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DO INSTITUTO
#SOMOSTODOSIPHAN: MEDIA AND COMMUNICATION IN THE INSTITUTE'S 80
YEARS
Abstract: The National Historical and Artistic Heritage Institute (Iphan) is, at the national level, the main
responsible in the mission of the preservation of the Brazilian cultural heritage. In 2017, to celebrate the
Institute's 80 years of existence and to reflect on heritage policies and practices, several promotional
activities took place in all regions of Brazil: seminars, publication launches, exhibitions and various other
activities. At the national level, there was the 80th Anniversary Commemorative Week, October 24-28, in
the city of Rio de Janeiro (RJ), whose main activities included: the 30th Rodrigo Melo Franco de Andrade
Award; the International Seminar on the Future of Heritage; launch of issues 35 and 36 of the Journal of
Heritage; the exhibition The construction of cultural heritage and a lecture on Heritage and Development.
The present work aims to describe and present some interpretations of media actions carried out during
this period of the 80th anniversary of the Institute, reflecting on the promotion of cultural heritage versus
the promotion of the Institution.
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O clipping (ou clipagem), nos dicionários da Comunicação, é o acompanhamento e registro de todas as
matérias divulgadas em veículos de comunicação a respeito de uma determinada organização, produto ou
pessoa. (CLOCKWORK COMUNICAÇÃO, 2018)
Seguindo a ordem cronológica do surgimento dos meios de comunicação do Iphan, em
1979 foi lançado, na gestão do designer e artista plástico Aloísio Magalhães, o Boletim
Sphan/FNpM2, que perdurou por uma década.
Em 1996, o Iphan passa a ter uma página na internet. Hoje esse espaço é o “Portal do
Iphan”, alimentado com diversas informações e publicações sobre o patrimônio cultural
e o Instituto, além de conteúdo jornalístico, produzido pela Assessoria de Imprensa do
órgão. Vale destacar que todas as edições da Revista do Patrimônio e do Boletim
Sphan/FNpM estão disponíveis no portal, assim como o atual Boletim do Patrimônio
Cultural3 que é divulgado quinzenalmente e está em sua 92ª edição4.
Sobre as publicações, ao longo desses 80 anos, “foram editadas mais de 1.500 obras
relacionadas às atividades de preservação, tombamento, registro e valorização desse
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“Sphan” nesse período era a sigla de Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e não mais
Serviço do patrimônio Histórico e Artístico Nacional. “FNpM” significa Fundação Nacional pró-
Memória, órgão publico da época que atuava em conjunto com a Sphan.
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É importante ressaltar que os formatos e funções dos dois boletins são bem diferentes. Se o Boletim
SPHAN/FNpM era voltado para a promoção das práticas institucionais do Iphan, o formato de boletim de
hoje não é necessariamente para este fim. As notícias e agendas ali publicadas são captadas de diferentes
sites, e servem para divulgar não só o Instituto mas sobretudo o patrimônio cultural. Não há uma
produção de textos para o boletim, e sim uma seleção do que tem sido noticiado sobre o Iphan e o
patrimônio cultural.
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Dados da primeira quinzena de junho de 2018
patrimônio e a projetos de restauração e recuperação de centros históricos em todas as
regiões do Brasil” (PORTAL DO IPHAN, 2018). Essas obras são, ainda hoje, uma
forma para a “difusão do conhecimento produzido internamente pela instituição”
(GOUTHIER, 2016, p.27).
Apesar de não ser meio de comunicação, outra iniciativa importante ocorreu em 2006,
quando foi estruturada uma Assessoria de Comunicação (Ascom) mais integrada do que
existia até então. É este o modelo que existe hoje. Em uma divisão bastante genérica, a
Ascom realiza uma gama de funções que engloba Assessoria de Imprensa, Produção de
Eventos e Relações Públicas. É sobre o trabalho e estratégias desse setor que proponho
fazer algumas interpretações neste artigo, com foco em atividades e estratégias
realizadas no período que tange as celebrações dos 80 anos do Instituto5.
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Aqui entende-se como celebrações dos 80 anos, a Semana Comemorativa que ocorreu de 24 a 28 de
outubro de 2017, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). As principais atividades realizadas durante essa
Semana foram: 30° Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade; Seminário Internacional O Futuro do
Patrimônio; lançamento dos números 35 e 36 da Revista do Patrimônio; palestra sobre Patrimônio e
Desenvolvimento e lançamento da exposição A Construção do Patrimônio.
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Dados apurados em 14 de junho de 2018.
Primeira postagem na página do facebook do Iphan Fonte: página do Iphan no facebook
Foto vencedora em primeiro lugar, tirada por Lucas Bastos. Fonte: Portal do Iphan, 2018a
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A comunicação é um meio cujos significados transitam através de trocas de
informações, onde emissores utilizam-se de determinados canais para enviar
mensagens, por meio de determinados códigos, para os receptores. Com a internet, essa
dinâmica se torna mais complexa e interativa.
Com a difusão da internet, surgiu uma nova forma de comunicação interativa,
caracterizada pela capacidade de enviar mensagens de muitos para muitos,
em tempo real ou no tempo escolhido, e com a possibilidade de usar a
comunicação entre dois pontos, em transmissões especializadas,
narrowcasting ou em transmissões para muitos receptores (broadcasting),
dependendo do objetivo e das características da prática de comunicação
intencionada.” (CASTELLS, 2015, p.101)
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Durante o ano de 2017 foram realizados em todos os estados do país, seminários, exposições,
campanhas e outras ações em celebração aos 80 anos do Iphan
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O edital para o concurso foi publicado no dia 12 de junho de 2018.
conclamamos todos a lutar pela preservação do Iphan. (…) Passados 80 anos de luta,
posso afirmar que hoje o Iphan hoje é patrimônio do Brasil!”.
As 104 notícias, distribuídas em sete estados distintos conforme gráfico abaixo, estão
relacionadas com as atividades dos 80 anos do Iphan, mas, sobretudo, abordam o
patrimônio cultural brasileiro. Por exemplo, as notícias “Mestres e saberes
reconhecidos”, publicada no jornal Diário do Nordeste9 e a notícia “Porto Digital recebe
prêmio do Iphan”, publicada no Diário de Pernambuco10, são sobre duas das oito ações
vencedoras do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade. As ações em si estão sendo
promovidas, ou seja, aquele determinado projeto, sobre transmissão de saberes e cultura
cearense (primeira notícia) ou que é destaque na gestão compartilhada do patrimônio
cultural (segundo caso) está recebendo um prêmio do Iphan. O patrimônio cultural e o
Iphan estão em evidência.
As 104 notícias sobre os 80 anos captadas no clipping de outubro de 2017 estão distribuídas em 83
veículos de comunicação distintos, sejam nacionais ou dos seguintes estados: Rio de Janeiro, Tocantins,
Maranhão, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Amapá. Fonte: DINIZ,Y.O, 2018, no prelo)
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Notícia publicada no dia 23 de outubro de 2017, disponível em:
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/caderno-3/mestres-e-saberes-reconhecidos-
1.1838997
10
Notícia publicada no dia 23 de outubro de 2017, disponível em:
http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/economia/2017/10/23/internas_economia,727855/por
to-digital-recebe-premio-do-iphan.shtml
exposição propõe reflexão sobre o patrimônio cultural11”, da EBC/Agencia Brasil ou
“Caixa Cultural Rio de Janeiro reúne mais de 150 obras brasileiras na mostra a
Construção do patrimônio12”, da plataforma colaborativa Ambrósia, focam na exposição
em si e não na Instituição.
Essa análise do clipping dos 80 anos se estende a outras atividades da Semana
Comemorativa, além do Prêmio e da Exposição. A lógica é a mesma de que, em muitas
das notícias, o patrimônio cultural brasileiro e o Iphan são destaque, e, em alguns casos,
o patrimônio se sobressai em relação ao Instituto.
2. Considerações finais
Quando estratégias de comunicação são colocadas em prática, seja para a promoção do
patrimônio ou para promoção do Iphan, existe o objetivo de alcançar o maior número de
pessoas. Em contraponto, em tempos cibernéticos é fato que quanto mais presente na
mídia, a Instituição está mais suscetível, “em praça pública” aos mais diversos
feedbacks. Nesse sentido, as redes sociais são fortes aliadas, pensando na abrangência
de público e na ideia do público como consumidor e difusor de conteúdos, mas podem
ter o efeito contrário justamente por esta característica. “A rede sofre com a falta de
credibilidade, por concentrar uma grande quantidade de informação e por permitir que
qualquer indivíduo com acesso à internet redija e publique o conteúdo que quiser”
(TERRA, 2006, p.35).
Ulpiano Menezes aponta que “Deve-se reconhecer a interação de bens e sujeitos como
característica do patrimônio.” (MENEZES, 2017, p. 39). A proposta do autor em
transferir o foco dos bens e poder público para os sujeitos e suas multiformes interações
(MENEZES, 2017, p.49) se relaciona com as tentativas que têm sido feitas pela
Assessoria de Comunicação do Iphan de aproximar o cidadão com o patrimônio, como
foi visto na ação “Eu e o Patrimônio” e na campanha “#somostodosiphan”.
11
Notícia publicada no dia 26 de outubro de 2017, disponível em:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2017-10/nos-80-anos-do-iphan-exposicao-propoe-reflexao-
sobre-o-patrimonio-cultural
12
Notícia disponível em: https://ambrosia.com.br/agenda/caixa-cultural-rio-de-janeiro-reune-mais-de-
150-obras-brasileiras-na-mostra-construcao-do-patrimonio/
Ressalve-se, ainda, que é impróprio separar sujeitos e bens. Laurajane Smith
(2006) pretende que o patrimônio é mais bem entendido como processo, ou
verbo, e não substantivo. Eu acrescentaria: como verbo transitivo, que
necessita de objetos diretos para se realizar. Cidade e cidadão estão unidos até
mesmo pelos vínculos indissolúveis da etimologia. (MENEZES, 2017, p.49).
Na análise do clipping, vimos que pautas sobre o patrimônio cultural têm seu lugar no
meio jornalístico. Cabe, em uma próxima oportunidade, analisar mais profundamente o
teor dessas coberturas sobre patrimônio, o que está em pauta, o que é selecionado como
relevante e o que é (propositalmente) esquecido. Assim é também nos processos de
patrimonialização, quando há o reconhecimento da memória e da identidade de um
como patrimônio cultural brasileiro, outras memórias estão sendo negligenciadas. É
necessário refletir que, em ambos os casos, no jornalismo e no patrimônio, essas
escolhas não são arbitrárias, e sim são firmadas por relações de poder e discursos.
Por fim, a partir da fala da premiada antropóloga mexicana Cristina Amescua Chávez,
que vai ao encontro das ideias de Ulpiano Menezes, bem como de Mariana Kimie e
Simone Scifoni, segue uma provocação para pensarmos as práticas de patrimonialização
no Brasil hoje. Durante sua palestra na mesa Diversidade Cultural, Patrimônio e
Memória, do Seminário Internacional Cultura e Desenvolvimento, realizado pelo
Ministério da Cultura (MinC) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO), realizado em 2015 no Rio de Janeiro, Chávez fez a
seguinte colocação: “A noção de patrimônio hoje tem que estar dentro da vida, para que
crie-se junto com a ideia de sustentabilidade, ou será algo apartado da vida, não
cumprindo sua função social, de formação de memória e cidadania” . Trata-se de um
olhar necessário para práticas patrimoniais, sobretudo para se pensar políticas públicas
de preservação e ações de educação patrimonial. Aproximar a sociedade civil das
práticas de preservação, além de contribuir para a formação de memória e cidadania, é
essencial para a construção e manutenção da identidade dos povos.
4. Referências bibliográficas
AMBROSIA. Caixa cultural rio de janeiro reúne mais de 150 obras brasileiras na
mostra a construção do patrimônio. Disponível em:
<https://ambrosia.com.br/agenda/caixa-cultural-rio-de-janeiro-reune-mais-de-150-
obras-brasileiras-na-mostra-construcao-do-patrimonio/>. Acesso em: 07 jun. 2018.