Na introdução geral do livro História da Ciência: da antiguidade ao
renascimento científico, o autor estabelece seus objetivos e sua base conceitual que possibilita o estudo e a interpretação da História da Ciência. O conceito de História é entendido não somente como mera cronologia ou sucessão de descobertas, mas deve abranger o contexto no qual foi desenvolvido, como o social, o político, o econômico, o religioso e o cultural. A palavra ciência tem origem no termo latino scientia, que significa conhecimento e erudição. Entretanto, não existe um consenso em relação à definição desse conceito. Para muitos autores a ciência é o conjunto do conhecimento humano. Mas isso é muito abrangente e inclui todo tipo de conhecimento, desde o conhecimento místico ao conhecimento artístico. Ora, se existem vários tipos de conhecimento, é mais que natural a ciência reivindicar sua especificidade. Sendo assim, “para outros autores a ciência deve ser entendida como conhecimento refletido, no sentido da palavra grega episteme”(p.22). O autor adota essa segunda forma de entender o conceito de ciência. Como sabemos a invenção da escrita é uma divisória entre o Tempo Pré- Histórico e o Histórico e, conforme destaca o autor, é um “marco fundamental no processo evolutivo da capacidade intelectual e criativa do Homo Sapiens” (p.23) que, após alcançar determinado nível, concebe a Ciência. Nesse sentido, a ciência é uma criação relativamente recente da humanidade, pois “embora o Homo Sapiens Sapiens tenha surgido há cerca de 40 mil anos no continente europeu, o Período Histórico remonta a apenas seis mil anos, e a Ciência, a não mais que 2500 anos” (p.23). Quando e onde a Ciência foi criada? Devido à falta de consenso quanto ao conceito de Ciência não se tem uma resposta única para essa questão. Para quem sustenta que ela surgiu no período Histórico, existem três principais correntes:
uma recua o surgimento da Ciência às primeiras civilizações, como a
mesopotâmica, a egípcia, a chinesa e a indiana; outra defende a Grécia do século V como berço da Ciência, produto direto da Filosofia, à qual estaria estreitamente vinculada e subordinada, por muitos séculos; e uma terceira considera a Ciência uma recente criação europeia, da Era Moderna (século XVI) (p. 23).
A tese da origem grega da Ciência, a partir dos filósofos jônicos, é adotada
pelo autor, por entender que foi na Grécia que o espírito científico teria surgido, através do questionamento de conceitos absolutos e do anseio pelo conhecimento racional e lógico. Em seguida, ressalta que “a resultante dessa fundamental diferença de mentalidade seria a criação da chamada Filosofia Natural, denominação que prevaleceria até o século XIX, quando a expressão seria substituída, definitivamente, pela palavra Ciência” (p. 24). O autor faz também seis comentários introdutórios sobre as características da Ciência na atualidade:
1. O acelerado avanço do conhecimento científico;
2. A globalização da Ciência, a partir do século XX; 3. A interdependência entre pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico; 4. É um empreendimento de alto custo, que envolver um ou mais grupos de pesquisa em colaboração; 5. Como reflexo do item anterior, a natureza da Ciência se destaca como uma construção social. 6. A importância do método científico.
E termina a discussão enfatizando a superioridade da Ciência:
A rejeição da noção do absoluto e o triunfo do princípio da relatividade reforçam a
convicção na superioridade do pensamento científico, o qual, ao prevalecer, contribui, de forma decisiva, para o progresso da Humanidade (p. 29).