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BACHARELADO EM CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

GCET 183 : EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS DA FÍSICA


PROFESSOR EDWIN ROBIN JR.
JOÃO VICTOR NEVES DE SOUZA NUNES

Síntese - ATIVIDADE II

PIRES, A. S. T. Evolução das ideias da Física. 2. ed. São Paulo: Livraria da Física,
2011.
ROCHA, José Fernando. Origens e Evolução das Idéias da Física. 1. ed. Salvador:
EDUFBA, 2002.
CONFORTIM, S. N. C, BAUAB, F. P. Ciência e Natureza em Galileu Galilei: uma
contribuição para o debate epistemológico da modernidade.

Nessa seção inicia-se um debate sobre construção do conhecimento científico no início


da idade média até o seu declínio, explorando algumas regiões do mundo antigo que outrora
desenvolveram sínteses de conhecimento e ideias importantes para a construção do
pensamento. Para essa síntese passamos por PIRES, onde é visto como a física da idade
média se desenvolve a partir de seu contexto histórico. E Desaguamos em ROCHA,
entendendo um pouco da trajetória dos pesquisadores Galileu Galilei e Johannes Kepler. É
importante salientar que foi uma época muito complicada para a ciência entre o séc V d.C. e o
séc XV d.C. pois o mundo estava conturbado por guerras e uma descentralização da
construção de conhecimento científico. Porém foi um momento muito importante para a história
da ciência pois muitos conceitos que eram difusos a séculos viam a passos lentos se
reformulando e se desenvolvendo tornando-se ideias mais concisas.
Veremos como todos esses conceitos e ideias desaguam em Galileu e sua luta contra a
igreja protestante. A influência negativa da igreja que por séculos impediu que o estudo da
filosofia natural fosse construído fora dos conceitos e ideias criados por Aristóteles. Como o
heliocentrismo Copernicano influenciaram tanto Galileu como tantos outros pensadores na
construção da ciência moderna.
No início ao final do séc II d.C. o conhecimento grego foi altamente difundido. Nesse período,
roma dominava desde a Grécia, Ásia menor até o Egito, porém, o foco dos romanos era na guerra
e disciplina, no pensamento prático. Nesse mesmo período o império passou por divergências e
diversas disputas territoriais. Com as invasões germânicas em 250 d.C. o império romano via seu
declínio. A partir do início do século III d.C. roma então foi dividida em duas partes: ocidental e
oriental e o cristianimso tornou-se religião oficial, tendo completa influência no pensamento
romano. Daí, na crescente cristã, nasce, os filósofos cristões, entre eles está Santo Agostinho,
estudioso que se aprofundou no pensamento de Platão e difundiu o Neoplatonismo. A
característica mais marcante dessa corrente de pensamento é o completo desprezo a todos os
ramos da ciência.
No final do século V o Império Romano do Ocidente cai, sendo sua capital invadida por
bárbaros. Marcando assim o início da idade média. Um período de estagnação intelectual
mergulhado na ignorância e crueldade. É marcante, no entanto, que alguns pensadores se
destacaram mesmo nessa época. As Enciclopédias escritas começaram a tornar-se muito.
Populares, pois condensava uma boa parte do conhecimento da época, mesmo que de forma
confusa e não correlacionada.
Enquanto o mundo antigo se despedia do conhecimento romano pelo caos instalado no continente
europeu, a ciência se desenvolvia em Constantinopla. Novamente subordinado a teologia, o
conhecimento científico se desenvolvia a passos curtos. Obras como as de VI John Philoponus,
que viveu em Alexandria, descrevia um contra argumento a teoria aristotélica do movimento.
Muito do conhecimento compilado na Grécia foi traduzido por estudiosos árabes e armazenado
nas grandes bibliotecas dos continentes africanos e asiáticos.
Importantes contribuições dos cientistas da arabia:
- Introdução dos algarismos arábicos, que substituirá o sistema romano;
- Introdução de mais esferas no sistema de esferas homocêntricas para
representação dos movimentos planetários;
- Modificar os epiciclos do modelo ptolomaico;
- Desenvolvimento da trigonometria esférica;

Porém, o conhecimento científico não se difundiu muito no mundo Arabé principalmente por
questões religiosas. Após a queda dos impérios europeus, e o início da idade média, a ciência só
conseguiu respirar novos ares com a iniciativa de Carlos Magno, com o movimento renascentista.
As escolas e universidades e seus sistemas educacionais começaram a se organizar junto a o
crescimento urbano.
Essa foi a época onde as primeiras universidades começaram a surgir. Nesse momento histórico
da europa o pensamento aristotélico novamente começará a ser difundido a partir das traduções
árabes, e do século XII até o século XVI a Filosofia platônica gradativamente era substituída pela
Aristotélica. Surgiu então o dito Renascimento Científico, e esse renascimento foi acompanhado
novamente com a subordinação absoluta da ciência à igreja, com Alberto Magno, que teve o
papel de trazer para dentro da instituição a filosofia Aristotélica.
O trabalho de Alberto foi continuado por Tomás de Aquino, Em Summa Theologica, uma das
suas principais obras, Aquino concilia a filosofia Aristotélica com a doutrina da igreja. Aquino
também argumenta dentro da filosofia aristotélica, contrariando a ideia de vácuo de aristóteles
formulando a ideia de que se um corpo fosse colocado em movimento no vácuo, ele continuaria a
se mover para sempre.
Tantos outros pensadores nesse período se opuseram a diversas ideias aristotélicas, sobre
movimento, sobre o vácuo e sobre a pesquisa experimental.
Roger Bacon usou pela primeira vez o termo Leis da natureza.Para explicar a propagação de
forças, usou o termo espécies, mesmo que tal termo não tivesse uma definição precisa;
Guilherme Ackman, no final do século 14 fez a separação da Filosofia e Teologia. Ockham, devo
citar, avaliava o conhecimento como parte da “cognição intuitiva" e o mesmo desenvolveu a ideia
e movimento que foi precursora ao princípio da inércia.No final do Idade Média muitas mentes
criativas estavam abandonando o pensamento aristotélico e difundindo outros métodos e formas
de desenvolver o conhecimento científico.
Muitas das teorias criadas na idade média eram uma mistura de conceitos. Uma das principais
ideias que era ainda muito confusa e falha era o conceito de movimento. Uns seguiam o
aristotelismo, outros se adaptavam ao crescente neoplatonismo. Para ajustar esses conceitos, foi
necessário que houvesse uma distinção entre Cinemática e Dinâmica, essa separação traria uma
organização ao estudo do movimento de tal forma que o mesmo poderia ser estudado tanto do
ponto de vista da causa quanto do efeito. Aqueles que propuseram isso foram os filósofos e
matemáticos do colégio Merton, em Oxford. Que além dessa distinção, eles apresentaram a ideia
de velocidade como um conceito qualitativo, distinguiram velocidade instantânea e definiram
movimento uniforme e uniformemente disforme( ou movimento uniformemente acelerado).
A velocidade uniforme é descrita por uma figura onde todos os segmentos verticais são de
mesmo comprimento.
A velocidade não era uma unidade pré estabelecida, somente o tempo, a velocidade dessa forma é
descrita em termos qualitativos de ‘mais veloz’ ou ‘menos veloz’.
Em 1350 Oresme demonstrou em termos geométricos o teorema formulado pelos estudiosos do
colégio Merton. Os filósofos da era medieval apenas aplicavam esses conceitos no ramo do
pensamento, sem qualquer desenvolvimento experimental, o que limitava em muito a
organização desse conceito tão difuso nessa era. No entanto, Domingo de Soto conseguiu
relacionar o movimento disforme com a queda dos corpos, e afirmou que a distância percorrida
pelo corpo poderia ser calculada usando o teorema da velocidade média.
Em VI d.C. Philoponus também foi um dos críticos das ideias aristotélicas do movimento.
Substituindo a força motora que vinha do ar ambiente por uma força motora interna que
comunica o agente que colocou o corpo em movimento e o objeto movimentado. Avicena, em
VII d.C. apresenta a ideia de uma força que dependia do peso do corpo.
Muitos outros pensadores propuseram ideias diferentes de aristóteles sobre a força impressa no
movimento de projéteis. Outro conceito que muitos discordaram do ponto de vista aristotélico era
o movimento dos corpos no vácuo. Dentro do contexto medieval e restrito a corpos compostos, a
resistência interna era o caminho mais simples para justificar o movimento natural no vácuo. Um
dos que questionavam essa ideia foi Thomas Bradwardine, também do colégio Merton. Concluiu
que objetos de tamanhos diferentes cairiam no vácuo com velocidades iguais.
A formulação matemática consequente dessa ideia foi a proporcionalidade entre a velocidade e a
razão entre a força e a resistência do meio. E é dita como a primeira análise matemática detalhada
no estudo do movimento.
Dando finalidade a como a ciência se desenvolve na idade média. Duas escolas foram de notória
importância na história do estudo do movimento. Niccolò Fontana Tartaglia e Giovanni Battista
Benedetti. A primeira negava que um corpo pudesse mover-se simultaneamente com movimento
natural e violento, e a segunda, afirmava que o impetus impresso pela projeção diminuía, dando a
ideia de que quanto maior fosse a velocidade na projeção menor era a gravidade do corpo
projetado.
É importante ressaltar que a ciência medieval tem várias controvérsias, muitos acreditam na
importância do que se desenvolveu nessa época, outros nem tanto. Lindbergh assume algo
intermediário a isso e pontua algumas contribuições importantes dessa época, e uma delas é que a
idade média criou uma tradição intelectual que ajudará o progresso da filosofia natural, a outra é
que o conhecimento a ser estudado sobre as áreas da ciência e por assim ser aprofundado era
muito vasto. Por isso era necessário uma organização, e a idade média trouxe isso, com a criação
das universidades e como nesse período houve muita liberdade para críticas dos pensamentos
antigos e diversas revisões sobre quais conhecimentos oriundos do mundo antigo realmente
refletiam nas questões discutidas nessa época.
A partir desse momento vemos a crescente crítica aos pensamentos descritos lá atrás por
Aristóteles, um dos maiores questionadores dessas ideias, radicalmente oposto ao geocentrismo
de Aristóteles, foi Copérnico. Nascido em 1473, na Polônia, Copérnico viveu nos tempos
sombrios da era das trevas. Onde o sistema aristotélico era absoluto e irrefutável. Desde o
momento que foi introduzido aos estudos copérnico estava insatisfeito sobre como o modelo
geocêntrico e a descrição do movimento dos corpos celestes funcionava. Em uma das suas
primeiras obras, Copérnico propõe, a partir do modelo de Aristarco, uma nova ideia de um
sistema onde o sol era o centro, o chamado heliocentrismo, de maneira muito simplificada e
precisa. Porém, mesmo esse modelo ainda estava incompleto, e diversas questões não
conseguiam ser explicadas.
Perguntas como, se o sol é o centro do universo por qual motivo que, ao jogarmos um corpo
sólido para cima ele volta em direção a terra e não cai em direção ao sol?
De fato essa é uma pergunta que, para que pudesse superar toda a estrutura criada pelo modelo
ptolomaico-Aristotélico, o geocentrismo, copérnico teria que obter muito mais ideias e provas
físicas que pudessem comprovar a sua teoria. Coisa que infelizmente o mesmo não conseguiu
responder.
As três perguntas básicas do heliocentrismo ainda não tinham respostas. Ele não podia mostrar
que a terra se movia, não tinha base para uma gravitação e não tinha uma teoria da gravidade,
contudo, a partir de sua visão, muitos outros começaram a estudar a possibilidade de que o
homem não estava mais no centro do universo. Algo que repercutiu profundamente no que diz
respeito a nossa visão de universo e nosso vínculo com o divino.

Galileu Galilei, predecessor de Copérnico, teve como principal contribuição para o pensamento
moderno o conceito que é fundamental para a ciência geográfica: o de natureza. Começa-se a
buscar leis naturais para o mundo. Além de criticar a ontologia aristotélica, o matemático italiano
veio a propor uma metodologia e uma teoria que estabilizaram o pensamento. Galileu escreveu
sobre o movimento no livro intitulado De Motu, que contrariava as teorias aristotélicas do
movimento. Galilei destrói definitivamente a imagem mítica do universo para substituí-la pelo
esquema de um universo único, movido através das leis da matemática. Galileu optou pelo ponto
de vista de heliocêntrico, mesmo esse ponto de vista sendo heresia para igreja, já que muitas
ideias de galileu era opostas a bíblia, assim como em Copérnico, ainda não existiam provas
suficientes que descrevessem o movimento da terra, com isso galileu idealizou a hipótese das
marés, que subiam e desciam duas vezes por dia e que era prova suficiente para o movimento do
planeta.
Sabemos hoje que isso estava incorreto, mas Galileu achava que a lua não tinha influência sobre a
terra, por isso a sua hipótese da maré estava incompleta e confusa. Ele recusava esse
conhecimento pois vinculava as fases da lua aos estudos da astrologia. Uma reviravolta que trás
Galileu em xeque depois que a igreja rejeita seus argumentos é quando um novo papa é escolhido
pela igreja. O papa Urbano, amigo íntimo de Galileu, com isso ele teve a oportunidade mais uma
vez de tentar se opor aos pensamentos geocêntricos difundidos pela igreja e escrever seu livro.
No livro, Diálogo Sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo Galileu cria um embate entre o
heliocentrismo e o geocentrismo. Com essa proposta, a igreja não aceita mais uma vez seus
argumentos e o denuncia por heresia para o tribunal da santa inquisição.
Dessa forma, Galileu é condenado a prisão domiciliar onde vive uma boa parte da sua vida.
Importante salientar que durante toda sua vida Galileu teve ajuda da sua filha Maria Celeste, que
o auxilia em quase todas as suas obras como revisora.
Demostraciones Mathematics foi o livro mais importante escrito por Galileu, pois o mesmo
forneceu as bases matemáticas necessárias para os estudos de Isaac Newton.
A corrida astronômica levou a chegada de Galileu ao auge do pensamento contra o sistema
geocêntrico. O mesmo construiu e popularizou a luneta holandesa, que mais tarde seria nomeada
de telescópio.
No efervescente início do século XV e o prelúdio do fim da era negra outra grande mente se
desenvolvia na Floresta Negra. Seu nome era Johannes Kepler. Criado numa família excêntrica,
dito cujo como eloquente e desafiador, odiado por seus amigos e aclamado por seus professores.
Kepler nasceu na transição entre a idade média e o renascimento. Iniciou-se como astrólogo,
fazendo mapas astrológicos de nobres em troca de dinheiro. Kepler, ao contrário de seu
contemporâneo Galileu, tinha seus olhos voltados para o futuro. Ele concluiu a partir de suas
observações e sua descoberta recente, a elipse, que o modelo heliocêntrico de Copérnico era
comprovável. O universo começava assim a ser percebido como uma grande rede de causas e
efeitos interligados por leis naturais e descrições geométricas. A ideia antecessora das elipses de
Kepler foi o sistema de esferas inscritas e os cinco sólidos regulares, tal ideia forneceu a kepler a
o raio de trajetória planetária com incríveis 5% de erro. Assim Kepler pode fundamentar seu
trabalho por meio do livro Harmonics Mundi, publicado em 1619.
Sua contribuição é conhecida como as Leis de Kepler
- Primeira Lei (Lei das Órbitas): As órbitas dos planetas em torno do Sol são elipses nas
quais ele ocupa um dos focos.
- Segunda Lei (Lei das Áreas): A área descrita pelo raio vetor de um planeta (linha
imaginária que liga o planeta ao Sol) é diretamente proporcional ao tempo gasto para
descrevê-la.
- Terceira Lei (Lei dos Períodos): O quadrado do período da revolução de um planeta em
torno do Sol é diretamente proporcional ao cubo do raio médio de sua elipse orbital.
- Estas três leis são capazes de descrever o movimento dos planetas do Sistema Solar com
grande exatidão. Porém, não são capazes de dizer a causa do movimento, que necessitaria
ainda de quase meio século para ser enunciada por Isaac Newton, em 1666. A cinemática
do Sistema Solar estava pronta. No entanto, o que causava esses movimentos?
Kepler acabava de criar o mecanismo que toda a ciência moderna passaria a utilizar, saber quais
leis matemáticas regem o universo a partir de dados experimentais confusos. Estabelecendo assim
o elo perdido entre a experimentação e o pensamento. Dessa forma Kepler acabava de se tornar o
fundador da ciência moderna, com ajuda de seu contemporâneo Galileu Galilei que
instrometizaria o conhecimento com seus métodos matemáticos e formulará o método científico,
que seria logo então utilizada não só sobre os aspectos do celeste mas também no estudo da
imensidão de todo o cosmos.

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