 pais de santo gaúchos Haiti.
evangelizar além fronteiras e ganhar ou os holandeses na costa do Nordes- de conversão religiosa de parcela de sua e o processo de internacionalização de passaram a ir a estes países. Na déca-
novos adeptos, gerando desaios e con- te no século XVII. Ainda assim, um fe- população de práticas católicas para muitas dessas igrejas apontam a possi- da de 1990, já havia pais e mães de san-
tradições para a política externa. Se nômeno religioso dos mais inluentes cultos evangélicos. Em maio de 2013, o bilidade de no futuro haver ainda mais to uruguaios e argentinos, com laços CONTROLE DA FÉ
as doutrinas espirituais contemporâ- no panorama global é o missionaris- governo angolano baniu a maioria das pressão para que a diplomacia brasilei- com gaúchos e participação de outras Restrições a religião por país, em 2014
neas são eminentemente universalis- mo realizado por brasileiros. Trata-se igrejas evangélicas brasileiras de atua- ra atue em prol da liberdade de atuação inluências como do Rio de Janeiro, da

Alto
Hostilidades Sociais
Paquistão

tas (qualquer um poderia fazer parte de um fenômeno que tradicionalmen- rem no país. Foram acusadas de serem destes grupos no exterior. África e outras vindas de afrocubanos.
de qualquer religião), as práticas reli- te fora empreendido por católicos, mas um “negócio” e praticarem “propagan- Além disso, vários religiosos, em espe-
giosas têm relações particulares com que vem sendo superado em volume da enganosa”. A única reconhecida Filhos de santo de religiões de matriz cial de Salvador e São Paulo, procuram
identidades étnicas e nacionais, clas- por grupos evangélicos. O Brasil é hoje pelo Estado foi a IURD, que funciona africana também atuam na divulgação retornar à África em busca das energias
ses sociais e outros elementos, como o segundo maior emissor de missio- sob iscalização de vários ministérios. de suas crenças no exterior, mais espe- primárias de sua crença, o que alguns Brasil
idade, sexo e contexto rural ou urba- nários do mundo só atrás dos Estados Ela possuía em Angola 230 templos e cialmente no Cone Sul. O Rio Grande pesquisadores deinem como “reafri- média dos países
no. Portanto, características demográ- do Sul, que concentra parte dos adep- canização” ou “dessincretização”, um
EUA China
icas atuam decisivamente não só no tos das religiões afrobrasileiras, pode processo que começou no inal dos

Labmundo, 2014
peril do grupo dos iéis, mas também MISSIONARISMO ser considerado uma das plataformas anos 1970 e início dos anos 1980, mas

Baixo
Uruguai Restrições Governamentais
nas estratégias de atuação de seus líde- Principais países de origem, em 2010 Principais países de destino, em 2010 de sua difusão internacional, contri- que já teria sido esboçado nos anos Baixo Alto

res na manutenção da comunidade e Estados Unidos 127.000 Estados Unidos 32.400 buindo para a abertura de terreiros na 1930. Um dos destinos mais comuns Fonte: Pew Research Institute, 2014.
na atração de novos seguidores. Assim, Argentina e no Uruguai. Nesse proces- dos candomblecistas da vertente ioru-
Brasil 20.000
deve-se considerar que uma parte dos Brasil 34.000
so, as cidades gaúchas de Santana do bá seria a Iorubalândia, região cultu-
atores religiosos desenvolve estratégias França 21000 Rússia 20.000 Livramento e Uruguaiana e as cida- ral do povo iorubá situada na Nigéria, VEJA TAMBÉM:
de evangelização por meio de redes R.D. Congo 15000
des de Paso de los Libres (Argentina) que possui raízes religiosas semelhan- Cultura e soft power p. 50
Espanha 21000
transnacionais, visando ao aumento e Rivera (Uruguai) serviram como li- tes às do candomblé brasileiro.
Labmundo, 2014

Pluralismo religioso p. 56
de suas comunidades, mas esse proces- Itália 20000 África do Sul 12.000 gação entre os dois lados e contribuí- Brasileiros no exterior p. 76
so ao mesmo tempo complexiica o pa- ram para a propagação das religiões É importante questionar os impac- Redes sociais e integração regional p. 96
norama religioso dos países receptores. Fonte: Center for the Study of Global Christianity, 2013. afrobrasileiras na região do Cone Sul. tos que esses intercâmbios religiosos

74 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 75
ATORES E AGENDAS

Brasileiros Historicamente, o Brasil foi considera-


do um país de imigração, contribuin-
do este fenômeno para a sua formação
REMESSAS PARA BRICS
Evolução das remessas recebidas, entre 1990 e
2010 (em bilhões de dólares, preços correntes)
BRASIL E PRINCIPAIS FLUXOS DE REMESSAS
Entrada e saída, em 2011

no exterior
1990
social, política e econômica. Só recen-
Índia
temente começou a inverter a direção *Não há dados l
Espanha
Itália
disponíveis para Japão ga
dos luxos migratórios, principalmen- China a Rússia, em EUA tu Líbano

r
1990

Po
te a partir da década de 1980, crescen- Rússia
do o número de brasileiros que moram Brasil
fora do país, ainda assim pequena em África
relação à população total (menos do do Sul
20 40
1%). Em 1990 emigraram 493.934 bra-
sileiros, principalmente ao Paraguai 2000

Labmundo, 2014
Paraguai
Índia
(21%), EUA (19%) e Japão (11%). No Em milhões de dólares
1000 km
ano 2000, saíram 975.986, a maio- China
MIGRANTES BRASILEIROS NO EXTERIOR ria (73%) com destino a países desen- Rússia Fonte: Banco Mundial, 2011. 1168 580 163
Em milhares por país de residência, em 2010
volvidos (Japão, 26%, e EUA, 23%) e Brasil
Paraguai (9%). Já em 2013, migraram África
1.768.980 brasileiros, 79% deles com do Sul QUANTIDADE DE REMESSAS
20 40
destino aos países desenvolvidos; nes- Saldo total de remessas em milhares de dólares, em 2011
2010
te ano, EUA (21%) e Japão (21%) se Índia
mantêm como destinos prioritários,
China
seguidos dos países europeus e, pela
primeira vez, de China (7%). Em re- Rússia

Labmundo, 2014
lação à composição desses luxos mi- Brasil
gratórios, a maioria é de classe média África
do Sul
340 e com crescente peso das mulheres. 20 40
Além dos dados gerais, é importante - 118,7

Labmundo, 2014
70,3 Fonte: Banco Mundial, 2011.

remessas
57,2 - 10
também ressaltar o lugar que o Brasil

Enviou
Total de emigrantes brasileiros
1000 km 17,6 residentes nos demais países -1
ocupa nas rotas internacionais de trái-

Labmundo, 2014
0
Fontes: IBGE, 2010b; OIM, 2010. co de mulheres. pode ter um grande impacto no desen- Sem dados

remessas
+1

Recebeu
volvimento dos lugares de origem. 1000 km
+ 10
disponíveis

A coniguração dos sistemas migra- Fonte: Banco Mundial, 2011. + 60,2


tórios incide na escolha do destino: a Em 2012, Brasil recebeu 2.582.640.313
BRASIL E PRINCIPAIS FLUXOS MIGRATÓRIOS procura de melhores oportunidades la- dólares em remessas (procedentes dos
Emigração e imigração em milhões de pessoas, em 2011 borais e de vida leva os brasileiros aos EUA, Japão, Espanha, Portugal e Pa- a atenção a dependência que países em São Paulo e para a situação dos hai-
países ricos, principalmente EUA e raguai, principalmente), colocando-se como Tajiquistão (48% do Produto In- tianos no Acre.
Europa, ao tempo que a existência de como o segundo maior receptor da re- terno Bruto), Quirguistão (31%), Leso-
Japão EUA
Espanha
Portugal Itália
luxos migratórios prévios entre Japão gião atrás do México, com mais de 23 to e Nepal (25% cada um) têm desses O vínculo entre migrações e desenvol-
e Brasil explica o peso deste país entre bilhões. Em volume total, os princi- recursos. vimento, e as trágicas consequências
os migrantes brasileiros, muitos deles, pais receptores mundiais foram a Índia de políticas migratórias inadequadas
de fato, de origem japonesa (os dekas- (quase 69 bilhões) e China (quase 40 A crise tem impactado a conigura- vivenciadas pelos emigrantes brasilei-
seguis). No caso do Paraguai é clara- bilhões). Em termos relativos, chama ção dos luxos migratórios, colocan- ros na última década, exigem que os
mente uma migração fronteiriça, dos do o Brasil como principal destino dos governos (federal e estaduais) estejam
chamados brasiguaios. emigrantes europeus, principalmente especialmente atentos a uma gestão
Paraguai HAITIANOS RUMO AO BRASIL portugueses, e mudando a direção das coletiva e coerente dos luxos migra-
Labmundo, 2014

Rota dos emigrantes haitianos para o Brasil,


Essa estabilidade do sistema migrató- em 2014
remessas nesse corredor (do Sul para o tórios que contribua para fomentar
1000 km
rio brasileiro se explica também pela País de origem (Haiti)
Norte). O país também é atrativo para os benefícios e diminuir os proble-
339 162 29 Países de passagem
Fonte: Banco Mundial, 2011. conformação de redes transnacionais País de destino (Brasil)
migrantes de países do Sul, muito me- mas de integração, discriminação e in-
que servem de apoio aos migrantes fa- HAITI nos numerosos, mas com uma visibili- segurança humana que enfrentam os
cilitando a integração nas sociedades R. DOMINICANA dade mediática maior, como é o caso migrantes. Firmar a Convenção Inter-

Labmundo, 2014
QUANTIDADE DE MIGRANTES de acolhida. O Itamaraty contabili- dos haitianos. Essa mudança repercu- nacional sobre a Proteção dos Direitos
Saldo total de migrantes em milhões de indivíduos, em 2011
za centenas de associações de brasilei- PANAMÁ
te no debate sobre a legislação migra- de Todos os Trabalhadores Migrantes
ros no exterior que contribuem para tória: se até recentemente a agenda e dos Membros das suas Famílias se-
o intercâmbio de informações sobre Panamá esteve marcada pela defesa dos direitos ria um primeiro passo para demonstrar
moradia ou emprego com os recém‐ dos brasileiros no exterior e as contri- o compromisso do governo brasileiro
emigrados, mas também para o de- buições dos migrantes para o desenvol- com os direitos e o contexto de vida
senvolvimento de práticas culturais, EQUADOR vimento nacional, hoje ganha espaço dos migrantes.
Manaus (AM)
Tabatinga (AM)
religiosas, econômicas e políticas, ser- BRASIL no debate político a garantia dos di-
+ 40,4 vindo de interlocução com os governos. Brasiléia (AC)
reitos humanos dos estrangeiros no
Emigração Imigração

+ 2,0
Dentre essas práticas transnacionais Assis Brasil (AC)
Brasil, como ocorreu na Primeira Con- VEJA TAMBÉM:
+ 0,5 Lima
0 destacam-se a organização da partici- rumo ao ferência Nacional sobre Migrações e Cultura e soft power p. 50
pação e representação política em de- PERU Refúgio (Comigrar), que defendeu a
Labmundo, 2014

- 0,5 Centro-sul
Pluralismo religioso p. 56
1000 km
- 2,0
- 11,13
Sem dados fesa dos direitos dos migrantes, assim São Paulo (SP) necessidade de mudança da Lei do Es- Brasileiros no exterior p. 76
disponíveis
como o envio de remessas para os lo- 500 km
Rio de Janeiro (RJ) trangeiro e chamou atenção para as Redes sociais e integração regional p. 96
Fonte: Banco Mundial, 2011. cais de origem, luxo inanceiro que Fontes: Fernandes et al., 2014. condições de trabalho dos bolivianos

76 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 77
ATORES E AGENDAS

Centros de internacional e de abertura de merca-


dos por grupos privados das principais
potências (EUA, Reino Unido, França
Banco Mundial, OMC, ONU e Unes-
co) têm buscado inluenciar as agendas
e as políticas nacionais no campo da
UNIVERSIDADES NO MUNDO
150 universidades melhores avalidadas, em 2013

pesquisa e e, cada vez mais, Austrália).

Os Estados atuam nesse campo princi-


palmente por meio da abertura de va-
educação superior e da pesquisa, por
meio, por exemplo, de suas políticas
institucionais, indicadores e relatórios
especíicos. O regime internacional de

universidades gas em suas universidades a estudantes


estrangeiros e pela concessão de bolsas
dos mais variados tipos. O Brasil, ain-
propriedade intelectual, ao regular o
sistema de patentes e a circulação do
conhecimento no mercado interna- Top 10
da muito modesto nessa competição cional, também criou uma interface Top 50

Labmundo, 2014
internacional, tem dois grandes pro- importante com a evolução da pes- Top 100
gramas institucionais de concessão de quisa cientíica e os métodos de ava- 1000 km
Top 150

Dados da Unesco indicam aumen- um mercado global para os serviços bolsas: o PEC-G (para a graduação) e liação dos pesquisadores e dos centros
to de 50% no número global de estu- de educação superior, estimado pela o PEC-PG (para a pós-graduação). No acadêmicos. Fonte: Shanghai Ranking, 2013.
dantes de nível superior entre 2000 e OCDE em cerca de 40 bilhões de dóla- caso do PEC-G, entre 2000 e 2013, o
2007, antecipando, para 2050, que cer- res, mas também no campo da pesqui- Brasil concedeu cerca de 7700 bolsas, Os rankings, usados para exibir a
ca de oito milhões do total desses estu- sa acadêmica. O processo é facilitado 73% das quais a cidadãos oriundos dos posição comparativa do conjunto Webometrics, que é o ranking mundial emergentes: nesse mesmo ano, a Chi-
dantes estariam realizando cursos fora pelos baixos custos dos transportes e países africanos de língua portugue- das instituições ou certas facetas de de universidades na internet. Existem na aparecia em 2° lugar e a Índia em
de seu próprio país. Dados da OCDE comunicação, pela crescente migração sa e 15% para latino-americanos. No seu desempenho, também têm sido questionamentos sobre a objetividade 7°. No âmbito latino-americano, no
de 2010 apontam aproximadamente internacional e pelo aumento do i- caso do PEC-PG, entre 2000 e 2012, usados como benchmarking que desses sistemas de categorização, mas entanto, o Brasil se destaca: segun-
3,2 milhões de estudantes internacio- nanciamento privado nesse setor. Por- foram 1880 bolsas, 70% delas para lati- conferem visibilidade internacional eles se converteram em classiicações do os mesmo dados, o México apare-
nais no mundo. Somente na Améri- tanto, além de setor estratégico para os no-americanos e 20% para estudantes às universidades e centros de pesquisa. de desempenho de pesquisa e cia em 31° lugar, a Argentina em 40° e
ca Latina, segundo a Unesco, existiam Estados, porquanto estreitamente re- dos PALOP. O governo federal abriu Os mais conhecidos são o Academic prestígio acadêmico inclusive para o Chile em 46°. O número de artigos
em 2007 mais de 23 milhões de estu- lacionado com a formação das elites e recentemente duas universidades com Ranking of World Universities (da a obtenção de inanciamentos cientíicos publicados por brasileiros
dantes universitários, sendo que mais a geração de laços transnacionais du- vocação explícita para a cooperação in- Universidade Jiao Tong de Xangai), internacionais. Entre as universidades representa 54% do total publicado na
de 50% deles estariam concentrados radouros entre indivíduos e socieda- ternacional: a UNILA, em 2008, e a publicado desde 2003, e o Times brasileiras, costumam aparecer entre América Latina e 2,63% daqueles pu-
no Brasil, na Argentina e no México. des, o campo do ensino superior e da Unilab, em 2010. Higher Education Supplement as 500 melhores do mundo a USP, blicados no mundo. Assim, é inegável
Essa quantidade de estudantes de ensi- pesquisa converteu-se em aposta eco- (THES), que começou a ser a Unicamp, a UFMG, a UFRJ, a o papel da pesquisa universitária à pro-
no superior e a mobilidade internacio- nômica estratégica, tendo desperta- O Brasil forma cerca de 12 mil douto- publicado em 2004. Também existe o UNESP e a UFRGS (no sistema de jeção de soft power do Brasil.
nal que tendem a buscar têm gerado do interesses em matéria de regulação res por ano. Os investimentos públicos Xangai). No ranking de 2013, a USP
prioritários destinam-se a áreas como aparece entre as top 150, a UFRJ, a
nanotecnologia, TV digital, defesa na- BOLSAS PARA ESTRANGEIROS UFMG, a UNESP e a Unicamp entre TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
PRODUÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS Bolsas concedidas pelo governo brasileiro entre Top 10 da produção mundial de hardware e de
cional, engenharias, administração, 2000 e 2012
as top 400, a UFRGS entre as top- software, em 2013
Índice H* de produções científicas feitas entre 1996 e 2012, por países saúde e ciências do mar, principalmen- 500. Já entre as top 200 do THES,
900 EUA 39%
te por meio do programa Ciências Sem aparece apenas a USP, em 175° lugar Japão 9%
Fronteiras, que concedeu mais de 38 em 2007 e em 196° em 2008, porém Reino Unido 7%
700
mil bolsas até 2013. O sistema Univer- nenhuma universidade brasileira em Alemanha 6,3%
sidade Aberta do Brasil (UAB) visa a 2009 e em 2010. No mesmo ranking França 4,7%
ampliar a oferta de cursos de educação 500 de 2013, a USP aparece entre as top Canadá 3,1%
superior no Brasil, particularmente 250 e a Unicamp entre as top 350. Por Brasil 3,0%
na formação de professores, contan- 300
outro lado, dados de maio de 2014 do
China 2,2%
*Índice H baseia-se
do hoje com cerca de 243 mil alunos Webometrics apontam a USP em 29°
Austrália 2,2%
no impacto do trabalho matriculados. Mas existem inúmeros lugar, a UFRGS em 206°, a UFSC em
acadêmico, por meio Itália 2,1%
da quantidade de pontos frágeis. Um deles é a distribui- 100 235°, a UFRJ em 240°, a Unicamp em
citações feitas e recebidas. 1380 ção geográica, visto que 72% dos mes- 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012
335°, a UFMG em 354° e a UNESP em Fonte: Abes, 2013.
569
1000 km
68
trados e 78,7% dos doutorados estão PEC-G
373°. No mesmo ranking e no âmbito
PEC-PG
Fonte: Scimago Lab, 2014. nas regiões sul e sudeste do país. Da- latino-americano, o Brasil apresenta, Participação regional da produção brasileira,
dos do IBGE de 2010 apontam que a em 2014, 25 universidades entre as em 2013
64,3%
Produção científica no Brasil entre 1996 e 2012 Evolução da produção científica no Brasil escolaridade média da população bra- Bolsas concedidas pelo governo brasileiro entre top 1000, o México 6, Colômbia e
sileira com idade até 25 anos é de ape- 2000 e 2012 por origem dos estudantes Argentina 3 cada; entre os BRICS, a

Labmundo, 2014
nas 5,8 anos, contra 12 anos na Coréia 6000
China apresenta 106 universidades na
do Sul, 13,3 anos em Taiwan e 13,4 nos 5000
lista das top 1000, a Índia 4, a Rússia 8
EUA. Na América Latina, o Chile tem e a África do Sul 6. 13,0% 12,2%
Produção em 2012: 27,2% dos jovens (entre 17 e 24 anos) 4000 8,3%
2,2%
55 803 trabalhos
54,6% da região na universidade, a Argentina 26,4%, o 3000
De acordo com o Scimago Institutions Sudeste Centro-oeste Sul Nordeste Norte
2,29% do mundo Uruguai 19,9%, o Brasil apenas 13,2%. Ranking, que avalia o número de pu- Fonte: Abes, 2013.
Total de trabalhos Além disso, o Brasil investe em pes- 2000 blicações e citações na base de dado
científicos Produção em 1996:
8 698 trabalhos
quisa e desenvolvimento apenas 1% do Scopus, o Brasil ocupava, em 2012, a
118 854 1000
38,42% da região Produto Interno Bruto, em compara- 13a posição entre os países de maior VEJA TAMBÉM:
35 812 0,76% do mundo
ção aos 3,45% do Japão, 2,79% dos Es- produtividade cientíica. Tal posição Parque industrial p. 30
África América
Labmundo, 2014

Ásia
tados Unidos e 2,82% da Alemanha. o coloca atrás de países desenvolvidos

Labmundo, 2014
2 069 Latina e
Caribe Minério e indústria extrativa p. 38
300 km PEC-PG PEC-G
como os EUA, Inglaterra, Alemanha Projetos de integração regional p. 82
Além dos Estados e das empresas, as e Japão, mas também de alguns paí- Cooperação Sul-Sul em educação p. 114
Fonte: Scimago Lab, 2014. organizações internacionais (OCDE, Fontes: PEC-G, 2013 e PEC-PG, 2013. ses em desenvolvimento e potências

78 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 79
Capítulo 4:

AMÉRICA DO SUL,
DESTINO
GEOGRÁFICO

Enara Echart Muñoz


DO BRASIL?
O lugar geográico em que os países se situam não é fruto de uma esco-
lha, mas os rumos e o teor das relações com os vizinhos o são. A porosi-
dade das fronteiras, reforçada pelas inovações em telecomunicação, em
transporte e pela globalização, favorece o luxo inanceiro, o comércio de
mercadorias e de serviços e, de modo distinto, o luxo de pessoas. Com
isso, reforça-se a proximidade física, econômica, cultural e social do Brasil
com os seus vizinhos. A dinâmica regional sul-americana tem bases de
amizade e de cooperação, mas também se fundamenta em rivalidades e
conlitos, o que resulta em um ambiente construído a partir de singulari-
dades históricas, econômicas, políticas, físicas e de segurança. A assimetria
entre o Brasil e seus vizinhos é grande e gera paradoxos para a política
externa. A análise das escolhas do Brasil em suas relações com a vizinhan-
ça, assim como a importância da região nas agendas de política externa,
revelam que ainda não existe um consenso no seio da sociedade brasileira
sobre que rumos tomar e que prioridades devem ser atribuídas à inserção
do Brasil na região. A ação da sociedade civil e das empresas, assim como
iniciativas dos governos para agir conjuntamente em diversos âmbitos
Enara Echart Muñoz

(educação, saúde, defesa e infraestrutura), demonstram a relevância da


região, mas ainda permanecem em aberto questões-chave sobre a percep-
ção dos vizinhos acerca da liderança regional do Brasil.
AMÉRICA DO SUL, DESTINO GEOGRÁFICO DO BRASIL?

Projetos de Ecosoc. A CEPAL apontou como um


dos principais problemas econômicos
da América Latina a pouca integra-
PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO NAS AMÉRICAS
Instituições regionais em 2014
Mercado Comum do Sul (Mercosul)1

integração
Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA)
ção econômica entre os países e, por Comunidade do Caribe (Caricom)
isso, sugeriu que os países latino-ame-
Comunidade Andina (CAN)
ricanos se esforçassem para criar com-
plementariedade entre suas cadeias Tratado Centro-Americano de Livre Comércio (CAFTA)

nas Américas produtivas e fortalecessem o comércio


regional. A ideia era criar um merca-
do de massa para a produção em esca-
Canadá
União de Nações Sul-Americanas (Unasul)

Aliança do Pacífico
Comunidade dos Estados Latinoamericanos e
Caribenhos (CELAC)
la dentro da América Latina, para que Associação Latino-Americana de Integração (ALADI)
os países, desse modo, conseguissem
produzir e exportar bens industriali-
PROJETOS DE INTEGRAÇÃO: DISPUTAS E RESISTÊNCIAS zados, quebrando a lógica da deterio- 100 km
Instituições regionais em 2014 Estados Unidos
EUA ração dos termos de troca. O Tratado
Países que assinaram acordo de LC de Montevidéu, assinado em 18 de fe- Não participam dos processos
com os EUA antes de 1995 de integração citados
Países que assinaram acordo de LC
vereiro de 1960, deu origem à ALALC, 1
A Bolívia soliciou entrar no Mercosul em 2012 Bermudas Ilhas Virgens Americanas
com os EUA depois de 2003 com o objetivo de criar uma área de *O CAFTA tem acordo de livre comércio com os EUA Cuba Turks e Caicos Ilhas Virgens Britânicas
Países que assinaram acordo de LC
com os EUA depois de 2005 livre comércio entre os países latino- * A Nicaragua aderiu à ALADI em agosto de 2011 e Ilhas Cayman
Bahamas Haiti Anguilha
Rep. Dominicana
Mercado Comum do Sul (Mercosul) -americanos. A ALALC vem ao en- ainda está em processo de cumprimento das
Belize Porto Rico
Barbuda
condições estabelecidas para tornar-se membro pleno. São Cristóvão e Nevis
Aliança Bolivariana para as contro da proposta cepalina de que era México Antigua
Américas (ALBA)
Área que a ALCA necessário a criação de mecanismos de Guadaloupe
pretendia abranger cooperação econômica entre os países Fontes: Elaboração própria a partir da informação em 2014 dos Honduras Montserrat Dominica
Martinique
do continente, para que se fortaleces- sítios web oficiais de Mercosul; Unasul; NAFTA; Caricom;
Comunidade Andina; Aliança Bolivariana; Itamaraty; Banco Mundial;
Jamaica Curaçao
Bonaire
Santa Lúcia
Aruba Barbados
Não participam dos processos sem e atingissem o desenvolvimento. CELAC; CAFTA Intelligence Center; OEA; ALADI; e OECS. Guatemala
São Vicente e Granadinas
de integração citados Granada
El Salvador Venezuela
A ALALC, entretanto, não prosperou Nicaragua
Trinidad e Tobago
Guiana
por razões econômicas e políticas, tan- Costa Rica Colômbia
Suriname
to nacionais quanto sistêmicas. Tam- americano (com exceção de Cuba) em Panamá
bém esbarrou em opiniões divergentes uma zona de livre comércio. A ALCA Equador
PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO DA ALCA entre seus Estados-membros. Por esse oferecia aos países membros a opor-
Data Evento de cúpula Andamento da negociação motivo, ela foi substituída, em 1980, tunidade de acesso ao cobiçado mer- Brasil
Peru
Lançamento da ALCA pelo pela ALADI. Em comparação com a cado estadunidense. Por outro lado,
1994 I Cúpula das Américas presidente dos EUA
Bill Clinton sua antecessora, a ALADI tinha obje- o exemplo mexicano demonstrava
tivos menos ambiciosos. A im de di- que esse acordo com os EUA, dadas Bolívia
Proposta da “ALCA Light”
2003
VIII Reunião Ministerial
pelo presidente do Brasil minuir a tensão causada por diferentes as assimetrias evidentes, também pro-
sobre Comércio
Luiz Inácio Lula da Silva opiniões entre os países latino-ameri- vocaria distorções nas economias do-
Paraguai
Paralização das
canos, abandonava a ideia de criação mésticas. A ALCA poderia signiicar o
2005 IV Cúpula das Américas negociações sobre a ALCA, de uma área de livre comércio e de- enfraquecimento dos blocos regionais Chile
após conflitos de interesses
fendia acordos de preferências econô- de integração, assim como uma possí- Argentina
micas entre os países da região. Com vel desindustrialização das economias Uruguai
100 km isso, a organização de 1980 pode ser nacionais, diante da concorrência dos
Labmundo, 2014

considerada um acordo “guarda-chu- produtos estadunidenses. Ciente desse


va” para outros acordos de integração cenário de oportunidades e desaios, o
Fontes: Elaboração própria a partir da informação em 2014 dos
sítios web oficiais de Mercosul; NAFTA; Aliança Bolivariana; econômica menores, apresentando-se Brasil e outros países aceitaram abrir as
Itamaraty; CAFTA Intelligence Center; e Presidência dos EUA. como uma alternativa mais lexível em negociações, alguns com muita caute-
comparação com a ALALC. Alguns la. O Brasil foi líder, ao lado dos EUA,

Labmundo, 2014
acordos econômicos atuais foram assi- das negociações e, como airmou o
Durante longo período histórico, o realidade do mundo em desenvolvi- nados no âmbito da ALADI, inclusive Chanceler Celso Amorim, fez de tudo
Brasil não foi entusiasta da integra- mento. Com base na análise do fenô- o Mercosul. Esse formato institucional para dilatar os prazos das negociações
ção regional. Seu modelo econômico meno de “deterioração dos termos de marcado pela lexibilidade contribuiu até o abandono deinitivo da proposta.
(exportação de produtos para Euro- troca”, argumentavam que os países para o surgimento de outros processos
pa e EUA) e o fator linguístico (o país exportadores de bens industrializados de integração menores, como a Cari- Nas negociações da ALCA, icaram Também são favoráveis a acordos do região. A China desponta como novo
é o único que fala a língua portugue- agregam mais valor ao seu comércio com e a CAN. A exceção foi o México, evidentes os interesses dos EUA, que tipo “regionalismo aberto”, como a tipo de ameaça, ocupando progressi-
sa na região) contribuíram para essa do que os que vendem produtos pri- que se vinculou ao NAFTA, fazendo esperavam um bloco nos moldes do Aliança para o Pacíico (muito orien- vamente mais espaço nos luxos de co-
falta de entusiasmo. Isso começou a mários. Essa diferença tende a ser apro- uma opção preferencial de relação eco- NAFTA, incluindo acordos sobre pro- tado para o comércio com a Ásia). Esse mércio, mas também pondo em xeque
mudar com o fortalecimento de uma fundada ao longo do tempo, o que nômica com a América do Norte. priedade intelectual, compras gover- avanço estadunidense não se deu sem a liderança brasileira.
escola do pensamento latino-america- permitiu aos defensores dessa aborda- namentais e serviços, tratando como resistências, expressadas na manu-
no, baseada na Teoria da Dependência gem denunciar as falhas do pensamen- O processo de integração econômica temas sensíveis a liberalização do setor tenção do Mercosul (apesar de todas
e na concepção das relações centro-pe- to econômico tradicional construído da América Latina apresenta enormes agropecuário e a restrição a subsídios. as diiculdades), na criação da ALBA VEJA TAMBÉM:
riferia. Teóricos brasileiros muito dia- em torno das vantagens comparativas desaios. Um deles é a ação dos EUA. Diante da paralização das negocia- (graças à liderança venezuelana) e, no Parque industrial p. 30
logaram com seus pares da região e de entre as nações. Inspirados pela criação do NAFTA, os ções sobre a ALCA, os EUA adotaram plano político, no estabelecimento da Congresso, ministérios e agências p. 64
outros países, e juntos construíram EUA buscaram expandir esse modelo a estratégia alternativa de negociar di- Unasul. Os interesses estratégicos dos Multinacionais brasileiras p. 70
um dos mais ricos e genuínos arcabou- O pensamento dependentista foi for- para estabelecer a ALCA, que visava a versos acordos de livre comércio di- EUA não constituem o único desa- Defesa e segurança p. 90
ços intelectuais produzidos a partir da talecido com a criação da CEPAL pelo incluir todos os países do continente retamente com cada país ou bloco. io para os processos de integração na

82 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 83
AMÉRICA DO SUL, DESTINO GEOGRÁFICO DO BRASIL?

Da América Latina Latina surgiu por volta de 1850. A ex-


pressão só iguraria na documentação
diplomática brasileira a partir da déca-
da Aliança para o Progresso e do Banco
Interamericano de Desenvolvimento.
Após o golpe de 1964, o país privile-
DA ALALC À ALADI
Integração latino-americana, entre 1960 e 2014

à América do Sul
Fundadores da Associação
da de 1890, quando também surgem giou uma identiicação com o Ociden- Latino-Americana de Livre
Comércio (1960)
outras denominações regionais, tais te. No entanto, logo o país retornou Ingressantes na
década de 1970
como o pan-americanismo, a Amé- à identidade orientada em direção ao
Cuba ingressa em 1999
rica Central, do Sul e do Norte. É o Terceiro Mundo e à América Latina.
momento da transição para o regime Dessa vez, o Brasil assume o papel de Comércio intrarregional (ALADI) Panamá ingressa em 2012

republicano, que viria reduzir a per- potência “preparada para assumir as 300

índice-base 2004
cepção de uma singularidade brasileira, responsabilidades que lhe competem

(= 100)
a distanciar o Brasil da Europa e aju- no tocante aos países de menor desen- 200
dar a esboçar uma identidade regional, volvimento relativo, tanto no plano bi-
ainda que marcada por desconiança. lateral, quanto no multilateral”, nas
100
Ao longo da história, a identidade na- décadas, a ordem política estabilizou- palavras do Chanceler Mario Gibson

04

09

14
20

20

20
cional do Brasil já foi deinida por se, o que levou boa parte da elite nacio- Nas primeiras décadas da Repúbli- Barbosa. Nos anos 70, as crescentes Fonte: Sítio web da ALADI, 2014.
meio de muitos conceitos socialmente nal a se crer distante dos vizinhos (que ca, o discurso diplomático articulava fricções com os EUA e a crise do pe-
construídos: país pacíico, que respei- adotavam um regime considerado in- o conceito de América do Sul basica- tróleo reforçaram a identidade regio-
ta o direito internacional, em busca do ferior, a república, e passavam por for- mente em referência ao Cone Sul e em nal. A redemocratização veio acentuar da integração, com particular aten-

Labmundo, 2014
desenvolvimento, cristão, subdesen- te instabilidade). oposição aos EUA e sua região de in- essa orientação, que icou plasmada ção à diplomacia presidencial. O Ita-
volvido, do Terceiro Mundo, ocidental, luência direta, que muitas vezes in- na Constituição brasileira que deine maraty e a assessoria internacional da Sede da ALADI 500 km
americano, ibero-americano, latino-a- Desse modo, a identidade nacional cluía países como Venezuela, Panamá como metas a integração regional e a Presidência trabalharam conjunta- (Montevidéu)
mericano, sul-americano. Nos últimos foi sendo formada ao longo do sécu- e Colômbia. Ao momento da Segun- formação de uma comunidade de na- mente nesse sentido. A ênfase na Amé-
anos, tem sido enfatizada a dimensão lo XIX em contraposição à vizinhança: da Guerra seguiu a frustração do de- ções da América Latina. A superação rica do Sul foi contemporânea a uma
das relações com a América do Sul. O uma monarquia entre repúblicas, uma sejo de uma relação especial com os da rivalidade com a Argentina permi- nova guinada regional, revertendo um dos Estados Americanos, o desenvolvi-
enfoque regional empregado pelos ato- ilha de civilização em meio à barbárie, EUA, aproximando o Brasil de seus vi- tiu a formação do Mercosul, uma das passado de baixa atuação na vizinhan- mento da Unasul.
res políticos brasileiros variou ao lon- um mundo lusófono distinto do cas- zinhos latino-americanos, em especial referências da identidade internacio- ça. A América do Sul é hoje um dos
go do tempo. A invasão da península telhano. Nesse período, a América era a partir de uma identidade construída nal do país. eixos centrais da inserção internacio- Tais alternativas indicam a América do
ibérica pelas tropas de Napoleão cata- entendida como uma unidade, região no subdesenvolvimento. Contribuem nal brasileira e a cooperação regional Sul como espaço prioritário da PEB,
lisou os processos de independência distinta da Europa, e sob tutela dos para essa inlexão a criação da CEPAL, Um enfoque propriamente sul-ame- já foi deinida pelo então presidente muito embora não haja consenso en-
das colônias americanas de Portugal e EUA. A América do Sul só começaria da ALALC e o lançamento da Ope- ricano é fenômeno recente, esboça- Lula como o “centro” da política exter- tre representantes políticos e membros
Espanha. A formação dos novos paí- a surgir escassamente nos documentos ração Pan-Americana por Juscelino do nos anos 1980, encaminhado nos na. Buscou-se o fortalecimento da re- da elite brasileira acerca dessa lideran-
ses, resultante de inluências sistêmicas diplomáticos várias décadas depois, e Kubitschek, um fórum dos países lati- anos 1990 e aprofundado mais deci- gião como eixo alternativo de poder ça. Também há críticas à incapacidade
e transformações domésticas, produ- provavelmente compunha um concei- no-americanos, demandando recursos sivamente durante o governo Lula. A em um mundo que se pretende cada brasileira de arcar com os custos eco-
ziu uma grande diversidade de regimes to distinto do atual, uma vez que nos públicos estadunidenses para o desen- América do Sul passou a ser entendi- vez mais multipolar. As crises regionais nômicos e políticos de uma integração
políticos. O Brasil passou por um pro- EUA, até o início do século XX, era volvimento regional. da como espaço de maior legitimidade foram encaminhadas por meio da atu- assimétrica.
cesso peculiar, garantindo sua autono- comum fazer referência à América do para um projeto de liderança regional. ação de fóruns locais, evitando a inter-
mia a partir da manutenção do regime Sul como o conjunto de países abaixo A resposta dos EUA só viria após a Re- Além disso, havia a percepção de que venção dos Estados Unidos. Houve o O sistema multilateral regional in-
monárquico. Depois das primeiras do Rio Grande. O conceito América volução Cubana, com os lançamentos a América Latina havia perdido sua reconhecimento das assimetrias inter- clui grande variedade de organis-
legitimidade como região, após a de- nas à região, novos âmbitos foram re- mos, cúpulas presidenciais e fóruns
cisão mexicana de assinar, em 1994, o forçados (o FOCEM, por exemplo), de concertação. A ALBA tem relevan-
INTEGRAÇÕES REGIONAIS NAS AMÉRICAS NAFTA. Foi nesse contexto, durante e a integração sul-americana passou a te enfoque centro-americano e caribe-
Organismos de integração regional no continente americano que foram lançados entre 1945 e 2014, por data de fundação a primeira gestão do Embaixador Cel- ser vista como ponto de partida para nho. A Aliança do Pacíico orienta-se
Quantidade
de membros so Amorim como chanceler, que a di- uma nova inserção internacional para aos mercados asiáticos.
América do Sul

Organismo com Comitê Intergovernamental Coordenador dos Países da Bacia do Prata 5 plomacia brasileira resgatou o conceito o Brasil.
participação Pacto Andino
Mercosul
Comunidade Andina 4
5
de América do Sul, inicialmente pela Hoje, somado ao interesse em seu en-
brasileira
Org. do Tratado de Cooperação Amazônica 8 proposta de uma área de livre comér- A formação de um arcabouço multila- torno, o Brasil aumenta a complexi-
12
CASA Unasul cio para a região (a ALCSA). Se esta teral regional também vem reforçan- dade dos entendimentos a respeito
Organização dos Estados Centro-Americanos 5
prioridade diplomática foi atenuada do a orientação pela consolidação de de seus espaços de inserção. Além da
América Central

Mercado Comum Centro-Americano 5


Comunidade do Caribe 20 durante o governo FHC (apesar da or- uma região sul-americana, aparente- América do Sul, a retórica diplomáti-
e Caribe

* Alguns membros
Organização dos Estados do Caribe Oriental
Parlamento Centro-Americano
9
6
ganização das primeiras reuniões da mente mais coesa e onde o Brasil teria ca brasileira vem apontando a emer-
não são Estados
independentes Sistema da Integração Centro-Americana 8 história de chefes de Estado exclusi- de assumir liderança na coordenação gência de novas coalizões e articulações
Associação dos Estados do Caribe 28
vamente da América do Sul, em 2000 e produção de bens comuns, como o internacionais, por exemplo, a Coo-
e 2002), esta inlexão foi uma marca desenvolvimento econômico, a inte- peração Sul-Sul, os BRICS, o Fórum
Organização dos Estados Ibero-Americanos 24
mais incisiva do governo sucessor. No gração pela infraestrutura e a estabili- IBAS, as Cúpulas ASA e ASPA, bem
América Latina

ALALC ALADI 13
Sistema Econômico Latino-Americano e do Caribe 26 governo Lula, houve a criação de uma dade política. Em vez de uma área de como a CPLP, que podem ser comple-
Contadora Grupo do Rio 24
Parlamento Latino-Americano 22 Subsecretaria para América do Sul no livre comércio das Américas, o Brasil mentares ou concorrentes ao projeto
CELAC 33 Itamaraty e, em 2008, da Unasul. defendeu a proposta de aproximação brasileiro de liderança regional.
dos projetos do Mercosul e da Comu-
Organização dos Estados Americanos 35
Se os esforços de cooperação regional nidade Andina. Em vez de se somar
Outros

NAFTA 3 eram marcados por uma ênfase econô- ao projeto da Organização do Trata- VEJA TAMBÉM:
ALBA 9
Aliança do Pacífico 4 mica, em especial nos anos 1990, du- do do Atlântico Norte (como tentou Logística p. 32
rante o governo Lula novas esferas a Argentina nos anos 1990), propôs a
Labmundo, 2014

Pobreza e desigualdade p. 44
foram reforçadas, como a dimensão construção de um fórum local sul-a- Diplomacia presidencial p. 62
1945 1955 1965 1975 1985 1995 2005 2015
social, cultural, de defesa, mas em es- mericano na área de defesa e seguran- Assimetrias e desigualdades p. 94
Fonte: Elaboração própria a partir dos sítios web dos organismos de integração regional, 2014. pecial o âmbito propriamente político ça. Em detrimento da Organização

84 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 85
AMÉRICA DO SUL, DESTINO GEOGRÁFICO DO BRASIL?

Integração na em cooperação, o desenvolvimento.


Entretanto, esse período de euforia du-
rou menos de uma década. Diversas
reduzir assimetrias e a criar mecanis-
mos de cooperação em diversas agen-
das (segurança, desenvolvimento
MERCOSUL COMERCIAL
Fluxo comercial do Brasil com os
países do Mercosul entre 2000 e 2011
Saldo comercial dos países membros do Mercosul
entre 2007 e 2013 (em bilhões de dólares)

América do Sul
40
crises econômicas e políticas abalaram social e integração física). Além do
o cenário doméstico dos países mem- resgate e fortalecimento do Mercosul
bros do Mercosul, inaugurando um como uma das prioridades do governo
momento de questionamentos e dúvi- brasileiro, a ideia de integração regio- 30
das. Diante de ataques especulativos à nal volta a ganhar força. Desse modo,
economia brasileira, o governo federal diversos arranjos institucionais e i-
desvalorizou o Real em janeiro de 1999, nanceiros foram estabelecidos, a exem-
criando uma taxa de câmbio extrema- plo do FOCEM e do MAC. Por im, o
20
mente favorável para a exportação de Mercosul foi ampliado com a entrada
produtos à Argentina. Com isso, o vi- da Venezuela e possivelmente, confor-
MODELOS DE INTEGRAÇÃO DISTINTOS em desenvolvimento e rivais históricos zinho viu agravado o déicit na sua ba- me anunciado, da Bolívia.
Situação em 2014 conseguiriam liderar um processo de lança comercial, tornando impossível
integração econômica e política. Essa a manutenção da paridade Peso-Dó- Hoje, a integração sul-americana en- 10

realidade provocava olhares de descon- lar. A Argentina mergulhou em crise contra desaios sistêmicos e regionais.
iança na comunidade internacional econômica, que contaminou o âmbi- O crescimento chinês e a busca pelos
e, também, de incerteza entre os pró- to político e contribuiu para gerar ins- EUA de expandir acordos de livre co-
prios membros do bloco. Inicialmente, tabilidade institucional no país. Nesse mércio fora do espaço multilateral da Valores em milhões
0

o Mercosul apresentava baixo adensa- período, o Paraguai também foi pal- OMC concorrem com o processo de de dólares
mento institucional, sob a justiicativa co de crise institucional, conirman- integração. Além disso, instabilida-
de que não faria sentido criar diversas do o quadro pessimista para os países des políticas e econômicas no âmbito 500 km
normas e regras burocráticas que pode- membros do Mercosul e, consequente- doméstico dos países sul-americanos -10
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
riam engessá-lo. Segundo essa lógica, mente, para o futuro do bloco. A diver- geram diiculdades de diálogo e co- 5,4 32,4 133,2

era benéico deixar que o Mercosul se gência de interesses e de perspectivas operação. Finalmente, o processo de Brasil com o mundo Paraguai com o mundo

desenvolvesse livremente, até que atin- sobre o Mercosul icaram evidentes. integração regional é constantemen- Valor dos bens brasileiros exportados para Brasil com o Mercosul Paraguai com o Mercosul
Argentina com o mundo Uruguai com o mundo
Países membros do
Mercosul gisse maturidade institucional e uma Os países ignoraram seus compromis- te questionado no âmbito domésti- os países do Mercosul entre 1989 e 2013
(em trilhões de dólares) Argentina com o Mercosul Uruguai com o Mercosul
Países em processo de reorganização normativa fosse necessá- sos de soluções articuladas e agiam co por motivos comerciais e políticos,
adesão ao Mercosul
ria. É verdade, porém, que o governo cada vez mais unilateralmente. revelando a ausência de consenso na 50
Países Associados
ao Mercosul brasileiro, por ser o país mais relevan- sociedade brasileira sobre a importân- Participação de manufaturados na exportação
Países com acordo
te em termos econômicos, demográ- O cenário turbulento começou a dar cia econômica que a região (e princi- brasileira, por países ou regiões, em 2013
Labmundo, 2014

500 km de livre comércio


com os EUA
Países membros da icos e territoriais, expressava então a sinais de melhora no início do século palmente o Mercosul) tem para o país
Aliança do Pacífico
preferência por um modelo de regio- XXI. O governo brasileiro passou a se em termos de inserção comercial com-
Fontes: Sítio web do Mercosul, 2014; Sítio web da
presidência dos EUA, 2014. nalismo aberto, capaz de criar estabili- pautar no entendimento de que, ne- petitiva. A região é um dos principais
dade doméstica e regional, assim como cessariamente, deve desenvolver uma destinos de produtos industrializados 30
de reinserir Brasil e Argentina na po- relação de parceria com os vizinhos, o brasileiros. As elites brasileiras e boa
O Mercosul nasceu da reaproxima- lítica e na economia mundiais. Por sua que traz a ideia de um futuro comum parte das sul-americanas parecem he-
ção entre o Brasil e a Argentina, que vez, Paraguai e Uruguai viam no bloco para a região. Seguindo essa lógica, o sitar sobre a relevância do projeto de
decidiram criar programas de coo- a oportunidade de garantir crescimen- Brasil somente teria a se beneiciar de integração, seduzidas pelas vantagens,
peração e complementação produti- to econômico e acesso a investimentos. um Cone Sul unido politicamente e no curto prazo, de acordos comerciais.
va entre as duas maiores economias com dinamismo econômico. A im 10
da América do Sul daquele momen- Os primeiros anos do Mercosul revela- de atingir esse objetivo e ciente da im-
to. O Tratado de Assunção foi assinado ram-se um grande sucesso em termos portância que tem na região, o Brasil VEJA TAMBÉM:
por Argentina, Brasil, Paraguai e Uru- econômicos e institucionais. Além de deveria assumir os custos necessários Ameaças globais p. 48 0
guai em 1991, inaugurando um dos um importante crescimento comercial para o êxito do processo de integra-

Labmundo, 2014
Itamaraty p. 60 1989 1993 1997 2001 2005 2009 2013
90% 50% 36%
projetos de integração mais ambicio- entre os Estados membros, tudo in- ção da América do Sul. Não há, po- 5%
Ação internacional dos estados p. 66 Bens semimanufaturados e manufaturados
sos e complexos das Américas. Entre- dicava que os países tinham superado rém, consenso na sociedade brasileira

na
su

ia
ro o
EU
Bens básicos

i
Eu niã
Argentina p. 88

co

pe

Ch
er

U
tanto, ainda era incerto se dois países suas desavenças históricas e buscavam, sobre isso. Existem esforços visando a

M
Fonte: Sítio web AliceWeb do MDIC, 2014.

CRONOLOGIA DO MERCOSUL E DA UNASUL 2000


2003 2006 2010 2013
Néstor Kirchner, Venezuela declara intenção de Criação de conselhos Morte de Hugo Chávez
1985 1989 Iniciativa para a Integração
Presidente da Argentina integrar o Mercosul setoriais no âmbito
Declaração de Iguaçu Tratado de Integração, Cooperação 1999 da Infraestrutura Regional 2014
Lula, Presidente Criação do Mecanismo de da Unasul
Econômica e Desenvolvimento Crise institucional Sul-Americana (IIRSA) Dilma Rousseff,
1986 do Brasil Adaptação Competitiva (ALADI) Dilma Rousseff,
Carlos Menem, no Paraguai Presidenta do Brasil
Ata para a Integração 2001 Evo Morales, Presidente da Bolívia Presidenta do Brasil
Presidente da Argentina Desvalorização Michelle Bachelet,
argentino-brasileira Saída de Fernando 2004 Michelle Bachelet, Presidenta do Chile José Mujica,
do Real Presidenta do Chile
de la Rúa da Criação do Fundo para a Presidente do Uruguai 2012
1994 Hugo Chávez,
presidência da Convergência Estrutural 2007 Protocolo de adesão do Estado
1990 Adoção da Tarifa Externa Comum Presidente da
Argentina do Mercosul Cristina Kirchner, Presidenta da Argentina Plurinacional da Bolívia ao Mercosul
Ata de Buenos Aires Protocolo de Ouro Preto Venezuela
2002 Criação da Comunidade Rafael Correa, Presidente do Equador Suspensão do Paraguai do Mercosul
1988 Fernando Henrique, Protocolo de Olivos Sul-Americana
Uruguai manifesta 1991 Presidente do Brasil 2008
Conclusão do processo de entrada
Tentativa de golpe na de Nações (CASA)
2000

2015
intenção de participar Tratado de Assunção Criação da Unasul da Venezuela ao Mercosul
Mercosul Venezuela Deposição de Fernando Lugo
1985

2000

do processo de integração Protocolo de Brasília Crise institucional na Bolívia


Temas domésticos 1998 Álvaro Uribe, Presidente da presidência do Paraguai
Unasul Promulgada Fernando Lugo, Presidente do Paraguai
Protocolo de Ushuaia da Colômbia
Constituição Brasileira
Crise do Mercosul Integração pela convergência política
Cooperação Brasil-Argentina Avanço da cooperação Aumento da independência e credibilidade Crise do Mercosul
2005 2010
1990 1995

86 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 87
AMÉRICA DO SUL, DESTINO GEOGRÁFICO DO BRASIL?

Argentina: Branco e o diplomata Oliveira Lima.


O novo regime, entretanto, ainda via
a Argentina como o maior inimigo po-
RELAÇÕES COMERCIAIS ENTRE BRASIL E ARGENTINA
Principais produtos comercializados entre 2011 e 2013
TOP 10 COMÉRCIO INTRAINDUSTRIAL
Índice de comércio intraindustrial entre países
sul-americanos, média entre 2003 e 2011

parceria
Argentina e Brasil
tencial do país. As relações bilaterais
Colômbia e Equador
Brasil-Argentina também eram per-
Argentina e Uruguai
meadas pelos interesses estratégicos
Equador e Peru
dos EUA. Isso se evidenciou na prefe-

estratégica rência brasileira pelo Colorário Roo-


sevelt, em detrimento da Doutrina m
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Chile e Colômbia
Argentina e Chile

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Chile e Uruguai
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Brasil e Uruguai

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Labmundo, 2014
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Colômbia e Peru

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O relacionamento baseado em “cor- eg nav
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Brasil e Uruguai
dialidade oicial” avançou ao longo da

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É com a Argentina que o Brasil possui mesmo os vizinhos Uruguai e Paraguai primeira metade do século XX, mas

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Fonte: BID, 2014a.

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Valores em bilhões
sua mais densa, complexa e contradi- foram envolvidos. O imaginário polí- sofreu deterioração após a Segunda

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de dólares

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tória parceria no sistema internacional. tico brasileiro deinia os demais países Guerra Mundial. As assimetrias econô-

Labmundo, 2014
A história do relacionamento bilateral da América do Sul como caudilhescos micas aumentavam e se tornavam cada EVOLUÇÃO DO PIB NO SÉCULO XX
PIB do Brasil e da Argentina, entre 1901 e 2001
é marcada por idas e vindas, com riva- e desordenados. As intervenções na vez mais distintos os peris de inser- (em milhões de dólares)
lidades políticas e crises econômicas. A política doméstica uruguaia são exem- ção internacional. Tais desigualdades, 2,99 5,02 24,51

a e ro n av e s
1.000.000
gradual construção da parceria estraté- plos da disputa entre Rio de Janeiro e somadas à instabilidade interna e às Brasil
gica desaia a tradicional baixa sensibi- Buenos Aires na deinição da ordem mudanças de regime político, contri-

os e
lidade brasileira para temas regionais. regional. A Guerra do Paraguai foi mo- buíram para o aumento da rivalidade. investimentos *Foi adotada a escala logarítmica.

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Também deve ser levada em conside- mento de consolidação da República brasileiros. Trata- **Dólar com preços de 1990

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ração a ausência de um consenso po- Argentina e início de maior coopera- O governo Geisel (Chanceler Azere- tra
to se do quinto maior Argentina
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lítico, na sociedade brasileira, sobre os ção entre os dois Estados. do da Silveira) foi momento de gran- õ destino dos investi-

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caminhos da integração regional. de distanciamento, marcado pela mentos brasileiros no 100.000

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A transição para a República em 1889 crise da construção da usina hidrelé- M in trô exterior, atraídos pelo
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O início do século XIX foi de for- permitiu a ascensão do sentimento trica de Itaipu. O Brasil buscava reali- to ial forte crescimento econô-

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Labmundo, 2014
Pro str ad
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te rivalidade e de construção de uma americanista, apoiado de modo dis- zar a contenção política da Argentina. to s in
a e de mico recente e pela desvalo-
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balança de poder regional em que tinto por iguras como o Barão do Rio O diferendo de Itaipu foi formalmen- Pro
o rra rização do peso diante do real.
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te encerrado em 1979, no início do Plá
stic O luxo comercial é marcado pe-
governo Figueiredo, por meio da atu- las vendas de produtos manufatu- 10.000
1901 1950 2001
TURISMO ENTRE BRASIL E ARGENTINA ação decisiva do Presidente Videla e Fonte: Sítio web do MDIC - AliceWeb, 2014. rados, sendo a Argentina o principal Fonte: Maddison, 2006.
Principais cidades de destino de turistas Principais cidades de origem de turistas
argentinos no Brasil, em 2010 brasileiros na Argentina, via aeroportos de
do Embaixador Oscar Camilión (em mercado das exportações brasileiras
Buenos Aires, em 2013 Brasília), com a assinatura do Acordo desses bens. Recentemente, investi-
55%
Itaipu-Corpus. A década de 1980 foi Balança comercial brasileira com a Argentina, dores brasileiros têm estado receosos mais pacíica e integrada. A PEB pro-
marcada pela reaproximação entre os em bilhões de dólares a respeito da instabilidade econômi- cura integrar a Argentina nas estraté-
25% dois países e intenso programa de co- 20 ca e jurídica no país vizinho. O comér- gias de inserção internacional do Brasil,
5%
operação em que ganhou força a ideia cio bilateral vem sendo prejudicado seja na coordenação dos projetos de
da integração das cadeias produtivas e 15 por medidas protecionistas principal- integração regional (o ex-Presidente
dos programas nucleares. Também foi mente do lado argentino. A relação Néstor Kirchner foi o primeiro Secre-
o momento de redemocratização das 10
Brasil-Argentina é tradicionalmente tário-Geral da Unasul), seja por meio
relações Estado-sociedade, e a apro- tema da política doméstica: a FIESP do apoio à participação da Argenti-
São Paulo
Belo Horizonte
ximação bilateral contribuiu para au- recentemente sugeriu que, diante das na em foros internacionais, como o
São Paulo 5
Rio de Janeiro
mentar as credenciais democráticas diiculdades encontradas pelos expor- G-20 inanceiro. O vizinho argentino
Foz do Armação de Búzios Rio de
de ambos os Estados em suas respec- tadores, uma solução seria buscar mer- é tradicionalmente o primeiro desti-
Labmundo, 2014

Iguaçu Balneário Camboriú Janeiro 0


Florianópolis tivas estratégias de inserção internacio- cados com demandas semelhantes às no a ser visitado pelo presidente eleito
Florianópolis
Porto Alegre nal. A Guerra das Malvinas, em 1982, argentinas, como nos casos da Índia e do Brasil. Os últimos governos petis-

89

02

13
com apoio brasileiro à causa argenti- da África do Sul. No setor do turismo, tas diversiicaram as esferas de coope-

Labmundo, 2014
19

20

20
Fontes: Observatório Turístico GBCA, 2013; SEBRAE/PR, 2010; Ministério de Turismo, 2014.
Exportação do Brasil para a Argentina
na, reforçou a convergência. Nos anos Importação pelo Brasil da Argentina
segundo os respectivos ministérios, os ração, com a pluralização dos atores e
Saldo comercial brasileiro
argentinos visitando o Brasil (em 2012, interesses envolvidos no projeto de in-
Fonte: Sítio web AliceWeb do MDIC, 2014. cerca de 1,7 milhão) são mais numero- tegração. A diversiicação das áreas de
INVESTIDORES EXTERNOS EM EMPRESAS ARGENTINAS PRINCIPAIS INVESTIMENTOS sos que os brasileiros viajando à Argen- atuação internacional (BRICS, IBAS,
IED em empresas residentes na Argentina, em 2011 (em bilhões de dólares) Distribuição dos IED brasileiros na Argentina, por tina (972.668 ingressos, em 2013). cooperação Sul-Sul) redimensionou,
setor de atividade em 2011 (em %)
20
Setor
90, iniciou-se o programa de coope- mas não reduziu, a importância da Ar-
automotivo ração nuclear e avançou-se na criação O avanço da relação bilateral e do gentina nas agendas de política exter-
Setor
15 alimentício de um projeto de integração econô- projeto regional (Mercosul e Unasul) na do Brasil.
Setor
financeiro
mica regional (as bases do Mercosul). enfrentou desaios, como a instabi-
10
Indústria Em 1997, os dois países declararam-se lidade econômica dos dois países, as
química
5
“aliados estratégicos”. crises políticas argentinas, as depres- VEJA TAMBÉM:
Metalurgia
sões econômicas internacionais e o viés Brasil Império p. 16
O relacionamento bilateral é hoje autonomista do pensamento político-
Labmundo, 2014

Labmundo, 2014

Transporte
Relações com os EUA p. 18
Demais marcado por disparidades. A Argen- diplomático brasileiro. Apesar disso, a
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Ação internacional das cidades p. 68


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tina atravessou severas crises e tem cooperação Brasil-Argentina foi fun-


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Energia e infraestrutura p. 92
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Fonte: Banco Central da República Argentina, 2011. Fonte: Banco Central da República Argentina, 2011. economia dependente do comércio e damental para construir uma região

88 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 89
AMÉRICA DO SUL, DESTINO GEOGRÁFICO DO BRASIL?

Defesa e GASTOS MILITARES NA REGIÃO


Evolução dos gastos militares por regiões, entre
1988 e 2012 (em bilhões de dólares)
os países sul-americanos em uma ins-
tância que incentiva a coordenação
de políticas, a construção de consen-
RECURSOS MINERAIS NA AMÉRICA DO SUL
Tratado de Cooperação Amazônica, em 2013

segurança
Ni
sos e de uma identidade regional, as- Municípios pertencentes
ao projeto Calha Norte
Fe
Bauxita Bauxita
700
sim como a ação coletiva em torno de Países membros do Tratado Ni Bauxita
de Cooperação Amazônica
projetos, por exemplo o Centro de Es- Nb - Nióbio
600
tudos Estratégicos de Defesa (2011), os

na região
Li - Lítio Cu
Ta - Tântalo
exercícios de treinamento das forças Re - Renio
500 armadas e a capacitação dos militares, Ag - Prata
Cu - Cobre Re Zn Nb Pb
Ag Pb Li K2O
as ações humanitárias e operações de Se - Selênio Cu Cd Ta Ti
Sn - Estanho Se Bi Cu Co
400 paz e o desenvolvimento da indústria e B - Boro Sn Fe Fe Zr
Sn Terra-rara
tecnologia de defesa. O CEED funcio- Mn - Maganês
Sb - Antimônio
B
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Li Zn Mn Bauxita
Ag Pb Au Grafite
300 na em Buenos Aires, tendo por objeti- Mo - Molibdênio
Au - Ouro
Fosfato de Rocha
Sn Bi Zn Fosfato de Rocha
Sb w Ni Florita
Criado em Salvador (Bahia) em a sociedade ou os indivíduos se sen- vos promover estudos, criar doutrina e Zn - Zinco Au
Ni - Níquel
dezembro de 2008, um pouco mais de tem livres de riscos, pressões ou amea- 200 fomentar a cooperação na América do Pb - Chumbo Li
seis meses após a assinatura do tratado ças, inclusive de necessidades extremas. Sul, com particular atenção para os re- Cd - Cádmio
Bi - Bismuto
Re
Ag
constitutivo da Unasul, o Conselho Por sua vez, defesa é considerada como 100 cursos naturais estratégicos da região K2O - Oxido de Potássio Cu
Se
Ti - Titanio
de Defesa Sul-Americano (CDS) é a a ação efetiva para se obter ou manter (por exemplo, os recursos minerais), Fe - Ferro B Cu
B
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expressão mais relevante da crescente o grau de segurança desejado. Interes- para as ameaças associadas a crimes

Labmundo, 2014
w - Tungstênio Au
In - Índio K2O
cooperação entre países da região nesse sante notar que os documentos oiciais 1988 1992 1996 2000 2004 2008 2012 transnacionais e operações de preven- Co - Cobalto
Zr - Zircônio
setor. Sua criação também revela a do Estado brasileiro mencionam que a América do Sul Oriente Médio ção de desastres. Outro projeto em de-
importância estratégica da América do América do Sul e o Atlântico Sul cons- América do Norte
Europa
Ásia
África
senvolvimento no âmbito do CDS é Fonte: CEPAL, 2013c.
250 km

Sul para o Brasil, principal promotor tituem o entorno estratégico com o Oceania o Registro Sul-Americano de Gastos
do Conselho. Não se trata de uma qual o Brasil deve aprofundar seus la- Fonte: SIPRI, 2014b. em Defesa, encarregado de desenvol-
aliança militar (nos moldes da OTAN, ços de cooperação. No caso da Améri- ver métodos de medição e difusão dos golpe civil ou ruptura da ordem insti- projetos ligados ao Global Environ-
por exemplo), nem é a primeira forma ca do Sul, trata-se de uma região livre Evolução dos gastos militares na região, por orçamentos dos países da região. Em tucional que comprometessem a uni- mental Facility, cooperação entre ins-
de cooperação regional em matéria de armas nucleares, considerada relati- países, entre 1988 e 2013 (em bilhões de dólares) janeiro de 2012, seis países já haviam dade territorial do país. Sinal de novos tituições universitárias (Unamaz),
de defesa e segurança. Muitas outras vamente pacíica, passando por proces- 36,165 comunicado seus dados (Argentina, tempos, os países sul-americanos de- sistemas de vigilância ambiental e sa-
regiões se dotaram no passado de sos de consolidação institucional e de Chile, Colômbia, Equador, Paraguai cidiram entre si resolver seus próprios nitária, bem como programas de apro-
mecanismos de resolução de conlitos integração, elementos que colaboram 7,069 e Uruguai). Hoje, as estatísticas usa- problemas, sem apelar à mediação de veitamento da biodiversidade.
fronteiriços, de combate ao terrorismo, para o aumento da coniança mútua e 1,378 das sobre gastos militares de países da potências extrarregionais. Essa decisão
de ação coletiva contra insurgências soluções negociadas para os eventuais região são fornecidas pelo Stockholm é particularmente importante diante A região amazônica é altamente es-
armadas e separatismos, como no conlitos. International Peace Research Institu- do fato de que a Colômbia assinou, em tratégica para o Brasil, que ali desen-
caso da OSCE (Organização para a te (SIPRI). outubro de 2009, acordo militar com volve, entre outros, o Programa Calha
Segurança e Cooperação na Europa, No setor da defesa, certamente uma Washington, autorizando a presença Norte. Desde a sua criação em 1985, o
1994), do Grupo de Monitoramento das zonas mais cinzentas da política Colômbia Em termos de ameaças à segurança co- de militares e civis estadunidenses em PCN esteve vinculado a diferentes ór-
de Cessar-Fogo da Comunidade dos Estados, a cooperação se reveste letiva, a região passou por alguns con- solo colombiano com vistas a comba- gãos federais, o que gerou diiculdades
Econômica dos Estados da África de caráter verdadeiramente estratégico litos importantes, alguns deles ainda ter o narcotráico no país, além de ga- de coordenação burocrática. No en-
Ocidental (Ecomog, 1990) ou do no que diz respeito à construção de vi- Demais
hoje produzindo tensões territoriais e rantir o uso por militares dos EUA de tando, atualmente está subordinado
African Standby Force (2003). sões comuns sobre as ameaças dentro e Países políticas (Chile, Peru e Bolívia; Equa- bases da Aeronáutica, da Marinha e do ao Ministério da Defesa, apresentan-
fora da região. Portanto, como órgão dor e Peru; Argentina e Chile; Co- Exército. do duas dimensões principais: a ma-
A relevância estratégica da região para o que promove a circulação de informa- lômbia e Venezuela), mas tende a ser nutenção da soberania nacional e
Brasil se relete na atual Política Nacio- ções, o Conselho contribui diretamen- considerada uma região relativamen- Ademais dos recursos minerais que se integridade territorial, bem como a
nal de Defesa, lançada em 2008 e revis- te para dirimir as diferenças dentro da Chile te pacíica, os conlitos internos e rela- apresentam como estratégicos (petró- promoção do desenvolvimento regio-
ta em 2012. Nos documentos oiciais região, além de facilitar posicionamen- tivos a insegurança urbana parecendo leo, material físsil), também merecem nal. Abrange ampla faixa de frontei-
de estratégia e política, o Ministério tos multilaterais convergentes. É evi- mais relevantes que os interestatais. destaque as riquezas da biodiversida- ra, cerca de 32% do território nacional,
brasileiro da defesa reitera que a segu- dente que essa aproximação, no marco As redes transnacionais do crime e do de e os próprios recursos hídricos da 8 milhões de cidadãos brasileiros (ha-
rança é a condição em que o Estado, de Estados democráticos e de direito, narcotráico são bem estruturadas e região. Ambos são componentes im- bitantes da região) e 46% do total da
Brasil
pode contribuir para o aprendizado representam desaio estratégico aos go- portantes da política regional de segu- população indígena do Brasil. Além
com as lições históricas das experiên- vernantes e instituições de segurança rança e defesa. A biopirataria pode ser disso, o PCN fomenta a ampliação da
A REGIÃO NAS OPERAÇÕES DE PAZ cias de ditadura na região. O diálogo pública policiais e de fronteiras. considerada uma das principais amea- presença local das forças armadas bra-
Média mensal de soldados cedidos para regional entre civis e militares é peça- ças à segurança regional. sileiras, mas também promove vários
operações de paz, entre 2000 e 2013 chave nesse processo. No entanto, existem outros tipos de projetos de infraestrutura, demarcação
2000
ameaças à segurança na região. A ame- Alguns conlitos ambientais emergi- de terras, não sem gerar tensões e, por
Venezuela
1500
Essa integração também possibilita a aça de fragmentação territorial esteve ram no último decênio (por exemplo, vezes, graves conlitos com organiza-
cooperação militar regional e a inte- presente na agenda sul-americana. Em o conlito entre Argentina e Uruguai ções ambientalistas (nacionais e inter-
1000 gração das bases industriais de defesa. setembro de 2008, Michelle Bachelet, em torno da instalação de indústrias nacionais) e grupos indígenas.
A integração no campo da defesa, ade- exercendo a presidência pro tempo- papeleiras e seus efeitos externos ne-
500 mais, revela uma dimensão geopolítica Argentina
re da Unasul, convocou reunião ex- gativos sobre o meio ambiente). Além
fundamental. Em contraponto ao sis- traordinária de presidentes para tratar da Unasul como espaço de coordena- VEJA TAMBÉM:
tema interamericano de segurança que da crise boliviana, cujo resultado mais ção, a Organização do Tratado de Co- Brasil colonial p. 14
Labmundo, 2014
Labmundo, 2014
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engloba os EUA nas relações com os importante foi o apoio dos Chefes de operação Amazônica também propicia
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Segurança e defesa p. 46
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países latino-americanos, o CDS sur- Estado e de Governo da América do concertação e regulação de proble- Ameaças globais p. 48
* Venezuela e Guiana não enviaram tropas para missões
de paz no período ge mais particularmente com o objeti- 1988 2013
Sul ao governo constitucional bolivia- mas ambientais coletivos, tais como o Centros de pesquisa e universidades p. 78
Fonte: ONU, 2014e. vo de promover o diálogo entre todos Fonte: SIPRI, 2014b. no, rejeitando quaisquer tentativas de monitoramento do deslorestamento,

90 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 91
AMÉRICA DO SUL, DESTINO GEOGRÁFICO DO BRASIL?

Energia e a busca está sendo progressivamente supera-


da, mas deixou marcas ainda presen-
tes nos dias atuais. Uma delas é a falta
atender às diferentes necessidades de-
rivadas das realidades que cada local
apresenta.
ENERGIA NA AMÉRICA DO SUL
Produção e consumo por milhões de kt de petróleo ou equivalente, em 2011
0,1

da integração pela
Produção
de integração física entre os países da
Consumo
América do Sul. O fator geográico Uma das iniciativas mais relevantes é 0,6
(Amazônia, cordilheira, pantanal) não o planejamento de corredores bioceâ-
pode ser negligenciado. Apesar de exis- nicos. Foram previstos investimentos

infraestrutura
* Sem dados disponíveis para
Guiana e Suriname. Guiana francesa
tirem avanços, a infraestrutura nos pa- para a construção e a recuperação de 0,5 não foi considerada, por ser território
francês
íses da América do Sul ainda apresenta vias intermodais (rodovias, ferrovias e
uma série de problemas, tais como a hidrovias), de modo a ligar portos em
0,4
excessiva concentração em eixos eco- países banhados pelo oceano Pacíico a
nomicamente mais dinâmicos e a falta portos com saída para o oceano Atlân- Acesso a energia
elétrica (em % da
de investimentos, inclusive em progra- tico. Esse projeto, além de garantir 0,3 população total)
Assim como o Brasil, os outros pa- modelo econômico baseado na ex- mas de manutenção. Essas característi- melhor circulação de pessoas e merca- 99,6

íses sul-americanos também foram portação de produtos primários para cas também podem ser veriicadas na dorias dentro da região, também tem o 99
98
colônias de exploração de potências a Europa pode ser observado em todo infraestrutura regional como um todo. claro objetivo de facilitar a exportação 0,2
95
500 km
europeias. Como consequência, o o continente. Essa herança histórica Esse quadro repleto de contradições é de produtos sul-americanos para mer- 86,8
agravado devido ao modo pelo qual os cados consumidores além-mar (Sudes- 0,1 Sem dados
disponíveis
investimentos são planejados. A infra- te e Leste da Ásia, Europa e continente
PROJETOS DE INTEGRAÇÃO PELA INFRAESTRUTURA REGIONAL SUL-AMERICANA estrutura existente na América do Sul é africano). Outro projeto da IIRSA de

Labmundo, 2014
Eixos de integração e desenvolvimento e projetos de estradas bioceânicas intermodais, em 2010
majoritariamente planejada com base grande destaque é a construção de um

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no plano doméstico de cada país, co- gasoduto da Bolívia para o centro-sul

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locando projetos estruturantes de inte- do Brasil, garantindo o fornecimento

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Fonte: Sítio web da base de dados do Banco Mundial, 2013.

Georgetown gração regional em segundo plano. de gás natural para as regiões mais di-
Bogotá
Paramaribo
Caiena nâmicas e industrializadas da econo-
Tal falta de integração física na Améri- mia brasileira. INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES NA AMÉRICA DO SUL
Índice de qualidade do transporte Índice de qualidade portuária2, em 2012
ca do Sul acarreta diversas diiculdades

1581 mil km
de mercadorias1, em 2012
econômicas, políticas e sociais. A livre A infraestrutura em energia é um dos
Quito
circulação de pessoas, que está previs- desaios mais importantes a serem en-
ta nos tratados constitutivos do Mer- frentados na região. Percebe-se que a
cosul e da Comunidade Andina, por América do Sul é superavitária na pro-
exemplo, é signiicativamente prejudi- dução de várias fontes de energia, prin-
cada, pela ausência de meios de trans- cipalmente em função da Venezuela
portes de qualidade a preços acessíveis, e da Colômbia. O Brasil é um gran-
muito embora possa haver, em alguns de produtor, mas também é o maior
Lima casos de relação bilateral, procedimen- consumidor de energia do continen- 500 km 500 km
tos jurídico-legais que incentivem a te, o que o torna ligeiramente deici-
Sem dados
La Paz mobilidade humana transfronteiriça. tário. Apesar desse superávit regional, disponíveis

Brasília O comércio entre os países também muitos países ainda enfrentam diicul-
sofre de graves impedimentos na au- dades quanto ao acesso à energia. Essa O índice foi desenvolvido pelo O índice foi desenvolvido pelo
1 2

Banco Mundial e varia entre 1 Banco Mundial e varia entre 1


(extremamente subdesenvolvido) (extremamente subdesenvolvido)
sência de infraestruturas logísticas e de realidade se deve, entre outros motivos, e 5 (bem desenvolvido) e 7 (bem desenvolvido)
transporte. à carência de linhas de transmissão en- 3,18 3,07 2,86 2,42 2,17 5,2 4,7 3,7 2,8 2,5
São Paulo
Rio de Janeiro tre os países. O investimento na trans-
Assunção
Em 2000, a IIRSA foi lançada, com missão de energia dentro da região Fonte: Banco Mundial, 2014c. Fonte: Banco Mundial, 2014c.
o objetivo de combater a falta de in- revela-se uma das prioridades, na me-
tegração física na região. A IIRSA faz dida em que energia é imprescindível
Rodovias existentes
parte de um conjunto de projetos re- para o desenvolvimento e crescimen- Estradas nos países da América do Sul, em 2010 (em milhares de quilômetros)

Rodovias planejadas em
gionais que tem por objetivo fortalecer to econômico. Além disso, a ligação in-
Total de estradas3
corredores bioceânicos a América do Sul em diversas dimen- trarregional por linhas de transmissão
Santiago
Montevidéu
Montevideo
Hidrovias a serem recuperadas
ou construídas sões (econômica, institucional, social, pode criar um importante mercado de Estradas pavimentadas

política, etc.). É bem verdade que mui- energia no continente: há oferta e há 200
Buenos Aires Eixos: tos dos projetos se encontram em fase demanda, mas faltam os meios para
Amazonas inicial de desenvolvimento. Após a ins- comercializar. 100

titucionalização do Cosiplan no seio

Labmundo, 2014
Andino

Escudo das Guianas


da Unasul em 2009, permanece a per- Outra iniciativa regional no âmbito Paraguai Chile Bolívia Peru Colômbia4 Argentina Brasil
cepção das lideranças sul-americanas da energia diz respeito à construção de 3
Sem dados para Uruguai, Venezuela, Equador, Suriname e Guiana
Peru-Brasil-Bolívia
de que somente com a integração física uma reinaria binacional entre o Bra- Fonte: IIRSA, 2010. 4
Sem dados para a quantidade de rodovias pavimentadas para a Colômbia
Interoceânico Central entre os países será possível criar uma sil e a Venezuela. A Petrobrás está cons-
Hidrovia Paraguai-Paraná
economia de escala na região, compos- truindo a Reinaria de Abreu e Lima,
250 km
ta por cadeias produtivas complemen- em Pernambuco, e há acordo de par- grande escala. Com isso, o Brasil tem VEJA TAMBÉM:
Capricórnio
tares. Cientes da extensão territorial da ticipação e coinanciamento irma- a expectativa de não mais precisar ex- Desenvolvimento e industrialização p. 20
América do Sul e das diferentes realida- do com a estatal venezuelana PDVSA. portar petróleo bruto para comprar
Labmundo, 2014

Mercosul Chile
Parque industrial p. 30
Sul des que existem dentro do continente, O objetivo é criar uma reinaria sob o derivados. Ainda hoje, o país não tem Matriz energética p. 34
Andino do Sul
foram criados dez eixos de integração e controle dos dois países, que seja ca- capacidade instalada de fazer o trata- Brasileiros no exterior p. 76
Fonte: IIRSA, 2010. desenvolvimento. O objetivo tem sido paz de trabalhar petróleo pesado em mento de todo o petróleo que produz.

92 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 93
AMÉRICA DO SUL, DESTINO GEOGRÁFICO DO BRASIL?

Assimetrias e diminuição do IED, que foi de 185 bi-


lhões de dólares para toda a América
Latina em 2013, dirigidos aos setores
ASSIMETRIAS NA UNASUL
PIB absoluto e per capita, em 2012
Em milhares de dólares per capita
População total e densidade populacional, em 2012
Indivíduos por km²
Mercosul, o FOCEM inancia proje-
tos para diminuir as assimetrias, desen-
volver a competitividade, promover a

desigualdades
2,57 5,45 7,73 12,715,5 3,42 9,7 23,4 33,8 62,4
de serviços, manufaturas e recursos na- coesão social e apoiar a integração en-
turais. Cerca de 82% desse investimen- tre os países membros. O Brasil con-
to foi para as seis principais economias tribui com a maioria dos recursos (em
da região (35% do total para o Brasil). torno de 70%), sendo que o principal
Os países que menos receberam IED beneiciário, o Paraguai, recebe apro-
foram Chile, Argentina e Peru. O Bra- ximadamente 50% dos inanciamen-
sil continua sendo, portanto, a maior Valores absolutos em
bilhões de dólares
Valores em milhões tos, dirigidos na sua maioria a projetos
de habitantes
economia da região, com um PIB de 2.217
198 de convergência estrutural e desenvol-
2,2 trilhões de dólares, seguido de lon- vimento de infraestruturas. Por sua
ge pela Argentina (com 465 bilhões), a 1000 km
465
1000 km vez, a Aliança do Pacíico, com um
47
BUSCA DE CONVERGÊNCIA Os projetos de integração precisam le- Venezuela (371 bilhões) e a Colômbia 191 15
foco mais voltado para a liberalização
Alocação dos recursos do FOCEM, por país de var em conta múltiplas dimensões (do (353 bilhões). 48 3,9 comercial e a competitividade econô-
destino e por área, em milhões de dólares, entre político ao econômico, do social ao Fonte: PNUD, 2013a. Fonte: Banco Mundial, 2014b.
mica, também prevê a criação de um
2009 e 2012
cultural, do tecnológico ao ambiental), Além dos valores absolutos, os efeitos fundo de cooperação para inanciar
a
in

L
i

que convivem com fortes desigualda- redistributivos dessa riqueza para as projetos nas áreas de meio ambien-
ua

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ua

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ug

ge
ra

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Pa

Ur

Ar

des dentro dos Estados e assimetrias populações também são bem diferen- te, inovação, ciência e tecnologia, as-
Br

Expectativa de vida, em 2012 (em anos) Desemprego, em 2011 (em % da PEA)


Convergência entre as economias nacionais. O tra- tes nos diversos contextos. Em termos 65,8 70,5 73,5 75,8 79,3 3,9 6,3 7,1 8,3 11,1 sim como desenvolvimento social e
estrutural
tamento dessas dimensões e a ênfase relativos, de PIB per capita, existem empresarial. Finalmente, o Banco da
Coesão
social
atribuída a umas e não a outras podem fortes assimetrias entre países como ALBA inancia os projetos que visam,
fortalecer ou enfraquecer os proces- Chile ou Uruguai (em torno de 15 mil nas diversas áreas de atuação (alimen-
Desenvol-
vimento
sos regionais. A iniciativa estaduniden- dólares) e Bolívia, Guiana ou Paraguai tação, educação, cultura, meio am-
se de integração panamericana a partir (com menos de 4 mil dólares). A popu- biente, energia, transporte, comércio,
TOTAL da economia, por meio da criação de lação da América do Sul ainda enfrenta etc.), a gerar benefícios para a maio-
742 zonas de livre comércio, gerou fortes desaios em termos de expectativa mé- ria da população. Outras iniciativas de
resistências e movimentos sociais de dia de vida (65 anos na Guiana, quase cooperação na região também buscam
141
18 contestação, devido às consequências 7 menos do que no Brasil e 13 menos 1000 km 1000 km
criar solidariedades e complementa-
Fonte: Sítio web do Mercosul/FOCEM, 2014 sociais e aos impactos ambientais que do que no Chile), pobreza (8,2% dos riedades entre os países, com diferen-
os intercâmbios comerciais provocam colombianos vivem com menos de 1,25 Fonte: Banco Mundial, 2014b. Fonte: Banco Mundial, 2014b. tes estratégias que podem ter como
em contextos de ampla desigualdade. dólares por dia, mas apenas 0,2% dos objetivo melhorar a inserção política
Evolução dos recursos do FOCEM, por país de Em perspectiva oposta, a ALBA pro- uruguaios) e desemprego (11% na Co- internacional, a competitividade e a
destino, entre 2009 e 2012 (em milhões de dólares) move modelos de integração constru- lômbia versus 4% no Peru). Gasto militar absoluto e per capita, em 2012 Exportação de bens de alta tecnologia e % das produtividade no âmbito comercial, a
648 ídos de baixo para cima, com base nas Em milhões de dólares per capita
exportações de manufaturados, em 2012 segurança militar ou o bem-estar das
necessidades e particularidades das dis- Esses dados agravam-se ainda mais 0,03 0,10 0,25 0,32 1,18 0,07 2,5 5,2 7,70 10,5 populações, dependendo dos modelos.
145 tintas sociedades. no caso das populações rurais, dos in- Os desaios relativos à superação das
28 dígenas e das mulheres, alvos de dis- desigualdades domésticas e das assime-
Considerar as assimetrias na região, as criminações múltiplas que geram trias entre as economias nacionais per-
desigualdades e as particularidades de desigualdades. Por exemplo, segundo manece prioritária na agenda regional.
cada contexto nacional, entre outros, dados da CEPAL cobrindo o conjun-
Total é um passo essencial para a criação to da América Latina, as mulheres re- Valores absolutos Valores absolutos em
bilhões de dólares
em bilhões de dólares
de espaços efetivamente integrado- presentam menos de 25% dos cargos 33,1 8,4 VEJA TAMBÉM:
res. No caso da América do Sul, apesar dos poderes do Estado e, no campo da Parque industrial p. 30
12,1
do grande potencial no atual contex- educação, 80% dos adultos que mo- Pobreza e desigualdade p. 44
1000 km 5,5 1000 km 2,1
to global, existem importantes assime- ram em áreas rurais tem menos de dez 2,4 Atores religiosos p. 74
trias entre os países, e desigualdades anos de estudo. Essa situação de desi- *Sem dados para o Uruguai
0,5
Argentina p. 88
em vários níveis que ainda precisam ser gualdade exige a adoção de políticas Fontes: SIPRI, 2014b; Banco Mundial, 2014b. Fonte: Banco Mundial, 2014b.
0,05
Paraguai
enfrentadas. Segundo dados do FMI, públicas inclusivas que garantam a co-
as taxas de crescimento da região de- esão e a justiça social na região.
vem-se manter relativamente elevadas, Índice de Desenvolvimento Humano, em 2012 Média anual de exportações e importações de bens Índice de Gini na América do Sul, em 2010
de 2,5%, em média, em 2014 e 3% em A integração deve contemplar, portan- 0,636 0,684 0,730 0,792 0,819 e serviços entre 2005 e 2012 (em bilhões de dólares) 0,390 0,446 0,477 0,530 0,585

Uruguai 2015. Peru (5,5%) e Bolívia (5,1%) desta- to, a existência de economias díspares
cam-se como as economias mais dinâ- e as desigualdades em vários níveis (re-
micas, ao passo que Argentina (0,5%) gional, nacional e local). Por isso, os
e Venezuela (-0,5%) como as de me- vários modelos regionais, hoje em dis-
nor crescimento. Para o Brasil esti- puta, buscam oferecer diversas iniciati-
Exportações
Brasil ma-se uma taxa de 1,8% para 2014. Na vas para a superação dessas assimetrias
Importações
concepção do FMI, os principais ris- e o fomento da cooperação entre os
cos para a manutenção de taxas con- países da América do Sul (CAF, BID, 211 bi
76,8 bi
sideráveis de crescimento são a queda Banco do Sul, FOCEM). Uma dessas 1000 km 30,5 bi
1,9 bi 1000 km
Labmundo, 2014

Labmundo, 2014
Argentina
dos preços das matérias primas e o cus- iniciativas é o Banco do Sul, focado no 1000 km

to do inanciamento externo, além da desenvolvimento econômico e produ- Sem dados disponíveis *Sem dados disponíveis para a importação de
2009 2012
queda de coniança do segmento em- tivo da região, como alternativa à vi- A Guiana Francesa não é membro da Unasul Guiana e Suriname
Fonte: Sítio web do Mercosul/FOCEM, 2014. presarial. A CEPAL prevê uma leve são ortodoxa do BID. Já no âmbito do Fonte: PNUD, 2013a Fonte: Banco Mundial, 2014b. Fonte: PNUD, 2013a.

94 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 95
AMÉRICA DO SUL, DESTINO GEOGRÁFICO DO BRASIL?

Redes sociais: que a exploração desordenada dos re-


cursos naturais, base de boa parte dos
modelos desenvolvimentistas da re-
MOVIMENTOS SOCIAIS, RECURSOS NATURAIS E CONFLITOS
Conflitos sociais por recursos naturais e geoestratégicos, em 2014
UNIVERSIDADE E INTEGRAÇÃO
Quantidade de vagas oferecidas na UNILA, entre
2010 e 2014

América Latina
2000
gião, tem sobre a natureza e a vida.
Disso resulta uma pauta ampla de atu- 1500
ação compartilhada entre redes e mo-
vimentos sociais preocupados com a

ou América do Sul?
1000
biodiversidade (caso das redes ambien-
talistas), os efeitos da mineração e do 500

extrativismo (caso, por exemplo, dos


Atingidos pela Vale, ou pela Minera- 2010 2011 2012 2013* 2014 2015**

ção de forma mais geral), a gestão dos Fonte: Sítio web da UNILA, 2014.
recursos hídricos (como os Atingidos
A maioria dos modelos de integração América do Sul. A despeito de alguns pelas Barragens) ou com os grandes
Conflitos envolvendo a biodiversidade
regional está focada na dimensão eco- avanços, os dados sobre participação projetos de infraestrutura fomentados (redes ambientalistas/ecologistas Quantidade de cursos oferecidos na UNILA, entre
e movimentos territorializados)
nômica, negligenciando em boa medi- social, integração econômica, emprego pelos processos de integração (como 2010 e 2014
da os efeitos dos processos de abertura ou educação, entre outros indicadores a IIRSA/Cosiplan). Por conseguin- 40

comercial e incentivo à competitivi- de exclusão e discriminação histórica, te, os atingidos não podem ser en- Conflitos envolvendo mineração/extrativismo
(Movimentos locais de “afetados” pela mineração;
Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale)
dade sobre as populações, sobretudo são bastante alarmantes. Esse contexto tendidos somente como vítimas em 30

em contextos de altas assimetrias e de- de desigualdades e de carência de po- Conflitos envolvendo a água
sigualdades regionais e nacionais. O líticas de reconhecimento fomentou (Movimento de Atingidos por Barragens;
Rede Latino-americana contra as Barragens, pelos
20

crescimento econômico baseado na a criação de organizações e redes indí- INDÍGENAS E ACESSO À EDUCAÇÃO Rios, suas Comunidades e a Agua; Red de Vigilancia
Interamericana para la Defensa y el Derecho al Agua)
exportação de commodities e em mo- genas que defendem os direitos dessas Porcentagem de jovens de 20 a 29 anos com mais 10
de 13 anos de estudo, por gênero*
delos produtivos extrativistas, tão populações. Tais redes e movimen- Conflitos envolvendo a IIRSA
(REBRIP; Plataforma Energética Latino-americana;
5 10 15 20 25 30 35 Aliança Social Continental; Jubileu Sul; Articulación de
frequentes na América do Sul, têm im- tos tiveram papel central na criação de los Movimientos Sociales hacia el ALBA) 2010 2011 2012 2013* 2014 2015**
Peru
pactos particularmente negativos para mecanismos nacionais (principalmen- *No ano de 2013 não houve vestibular para a UNILA.
as povos indígenas, quilombolas, po- te na Bolívia ou no Equador, onde o Uruguai
500 km **Os dados para 2015 são uma projeção.
Fonte: Sítio web da UNILA, 2014.
pulações ribeirinhas e comunidades Viver Bem/Sumak Kawsay se incorpo- Fontes: Elaboração própria a partir de informação dos
atingidas por políticas desenvolvimen- rou como modelo de desenvolvimen-

Labmundo, 2014
México sítios web de Observatorio Social de América Latina
(OSAL/Clacso); IIRSA; Movimento de Atingidos por
tistas que tendem, de diferentes mo- to que inclui uma dimensão coletiva e Barragens (MAB); Red Latinoamericana contra Represas
y por los Ríos, sus Comunidades y el Agua (Redlar); Quantidade de alunos, por nacionalidade e
Costa Rica
dos, a desconsiderar particularidades de convivência com a natureza) e in- Observatorio Latinoamericano de Conflictos
Ambientales (OLCA); Observatorio de Conflictos ano de ingresso entre 2010 e 2014
Mineros en América Latina (OCMAL); Observatorio de
locais, culturais e ambientais. ternacionais de proteção dos seus direi-

L
TA
Equador Multinacionales en América Latina (OMAL).

TO
10

11

12

14
tos (entre eles a Declaração das Nações

20

20

20

20
Os indígenas representam mais de Unidas sobre os Direitos dos Povos In- Nicarágua
Brasileiros
60% da população da Bolívia, e, inclu- dígenas de 2007). Brasil
uma perspectiva reativa e de denúncia. dos valores culturais latino-americanos,
sive no Brasil, onde são bastante mino- Também buscam construir projetos de o desenvolvimento do turismo susten- Paraguaios
ritários, são contabilizados 241 povos, Além da questão indígena, as redes visi- Colômbia defesa da vida e da natureza, de garan- tável, a distribuição e comercialização
o que ilustra a diversidade étnica da bilizam os conlitos e as consequências tia de direitos e de desmercantilização de produtos, privilegiando o comércio Uruguaios
Panamá
das relações sociais, demostrando que justo, os programas continentais de al-
a integração se faz, igualmente, com a fabetização, educação e formação, ou Equatorianos
MOVIMENTOS SOCIAIS DE DEFESA DOS DIREITOS DOS INDÍGENAS participação dos povos indígenas, de o fomento de espaços de convergência
Populações indígenas e movimentos sociais na América Latina, em 2014
Porcentagem de jovens de 15 a 19 anos com bases sociais, de minorias culturais e regional em diferentes setores sociais, Peruanos
educação primária completa, por gênero* de redes que unem projetos coletivos entre outros, são exemplos de políticas
20 40 60 80 100 transnacionais. impulsionadas pelos diversos projetos Colombianos
Uruguai regionais de integração existentes hoje
México
Os povos, portanto, são uma dimen- na América Latina. Há projetos for- Bolivianos

são essencial para a integração latino- mais como a UNILA, que busca a in-
Participação dos indígenas no
total da população do país, em %
Peru -americana, e devem ser protagonistas tegração a partir da educação superior, Argentinos

65 do desenvolvimento impulsionado e informais, como as Universidades In-


Equador
14 nesses espaços para evitar novas formas terculturais e Indígenas, que permitem Venezuelanos
8
Costa Rica de exclusão. Torna-se imprescindível a articulação e participação de popula-
Sem dados
4
2
disponíveis um enfoque de desenvolvimento hu- ções excluídas. Entre a América Latina Chilenos

0
Brasil mano para que os processos de integra- e a América do Sul, geram-se questio-
Salvadorenhos
Panamá
ção regional não agravem as dinâmicas namentos sobre o lugar político da al-
Movimentos sociais que atuam na defesa de desintegração social e disparida- teridade, diversidade, saberes culturais
dos direitos dos indígenas Alemães
Nicarágua de geográica. As migrações, a educa- e conhecimentos autóctones nos pro-
Coordenação das Organizações Indígenas
da Bacia Amazônica ção, a saúde, os intercâmbios culturais jetos em construção.
Colômbia Franceses
Coordenação Andina de Organizações Indígenas e o turismo, entre outros, são áreas que
permitem potencializar os efeitos posi- TOTAL
Conselho Indígena Centro-Americano
Homens Mulheres tivos da aproximação das sociedades e VEJA TAMBÉM:
Enlace Continental de Mulheres Indígenas – Região
América do Sul* dos povos. Agronegócio p. 28 815
Labmundo, 2014

Labmundo, 2014
Labmundo, 2014

*Os censos foram realizados nos seguintes anos:


Brasil (2010); Colômbia (2005); Costa Rica (2011); Equador Água: recurso vital p. 36
500 km
(2010); México (2010), Nicarágua (2005); Panamá (2010); A livre circulação das pessoas entre os Riqueza genética p. 40
*O Enlance Continental tem uma representação
itinerante no território brasileiro
Peru (2007); Uruguai (2011). países, a criação de espaços de inter- Organizações e movimentos sociais p. 72 60
Fontes: CELADE, 2014; Sítios web dos movimentos sociais, 2014. Fonte: CEPAL, 2013b. câmbio sociocultural e de legitimação Fonte: Sítio web da UNILA, 2014
8

96 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 97
Capítulo 5:

NOVAS COALIZÕES,
MULTILATERALISMO
E COOPERAÇÃO

Enara Echart Muñoz


SUL-SUL

Este capítulo trata da construção de uma política externa com pretensões


mundiais, fundamentada em relações com os países do Norte sem o re-
ceio de abrir novas frentes, tanto do ponto de vista bilateral quanto multi-
lateralmente. A política externa brasileira do século XXI segue enfática na
defesa dos princípios e práticas do multilateralismo, mas também inova
no estabelecimento de novas coalizões. Faz parte desse processo de cons-
trução de uma PEB mundial a ênfase na cooperação Sul-Sul, que produz
frutos para a diplomacia multilateral brasileira, mas é igualmente porta-
dora de contradições e tensões público-privadas. Este capítulo apresenta
algumas das principais características dessas inovações e desaios que mar-
cam primordialmente a política externa brasileira deste século, quanto às
relações Norte-Sul e Sul-Sul, ao sistema da ONU e às agências econômi-
Enara Echart Muñoz

cas mundiais, à criação do grupo BRICS e das novas coalizões internacio-


nais, bem como em relação às novas agendas da cooperação para o desen-
volvimento.
NOVAS COALIZÕES, MULTILATERALISMO E COOPERAÇÃO SUL-SUL

O Brasil nas é formada por imigrantes e descen-


dentes de países como Portugal, Espa-
nha, Itália e Alemanha. A maior parte
COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO
Exportação entre 2000 e 2013 Importação entre 2000 e 2013
em bilhões de dólares
CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS
Votação no Conselho de Segurança da ONU sobre
a intervenção na Líbia, em 2011

relações da população brasileira diz seguir o


cristianismo e o idioma nacional tem
origem ibérica. Além da posição ge-
ográica, são evidentes os laços cultu-
Ásia
Oriente
Médio
Ásia Oriente
Médio
476,6 251,7 52,2

Norte-Sul rais, econômicos e políticos que fazem


com que o Brasil se entenda como um
país ocidental. Desde 1988, as normas
EUA
Europa
África
Europa
África

Saldo comercial (em bi dólares)


democráticas e o respeito aos direitos EUA -20 0 40 80
Am. do Sul 1000 km
União Europeia Aprovaram Abstiveram-se
O. Médio
Fonte: ONU, 2014c.
Apesar de períodos em que buscou via de regra, fortalecida por laços co- PARCEIROS COMERCIAIS BRASILEIROS EUA
maior autonomia na política exter- merciais com os EUA e com a Euro-

Labmundo,2014
Evolução dos fluxos comerciais brasileiros, entre América Ásia
do Sul América Votação no Conselho de Segurança da ONU sobre
na, o Brasil sempre se viu como parte pa, por trocas culturais e pelo fato de 1997 e 2013 (em bilhões de dólares) do Sul África
sanções sobre o Irã, em 2010
do Ocidente, quase sempre um alia- que o Brasil sempre identiicou esses 50,7 1000 km
déficit superávit
do dos países do Norte, principalmen- países como parceiros que poderiam 23,3 Fonte: Sítio web AliceWeb do MDIC, 2014.
te dos EUA. A relação brasileira com contribuir para o desenvolvimento na- 3,13

as principais potências centrais foi, cional. A sociedade brasileira também


humanos também marcam a constru- campanha francesa contrária à candi-
ção do sistema político nacional. Essa datura de Roberto Carvalho de Aze-
PRINCIPAIS ORIGENS DE INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO NO BRASIL China boa relação com o Ocidente e a adesão vêdo para Secretário-Geral da OMC.
Fluxos de investimento em 2010, por investidor imediato e setor, em bilhões de dólares aos princípios democráticos, entretan- Por sua vez, a Alemanha é responsável
to, não são livres de divergências, prin- por parte da tecnologia usada na cons-
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cipalmente quando o Brasil busca ser trução das usinas nucleares de Angra
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1000 km
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mais autônomo internacionalmente. dos Reis. Os Países Baixos são os prin-


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Aprovaram Abstiveram-se Votaram contra
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União Europeia
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cipais investidores no Brasil, seguidos


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Fonte: ONU, 2014d.


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Co

Historicamente, os EUA são um dos pelos EUA e outros países europeus. É


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Ou
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Fr
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Países
Baixos
principais parceiros comerciais brasi- importante notar que os países do Sul, Busca por assento permanente no Conselho de
América do Sul
leiros e reconhecem a importância do apesar da sua crescente importância Segurança da ONU, em 2014
EUA Brasil para a estabilidade política e eco- comercial e política para o Brasil, não
EUA nômica da região. Diplomatas brasi- são grandes investidores. O crescimen-
Espanha leiros e estadunidenses chegaram a to da importância comercial da China,
airmar que a relação entre os dois pa- por exemplo, ainda não se relete em
Luxemburgo 1997 2013 íses tinha atingido estágio avançado luxos de IED para o Brasil.
Fonte: Sítio web AliceWeb do MDIC, 2014. de maturidade, que permitiria que di-
França vergências de opiniões existissem, sem As relações com o Norte apresentam
que isso afetasse diretamente a boa re- pontos de divergência na agenda am-
Japão
Evolução da balança comercial brasileira entre lação entre eles. O Presidente Barack biental, na medida em que o Brasil, 1000 km
1997 e 2013 (bilhões de dólares) Obama, em visita ao Brasil, defendeu assim como outros grandes países do Membros Membros
Membros da
União pelo
Reino Unido
que a relação com o Brasil deveria ser Sul, defende a ideia de que há respon- permanentes do G4
Consenso
considerada pelos EUA no mesmo ní- sabilidades diferenciadas no combate Fonte: Itamaraty, 2014a.
México
15 vel de importância das relações com ao aquecimento global. Como os ga-
a China e com a Índia. Todavia, essa ses causadores do efeito estufa não se Grupos de geometria variável na OMC, em 2014
Alemanha
maturidade foi publicamente coloca- dissipam rapidamente, o Brasil atribui
Canadá 10
da em xeque quando veio à tona que a aos países do Norte a principal parcela
agência de segurança dos EUA (Natio- de responsabilidade pelo aquecimento
Ilhas Cayman
nal Security Agency) espionava o com- global. Segurança é outro regime em
5
putador e as ligações telefônicas da que se podem veriicar divergências de
Suíça
Presidenta Dilma Roussef. posicionamentos oiciais. Além do his-
tórico pleito brasileiro por um assento
Bermudas Os países europeus também têm rela- permanente no Conselho de Seguran-
0

Labmundo, 2014
ções positivas com o Brasil. Se consi- ça da ONU, recentemente o Brasil 1000 km
Chile derarmos a União Europeia como um tem questionado algumas decisões to-
todo, o bloco é o principal parceiro co- madas pelo referido órgão. Apesar de G20 comercial G90 QUAD

Portugal
-5
mercial do Brasil. No âmbito bilateral, frequentemente contribuir com tropas Fonte: Veiga, 2014.
a relação do Brasil com a França me- para as missões de paz da ONU, o Bra-
Outros Países rece destaque. Além de um intenso e sil é forte crítico do processo decisório
92,459
-10 histórico intercâmbio cultural entre e do encaminhamento das resoluções. VEJA TAMBÉM:
os países, a França sempre se demons- No campo dos direitos humanos, par- Globalização e nova ordem p. 22
Labmundo, 2014

1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013


trou uma importante aliada para os ticularmente nos debates do Conselho
Labmundo, 2014

Itamaraty p. 60
15,381 Am. do Sul U.E. China pleitos brasileiros na Europa. Essa po- de Direitos Humanos, o Brasil tam- Brasileiros no exterior p. 76
1,775
EUA IBAS sição, entretanto, começou a se modi- bém tem mantido posições distintas América Latina e do Sul p. 84
Fonte: Banco Central do Brasil, 2012. Fonte: Sítio web AliceWeb do MDIC, 2014. icar recentemente, por exemplo, na de muitos Estados ocidentais.

100 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 101
NOVAS COALIZÕES, MULTILATERALISMO E COOPERAÇÃO SUL-SUL

Sistema ONU: BRASILEIROS NA ONU


Funcionários civis no sistema ONU em categorias
profissionais por país, em 2012
No plano doméstico, o campo dos di-
reitos humanos é um exemplo da di-
versiicação dos atores envolvidos na
DIREITOS HUMANOS
Anistia Internacional, países com escritório da instituição, em 2014

meio ambiente e
EUA 3012
França 1878
política externa brasileira, com a par- Sede
(Londres)
Reino Unido 1650 ticipação de vários órgãos governa-
Itália 1381 *Foram considerados mentais das três esferas de governo,
níveis profissionais de
movimentos sociais, organizações da

direitos humanos
Canadá 1248
diretoria e os represen-
Alemanha 1182 tantes do Secretário-Geral. sociedade civil e imprensa. Entidades
Não foram incluídos os
Índia
(...)
838
trabalhadores manuais, como Anistia Internacional e Human
Brasil 314
seguranças, professores
de idiomas e outros
Rights Watch desempenharam impor-
serviços realizados no tante papel na promoção dos direitos
terreno. humanos, com destaque ao contex-
to dos regimes autoritários da Améri- 1000 km
Países com escritório
CONFERÊNCIAS DAS PARTES Membro fundador da ONU, o Brasil ca Latina durante as décadas de 1960 da instituição
Quantidade de membros que integrou as tem sua história diplomática tradicio- Funcionários civis em operações de paz a 1980, porém hoje dividem o espaço Fonte: Sítio web da Anistia Internacional, 2014.
delegações nas reuniões da COP, entre 1995 e 2014 e missões políticas especiais por país
600
nalmente pautada pela crença no mul- político com várias organizações na-
tilateralismo, adesão aos princípios da EUA 382
cionais e regionais, como a Conectas, o
Quênia 340 Tribunal Penal Internacional, participação dos países no Estatuto de Roma de 1998, em 2014
negociação e da formação mais ampla Filipinas 265
INESC e a Rebrip.
de consensos e pelo respeito ao direi- Índia 232
500 to internacional. Essa postura está ex- Reino Unido 215 O Brasil também é bastante atuan-
pressa na participação brasileira no Canadá 207 te nos fóruns ambientais multilaterais,
desenvolvimento do sistema multilate- tendo sediado duas grandes confe-

Labmundo, 2014
Serra Leoa 202
(...)
ral, muito embora a história desse inte- rências sobre o tema (1992 e 2012). O
Brasil 36
400 resse não tenha sido linear, nem isenta país tem participado em negociações
de disputas. Fonte: Giannini, 2014 para criação de um regime para miti-
África
do Sul gar os efeitos do aquecimento global.
No regime de direitos humanos, a po- Tradicionalmente, a diplomacia bra-
300 lítica externa ao longo da Guerra Fria Durante o governo Lula, a diplomacia sileira defende o princípio da responsa-
apresentou variações entre a defesa da brasileira no campo dos direitos huma- bilidade comum mas diferenciada, ou 1000 km
Não assinaram
noção de soberania e a noção de inte- nos foi pautada pelo princípio da não seja, os países desenvolvidos deveriam Assinaram
Brasil
gração internacional. O momento da intervenção, porém sempre acompa- arcar com responsabilidades maio- Assinaram e ratificaram
200 Política Externa Independente (1961- nhado pela noção de “não indiferença”. res nos acordos globais (como no Pro- Fonte: Sítio web do TPI, 2014
China 1964) conseguiu superar o tradicional O objetivo foi sinalizar que simples re- tocolo de Quioto) em função de suas
receio a intrusões das grandes potên- soluções condenatórias, ao ignorarem emissões históricas. O Brasil defen-
cias nos assuntos nacionais para de- contextos nacionais, tornam-se con- de também a captura de carbono e o Corte Internacional de Justiça, em 2014
100
EUA fender nos foros multilaterais o tema traproducentes e provocam o isola- uso dos biocombustíveis como mitiga-
dos direitos humanos, em especial dos mento dos países. Isso fez aumentar as dores do problema. Um acordo multi-
Canadá
direitos sociais. O país é um dos que críticas vindas de alguns ativistas e se- lateral abrangente ainda parece difícil
mais ratiicaram convenções interna- tores da imprensa. Essa mudança de de ser concluído, em especial em mo-
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011 121314151617
Somália
cionais, inclusive as que reconhecem a postura somou-se à tradicional crítica mento de baixo crescimento econô-
autoridade do Tribunal Penal Interna- da diplomacia brasileira ao uso seletivo mico internacional. Apesar da posição
Labmundo, 2014

As COP são anuais. A COP-1 ocorreu em 1995. cional e da Corte Inter-Americana. A pelas potências centrais das condena- dos EUA em relação ao Protocolo de
Em 2014, foi realizada a COP-20 no Peru. Constituição de 1988 prioriza o tema ções às violações de direitos humanos Quioto, o regime entrou em vigor em
Fonte: Schroeder et al., 2012. nas relações internacionais do país. em países em desenvolvimento. 2005 com o ingresso da Rússia e, no i-

Labmundo, 2014
nal de 2012, o tratado teve seus efei-
tos prorrogados até 2020. Reuniões
PROTOCOLO DE QUIOTO multilaterais (Conferências das Par- Membros
Situação em 2014 Retirou-se do tratado
(dez/2011)
tes) ocorrem anualmente na busca por Fonte: Sítio web da CIJ, 2014.
consensos. Nestes encontros, o Bra-
sil é um dos países com maior delega-
ção. No momento em que recrudesce Conselho de Segurança das Nações os países em desenvolvimento, passam
o debate a respeito dos impactos das Unidas), mas mantém padrão de for- pelo mesmo problema da subrepre-
Países em desenvolvimento
Optou por não ratificar
ações humanas sobre a vida futura no te participação em organismos multi- sentação, que ocasiona perda de opor-
sem compromisso de quotas
planeta, o país foi um dos divulgado- laterais e na formulação dos regimes tunidades em termos de projeção de
Países com compromisso de quotas
res do conceito de “desenvolvimento internacionais (desenvolvimento, se- soft power, troca de conhecimentos e
Na nova fase do tratado (2012-2020)
os seguintes Estados-parte sustentável” na crença de que é possí- gurança alimentar e comércio). Nos maior participação do Brasil na agen-
não reassumiram compromisso:
Rússia, Japão e Nova Zelândia vel conciliar crescimento econômico últimos anos, também procurou au- da política internacional.
com baixo impacto no meio ambien- mentar sua participação em operações
Membros da ONU que não participam te e que a preservação da fauna e lora de paz (como na Minustah, no Haiti).
do tratado (Estados Unidos, Canadá,
Andorra, Sudão do Sul, Palestina e não deve constranger a busca pelo de- VEJA TAMBÉM:
Santa Sé), territórios sem reconhecimento
internacional ou províncias autônomas senvolvimento dos países do Sul. Ainda assim, de um conjunto de pou- Futebol e esportes p. 52
sem compromissos na área.
co mais de oitenta mil funcionários, há
Labmundo, 2014

Turismo p. 54
1000 km O Brasil tem sido crítico moderado menos de 600 civis brasileiros, atuan- Pluralismo religioso p. 56
do atual sistema de representação no do no sistema ONU. Para o Itamaraty, Centros de pesquisa e universidades p. 78
Fonte: Sítio web do Unfccc, 2014. multilateralismo (por exemplo, do outros Estados-membros, mormente

102 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 103
NOVAS COALIZÕES, MULTILATERALISMO E COOPERAÇÃO SUL-SUL

Agências internacional, demandando maior


participação dos países emergentes nas
decisões do FMI por meio da redistri-
políticas aduaneiras dos países mem-
bros e, com isso, realizar a liberalização
progressiva do comércio mundial. O
COMÉRCIO MUNDIAL DE MERCADORIAS
Comércio intrarregional e interregional, em 2012 (em bilhões de dólares)

econômicas buição das cotas que dão direito a voto,


assim como exigiu aumento do diá-
logo das instituições inanceiras com
o Conselho Econômico e Social da
Brasil criticou o órgão por favorecer os
países ricos, defendendo a introdução
de um regime de concessões sem re-
ciprocidade para a abertura comercial
Am. do
Norte

mundiais
Am. do
ONU. A análise da evolução da retóri- em benefício dos países em desenvolvi- Sul e
Central CEI Ásia
ca brasileira sobre o órgão indica que a mento. Em 1986, o Brasil formou com
crise de 2008 fez o governo Lula refor- outros agro-exportadores o grupo de
çar o discurso de um país independen- Cairns (hoje com 19 membros), bus-
te do FMI e contrário a suas políticas cando levar o tema da liberalização do Europa
de austeridade e condicionalidades. comércio agrícola para a pauta de dis- 1000 km

O Brasil participou como membro No Brasil, se durante o governo FHC cussão. Em 2003, o Brasil e um grupo
fundador dos mais importantes or- buscou-se construir um bom entendi- Além do FMI, um dos fóruns de maior de países em desenvolvimento (conhe- Para facilitar a leitura,
o comércio intrarregional Oriente
ganismos econômicos surgidos no mento com o órgão, o governo Lula atuação da diplomacia econômica cidos como “G-20 comercial”) se orga- é representado em círculos. Médio
pós-Segunda Guerra. A nova ordem politizou este relacionamento ao pa- brasileira foi a Organização Mundial nizaram para pressionar as negociações Se fosse representado por setas, Somente representados
teria as seguintes espessuras: valores superiores a 20
econômica passou a ser deinida em gar empréstimos antecipadamente e, do Comércio. A OMC (1995) é a su- no âmbito da OMC, consolidando-se bilhões de dólares
preceitos contratuais e institucionalis- mais tarde, ao emprestar dinheiro para cessora do Acordo Geral sobre Tarifas como um interlocutor relevante nos

e C Sul a
Mé iente
África

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tas baseados em paradigmas keynes- o fundo combater os efeitos da crise e Comércio (GATT, na sigla em in- debates agrícolas. O país também tem

Am

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Áfr

Eu
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ianos. As primeiras instituições pós-2008. O governo Lula foi um crí- glês), que desde 1947 promovia roda- agido na OMC por meio de seu sis-
contaram com a participação de tico moderado do sistema inanceiro das de negociação para harmonizar as tema de soluções de controvérsias e já Entre 74 380 975
20 e 40
pouco mais de cinquenta Estados- iniciou 26 processos, com vitórias im-
membros, mas a entrada de países peri- portantes sobre EUA, União Europeia

Labmundo, 2014
FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL intrarregional (área do círculo)
féricos nos anos 1950 e 1960 reforçaria e Canadá. Fato relevante foi a eleição
o interesse pelo multilateralismo na Empréstimos do FMI para os países, entre 1984 e 2014 (em bilhões de Direitos Especiais de Saque) do brasileiro Roberto Azevêdo como interregional (espessura das setas)
busca pelo desenvolvimento econômi- 41,3
Diretor-Geral da instituição em 2013, Fontes: OMC, 2013; Durand et al., 2010.
co. O Brasil tradicionalmente atuou 23,2 reletindo o prestígio da diplomacia
nos fóruns econômicos em prol de tra- 6,1
econômica brasileira em especial entre
tamento especial e mais favorável para 1,1 os países do Sul. como o fórum mais adequado para internacionais têm mostrado poder
os países em desenvolvimento, de- negociar questões comerciais com pa- limitado na construção de consen-
nunciando que o ordenamento mul- Durante os anos 1990, o país colo- íses desenvolvidos (organismo de re- sos (no FMI, mas também na Roda-
tilateral não reconhecia as assimetrias cou em prática uma série de políticas solução de controvérsias). Temas de da Doha da OMC). E mesmo o G-20
internacionais e favoreceria os países para garantir sua inserção no sistema interesse dos países ricos (acesso a li- inanceiro (do qual o Brasil faz parte)
desenvolvidos. econômico a partir de uma liberaliza- citações públicas, proteção a investi- não tem logrado encaminhar compro-
ção comercial unilateral, com forte im- mentos estrangeiros ou alteração das missos políticos e econômicos que li-
As grandes mudanças que ocorre- pacto (nem sempre positivo) em vários regras para o comércio de serviços) fo- mitem os impactos negativos da crise
ram nos anos 1980 (como a fragmen- setores da economia. Também foram ram evitados a im de manter grau de inanceira. O insucesso da diplomacia
tação política do Terceiro Mundo, a encaminhados projetos de integra- liberdade na condução de políticas in- brasileira em realizar novos acordos e
emergência econômica da Ásia, o im Maiores empréstimos:
1°- Brasil - 41,292
ção regional, como o Mercosul (com dustriais autônomas. O Brasil buscou sua aposta na conclusão a contento da
da URSS, os impactos mais visíveis 2°- Turquia - 28,696
1000 km
viés de regionalismo aberto), em pa- acordos comerciais preferencialmente Rodada Doha são dois pilares que tor-
3°- Grécia - 24,753
das crises do petróleo, a inanciariza- 4°- Argentina - 23,479 ralelo ao debate a respeito da ALCA com países emergentes, cujos resulta- naram a PEB um dos alvos preferidos
ção do sistema econômico internacio- 5°- Portugal - 23,201 e da aproximação com a União Eu- dos mais concretos são esperados para das críticas aos governos petistas, acu-
nal e as crises dos anos 1990 e 2000), ropeia. Já nos anos Lula, houve mu- os próximos anos. sada de ideológica e pouco pragmáti-
somadas a problemas domésticos em Quantidade de quotas no FMI por país, em 2014 (em milhões de Direitos Especiais de Saque)
danças paulatinas na política externa ca. Em 2014, foi lançado no âmbito
muitos países em desenvolvimento, le- comercial brasileira. Aumentaram as Durante o governo Dilma, ainda mar- dos BRICS um banco de desenvolvi-
varam o Brasil a enfrentar diiculdades Maiores quotas:
1°- EUA - 42,122
resistências a acordos regionais com os cado pelo quadro de baixo crescimen- mento, sediado em Xangai, bem como
inanceiras, ter de realizar ajustes es- 2°- Japão - 15,629 países centrais, em particular com os to resultante da crise inanceira nos um fundo de prevenção contra futuros
3°- Alemanha - 14,566
truturais e buscar socorro de agências 4°- França - 10,739 EUA. A OMC passou a ser encarada países centrais, os foros econômicos problemas de liquidez de seus mem-
internacionais para lidar com os déi- ...
Reino Unido - 10,739 bros. Seu objetivo é possibilitar aos
cits de balança de pagamentos. Como 14- Brasil - 4.250,5 BRICS e países em desenvolvimen-
outros países, o Brasil foi conduzido DO GATT À OMC to mais uma opção de inanciamentos
a um relacionamento de dependên- Proteção tarifária (em %) e quantidade de participantes nas negociações, entre 1947 e 2014 além dos tradicionais organismos eco-
cia com o Fundo Monetário Interna- 40 150 nômicos (FMI e Banco Mundial). O
cional. A partir dos anos 1980, o FMI 123 futuro dirá se a jogada dos BRICS pro-
passou a ter papel mais relevante nas 30 duzirá os efeitos geopolíticos e econô-
negociações do sistema inanceiro ao 20
102 quantidade de participantes micos esperados.
nas negociações
implementar os programas de ajuste proteção tarifária
estrutural enquanto pacotes de resga- 10 38
62

te da economia de países endividados. 23


26
VEJA TAMBÉM:
0 13 26
O Fundo intermediava a relação entre 42,122
1000 km
1947 49 51 56 60 61 64 67 73 79 86 93 95 2001 Agronegócio p. 28
países devedores e credores internacio-
Labmundo, 2014

Labmundo, 2014
R. Tóquio R.Uruguai Rodada Doha Parque industrial p. 30
nais e demandava ajustes econômicos 14,566 Rodada Kennedy
Rodada Dillon População e diversidade p. 42
para gerar superávits para o pagamen- 3,236 Genebra
Torquay Multinacionais brasileiras p. 70
Annecy
to da dívida. Fonte: FMI, 2014a.
0,194
Genebra Fontes: OMC, 2013; Durand et al., 2007.

104 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 105
NOVAS COALIZÕES, MULTILATERALISMO E COOPERAÇÃO SUL-SUL

Novos parceiros no início do século XXI pelo Brasil e


por outros parceiros do Sul político. A
postura brasileira e da maioria dos pa-
ARTICULAÇÃO E BUSCA DE MAIOR PARTICIPAÇÃO
Cúpulas e reuniões ministeriais até 2014
COMÉRCIO COM OS BRICS
Evolução do comércio, entre 2000 e 2013 (em
bilhões de dólares)

e coalizões
China
íses do Sul não é reformista, no senti- 40
do de desejar a completa substituição
das normas, regras e instituições que
30
regem a ordem global. O discurso bra-
sileiro orienta-se no sentido de exigir
maior participação dos países perifé- 20
ricos nos foros decisórios mundiais
Cúpulas IBAS
já existentes. Percebe-se, então, que Reuniões ministeriais IBAS 10
o Brasil articula-se com outros países, Cúpulas BRICS
para juntos exigirem maior poder deci- 1000 km
COMÉRCIO ENTRE REGIÕES No inal do século XX e início do XXI, sório nos debates internacionais.
Evolução do comércio brasileiro com parceiros alguns países e regiões começam a ga-

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novos e tradicionais, entre 2000 e 2013 (em bilhões
de dólares) nhar importância na pauta da políti- Essa busca por laços com parceiros me- Índia

Mercosul* ca externa brasileira (BRICS, Fórum nos tradicionais é facilitada por um Projetos com recursos do Fundo IBAS, em 2014 6

30 IBAS, G-20 comercial, países africa- momento político e econômico favo-


nos e do Oriente Médio). Uma primei- rável tanto no nível sistêmico, quan-
ra e breve análise desse fenômeno pode to no nível doméstico. Internamente, 4
passar a impressão de que esse movi- o Brasil conseguiu a estabilização ma-
20
mento é inovador e reformista. Na croeconômica no inal da década de
verdade, aproveitando-se de um mo- 1990 e, no início dos anos 2000, o PIB

to
2

en
mento em que a conjuntura sistêmica teve taxas de crescimento acima de 5%

m
an ído
da
Em clu
10 e doméstica é favorável, o Brasil reto- ao ano. Livre de acordos de ajuste eco-

n
Co
ma as relações com antigos parceiros. nômico e com aumento de capacida- Saúde
Infraestrutura e logística
Todavia, as características e a inserção des estatais, a política externa brasileira

Labmundo, 2014
Combate à fome

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internacional desses “novos” parceiros, ganhou em autonomia. Simultanea-

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assim como a brasileira, não permane- mente, a economia mundial apresenta- 1000 km Rússia
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*A Venezuela foi contabilizada em todos os anos ceram inalteradas ao longo do tempo. va dinamismo, criando oportunidades Fontes: Itamaraty, 2014b; Sítio web do Fórum IBAS, 2014.
Por isso, essas relações podem trazer re- de novos acordos. Países do Sul polí-
África sultados positivos ao Brasil, mas tam- tico impressionavam pelo aumento de
12
bém apresentam desaios. capacidades econômicas, demográi- políticos e econômicos. O mundo es- a construção de satélites com o Brasil 2
cas e políticas – por exemplo, África do tava em transformação e novas opor- (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos
A busca por diversiicação de parcei- Sul, Índia, Indonésia, Angola, Nigé- tunidades surgiram. Havia incentivos Terrestres – CBERS). A parceria entre
ros não é uma novidade na história da ria, Turquia, México e, principalmen- para que o Brasil aproveitasse esse mo- a Índia e o Brasil também se revelou 1
8 política externa brasileira. Em meados te, a China (também é possível citar a mento favorável. Cabe ressaltar, entre- fundamental no âmbito farmacêuti-
do século XX, o Brasil também buscou recuperação econômica russa). Dife- tanto, que o resgate das parcerias com co e de biocombustíveis. Esses breves
aumentar sua presença internacional, rentemente das décadas de 1980 e de países do Sul político não substitui exemplos demonstram que o resgate
4
fortalecendo ou criando laços com pa- 1990, os efeitos da crise inanceira de nem concorre com as tradicionais re- das relações brasileiras com esses paí-

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íses periféricos ou do bloco socialista. 2008 afetaram principalmente os EUA lações do Brasil com os EUA e com a ses tem o potencial de trazer resultados

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Esse movimento foi marcado pela bus- e a Europa, reforçando a importância Europa. O Brasil pode ter diplomacia positivos para o Brasil. África do Sul
ca de maior autonomia brasileira, in- para o Brasil de ter relações para além positiva, pragmaticamente, com to- 1,5

serindo-se em um discurso global que das economias ocidentais. dos os países com os quais se relaciona, Todavia, essa aproximação do Brasil
defendia o fortalecimento da sobera- sem preterir um ou outro. com outros países do Sul também gera
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nia, bem como um desenvolvimento Fica evidente, portanto, que a busca desaios. No âmbito comercial, o for- 1,0
Oriente Médio mais justo e equitativo entre os paí- pelo Brasil de resgatar as relações com As relações do Brasil com os países me- te crescimento chinês e a competitivi-
8
ses. Esses princípios foram retomados países do Sul é resultado de cálculos nos tradicionais trazem uma série de dade de seus produtos industrializados
benefícios comerciais, políticos e tec- trazem o risco de reprimarização da 0,5
nológicos. No âmbito econômico, o pauta de exportação brasileira. Além
ACORDOS COMERCIAIS dinamismo do mercado consumidor disso, a relação do Brasil com esses pa-
6
Países com acordo com o Brasil, em 2014
desses países favorece o comércio exte- íses não é tão assimétrica como as re-
rior brasileiro. Além disso, esses países lações com EUA e Europa, mas existe

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são menos conservadores ao fazerem a possibilidade de emergir um relacio-

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4 Exportação Importação
acordos em temas sensíveis como o namento de centro-periferia (o Brasil de industrializados de industrializados

aeroespacial e segurança. A Rússia ora no centro, ora na periferia), o que Exportação


de básicos
Importação
de básicos

2 Mercosul
começa a se consolidar como um im- pode colocar em risco a boa relação po- Fonte: Sítio web AliceWeb do MDIC, 2014.
portante parceiro no âmbito da segu- lítica. No âmbito de concertação polí-
Países com acordos de
preferência tarifária com o Brasil rança, vendendo armamentos (como tica, também é incerta a possibilidade
Países com acordos de
preferência tarifária com o Mercosul
veículos terrestres, helicópteros e bate- de se manter uma posição harmoniza- VEJA TAMBÉM:
ria antiaérea) e tecnologia para o Bra- da no longo prazo. As diferentes reali-
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Agronegócio p. 28
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Países com acordos de


complementação econômica,
sil. A Rússia também é um importante dades políticas, econômicas e sociais
Labmundo, 2014

Exportação Importação com objetivo de criar uma área Itamaraty p. 60


de industrializados de industrializados de livre comércio com o Mercosul
Exportação Importação 1000 km
parceiro no projeto da construção do no âmbito interno desses países ense- Diplomacia presidencial p. 62
de básicos de básicos Veículo Lançador de Satélites brasilei- jam interesses políticos diferenciados Brasileiros no exterior p. 76
Fonte: Sítio web AliceWeb do MDIC, 2014. Fonte: MDIC,2014 ro, enquanto a China tem acordo para em diversos temas.

106 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 107
NOVAS COALIZÕES, MULTILATERALISMO E COOPERAÇÃO SUL-SUL

Governança global foros decisórios, como o G-7 e o G-8,


também é alvo de críticas. A falta de
regras formais traz insegurança para os
também demandam maior represen-
tação nos foros internacionais). Desse
modo, o pleito de reforma de algumas
COALIZÕES E GRUPOS DE GEOMETRIA VARIÁVEL
G-20 G-7 *Todos os dados são referentes a 2014

mais democrática? demais países, além de enfraquecer o


multilateralismo. Em uma instituição
informal, não ica claro quem são os
membros, qual é o propósito do gru-
instituições internacionais ganha for-
ça e legitimidade, assim como o Brasil
busca se apresentar como um interlo-
cutor necessário e com credibilidade
UE

po, o que é discutido, nem como e se em diversos temas.


os documentos são transparentes.
Esse movimento obteve êxito relativo. 1000 km 1000 km
Em conjunto com outros países em No âmbito da OMC, as negociações Membros Convidados
desenvolvimento, o Brasil luta pela eram ditadas pelo grupo denomina- Membros
*A União Europeia tem um assento permanente no G-20
reforma das principais agências inter- do QUAD, mas os países periféricos
No início do século XXI, a recupera- mas hoje a principal bandeira é a refor- nacionais. Na medida em que o Bra- se uniram em torno do G-20 comer- Comunidade dos Países de Língua G-15
ção do dinamismo econômico nos pa- ma do poder decisório e do sistema de sil é um país que está em uma posição cial e conseguiram mudar os rumos Portuguesa (CPLP)
íses em desenvolvimento permitiu que representação. intermediária na distribuição de po- das negociações em Cancun, no Mé-
o Sul político voltasse a se unir em tor- der mundial, seria impossível, por si só, xico, em 2003. Após a crise inanceira
no de propostas mais concretas, con- Historicamente, o Brasil tem denun- exigir essas mudanças. Para aumentar de 2008, o G-20 inanceiro foi eleva-
trastando com as bandeiras defendidas ciado o caráter oligopolizado dos fo- o capital político e, portanto, ter mais do a um grupo de cúpula e entendido
pelo terceiro mundismo e pelos movi- ros decisórios mundiais. O discurso voz internacionalmente, o Brasil bus- como um dos principais foros de dis-
mentos dos século XX (G-77, não ali- diplomático brasileiro aponta que, ca agir em bases articuladas com ou- cussão mundial. A importância de se
nhados, NOEI). Muitos desses países em diversos temas, os países periféri- tros países que tenham características reformar a distribuição do poder deci-
deixaram em segundo plano o posi- cos têm pouca ou nenhuma participa- semelhantes e que também desejem a sório no FMI foi reconhecida por di- 1000 km 1000 km
cionamento de demandantes por pre- ção na tomada de decisão. Além disso, reforma do processo decisório das ins- versos países, inclusive do Norte. E
ferências comerciais junto aos países os principais cargos das instituições i- tituições internacionais. Esse é um dos cargos em importantes organismos in- Membros Membros

industrializados. Assim como nas dé- nanceiras internacionais ainda são re- motivos pelos quais o Brasil partici- ternacionais, como a FAO e a OMC,
cadas de 1950 e 1960, os países do Sul servados a nacionais estadunidenses pa de grupos de concertação política, foram ocupados por brasileiros. Com
continuam a lutar por modelos de de- e europeus ou a candidatos por eles buscando articular-se politicamen- essas mudanças, pode-se airmar que Fórum de Cooperação América Latina–Ásia Cúpula Iberoamericana
senvolvimento que promovam justi- apoiados. Além da falta de represen- te com países de diversas regiões do a governança global icou um pouco do Leste (Focalal)
ça e equidade no plano internacional, tatividade, a informalidade de alguns mundo, principalmente do Sul (que mais plural. Países e sociedades que
não tinham voz passaram a participar
mais ativamente das discussões inter-
COALIZÕES MAIS PLURAIS NA POLÍTICA MUNDIAL? nacionais. Contudo, ainda não é claro
Credenciais das coalizões em grupos de concertação política, em 2014
se a governança global pode tornar-se
Países representados
População, em bilhões1 PIB, em trilhões de dólares1
mais democrática. Apesar de amplia-
1 3 5 7 10 30 50 70 50 100 150
dos, os foros decisórios ainda não con-
Assembleia
Assembleia
Geral/ONU 100% Geral/ONU 100% Assembleia
Geral/ONU 100% templam a devida representação dos
1000 km 1000 km
países em desenvolvimento. A parti-
cipação das organizações da sociedade Membros Membros
G-20f2 64,56% G-20f2 85,41% G-20f1 22,28%
civil também é incipiente. Além dis-
so, as reformas no processo decisório
BRICS 42,33% BRICS 20,28% BRICS 2,59% de algumas instituições são lentas e en- Cúpula América do Sul-África (ASA) IBAS e BRICS
contram resistências no plano domés-
tico, como no caso do Congresso dos
3,63%
G-7 27,51% G-7 47,48% G-7 EUA, que tarda em ratiicar a reforma
das quotas do FMI.
Membros Membros Membros
Permanentes 10,58% Permanentes 43,44% Permanentes 2,59%
CS/ONU CS/ONU
CS/ONU
A PEB atual parte do princípio de que
o país tem muito a ganhar quando par-
ticipa desses novos mecanismos de go-
1000 km 1000 km
Credenciais das coalizões na OMC, em 2014 vernança global (a exemplo do G-20
População, em bilhões
1
1

3 5 7
PIB, em trilhões de dólares
10
1

30 50 70
Países representados
50 100 150
inanceiro). Justiica sua decisão com Membros

base no pretígio político, na importân- BRICS


Total Total 100% Total
cia estratégica e, também, nas creden-

Labmundo, 2014
100%
Mundial Mundial Mundial 100% Membros do
ciais que decorrem dessa participação Cúpula América do Sul-Países Árabes (ASPA) BRICS e do
IBAS
para a economia brasileira. Todavia, a
G-20c 53,86% G-20c 17,07% G-20c 11,40%
participação nesses grupos pode gerar Fonte: Itamaraty, 2014b.
incoerências no discurso da diploma-
22,87%
cia brasileira que tradicionalmente de-
G-904 G-904 5,32% G-904 44,56%
nunciava os malefícios potenciais de VEJA TAMBÉM:
grupos informais para os espaços mul- Itamaraty p. 60
tilaterais. Além disso, o diálogo com
Labmundo, 2014

40,65% QUAD3 16,06%


QUAD3 13,94% QUAD3 América Latina e do Sul p. 84
países do Sul que não participem des- Relações Norte-Sul p. 100
1
Os dados demográficos e do PIB são relativos a 2012 3
O QUAD é composto por 4 atores influentes nas negociações da OMC: EUA, União Europeia, Japão e Canadá
2
A União Europeia tem assento no G-20 financeiro 4
O G-90 é composto de países em desenvolvimento da Ásia, África e América Central e Caribe
ses mecanismos pode se ver prejudica- 1000 km
Sistema ONU p. 102
Fontes: Sítio web da base de dados do Banco Mundial, 2014; Unctad, 2014. do em termos de legitimidade. Membros

108 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 109
NOVAS COALIZÕES, MULTILATERALISMO E COOPERAÇÃO SUL-SUL

Cooperação: segurança. O eixo comercial também


sempre foi muito relevante para justi-
icar a chegada de AOD ao Brasil: ain-
TOP 10 - AOD RECEBIDA
Maiores fluxos de AOD recebidos em 2012, pelos
países emergentes, em bilhão de dólares
COOPERAÇÃO BRASILEIRA NO MUNDO
Capital brasileiro destinado à cooperação, em 2010, em milhões de reais

de beneiciário
Turquia (Total 3,03) 0,2 0,6 0,8
0,4
da hoje, no caso da Alemanha, o Brasil Áustria
aparece como importante beneiciário Japão
de cooperação no setor ambiental, no Alemanha
qual empresas alemãs se destacam co-

a doador?
EUA
Reino
mercial e tecnologicamente. Ou seja, a Unido
cooperação para o desenvolvimento é Suécia

moeda corrente dos Estados em suas ACNUR

agendas de política externa, com dis- GEF1


Austrália
tintas motivações e justiicativas. 1
Fundo Global
para o Meio 92,4
Grécia

Labmundo, 2014
Ambiente
Índia (Total 1,67) 31,8
EVOLUÇÃO DA AOD No Brasil, os debates sobre política ex- Dados de 2012 publicados pelo Comi- 0,2 0,4 0,6 0,8 1000 km 13,7
Principais doadores, em bilhões de dólares, entre Japão 6,4
1970 e 2010
terna e sua relação com o sistema da tê de Assistência ao Desenvolvimen- Reino
Unido
1970 2000 2010 cooperação internacional para o de- to (CAD) da OCDE indicam que os Alemanha Fonte: IPEA, 2013.
senvolvimento (CID) mudaram de principais Estados doadores são os Fundo
Global2
tom a partir do momento em que o go- EUA, Reino Unido, Alemanha, Fran- EUA

U.E. -15
verno brasileiro e suas distintas agên- ça e Japão. No entanto, apenas Luxem- UNICEF execução é responsável pela implemen- concebidos e implementados pelos
69.66
cias passaram a desempenhar papel burgo, Holanda, Noruega e Suécia Noruega tação (Alemanha, Áustria, Bélgica, Es- Estados. Os interesses dos atores do-
2
Fundo Global de Luta
17.820
crescente também na qualidade de país ultrapassaram a marca do 0,7% do Austrália contra Aids, Tuberculose
e Malária
panha, Estados Unidos, França, Japão, mésticos nem sempre são convergen-
que oferece projetos de cooperação. É PIB dedicados à AOD. A AOD líqui- Suécia 3
Fundo Internacional Luxemburgo, Portugal, Suécia); (iv) tes, podendo incrementar tensões e
para o Desenvolvimento
EUA
bem verdade que o Brasil participara, da subiu em 9 países (principalmente IFAD3 Agrícola um ministério próprio ou uma agência conlitos, ainda mais no caso de ine-
30.353 desde os anos 1960, em programas de na Austrália, Áustria, Islândia, Coreia Brasil (Total 1,29) 0,2 0,4 0,6 0,8 para a CID, para além do ministério xistir, como no Brasil, uma verdadei-
cooperação, em parcerias com outros do Sul e Luxemburgo), ao passo que França das relações exteriores, é responsável ra política pública e institucionalizada
14.391 países de renda média e de renda bai- as principais quedas foram registradas Noruega
tanto pela política quanto pela imple- de cooperação. A Agência Brasileira
Alemanha
xa. No entanto, foi somente a partir em 16 países-membros do CAD (so- Reino
mentação, como no caso da Austrália, de Cooperação, criada em 1987, ge-
Outros doadores do CAD 17.430
dos anos 2000 que seu papel se tornou bretudo Espanha, Itália, Grécia e Por- Unido
EUA
do Canadá e do Reino Unido. renciava até recentemente de modo
mais denso do ponto de vista quantita- tugal). Além dos Estados, destaca-se a GEF
prioritário os projetos e inanciamen-
tivo e qualitativo. A CID passou a in- União Europeia, que em 2012 desem- Espanha
No meio universitário, há inúme- tos recebidos. Falta-lhe, ainda hoje, ca-
4.520 tegrar mais plenamente o debate sobre bolsou aproximadamente 18 bilhões de Portugal ras interpretações sobre as motivações pacidade institucional para coordenar,
os rumos da política externa e a ser vis- dólares em AOD, com destino priori- Itália dos Estados ao desenvolverem políti- monitorar e avaliar o conjunto de pro-
Japão 11.021 ta como ferramenta de soft power. A tário para a Turquia, Sérvia, Palestina, Bélgica cas de cooperação ou, como se costu- jetos de cooperação oferecidos pelo
partir dos anos 2000, com a mudan- RDC Congo e Afeganistão. África do Sul (Total 1,07) 0,4 0,6 0,8
ma chamar em alguns países do Norte, Brasil. Em 2010 e em 2013, o IPEA, em
4.120 ça na escala da política externa brasilei- EUA de ajuda internacional (foreign aid). parceria com a ABC, publicou os pri-
ra, transformou-se também o peril da Percebe-se entre os principais doa- Fundo
Global
As motivações variam desde a neces- meiros relatórios sobre a cooperação
atuação do Brasil na CID. dores do Norte que a agenda de rela- França sidade de formação de alianças, ali- brasileira, em que aparecem as prio-
ções bilaterais é variável fundamental Alemanha nhamentos ideológicos, benefícios ridades temáticas (agricultura, saúde,
Países
O Brasil havia sido, tradicionalmen- para entender as prioridades de cada Baixos políticos, relevância estratégica e mi- educação) e geográicas (América Lati-
Outros doadores
te, beneiciário de programas e inan- país, salvo no caso do Reino Unido, litar, busca de inluência multilateral, na e África). O Brasil não se apresen-
Labmundo, 2014

7.168 Bélgica

ciamentos. De fato, o Brasil (como cuja AOD é canalizada majoritaria- Suécia


abertura de mercados comerciais, va- ta como doador, mas como parceiro de
Japão
2.347 outras potências emergentes) ainda re- mente por meio de agências multilate- lores humanitários, entre outros. No outros países em desenvolvimento.
Canadá
Fonte: CAD/OCDE, 2014. cebe assistência oicial para o desenvol- rais. Os EUA têm mais de 80% de sua caso das potências emergentes, podem
ACNUR
vimento (AOD) de países da OCDE. AOD transferida por via bilateral. Do ser considerados fatores relevantes a
México (Total 0,42) 0,2 0,4 0,6 0,8
COOPERAÇÃO BRASILEIRA
Em 2012, China, México e Turquia ponto de vista organizacional, entre os EUA
identidade histórica e política com-
Fluxos de cooperação por região, em 2013
AOD RECEBIDA encontravam-se na lista dos top 10 da membros do CAD, a cooperação para França
partilhada entre países em desenvolvi-
Evolução da AOD recebida dos Estados membros
do CAD/OCDE, entre 1960 e 2010 (em bilhões de
França; Índia, China, Turquia, Bra- o desenvolvimento encontra-se de re- Alemanha mento, a oferta de uma expertise que América do Sul,
68,1%
América Central
dólares) 3,5 sil, Indonésia e Peru na lista dos top gra integrada à política externa, es- GEF seria mais apropriada porque adapta- e Caribe
10 da Alemanha, terceiro maior do- tando o departamento ou a agência Fundo
Global
da a contextos semelhantes, a rejeição
3,0 ador membro do CAD nesse ano. O burocraticamente situada sob a res- Canadá de relações hierárquicas entre um do- África 22,6%
2,5 Brasil recebeu, em 2009, 310 milhões ponsabilidade dos respectivos minis- Austrália ador e um receptor, bem como a rele-
Ásia e 4,2%
de dólares em AOD; em 2010 foram térios das relações exteriores. Segundo Reino
Unido vância da cooperação com benefícios Oriente Médio
2,0 403 milhões, chegando a 648 milhões a OCDE, existiriam quatro principais Fundo BID4 4
Fundo Especial
do Banco
mútuos. Pouco se sabe, ainda, sobre as
em 2011 e a um pouco mais de um bi- modelos organizacionais: (i) o ministé- práticas da cooperação Sul-Sul (CSS) e 4,0%

Labmundo, 2014
Áustria Inter-Americano Europa
1,5
lhão em 2012. Historicamente, antes rio assume a liderança e é responsável China (Total -0,19) 0,2 0,4 0,6 0,8 sobre as conexões e contradições entre
1,0 da segunda guerra mundial, a coope- pela política e implementação (Dina- Alemanha
essas práticas e as motivações dos Esta- América
do Norte 1,1%
França
0,5
ração negociada pelo governo de Ge- marca, Noruega); (ii) o departamento Fundo
dos que as implementam. Muitas pes- Fonte: IPEA, 2013.
túlio Vargas com os EUA fora um dos de cooperação para o desenvolvimento Global quisas estão em curso.
GEF
0 fatores importantes do processo brasi- ou a agência dentro do ministério lide- EUA
-0,5
leiro de industrialização, com a criação ra a agenda e é responsável pela políti- Polônia
No entanto, ao abrirmos a análise do VEJA TAMBÉM:
1960 1970 1980 1990 2000 2010 da Companhia Siderúrgica Nacional ca e implementação (Finlândia, Grécia, Reino tema da CSS para o âmbito doméstico Matriz energética e meio ambiente p. 34
Unido
em Volta Redonda. Nos anos 1960, o Irlanda, Itália, Países Baixos, Nova Ze- dos Estados, entre eles o Brasil, deve-
Labmundo, 2014

Labmundo, 2014
Brasil Áf. do Sul México Austrália Cultura e soft power p. 50
governo dos EUA aumentou a sua aju- lândia, Suíça); (iii) um ministério tem IFAD se considerar a multiplicidade de expe- Agências econômicas mundiais p. 104
China Índia Turquia
da oicial ao Brasil depois do golpe mi- a responsabilidade global pela polí- Noruega riências, agendas e atores, bem como Cooperação Sul-Sul p. 112
Fonte: CAD/OCDE, 2014. litar, alegando razões estratégicas e de tica e uma agência independente de Fonte: CAD/OCDE, 2014. os distintos desenhos institucionais

110 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 111
NOVAS COALIZÕES, MULTILATERALISMO E COOPERAÇÃO SUL-SUL

Cooperação Somente em 2010, cerca de 68% de


toda a CID brasileira foi para a Améri-
ca Latina, 23% para a África, 4,5% para
cooperação educacional a 3,8%, a co-
operação cientíica e tecnológica
a 2,6%, as missões de paz a 36% e as
MAIORES COOPERAÇÕES BRASILEIRAS
Atividades de cooperação brasileira, por setor e país parceiro, em 2014
172

Sul-Sul: a Ásia e o Oriente Médio, 4% para a contribuições para organizações mul-

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50

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Europa e 1% para a América do Nor- tilaterais a 33,7% do orçamento to-

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te. No caso da América Latina, os top-5

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tal. Agricultura, saúde e educação são

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1

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Ti
constituem 80% de toda a cooperação os três principais setores da CSS brasi-

atores e agendas
Agricultura
do Brasil com a região, incluindo Hai- leira, com destaque para a atuação da
ti (47%), Chile (16%), Argentina (9%), Embrapa e da Fiocruz. Educação
Peru (4,5%) e Paraguai (4%). No caso
da África, os PALOP representam A cooperação técnica não é uma prio- Defesa

76,5% de toda a cooperação para a re- ridade em termos de despesa, embora


Saúde
gião: Cabo Verde é o primeiro (24%), seja celebrada em vários países graças à
A relações Sul-Sul têm estado presen- ocorre uma virada discursiva com ên- seguido por Guiné-Bissau (21%), Mo- sua capacidade de adaptação aos con- Desenvolvimento
social
tes nas agendas da política externa bra- fase na cooperação Sul-Sul (CSS) e çambique (13%), São Tomé e Príncipe textos locais de outros países em desen-
sileira desde pelo menos os anos 1960, na diplomacia solidária, acompanha- (10%) e Angola (7%). volvimento, mas também pelo o fato Meio
Ambiente
seja por meio de acordos de coopera- da de crescimento signiicativo do or- de que mobiliza experiências de políti-
ção (técnica, cientíica, educacional, çamento público destinado a projetos Os números mostram claramente que cas sociais e a expertise de funcionários Administração
pública
em saúde, etc.), seja pela ênfase retó- de cooperação internacional para o de- o Brasil acelerou e tornou mais denso públicos. Geograicamente a coopera-
Cooperação
rica na importância da solidarieda- senvolvimento (CID). De acordo com o seu envolvimento com a CID em ge- ção técnica brasileira está concentra- técnica
de entre países em desenvolvimento dados oiciais publicados pelo IPEA e ral e a CSS em particular. É claro que da em duas regiões principais: América Trabalho
nas relações Norte-Sul (GATT, Unc- pela ABC, a CID brasileira aumentou a escala da cooperação brasileira está Latina e África. O banco de dados da e emprego

tad, Nova Ordem Econômica Interna- de 158 milhões em 2005 para cerca de bastante aquém dos padrões dos prin- ABC informa que, entre 1999 e 2012, Indústria
e comércio
cional). No entanto, a partir de 2003, 923 milhões de dólares em 2010. cipais Estados-membros do CAD da havia 84 países em desenvolvimento
OCDE e da China. No entanto, as ati- com os quais o Brasil cooperou: 40 de- Cidades
vidades de CSS do Brasil não envol- les eram países africanos, 13 do Caribe,
COOPERAÇÃO EM SAÚDE vem obrigatoriamente transferência 11 da América do Sul, outros 11 da Ásia, Justiça
Quantidade de atividades brasileiras na área de saúde, em 2014 inanceira direta aos países parceiros, 7 da América Central, 1 da América do
Segurança
porquanto a CID é estatisticamente Norte (México) e 1 da Oceania (Pa- pública
concebida como despesa pública em pua Nova Guiné). Entre 2005 e 2010, Minas e
gastos correntes do orçamento anu- a América Latina foi a região que rece- Energia

al. Portanto, não inclui empréstimos beu o maior número de projetos de co- Planejamento
para investimentos concedidos pelo operação técnica da ABC, ao passo que
BNDES, atividades implementadas a África teve a maior parcela do orça- Comunicações
por entidades subnacionais, nem a re- mento da agência.
missão de dívidas de outros países em Cultura
desenvolvimento. Ademais, as estatís- Essa concentração de projetos na Amé-
Ciência
ticas do IPEA levam em conta apenas rica Latina e na África relaciona-se com e tecnologia
os fundos públicos que sejam 100% a formação histórica da sociedade bra-
Esporte
não reembolsáveis. sileira (identidades compartilhadas),
interesses estratégicos das empresas em Pesca
Outra característica que chama a aten- franco processo de internacionaliza-
ção é que a cooperação técnica é res- ção (petróleo e mineração, infraestru- Relações
exteriores
Labmundo, 2014

ponsável por cerca de 6,3% do total do tura e engenharia civil, agronegócio e


31 orçamento de 2010, ou seja, um pou- biocombustíveis) e, mais recentemen- Legislativo
8 1000 km
co mais de 57 milhões de dólares, a te, com algumas mudanças em maté-
1
Fonte: Sítio web da ABC, 2014. ajuda humanitária chegou a 17,5%, a ria de política externa (novas coalizões Transporte

de poder). Desde 2003, o governo bra-


sileiro aumentou suas representações
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA diplomáticas em países em desenvolvi- TOTAL

Atuação internacional da Embrapa, em 2014 mento: o Brasil tem hoje 38 embaixa-


Pequim, China
Montpellier, França
FAO
das na África, enquanto os EUA 55, a Fonte: Site web da ABC, 2014.
Beltsville, EUA
Suwon, Coreia do Sul França 50, a China 41, a Turquia 35, a
400
Índia 29 e o México 8, de acordo com
os dados disponíveis nos sites na web Quantidade total de atividades, em 2014
dos respectivos Ministérios das Rela- 300

Embrapa Américas
ções Exteriores.
Embrapa África 200

Países em que a VEJA TAMBÉM: 100


Embrapa desenvolve
atividades
Laboratórios virtuais Brasileiros no exterior p. 76

Labmundo, 2014
Labmundo, 2014

Escritórios regionais América Latina e do Sul p. 84

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Cooperação Sul-Sul: África p. 116

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Cooperação Sul-Sul: América Latina p. 118

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Fontes: Sítio web da ABC, 2014; Embrapa, 2014. Fonte: Sítio web da ABC, 2014.

112 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 113
NOVAS COALIZÕES, MULTILATERALISMO E COOPERAÇÃO SUL-SUL

Cooperação ou doutorado no Brasil. Em 2010, a


maioria dos 1.643 estudantes PEC-G
veio de Cabo Verde (532), Guiné Bis-
COOPERAÇÃO EM EDUCAÇÃO DE NÍVEL SUPERIOR
Estudantes sul africanos no mundo, em 2014 Origem dos estudantes estrangeiros na África do Sul, em 2014

Sul-Sul em sau (436), Angola (147), Paraguai (123),


São Tomé e Príncipe (63) e Moçam-
bique (33), ao passo que, no caso do
PEC-PG, os candidatos vieram da Co-

educação lômbia (143), Peru (59), Argentina (36),


Timor Leste (26), Cabo Verde (21),
Moçambique (17), Angola (13), Guiné
Bissau (11), mas nenhum de São Tomé 1000 km 1000 km

e Príncipe. Mestrandos e doutorandos


em geral têm acesso a apoio inancei- Estudantes brasileiros no mundo, em 2014 Origem dos estudantes estrangeiros no Brasil, em 2014
A educação é uma das quatro princi- educacional foi feita com bolsas de es- ro, além do fato de não pagarem quais-
pais áreas de atuação do governo bra- tudos para graduação e pós-gradua- quer taxas de matrícula para estudar
sileiro em matéria de cooperação, ção, cuja distribuição geográica tem nas instituições brasileiras. O Itamara-
ademais de agricultura, saúde e defe- reletido as prioridades de política ex- ty paga a passagem de regresso para os
sa. A cooperação brasileira em educa- terna. Em 2010, cerca de 73% das bol- candidatos selecionados. É importan-
ção envolve agentes como a Agência sas de graduação foi para os estudantes te lembrar que, para evitar a “fuga de
Brasileira de Cooperação (coopera- dos PALOP, ao passo que 70% das bol- cérebros”, cada candidato selecionado
ção técnica), o Ministério da Educação sas de estudo de pós-graduação foi deve retornar ao seu país ao término
(programa de bolsa de estudos, pro- para sul-americanos. Historicamen- de seu curso. Com isso, há a expectati- 1000 km 1000 km

gramas de intercâmbio internacional te, a CAPES, o CNPq e a Divisão de va de que a cooperação brasileira cause
e cooperação técnica), mas também o Assuntos Educacionais (anteriormen- impacto positivo na sociedade do país Estudantes chineses no mundo, em 2014 Origem dos estudantes estrangeiros na China, em 2014
SENAI (educação proissional) e, em te conhecida como Divisão de Coope- parceiro.
muito menor grau, algumas ONG ração Educacional) do MRE têm sido
com expertise em educação não for- os principais idealizadores e executo- Além dos programas de bolsas, mere-
mal. No entanto, os projetos são ma- res de programas de intercâmbio e bol- cem destaque os programas bilaterais
joritários no setor do ensino superior. sas de estudo. Bolsas de pós-graduação de cooperação com Timor Leste, Cuba,
(PEC-PG) e de graduação (PEC-G) Argentina, Moçambique, Cabo Verde * Não há dados disponíveis para estudantes
estrangeiros na China
De acordo com os dois relatórios pu- são o principal instrumento da coope- e Guiné-Bissau. No âmbito multilate-
blicados pelo IPEA e a ABC (em 2010 ração brasileira em educação. ral do Mercosul, o Programa de Mo-
e 2013), o governo brasileiro desembol- bilidade Acadêmica Regional, que está 1000 km 1000 km

sou, em bolsas de estudo de ensino su- O programa PEC-G oferece bolsas de em vigor desde 2006, visa a reforçar a
perior, o montante equivalente a 174 estudo para alunos estrangeiros de gra- cooperação educacional entre os Esta- Estudantes indianos no mundo, em 2014 Origem dos estudantes estrangeiros na Índia, em 2014
milhões de dólares entre 2005 e 2010. duação que são selecionados em seus dos-membros. O programa inclui cur-
Com isso, o Brasil destinou no perí- próprios países, conforme os proce- sos de pós-graduação na Argentina,
odo cerca de 7,4% de toda a sua coo- dimentos estabelecidos pelo respecti- Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uru-
peração internacional para a educação. vo Ministério da Educação nacional guai. No Brasil, a Secretaria de Educa-
Entre 2009 e 2010, os gastos públi- e da embaixada brasileira no país. O ção Superior (SESu) e a CAPES têm
cos com essa modalidade de coopera- programa PEC-PG oferece bolsas de sido responsáveis pela gestão desses
ção aumentaram 40,7%. Mais de 97% estudo para estudantes graduados es- programas desde 2008. Em 2010, eles
do total das despesas com cooperação trangeiros para cursos de mestrado contribuíram com um total de 1 mi-
lhão de dólares, e cerca de 75% desses 1000 km 1000 km

recursos foram destinados a estudantes


COOPERAÇÃO BRASILEIRA EM EDUCAÇÃO NA ÁFRICA argentinos. Estudantes mexicanos no mundo, em 2014 Origem dos estudantes estrangeiros no México, em 2014
Atividades nos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP), entre 2000 e 2014
Angola Cabo Verde Guiné-Bissau
8 8 8 No setor da educação proissional,
6 6 6
ABC e SENAI são parceiros estratégi-
cos. Em 2007, a educação proissional
4 4 4 correspondeu a 22,4% dos desembol-
2 2 2 sos totais da ABC. A cooperação in-
ternacional também traz a experiência 150 mil
100 mil
0 0 0
do SENAI para os países em desenvol-

Labmundo, 2014
2000

2000

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2006

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20 11

20 11

50 mil
vimento em temas como controle de
20

20

20

1000 km
25 mil
Moçambique São Tomé e Príncipe Total dos PALOP qualidade de alimentos e embalagens, Valores menores de 100
1000 km
10
culinária e gastronomia, sistemas auto- Fonte: Unesco, 2014. 1 mil

8 8 motivos e de produção, papel e celu-


6 6 lose, construção civil, energia, petróleo
2000 2005 2010 2015 e fontes renováveis de energia, minera- Interamericano de Investigação e partir dos anos 1980, com o apoio da VEJA TAMBÉM:
4 4
50 ção, entre outros. Documentação da OIT. Desde 1970, o JICA, o SENAI aumentou sua carteira Congresso, ministérios e agências p. 64
25
SENAI tem sido ativo na cooperação de projetos na América Latina e
Labmundo, 2014

2 2 5
Itamaraty p. 60
0 0
Atividades em execução Na década de 1960, o modelo de com outros países na América Latina também passou a atuar de modo mais Brasileiros no exterior p. 76
Atividades iniciadas no ano SENAI foi divulgado nos países do (Colômbia, Guatemala, Jamaica, dinâmico nos PALOP (sobretudo em América Latina e do Sul p. 84
2000

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14

14
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20 13

20 13
20 11

20 11
20

20

Fonte: Sítio web da ABC, 2014. Terceiro Mundo, por meio do Centro Haiti, Paraguai, Peru, Suriname). A Angola) e no Timor Leste.

114 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 115
NOVAS COALIZÕES, MULTILATERALISMO E COOPERAÇÃO SUL-SUL

Cooperação internacionalmente. Segundo a FAO,


o Brasil diminuiu a subnutrição de 11%
a 6% entre 1990 e 2008, melhorando,
COOPERAÇÃO BRASILEIRA NA ÁFRICA
Quantidade de atividades por setor e país parceiro, em 2014

Sul-Sul: África
Políticas públicas Logística Defesa
assim, a situação de aproximadamen-
te cinco milhões de pessoas. Essas ex-
periências domésticas que visavam
a combater com rigor o problema da
fome tornaram-se referências da CSS
brasileira, deinida como intercâmbio
de práticas e transferência de políti-
cas públicas. Este é o caso do Progra-
ma de Aquisição de Alimentos (PAA).
que deu origem ao PAA-África, de-
A reconiguração geopolítica e geoeco- e África do Sul), por exemplo, desem- senvolvido em parceria com a FAO e 1000 km 1000 km 1000 km

nômica do mundo contemporâneo bolsou 27 milhões de dólares em con- o Programa Mundial de Alimentos
visibiliza a importância de algumas po- tribuições, a maioria destinada a países (PMA) em cinco países africanos: Eti-
tências emergentes (África do Sul, In- africanos (45,3%), sendo 31,1% para a ópia, Malaui, Moçambique, Níger e Cultura Ciência e tecnologia Indústria e energia
donésia, Turquia, México e o próprio agricultura e 26,1% para a saúde. Senegal. Também atua nesse setor o
Brasil) que vêm ganhando maior pro- Centro de Excelência da Luta contra
tagonismo no campo da cooperação Nesse cenário, a CSS brasileira com a Fome, articulação entre o PMA e o
Sul-Sul (CSS), a ponto de provocar a África está crescendo em importân- governo brasileiro, beneiciando paí-
redeinição nas relações, nos modelos cia, tendo atingido 39,5% do total do ses como Gana, Guiné-Bissau, Costa
e nas práticas que regiam a tradicio- orçamento governamental de coopera- do Marim, Malaui, Mali, Moçambi-
nal cooperação Norte-Sul. O conti- ção técnica. Por razões históricas (co- que, Níger, Quênia, Senegal, Ruanda,
nente africano já recebia grande parte lonização portuguesa) e institucionais Tanzânia, Togo, Zâmbia e Zimbábue. 59
36

Labmundo, 2014
da Ajuda Oicial ao Desenvolvimen- (CPLP), os principais parceiros do 13
3
to dos doadores tradicionais do CAD Brasil no continente africano são os A agricultura é, portanto, uma área es- 1000 km 1000 km 1000 km
da OCDE, e isso em função dos inte- PALOP. Também merecem destaque sencial de atuação do Brasil no conti-
resses (políticos, econômicos, culturais, os países membros do Cotton-4 (Mali, nente africano, com forte participação Fonte: Sítio web da ABC, 2014.
etc.) das antigas metrópoles coloniais e Benin, Burkina Faso e Chade), grupo da Embrapa, seguida de outros atores
das superpotências, mas também gra- que visa a desenvolver o setor cotoní- a exemplo do Ministério de Desenvol-
ças à agenda recente dos Objetivos de cola com o apoio brasileiro, particular- vimento Social, o Ministério da Agri- como direito básico (reconhecido pela Portanto, na discussão sobre a ali- Top 10 da cooperação brasileira, em 2010
Desenvolvimento do Milênio que exi- mente por meio da Embrapa. cultura, Pecuária e Abastecimento, o própria Declaração Universal dos Di- mentação é importante considerar os (em milhões de reais)
gia focar nos países mais pobres. Hoje, Ministério do Desenvolvimento Agrá- reitos Humanos) e, de outro, o incre- diversos atores envolvidos, com cen- Cabo Verde
5 10 15

eles ganham destaque também como Existem importantes projetos nos rio e a Secretaria de Educação Prois- mento da importância econômica do tralidade para os governos (principais Guiné-Bissau
área de atuação da CSS, sendo um campos da agricultura, saúde e educa- sional e Tecnológica. Esses organismos agronegócio, que comercializa ali- atores da CSS), a cidadania, redes e Moçambique
destino prioritário das ações de paí- ção, implementados pela Agência Bra- têm atuado em projetos de cooperação mentos e busca gerar lucros, por vezes movimentos sociais (cuja participação São Tomé
ses como Brasil, China, Índia e África sileira de Cooperação em parceria com triangular, em parceria com agências impressionantemente elevados, no se- tem sido essencial no debate domés- e Príncipe
Angola
do Sul. O Fundo IBAS (Índia, Brasil outras agências e instituições. No en- multilaterais e bilaterais (por exemplo, tor alimentar. Além disso, desenvol- tico e internacional sobre o direito à
Senegal
tanto, é no desenvolvimento agrícola FAO, DFID e JICA). ve práticas de especulação nesse setor, alimentação), bem como as empresas
R. D. do Congo
e no setor da alimentação que o Bra- o que têm levado à alta concentração (com grande inluência e impacto nes-
Libéria
COOPERAÇÃO PELO FUNDO IBAS

Labmundo, 2014
sil desempenha papel relevante, apre- No entanto, a alimentação também e à oligopolização no mercado de ali- te campo). Deve-se salientar que, se-
Verba aprovada, por participação de região, Mali
em 2014 (em %)
sentando-se como potência agrícola precisa ser considerada como um cam- mentos, bem como à elevada volatili- gundo o Ranking das Transnacionais
Benin
África
detentora de importante know how, po de tendências contraditórias e fortes dade de seus preços. O caso do projeto Brasileiras 2013 da Fundação Dom Ca-
cujos avanços na luta contra a fome disputas entre, de um lado, o reco- de cooperação triangular no corredor bral, entre as 10 empresas brasileiras Fonte: IPEA, 2013.
Ásia
na última década são reconhecidos nhecimento do direito à alimentação de Nacala, em Moçambique, ilustra mais transnacionalizadas encontram-
Países árabes
algumas dessas tensões público-pri- se três dedicadas ao setor alimentar:
América Latina
vadas, que se relacionam com as diver- JBS-Friboi, Marfrig Alimentos e Mi- que as diversas políticas produzem nos
Outras COOPERAÇÃO MULTI E BILATERAL EMBRAPA: COOPERAÇÃO AGRÍCOLA sas concepções e interesses por vezes nerva Foods. Na última edição do processos de desenvolvimento dos pa-
Verba aprovada por país e setor, pelo Fundo IBAS Quantidade de projetos da Embrapa e de outras
0 10 20 30 40
e PAA-África, em 2014 (em milhões de dólares) atividades brasileiras em agricultura, por país,
divergentes. ranking destacam-se os fortes impac- íses parceiros, bem como a própria de-
em 2014 tos da política externa brasileira nes- inição de desenvolvimento dos atores
se processo de internacionalização das envolvidos na CSS. Assim, o tema é
Verba aprovada, por participação de área, COOPERAÇÃO EM MOÇAMBIQUE empresas, fazendo delas um ator de especialmente interessante para ana-
em 2014 (em %) Atividades brasileiras concluídas e em execução, peso nas relações internacionais do lisar os diálogos Sul-Sul, os modelos
Agricultura em 2014
30
Brasil. de desenvolvimento, a reivindicação
Saúde
de direitos e as diversas pressões para a
Bem-estar
20
Situar os diversos atores permi- construção de agendas cidadãs da CSS.
Água PAA África
40 te entender as disputas em torno dos
Tratamento
de lixo
10 10
sentidos e implicações do direito à ali-
Juventude
e esportes
Orçamento aprovado
pelo Fundo IBAS 5 mentação, ainda hoje um dos direi- VEJA TAMBÉM:
Governabilidade
e segurança
3,77 tos humanos mais violados. Analisar Agronegócio p. 28
Labmundo, 2014

Labmundo, 2014
as diversas áreas e atuações que, de al-

ça
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Labmundo, 2014

Labmundo, 2014

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1,69
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Energia renovável Multinacionais brasileiras p. 70

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Total de projetos
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gum modo, podem incidir na garantia
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brasileiros 710 km
Se
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Outras Centros de pesquisa e universidades p. 78


Participação Atividades Atividades
0 10 20 30
710 km
da Embrapa em execução concluídas e cumprimento desse direito exige le- Cooperação Sul-Sul: América Latina p. 118
Fonte: Fórum IBAS, 2014. Fontes: Sítio web do PAA África, 2014; Fórum IBAS, 2014. Fonte: Sítio web da ABC, 2014. Fonte: Sítio web da ABC, 2014. var em conta as eventuais incoerências

116 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 117
NOVAS COALIZÕES, MULTILATERALISMO E COOPERAÇÃO SUL-SUL

Cooperação Fiocruz (vinculada ao Ministério de


Saúde, realiza as capacitações, trans-
ferência de tecnologia, apoios para o
COOPERAÇÃO BRASILEIRA NA AMÉRICA LATINA
Quantidade de atividades por área de atuação e país parceiro, em 2014
Políticas públicas Logística Defesa

Sul-Sul: fortalecimento dos sistemas de saú-


de, etc.), o Ministério de Desenvol-
vimento Social (fundamental na
elaboração e projeção internacional

América Latina
1000 km 1000 km 1000 km

dos programas Fome Zero e Bolsa Fa-


mília) e a Embrapa (vinculada ao Mi- 1000 km 1000 km 1000 km

nistério de Agricultura, tem um papel


ativo na transferência de tecnologia 133
50
nesse campo). 10

Apesar do caráter declaradamente go-


A América Latina é uma região espe- internacionais. Em grande medida, os vernamental das ações de CSS, existem
cialmente ativa em ações de coopera- projetos e ações de cooperação se ba- outros atores com interesses envolvi-
ção Sul-Sul (CSS), contribuindo para, seiam em experiências internas que dos nessas áreas, desde agentes priva-
entre outras coisas, aprofundar os pro- tentam ser replicadas, a partir de de- dos, cujo papel na cooperação pode Cultura Ciência e tecnologia Indústria e energia

cessos de integração. Os países mais mandas, em outros países em desen- crescer com a criação de parcerias pú-
ativos como ofertantes de CSS são o volvimento. Nesse sentido, os setores blico-privadas, até organizações da
Brasil (com 149 projetos na região, ou que concentram a maioria das ativida- sociedade civil, que reivindicam a ne-
seja 29% do total), o México (com 107) des da CSS latino-americana são agro- cessária construção de uma política
e a Argentina (com 94), segundo da- pecuária, governo e saúde, que, juntos, pública que deve ser mais solidária, in- 1000 km 1000 km 1000 km

dos da Secretaria Geral Ibero-ameri- superam 40% do total. Como princi- clusiva e participativa. A conluência 1000 km 1000 km 1000 km

cana. Essas atuações fazem parte das pais receptores da cooperação latino- desses atores com diversos interesses,
agendas de política externa, demons- -americana encontram-se o Equador discursos e projetos políticos gera di-
trando uma aposta crescente desses (com 66 projetos), El Salvador (com nâmicas complexas e às vezes contradi-
países no eixo Sul-Sul e a necessidade 47) e Bolívia (com 46). tórias em torno da CSS.
de incrementar a presença individu-
al e coletiva nas relações e negociações A CSS brasileira tem como destino ge- Por exemplo, as empresas têm cada vez
ográico prioritário a América Lati- mais acesso a inanciamento do BN-
na, que recebeu, em 2010, segundo o DES, por meio da sua linha de inter-
REDE DE COOPERAÇÃO NAS AMÉRICAS relatório do IPEA, 195 milhões de re- nacionalização, principalmente nos Agropecuária
Quantidade de atividades por subregiões, ais, ou seja o 68% do total (tendo em setores de petroquímica (Braskem), PMA). Também podem ser salienta-
em 2012 Parceiros beneficiários conta todas as modalidades de coope- farmácia (Eurofarma), construção das outras experiências de cooperação Top 10 da cooperação brasileira, em milhões de reais
M
Ib éx
Am
Pa ração), e 53% da cooperação técnica, (Andrade Gutierrez), alimentação triangular. Segundo o IPEA, o Haiti 20 40 60 80
er ic ér íse Haiti
o- o e
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Ce s An P concentrada setorialmente em agrope- (JBS-Friboi) e agroindústria (Coope- se apresenta como o principal recep-
er ari Co aís Chile
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cuária e alimentação, saúde e educação, rativa Lar). As organizações sociais têm tor também dessa modalidade, com 1000 km
no s Argentina
sil l em consonância com a dimensão so- mais diiculdades para a internaciona- mais de 92 milhões de reais (quase 50%
Peru
cial que o governo tem defendido tam- lização da sua atuação, muito embora do total dirigido à região), seguido de
1000 km
ica be

Paraguai
bém no processo de desenvolvimento existam iniciativas interessantes nes- Chile, Argentina e Peru. É interessan-
no
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Parceiros ofertantes

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Colômbia
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interno. se sentido, como o caso da Viva Rio, te ressaltar que esse papel como ator
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Uruguai
convidada pelas Nações Unidas a par- da CSS não impede que o Brasil seja
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Labmundo, 2014
Cuba
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Nessa política, o ator central conti- ticipar da Missão de Paz no Haiti. A o principal beneiciário, em termos lí-
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os
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Bolívia
nua sendo a ABC, mas são cada vez organização Viva Rio desenvolve no quidos, de AOD na região. Em 2012, o
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Jamaica
mais numerosas as assessorias e secre- país caribenho ações nas áreas de segu- país recebeu 20,7% do total de AOD
íse

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Pa

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tarias especializadas, dependentes de rança, educação, saúde, meio ambien- destinada à América Latina. Fonte: Sítio web da ABC, 2014. Fonte: IPEA, 2013.
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diversos ministérios responsáveis pela te, cultura e esporte.


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Labmundo, 2014

* Por ter sido considerado em uma 71 execução dos projetos de cooperação


categoria independente, o Brasil 36
técnica. Como exemplos na região, e O Haiti, país mais pobre da Améri- COOPERAÇÃO BRASILEIRA NO HAITI
não foi considerado na categoria 15
dos demais Países do Cone Sul 4 considerando os setores prioritários ca Latina (com apenas 425 dólares de Quantidade de atividades por área e principais atores envolvidos, em 2014
Fonte: SEGIB, 2014. de atuação, podem ser lembrados a PIB per capita), é especialmente rele- Atores Áreas de atuação
vante para a CSS da região. No caso 10 20 30 40 50 60 70 80
Desenvolvimento
da CSS brasileira, em particular, trata- Pastoral
da criança social
COOPERAÇÃO SUL-SUL DA ABC NA AMÉRICA LATINA se do principal receptor de projetos e Embrapa Agricultura
Quantidade de atividades por área, em 2014 ações nas mais diversas áreas, com des-
Atividades Min. da
140 em execução saúde Saúde
120 taque para a alimentação, a agricultura
Atividades Educação
100 concluídas e o fortalecimento de capacidades hu- SENAI
80 Segurança
60 manas e institucionais. Segundo dados Polícia
Federal pública Atividades
em execução
40 da SEGIB, o Brasil foi o maior ofer- UFRRJ Meio
ambiente VEJA TAMBÉM:
20
tante de cooperação ao Haiti em 2011, Administração
Atividades
concluídas
pública Ação internacional das cidades p. 68
Labmundo, 2014

Labmundo, 2014
tendo contribuído com um montante
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Assimetrias e desigualdades p. 94
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Cidades 22
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aproximado de 20 milhões de dólares,


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In
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Redes sociais e integração regional p. 96


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transferidos diretamente ou por meio Demais 6


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áreas
De

1 Cooperação Sul-Sul: África p. 116


Fonte: Sítio web da ABC, 2014. de organismos multilaterais (como o Fonte: Sítio web da ABC, 2014.

118 AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A AT L A S D A P O L Í T I C A E X T E R N A B R A S I L E I R A 119
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