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2. Relaciona esses progressos com a apropriação do espaço planetário proporcionado pela expansão marítima
1. As viagens de expansão marítima colocaram problemas novos aos marinheiros: no tempo do infante D. Henrique,
a navegação era ainda costeira, porém, deparava-se com ventos e correntes no regresso da Guiné. A caravela,
navio veloz e manobrável, permitia navegar à bolina (com ventos contrários) graças às suas velas triangulares ou
latinas.
2. As viagens de longo curso, até ao Oriente e à América, exigiam navios maiores (para transportar grandes
quantidades de mercadoria) e mais resistentes (para evitar os naufrágios). A nau e o galeão foram as embarcações
adotadas para esse fim.
3. Para tornar mais fácil a navegação com ventos contrários, abandonou-se a navegação costeira no regresso da
Guiné. Contudo, para a navegação no mar alto a bússola não era suficiente, pois apenas permitia calcular, por
estimativa, as distâncias percorridas (navegação por rumo e estima). Os Portugueses recorreram ao astrolábio e
ao quadrante (que simplificaram) e inventaram a balestilha: estes três instrumentos, associados às tábuas de
declinação solar, eram utilizados para medir a altura dos astros, inaugurando, cerca de 1480, a nova técnica de
navegação: a navegação astronómica.
4. Durante as viagens marítimas eram feitas anotações que deram origem aos guias náuticos e roteiros, os quais
estabeleciam, pela primeira vez, uma base de dados de apoio à navegação fundamentada na experiência direta.
5. Até às viagens de descoberta, a cartografia existente (com origem na Antiguidade e na Idade Média) era errónea:
- os planisférios T-0 representavam a Terra com apenas três continentes (Ásia, Europa e África) num disco plano;
- o planisfério ptolomaico, baseado nas ideias de Ptolomeu, do século II, ainda era usado no século XV como
verdadeiro, apesar de representar erradamente a configuração da África e do Oriente.
6. As viagens de descoberta revelaram a invalidade dos mapas anteriores, substituindo-os por: - cartas-portulanos
da bacia mediterrânea, mais fiáveis e minuciosas;
- cartas com escala de latitudes (a primeira, de Jorge Reinei, data de 1504);
- planisfério de Henricus Martellus (1489): este cartógrafo alemão representou, pela primeira vez, o cabo da Boa
Esperança, em resultado da viagem de Bartolomeu Dias (1487-88);
- planisfério de Cantino (1502): já representa uma parte do litoral brasileiro (que os Portugueses descobriram em
1500) e a África aparece representada com bastante exatidão.
Paralelamente ao experiencialismo, afirmou-se, a pouco e pouco, uma mentalidade quantitativa: para que a observação
se tornasse objetiva, era fundamental recorrer ao número.
6. Interpretar a revolução cosmológica coperniciana, completada por Galileu, como uma manifestação da
ciência moderna
O nascimento da ciência moderna é indissociável da afirmação da Matemática como linguagem científica universal.
Leonardo da Vinci, em Itália, já defendia a verificação matemática das hipóteses; em Portugal, Pedro Nunes defendia,
igualmente, as demonstrações matemáticas.
Um dos aspetos que gerou mais polémica na Idade Moderna, e no qual a Matemática teve um papel decisivo, foi a
questão da visão cosmológica (do universo). A teoria aceite desde os antigos (Aristóteles e Ptolomeu) era geocêntrica,
o que agradava à Igreja católica por colocar no centro do Universo a Terra, imóvel, e com ela os homens, criação de
Deus.
No entanto, Nicolau Copérnico concluiu, no século XVI, a partir da observação astronómica, que o Sol era o centro do
Universo, à volta do qual girariam as esferas celestes, incluindo a Terra. A teoria heliocêntrica resultou, em grande
parte, de cálculos matemáticos, e viria a provocar uma verdadeira revolução cosmológica, cujos efeitos se sentiram,
sobretudo, no século XVII: depois das formulações de Tycho Brahe (dinamarquês) e de Kepler (alemão), o italiano
Galileu Galilei inaugurou o pensamento científico moderno. Este assentava na realização de experiências com
telescópio (a luneta astronómica, por ele inventada), na utilização da Matemática como linguagem universal e num
profundo espírito crítico que, arriscando a própria vida, não o impediu de divulgar a teoria heliocêntrica. Apesar da
perseguição movida pela Inquisição, as ideias de Galileu (de que se destacam, além da teoria heliocêntrica, a
descoberta da lei da queda dos corpos, das fases da Lua, dos anéis de Saturno, dos satélites de Júpiter, das manchas
solares) impuseram-se pela demonstração dos factos, nascendo, assim, a ciência moderna