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experimental e o
progresso do
conhecimento do
Homem e da Natureza
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Resumo
Vencendo a resistência dos mais ligados ao saber tradicional, o gosto pela experimentação
difunde-se, generalizam-se as academias de caráter científico e, sobretudo, consolida-se a fé
na capacidade racional do Homem, como forma de compreender os fenómenos da Natureza.
Assim, ao longo deste trabalho irei abordar importantes nomes da ciência, entre os quais se
destacam William Harvey, Nicolau Copérnico e Galileu Galilei.
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Índice
3.2.Galileu Galilei.......................................................................................................................9
Referências bibliográficas....................................................................................................................12
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1. A revolução científica
No século XVII a generalidade dos Europeus sentia o mundo como local adverso e
imprevisível, onde o natural e o sobrenatural se misturavam. A intervenção de Deus, do diabo
ou a simples ligação dos astros serviam na maioria das situações para explicar fenómenos
naturais 1. O próprio conhecimento e estudo universitário estava repleto por crenças ou
superstições e, pouco mais era evoluído do que o da Idade Média.
Na história da ciência, no período entre o século XVI e que se prolongou até o século XVIII
ocorre a chamada Revolução Científica. A partir desse período, a Ciência, que até então
estava muito ligada à Teologia, separa-se desta e passa a ter um conhecimento mais
estruturado e prático, graças a um pequeno grupo de intelectuais estudiosos que herdaram do
Renascimento2 uma mentalidade crítica, uma vontade de aprender e, simultaneamente,
compreender o mundo natural e as suas realizações humanas.
Devido a este interesse pelo conhecimento científico é na Europa que se centram espaços
como “gabinetes de curiosidades” onde se encontravam coleções de objetos e livros raros, de
estranhos maquinismos de plantas e animais e onde já se realizavam debates, se faziam
experiências e se divulgavam as descobertas mais recentes. Associações como a Academia
dei Lyncei, em Roma e a Académie des Sciences, em Paris foram algumas das que se
oficializaram, recebendo proteção real ou magnífica.
Devido a este ambiente propício gerou-se o gosto pela observação direta dos fenómenos
que já era sistemática no Renascimento, mas agora mais desprendidos do excessivo respeito
pelos Antigos, estes sábios estudiosos partilhavam entre si três ideias fundamentais:
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Por exemplo a Peste Negra era visto como um surto de peste que surge pela “permissão divina “uma espécie
de castigo, pela” obra e malefício diabólico dos ogres” que se retratava por uma criatura mitológica como um
gigante de aparência grotesca e ameaçadora que se alimentava de carne humana.
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O Renascimento é um movimento cultural, artístico e científico que se desenvolve na Europa a partir do meio
do século XIV (por volta de 1350) até ao fim do século XVI (1600) A maioria dos historiadores considera esta
época como o modelo perfeito da cultura e da elegância e sucede-se ao período da Idade Média.
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experiências e, finalmente determinar a lei, isto é, as relações que se estabelece entre os
factos.
A segunda, que esse conhecimento pode aumentar constantemente, como nos refere o Doc.
1 A do manual de História, pág. 122, “O valor do pensamento (…) Toda a nossa dignidade
consiste, pois, no pensamento. É a partir dele que devemos elevar-nos e não a partir do
espaço e do tempo, que não saberíamos preencher.” 3 e Doc. 1 B – “O progresso contínuo
(…) Moderemos o respeito que temos pelos Antigos (…) Nós podemos descobrir coisas que
lhes eram impossíveis conhecer(…) Tal como cada homem avança dia a dia nos
conhecimentos da ciência, também neles progridem os homens no seu conjunto, à medida que
o Universo envelhece (…) de forma que a sucessão dos homens, no decurso dos séculos deve
ser como um único(…) que aprende continuamente.4
De referir que grandes nomes da ciência, como Galilei, Kepler, Newton, Boyle, Harvey, entre
muitos outros protagonizam uma revolução científica que transformou profundamente as
antigas conceções sobre o Homem e a natureza. Este empenho levou à definição de regras
que deviam guiar o pensamento e a investigação científica.
2. O conhecimento do Homem
Claudius Galenus, conhecido simplesmente por Galeno (131-201? a.C.), adotou os conceitos
originais da escola de Alexandria, alterando-os de acordo com as suas próprias observações
anatómicas. Deste modo, as artérias não transportariam somente ar, mas também sangue
(como Herofilus propusera) de composição e cor distintas das do sangue venoso. Os dois tipos
de sangue seriam distribuídos por todo o corpo e aí consumidos quando e enquanto
necessário; porém, as suas origens e vias de transporte eram diferentes.
(a) o septo interventricular não era permeável ao sangue, donde este não poderia passar
diretamente do ventrículo direito para o esquerdo;
Andreas Vesalius foi, por isso, considerado o fundador da anatomia humana e reformador da
anatomia animal no século XVI. O principal objetivo dos estudos comparativos de Vesalius
era mostrar que os escritos anatômicos de Galeno descreviam a estrutura de animais, não a do
homem. Vesalius fora, porém, condenado pela Inquisição, pelo que o seu nome constava entre
aqueles que não se deviam pronunciar.
Assim se compreendem o temor e o cuidado com que o médico e fisiologia inglês William
Harvey expõe, em 1628, as suas descobertas sobre a circulação sanguínea sistémica. Pela
Harvey demonstrou claramente que o coração era o órgão central do sistema, de que dependia
a propulsão do sangue para as artérias e, depois o seu retorno por vasos diferentes, as veias,
até ao ponto de partida. O sangue proveniente do coração seria diferente do que regressasse
aquele órgão, atribuindo essa diferença (em cor e fluidez) à presença de conteúdos próprios,
nutritivos para o organismo por ele irrigado. Caracterizou a pulsação sanguínea como
resultante do enchimento das artérias pelo sangue arterial veiculado a cada contração cardíaca.
Revelou que o sangue arterial saía do coração pela contração do ventrículo esquerdo, a qual
ocorria em simultâneo com a do ventrículo direito e, em ambos, depois da contração das
aurículas. Confirmou que o sangue passava do ventrículo direito para a aurícula esquerda e,
desta, para o ventrículo esquerdo, através da circulação pulmonar. Pelo cálculo do volume de
sangue debitado diariamente pelo coração, considerou que o sangue não poderia ser
consumido pelo corpo e teria de circular continuamente pelo coração e rede vascular. Ainda
que não tenha confirmado completamente a continuidade da rede circulatória, não deixou de
considerar a existência de passagens minúsculas ou impercetíveis entre as artérias e veias, que
seriam posteriormente confirmadas, por Marcello Malpighi, sob a forma de redes capilares. O
sentido unidirecional do fluxo sanguíneo era assegurado também por válvulas presentes no
coração e nas veias.
O século XVIII levou este espírito ainda mais longe, acentuando a ligação entre a ciência e
prática médica9. Entre outros grandes exemplos destaca-se a Universidade de Leiden, na
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Nesta altura distinguia-se ainda entre o médico, teórico formado numa universidade a quem pertencia o
diagnóstico e a análise “científica” da doença, e o cirurgião, com pouca formação académica, que se ocupava
da parte prática do tratamento.
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Holanda, que adquiriu um enorme prestígio, particularmente na área da Medicina, graças às
dissecações que se faziam no seu teatro anatómico.
3. Os segredos do Universo
Nicolau Copérnico (1473 – 1543) foi um matemático que defendeu a astronomia como o
resultado da contribuição de dois grupos: o dos filósofos da natureza e o dos matemáticos, os
quais eram concebidos como distintos. Neste sentido, ele não defendeu a sua teoria apenas
como hipótese matemática, baseada exclusivamente no cálculo matemático, mas sim como
realidade física1210. É a partir, portanto, destes dois referenciais que ele apresenta uma nova
estrutura do cosmo. O objetivo principal da sua obra Sobre as Revoluções consistiu em
apresentar um novo sistema astronômico, tendo como ponto de partida a ideia de que a Terra
não era o centro do Universo e que ela desenvolvia, assim como os outros planetas, uma
trajetória em torno ao Sol, o qual passa a ocupar o centro do sistema.
Como físico desenvolveu vários instrumentos, sendo exemplo destes a balança hidrostática, o
termómetro de Galileu e o relógio de pêndulo. Em 1609, Galileu construiu o primeiro
telescópio e, entusiasmado com os melhoramentos que tinha conseguido introduzir na recém-
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Mas, segundo Dreyer, a obra de Copérnico não é o resultado de extensas observações empíricas, pois não há
no texto uma referência a um plano de trabalho que indique uma ampla observação do céu. O célebre
astrônomo faz referência a vinte e sete observações feitas por ele, mas a pesquisa teve uma duração de mais
de trinta anos.
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inventada “luneta”, passou a observar o céu, meses a fio. À semelhança de Copérnico, tornou-
se um defensor da Teoria Heliocêntrica, que diz que o Sol está no centro do Sistema Solar e a
Terra e os restantes astros giram à sua volta. Esta teoria foi condenada pela Igreja Católica,
que defendia que a Terra era o centro do Universo (geocentrismo). Deste modo, o método
empírico, defendido por Galileu, constituiu um corte com o método aristotélico utilizado
naquela época.
Já como matemático publicou o pequeno tratado De motu, sobre o movimento dos corpos.
Baseado nas suas experiências de movimento de bolas em planos inclinados, aproximou-se do
que viria a ser mais tarde conhecido como a primeira lei de Newton. As suas descobertas
sobre o movimento tiveram uma relevância significativa pela abordagem matemática usada
para analisá-las.
Foram feitas várias tentativas para obter o perdão e a liberdade de Galileu da sua prisão, mas
foi tudo em vão. Ele próprio disse que não esperava perdão, pois só os culpados podiam ser
perdoados. Em 1642, morre Galileu, com 78 anos e cego. A Inquisição não deixou que os
seus seguidores fizessem um funeral digno de um grande homem. E assim, foi enterrado após
uma cerimónia simples, em Florença. Só no século seguinte foi reconhecido o seu devido
valor. Os seus restos mortais foram removidos para a Catedral de Florença, e Galileu ocupou
o lugar que lhe pertencia, na História, como um dos maiores cientistas de todos os tempos.
4. O mundo da ciência
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A Bíblia parecia confirmar a teoria geocêntrica, defendida pelos autores antigos (como o grego Ptolomeu) e
pela grande maioria dos contemporâneos de Galileu.
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Society, em Londres, permite a sua divulgação rápida e barata sobre os estudos
desenvolvidos, cresceram laboratórios modernos, bem equipados com os instrumentos de
observação e medida desenvolvidos no século anterior: o telescópio, aperfeiçoamento por
Galileu; o barómetro resultante das experiências de Torricelli; o termómetro, vindo de Itália e
mais tarde, melhorado por Fahrenheit; o relógio de pêndulo de Huygens, que tornou mais
exata a medição do tempo. Estes e outros aparelhos deram maior rigor às pesquisas
científicas, desencadeando-se assim, novas e importantes descobertas. Aos poucos, o gosto
pela experimentação, antes reservado a um pequeno grupo de curiosos, generaliza-se. No fim
do século XVIII, o público tinha-se apaixonado pela ciência, assistindo, entusiasmado, a
sessões experimentais e aos seus bons resultados. Deste modo, o mundo natural separou-se,
com nitidez, do sobrenatural e as razões de fé deixaram de ser aceites como explicações
credíveis dos factos da natureza. A astronomia, a física, a química, a biologia, a botânica, a
medicina, tornaram-se ciências autónomas. Fundamentado no método experimental, o
conhecimento progrediu aceleradamente, transformando o Mundo e a sua História.
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Referências bibliográficas
Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas (2020) - Um novo Tempo da
História. Vol. 1, 1ª. ed., pp. 122-128.
SINGER, C. Uma Breve História da Anatomia e Fisiologia desde os Gregos até Harvey.
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RETICO, G.G. Prima esposizione di G. G. Retico dei libri sulle rivoluzioni. In:
COPERNICO, Niccolò. Opere. A cura di Francesco Barone. Torino: Unione tipografico-
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BERTI, Domenico. Copernico e le vicende del sistema copernicano in Italia nella seconda
metà del secolo XVI e nella prima del XVII. Roma: G. B. Paravia, 1976.
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