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A ciência tal como hoje a consideramos tem a sua origem na Idade Moderna, mas a ciência é
tão antiga quanto o desejo humano de compreender racionalmente o mundo e de sobre ele
teorizar.
Idade Média – S. Tomás de Aquino (séc. XIII) – adaptou a conceção de Aristóteles à Idade
Média – a ciência não se separa da filosofia e elabora um discurso sobre o mundo a partir
duma especulação baseada na contemplação do mesmo e na autoridade da palavra da Igreja.
A natureza aparece como criação divina e a sua ordem reflecte uma finalidade incutida pelo
criador. O conhecimento não assenta na dicotomia sujeito-objeto (há uma cumplicidade e
relação de pertença entre o homem e o mundo).
Renascimento – primeiros passos numa ciência que confira poder, mas não é ainda através da
ideia de objetividade que tenta descodificar o mundo, mas sim fazendo apelo à magia e à
alquimia.
2ª conceção de ciência
Ciência Moderna (aparece no séc. XVII com Galileu e Newton) – modelo mecanicista e
determinista.
1. A ciência moderna está associada a uma vontade de poder e domínio sobre a natureza
“Saber é poder”.
2. Na ciência moderna há novos procedimentos metodológicos – o método experimental
(pressupõe uma íntima articulação entre a experiência e a razão) que comporta várias
etapas e valoriza os procedimentos indutivos que sabe articular com os procedimentos
dedutivos.
3. A ciência moderna autonomiza-se relativamente à filosofia e à teologia. Delimita,
recorrendo à matematização da natureza, o domínio da sua investigação (mundo dse
matéria sem intencionalidade própria e cujo fundamento se assemelha a uma
máquina). Surgem novos critérios de aquisição e de validação do conhecimento.
4. A ciência moderna procede a uma dicotomização do sujeito/objeto, o que terá
consequências epistemológicas: - o sujeito descodificaria naturalmente o
funcionamento da realidade;
- O mundo é fonte de exploração (crescente
desenraizamento do homem relativamente ao seu mundo).
Conclusão
Esta conceção de ciência dominou a ciência até aos finais do séc. XIX e princípios do séc. XX,
tendo como modelo de investigação ou paradigma a Mecânica de Newton.
A ciência é tomada como a mais sublime criação do espirito humano e chega a ser considerada
como a via de salvação e realização da humanidade.
3ª conceção de ciência
- a perplexidade face aos poderes destrutivos que a razão e as suas criações também
comportam (a morte é racionalizada);
- teoria da relatividade;
- mecânica quântica;
- princípio da incerteza…
Assim, a epistemologia contemporânea (nova filosofia da ciência) pode ser vista como um
movimento de desdogmatização da ciência moderna. Questiona a ideia de que a realidade é
dada ou descoberta, afirmando que a ciência constrói e inventa a realidade que estuda.
Não há neutralidade das teorias científicas, todo o conhecimento é construção, os próprios
factos são sempre fabricados. A realidade que a ciência nos apresenta, não é a própria
realidade, mas uma forma de a abordar (indissociavelmente ligada à criatividade e ao esforço
de submeter os dados ao conjunto determinante da teoria).
Desdogmatiza a ideia do determinismo universal, mostrando que temos de lidar também com
o incerto e com o aleatório.
Heisenberg, físico alemão, e teórico da física dos quanta, formulou o princípio da Incerteza que
coloca o indeterminismo na base da mecânica quântica. Também outros epistemólogos
insistem no facto de não se poder dissociar a ordem da desordem e a vincar a ideia de que a
ciência tem que trabalhar com o impreciso, com o indeterminado.
Conclusão