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A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA DOS SÉCULOS XVI E XVII (1543 - 1687)

“A experiência, que é madre de todas as coisas, nos desengana e de toda a dúvida


nos tira”.
(Duarte de Pacheco)
O que é uma Revolução Científica? (Thomas Khun)

A. Conceito de Revolução Científica: o físico e


historiador Thomas Khun, no clássico da década de
1960, A Estrutura das Revoluções Científicas, pensa
uma Revolução Científica como essencialmente uma
mudança total ou parcial de paradigmas. Um
paradigma, em suas palavras, é uma realização
científica universalmente reconhecida que, durante
algum tempo, fornece problemas e soluções
modelares para uma comunidade de praticantes de
uma ciência – o paradigma, embora não precise ser absolutamente unânime e
perfeitamente claro, orienta as pesquisas, com conceitos, teorias, metodologias, crenças,
valores e instrumentais comuns aos cientistas. A partir de um paradigma, a ciência busca
resolver seus quebra-cabeças; a dificuldade de entendimento que o publico médio tem em
relação ao conhecimento científico, a propósito, é um sinal de um amadurecimento de uma
abordagem paradigmática, que deve ser entendida pelo aspirante a cientista.
B. Exemplos de Paradigmas: por exemplo, de acordo com Khun, a Lei de Boyle, que
relaciona a pressão do gás ao volume (PV=P’V’), só é possível depois de o ar ser
reconhecido como um fluido elétrico ao qual podiam ser aplicados os conceitos da
hidrostática – quando acreditava-se que o ar não tinha volume, que seria equivalente ao
vazio, tal noção seria impossível. É necessário, portanto, uma mudança de paradigma.
Outro exemplo: pensemos no campo da ótica. Epicuro considerava a luz como partículas
que emanam de corpos materiais. Aristóteles como uma modificação entre o corpo e o
olho. Platão explicava a luz como interação do mundo sensível com aquilo que emana do
olho. Cada um usava, para construir essas interpretações, conceitos, interpretações
básicas sobre a natureza. Eram diferentes paradigmas. A física moderna criará um novo
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paradigma: a luz pode se comportar como onda ou como partícula. Há também paradigmas
sobre o espaço. Atualmente, o espaço cada vez menos é visto pelos físicos como um
substrato inerte e homogêneo, como está na física de Newton e Maxwel, de modo que a
física de Einstein, por exemplo, problematizou a maneira como vemos o espaço, o tempo,
a matéria, a força, etc. As teorias evolucionistas pré-darwinianas, como Lamarck,
Chambers, Spencer e os naturalphilosophen alemães consideravam a evolução um
processo orientado para um objetivo; Darwin aboliu essa visão teleológica e mostrou como
órgãos tão maravilhosamente adaptados, como a mão e olhos humanos – órgãos que no
passado forneceram argumentos em favor da existência de um artífice supremo – eram
produtos de um processo que alcançava com regularidade desde um início primitivo, sem
contudo dirigir-se a nenhum objetivo – um novo paradigma na biologia. Numa Revolução
Política, a mudança de paradigma pode ser, por exemplo, a substituição de um governo
voltado ao direito divino do rei por outro baseado no paradigma da soberania popular.
C. Quando ocorre uma Revolução Científica? A mudança de paradigma ocorre quando
os membros da profissão não podem mais esquivar-se das anomalias que subvertem a
tradição existente da prática científica, quando se viola as expectativas paradigmáticas que
governam a ciência– em suma, uma crise. Tais anomalias são uma condição necessária
para que haja uma Revolução Científica. Uma Revolução Científica, portanto, não consiste
apenas em descobertas (embora seja inconcebível sem elas), mas demanda uma mudança
na visão da realidade e de seus problemas, um deslocamento da rede conceitual por meio
da qual os cientistas veem o mundo, uma reeducação perceptiva. Os novos paradigmas,
por sua vez, possibilitam resolver novos quebra-cabeças e criam novas percepções
científicas. Por exemplo, Aristóteles não pode ver a gravidade da mesma maneira que
Newton porque, para o grego, a queda de uma pedra não é um processo, mas uma mudança
de estado. Aristarco, no século III a.C., havia proposto que o sol , e não a terra, era o centro
do universo. Quando a sugestão de Aristarco foi feita, o sistema geocêntrico não
apresentava qualquer problema que pudesse ser solucionado por esse último – não havia
crise, portanto não houve quebra de paradigma e revolução. No século XVI, entretanto, o
sistema geocêntrico não mais se sustentava.

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Paradigmas diferentes nos fazem
enxergar a realidade de maneiras muito
distintas.
Parte 2 – A Revolução Científica dos
Séculos XVI e XVII
A chamada Revolução Científica
teve esse nome porque, na elaboração de um novo conceito de razão, de experiência, de
natureza e de lei natural, construiu “um novo quadro do mundo no qual se tornam
problemáticas ou privadas de sentido muitas verdades que tinham sido óbvias por quase
dois milênios.”
Nesse sentido, não obstante os diversos predecessores, assume-se que foi Nicolau
Copérnico quem iniciou a revolução científica moderna: ele contribuiu significativamente
para o fim do universo fechado, harmônico e hierarquizado de Aristóteles. O sol, fornecedor
da luz e vida no universo, é o centro do universo, e a Terra era um planeta como os demais.
Entretanto, o cientista polaco conservou as estrelas fixas da cosmogonia medieval. Se a
terra se movesse, dizia Copérnico, o ar, as nuvens, as aves e todos os objetos seriam
arrastados no movimento da própria terra. O espaço, embora não fosse infinito, era maior
do que pensavam os medievais.

Giordano Bruno retirou as consequências filosóficas desta revolução: herdeiro de


Copérnico e Nicolau de Cusa, ele afirmou logo a infinidade do mundo – o universo era
imenso, inumerável, povoado de uma infinidade de mundos semelhantes ao nosso,
povoado por outras criaturas sencientes. O universo, portanto, não possuiria centro algum.
Condenado à morte na fogueira em 1600, Giordano Bruno falava de um deus in rebus, isto
é, presente nas coisas, o que o distanciava tanto de católicos quanto de protestantes.
Segundo Lovejoy, são cinco as ideias inovadoras de Bruno: 1. A afirmação segundo a qual
outros planetas do nosso sistema solar são habitados por criaturas vivas, sencientes e
racionais. 2. A demolição dos muros do universo medieval, com a dispersão das estrelas
por vastos espaços irregulares. 3. A ideia de estrelas semelhantes aos nossos sois,
circundadas por planetas próprios. 4. Hipótese de que os planetas desses mundos

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tivessem também criaturas racionais. 5. Infinidade do universo físico e dos sistemas
solares. Estas ideias, a propósito, não estavam em Copérnico, Kepler ou Galileu.
Kepler, que se colocava como contrário a visão de Bruno, dizia que a ideia de uma
pluralidade de universos lhe inspirava um “secreto e oculto horror.” Kepler, em sua Nova
astronomia ou física celeste, de 1609, rejeitou as órbitas circulares aristotélicas dos corpos
celestes, propondo trajetórias elípticas
.
Na Storia dell’età barroca in Italia, Benedetto Croce fala de
Galileu Galilei como não somente um descobridor científico, mas
como filósofo, destruidor da velha dialética aristotélica que ainda
imperava nas universidades, opondo-lhes os resultados da nova
pesquisa física. Galileu zombava da dialética dos filósofos
escolásticos, esses “doutores da memória”, teria se desligado da
confusão aristotélica entre física e teologia.
Galileu, que via a si mesmo como um filósofo, frequentemente chamava de “nova” sua
ciência. O copernicianismo, portanto, mais que uma descoberta, era, para Galileu, uma nova
filosofia. Galileu, de maneira revolucionária, rejeitava o entrelaçamento entre física e
metafísica. Para Aristóteles, por exemplo, os corpos em queda se movem cada vez mais
depressa porque buscam seu “lugar natural” – aqui há um exemplo do entrelaçamento entre
física e metafísica. Para Galileu, diferente de Aristóteles, procurar a essência de tudo ou o
sentido da vida não era papel da física. Em vez de estudar física a partir de comentários da
obra de Aristóteles (como Física, Do céu ou Da alma), Galileu apelava para o grande livro da
natureza, indo, como se diria hoje, direto aos fatos, com os instrumentos apropriados, qual
seja, as sensações, os conceitos, as experiências e as demonstrações – a experiência!
Em famosa carta, Galileu fala numa revelação “através da obra de Deus, a qual só pode
ser corretamente entendida e interpretada se for estudada com os novíssimos métodos
objetivos.” Qualquer antropomorfização da natureza, qualquer visão de que a matéria está
impregnado do divino, de que as estrelas são viventes, ou de que as coisas superiores
governam as inferiores, como faziam os astrólogos, é rejeitada. O universo material nos é
indiferente.
Deus se revela por dois livros: a natureza e a Bíblia. E “a natureza está escrita em
linguagem matemática”. A matemática, a partir de então, era uma linguagem universal e
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única, a forma da natureza se expressar para o homem. O casamento entre a ciência e a
matemática parece um dos mais duradouros legados do Renascimento. Para Galileu, a
natureza “não pode ser superada e nem fraudada pela arte”, de modo que ela “imutável e
inexorável”, “nunca viola os termos das leis que lhe são impostas” – uma natureza regida
por leis imutáveis, portanto, não poderia ser suscetível a ação dos magos ou dos
alquimistas, tal qual Robert Fludd, morto em 1637, ao qual Kepler, Mersenne e Gassendi
tanto criticavam. Se todo o universo é regido por leis matematicamente expressas, qualquer
distinção entre o mundo terreno e celeste cai por terra – trata-se de um mesmo universo.
A filosofia de Galileu é “ciência”, ou seja, fruto da razão e da experiência, válida para
ampliar-se em seu próprio terreno. Como ciência, ela não pode conhecer as essências, os
sentidos e o absoluto infinito; isso seria assunto da fé, que não esta na natureza, mas no
outro livro, a Bíblia. O livro do cientista é único e é terreno. Fé e ciência, por isso, não se
chocam, pois tratam de assuntos diferentes, campos de atuação diferentes, conservam
sua autonomia. Deus, se é a razão de tudo que existe, está, bem por isso, além de tudo –
querer estuda-lo por medidas humanas seria absurdo. A natureza é, a um só tempo, objeto
de domínio e objeto de reverencia, que deve ser lido como expressão do poder e majestade
de Deus.
Parte 3 – O Papel do Mecanicismo da Revolução Científica
Junto a ideia de que os eventos da natureza podem ser descritos por meio do ramo
da física chamado “mecânica”, opera no século XVI e XVII a crença de que as máquinas
criadas pelo homem são modelos a partir dos quais nós podemos conhecer a natureza.
Kepler dizia: “a maquina do universo não é semelhante a um ser divino animado, mas
semelhante a um relógio.” Hobbes pergunta: “o que é o coração senão uma mola, os nervos
senão muitas cordas, e as articulação senão muitas rodas?” Descartes (que veremos mais
detalhadamente na próxima aula), finalmente, escreveu: “vemos relógios, fontes artificiais,
moinhos e outras máquinas desse tipo, embora construídos por homens, não são
desprovidos da força de moverem-se por si sós (...) E na verdade podemos muito bem
comparar os nervos aos tubos daquelas fontes, os músculos e os tendões aos outros
aparelhos e molas.” se o mundo é uma máquina, ele não é mais construído par ao homem
ou à medida do homem E, mais importante: como uma máquina, podemos entender a
natureza desmontando-a em suas peças mais simples. Por fim, esse é o fosso que separa
o empirismo científico do aristotélico: a “experiência” do moderno empirismo não é retirada
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da natureza espontânea, mas, digamos, de uma natureza molestada e dissecada a partir de
um método, o qual visa verificar ou validar teorias.
Isaac Newton ganhou o título de herói nacional ainda em vida, sendo chamado de
“novo Moisés”, graças as suas leis universais. Assim, com essas leis, o funcionamento da
natureza era entendido de maneira autônoma, regida por leis matemáticas, operando, tal
como as máquinas, sem a intervenção da vontade e sem as finalidades aristotélicas. É o
chamado mecanicismo, que vê a natureza como um mecanismo que a fazem funcionar
sem uma força externa, sem um “primeiro motor.” A natureza, para Newton, era um
santuário de Deus, uma expressão de sua perfeição: “as partículas sólidas, na primeira
criação, foram variadamente associadas por decisão de um Agente Inteligentes”
O universo, cada vez mais, deixa de ser um modelo a ser contemplado e imitação – o
molde para a construção de nossos imperativos morais e éticos. O homem deixa de ser o
microcosmo que reflete em si a grandeza e a harmonia do marcrocosmo.
Parte 4 – Empirismo e Revolução Científica em Francis Bacon (1561-1626)
Francis Bacon é considerado, junto a Descartes, um dos fundadores da filosofia
moderna graças a sua defesa do método experimental contra a ciência especulativa
clássica. Suas principais obras são Novum organum (1620), no qual critica a concepção de
ciência do Órganon aristotélico, The Advancement of Learning, ampliado posteriormente
com o título De augmentis, e New Atlantis, em que representa, tal como Thomas More, um
reino utópico.
Tal como Descartes, Bacon visava uma reforma filosófica radical que garantisse o
progresso das ciências contra a escolástica, com um método cientifico que evitasse o erro
e conduzisse o homem ao caminho correto e verdadeiro para atingir o conhecimento.
A filosofia de Bacon rejeita os escolásticos por substituírem os bosques da natureza
pelos debates nas escolas e nas celas de monge, colocando as esperanças da humanidade
“talvez em seis cérebros”, a dialética, assim, subverteu a experiência e abandonou a
natureza na qual Deus mostrou sua potência. A mente humana, quando trabalha em si
mesma, em vez de trabalhar nas obras reais de Deus, produz tramas frívolas e inúteis.
Assim, seu pensamento crítico tinha como objetivo libertar o homem de preconceitos,
fantasias e superstições que impediriam a construção do verdadeiro conhecimento. Nesse
contexto encontramos sua teoria dos ídolos. Os ídolos seriam obstáculos, distorções ou
ilusões que “bloqueiam a mente humana”, conduzindo o homem ao erro e nos impedindo
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de conhecer o mundo como ele realmente é. Tais erros resultariam da perversão da
natureza humana pelo pecado original. Haveria os ídolos da tribo, ou seja, os que resultam
da natureza humana, a qual, imperfeita, distorce e corrompe as coisas devido aos limites
naturais da própria razão; o homem não é um microcosmo que reflete em si as
características do macrocosmo, não possui um lugar privilegiado no universo e, por isso,
não há nada no universo que lhe permita conhece-lo. Os ídolos da tribo resultariam da
confusão que o homem faz misturando seu intelecto e as coisas. Já os ídolos da caverna
resultam das características individuais, ou seja, a constituição física e mental de cada um,
sua experiência de vida, sua educação e seu meio, os quais prejudicariam o processo de
conhecimento da realidade. É comum homens defenderem sem restrições seus hábitos,
fechando-se ao novo. Os ídolos do foro (ou do mercado) são resultados da linguagem,
comunicação e do discurso, ou seja, as palavras poderiam perturbar o intelecto e arrasta-lo
a diversas controvérsias, ambiguidades e fantasias, designando realidades inexistentes.
Finalmente, os ídolos do teatro são aqueles resultantes das doutrinas filosóficas e
científicas, as quais criam mundos fictícios e teatrais, que muitas vezes aceitamos (Bacon
referia-se, principalmente, à escolástica). Obviamente, seria impossível desfazer-se de
todos os ídolos, mas conhecendo sua natureza, poder-se-ia combate-los. Dessa forma,
Bacon analisou os diferentes tipos de ídolos e desenvolveu sua crítica aos sistemas
filosóficos tradicionais, sobretudo o escolástico-aristotélico.
C. Indução: tendo consciência dos ídolos que bloqueiam a mente humana, seria
necessário ao homem despir-se de seus preconceitos, tornando-se uma “criança diante da
natureza” para, assim, alcançar o verdadeiro saber. A partir de então, Bacon propôs seu
método científico. O método é baseado na indução, a qual, a partir das observações e na
experiência, permite ao homem conhecer a regularidade, o funcionamento e as relações
entre os fenômenos da natureza, formulando, assim, as leis científicas. A partir desse
método os cientistas transformaram suas observações em leis gerais. Esta ciência
permitiria o controle total da natureza para, assim, beneficiar o homem, fazendo previsões
e desenvolvendo instrumentos técnicos – extensões de nossos membros que ajudam a
superar nossas limitações. Dessa maneira, o progresso do conhecimento, desde que
aparado pela moral, pela caridade e pela religião, ajudaria o progresso do homem, por isso
sua famosa frase: “saber é poder”. Assim, Bacon foi um defensor da ciência ativa, prática,

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aplicada e de um pensamento crítico, que combateria as superstições e permitiria o
progresso do conhecimento e a melhora da condição humana.
Não há em Bacon a ideia do progresso como uma lei da história ou a identificação do
progresso da ciência e da técnica com o progresso moral e político (Bacon não tem nada
de positivista! Não seja anacrônico); Bacon, pelo contrário, dizia que “as artes mecânicas
são de fato de uso ambíguo e podem produzir o mal e simultaneamente oferecer o
remédio.” (Scritti filosofici, p. 483, apud Rossi, p.99). Para os expoentes da revolução
científica, o avanço do saber e do poder humano sobre a natureza só tem valor num
contexto maior de valoração da religião, moral e política.
Bacon visava refirmar a absoluta transcendência divina: os estudos científicos,
portanto, nada revelam sobre Deus – a ciência diz respeito à vida humana e ao bem que
pode nela produzir. E “apenas” isso.
Devemos, entretanto, ser cautelosos quanto a ideia de que a ciência moderna é um
triunfo da racionalidade contra o obscurantismo medieval. Fora o fato de que muitos
escolásticos deram, como já se viu, contribuições importantes à ciência, Kepler fazia
horóscopos, Newton interessava-se por alquimia e o renascentista Marcilio Ficino traduziu
textos de um homem chamado Hermes Trimegistos (“Hermes Três Vezes Grande”), uma
encarnação do deus egípcio Thot. Nenhum dos cientistas vistos hoje, aliás, se declarava
ateu. O Renascimento era como o deus Janus: uma cabeça voltada ao futuro, outra ao
passado.

Debate no século XVII:


Racionalismo e Empirismo: quais as diferenças fundamentais?
[ISSO SEMPRE CAI NO VESTIBULAR]
Racionalismo: o homem não pode alcançar a verdade pura através de seus
sentidos. As verdades essências estão não nos sentidos, mas nas abstrações, nas
nossas consciências, nas quais habitam as ideias inatas (isto é, dadas por Deus antes
do nascimento). A dedução é um método mais confiável para nos levar à verdade. O
grande filósofo racionalista é Descartes, mas conversaremos sobre outros, como
Spinoza e Pascal.
Empirismo: em contrapartida ao racionalismo cartesiano, o empirismo, nascido na
esteira da Revolução Científica, foi uma das principais correntes filosóficas do
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pensamento moderno. O empirismo (empiria significa experiência) representa uma
tradição filosófica que, tomando como lema a frase aristotélica “nada está no intelecto
que não tenha passado antes pelos sentidos”, acredita que todo conhecimento
resultaria de percepções sensíveis, desenvolvendo-se a partir desses dados. O
empirismo vê a experiência e a indução como guia e critério de validade na construção
das teorias e conhecimentos científicos, ou seja, todo conhecimento resultaria de
percepções sensíveis, desenvolvendo-se a partir desses dados. A realidade é acessível
e pode ser observada e comprovada pela percepção sensorial, que é verdadeira. O
homem só conhece algo se o percebe pelos sentidos, e todo o conhecimento provém
disso. O conhecimento certo é o conhecimento demonstrado, observado, como as
ciências naturais. Nossa mente é um feixe de sensações. Ideias inatas ou qualquer tipo
de conhecimento anterior à experiência são descartados. É a ideia de que o homem
nasce como uma tábua rasa, inscrita, ao longo da vida, com aquilo que os sentidos
trazem. Os principais filósofos empiristas foram Francis Bacon, John Locke, George
Berkeley, David Hume e Thomas Hobbes. São também tributários do empirismo os
filósofos escoceses do senso comum, como Thomas Reid e Stuart Mill.

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