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RODRIGUES DE FREÍTAS
E 0 DARWINISMO SOCIAL
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MARIA DO (MEMO S¿:.`Rli`t'*¬-f'
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RO.t')RlGUE.S' DE FREITAS E O DARWl'Nl'SMO .S`OC'l'AL
sinónirnos nos anos 90, E faz-se a lista dos republicanos austeros, José Elias
Garcia, Latino Coelho, Sousa Brandão, Manuel de Arriaga, Bernardino
Pinheiro, Teófilo Braga, Alves da Veiga e Rodrigues de Freitas, onde
“palpitava a alma da Patria”, (Sampaio Bruno). Era, de facto dos mais
austeros; índigitado no famoso envelope do governo republicano, lido pelo
actor Verdial no 31 de Janeiro, Rodrigues de Freitas, que passara a revolta
doentc, na cama, é o único a reagir com dignidade no desmentído oficial que
envia para os jornais, negando o seu consentímento no elenco, mas
aceitando a justiça da revolução.
Inicialmente a oposição racíonaiista ao positivismo conta com Sampaio
Bruno, Amorirn Viana e Oliveira Martins.
Mas a concepção de História em Oliveira Martins era fisiologísta,
reflectía as idéias darvvinístas, reduzia a luta de classes ao processo
biológico de selecção e assim justificava o colonialismo, O colono branco
aparece como dominador dos africanos como as especies que se querem
impew, assegurando a sua sobrevivencia.- Oliveira Martins contribui assim
para a format_;ão da moderna consciencia colonialista - sem deixar de
augurar os maleficios que dai viriam. (Antero não se deixa iludir, critica o
evolucionismo de Haecltel).
Na “Biblioteca das Ciencias Socíais” Oliveira Martins expóe a evolução
natural até ao aparecimento do homem, mas criticando Darwin, 1-laeckel,
Lyell, Tylor, em algumas das suas conclusóes. Criticartíi também os
positivistas que se ocupam dos seus livros, Júlio de Matos, Luis
Woodhouse, Augusto Rocha, Eduardo Burney, Adolfo Coelho. A sua
Sociología é representada pelo determinismo. A influencia do darwinismo
social é, no entanto, bem clara, apesar da mistura de teorias, onde, mais do
que o tão falado hegelianismo, se detecta antes Gobineau: O ,risreniri rio
I-ƒƒ.i'rríri`f:i nrn'ver,rrtl esrrí rm desenrolrtr é¡:u`c.'o d'r,›s Arr`rn1o,s-, ,rnbin.etei1.do at si on
e,rI'er'nnÍnrt:-ir/ri .todas as colmenas on socíerlrrdes lutntarnsts. Ou seja, quando
tudo para la dos arianos fer exterminado, fica-se reduzido a um só sistema,
tornando-se exacta a expressão História Universal. Termo que, segundo ele,
erroneamente se tem denominado História. Do dominio crescente da
socìcdade ariana sobre todas as demais sociedades humanas resultará a
Historia como conceito. (Trata-se aqui não de uma ídéia hegeliana, mas de
um facto empírico, a observação de acontecimentos como os que
perturbaram Gobìneau). Também critica o Positívismo, que faria da
socìedade uma “especie de grande animal” um ser colectivo feito de
moléculas individuaís. Considera que a vontade pode ultrapassar as
tendencias da Natureza, como a emergencia de Portugal, (influencia de
i~lerculano). O que é, contraditoríamente, uma posição anti-racial e anti-
determinista, que temos de ir procurar em Schopenhauer, muito popular nos
finais do século, quando o darwinismo é posto em causa.
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MARL*l DO C.flRMO .S'E.`R.[i`N
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I-ZOl)l'€l'("}U¿i`.S` DE FREITAS E O J)/fl R 'lflf'.-"l\t'lf',S`MO .S`O(Í.`f/i I..
COMENTÁRIO BIBLIOGRÁFICO
l A infortruição geral st.¬ib1'c o cientismo do século XlX retirei-a, basicamente, das rninhas
lcituras das divulgaçücs pela Gradiva, de todas as obras de Stephan ,l. Gould, darwinista
intpcnitente, o que me obt'ìgou por vtirias vezes a consultar Manuals básicos de Biologia c
Geologia, (SKlNl\lER.-"PORTER, The D_\,vt.-:mu`c r:;ƒ`t':Íar.'l'i, An .-"nt't'r,1n'nt.'fr`rm lo Plr_vsfr:rtl'
Gt*o!r›_q_v. John Wiley ¿it Sons Inc., New Yorl<,3“ Ed., l995; ,l.L,GOUL.D,fW'.T.KEETOl\l,
¡›'i`r:l'r›g¡t'uÍ -S`r.'¡t*1i,rt*. 6," l:Íd.,W. W. l\lorto¦'| de: C., N.Y:'L.ondon}. Para a luta entre o
criacionislno c o darwinismo e entre Darwin e os "Seleciot1istas" sigo vtirias das interpre-
taçñcs tlc .I. Gould sobre textos da época, dado que a História da Ciencia é um vector
iuntlamcntal ncstc coniiecitlo autor.
2. Continua a ser titil para uma idóia de Racismo c sua cvoluçíio histórica, nomcadarncntc o
molnento do Darwinismo Social, a obra de MlCllEL BANTON, A fdéfrr de Rcf«._j.'rt, Ed. 70,
lU7E*. Llslìtut,
3 Atlvórn das leituras das divuìgaçöes publicadas na Biblioteca Universal, Antiga c Moderna,
(por cxernplo, EUGENIO HUZAR, O_ƒi`m do Mtfririr) ¡Jefa C.f'ênr.'.f`rt”, cmn cr,n::ertrrir.f`r,› -
igualmente significativo - de Fernandes Costa, l..isboa, Ed. Davi Corazzi, ISSS:
FOl`\lTl'¬.:.l`\lE.l_.I,,lÉ,, cm versiio revista pelo cientismo, fl ¡›t'irrr.*!¡rl'r:r!e dos Mar:-'r.lri,r, rnesma
editora. I888 e ainda no mesmo volume, por CAMILLE FLAMMARION, HrflJiIririIe,s de
t'}rrn.r Minic¡'o.r,' LUIZ BUG!-INER, La;-: e l/ƒrfcf, Lisboa, C” l\lacíonal Editora, 1889) a minha
convicçiio tlc que não era esscncialrncntc a partir de revistas ou cursos específicos de
Positivisrno, ou mesmo do interesse público que as polémicas suscitavam, o desenvolvi-
rncnto dc um nottivcl cspirito materialista de pcndor positivista c evolucionista que cstaria
ua origcrn da liicil accitação do darwinismo social. Tudo indica que a divulgação de obras
entendidas como cientificas, como as citadas, lcvc ai um importante papel, dado que
bibliotecas ctiitoriais como esta, eminentemente populares polo prcço, tinham o cuidado dc
publicar ent cada volume obras dc vtirio tipo, litertirio c cientifico. De notar que cstes
volantes - c outros cstudados, - pertenciam it Biblioteca da Societlatie Alexandre I-lerculano,
l`t|nr,iat.la no Porto cm IS84.
4, Para a aluilisc da obra dos mentores científicos c litcrtirios do século XIX, norneadamente
Oliveira lviartins parece-me ser sempre útil a consulta dc ANTÚNIO JOSÉ SARAi`v'.A,
:.1gt'n'a facillncnlc acessivel nas publicaçöcs de O Pi.ibl'r'r:o. (A Ter.'til'r`r.* Or,'tirt'rfr.u'r-nl', ,o.e.t',), mas
preferí estabelccer o paralelo entre as obras do escritor oitocentista e a de Gobincau, Le
COMTIÍ de GOINNEAU. ¿*.`.r.rfli sur' !"f':te,t;r-Jffe des Rnr:e.r ¡'nrmrn`nt*.~;. Paris, Bclfond, l9ú7.
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